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Determinação de um material metálico através dos ensaios de tração, ressonância, dureza e impacto. Ana Menezes; Diego Penachini; Francislaine dos Santos; Miguel Wu; Pedro Franzin; Renata Loddi. Departamento de Engenharia de Materiais – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Londrina – Paraná – Brasil e-mail: pfranzin@uvic.ca Resumo: O uso de técnicas para determinar as propriedades mecânicas dos materiais tem representado um dos fatores indispensável para o avanço presentes nas construções civis, indústria automotiva e aeroespacial. O ensaios mecânicos são capazes de determinar as propriedades como módulo de Young, dureza, transição dúctil- frágil entre outros que serão apresentadas nesse trabalho. Através do uso desses parâmetros foi determinado o material do corpo de prova ofertado ao grupo, foi utilizado o porcentual de área reduzido e limite de resistência retirados do ensaio de tração, com valores respectivamente de 28,22% e 1060,5 MPa, juntamente com as durezas Brinell, que foi calculada através do resultado do ensaio na escala Rockwell C , e Vickers que tiveram seu valores respectivamente de 246 HB e 333,28 HV valores bem próximos ao do aço 4340, levando nos a acreditar que é o aço que compõem o corpo de prova fornecido ao grupo. Palavras-chave: Aço 4340, propriedades mecânicas, ensaios. 1.Introdução Muitos materiais quando em serviço são submetidos a forças ou cargas. Em tais situações, é necessário conhecer as características dos materiais e projetar o membro a partir do qual ele e feito de maneira que qualquer deformação resultante não se j a excess iva e não cause f r a tu ra . O comportamento mecânico de um material reflete a relação entre sua resposta ou deformação a uma carga ou força aplicada. [1] A determinação das propriedades mecânicas de um material metálico é realizada por meio de vários ensaios. Geralmente esses ensaios são destrutivos, pois promovem a ruptura ou a inutilização do material. Existem também os ensaios chamados não-destrutivos, utilizados para determinação de algumas propriedades físicas do metal, bem como para detectar falhas internas. [2] Nos métodos quase-estáticos são realizados ensaios mecânicos usualmente destrutivos nos quais os corpos de prova ficam inutilizados após a realização. Estes consistem na aplicação de uma carga, lentamente, simultaneamente com a monitoração da deformação induzida. [3] Entre os diversos tipos de ensaios existentes para a avaliação das propriedades mecânicas dos materiais, o mais amplamente usado é o ensaio de tração. Essa aplicabilidade se deve ao fato de ser um tipo de ensaio relativamente simples e de realização rápida, além de fornecer informações importantes e primordiais para projeto e fabricação de peça e componentes. Consiste na aplicação de carga de tração uniaxial crescente nas extremidades de um corpo de provas padronizado até a ruptura. O levantamento da curva de tensão de tração pela deformação sofrida pelo corpo consiste no resultado do teste. [4] Os métodos dinâmicos permitem obter informações tanto quantitativas (módulos elásticos) quanto qualitativas sobre a integridade de um componente mecânico, além do controle de suas propriedades, como mudanças de fase. O corpo de prova não fica inutilizado após o ensaio e pode ser empregado em sua função normalmente ou ensaiado outras vezes. [3] Uma técnica de grande importância industrial e também muito utilizada para materiais cerâmicos consiste em medir a frequência natural de ressonância de uma barra de seção transversal definida, excitada mecanicamente por meio de uma batida (impacto) aplicada em um ponto específico da barra utilizando-se uma ferramenta apropriada (martelo), o qual reage com a emissão de uma resposta acústica (som). Esse método possui a vantagem de permitir a determinação dos parâmetros elásticos em elevadas temperaturas e temperaturas criogênicas. [4] Outro processo de caracterização de materiais que é aplicado por séculos é a dureza do material, ou seja, quanta resistência ao risco um material oferece em relação a outro, a primeira escala criada foi a de Mohs, no qual foi determinado que o diamante tem dureza igual a 10 e o talco igual a 1. Com o passar dos tempos foi-se tornando necessário criar escalas e métodos com uma maior precisão para isso foram desenvolvidos os métodos e escalas de Brinell, Rockwell, Vickers e Knopp. Tendo a sua diferença básica no tipo de endentador, podendo variar seus endentadores desde esferas de carbeto de tungstênio à diamante, outro fatores que podem variar é a carga e o intervalo de tempo que a mesma será aplicada.[4] Atualmente a maioria dos esquipamentos fornecem a medida diretas sendo apresentadas diretamente no visor, somente o método de Vickers e Knopp que o equipamento necessita de maior participação do operador, pois para determinar a dureza é necessário informar as diagonais do quadrilátero para que ele consiga então fornecer a dureza. Outra propriedade que gerou maior interesse dos pesquisadores e engenheiros ao passar dos anos foi a descoberta e estudo de uma características dos materiais chamado de transição dúctil-frágil. O estudo dessa transformação tornou-se fundamental após algumas estruturas apresentarem fraturas frágeis quando submetidos a condições de temperatura abaixo do normal para os mesmo. A transição dúctil-frágil é observada em peças constituídas de materiais normalmente com características dúcteis que quando submetidos abaixo de uma temperatura fraturam de forma frágil. Para a determinação dessa transição um dos ensaios utilizados é o de impacto, ao realiza-lo em di feren tes tempera turas , var iando-as de temperaturas negativa a temperatura elevadas é possível observar a diferença de energia necessária para romper o material, sendo então traçada uma curva de energia absorvida versus temperatura.[4] O ensaio de impacto pode ser realizado por dois métodos: Charpy e Izod. A diferença principal entre eles é o direcionamento no posicionamento do corpo de prova, no Charpy o corpo é posicionado na horizontal enquanto que no Izod na vertical, ambos os métodos os corpos apresentam um entalhe que ajuda a garantir que o ponto concentrador de tensão seja conhecido. Esse ensaio pode tanto ser realizado em metais e polímeros, sendo necessário somente a troca do martelo, já que a diferença entre as energias necessárias para cada material é muito diferente. [4] 2.Procedimento Experimental 2.1 Ensaio de tração Para o ensaio de tração mediu-se o corpo de prova e fixou-se na máquina universal de ensaios, um extensômero foi preso ao corpo de prova. O ensaio foi realizado com velocidades de 1mm/min em dois corpos de prova cilindros, foi utilizado a norma ASTM E8M-95A como base. 2.2 Ensaio pelo método de excitação por impulso (ressonância) Este ensaio teve início com as medidas do corpo de prova com o auxílio de um paquímetro e da sua massa. O corpo de prova foi então posicionado corretamente no aparelho de ensaio com distância entre os apoios e as extremidade de 0,224 x L. O pulsador foi direcionado em uma extremidade e o transdutor em outra. Foi utilizado a norma ASTM E1876 como base. 2.3 Ensaio de Dureza O ensaio de dureza por penetração foi realizado em duas escalas, sendo elas Rockwell C e Vickers, para os dois processos foi necessário o preparo de do corpo de prova do ensaio, para isso foi-se cortado partes do corpo de prova usado o ensaio de tração, esses novos corpos de provas foram então lixados com malhas de 200, 300, 400, 600 e 1200, sendo sempre realizado um rotacionando de 90 graus na direção de movimentação do corpo de prova quando passado de uma lixa para a outra. Para uma melhor qualidade foi por fim feito um ataquea superfície. Os equipamentos utilizados apresentam o resultado direto no visor sendo necessário informar o endentador escolhido, podendo ser de carbeto de tungstênio ou diamante , e também a carga aplicada e o intervalo de tempo para o ensaio na escala Rockwell. O processo do ensaio em Vickers ainda necessita a determinação das diagonais para o equipamento conseguir determinar o valor da dureza. Os ensaios foram baseados nas normas ASTM E-18 e E-92. 2.4 Ensaio de Impacto O ensaia de impacto foi realizado no método de Charpy, os corpos de provas (Charpy tipo A) foram preparados em diferentes temperaturas. Na intensão de conseguir determinar o ponto de transição dúctil- frágil. Foi-se usados corpos de prova de dois diferentes metais, sendo eles os aços: 1045 e 4340. O ensaio usou como base a norma ASTM D-6110. 3.Resultados e Discussão 3.1 Ensaio de tração O ensaios de tração foi realizado em dois corpos de prova, na tentativa de adquirir um maior número de dados para ajudar na determinação do material, os corpos foram tracionado em uma taxa de deformação igual. Os dados adquiridos foram analisados e posteriormente plotados em uma curva de tensão por deformação de engenharia, os gráficos apresentaram um comportamento muito similar ao teórico, sendo possível observar o efeito da lei de Hooke em ambos. Os dados de cada ensaio podem ser vistos nas figuras abaixo: Figura 1: Gráfico tensão x deformação de engenharia corpo de prova 1 Figura 2: Gráfico tensão x deformação de engenharia corpo de prova 2 Os dados obtidos foram bem similares, mostrando uma coerência na execução do ensaio, não foi detectado marcas de escorregamento do corpo de prova e as diferenças de diâmetros dentro da área útil do corpo de prova ficaram dentro do limite permitido pela norma, tornando assim valido os ensaios realizados. Foi observado nos corpos de prova depois do rompimento o fenômeno de uma trinca mais frágil, dando o indicio da possibilidade do material conter uma quantidade significativa de carbono na sua composição. Na tabela 1, encontram-se os dados obtidos nos ensaios de tração para os corpos de prova um e dois, que foram posteriormente utilizados para a comparação com dados tabelados dos aços. Tabela 1: Dados obtidos nos ensaios de tração Analisando a literatura e artigos científicos foi possível encontrar uma curva e dados que mais se assemelham aos resultados dos ensaios, o material que apresentou esse resultado foi o do aço 4340 normalizado. Os dados para esse material podem ser encontrado na tabela 2. Tabela 2: Propriedades mecânicas fornecidas pelo fabricante LG Steel para os aço: 1020, 1045 e 4340 normalizados. 3.2 Módulo de Elasticidade por Ressonância O ensaio de ressonância foi realizado em conjunto com outros grupos, sendo que cada grupo realizou a medida em dois corpos de provas diferentes, sendo possível a escolha entre os aços 1020, 1045 e 4340. As medidas dos corpos de provas retangular estão expostas na tabela 3, sendo referente ao aço 1020. Tabela 3: Dimensões dos parâmetros para o ensaio. Foram realizadas 2 leituras no corpo de prova, onde a cada leitura o programa nos forneceu o Módulo de Elasticidade com base na frequência após o toque do pulsador no corpo de prova, esses resultados estão apresentados na tabela 4. Tabela 4: Valores de módulo elástico das duas leituras. Como mencionado anteriormente, os outros grupos trabalharam com outros corpos de diferentes aços, sendo os resultados obtidos demonstrados na tabela 5. Tabela 5: Módulo Elástico obtido para os diversos aços no ensaio de ressonância. CP LE (MPa) LR (MPa) RA (%) E (GPa) 1 928 1056 28,32 185,3 2 990 1065 28,12 178,3 Média 959 1060,5 28,22 181,8 LE (MPa) LR (MPa) RA (%) E (GPa) 1020 345 440 68 200 1045 370 595 55 205 4340 860 1280 36,3 207 Parâmetros Dimensões CP1 CP2 Comprimento(mm) 53,31 76,42 Espessura (mm) 9,45 9,44 Largura (mm) 9,45 9,44 Massa (g) 36,62 52,80 Módulo de Elasticidade (GPa) 201,77 ± 0,31 204,36 ± 0,31 Média 203,06 ± 0,31 Aços Módulo de Elasticidade (GPa) 1020 205,47 205,48 199,41 201,77 1045 201,09 208,49 203,94 204,41 4340 206,37 207,12 209,99 207,55 Os valores médios para cada aço foram alocados na tabela 6 e foi possível observar que os valores encontrados foram bem próximos ao encontrado na literatura que determina o módulo para um aço nas proximidades de 207 GPa. Tabela 6: Módulos médios para os diferentes tipos de aços. Como o ensaio de ressonância foi realizado em corpos diferentes dos que foram estipulados para a análise e determinação, os resultados obtidos não influência diretamente no estudo do material, no entretendo eles foram utilizados para comparar o valor obtido no ensaio de tração. 3.3 Dureza Rockwell Os resultados encontrados para as 4 medidas do ensaio de dureza Rockwell na escala C foram dispostos na tabela 7. Tabela 7: dados do ensaio de dureza Rockwell O ensaio foi realizado com uma carga de 150kgf com por um intervalo de 5s, o valor médio encontrado para a dureza foi de HRC = 23,6. Para realizar-se uma comparação entre os valores tabelados dos possíveis aços esse valor foi convertido para a escala Brinell (HB) sendo o valor igual a 246. O aço que mais se aproximou do valor encontrado foi o aço 4340 normalizado, sendo importante ressaltar que o valor tabelado é de 363HB[5], porém o corpo de prova não apresentou sua superfície totalmente plano, o que inferi em valores menores que os reais, já que a força não é aplicada na sua total capacidade, levando nos a considerar mais ainda a possibilidade de se tratar de uma aço 4340 normalizado, já que os valores para os aços 1020 e 1045 ficam em valores abaixo do encontrado. 3.4 Dureza Vickers O resultados dos ensaios de dureza Vickers foram dispostos na tabela 8, foram realizados 6 medidas, no intuito de se ter uma maior precisão. Tabela 8: dados do ensaio de dureza Vickers A carga utilizada foi de 50gf, durante a realização da medida três foi detectado uma falta de precisão na determinação das diagonais, sendo o motivo principal da discrepância em relação aos outro valores, devido a esse fator ele foi desconsiderado no processo para determinar o valor médio da dureza Vickers, sendo o mesmo igual a 333,28 HV. Como todos os materiais propostos apresentam valores tabelados para a dureza Vickers o processo de conversão não se demonstrou necessário, novamente o material que apresentou maior proximidade ao valor medido da dureza foi o do aço 4340 que tem seu valor tabelado de 384 HV[5], a diferença pode ser devido a irregularidade na superfície ou ao polimento da peça. O valor encontrado para a dureza chega a ser quase duas vezes maior que dos aço 1020 e 1045. 3.5 Impacto (método de Charpy) Foram realizados os ensaios nas três opções de aços, as curvas traçadas a partir dos dados obtidos foi traçada e pode ser vistas nas figuras 4, 5 e 6. Aço Média do Módulo de Elasticidade (GPa) 1020 203,34 1045 204,48 4340 207,76 n Dureza Rockwell (HRC) 1 17,0 2 25,5 3 25,1 4 26,8 Figure 3: representação gráfica do comportamento dúctil-frágil do aço 1020. n Dureza Vickers (HV) 1 358,6 2 330,9 3 292,8 4 326,4 5 315,6 6 334,9 Em todas as curvas ficou evidente o momento que ocorre a mudança no comportamento mecânico dos aço, sendo ainda possível observar que os aços 1045 e 4340 apresentaram comportamento similares, sendo o ponto de inflexão da transição dúctil-frágil próximo 0ºC. Para o aço 1020 a transição ocorreu próximo a 40ºC, no entretanto a faixa de variação da temperatura exercida sobre o menos não chegou pertoda escala utilizada nos demais aços não chegando a nenhuma temperatura abaixo de zero graus Celsius. Fica evidente a diferença de energia absorvida entre os aços sendo explicada pela dureza do material e a relação de carbono presente no seu interior, quando menor for essa relação maior é a energia absorvida pela peça, já que ele apresenta uma maior deformação plástica antes do rompimento. 4.Conclusão Através dos ensaios realizados no material que desejávamos determinar foi possível concluir que o aço 4340 normalizado foi o que melhor descreveu o comportamento observado nos ensaios, tendo os valor de tensão de ruptura, redução de área e durezas mais próximos. O ensaio de ressonância foi capaz de demonstrar uma técnica mais rápida e não destrutiva para a determinação do modulo elástico de metais, tendo os valor encontrado dentro do esperado para cada material. O ensaio de impacto exemplificou como é possível determinar a região de transição dúctil- frágil, que é de grande importância na etapa de seleção do material para um projetos de engenharia. 5.Referencias [1] CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G., Ciência e Engenharia de Materiais uma Introdução. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. [2] Souza, Sérgio de Augusto de. Ensaios mecânicos de materiais metálicos – Fundamentos teóricos e práticos. 5ª ed. [3] Métodos de caracterização. Disponível em:<ht tp : / /www.a tcp .com.br /p t /p rodutos / caracterizacao-materiais/propriedades-materiais/ modulos-elasticos/metodos-caracterizacao-.html>. Acesso em 26 de setembro de 2017. [4] Garcia, Amauri, Sim, Jaime Alvares, dos Santos, Carlos Alexandre, Ensaio dos materiais. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. [5]Philip D. Harvey, editor, Engineering Properties of Steels, American Society for Metals, Metals Park, OH, 1982.Figure 5: representação gráfica do comportamento dúctil-frágil do aço 4340. Figure 4: representação gráfica do comportamento dúctil-frágil do aço 1045.
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