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Gênero e Família - Artigo

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Universidade Federal de Juiz de Fora 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
Departamento de Ciências Sociais 
Vida Urbana Globalização e Mudança Social 
 
 
 
Dimitri Tavares Henriques Rossi 
Glaucy Hellen Herdy Ferreira Gomes 
Juliana Ribeiro de Aquino 
Lucas de Oliveira Deotti 
Sara Pimenta Ávila 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO TEMÁTICO 7: GÊNERO E FAMÍLIA 
DIVERSIDADE NO ARRANJO DAS FAMÍLIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juiz de Fora 
 2015 
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1. Introdução 
 
O presente trabalho tem como tema principal de estudo o assunto “gênero e família”. 
A partir desse tema geral, foram pesquisados cinco textos e um filme que discorressem de 
diferentes maneiras sobre ele. Com a análise do material escolhido, chegou-se à definição de 
um subtema que seria o alvo principal dos estudos, que é a diversidade que as opções de 
gênero criaram no arranjo familiar atual, tendo como foco as questões da família homoafetiva. 
O assunto será discutido em forma de texto com introdução, desenvolvimento e considerações 
finais, tendo como método de embasamento a leitura e análise dos textos e filme escolhidos 
previamente, bem como de outros textos necessários para a complementação do estudo. 
 
2. Histórico 
 
A família existe desde que o homem sentiu necessidade de se agrupar, e se 
desenvolveu ao longo do tempo ganhando diversas formações e significados. O que antes era 
regido pela união muitas vezes arranjada, onde o homem possuía total poder sobre a mulher e 
os filhos, hoje é baseado no desejo de ficar junto, ou seja, prevalece o que é chamado de união 
baseada no afeto, ou eudemonista. (MARIANO, 2009) 
Primeiramente devemos ter em mente o significado etimológico das palavras gênero e 
família. Gênero pode significar principalmente a diferença entre os homens e as mulheres, 
podendo ser usado como sinônimo de sexo e também na referência às diferenças sociais; em 
biologia, é um termo utilizado na classificação cientifica e no agrupamento de organismos 
vivos, formando um conjunto de espécies com características morfológicas e funcionais 
refletindo a existência de ancestrais comuns e próximos. Já na conceituação de família, 
encontramos várias definições diferentes, sendo a mais estereotipada que define como o 
conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa 
formando um lar. Como não existe uma definição geral de família pois o que há, na verdade, 
são tipos históricos de família que foram extintos ou sendo substituídos ao longo do tempo, o 
conceito de família é mutável, varia de acordo com as mudanças da sociedade, com o meio e 
com o período (ZANARDO e VALENTE, 2009). 
A partir de uma espécie de sequência cronológica, podemos entender melhor as 
mudanças ocorridas na estrutura familiar com as suas variáveis e ver que o conceito de família 
conhecido e aceito até então vem sendo quebrado. 
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No período entre a desintegração do Império Romano do Ocidente, século V, até o fim 
do Império Romano do Oriente, marcado com a queda de Constantinopla, século XV, 
vigorava o conceito de família medieval, onde a função primordial da família era de 
procriação, transmissão de linhagem, nome e patrimônio. Após o século XV, começa a se 
formar o conceito de família tradicional, marcada pela autoridade patriarcal, cabendo a 
mulher somente a função de objeto de troca e agregadora de valor, levando consigo o dote, 
dando ao conceito de família um valor essencialmente econômico. 
A partir do século XVIII nasce a família moderna, que passa a ser construída com base 
no amor romântico, porém ainda sem a possibilidade de separação dos cônjuges. Durante uma 
parte do período, essa família foi tutelada pelo Código Civil de 1916, que possuía uma visão 
extremamente discriminatória do conjunto familiar. É importante frisar que nesse contexto 
acontece a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, onde a monarquia absolutista entra 
em colapso para dar lugar a república, ou seja, a família entra como refúgio diante das 
transformações industriais, passando a ser além de um sacramento religioso, um contrato civil 
(ZANARDO e VALENTE, 2009). 
Na metade no século XX, muda-se novamente o conceito de família para pós-
moderna. Tratava-se de um contexto pós-guerra e de crises ideológicas, onde destituía-se o 
poder da razão para a compreensão do mundo. Dessa forma, a família pós-moderna é 
constituída com base na realização sexual, onde há uma quebra imediata do compromisso 
diante do menor sinal de insatisfação. Nesse cenário, a dissolução do casamento passa a ser 
legalizada no Brasil a partir de 28 de junho de 1977, com a emenda constitucional nº 9, dando 
às partes o direito de um novo casamento. Além disso, foi decretado o Estatuto da Mulher 
Casada (lei 4.121/1962), que devolveu os plenos direitos à mulher, como a garantia da 
propriedade dos bens adquiridos por fruto do seu trabalho (MARIANO, 2009) 
Com a Constituição Federal de 1988, que leva o Estado Liberal para o Social, são 
estabelecidas regras segundo a realidade da sociedade e alcança diretamente o núcleo familiar, 
desencadeando uma natureza de relacionamentos com extrema fluidez e possibilitando o 
surgimento de novos arranjos familiares em meio à dissolução de relações. Com isso, novas 
formas de parentalidade podem ser formadas, baseadas também no ponto de vista psicológico 
e não somente o sanguíneo. A família contemporânea é marcada por novos modelos, sendo o 
mais polêmico, atualmente, o baseado na homoparentalidade, termo surgido em 1997, que é 
onde pelo menos uma das figuras parentais se define como homossexual. A Carta Magna 
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representa também um avanço para a união homoafetiva quando abre espaço para a formação 
de uniões estáveis (MARIANO, 2009). 
 
3. A família na contemporaneidade 
 
Segundo Ana Carla Matos (2000), do ponto de vista legislativo, o advento da 
Constituição de 1988 inaugurou uma diferenciada análise jurídica das famílias brasileiras. 
Uma outra concepção de família tomou corpo no ordenamento mas, apesar de todos os 
avanços sociais e legislativos, os arranjos familiares contemporâneos no Brasil ainda sofrem 
muita influência dos conceitos e preconceitos da família tradicional. Como visto 
anteriormente, as famílias são classificadas a partir da relação entre seus membros com o 
passar do tempo e as mudanças sociais, mas não é só nisso que se baseia o conceito de 
família, também baseado na sua forma e imagem. 
A imagem de família tradicional, pai e mãe heterossexuais e seus filhos, é também 
chamada família nuclear, e a família pós-nuclear é toda aquela que foge à forma do padrão 
tradicional sendo pluralística e mais flexível. Os arranjos pós-nucleares, definidos por Luiz 
Edson Fachin, são a "coabitação fora do casamento e a relativa indiferença ao estado 
matrimonial dos pais. A família sem filhos pode ser uma das faces da separação da família 
nuclear" (MARIANO, 2009), entendendo que a transição de família nuclear para pós-nuclear 
é quando o foco deixa de ser estritamente a estrutura familiar e passa para o indivíduo e suas 
relações familiares. 
O último Censo do IBGE, em 2010, mostrou que os novos arranjos familiares estão 
em 50,1% dos lares, ou seja, são 28,647 milhões, 28.737 domicílios a mais que a formação 
tradicional. São casais sem filhos, pais ou mães solteiros, criados por avós, irmãos e irmãs, 
casais gays, amigos convivendo, pessoas morando sozinhas, famílias “mosaico”, ou seja, um 
leque de diversidades. Apesar de os arranjos familiares contemporâneos se basearem na 
Constituição de 1988, que rege o eudemonismo, o preconceito ainda existe como uma grande 
barreira para a composiçãodas famílias pós-nucleares, sendo a mais discriminada delas a 
união homoafetiva. 
 
 
 
 
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4. A família homoafetiva 
 
Pode-se considerar homoafetivo um adjetivo que define a pessoa que gosta e sente 
atração por pessoas do mesmo sexo. Esse termo foi criado para diminuir a expressão 
pejorativa que se dava aos casais homossexuais, tornou-se uma denominação jurídica para 
tratar do direito relacionado a união de casais do mesmo sexo. 
Quando o casal parental se compõe por dois indivíduos que se assumem como 
homossexuais, existe a possibilidade de se organizar em família através da adoção, 
inseminação artificial, ou até mesmo por coparentalidade. A coparentalidade é uma outra 
forma de arranjo familiar atual e, de acordo com Élisabeth Roudinesco e Jacques Derrida 
(2004): 
“É uma situação na qual uma mãe lésbica ou um pai gay elaboram o projeto de ter e 
criar uma criança com um parceiro, sendo que um é o pai biológico e o outro o pai 
social que cria a criança. Assim, o coparente pode ser um pai legal, um pai social ou 
um pai biológico”. 
 
A inseminação é caracterizada como uma procriação através da tecnologia reprodutiva 
disponível na atualidade, que pode ser utilizada como recurso para casais de lésbicas, 
existindo também a possibilidade da chamada “barriga de aluguel”, que atende ainda casais 
estéreis. A inseminação artificial com doador de esperma se tornou frequente, sendo uma 
inovação na forma de constituição familiar. Apesar disso, existe a formação homoparental 
familiar por casais parentais homossexuais que já tinham filhos de uniões anteriores e que 
passam a criá-los agora, enquanto casal homossexual. 
A forma mais comum de organização familiar homoparental se dá através da adoção, 
que pode ser feita por apenas um dos parceiros, usual em países que ainda não permitem a 
adoção legal por casais homossexuais. No Brasil, atualmente a adoção por casais 
homossexuais vem ganhando atenção da mídia e da sociedade com frequência e já existem 
decisões a respeito, no entanto, ainda é perceptível a dificuldade na adesão da população, da 
Igreja e até mesmo do Poder Judiciário, no sentido de reconhecer a união homoparental como 
uma forma de família. A decisão sobre a união estável na Lei nº 612/2011 marcou a vida de 
vários cidadãos, e implicou novos rumos e olhares à causa da homossexualidade sendo 
considerada um ponto de partida para outras conquistas. Sobre a Lei, a ministra Carmem 
Lúcia afirma que: 
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“(...) aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados 
da maioria. As escolhas pessoais livres e legítimas são plurais na sociedade e assim 
terão de ser entendidas como válidas. (...) O direito existe para a vida não é a vida 
que existe para o direito. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição 
Federal” (SANTOS, 2011) 
 
5. A adoção pela família homoafetiva 
 
Segundo Maria Berenice Dias (2009): 
“A adoção constitui um parentesco eletivo, pois decorre exclusivamente de um ato 
de vontade. A verdadeira paternidade funda-se no desejo de amar e ser amado, mas é 
incrível como a sociedade ainda não vê a adoção como deve ser vista.” 
 
Neste panorama, seria possível que homossexuais adotassem filhos, 
independentemente de estarem solteiros ou casados, uma vez que o critério de adoção no 
Brasil é a afetividade e o bem-estar da criança ou do adolescente. Entretanto, não é um 
processo tão simples assim, pois a adoção por casais homoafetivos no país ainda é feita 
através de brechas nas leis. O estado brasileiro pioneiro na adoção por esses casais foi o Rio 
Grande do Sul que, por decisão unanime do tribunal de justiça, reconheceu a um casal de 
homens a adoção conjunta, fazendo jus aos princípios da igualdade, liberdade e dignidade da 
pessoa humana (MARIANO, 2009). 
No cenário mundial, há países que ainda lidam com a homossexualidade como crime, 
e há países extremos, como Mauritânia, Nigéria, Arábia Saudita, Iêmen, Sudão, Somália e Irã 
em que o ato homossexual é crime com pena de morte. Apesar disso, também há países como 
Canadá, Groelândia, Islândia, Reino Unido, Espanha, Uruguai, Argentina, Suécia, Noruega, 
Dinamarca, Holanda, Bélgica, África do Sul, Austrália, entre outros, que aceitam a adoção por 
casais homossexuais, tendo cada um suas regras, leis e especificidades, sendo que os Estados 
Unidos e México só aceitam em alguns estados e regiões. 
Mesmo havendo poucos países que permitem a adoção homoparental, o número de 
crianças adotadas por casais gays aumenta cada vez mais. Segundo a Escola de Direito da 
Universidade da Califórnia, em 2009, a estimativa é que cerca de 14 milhões de crianças, em 
todo o mundo, convivam com um dois pais gays e no Brasil a situação não é muito diferente. 
Mas, por ser um assunto recente e polêmico, gera muitos equívocos, preconceitos e receios 
por parte da sociedade: "as pesquisas mostram que a orientação sexual dos pais parece ter 
muito pouco a ver com o desenvolvimento da criança ou com as habilidades de ser pai. Filhos 
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de mães lésbicas ou pais gays se desenvolvem da mesma maneira que crianças de pais 
heterossexuais", explica Charlotte Patterson, professora de psiquiatria da Universidade da 
Virginia. (CASTRO, 2012) 
Estudos comprovam que se a criança for criada por pais homo ou heterossexuais, não 
há consequências significativas na personalidade da mesma, é o vínculo afetivo que essas 
crianças irão estabelecer com seus novos pais que irá influenciar o desenvolvimento da dela, 
não o tipo de família. Algumas afirmações preconceituosas como “os pais irão influenciar na 
opção sexual do filho”, ou “a necessidade da criança ter um pai ou uma mãe”, ou “ter 
problemas psicológicos decorrentes do preconceito”, e até mesmo “o risco dessas crianças 
sofrerem abuso sexual”, são apenas mitos. A Universidade Cambridge comparou filhos de 
mães lésbicas com filhos de mães heterossexuais e não encontrou nenhuma diferença 
significativa entre os dois grupos quanto à identificação como gays. Há diversos modelos de 
família que não contam com a presença de um pai e de uma mãe, independente do motivo, 
mostrando que o que é relevante na criação da criança é ter uma figura masculina e outra 
feminina e não necessariamente pai e mãe - até porque no Brasil, 17,4% das famílias são 
formadas por mulheres solteiras com filhos. Uma afirmativa muito provável é que essa 
criança com pais homossexuais sofra preconceito, entretanto, o preconceito sempre esta 
presente nas relações infantis por diversos motivos, como peso, altura, cor de pele, condição 
social e entre outros, o que não significa que a criança será infeliz por isso. Os estudos da 
Universidade ainda confrontam filhos de homos com filhos de heterossexuais e concluíram 
que os dois grupos registram graus parecidos de autoestima, de relações com a vida e com as 
perspectivas para o futuro, assim como os índices de depressão. O estigma de perversão, 
alimentado principalmente por líderes religiosos mantém a crença sobre o "perigo" que as 
crianças correm quando criadas por homossexuais, porém até hoje as pesquisas não 
encontraram nenhuma relação entre homossexualidade e abusos sexuais (CASTRO, 2012). 
A partir disso, surge a necessidade de se pensar em como mudar esse panorama de 
preconceito entranhado numa sociedade que se diz moderna e livre de paradigmas. Seguindo 
a linha de raciocínio de que é na escola que a criança tem sua primeira inserção de vida em 
sociedade, pode-se dizer que é na educação infantil que está a oportunidade de mudar essa 
estigma para as próximas gerações. Na pesquisa de Cláudia Vianna e Lula Ramires (2011), 
que aborda a introdução do conceito de família na produção dos livros didáticos,pode-se 
perceber que a variedade de arranjos familiares está inserida na didática dos livros, mas a 
questão da família homoafetiva permanece omissa. Ao analisar os livros didáticos, nota-se a 
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existência majoritária de um modelo estereotipado de família “estruturada”, tradicional e 
formada por um núcleo heterossexual fechado. Algumas situações que fogem desse padrão 
também foram ilustradas, o que representa um avanço na questão de se reconhecer a 
pluralidade dos arranjos familiares contemporâneos, mas não vão muito além do comum e 
aceito pela sociedade e mostram também fortes referências patriarcais em descrições sobre 
história, cotidiano, divisão sexual do trabalho, cuidado infantil e outras que convivem com 
modelos de famílias monoparentais, chefiadas por mulheres, lares adotivos, multirraciais ou 
com homens exercendo o cuidado infantil. 
Sendo assim, pode-se concluir que esse tipo de educação que mantém uma imagem de 
família padrão, inibe e dificulta a aceitação de novos arranjos familiares, principalmente 
aquelas que possuem diversidade sexual. Trata-se de uma omissão, que praticamente proíbe a 
criança de se identificar como um (a) homossexual, quando se baseia nos moldes de família 
apresentados a eles nos livros didáticos, dando continuidade à sociedade intolerante aos 
homossexuais. 
 
6. Conclusão 
 
De acordo com o que foi exposto, pode-se concluir que a família é um fenômeno 
social, a entidade familiar é a célula-mãe da sociedade e suas organizações são ocasionadas 
por diversos tipos de situações, como o período em que está inserida, os avanços da sociedade 
(culturais e legais) e a morfologia do grupo familiar. 
Dentre as diversas formações de família que encontramos na sociedade 
contemporânea, a união homoafetiva é a mais problemática do ponto de vista da aceitação 
social, apesar de ser considerada como entidade familiar por diversos órgãos nacionais e 
internacionais. As dificuldades na inclusão dessas famílias pode ser resultado de uma 
educação pouco inclusiva, onde vimos que os livros didáticos atuais não abordam a família 
homoparental - apesar de apresentar outros modelos familiares contemporâneos - e a 
população permanece enraizada dos conceitos e preconceitos da família tradicional. 
No caso do Brasil, objeto de estudo principal, ainda temos muito o que avançar no 
quesito inclusão das diferentes formas de família. A enquete cujo título é “Você concorda 
com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, 
prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?”, proposta pela Câmara dos Deputados, 
causou diversas discussões - apesar de não possuir valor estatístico. Contando com mais de 7 
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milhões de votos (em 07/06/2015), sendo deles 49,68% declaram que concordam com a 
definição e 0,32% declaram não ter opinião formada, sendo que boa parte dos votos “sim” 
foram “arrecadados” através de campanhas em igrejas, templos e redes sociais feitas por 
líderes religiosos e políticos da bancada conservadora, dentre eles o Pastor Silas Malafaia e o 
Deputado Federal Marcos Feliciano, deixando claro que o conceito de família no Brasil é 
impregnado de tabus religiosos. 
A enquete retrata a realidade do preconceito que existe com a formação de família, já 
que o texto base para a criação do Estatuto da Família defende a família no formato 
tradicional e nuclear, o que não é um fato devido as inúmeras modificações que a família 
sofreu ao longo do tempo, chegando a atual sociedade composta pela família eudemonista e 
pós-nuclear. 
Ao tratar da visão afetiva da relação familiar, podemos finalizar com o pensamento de 
Sérgio Gischkow Pereira, que trata dos benefícios sociais dessa nova concepção afirmando 
que: “Uma família que experimente a convivência do afeto, da liberdade, da veracidade, da 
responsabilidade mútua, haverá de gerar um grupo não fechado egoisticamente em si mesmo, 
mas sim voltado para as angústias e problemas de toda a coletividade, passo relevante à 
correção das injustiças sociais”, tendo na família o importante papel de prover inicialmente as 
satisfações de necessidades básicas, além de exercer influência na constituição do indivíduo 
como cidadão. (ZANARDO e VALENTE, 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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