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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QMC 1092 – TECNOLOGIA QUÍMICA EXPERIMENTAL I PROF°. VALDERI LUIZ DRESSLER DÉBORA PINHEIRO GABRIELE BADINELLI GRAZIELA IOP ROCHA JULIANA KUNTZ CLARIFICAÇÃO DE ÁGUA – TESTE DO JARRO Relatório Santa Maria, RS 2018 Sumário 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 2 2 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 5 2.1 MATERIAIS ........................................................................................................................... 5 2.1.1 Procedimento 1 - Jarr Test....................................................................................... 5 2.1.2 Procedimento 2 ........................................................................................................... 5 2.2 MÉTODOS ............................................................................................................................. 5 2.2.1 Procedimento 1 – Jarr Test ...................................................................................... 5 2.2.2 Procedimento 2 ........................................................................................................... 6 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................. 7 3.1 PROCEDIMENTO 1 – JARR TEST ................................................................................... 7 3.2 PROCEDIMENTO 2 .................................................................................................................. 9 4 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 11 2 1 INTRODUÇÃO Água bruta é toda água de uma fonte de abastecimento que ainda não foi tratada. Sendo assim, possui diversas impurezas responsáveis por sua cor e turbidez. A cor geralmente indica presença de metais (Fe, Mn), húmus (matéria orgânica oriunda da degradação de matéria de origem vegetal), plâncton (conjunto de plantas e animais microscópicos em suspensão nas águas) dentre outras substâncias dissolvidas na água. A turbidez indica uma possível presença de argila, silt, substâncias orgânicas (húmus) ou inorgânicos (óxidos) finamente divididas, plânctons e algas. 1,2 A turbidez pode indicar o risco de entupimento de filtros e tubulações. Além disso, também é um parâmetro que indica a qualidade estética das águas para abastecimento público. O padrão de potabilidade (portaria nº 1.469 de 2000) é de 5,0 NTU.4 É medida como um grau de atenuação da intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessar a água, que é dada pela absorção e espalhamento, uma vez que as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o comprimento de onda da luz branca, devido à presença de sólidos em suspensão e é expressa como unidade nefolométrica de turbidez (NTU -Nephelometric Turbidity Unity ) usando-se como padrão para calibração um turbidímetro (aparelho para a medida de turbidez da amostra) uma suspensão de polímero formazin (sulfato de hidradiza + hexametileno tetramina), uma suspensão de látex ou microesferas de estireno- divinilbenzeno, conforme o fabricante do equipamento. A cor e a turbidez podem ser removidas através da decantação dos sólidos e colóides presentes na água. 1,2 Porém, esse processo não acontece sozinho. É necessário a adição de aguentes coagulantes e a realização da floculação para posterior sedimentação. As substâncias coagulantes são adicionadas na água com a finalidade de reduzir as forças eletrostáticas de repulsão que mantém separadas as partículas em suspensão, as coloidais e parcela das dissolvidas. Os coagulantes mais utilizados são o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, sais que em solução liberam espécies químicas de alumínio ou ferro com alta densidade de cargas elétricas de sinal contrário ás manifestadas pelas partículas presentes na água bruta, eliminando assim, as forças de repulsão eletrostática originalmente presentes na água bruta. 1,2 3 É importante também, a adição de alcalinizantes, que são capazes de conferir a alcalinidade necessária a coagulação, como por exemplo, o óxido de cálcio, o hidróxido de cálcio e o hidróxido de sódio, etc. 1,2 Para entender melhor o conceito de clarificação de águas precisamos falar sobre algumas características das impurezas presentes no meio a ser tratado. Uma vez que o processo visa a remoção da matéria, que pode possuir características coloidais ou encontrar-se em suspensão fina. Uma suspensão coloidal possui características específicas , como: - O Efeito Tyndall – as partículas coloidais apresentam tamanho suficiente para espalhar a luz , isto faz com que a amostra apresente certo “brilho” que será tanto maior quanto maior for a quantidade de material em suspensão coloidal. A turbidez indica a capacidade de uma amostra de es palhar a luz , perdendo a transparência. - Movimento Browniano – as partículas coloidais são dotadas de movimento irregular e caótico devido a agitação incessante das moléculas do meio em que se encontram. - Adsorção Superficial – a área das superfícies dos colóides são propícias à deposição de outras partículas. Esta retenção de substâncias na superfície é denominada adsorção. - Propriedades Eletrocinéticas – chama-se de propriedades eletrocinéticas de colóides as propriedades que estes apresentam diante de um campo elétrico, como os colóides possuem cargas elétricas (geralmente negativas ) essa característica dá aos colóides a capacidade de se moverem quando sob ação de um campo elétrico. Esse fenômeno chama-se de Eletroforese . 3 O processo em geral consiste em três etapas : coagulação, floculação e sedimentação. A coagulação tem por objetivo aglomerar as impurezas que se encontram em suspensões finais (ou em estado coloidal) e algumas que se encontram dissolvidas , em partículas maiores que possam ser removidas por decantação ou filtração. 3 Como, de um modo geral, a maioria dos colóides dispersos em água, onde a faixa de pH se encontra entre 5 a 10, apresentam carga negativa, deve ser adicionado à água um eletrólito que contenha um a carga de sinal contrário à 4 carga das partículas coloidais presentes na água. Logo, utiliza-se um agente coagulante (sal de ferro ou alumínio) que ao ser adicionado a solução aquosa sofre hidrólise liberando Al+3 ou Fe+3. Esses cátions entram em contato com as partículas suspensas, que apresentam cargas predominantemente negativas em sua superfície, desestabilizando o coloide, como foi falado anteriormente. A desestabilização é a minimização e/ou eliminação das forças repulsivas que mantém as impurezas separadas. Enquanto que a floculação ocorre quando as partículas desestabilizadas se aproximam e colidem, formando flocos, sendo favorecida por agitação lenta. É importante destacar que as etapas de coagulação e floculação são praticamente simultâneas e interdependentes e, por este motivo , podem ser consideradas uma única etapa denominada coagulação/floculação. Por último,acontece a sedimentação que é quando a solução é deixada em repouso e as partículas floculadas vão para o fundo do recipiente. 3 O Jarr Test é um dos métodos mais empregado nas empresas de tratamento de água. Ele simula as etapas acima descritas, facilitando a determinação da dosagem dos produtos químicos a serem aplicados na água bruta. Ele utiliza apenas uma pequena amostra de água e promove a comparação entre o melhor pH e melhor dosagem de coagulante para que essa etapa seja bem sucedida, o que proporciona a eficiência desejada de remoção das impurezas de forma mais econômica. 1,2 O presente trabalho tem como objetivo determinar as melhores condições para a floculação da amostra e para a eliminação da turbidez, utilizando o Jarr Test e clarificar a amostra de água. 5 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 MATERIAIS 2.1.1 Procedimento 1- Jarr Test Para a clarificação de uma amostra de água utilizou-se um Jarr Test com frascos de 1000 mL, diversos tubos de ensaio, fitas medidoras de pH, béqueres, um turbidímetro, um equipamento para determinação da cor da amostra, uma proveta de 100 mL, uma pipeta volumétrica, um frasco lavador, água destilada, sulfato de Alumínio e Ferro 63,5 % m/v e uma amostra de água de um riacho da Universidade Federal de Santa Maria, localizado em Santa Maria - RS. 2.1.2 Procedimento 2 Para este procedimento utilizou-se um Jarr Test com frascos de 1000 mL, fitas medidoras de pH, pipetas, coagulante e a amostra de água retirada de um riacho localizado na UFSM já clarificada. 2.2 MÉTODOS 2.2.1 Procedimento 1 – Jarr Test Inicialmente, montou-se o sistema específico para agitação mecânica de água, então determinou- se o pH da amostra usando fitas medidoras de pH. Com proveta, mediu-se 1000 mL de amostra que foram adicionadas em cada cuba (6) e agitou-se a solução com velocidade em torno de 120 rpm. Em seguida, preparou-se a solução de sulfato de Al e Fe 1% m/v (coagulante) em uma proveta de 1000 mL, foram adicionados 1,53 mL da mesma e volume da proveta foi completo com água destilada. Em tubos de ensaio (6) foram adicionadas quantidades crescentes de 6 coagulante (0,5; 1; 2; 4; 6; e 7 mL), os tubos foram completos com um pouco de água destilada e o conteúdo dos tubos foi dispensado nas cubas. Agitou-se a solução com velocidade em torno de 120 rpm durante 1 minuto, após isso a velocidade foi diminuída para 20 rpm agitando a mesma por 15 minutos. A solução ficou em repouso por cerca de 15 a 20 minutos para ocorrer a decantação dos flocos. Por fim, verificou-se a cor e a turbidez das soluções contidas em cada uma das cubas. 2.2.2 Procedimento 2 Utilizando o sistema de Jarr Test com amostra de água nas cubas verificou-se a influência do pH sobre a coagulação, o pH das amostras foram ajustados na faixa de 4,0 a 8,0 e agitou-se as mesmas com velocidade de 120 rpm. Adicionou- se o coagulante, seguindo o que foi determinado no procedimento1, e a solução foi agitada durante 1 minuto a 120 rpm e a 20 rpm por 15 minutos. A solução foi deixada em repouso de 15 a 30 minutos até que ocorresse a decantação dos flocos. Assim, observou-se os flocos formados em cada cuba. 7 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 PROCEDIMENTO 1 – JARR TEST Inicialmente foi medido os parâmetros da água utilizada como amostra, esta amostra foi retirada de uma riacho que passa por dentro da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. O pH obtido foi de 5,0; a turbidez medida no turbidímero deu 12,1 NTU e a cor deu > 70. Esses parâmetros foram novamente medidos no final de todo o processo. Com o sistema montado, primeiramente foi feito a etapa de coagulação da água, onde se agitou a amostra com as pás em torno de 120 rpm. Essa etapa visa transformar as substâncias na forma de suspensão fina e suspensão coloidal em partículas maiores (flocos) para que possam ser removidas pela decantação e filtração. A maioria dos colóides presentes na água é dotada de carga negativa, resultante da adsorção preferencial de íons negativos ou da ionização das suas moléculas. Essas partículas de tamanho diminuto não são removidas por decantação direta e, como possuem mesma característica elétrica, a força de repulsão não permite a aglomeração. Portanto, para promover a remoção destas partículas torna-se imprescindível a neutralização destas cargas negativas e a posterior aglutinação para que as mesmas tornem-se maiores e possam ser removidas pela ação da gravidade. Após essa etapa, foi adicionado então o coagulante em todas as cubas, de forma crescente. Seguindo a ordem das cubas (1 até 6), Figura 1, foram adicionados quantidades de 0,5; 1,0; 2,0; 4,0; 6,0; 8,0 mL de coagulante. Nesta etapa também foi agitado a 120 rpm por 1 minuto. Os coagulantes são os agentes químicos geradores de cargas positivas que neutralizam os colóides e com a capacidade de propiciar a aglomeração dos colóides neutralizados. Os principais coagulantes utilizados são, o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3.18H2O), sulfato ferroso (FeSO4.7H2O), sulfato férrico (Fe2(SO4)3 ou Fe2(SO4)3 . 9 H2O), cloreto férrico (FeCl3 ou FeCl3.6 H2O). Neste caso, utilizou-se sulfato de Al e Fe. 8 Figura 1 – Esquema de montagem do JARR TEST Em seguida a diminuiu-se a velocidade para aproximadamente 20 rpm, durante 15 minutos, esta etapa é chamada de floculação. A floculação é um processo físico que promove a aglutinação das partículas já coaguladas, facilitando o choque entre as mesmas devido à agitação lenta imposta ao escoamento da água. A formação de flocos de impurezas facilitam sua posterior remoção por sedimentação sob ação da gravidade, flotação ou filtração. Por fim, deixou-se a solução em repouso para que a decantação dos flocos ocorresse. E mediram-se os parâmetros novamente, utilizando uma alíquota de cada cuba. Na tabela 1 estão dispostos os valores encontrados em cada cuba. Tabela 1 – Parâmetros medidos da água ao final do processo. Amostra Cor (mg L-1) Turbidez (NTU) 1 > 70 12,1 2 > 70 12,6 3 > 70 14,1 4 10 1,22 5 10 2,18 6 30 5,03 Com os resultados obtidos, pode-se observar que as amostras que se encontravam nas cubas 1, 2 e 3 não formaram flocos, devido à baixa quantidade de coagulante adicionado. Estas também não obtiveram clarificação, onde o máximo de cor permitido pela legislação é de 15 mg L-1. A etapa de floculação no tratamento de água, simulada através do “JARR TEST” deve 9 apresentar como resultado os menores índices de turbidez possível, a fim de garantir a ausência de materiais particulados na água. A amostra que obteve os melhores resultados foi a que se encontrava na cuba de número 4, podendo ser observado que a cor ficou em 10 mg L-1 e a menor turbidez com 1,22 NTU. 3.2 PROCEDIMENTO 2 Neste procedimento, onde foi realizado a agitação mecânica de 1000 mL de amostra de água, verificando a mudança de pH na etapa de coagulação/floculação. Colocou-se a amostra em todas as cubas, e o pH foi ajustado em cada uma, seguindo a ordem de 4,0; 5,0; 5,5; 6,0; 7,0 e 8,0, respectivamente. Após, foi feito as mesmas etapas do procedimento 1, agitou-se a solução a 120 rpm. Em seguida utilizou-se em todas as amostras a mesma quantidade de coagulante que foi colocado na amostra do procedimento 1 que obteve melhores resultados, neste caso, a amostra de número 4 com 4,0 mL de coagulante, agitou-se novamente a solução por 120 rpm por cerca de 1 minuto.Para ocorrer a floculação, a solução foi agitada por 15 minutos com velocidade de 20 rpm. Por fim, a solução foi deixada em repouso para que houvesse a decantação dos flocos. Na tabela 2 estão dispostos os valores de pH, a cor e a turbidez de cada amostra. Tabela 2 – Parâmetros relacionados à amostra em cada cuba. Amostra pH Turbidez (NTU) Cor (mg L -1) 1 4,08 5,35 50 2 5,02 3,24 30 3 5,66 2,18 15 4 7,12 1,96 10 5 8,17 2,95 10 6 6,17 1,11 5 O pH da água também influencia diretamente nesse processo, pois os flocos se formam mais facilmente em sistemas onde o pH se encontra próximo a neutralidade.Dessa fo rma, f ez -se necessária a adição de solução de Ca(OH)2 10 para elevar o pH da água bruta, oferecendo condições necessárias ao processo de floculação. Para a correção do pH, é comum o uso de Cal que pode ser aplicada em três etapas: na pré-alcalização (água bruta), inter-alcalinização (água decantada) e na pós-alcalinização (água filtrada). Na pré-alcalinização ajusta-se o pH de alcalinização, na inter-alcalinização a cal auxilia o ajuste do pH final e facilita a remoção de compostos indejáveis e na pós- alcalinização ajusta-se o pH final da água evitando a corrosão das tubulações. Analisando os resultados de turbidez, cor e pH obtidos para as 6 amostras de água bruta, os melhores resultados obtidos foi na amostra 6, com pH 6,17; turbidez 1,11 e cor 5 mg L-1. 11 4 CONCLUSÃO Tanto no procedimento 1, quanto no 2 a amostra de água foi distribuída igualmente nas seis cubas. Todo o processo de clarificação da água foi feitoaté a etapa de decantação em ambas. No procedimento 1, a água que obteve melhores resultados foi a que estava na cuba 4, tendo como turbidez o valor de 1,22 NTU e de cor 10. Já no procedimento 2, onde foi levado em consideração o ajuste do pH em cada cuba, a amostra que obteve os melhores resultados foi a de número 6, com turbidez de 1,11 NTU, cor de 5 e pH em 6,17. Nos dois procedimentos foi possível obter valores consideráveis de clarificação de água bruta. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Estações de Tratamento de água ETAs. Disponível em: <http://www.daaeararaquara.com.br/eta.htm>. Acesso em: 25/04/2018 2. Biblioteca Didática de Tecnologias Ambientais: Tratamento de água. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~bdta/coagulacao.htm> Acesso em: 25/04/2018 3. Tratamento de água, agosto de 2017 , Comusa, Disponível em: <http://www.com usa.rs.gov.br/index.php/saneamento/tratamentoagua>. Acesso em: 25/04/2017 Portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html.> Acesso em: 25/03/2018. 4. Ministério da Saúde. Disponível em: <HTTP://www.comitepcj.sp.gov.br/download/Portaria_MS_1469-00.pdf >. Acesso em: 27/03/2018
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