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Livro-Texto Unidade II politica social no brasil

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POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL
Unidade II
5 O CONTEXTO DA CRISE CAPITALISTA DOS ANOS 1970 E A PERDA DOS 
DIREITOS SOCIAIS: O DESMONTE DAS POLÍTICAS SOCIAIS NA EUROPA, NOS 
ESTADOS UNIDOS E NA AMÉRICA LATINA
Adentraremos o contexto dos anos 1970 do século XX, iniciamos pela realidade do cenário 
internacional e, na sequência, voltamos o nosso olhar para a realidade brasileira. Nesse tópico inicial, 
nos aproximaremos, uma vez mais, do pensamento que orienta o Estado e que o conduz em relação às 
políticas sociais. Assim, damos início à discussão sobre o neoliberalismo. O termo neoliberalismo advém 
de acrescermos o prefixo “neo” à palavra liberalismo. Apesar de o liberalismo já ter sido estudado por 
nós anteriormente, veremos as novas interpretações e roupagens que são a ele conferidas (por isso o 
prefixo “neo” a partir de 1970).
 Observação
O liberalismo pressupunha a não intervenção do Estado na 
regulação econômica.
O neoliberalismo é uma reação teórica e política ao Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State 
que nasceu na Europa e na América do Norte a partir da Segunda Guerra Mundial, mas que se 
tornou conhecido e popular somente a partir da década de 1970. Não se trata “apenas” de uma nova 
versão do já extinto liberalismo, mas uma adaptação dessa concepção considerando a atual fase de 
desenvolvimento capitalista.
Antes de seguirmos nas explicações sobre o neoliberalismo, retomaremos algumas indicações sobre 
o liberalismo. O liberalismo teria surgido no século XVI e XVII e teve como seus principais representantes 
David Ricardo e Adam Smith, que também foram seguidos por Maquiavel, Hobbes e Rousseau. Essa 
forma de compreensão tornou-se no entanto conhecida a partir do século XIX.
A corrente liberal primava por análises sobre a vida social que compreendessem “[...] o princípio 
do trabalho como mercadoria e sua regulação pelo livre mercado” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 56). 
De tal forma, conforme essas compreensões, cada ser humano, cada indivíduo, precisa buscar ter 
suas necessidades atendidas pelo trabalho, pelo esforço de cada qual. Se cada indivíduo buscar sua 
satisfação, a atenção de suas necessidades, de acordo com a corrente liberal, irá influenciar no 
bem-estar de toda a sociedade.
Para os representantes dessa corrente, seria a mão invisível do mercado que regularia a vida das 
pessoas, mas, cabia a cada indivíduo buscar sua inserção no mercado de trabalho. Aqueles que não 
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buscassem alcançar o bem-estar individual poderiam também comprometer o desenvolvimento de toda 
a sociedade. Essa possibilidade de inserção no mercado de trabalho vem fundada no mérito de cada ser 
humano em potencializar suas capacidades inatas.
O Estado, segundo o liberalismo, era compreendido como um mal necessário somente para garantir a 
base legal a fim de que o mercado pudesse funcionar. Se o Estado pudesse manter as bases para o mercado, 
consequentemente estaria possibilitando o bem-estar da sociedade como um todo. Propunha, assim, um 
Estado mínimo, com apenas três funções a desempenhar: “[...] a defesa contra os inimigos externos; a 
proteção de todo o indivíduo de ofensas dirigidas por outros indivíduos; e o provimento de obras públicas, 
que não possam ser executadas pela iniciativa privada” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 60).
Behring e Boschetti (2010, p. 62), buscando sistematizar as principais colocações do liberalismo, 
nos indicam o predomínio do individualismo, o bem-estar individual maximiza o bem-estar coletivo; 
predomínio da liberdade e competitividade; naturalização da miséria; predomínio da lei da necessidade; 
manutenção de um Estado mínimo, as políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício e por isso a 
política social deve ser apenas um paliativo.
Foi derivando dessas compreensões, mas sob novas roupagens, que surgiu o neoliberalismo. O grande 
teórico que representou essa tendência foi Friedrich Hayek, sua obra preponderante, nesse 
sentido, foi o livro O Caminho da Servidão, publicado em 1944. No entanto, não foi o único a 
defender esse formato de organização estatal, conforme veremos. Consideramos ser interessante 
conhecer os autores a quem nos referimos, deve-se, ao menos, haver uma imagem mental dos 
mais comentados no material proposto.
O Caminho da Servidão não é apenas um documento que expressa posições contrárias ao Estado de 
Bem-Estar Social, mas, para Anderson (1995, p. 9), precisa ser compreendido como sendo: “[...] um ataque 
apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas 
como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política”. Ou seja, totalmente 
contrário à intervenção estatal na regulação econômica e nas expressões da questão social.
Hayek também se manifestava contrário à democratização e ao comunismo. Seu principal alvo seria 
o Partido Trabalhista Inglês, e suas críticas foram especialmente enfatizadas durante a eleição geral, 
em 1945, na Inglaterra. Aliás, para Hayek, os sindicatos vinham alcançando um poder exagerado e que 
deveria, sem dúvida, ser minimizado. Todavia, nesse momento, as colocações de Hayek não encontraram 
assento na realidade, já que o keynesianismo vinha conseguindo manter a extração dos lucros e o 
crescimento econômico.
Mesmo assim nos diz Anderson (1995) que Hayek, em 1947, organizou uma reunião na pequena 
estação de Mont Pèlerin, na Suíça, convocando um grupo seleto de pessoas que também pensava 
de acordo com ele. Dentre esses teóricos, o autor elenca: “[...] Milton Friedman, Karl Popper, 
Lionel Robbins, Ludwing von Mises, Walter Eucken, Walter Lippmann, Michael Polanyi, Salvador 
de Madariaga [...]” (ANDERSON, 1995, p. 10), dentre os quais os que mais se destacaram, além de 
Hayek, foram Friedman e Popper.
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Partindo dessa reunião inicial, foi criada a Sociedade de Mont Pèlerin, que funcionava como uma 
organização contrária ao Welfare State. Essa sociedade atuava, segundo Anderson (1995, p. 10), como 
uma espécie de “[...] francomaçonaria neoliberal”, ou seja, uma sociedade, com poucos membros, 
escolhidos, e que combatia, com veemência, o Estado de Bem-Estar Social. Essa organização chegou até 
a realizar reuniões e eventos de grande porte a cada dois anos.
Contudo, nesse momento, como o keynesianismo vinha conseguindo manter a economia crescendo, 
os postulados de Hayek não tiveram aceitação. Somente a partir da década de 1970 que eles foram mais 
divulgados e aceitos. Isso aconteceu porque dali em diante tivemos uma grande crise capitalista. Nela, 
buscaram encontrar os possíveis motivadores da sua ocorrência, um dos fatores identificados fora a 
suposta excessiva intervenção do Estado na regulação econômica e nas expressões da questão social. 
A crise fora identificada como resultante do excesso do poder que vinha sendo conferido ao Estado.
Pereira (2008) nos diz que a crise era interpretada, pelos neoliberais, com base em três argumentos 
básicos. No caso, os gastos sociais eram tidos como responsáveis pela crise, conforme dissemos 
previamente. Isso porque o gasto social seria responsável por gerar o déficit orçamentário dos Estados. 
Este seria o primeiro argumento. O segundo deles defendia que a intervenção do Estado inibe a liberdade 
do mercado, desestimulando o capitalista a investir. E, por fim, o terceiro fator justificava que a proteção 
social causaria um ônus para as classes mais ricas e evita que os mais pobres busquem economizar e 
guardar dinheiro. Assim, por conta disso,no argumento neoliberal, teria acontecido a crise capitalista. 
Ou melhor dizendo, ela aconteceria porque:
1) [...] o excessivo gasto governamental com políticas sociais públicas é 
nefasto para a economia, porque gera o déficit orçamentário que, por sua 
vez, consome a poupança interna, aumenta as taxas de juros e diminui a taxa 
de inversão produtiva. Consequentemente, tal déficit estimula a emissão 
de moeda ou empréstimo de dinheiro do sistema bancário, aumentando, 
assim, a oferta monetária e a inflação. Para enfrentar esse problema, a única 
solução prevista seria cortar substancialmente o gasto público para liberar 
recursos para a inversão privada; 
2) [...] a regulação do mercado pelo Estado é negativa porque, ao cercear o 
livre jogo mercantil, tal regulação desestimula o capitalista de investir. Isso, 
por sua vez, impede o desenvolvimento econômico e a criação de empregos. 
A solução seria a desregulação do mercado de trabalho e da comercialização 
da força laboral;
3) [...] a proteção social pública garantida, sob a forma de política 
redistributiva, é perniciosa para o desenvolvimento econômico, porque onera 
as classes possuidores, além de aumentar o consumo das classes populares 
em detrimento da poupança interna. Neste caso, a melhor solução é diminuir 
o efeito redistributivo das políticas sociais, o que supõe a flexibilização ou 
retração da sua garantia (PEREIRA, 2008, p. 127).
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Consequentemente, um argumento que pressupõe, como se observa, que o Estado, apenas ele, é 
responsável pela crise capitalista e não a compreende como algo inerente a esse sistema. Como vemos, 
não são apenas argumentos sob a ótica da economia, mas assumem um caráter moralizador ao se 
firmar a primazia do trabalho como forma de atender as necessidades das pessoas, e não por meio do 
Estado, das políticas sociais.
O neoliberalismo trata-se, no entanto, de um projeto ideológico, político e econômico idealizado e 
que propõe uma série de orientações que evocam a necessidade de alteração no formato exercido até 
então no que diz respeito à regulação econômica. Todavia seus postulados não ficaram restritos a economistas 
e estadistas, exerceram influência na vida social como um todo e chegaram à sociedade, sobretudo, através 
dos meios de comunicação social. Isso fez com que houvesse, por parte da sociedade uma “satanização do 
Estado”, já que tudo que é público passa a ser compreendido como ruim, como negativo. Já o mercado 
passa a ser santificado. Portanto, temos:
Por um lado, a satanização do Estado: o Estado é tido como o diabo, responsável 
por todas as desgraças e infortúnios que afetam a sociedade capitalista. Por outro 
lado, a exaltação e a santificação do mercado e da iniciativa privada, vista como 
a esfera da eficiência, da probidade e da austeridade, justificando a política das 
privatizações (IAMAMOTO, 2001, p. 35).
Se o Estado não tinha competência para gerir, quem deveria fazê-lo era o mercado.
Os argumentos de Hayek, contrários ao Welfare State, não se esgotam nesses princípios e estavam 
assentados em uma série de outras justificativas, ou seja, não era uma indisposição gratuita. Bem, 
Hayek defendia que a intervenção do Estado resultava em uma diminuição da concorrência que deveria, 
naturalmente, mover o mercado. Para ele, a intervenção também seria responsável por tolher a liberdade 
dos indivíduos, dos cidadãos em geral (ANDERSON, 1995).
Estado este que, ao transgredir o princípio da liberdade individual, teria 
criado condições objetivas de desestimulo aos homens para o trabalho 
produtivo, uma vez que acabavam escolhendo viver sob as benesses do 
aparelho estatal do que trabalhar (COUTO, 2010, p. 69).
Pereira (2008), aliás, nos diz que é estabelecido agora um novo conceito de Estado de Bem-Estar 
Social. Segundo essa compreensão:
1) [...] o Estado Social é despótico porque, além de impedir a economia de 
funcionar, nega aos usuários dos serviços sociais oportunidades de escolhas 
e autonomia de decisão;
2) [...] o Estado Social, comparado ao mercado, é ineficiente e ineficaz na 
administração de recursos;
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3) [...] o Estado Social é paternalista e, por isso, moralmente condenável 
porque incentiva a ociosidade e a dependência, ao mesmo tempo que, com 
a sua carga de regulamentações, desestimula o capitalista de investir;
4) [...] o Estado Social é perdulário porque gasta vultosos recursos para obter 
modestos resultados;
5) [...] que o Estado Social é corrupto (PEREIRA, 2008, p. 37).
Ou seja, o Estado de Bem-Estar Social passa a ser rechaçado pelo argumento neoliberal.
Hayek nos diz ainda que outro erro do Welfare State seria o combate à desigualdade e ao desemprego. 
A desigualdade era compreendida como algo bom, que estimulava o comércio, e o desemprego, tido 
como algo natural, necessário. Seria até positiva a manutenção de um nível estimado de desempregados, 
para constituir assim uma mão de obra para o mercado de trabalho, esta sobrante e naturalmente não 
incorporada que estaria à mercê das necessidades capitalistas.
Desafiando o consenso oficial da época, eles argumentavam que a 
desigualdade era um valor propositivo – na realidade imprescindível em si –, 
pois disso precisavam as sociedades ocidentais. Esta mensagem permaneceu 
na teoria por mais ou menos 20 anos (ANDERSON, 1995, p. 10).
Porém, o nível de desigualdade e de desemprego, para Hayek, não vinha sendo mantido pelo 
Estado de Bem-Estar Social, e, em partes, isso acontecia porque havia grande gasto na área social 
e ainda uma incorporação às requisições dos movimentos de sindicatos. Dessa maneira, como 
seria possível manter a taxa de desemprego? Somente se o sindicato fosse enfraquecido. Behering 
e Boschetti (2010, p. 129) indicam que grande parte dos países que aderiram ao neoliberalismo 
conseguiram colaborar no processo de manutenção da taxa de desemprego, sendo que, na grande 
totalidade deles, o desemprego quase dobrou, exceto no Japão. Os níveis foram mais elevados 
na União Europeia e na OCDE. Cabe destacar aqui que o OCDE faz menção à Organização para 
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, nela, estão incluídos apenas países que possuem 
elevado PIB e também altos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Participam da OCDE os 
países Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, 
Países Baixos, Portugal, Reino Unidos, Suécia, Suíça e Turquia.
O Estado deveria se mostrar forte apenas para inibir o controle dos sindicatos e controlar os gastos 
do recurso que era destinado à área social. Deveria também mostrar-se isento no que diz respeito 
à intervenção na economia, contrapondo-se totalmente ao keynesianismo. Para isso, seria necessária 
uma disciplina extremamente rígida que de fato se mostrasse capaz de reduzir os custos na área social 
e reestabelecer a taxa natural de desemprego. Com isso, ou seja, com a ampliação do desemprego, os 
sindicatos seriam automaticamente desarticulados. Como será possível organização sindical se não há 
trabalhadores? (ANDERSON, 1995).
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Somente se o Estado conseguisse minimizar a intervenção na área social e tornasse possível a 
minimização dos sindicatos, seria possível garantir um padrão de desenvolvimento econômico estável. 
Caso contrário, estaríamos condicionados a vivenciar um processo de profunda crise capitalista. Assim, 
para Hayek, “Esses dois processos destruíram os níveis necessários de lucros de empresas desencadearamprocessos inflacionários que não podiam deixar de terminar numa crise generalizada das economias de 
mercado” (ANDERSON, 1995, p. 11), referindo-se ao gasto na área social e ao poder dos sindicatos.
Hayek ainda defendia que o Estado deveria organizar uma redução dos impostos sobre os rendimentos 
dos mais ricos, ou seja, os que tinham os salários mais elevados iriam pagar menos impostos dos que os 
segmentos mais empobrecidos.
Couto (2010) ainda nos diz que além da desregulamentação das atividades econômicas e sociais 
desenvolvidas por parte do Estado, temos a proposta pela reversão das nacionalizações processadas a 
partir do segundo período pós-guerra e portanto a abertura das economias ao mercado internacional, 
ao capital externo.
Porém, mesmo no caso da influência neoliberal não tivemos no mundo uma experiência única, a 
exemplo do Estado de Bem-Estar Social. Assim, tivemos países em que observamos maior adesão aos 
postulados de Hayek e outros nos quais tivemos um formato não tão incidente, mas, em geral, grande 
parte dos Estados acabaram adequando-se ao receituário neoliberal.
Anderson (1995) indica-nos que um dos primeiros Estados em que tivemos a adesão ao neoliberalismo 
teria sido o governo de Margaret Thatcher, na Inglaterra, no ano de 1979. Thatcher, no entanto, não foi 
a única no momento tendo sido seguida por outros estadistas como Reagan nos Estados Unidos em 
1980, Khol na Alemanha em 1982 e Schlüter na Alemanha em 1983. Nesse período, apenas a Suécia e 
a Áustria mantiveram o padrão de Estado de Bem-Estar Social.
O governo de Thatcher, no entanto, foi pioneiro e nos termos de Anderson (1995), teria sido um dos 
que mais conseguiu oferecer concreticidade aos princípios neoliberais. Assim sendo: 
Os governos Thatcher contraíram a emissão monetária, elevaram as taxas 
de juros, baixaram drasticamente os impostos sobre os rendimentos altos, 
aboliram controles sobre os fluxos financeiros, criaram níveis de desemprego 
massivos, aplastaram greves, impuseram uma nova legislação anti-sindical e 
cortaram gastos sociais (ANDERSON, 1995, p. 12).
Além disso, Thatcher promoveu um amplo programa de privatização das empresas públicas 
rentáveis, tais como a habitação, que antes era predominantemente pública, das indústrias de aço, da 
eletricidade, do petróleo e ainda do sistema de água e o gás.
Outro Estado importante no sentido de adesão aos princípios neoliberais foi o governo dos Estados 
Unidos, com Reagan. Reagan reduziu os impostos para os mais ricos, elevou os juros e eliminou a greve, 
aliás, conseguiu desarticular um único movimento grevista que se mostrava forte durante seu período 
de presidência.
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Apesar disso, nos Estados Unidos, o poder público não conseguiu gastar menos do que se 
esperava, já que Reagan investiu recursos públicos vultosos para custear um sistema militar, 
resultando assim em um enorme déficit público. Lembre-se de que nesse momento o mundo assistia 
à segunda fase da Guerra Fria e havia uma verdadeira corrida armamentista entre os Estados Unidos e a 
União Soviética. Como a União Soviética mantinha sua imagem ainda associada ao comunismo e como 
para o ideal neoliberal, o comunismo era algo a ser combatido, mesmo a dívida pública dos Estados 
Unidos foi aceita. Acreditava-se que a corrida armamentista poderia comprometer de forma negativa a 
economia russa. Dentre os gastos que consumiram os recursos do Estado, temos, por exemplo, o custeio 
de uma nova geração de foguetes (ANDERSON, 1995), inaugurando então a chamada Guerra Fria.
 Saiba mais
Para complementar as informações sobre o período e a Guerra Fria, 
recomendamos os filmes:
ADEUS Lênin. Dir. Wolfgang Becker, 2002. 118 minutos.
BOA Noite, Boa Sorte. Dir. George Clooney, 2005. 93 minutos.
DR. FANTÁSTICO. Dir. Stanley Kubrick, 1964. 93 minutos.
JOGOS DE poder. Dir. Mike Nichols, 2007. 97 minutos.
PLATOON. Dir. Oliver Stone, 1987. 120 minutos.
TREZE dias que abalaram o mundo. Dir. Roger Donaldson, 2000. 145 minutos.
Porém, e na Europa, que fora considerada o berço do Welfare State, também tivemos a adesão ao 
neoliberalismo? Anderson (1995) nos diz que sim, apesar de observamos que nos países europeus tivemos 
um neoliberalismo um pouco mais “cauteloso”. Portanto, em que pese as diferenciações observadas 
na Europa, a partir da adesão ao neoliberalismo, temos a ênfase na necessidade de uma disciplina 
orçamentária por parte do Estado, além de cortes não tão brutais nos gastos sociais e com pouco 
enfretamento em relação aos sindicatos.
Todavia, mesmo os governos de esquerda, que se diziam mais defensores do Welfare State, ainda que 
de forma tímida, aderiram à doutrina neoliberal. É o caso dos seguintes: Mitterrand na França; González 
na Espanha; Soares em Portugal; Craxi na Itália e Papandreou na Grécia.
Anderson (1995, p. 13) nos indica que Grécia e França mantiveram “[...] uma política de deflação, de 
pleno emprego e de proteção social”. Na França, essa forma de organização teria durado até meados 
de 1982, quando não mais se sustentou. No final dos anos 1980, observamos a ampliação em escala 
massiva do desemprego que atingiu níveis extremamente alarmantes.
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A Espanha, de acordo com Anderson (1995), teria adotado uma política um pouco diferenciada 
em relação à Grécia e à França e, nesse país, tivemos o favorecimento do capital financeiro, a 
privatização de empresas públicas que pudessem oferecer lucro ao capital, resultando na ampliação 
significativa dos níveis de desemprego. Consta que, no final da década de 1980, o desemprego atingia 
uma média de 20 % da população espanhola. E, comenta-se, também, que esse desemprego não 
demonstrava ser algo que preocupasse o governo espanhol, ou seja, uma expressão mais que 
definidora da adesão ao neoliberalismo.
Além desses governos, na Áustria e na Nova Zelândia, observamos o desmonte do sistema de 
seguridade social antes constituído, colaborando com a adesão do Estado ao receituário neoliberal. 
Apesar disso, a Áustria não promoveu um desmonte completo e acabou figurando com a Suécia como um 
dos poucos países europeus que não processou o desmonte completo do Welfare State. No continente 
asiático, por outro lado, apenas o Japão resistiu à sedução neoliberal.
Contudo, passados alguns anos do grande desenvolvimento da ideologia neoliberal, considerando o 
período do final da década de 1980, em que grande parte dos países já tinha aderido ao neoliberalismo, 
podemos nos perguntar se o receituário neoliberal conseguiu atender aos objetivos a que se propôs. 
Respondendo a esse quesito, Anderson (1995) diz que foi possível constatar a queda da taxa de inflação 
de 8,8 % para 5,2 % e o aumento da taxa de lucro de 4,2 %. Também se verificou que houve uma derrota 
do movimento sindical na Europa e uma ampliação do desemprego. Segundo informa-nos o autor, 
no final dos anos de 1980, tivemos uma ampliação de 8 % do desemprego e uma queda de 20 % dos 
salários, inclusive dos mais altos.
Consequentemente, olhando sobre os aspectos supracitados, podemos dizer que o neoliberalismo 
até conseguiu alcançar os objetivos a que se propôs. No entanto, no que diz respeito ao crescimento, 
ao desenvolvimento ou, mais propriamente, no que concerne à ampliação da taxa de crescimento e à 
extração da mais-valia, Anderson (1995) nos informa que os objetivos propostos pelo ideal neoliberal não 
foram alcançados. Mesmo com todos os esforços, com a retração estatal, infelizmente, não observamos 
que o capitalismo vivenciou um novo crescimento.
O autor ainda nos diz que, se por um lado, houve redução dos gastos com política social,por 
outro, os Estados precisaram aumentar os recursos para auxiliar o grande número de desempregados 
que foram sendo gerados e ainda para custear a pensão para idosos que, via de regra, não podiam 
trabalhar, mas também não podiam permanecer abandonados à própria sorte, demandando, assim, a 
intervenção estatal.
Um novo fenômeno aconteceu na década de 1990, mais especificamente, no ano de 1991. Trata-se 
de outra crise capitalista que se espalhou pelo mundo. Só na Europa, em decorrência da crise, tivemos a 
ampliação do desemprego que chegou a atingir uma média de 38 milhões de desempregados. Partindo 
dessa realidade, Anderson (1995) nos diz que o imaginado é que fosse processada uma reação ao 
neoliberalismo, no sentido de contrapor-se a essa ideologia. No entanto, o autor nos diz que aconteceu 
verdadeiramente o inverso, ou seja, o neoliberalismo se vestiu de uma nova roupagem e ganhou um 
novo alento, uma nova vitalidade e força.
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No que diz respeito ao posicionamento dos Estados, observamos que na Inglaterra tivemos a 
eleição de Major, que apenas sucedeu Thatcher, sendo que essa sucessão referiu-se também a herdar e 
desenvolver práticas semelhantes às do governo antecessor. A Itália, então governada por Berlusconi, 
aderiu aos princípios neoliberais e processou um intenso esforço para potencializar as privatizações de 
empresas públicas, prática comum na Áustria e na Alemanha durante esse período. A grande perda, no 
entanto, foi a Suécia, que também passou a adotar os princípios do neoliberalismo com maior veracidade, 
resultando assim na derrocada de um dos sistemas de proteção social mais significativos de que se tem 
notícia e que fora durante muito tempo símbolo do Welfare State.
Além desses Estados, de acordo com Anderson (1995), tivemos a manutenção da adesão ao liberalismo 
nos Estados Unidos, com Clinton; na Polônia, com Balcerowicz; na Rússia, com Gaidar; na República 
Tcheca, com Klaus.
Nos Estados Unidos, durante o governo de Clinton, houve uma busca pela redução do déficit 
orçamentário e uma ação contrária à delinquência, compreendida com um mal a ser combatido e como 
uma prática carregada de valores preconceituosos e de práticas coercitivas.
Porém é de Klaus, da República Tcheca, que temos outro exemplo significativo de adesão aos princípios 
neoliberais. Klaus demonstrava grande aceitação aos postulados de Hayek e Friedman, esse estadista 
fez todos os esforços para consolidar um estado neoliberal de fato. A frase de Klaus é extremamente 
representativa de suas intenções. Vejamos:
O sistema social da Europa ocidental está demasiadamente amarrado por 
regras e pelo controle excessivo. O Estado de bem-estar, com todas as 
suas transferências de pagamentos generosos desligados de critérios, de 
esforços ou de méritos, destrói a moralidade básica do trabalho e o sentido 
de responsabilidade individual. Há excessiva proteção e burocracia. 
Deve-se dizer que a revolução thatcheriana, ou seja, anti-keynesiana ou 
liberal, parou – numa avaliação positiva – no meio do caminho na Europa 
ocidental e é preciso completá-la (ANDERSON, 1995, p. 18).
Uma posição descrita por Anderson como “extremista” (1995, p. 18), mas comum no período que 
estamos estudando.
O autor nos diz ainda que tivemos a adesão ao neoliberalismo na América Latina, sendo as experiências 
mais expressivas a do Chile, da Bolívia e aquela desenvolvida no México, na Argentina e no Peru.
A experiência do Chile é provavelmente a mais emblemática. Ela teria acontecido em meados 
de 1970 durante o governo de Pinochet e se deu antes da experiência da Inglaterra. Na experiência 
chilena, temos presente a influência de Friedman por meio da redução dos gastos na área social, além 
de estimular a manutenção do chamado nível de desemprego. O governo chileno ainda conseguiu 
desarticular o movimento dos sindicatos e organizou um sistema político sustentado pela ditadura e 
pela repressão excessiva, ou conforme nos diz Anderson (1995, p. 19):
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O Chile de Pinochet começou seus programas de maneira dura: desregulação, 
desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição de renda em favor 
dos ricos, privatização de bens públicos [...] O neoliberalismo chileno, bem 
entendido, pressupunha a abolição da democracia e a instalação de uma das 
mais cruéis ditaduras militares do pós-guerra.
Adequando-se perfeitamente ao receituário neoliberal que também se contrapunha às formas de 
participação popular.
Em que pese todas as considerações ao regime chileno, Anderson (1995) nos diz que a economia 
chilena cresceu consideravelmente, sendo que chegou a ser tida como exemplo do governo a ser 
seguido, sobretudo pelo governo inglês. “[...] a economia chilena cresceu a um ritmo bastante rápido 
sob o regime de Pinochet, como segue fazendo com a continuidade da política econômica dos governos 
pós-Pinochet dos últimos anos” (ANDERSON, 1995, p. 20), sendo que esse padrão de governo seria 
seguido ainda nos dias atuais.
 Saiba mais
Um texto jornalístico, muito interessante, que evoca as várias expressões 
do neoliberalismo pode ser lido para uma análise crítica do caso chinelo. 
Veja o modelo a seguir:
MATHEUS. A ditadura de Pinochet não fez do Chile um “Paraíso 
Neoliberal”. Voyager, 2016. Disponível em: <https://voyager1.net/politica/
falso-paraiso-neoliberal/>. Acesso em: 11 mar. 2019.
Observe, nesse texto, todos os efeitos da adesão à agenda neoliberal 
para o Chile.
Além da experiência chilena, temos a Bolívia, no ano de 1985, com a consolidação do regime neoliberal 
por Jeffrey Sachs. Sachs preparou as bases para o governo do general Banzer, algo também aplicado por 
seu sucessor Victor Paz Estenssoro. Na Bolívia, no entanto, a intervenção não esteve voltada a combater 
o movimento sindical e trabalhista, mas sim a conter os níveis elevadíssimos de inflação. Outrossim, não 
tivemos a consolidação de um regime ditatorial como no Chile.
Esses regimes, até a década de 1980, foram hegemônicos na América Latina, ou seja, apenas Chile e 
Bolívia possuíam Estados já adequados aos princípios neoliberais. A partir da década de 1990, tivemos a 
adesão de outros Estados, citados anteriormente sendo esses: 
[...] a presidência de Salinas, no México, em 88, seguida da chegada ao poder 
de Menem, na Argentina, em 89, da segunda presidência de Carlos Andrés 
Perez, no mesmo ano, na Venezuela, e da eleição de Fujimore, no Peru, em 90. 
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Nenhum desses governantes confessou ao povo, antes de ser eleito, o que 
efetivamente fez depois de eleito. Menem, Carlos Andrés e Fujimore, aliás, 
prometeram exatamente o oposto das políticas radicalmente antipopulistas 
que implementaram nos anos 90 (ANDERSON, 1995, p. 20-21).
Consequentemente, os valores neoliberais também se mostraram influentes nos estados 
latino-americanos.
Porém, falar de neoliberalismo demanda essencialmente discutir o documento que se convencionou 
denominar por Consenso de Washington. O Consenso de Washington foi um documento elaborado em 
Washington, nos Estados Unidos, no ano de 1989. Foi feito a partir de uma reunião em que os representantes 
dos países mais ricos do mundo e ainda responsáveis por organismos financeiros internacionais, como 
o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) buscaram 
encontrar alternativas para superar o subdesenvolvimento observado em alguns países. Assim, os 
representantes envolvidos no Consenso de Washingtonbuscavam encontrar uma solução para o 
subdesenvolvimento (COUTO, 2010).
Como “conclusão” dessa reunião, identificou-se que o subdesenvolvimento, que afetava grande parte 
dos países, devia-se ao excesso de gastos destes na área social. No caso, para que o subdesenvolvimento 
pudesse ser superado, era necessário que houvesse uma redução dos gastos nessa área. Para condicionar 
os países à adesão do que era posto pelo Consenso de Washington, a concessão de empréstimos ficou 
condicionada à aceitação de tais princípios. Assim, se um país desejasse receber recursos na modalidade 
de empréstimo, por exemplo, do FMI ou do BID, seria necessário reduzir os gastos na área social.
Couto (2010) nos diz que em decorrência disso, os serviços sociais foram sendo desmantelados em 
todo o mundo. As políticas sociais passam a ser novamente residuais, pontuais. Evoca-se, a partir de 
então, a ação da caridade em relação às expressões da pobreza, e o Estado vai, aos poucos, minimizando 
suas intervenções na área social.
A política social passa a ser destinada apenas a atender os mais empobrecidos e, dentre estes, os 
mais vulnerabilizados, pondo fim, assim, ao caráter universal que antes perpassava as ações em política 
social. “Retorna-se a política da meritocracia, onde ser pobre é atributo de acesso a programas sociais, 
que devem ser estruturados na lógica da concessão e da dádiva, contrapondo-se ao direito” (COUTO, 
2010, p. 71). Há, assim, uma mutação na qual os poderes universais de proteção social são substituídos 
pela particularização dos benefícios sociais.
Apesar de aceito por grande a totalidade dos Estados, sobretudo a partir da década de 1990, teóricos 
e filósofos vinculados à corrente marxista têm se contraposto a essa forma de compreensão sobre o 
papel do Estado.
Na sequência, veremos como esses formatos de Estado foram constituídos na realidade brasileira, 
partindo de colocações que nos deixam conhecer a consolidação do Sistema de Seguridade Social, bem 
como bem como as propostas para o desmonte desse sistema.
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5.1 Os anos 1980 e o Sistema de Seguridade Social no Brasil
A década de 1980 foi a que evidenciou os processos de democratização de nosso país. A grande 
expressão desse processo de abertura democrática foi a eleição presidencial de Tancredo Neves e José 
Sarney, no ano de 1985. Essa foi a primeira eleição direta que tivemos em nosso país, a eleição desses 
presidentes deu-se devido à popularidade de Tancredo Neves (COUTO, 2010).
No entanto, Tancredo Neves veio a falecer e, como sabemos, quem governou o país fora o 
vice-presidente, José Sarney. Esse presidente, por sua vez, buscou reorganizar o processo econômico 
por meio de planos de regulação econômica, mas também buscou alcançar a hegemonia popular, já 
que era latente sua impopularidade frente o povo brasileiro.
No âmbito do plano econômico, destaca-se o Plano Cruzado, que consistiu em uma série de medidas 
para recuperar o crescimento econômico do país.
No que se referem ao Plano Cruzado, as medidas de congelamento dos preços, 
dos salários e do câmbio geraram um clima favorável junto à população, 
especialmente a assalariada, que respondeu aos apelos do próprio governo 
para ser fiscalizadora dos abusos dos preços (COUTO, 2010, p. 144).
No caso, os preços deveriam ser fiscalizados por todos os brasileiros e, aliás, havia uma cartilha com 
sugestão de preços para uma série de mercadorias. Os salários, porém, permaneceram congelados, ou 
seja, eles não podiam ser elevados.
No âmbito do processo de democratização, no governo Sarney, que são oferecidas as bases para o 
movimento constituinte. Esse movimento impulsionou a democratização e resultou na elaboração da 
Constituição de 1988. Essa Constituição foi marcada por profundas mudanças, mas o que indicaremos 
é a mudança em relação à política social.
O governo Sarney, no que diz respeito à política social, desenvolveu raríssimas intervenções. No caso, 
a que se tornou mais popular e marca desse governo foi o chamado Programa do Leite. Segundo Behring 
e Boschetti (2010), essas intervenções eram desenvolvidas concedendo-se leite para as populações 
empobrecidas, mas essa era uma intervenção de caráter focalista, assistencialista e compensatória 
frente às desigualdades sociais cada vez mais latentes em nosso país.
No âmbito das condições de vida da população, Couto (2010) chama a nossa atenção para os níveis 
cada vez mais elevados de pobreza e que atingia grande parcela da população brasileira, apesar de várias 
intervenções do Estado para recuperar a economia brasileira.
Expandiu-se o estoque de pobreza, resultante dos períodos anteriores, mas 
especialmente dos governos militares, que, com suas orientações econômicas 
de desenvolvimento, produziram um país com uma péssima distribuição de 
renda e aumentaram a parcela da população demandatária das políticas 
sociais (COUTO, 2010, p. 141).
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Esse empobrecimento motivou a organização das políticas sociais, mas também veio balizada 
pela pressão popular, que exigia condições melhores de vida para a população, sobretudo por meio 
de políticas sociais. Temos como representativa desse período uma gama de movimentos sociais e de 
pressões populares, dentre os quais, destacamos o Movimento de Reforma Sanitária, que reivindicou, 
como sabemos, saúde pública, de direito de todos os cidadãos, independentemente de contribuição.
 Observação
A seguridade social brasileira incorpora intervenções na área da 
assistência social, da saúde e da previdência social.
No que concerne à política social, é a partir da Constituição de 1988 que foi firmado o que se 
convencionou chamar por seguridade social. A seguridade social passa, a partir de então, a ser composta 
de políticas de saúde, previdência social e saúde.
Vejamos o artigo 194 da Constituição Federal, em que é feita menção à composição do Sistema de 
Seguridade Social brasileiro. “Art. 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988).
As ações do sistema em questão passaram a abrir a possibilidade de serem partilhadas pelo Estado 
com a sociedade civil, porém a primazia de responsabilidade é do poder público, quer seja no âmbito do 
Governo Federal, do Estado ou do município.
Os recursos para o financiamento, porém, devem advir de diversas fontes, dentre as quais, conforme 
posto no artigo 195 da referida Constituição: 
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da 
lei, incidentes sobre: (Alterado pela EC-000.020-1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, 
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo 
empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não 
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo 
regime geral de previdência social de que trata o Art. 201;
III – sobre a receita de concursos de prognósticos;
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IV – do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele 
equiparar (BRASIL, 1998).
Portanto, por diversas fontes de recursos, dentro das especificidades de cada intervenção, deve-se 
ter como norte os seguintes objetivos, conforme preconiza o parágrafo único do artigo 194:
I – universalidadeda cobertura e do atendimento;
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais;
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
V – equidade na forma de participação no custeio;
VI – diversidade da base de financiamento;
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, 
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
Assim, essas foram as bases iniciais para a organização do Sistema de Seguridade Social. Na sequência, 
discorreremos sobre as políticas que integram esse sistema, começando pela política de saúde.
No entanto, é fundamental que se considere que aqui oferecemos informações sobre a legislação 
fundamental que orienta essas intervenções. Porém, dada a amplitude das intervenções relacionadas a 
essas políticas, é importante atentar-se para o fato de que não esgotaremos todas as informações sobre 
as intervenções nas áreas da saúde, assistência e previdência social. Começamos, assim, a apresentar as 
indicações com relação à área da saúde. Importante frisar que o presente material foi elaborado com 
base na legislação vigente durante o ano de 2018. Com a mudança presidencial, pode haver alterações 
na disposição das políticas sociais em questão.
5.2 A política social de saúde
É importante destacar que até então apenas os segmentos que contribuíam com um regime de 
previdência privada é que tinham o atendimento de saúde. Grande parcela da população permanecia 
dependendo da caridade ou da filantropia prestada, sobretudo por meio de Santas Casas. Porém, com a 
Constituição Federal isso mudou substancialmente.
Logo, a política de saúde passa a ser tida como direito de cidadão e dever do Estado. A partir de então, 
a saúde deixa de ser uma política contributiva e passa a ser extensiva a toda a população. A saúde só 
foi regulamentada, no entanto, pela Lei Orgânica da Saúde, publicada em 1990, ou LOS, conforme ficou 
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popularmente conhecida. A LOS foi organizada para que fosse possível regulamentar o direito à saúde 
posto na Constituição. No entanto, a política de saúde teve um rol de legislações normativas para que 
fosse regulamentada e não será possível aqui detalharmos todos esses documentos. Cabe, entretanto, 
destacar que foi um marco o fato de que, a partir de então, a saúde não precisava mais ser contributiva, 
e sim direito de todos os cidadãos. Todavia, para compreendermos melhor essas intervenções, faremos 
aqui menção apenas à LOS, da qual teremos informações básicas sobre a política social de saúde.
Segundo o disposto da Lei nº 8.080 (BRASIL, 1990), no artigo 2º, a política de saúde passa a ser “[...] um 
direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno 
exercício”, ou seja, não mais algo alcançado apenas para quem contribuísse, e mais, de responsabilidade 
do Estado. Reza a lei que o Estado pode contar com a sociedade civil, inclusive podendo contratar 
serviços vinculados à iniciativa privada, porém o poder público passa a ser o grande responsável por 
executar e organizar as ações no âmbito da saúde pública.
Para a referida normativa, o Estado deverá ainda formular intervenções não só na área da saúde, 
mas em outras, como, por exemplo, nas políticas sociais e econômicas, tendo em vista o bem-estar da 
população. Diante disso, é possível observar que a compreensão do que influencia na manutenção dos 
estados saúde-doença muda, ou seja, considera-se que a ocorrência de determinadas patologias está 
também relacionada às condições sociais e econômicas vivenciadas pela população. 
Diante de tais colocações, a LOS possui como objetivos, conforme o artigo 5º:
I – a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes 
da saúde;
II – a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos 
econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
III – a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção 
e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais 
e das atividades preventivas (BRASIL, 1990).
Portanto, a saúde passa a ser desenvolvida por meio de ações preventivas, tais como a identificação 
e divulgação de fatores que condicionam ou determinam o estado de saúde. A dimensão curativa 
prevalece, dada a necessidade dela, mas a partir da LOS, a concepção de saúde vai além da simples 
dimensão cura e tratamento.
O texto da LOS ainda disciplina que devem ser empreendidas ações de vigilância sanitária e 
epidemiológica, de saúde do trabalhador e de assistência terapêutica integral, o que, por sua vez, 
mostra-se também inovador, visto que os aspectos psicológicos são destacados como merecedores de 
atenção pela política social de saúde.
A LOS ainda indica os princípios que devem nortear as ações em saúde, quer seja na esfera pública, 
quer seja na esfera privada, tal como elencado no artigo 7º. Vejamos quais são esses princípios:
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I – universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis 
de assistência;
II – integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e 
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, 
exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
III – preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade 
física e moral;
IV – igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de 
qualquer espécie;
V – direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI – divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e 
a sua utilização pelo usuário;
VII – utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a 
alocação de recursos e a orientação programática;
VIII – participação da comunidade;
IX – descentralização político-administrativa, com direção única em cada 
esfera de governo [...]
X – integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico;
XI – conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de 
serviços de assistência à saúde da população;
XII – capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
XIII – organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de 
meios para fins idênticos
Logo, como podemos observar, a saúde deve ser prestada por meio de uma série de atividades 
organizadas com base nos princípios informados. Assim, segundo esse modelo de saúde, não basta 
“apenas” o tratamento de doenças, mas torna-se importante a participação dos usuários, a informação 
sobre os serviços, dentre outros aspectos afins.
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A referida legislação ainda segue fazendo orientações sobre a saúde da população indígena, o 
atendimento domiciliar, a assistência terapêutica e, ainda, tece uma série de considerações sobre a 
prestação de serviços de saúde por empresas privadas. Também é proferida uma série de orientações 
sobre a questão do financiamento das ações na área da saúde.
Todavia, o que podemos concluir é que essa legislação representa uma tentativa de constituir no país 
uma política social de saúde, tal como posto na Constituição de 1988. Apesar disso, temos que avançar 
naárea, tendo em vista que as ações empreendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem sempre são 
colocadas em prática tal como idealizadas em lei. Muitas vezes, cabe a nós, assistentes sociais, lutar para 
que o que está posto na lei seja de fato efetivado na prática.
A seguir, observe a notícia reproduzida.
Carência de recursos do SUS é o grande desafio do novo governo
Escassez de recursos do SUS se agrava pelo aumento da demanda com a impossibilidade 
de a população pagar planos de assistência
A carência que abate o Sistema Único de Saúde (SUS) é o principal desafio para os 
próximos anos. A lenta recuperação econômica que mantém um contingente de milhões 
de desempregados afastou a população dos planos de saúde e, consequentemente, 
aumentou o volume de atendimentos públicos, que conta com recursos escassos. Para 
minimizar o problema, um dos caminhos apontados por observadores do setor é o 
investimento em atenção básica. Segundo eles, dessa forma, a longo prazo, o custo em 
medicina especializada cairá.
Internacionalmente reconhecido como um dos principais programas de saúde pública 
do mundo, o SUS completou três décadas exigindo uma reinvenção de sua estrutura. A 
Organização Pan-americana da Saúde (Opas) está preocupada com o que ocorrerá com a 
população devido ao subfinanciamento da saúde pública. A entidade teme que avanços, 
como vacinação, combate à mortalidade infantil, redução de doenças — como a Aids —, e a 
distribuição de medicamentos fiquem severamente comprometidos.
Alcides Miranda, presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, classifica como 
“crônico” o subfinanciamento do SUS. “Esse é um problema que acompanha o programa 
desde o início. O sistema sempre operou com menos dinheiro do que necessita. É matemática, 
não tem como ampliar atendimento sem investimento”, explica.
Ele aponta dois pontos para tentar diminuir o déficit. O primeiro é o investimento em 
atenção primária, que são serviços básicos, como consultas e tratamentos menos invasivos. 
“Quando se diagnostica uma doença em sua fase inicial, o tratamento é menos penoso ao 
paciente e mais barato aos cofres públicos. Para cada dólar investido na prevenção, US$ 4 
seriam economizados em serviços de saúde”, acrescenta.
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O especialista diz que esse ciclo reduziria gastos com atenção especializada, como 
grandes cirurgias e internações longas. “Não é o tempo de um mandato, mas sim uma 
política de estado que poria fim nisso”, conclui. Além disso, é preciso, segundo Alcides, 
a regionalização de saúde. “Nenhum município com mais de 10 mil habitantes consegue 
disponibilizar todos os serviços de saúde. A ideia de atenção integral só é viável no conceito 
de região”, avalia.
Ele dá dicas do que poderia reforçar o caixa da saúde. “Não temos uma política tributária 
com relação de produtos nocivos à saúde. Esses erros persistem e precisam ser corrigidos. 
Uma política pública só se legitima quando tem valor de uso. O SUS tem mais que isso, ele 
prioriza os mais pobres, os mais vulneráveis. Precisamos ajustá-lo à sua realidade”, adverte.
Dificuldades
A demora no atendimento dos hospitais públicos já virou marca registrada para quem só 
tem a rede pública como alternativa. O aposentado Aurino Braz, 78 anos, conta que priorizar 
a saúde se tornou uma via de mão única, já que o estado não propicia atendimento adequado 
à população. “É muito demorado. Sempre tive que esperar anos para fazer qualquer tipo de 
procedimento”, reclama o morador do Sol Nascente, área carente de Ceilândia.
Ele conta que passou mais de quatro anos esperando uma cirurgia para a revascularização 
do miocárdio (ponte de safena) e só foi atendido quando infartou. “Eu sabia que demoraria, 
porque a fila de cirurgia sempre é grande. Mas não esperava que eu tivesse que chegar 
a esse ponto para ser atendido. Me senti jogado, como se não tivesse importância para 
o meu estado. Só prestamos quando estamos trabalhando e produzindo. Depois que nos 
aposentamos, não representamos mais nada para o país”, lamenta.
Apesar de ter feito a cirurgia, ele ainda espera atendimento e, desta vez, para um 
procedimento mais simples: um exame de rotina. “Já tem três anos e, sinceramente, eu não 
estou positivo quanto ao atendimento. Sei que vai demorar bastante”, disse. Para ele, que 
vive com R$ 1.032 da aposentadoria e sustenta a casa com a filha desempregada e a neta, 
ainda criança, a regra é esperar. “O que eu recebo como aposentado não dá para pagar nem 
os meus remédios controlados. Não posso me dar ao luxo de fazer exame particular quando 
tenho que colocar comida na mesa”, acrescenta.
Palavra de especialista
Falta de qualidade
“Grande parte das mazelas do Sistema Único de Saúde se dão nos níveis secundários 
e terciários de atenção. Houve um investimento expressivo na atenção primária de saúde, 
que é a parte responsável pela saúde básica e o projeto saúde da família. No entanto, em 
relação aos cuidados intermediários e especializados, como serviços ambulatoriais e clínicas 
especializadas, não houve o mesmo investimento. Há um déficit grande em relação ao 
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contingente de servidores, materiais e infraestrutura oferecidos na saúde pública. Nós temos 
grandes vazios assistenciais. O próximo governo terá que se debruçar em resolver questões, 
principalmente de funcionários, já que, com a saída dos médicos cubanos, algumas regiões 
ficaram com equipes incompletas.
O problema da saúde brasileira não se limita apenas ao acesso público do serviço. Há, 
sim, uma falta de qualidade na rede particular de saúde. Os consumidores pagam caro 
por um atendimento que não é de qualidade. E tudo por conta da falta de competição. Se 
a gente tivesse um acesso mais diversificado, nós teríamos um melhor desempenho por 
parte da rede privada. O serviço público também corrobora para a falta de atendimento de 
qualidade no setor privado. Se o Sistema Único de Saúde fosse eficiente e oferecesse todos 
os serviços da forma adequada, a rede privada teria que se empenhar muito mais para atrair 
a população para os famosos planos de saúde.”
Helena Eri Shimizu, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de 
Brasília (UnB).
Fonte: Correio Braziliense (2018).
A precariedade dos serviços de saúde, conforme preconizado no texto prévio, contrapõem-se ao 
dispositivo constitucional e às leis correlatas e que primam pela qualidade da política social de saúde 
no Brasil. O texto indica que a carência de recursos seria um dos principais problemas para garantir um 
SUS de qualidade. Está de acordo com essa colocação? O que poderia ser feito para melhorar a saúde 
pública no Brasil?
As informações elencadas apenas nos auxiliam em uma compreensão sobre a política social de 
saúde, mas não esgotam todos os dados sobre essa intervenção. Tendo tais colocações arroladas, 
passaremos a discorrer sobre a política de assistência social. Deixamos antes uma reflexão: a saúde posta 
nos dispositivos legais tem sido efetivada na prática?
Passaremos agora ao estudo da política de assistência social.
 Saiba mais
Indicamos as referências teóricas a seguir para uma melhor compreensão 
da política social de saúde.
COSTA, M. D. H. da. O trabalho nos serviços de saúde e a Inserção dos(as) 
Assistentes Sociais. Serviço Social e Saúde, FNEPAS, 2006. Disponível em: 
<http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto2-7.pdf> Acesso 
em: 11 mar. 2019.
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NOGUEIRA, V. M. R.; MIOTO, R. S. T. Desafiosatuais no Sistema Único 
de Saúde – SUS e as Exigências para os Assistentes Sociais. Serviço Social 
e Saúde, FNEPAS, 2006. Disponível em: <http://www.fnepas.org.br/pdf/
servico_social_saude/texto2-4.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2019.
Neles vemos uma série de reflexões sobre a atuação do assistente social 
na política de saúde. Vale a pena a leitura e a reflexão do que os autores 
destacam nesses artigos.
5.3 A política social de assistência social
A assistência social é uma política social que integra o tripé da seguridade social, porém, com uma 
esfera de atuação totalmente distinta da saúde e da previdência social. Conhecê-la é condição para que 
se possa compreender, de maneira plena, acerca da seguridade social brasileira.
 Saiba mais
Indicamos o material a seguir como apoio para compreensão da Política 
Nacional de Assistência Social (PNAS). 
TEIXEIRA, S. M. Trabalho Interdisciplinar no CRAS: um novo enfoque e 
trato a pobreza. Textos e Contextos, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 286-297, ago./
dez. 2010. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/
fass/article/viewFile/7032/5781>. Acesso em: 11 mar. 2019.
Nele vemos uma clara menção à PNAS, além de destacar a relevância da 
ação interdisciplinar no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), 
equipamento essencial à assistência social.
A assistência social por sua vez adquiriu o status de política social, passando a ser 
responsabilidade do Estado e não mais uma intervenção pontual e que contava apenas com a 
sociedade civil. A assistência social, porém, só foi regulamentada a partir da Lei Orgânica da 
Assistência Social, ou Loas, promulgada em 1993. No âmbito da regulamentação, a assistência 
social demorou um pouco mais em relação à política de saúde, visto que ela só passou a ter uma 
regulamentação específica a partir de 2004, quando foi publicada a PNAS. Porém, essa não foi 
a única normativa da política de assistência social, sendo que foram organizadas uma série de 
normativas, resoluções, decretos para regulamentar as intervenções assistenciais.
A assistência social passa também a ser organizada sob a perspectiva da prioridade da responsabilidade 
do Estado. Sendo agora regulamentada com uma política que provê mínimos sociais para todos os 
segmentos que dela necessitarem, independentemente de haver contribuição prévia. E, para isso, é 
constituída uma série de intervenções, benefícios e serviços para que a política de assistência social seja 
operacionalizada na prática.
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Tomando como referência a Loas, observamos que a assistência social passa a ser compreendida como
[...] direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social 
não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um 
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para 
garantir o atendimento às necessidades básicas (BRASIL, 1993).
A partir dessa definição, é possível incorrer que as ações na área da assistência social precisam ser 
compreendidas como direito e não benesse, e, mais, que são de primazia de responsabilidade do Estado.
Além disso, decorrendo da definição anterior, podemos inferir que se trata de política social não 
contributiva e destinada à provisão de mínimos, ou seja, a garantia de atendimento das necessidades 
básicas. Contudo, aproximando-nos das Loas, poderemos também compreender outras informações 
sobre essa intervenção, dentre as quais os objetivos, as diretrizes e princípios, além de destacar as 
modalidades de proteção organizadas.
Já com relação aos objetivos postos no artigo 2º, a Loas (BRASIL, 1993) destaca os seguintes:
I – a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e 
à prevenção da incidência de riscos, especialmente: (Redação dada pela 
Lei nº 12.435, de 2011)
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído pela Lei nº 12.435, 
de 2011)
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.435, 
de 2011)
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de 
sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência 
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou 
de tê-la provida por sua família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II – a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a 
capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de 
ameaças, de vitimizações e danos; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
III – a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no 
conjunto das provisões socioassistenciais (BRASIL, 1993).
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É objetivo dessa política realizar a proteção social, tendo em vista a proteção à vida, a redução de 
danos e prevenção de riscos. O foco de tais ações deve ser orientado a família, maternidade, crianças 
e adolescentes e idosos. A legislação ainda destaca que se faz necessária uma intervenção das pessoas 
com deficiência.
Sobre a proteção social, a Loas ainda destaca que há programas de proteção social básica e de 
proteção social especial.
No que diz respeito à proteção social básica, ela é compreendida segundo o artigo 6º, como sendo: 
[...] conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência 
social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio 
do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de 
vínculos familiares e comunitários (BRASIL, 1993).
São intervenções preventivas e destinadas a resolver situações em que as pessoas atendidas ainda 
não tiveram o vínculo familiar rompido. A proteção social básica deverá ser desenvolvida no Cras ou em 
equipamentos conveniados com tal finalidade. O Cras torna-se a grande representação de intervenção 
da assistência social no Brasil, porém, não é o único. Por exemplo, no texto indicado anteriormente, 
temos um interessante relato sobre a prática desenvolvida no Cras. Se ainda não o leu, recomendamos 
que o faça substancialmente, para que entenda ainda mais a respeito do tema.
Já a proteção social especial é descrita, no mesmo artigo, parágrafo único, como sendo um: 
[...] conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo 
contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a 
defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e 
a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações 
de violação de direitos (BRASIL, 1993).
São situações e pessoas que, além da vulnerabilidade social, vivenciaram a fragilização dos vínculos 
familiares. Já os serviços de proteção social especial deverão ser executados no âmbito do Centro de 
Referência Especializado da Assistência Social ou Creas, e também em equipamentos conveniados. A 
seguir, observe a descrição, em uma notícia, de uma intervenção desenvolvida pelo Creas de Manhuaçu, 
em Minas Gerais.
CREAS orienta pessoas em situação de rua e limpa ponte na Baixada
MANHUAÇU (MG) – Em mais uma intervenção bem-sucedida na semana passada, a 
Prefeitura de Manhuaçu, através da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social e o 
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), realizaram a limpeza de 
uma ponte, que fica no bairro Baixada, e orientou usurários de drogas.
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A intervenção foi feita especificamente na ponte localizada próximo à Casa Leitão, 
que vinha sendo usada por moradores de rua e usuários de drogas. De acordo com a 
coordenadora do Creas, Glenda Miranda, a intervenção foi realizada com êxito. “Recebemos 
pedido dos moradores locais para que fizéssemos a retirada de pessoas que usam o local 
para consumo de drogas. Também retiramos pertences e orientamos os usuários sobre seus 
direitos e deveres”, comentou a coordenadora.
Os moradores locais também foram orientados a fechar o acesso da ponte para que os 
usuários de drogas não voltassem a utilizar o espaço novamente. Nas ações, o Creas contou 
com os trabalhos de funcionários do Serviço Autônomo de Limpeza Urbana (Samal), diretor 
Romilson Barroso, Jurandir, Jose Carlos, Adeir, Jonatam; bem como com policiais militares 
tenente Suelen e sargentos Macdarlley e Ageu.
Programa Reintegrar
Os trabalhos realizados na semana passada fazem parte do Programa Reintegrar, que 
visa especificamente a garantia de direitos das pessoas em situação de rua. A campanha 
é permanente e busca sensibilizar a população sobre a conduta frente aos indivíduos em 
situação de rua.
Por isso, nos casos em que a pessoa em situação de rua cometer algum delito, furtar, 
provocar transtornos ou mesmo coagir alguém a dar dinheiro é importante que seja 
acionada a Polícia Militar.
Serviços Oferecidos
Abordagem diárias às pessoas em situação de rua (migrante ou não); oferta de passagens 
ao migrante conforme convênio do Município. Escala de plantão aos sábados de 7 h às 11 h; 
albergue municipal com oferta de jantar, banho, pernoite e café da manhã (uso de 
acordo com regimento interno); encaminhamento e triagem para a Casa de Acolhimento 
Bom Samaritano; acompanhamento das famílias dos usuários; encaminhamento e 
acompanhamento dos indivíduos que possuem dependência de álcool e outras drogas e desejam 
tratamento para o CAPS-AD.
Secretaria de Comunicação Social – Prefeitura de Manhuaçu
Adaptado de: Portal Caparaó (2018).
Nela vemos a ação desenvolvida, que, como podemos supor, está muito além da concessão de 
benefícios eventuais, historicamente vinculados à assistência social. Temos uma experiência diferenciada 
desenvolvida nos grupos mais vulneráveis de uma dada sociedade.
Também é posto como objetivo de tal política realizar a vigilância socioassistencial que se baseia no 
levantamento de dados sobre o território a fim de instrumentalizar a intervenção a ser desenvolvida. E, 
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por outro lado, é destacada, ainda, a importância da defesa dos direitos, sendo que as ações nessa área 
são tidas como direito, e não mais como concessão.
E, para que tais ações sejam colocadas em prática, a Loas ainda destaca uma série de princípios e 
objetivos. Os princípios são descritos no artigo 4º:
I – supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências 
de rentabilidade econômica;
II – universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da 
ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III – respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito 
a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e 
comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;
IV – igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação 
de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e 
rurais;
V – divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos 
assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos 
critérios para sua concessão (BRASIL, 1993).
Portanto, os serviços devem ser universais, respeitar a dignidade do cidadão, ser organizados de 
forma que não haja discriminação e devem ser amplamente divulgados. Precisam ainda considerar com 
maior destaque a necessidade social e não a comprovação de renda.
Já as diretrizes estão postas no artigo 5º:
I – descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;
II – participação da população, por meio de organizações representativas, na 
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;
III – primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de 
assistência social em cada esfera de governo (BRASIL, 1993).
E, nesse sentido, a legislação se torna precursora ao destacar a importância de que a assistência 
social seja organizada de forma descentralizada e não mais centrada no Governo Federal e que seja uma 
política que viabilize a participação popular. A participação popular passa a ser viabilizada por meio 
de conselhos e conferências. Na sequência, reafirma a relevância da primazia de responsabilidade do 
Estado na gestão da política de assistência social.
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No que diz respeito aos benefícios, a assistência social elenca uma série de benefícios, programas e 
projetos a serem desenvolvidos no âmbito da política, sendo que tais colocações são empreendidas a 
partir do artigo 20.
Dentre os benefícios, são apresentados o de prestação continuada e os benefícios eventuais. Os 
benefícios eventuais são destinados a provisões de mínimos em situações emergenciais. O Benefício de 
Prestação Continuada (BPC) consiste na concessão de um salário mínimo destinado ao idoso a partir 
de 65 anos ou ao portador de necessidades especiais que comprovem não ter meios para garantir a 
sobrevivência ou de tê-las providas por seus familiares.
Os programas, por sua vez, de acordo com o artigo 24 (BRASIL, 1993) “[...] compreendem ações 
integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, 
incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais”. Os programas tendem a complementar 
os benefícios e os serviços desenvolvidos no âmbito da assistência social.
Assim, a Loas foi revisada no ano de 2011 e nossas colocações estão embasadas já na revisão da lei 
em questão. No entanto, é preciso atentar para o fato de que somente no ano de 2004, com a PNAS, 
que a assistência social adquire uma regulamentação mais específica. Partindo desses dispositivos, é 
organizada uma série de serviços para atender o público alvo da assistência social. 
E, dessa forma, concluímos nossas exposições sobre a PNAS. Recomendamos a leitura das indicações 
de texto contidas também nos itens “Saiba Mais”, a fim de aprofundar-se nos temas. Na sequência, 
realizaremos uma discussão sobre a previdência social. 
5.4 A previdência social
A previdência social é a terceira política social que integra a seguridade social no Brasil. A previdência 
social, por sua vez, mantém seu caráter contributivo, mas há uma série de categorias que podem 
contribuir com o regime de previdência social. Assim, diferentemente da saúde e da assistência social que 
não exigem contribuição, para a previdência social é basal a contribuição. A previdência social passou a ser 
operacionalizada por meio do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), sendo que esse órgão foi criado 
no ano de 1990, durante o então governo do presidente Fernando Collor de Mello.
Atualmente, a previdência social organiza a contribuição dos brasileiros para que possam ser 
atendidos quando não mais puderem trabalhar, por exemplo nos casos de doença, acidentes, ou idade. 
Quaisquer dos benefícios da previdência social requerem contribuição prévia.
No entanto, há um rol imenso de benefícios operacionalizados pela previdência social brasileira,dentre 
os quais podemos destacar as aposentadorias, os auxílios e as pensões. Com relação às aposentadorias, 
temos as modalidades especial, por idade, por invalidez e por tempo de contribuição. Os auxílios, por 
sua vez, estão agrupados de acordo com as categorias acidente, doença e reclusão. As pensões são 
por morte e especial, além de salário-família, salário-maternidade e a previdência social também faz a 
administração do BPC (BRASIL, 2013).
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Vejamos as explicações, resumidas sobre cada benefício. A aposentadoria especial trata-se de:
[...] Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições 
prejudiciais à saúde ou à integridade física. Para ter direito à aposentadoria 
especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva 
exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de 
agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício 
(15, 20 ou 25 anos) (BRASIL, 2013).
Já a aposentadoria por idade concede o direito para trabalhadores urbanos do sexo masculino com 
mais de 65 anos e do gênero feminino com 60 anos, mas, em ambos os casos, é necessária contribuição. 
Essa modalidade de aposentadoria também pode ser solicitada pelo trabalhador rural com 60 anos para 
os homens e 30 anos para as mulheres (BRASIL, 2013).
A aposentadoria por invalidez é concedida sempre que o trabalhador, por doença ou acidente, seja 
incapacitado para a atividade laboral. Já a aposentadoria por tempo de contribuição, por sua vez, faz 
referência a uma modalidade em que 
[...] Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve 
comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher, 
30 anos. Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador tem que 
combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima (BRASIL, 2013).
Agora, passaremos a discutir sobre os auxílios que são benefícios para socorrer o contribuinte em 
um momento desvalido e, portanto, não são aposentadoria. De tal forma, o auxílio-acidente é devido ao 
trabalhador que sofreu um acidente que o incapacitou para a vida laboral; o auxílio-doença destina-se 
a atender o contribuinte que seja acometido por doença que o impeça de trabalhar por mais de 15 dias 
e o auxílio reclusão refere-se a um benefício concedido para a família do trabalhador preso, desde que 
ele tenha contribuído com o regime previdenciário (BRASIL, 2013).
E, por fim, as pensões são recursos pagos para alguns momentaneamente e outros vitalícios. Nos 
termos postos, a pensão por morte é destinada ao familiar do trabalhador quando este falece; a pensão 
especial por outro lado refere-se ao benefício pago aos portadores da Síndrome da Talidomida. Cabe 
destacar que trata-se de uma síndrome que acomete crianças em que as mães na gestação ingeriram 
talidomida, resultando em malformação ou ausência dos membros (BRASIL, 2013).
Temos ainda as pensões salário-família, salário-maternidade e BPC. Sobre o BPC, já explicamos 
quando realizamos o estudo da política de assistência social, restando apenas explicar sobre o 
salário-família e o salário-maternidade. O salário-família é
[...] benefício pago aos segurados empregados, exceto os domésticos, e aos 
trabalhadores avulsos com salário mensal de até R$ 915,05, para auxiliar no 
sustento dos filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade” 
(BRASIL, 2013).
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Já o salário-maternidade:
[...] é devido às seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas, empregadas 
domésticas, contribuintes individuais, facultativas e seguradas especiais, por 
ocasião do parto, inclusive o natimorto, aborto não criminoso, adoção ou 
guarda judicial para fins de adoção, ou seja, são benefícios diferenciados 
pagos aos contribuintes para situações (BRASIL, 2013).
Consequentemente, há um rol de serviços que são organizados, além da aposentadoria. Sempre 
que uma pessoa necessita do auxílio, precisa recorrer ao Instituto INSS. Nesse Instituto, há uma grande 
quantidade de técnicos, profissionais administrativos e peritos, médicos e assistentes sociais, para 
avaliação de determinados benefícios como o BPC.
Como é possível inferir, cada tipo de aposentadoria, pensão ou auxílio possui determinadas 
especificidades. O que apresentamos foi apenas uma explicação sucinta obtida no site da previdência 
social. É necessário reforçar ainda que vivenciamos ao final de 2018 uma proposta de reforma 
previdenciária, ou seja, as indicações aqui subscritas com relação aos regimes de aposentadorias e 
pensões poderão sofrer alterações.
Com isso, concluímos nossos estudos sobre a seguridade social brasileira, ao menos no que concerne 
a sua constituição atual. Na sequência, discorreremos sobre a influência que o ideal neoliberal traz para 
as políticas sociais, sobretudo as políticas de seguridade social.
 Saiba mais
Para informações adicionais sobre a seguridade social brasileira, acesse:
<www.mds.gov.br>.
<www.previdenciasocial.gov.br>.
<www.saude.gov.br>.
Em tais sites, há muitos dados sobre os serviços desenvolvidos, além de 
normativas e atualizações constantes.
Dessa maneira, concluímos análise do contexto dos anos 1980 e também apresentamos 
informações sobre o Sistema de Seguridade Social constituído naquele momento e que vigora 
até hoje. Na sequência, avançaremos no estudo sobre o neoliberalismo, agora, considerando a sua 
influência no Estado brasileiro.
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Unidade II
6 O AVANÇO DO NEOLIBERALISMO NO BRASIL
Realizamos algumas observações sobre o neoliberalismo no decurso desse livro-texto. Porém, 
consideramos que seja importante retomar parte de nossas colocações. Assim, destacaremos os princípios 
que orientam essa forma de compreensão dos fenômenos sociais e, sobretudo, o papel do Estado na 
sociedade contemporânea. 
Atrelado a essa análise, idealizamos ainda tecer considerações sobre o desenvolvimento de tal 
concepção na realidade brasileira, especificamente no que diz respeito ao papel assumido pelo Estado 
brasileiro para atender os dispositivos neoliberais.
Antes de iniciarmos tais colocações, será necessário ainda retomar a compreensão sobre o 
keynesianismo, uma forma de entendimento do papel do Estado que antecedeu o neoliberalismo. 
Assim sendo, é importante relembrar que as ideias keynesianas começam a se desenhar na Europa no 
período em que o capitalismo vivenciava sua fase madura e consolidada. Nessa época, configurou-se 
um estágio em que houve um intenso processo de monopolização do capital por meio da 
intervenção do Estado na economia. Partindo disso, é preciso pontuar que a monopolização 
conduz à formação dos oligopólios privados em diversas formas de fusão (BEHRING; BOSCHETTI, 2010). 
Assim, grandes empresas compram outras, menores, para terem o domínio dos mercados.
Vejamos a seguir uma notícia apenas para ilustrar o que estamos discutindo:
Exclusividade na venda de cerveja no Carnaval afeta concorrência, diz Fazenda
Cade afirma que vai investigar a denúncia, que envolve casos em 19 cidades, inclusive 
o Rio
BRASÍLIA – A exclusividade na venda de bebidas em festas como o carnaval entrou 
na mira de órgãos de defesa da concorrência e do consumidor. A Secretaria de Promoção 
da Produtividade e Advocacia da Concorrência (Seprac), ligada ao Ministério da Fazenda, 
enviou um parecer a órgãos fiscalizadores alertando para o risco de monopólio de marcas 
patrocinadoras das festividades. A investigação começou em 2017 e envolveu casos

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