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Prof. Leandro Cadenas Prado Auditor Fiscal da Receita Federal DIREITO CONSTITUCIONAL RESUMO DOS TÓPICOS MAIS COBRADOS EM CONCURSOS ANTERIORES 3ª Edição Atualizada pela EC nº 44/2004 MAIS DE 600 ÍTENS COBRADOS EM CONCURSOS PÚBLICOS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS 2 O Autor Leandro Cadenas Prado é Auditor-Fiscal da Receita Federal, aprovado na área de Tributação e Julgamento, 1ª Região Fiscal, no concurso de 2000/2001, exercendo suas atribuições em Campo Grande (MS). É Instrutor da Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda (ESAF/MF) e professor de Direito Constitucional, Administrativo e Penal, ministrando aulas em cursos preparatórios para concursos públicos. É autor dos livros Servidores Públicos Federais - Lei nº 8.112/90, Ética na Administração Pública e Resumo de Direito Penal – Parte Geral, todos pela Editora Impetus. É também professor colaborador do site www.pontodosconcursos.com.br. Palavras do Autor: Com o passar dos anos, acompanhando cada prova de concurso público, percebemos que as questões cobradas em Direito Constitucional são recorrentes, sempre direcionadas para os mesmos assuntos. Com o intuito de auxiliar na preparação daqueles que desejam seguir a carreira pública, compilamos questões cobradas anteriormente, de maneira prática e didática que, acreditamos, deve proporcionar uma boa fonte de revisão dos pontos já estudados. Neste trabalho, estão abrangidas quase que a totalidade de temas cobrados em qualquer das próximas provas de Direito Constitucional. Agora é sua vez. Faça sua parte. Estude. Revise. O sucesso virá! E-mail: leandro@pontodosconcursos.com.br 3 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL SUMÁRIO CAPÍTULO ASSUNTO PÁGINA Capítulo I Teoria Geral, Direitos, Garantias e Nacionalidade 04 Capítulo II Poder Legislativo 18 Capítulo III Poder Executivo 25 Capítulo IV Poder Judiciário e Ministério Público 30 Capítulo V União 34 Capítulo VI Estados-membros, Distrito Federal e Municípios 36 Capítulo VII Controle de Constitucionalidade 40 Capítulo VIII Servidor Público e Administração Pública 47 Capítulo IX Direito Tributário e Outros Temas 56 4 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL CAPÍTULO I TEORIA GERAL DIREITOS, GARANTIAS E NACIONALIDADE 1. Não existem normas de hierarquia diferenciada na Constituição. 2. Não há hierarquia entre direitos e garantias fundamentais. 3. Os direitos fundamentais têm aplicação às relações entre particulares. 4. A limitação aos direitos fundamentais há de observar o princípio da proporcionalidade. 5. Pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos fundamentais. 6. Os direitos fundamentais têm incidência nas relações entre particulares. 7. Segundo a melhor doutrina, poder político é a energia que possui o Estado que o torna capaz de coordenar e impor decisões à sociedade estatal com o intuito de ordenar as relações entre os grupos sociais e entre os indivíduos entre si, com vistas a realizar seus fins globais, possuindo por características essenciais: a unicidade, a indivisibilidade e a indelegabilidade. 8. A função executiva, por meio da qual o Estado realiza atos concretos voltados para a realização dos fins estatais e da satisfação das necessidades coletivas, compreende a função de governo, relacionada com atribuições políticas, co-legislativas e de decisão, e a função administrativa, da qual se vale o Estado para desenvolver as atividades de intervenção, fomento, polícia administrativa e serviço público. 9. Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido lógico-jurídico. 10. A constituição, na sua concepção formal, seria um conjunto de normas legislativas que se distinguem das não constitucionais em razão de serem produzidas por processo legislativo mais dificultoso, o qual pode se materializar sob a forma da necessidade de um órgão legislativo especial para elaborar a Constituição – Assembléia Constituinte – ou sob a forma de 5 um quorum superior ao exigido para a aprovação, no Congresso Nacional das leis ordinárias. 11. A característica de subordinado do poder constituinte derivado refere- se, além de sua sujeição às regras atinentes à forma procedimental pela qual ele irá promover as alterações no texto constitucional, também ao conteúdo, que deve estar de acordo com a constituição federal. 12. Um dos elementos essenciais do princípio republicano é a obrigatoriedade de prestação de contas, pela administração pública, sob as penas da lei, no caso de descumprimento desta obrigação. 13. A repartição de competências é o ponto nuclear da noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio geral de repartição de competência a predominância do interesse. 14. Em razão do princípio federativo, adotado na Constituição de 1988, os Estados podem instituir seus impostos e aplicar suas rendas. 15. Em decorrência do princípio federativo, há, na Constituição brasileira, a previsão de que os Estados possuirão constituições e os municípios, leis orgânicas, ambos os documentos, aprovados, respectivamente, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras municipais. 16. Como decorrência da adoção do princípio do Estado Democrático de Direito, temos o princípio da independência do juiz, cujo conteúdo relaciona- se, entre outros aspectos, com a previsão constitucional de garantias relativas ao exercício da magistratura. 17. São elementos essenciais do Estado de Direito: a submissão do Estado, seus agentes e dos particulares ao império da lei de cuja elaboração o povo participa direta ou indiretamente; a separação dos poderes e a enunciação dos direitos fundamentais. 18. Segundo precedente do STF, no caso brasileiro, não é admitida a posição doutrinária que sustenta ser o poder constituinte originário limitado por princípios de direito suprapositivo. 19. Uma norma do poder constituinte originário pode afetar efeitos ainda por ocorrer de fato ocorrido no passado (retroatividade mínima). 20. O princípio do duplo grau de jurisdição não é uma garantia constitucional. 21. Segundo a melhor doutrina, a soberania, em sua concepção contemporânea, constitui um atributo do Estado, manifestando-se, no campo interno, como o poder supremo de que dispõe o Estado para subordinar as demais vontades e excluir a competição de qualquer outro poder similar. 22. Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem uma relação de dependência com a maioria do Parlamento, havendo, por isso, uma 6 repartição, entre o governo e o Parlamento, da função de estabelecer as decisões políticas fundamentais. 23. Um dos objetos do Direito Constitucional Comparado é o estudo das normas jurídicas positivadas nos textos das Constituições de um mesmo Estado, em diferentes momentos histórico-temporais. 24. É possível a exigência de garantia de instância para a interposição de recurso voluntário em processo administrativo. 25. A exigência de comprovação de depósito como pressuposto de admissibilidade e garantia recursal não afronta o princípio da ampla defesa e do contraditório. 26. O princípio da presunção de inocência tem o seu alcance restrito ao âmbito penal, não vinculando a esfera administrativa. 27. A lei de proteção do consumidor não pode modificar os efeitos de ato jurídico perfeito (por exemplo, um contrato) anterior a ela própria. 28. Entre os princípios fundamentais da ordem constitucional, no que respeita às relações internacionais, se encontra a concessão de asilo político. 29. A igualdade entre os Estados é princípio fundamental da RepúblicaFederativa em suas relações internacionais. 30. É parte da política nacional, no que se refere às suas relações internacionais colaborar como árbitro internacional na busca de solução pacífica de conflitos. 31. É parte dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estabelecer mecanismos tributários de justiça social para construção de uma sociedade justa e solidária. 32. O princípio da proporcionalidade tem sua sede material na disposição constitucional que determina a observância do devido processo legal. 33. A garantia constitucional da não violação do direito adquirido e do ato jurídico perfeito alcança qualquer lei, seja ela de natureza privada ou pública. 34. O princípio do direito adquirido não se afirma em face de alteração introduzida mediante Emenda Constitucional. 35. A garantia constitucional do direito adquirido não pode ser invocada para se obstar a incidência de norma constitucional editada pelo Poder Constituinte Originário. 36. Não se pode invocar direito adquirido contra mudanças de um dado regime, nos estatutos ou em institutos jurídicos. 7 37. As disposições constitucionais relativas a determinado regime de remuneração dos servidores públicos não podem deixar de ser modificadas sob o argumento de que sobre elas há direito adquirido. 38. Pode-se invocar validamente o princípio do direito adquirido em face das leis de ordem pública. 39. A aplicação da lei que amplia os prazos de prescrição aquisitiva ou extintiva às situações em curso não viola o princípio do ato jurídico perfeito. 40. A tentativa de alteração, mediante lei, de situação jurídica submetida a termo ou a condição insuscetível de ser modificada a arbítrio de outrem atenta contra o princípio constitucional do direito adquirido. 41. Preenchidos os requisitos para a aposentadoria segundo a lei vigente ao tempo da aposentação, reconhece-se a existência a direito adquirido. 42. O princípio constitucional que assegura a ampla defesa e o contraditório não proíbe que se realize o interrogatório do indiciado perante a autoridade policial na ausência do advogado. 43. Os direitos constantes do catálogo de direitos individuais e coletivos não estão elencados de forma exaustiva. 44. Os direitos individuais estão garantidos tanto contra o poder de emenda, quanto contra o poder de revisão constitucional. 45. A reprodução em emenda constitucional de direito constante de tratado internacional sobre direitos humanos em que a República Federativa do Brasil seja parte eleva esse direito no ordenamento jurídico brasileiro a status constitucional. 46. No sistema constitucional brasileiro, os direitos fundamentais podem ser argüidos em face dos poderes públicos, e também podem ser invocados nas relações entre particulares. 47. Nem todas as normas que tratam de direitos fundamentais na Constituição são auto-executáveis, de aplicação imediata, de eficácia plena. 48. Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos. 49. Segundo a melhor doutrina, as normas constitucionais de eficácia limitada são do tipo normas declaratórias de princípios institutivos quando: determinam ao legislador, em termos peremptórios, a emissão de uma legislação integrativa; ou facultam ao legislador a possibilidade de elaborar uma lei, na forma, condições e para os fins previstos; ou possuem esquemas gerais, que dão a estrutura básica da instituição, órgão ou entidade a que se 8 referem, deixando para o legislador ordinário a tarefa de estruturá-los, em definitivo, mediante lei. 50. Consideram-se direitos fundamentais, entre outros, aqueles enumerados no título da Constituição relativo aos direitos e garantias fundamentais. 51. É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo normas programáticas. 52. Uma lei que destoa de uma norma programática da Constituição pode ser considerada inconstitucional. 53. A idéia de uma Constituição escrita, consagrada após o sucesso da Revolução Francesa, tem entre seus antecedentes históricos os pactos, os forais, as cartas de franquia e os contratos de colonização. 54. Uma Constituição rígida pode abrigar normas programáticas em seu texto. 55. Uma Constituição é rígida quando prevê processo legislativo de emenda do seu texto mais complexo e difícil do que o processo de elaboração da legislação ordinária. 56. A existência de supremacia formal da constituição depende da existência de rigidez constitucional. 57. Na história do Direito Constitucional brasileiro, apenas a Constituição de 1824 pode ser classificada, quanto à estabilidade, como uma constituição semi-rígida. 58. As constituições outorgadas, sob a ótica jurídica, decorrem de um ato unilateral de uma vontade política soberana e, em sentido político, encerram uma limitação ao poder absoluto que esta vontade detinha antes de promover a outorga de um texto constitucional. 59. Da constituição que resulta do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte, composta por representantes do povo, eleitos com a finalidade de elaborar o texto constitucional, diz-se que se trata de uma constituição promulgada. 60. Da Constituição em vigor pode ser dito que corresponde ao modelo de Constituição escrita, dogmática, promulgada e rígida. 61. Toda Constituição flexível, por decorrência da sua própria natureza, será uma Constituição histórica. 62. Um decreto-lei de 1987, compatível com a Constituição pretérita, cujo conteúdo tampouco entra em colisão com a Constituição de 1988 deve ser considerado como recebido pela Constituição de 1988, permanecendo em vigor enquanto não for revogado. 9 63. Ainda que a Constituição de 1988 não tenha previsto a figura do Decreto-Lei, apenas aqueles materialmente incompatíveis com a Constituição em vigor ficaram revogados. 64. Sendo que o Código Tributário Nacional (CTN) foi editado antes da Constituição de 1988, sob a forma de lei ordinária, é possível afirmar que as normas do CTN que regulam limitações constitucionais ao poder de tributar continuam em vigor, desde que o seu conteúdo seja concordante com as normas da Constituição de 1988, independente da forma pela qual se reveste. 65. Normas legais anteriores à Constituição nova, que com ela sejam incompatíveis no seu conteúdo, devem ser tidas como revogadas (não recepcionadas) pela nova Constituição. 66. A legislação federal anterior à Constituição de 1988 e regularmente aprovada com base na competência da União definida no texto constitucional pretérito é considerada recebida como estadual ou municipal se a matéria por ela disciplinada passou, segundo a nova Constituição, para o âmbito de competência dos Estados ou dos Municípios, conforme o caso, não se podendo falar em revogação daquela legislação em virtude dessa mudança de competência promovida pelo novo texto constitucional. 67. As cláusulas pétreas não inibem toda e qualquer alteração da sua respectiva disciplina constante das normas constitucionais originárias, não representando assim a intangibilidade literal destas, mas compreendem a garantia do núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege. 68. Cláusula pétrea é princípio ou norma da Constituição que não pode ser objeto de emenda constitucional tendente a aboli-lo. 69. Os direitos e garantias individuais que representam limite ao poder de reforma não se encontram exclusivamente no art. 5º da Constituição Federal. 70. No âmbito dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição da República, a casa é o asilo inviolável do indivíduo, não sendopermitido a ninguém nela penetrar, sem consentimento do morador, exceto em caso de desastre, flagrante delito, prestação de socorro, determinação judicial, durante o dia. 71. Constituem direitos fundamentais do trabalhador: gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; décimo terceiro salário com base na remuneração integral; proibição de diferença de salários por motivo de idade; irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. 72. Não constitui direito fundamental do trabalhador o descanso aos domingos. 10 73. O direito do empregado à irredutibilidade salarial pode ser objeto de negociação coletiva, ou seja, o salário do trabalhador é irredutível, salvo disposição contida em acordo ou convenção coletiva. 74. A Constituição veda a distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual. 75. Uma profissão pode ser exercida ainda que não regulada pelo legislador ordinário. 76. O indivíduo que invoca motivo de crença religiosa para se eximir de obrigação legal a todos imposta e que se recusa a cumprir prestação alternativa fixada em lei pode ser privado de direitos. 77. Nem todo indeferimento de prova pedida por acusado em processo administrativo é ilegítimo, sob o argumento de ferir a garantia constitucional da ampla defesa. É legítimo, em especial, quando a prova é reputada impertinente, meramente protelatória ou sem interesse para esclarecer os fatos (art. 156, Lei 8.112/90). 78. Ainda que seja inviolável a vida privada, é possível a quebra de sigilo bancário. 79. Não agride a garantia constitucional da inviolabilidade de domicílio entrar na casa de alguém, sem o consentimento do morador, quando está caracterizada situação de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. 80. Os atos processuais são em princípio públicos, podendo, entretanto, a lei restringir a publicidade quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. 81. Viola a garantia da ampla defesa e do devido processo legal a condenação de um agente público a multa, sem que o servidor tenha sido chamado a participar do processo, ainda que se lhe dê a chance de recorrer dessa decisão. 82. Não se afigura legítimo presumir que as pessoas que se dedicam à vida pública abrem mão, implicitamente, da pretensão ao direito à privacidade. 83. Nem todos os direitos sociais previstos na Constituição são também assegurados aos trabalhadores domésticos. 84. O Seguro-desemprego será concedido somente em caso de desemprego involuntário. 85. A remuneração do trabalho noturno deverá ser sempre superior à do diurno. 86. É direito social a proteção em face da automação, na forma da lei. 11 87. O salário-família será pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei. 88. Os direitos sociais são suscetíveis de alteração mediante emenda constitucional. 89. Os direitos sociais previstos na Constituição, ainda que sejam normas programáticas, produzem efeitos jurídicos desde a promulgação da CF, independente de regulação posterior pelo legislador ordinário. 90. A disposição do Código de Processo Penal brasileiro segundo a qual o silêncio do acusado pode ser interpretado em seu desfavor não foi recebida pela ordem constitucional de 1988. 91. A lei regulará a individualização da pena, não estando prevista a adoção da perda de direitos, mas sim, da pena de suspensão de direito. 92. A determinação contida na lei de crimes hediondos no sentido de que os autores de determinados crimes cumpram a condenação em regime fechado não atenta contra o princípio da individualização da pena. 93. São imprescritíveis os crimes de racismo e os cometidos por grupos com armas contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. 94. O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado no caso de comprovado envolvimento em tráfico de drogas. 95. Não se admite a extradição de pessoas que enfrentam, nos países requerentes, acusações que poderão acarretar a sua condenação à pena de morte. (O STF já admitiu a extradição de pessoa que foi condenada à prisão perpétua) 96. A Constituição Federal admite a interceptação telefônica para fins de investigação criminal (não para finalidades administrativa, civil ou parlamentar). 97. Não pode haver interceptação telefônica mediante autorização do Ministério Público. 98. O sigilo de comunicações telefônicas não pode ser quebrado por decisão de autoridade policial, qualquer que seja a finalidade. 99. Não constitui prova ilícita a captação por meio de fita magnética de conversa entre presentes autorizada por um dos interlocutores, se realizada em legítima defesa. 100. Nem toda gravação de conversa telefônica sem autorização de autoridade judicial constitui prova ilícita. 101. Segundo a jurisprudência do STF, a inviolabilidade do sigilo das correspondências, das comunicações telegráficas e dos dados não é absoluta, sendo possível sua interceptação, sempre excepcionalmente, com 12 fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, quando este direito estiver sendo exercido para acobertar práticas ilícitas. 102. A existência, num processo, de prova ilicitamente obtida contamina as demais dela derivadas (teoria dos frutos da árvore envenenada). 103. É inválida a condenação criminal fundada exclusivamente nos elementos informativos do inquérito policial. 104. Há, no sistema constitucional brasileiro, possibilidade de aplicação de lei com caráter retroativo. 105. É constitucional a prisão civil do depositário infiel em se tratando de alienação fiduciária em garantia. 106. A Constituição Federal proíbe a pena de prisão perpétua no Brasil, mas admite a pena de morte. 107. O princípio da presunção de inocência consagrado na Constituição não permite que se proceda ao lançamento do nome do réu no rol dos culpados após a sentença de pronúncia no processo penal. 108. O princípio da presunção de inocência é compatível com a prisão cautelar ou provisória. 109. A denúncia vaga ou genérica no processo penal é incompatível com o princípio constitucional do direito de defesa. 110. A ampliação do prazo prescricional em matéria criminal não se aplica aos fatos praticados antes da entrada em vigor da lei, aplicando-se o princípio da anterioridade em matéria penal. 111. O legislador não poderá outorgar ao júri competência para conhecer também de crimes culposos contra a vida. 112. Não é assegurado, na instituição do júri, conforme o texto constitucional, o duplo grau de jurisdição. 113. O princípio da proibição da prova ilícita impede que o Tribunal de Contas puna agente público com base exclusivamente em fita com gravação clandestina de conversa telefônica entre o agente público e terceiros, que comprovam mau uso de verbas públicas. 114. O sentenciado penal pode ser preso para cumprir a sentença, mesmo enquanto dela pender recurso extraordinário. 115. A reparação por danos morais independe de prova de dano à reputação do autor da demanda. 116. A obrigação de reparação do dano decorrente da prática de um delito não desaparece com a morte da pessoa condenada pela prática desse 13 delito, passando para eventuais herdeiros, até o limite do patrimônio transferido. 117. A liberdade de expressão é compatível com pedido de reparação por danos morais formulado por pessoa atingida em sua honra pelas palavras proferidas. 118. Segundo a jurisprudência pátria, o direito à inviolabilidade da honra, se aplica também à pessoa jurídica. 119. A indenização prevista no texto constitucional inclui o dano moral, material ou à imagem. 120. Não faz parteda liberdade de expressão divulgar opiniões e críticas anonimamente. 121. A liberdade sindical constitucionalmente assegurada não permite a criação de mais de um sindicato, representativo de uma mesma categoria profissional ou econômica, por base territorial. 122. A contribuição sindical, fixada pela assembléia geral, será descontada em folha de trabalhador vinculado ao sindicato (sindicalizado). 123. É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho. 124. O aposentado filiado a um sindicato preserva o direito de votar nas eleições para escolha dos dirigentes do sindicato, bem como poderá concorrer a cargo de direção ou representação sindical. 125. No pagamento das sentenças judiciais proferidas contra as pessoas jurídicas de direito público, é legítima a atribuição de precedência de pagamento aos créditos de natureza alimentícia. 126. O valor do crédito constante de precatório deve ser atualizado monetariamente, a partir de 10 de julho do exercício de sua expedição, até a data do efetivo pagamento, devendo ser expedido novo precatório para o pagamento, pela Fazenda Pública, do quantum correspondente à atualização, se não houver previsão normativa determinando o pagamento de uma só vez do valor atualizado. 127. É legítima a desapropriação de solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado com pagamento mediante títulos da dívida pública (CF, art. 182, §4º, III). 128. O direito de propriedade é garantido, mas sofre limitações. 129. Um dos requisitos da função social da propriedade é a exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 130. O pagamento de indenização pela desapropriação se submete ao regime precatório, o que não viola o princípio da justa e prévia indenização. 14 131. A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, do imóvel que não esteja cumprindo sua função social, somente pode acontecer depois de paga a justa e prévia indenização em títulos da dívida agrária ao expropriado (CF, art. 184). 132. A propriedade produtiva é insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária (CF, art. 185, II). 133. Se indenizam em dinheiro as benfeitorias úteis e necessárias em caso de desapropriação para fins de reforma agrária. 134. A Constituição expressamente admite a desapropriação, para fins de reforma agrária, de imóveis rurais, não fazendo menção a imóveis urbanos. 135. As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária não estão sujeitas aos impostos federais, estaduais e municipais incidentes sobre a alienação de bens imóveis. 136. A pequena propriedade rural, trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de dívida decorrente de atividade produtiva. 137. A autoridade pode ocupar um imóvel de propriedade particular, independentemente da anuência do proprietário, que somente receberá indenização ulterior se houver dano, no caso, por exemplo, de proteger, por um certo tempo, uma certa parcela da população de uma iminente catástrofe natural. 138. A decisão proferida em mandado de injunção supre a omissão legislativa entre as partes. 139. O mandado de injunção coletivo é plenamente compatível com a ordem constitucional brasileira. 140. Não é caso de deferimento, nem mesmo parcial, do mandado de injunção pelo STF, quando a norma infraconstitucional regulamentadora do direito ou liberdade constitucional (i) oferece disciplina insatisfatória aos interesses do impetrante, (ii) é injusta ou (iii) mesmo inconstitucional. 141. Não cabe mandado de injunção com a finalidade de corrigir exclusão pecuniária incompatível com o princípio da igualdade, mesmo que se pretenda a equiparação de vencimentos entre servidores que não foram, todos, contemplados na lei garantidora do benefício. 142. É admissível o mandado de injunção perante o STF nas hipóteses em que, impetrado por organização sindical, estiver destinado a constatar a ausência de norma que inviabilize o exercício de direito ou liberdade constitucional de seus filiados. 143. O mandado de segurança não é remédio constitucional adequado para cobrar do Estado verbas por ele devidas ao impetrante e não pagas oportunamente. 15 144. A fixação de prazo para impetração de mandado de segurança é plenamente compatível com a própria garantia que se pretende outorgar. 145. Há impedimento à impetração do mandado de segurança para proteger direito amparado por habeas corpus ou habeas data. 146. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. 147. Menor de dezesseis anos não pode propor ação popular para anular ato lesivo à proteção do meio ambiente. 148. A ação popular não pode ser ajuizada para atacar ato jurisdicional. 149. A ação popular será instrumento idôneo para anular ato da Administração lesivo ao meio ambiente, ainda que não provado que o ato também provocou prejuízo ao erário. 150. A ação popular destina-se a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 151. Qualquer cidadão pode propor ação popular para anular ato lesivo ao meio ambiente, sendo o autor da ação isento, salvo má fé, dos ônus da sucumbência e das custas judiciais. 152. O habeas data é o instrumento adequado para se conhecer e retificar informação relativa ao impetrante em bancos de dados de entidade governamental ou de caráter público. 153. O habeas corpus é instrumento adequado para se impugnar ordem de juiz de primeiro grau de quebra de sigilo bancário. 154. O habeas corpus contra ato de procurador da República com atuação em primeiro grau de jurisdição da Seção Judiciária do Distrito Federal é julgado perante o Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o Distrito Federal. 155. Há possibilidade constitucional de impetração de habeas corpus preventivo. 156. Os imóveis públicos urbanos não poderão ser adquiridos mediante usucapião. 157. A União, os Estados e os Municípios estão impedidos de subvencionar cultos religiosos ou igreja. 158. É vedado o ensino religioso como disciplina de matrícula obrigatória dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. 16 159. O cidadão poderá ser privado de seus direitos por motivo de crença religiosa se a invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. 160. É assegurada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, podendo a lei estabelecer restrições àquela prestação. 161. Constitui vedação constitucional de caráter federativo o estabelecimento de aliança entre as unidades da Federação e igrejas, inclusive os representantes destas, sendo possível, na forma da lei, a colaboração de interesse público. 162. A outorga de tratamento diferenciado a cidadãos ou empresas do Estado-membro é incompatível com a Constituição. 163. A Constituição Federal proíbe que se concedam privilégios fiscais exclusivamente às empresas públicas. 164. A Constituição Federal não permite que se conceda tratamento favorecido à empresa brasileira de capital nacional. 165. A Constituição Federal proíbe que se adote medida provisória na regulamentação de dispositivo cuja redação tenha sido alterada por emenda constitucional aprovada a partir de 1995 até a EC 32, inclusive (CF, art. 246). 166. A Constituição assegura a nacionalidade brasileira aos nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 167. Dentre os cargosprivativos de brasileiro nato encontram-se os de oficial das forças armadas, da carreira diplomática, o de Presidente da República, de Ministro da Defesa e os de Ministro do Supremo Tribunal Federal. 168. Nos termos da Constituição, os filhos de brasileiros que não estejam a serviço do Brasil nascidos no exterior poderão fazer opção pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo. 169. Além das previstas na Constituição, a lei não poderá estabelecer outras distinções entre brasileiros natos e naturalizados. 170. Ocorrerá perda da nacionalidade brasileira quando um brasileiro adquirir voluntariamente outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. 171. A criação de associações independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. 17 172. O Ministério Público não tem o poder de determinar a dissolução compulsória de associação, o que só pode ser feito por decisão judicial transitada em julgado. 173. A criação de cooperativas depende de regulação legal, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. 174. É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. 175. As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar os seus filiados, judicial ou extrajudicialmente. 176. Segundo a jurisprudência do STF, havendo mais de um sindicato constituído na mesma base territorial, a sobreposição deve ser resolvida com base no princípio da anterioridade, cabendo a representação da classe trabalhadora à organização que primeiro efetuou o registro sindical. 177. Constitui o sentido essencial do princípio da representação o exercício do poder não pelo seu titular, mas por órgãos de soberania que atuam no interesse do povo. 178. Ninguém poderá ser compelido a se associar ou a permanecer associado. 179. A expressão de atividade artística e de comunicação é livre, e independe de censura ou licença. 180. Um determinado cidadão brasileiro pode ter o direito de votar e não ter o de ser votado (p. ex.: art. 14, § 3º, VI). 181. Os conscritos e os estrangeiros não podem votar. 182. O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. 183. Com base no Estado de Direito, princípio fundamental da ordem constitucional brasileira, a configuração do princípio do acesso à justiça, quanto aos beneficiários do direito à assistência jurídica integral e gratuita prestada pela Defensoria Pública ou por quem lhe faça as vezes, apenas obriga o Estado a efetuar esse serviço aos que comprovarem insuficiência de recursos. 184. O direito de reunião em lugares abertos ao público não depende de prévia autorização de autoridade pública. 18 CAPÍTULO II PODER LEGISLATIVO 185. A Constituição Federal adota um modelo horizontal de distribuição de competência legislativa. 186. Ainda que não exista hierarquia entre leis federais e estaduais, há previsão, no texto constitucional, da possibilidade de uma norma federal, quando promulgada, suspender a eficácia de uma norma estadual (art. 24, § 4º). 187. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), a distinção entre a lei complementar e a lei ordinária não se situa no plano da hierarquia, mas no da reserva de matéria. 188. Os Senadores são eleitos pelo sistema majoritário. 189. Compete ao Senado Federal processar e julgar o Presidente e o Vice- Presidente da República, os Ministros do STF, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União, nos casos de crimes de responsabilidade. 190. Na competência legislativa concorrente, em face de omissão legislativa da União, prevê a CF/88 a competência legislativa plena de Estados e Distrito Federal. 191. A imunidade parlamentar somente protege o Deputado ou Senador após diplomação. 192. Pela calúnia proferida por Deputado, em discurso na Câmara, não poderá o mesmo ser processado criminalmente, nem mesmo no STF; além disso, não estará sujeito à responsabilidade civil pelo discurso que proferiu. 193. A instauração de processo contra os Ministros de Estado só está sujeita à prévia autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços dos seus membros, quando os crimes por eles praticados forem conexos com aquele praticado pelo Presidente da República (51, I). 194. A emenda parlamentar a projetos de iniciativa privativa do Executivo ou do Judiciário há de guardar relação de pertinência com a matéria objeto da proposta. 195. As comissões permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão, na forma do regimento, discutir e votar determinados projetos de forma definitiva. 196. As Comissões permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados têm competência para convocar Ministros de Estado para 19 prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições, bem como solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão. 197. A convocação extraordinária do Congresso Nacional poderá ser requerida pelos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 198. Não é legítima deliberação do Congresso Nacional, na sessão extraordinária, sobre qualquer matéria que esteja submetida à sua apreciação (só matéria para a qual foi convocado e Medidas Provisórias – art. 57, §7º). 199. A comissão representativa do Congresso Nacional que deve atuar no período de recesso não dispõe de poderes para emendar a Constituição. 200. As chamadas questões interna corporis não são passíveis de controle judicial, exceto para confrontar o ato praticado com as prescrições constitucionais, legais ou regimentais que estabeleçam condições, forma ou rito para seu cometimento. 201. É vedada a edição de medida provisória em matéria relativa a direito penal, processual penal, processual civil, direitos políticos e direito eleitoral, nacionalidade, cidadania, organização do Judiciário e Ministério Público, orçamento. 202. Matéria reservada à Lei Complementar não pode ser objeto de Medida Provisória. 203. A Constituição de 1988 consagra um regime de democracia representativa perfeitamente compatível com a forma de democracia direta, como a iniciativa popular. 204. A Constituição Federal não prevê iniciativa popular para as Emendas Constitucionais. 205. A filiação partidária constitui condição de elegibilidade no sistema constitucional brasileiro. 206. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. 207. Não é constitucional proposta de legislação complementar para a existência de um único partido político no Brasil. 208. Os projetos de lei não precisarão ser aprovados, necessariamente, pelo plenário da Câmara e do Senado Federal. 209. Não apresenta vício formal a emenda constitucional que, tendo recebido modificação não substancial na Casa revisora, foi promulgada sem nova apreciação da Casa iniciadora quanto à referida alteração. 210. O texto constitucional não admite a delegação legislativa em matéria de lei complementar. 20 211. Emenda à Constituição não pode instituir a pena de morte para crimes hediondos. 212. Emenda à Constituição não pode estabelecer o voto indireto para a eleição de prefeitos. 213. Deve ser considerada inconstitucional toda a emenda à Constituição que tenha por objeto dispositivo tendente a abolir cláusula pétrea. 214. A matéria constante de proposta de emenda à constituição rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 215. Não só os direitose garantias individuais previstos expressamente no art. 5º da Constituição estão protegidos contra emendas à Constituição. 216. É inconstitucional emenda à Constituição que crie imposto da União, sujeitando a tal imposto não somente pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado, como também pessoas jurídicas de direito público, como Estados e Municípios. 217. Nem mesmo por meio de proposta de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, o Congresso Nacional pode votar e promulgar emenda à Constituição que transforme o Estado Federal brasileiro em Estado unitário, por ferir cláusula pétrea. 218. As emendas à Constituição têm mesmo status hierárquico das normas da Constituição elaboradas pelo próprio poder constituinte originário. 219. Segundo a melhor doutrina, a aprovação de emenda constitucional, alterando o processo legislativo da própria emenda, ou revisão constitucional, tornando-o menos difícil, não seria possível, porque haveria um limite material implícito ao poder constituinte derivado em relação a essa matéria. 220. Normas que constituem cláusulas pétreas têm mesmo status hierárquico ao das demais normas constantes do texto constitucional. 221. Emenda constitucional pode alterar disposição transitória da Constituição. 222. Se uma proposta de emenda for rejeitada ou prejudicada, não poderá ser reapresentada na mesma sessão legislativa. 223. O membro do Congresso Nacional não tem legitimidade para, sozinho, apresentar proposta de emenda à Constituição. 224. Não configura fator impeditivo da apresentação, discussão ou votação de uma proposta de emenda à Constituição que a proposta de emenda seja a reiteração idêntica de outra proposta de emenda rejeitada na sessão legislativa anterior. 21 225. Configuram fatores impeditivos da apresentação, discussão ou votação de uma proposta de emenda à Constituição, entre outros, que a proposta de emenda seja apresentada à discussão por partido político, com ou sem representação no Congresso Nacional, que durante a votação da emenda esteja em curso uma intervenção federal em Estado-membro, que a proposta tenha por objeto a criação de novos casos de prisão civil por dívidas, além daqueles já previstos pelo constituinte originário e que a proposta tenha por objeto a criação da pena de banimento, para crimes hediondos. 226. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, do estado de defesa ou de estado de sítio. 227. A sanção do Presidente da República a projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional não é hábil para convalidar eventual vício de iniciativa. 228. É inconstitucional o projeto de lei apresentado por membros do Congresso Nacional sobre matéria que o constituinte diz pertencer ao âmbito da iniciativa privativa do Presidente da República. 229. É admissível a rejeição pelo Congresso Nacional de veto total a um projeto de lei, bem como a rejeição parcial do veto total. 230. Os projetos de lei encaminhados pelo Presidente da República terão início na Câmara dos Deputados. 231. Os atos de uma CPI no âmbito do Congresso Nacional são suscetíveis de revisão judicial. 232. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no plano federal não pode anular ato do Executivo praticado de modo comprovadamente contrário à moral e ao direito. 233. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no plano federal pode investigar ato administrativo de integrante do Judiciário e convocar integrante do Ministério Público para depor. 234. A CPI não tem competência constitucional para editar leis, ainda que com vistas ao aperfeiçoamento do sistema legislativo, relativamente ao tema que ensejou a instauração da CPI. 235. A CPI tem competência para quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico de pessoa – física ou jurídica – sob a sua investigação, mediante decisão necessariamente fundamentada. 236. No curso de uma CPI no Congresso Nacional, não podem ser decretadas, entre outras, as seguintes medidas: busca domiciliar de documentos incriminadores; interceptação telefônica; proibição de o investigado se ausentar do país; proibição de o investigado se comunicar com o seu advogado durante a sua inquirição; seqüestro de bens. 237. CPI tem prazo determinado para encerrar os seus trabalhos. 22 238. CPI não pode exigir de testemunha que responda a pergunta que não tenha pertinência com o objeto da CPI ou que envolva assunto protegido pelo sigilo profissional. 239. A testemunha convocada para depor perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito no âmbito do Congresso Nacional e que entenda ilegítima a sua convocação pode impetrar habeas corpus para se livrar da convocação. 240. O tratado incorporado ao direito interno tem o mesmo nível hierárquico das leis. 241. Lei ordinária que dispõe sobre assunto próprio de lei complementar é inconstitucional. 242. Segundo a jurisprudência do STF, se uma lei complementar disciplinar uma matéria não reservada a esse tipo de instrumento normativo, poderá uma lei ordinária, disciplinando tal matéria, revogá-la. 243. Uma lei complementar que dispõe sobre assunto que a Constituição não reserva à lei complementar é, segundo a doutrina pacífica, válida e suscetível de produzir efeitos jurídicos. 244. A lei complementar se define por ser aprovada pelo Congresso Nacional mediante maioria absoluta (maioria dos membros da casa). 245. Leis complementares se sujeitam à sanção ou ao veto do Presidente da República. 246. Mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional, a matéria de projeto de lei rejeitado pode ser objeto de novo projeto de lei na mesma sessão legislativa. 247. Se um projeto de lei teve início na Câmara dos Deputados, poderá o Senado, em seguida, rejeitá-lo, hipótese em que será arquivado, ou poderá aprová-lo integralmente ou com emendas, sendo que, na segunda hipótese, o projeto seguirá, de imediato, para a sanção ou veto do Presidente da República. Em caso de emendas, estas deverão ser analisadas pela casa iniciadora. 248. O Presidente da República, depois de comunicado ao Presidente do Senado os motivos pelos quais vetou o projeto de lei, não pode mais revogar o veto e ter o projeto de lei como sancionado. 249. Na apreciação de projeto de lei delegada pelo Congresso Nacional, não se admitem emendas parlamentares. 250. Se uma lei recém editada é declarada inconstitucional pelo STF, em uma ação direta de inconstitucionalidade, é possível afirmar que, necessariamente, a lei em questão não é municipal. 23 251. Pode-se declarar inconstitucional uma lei pelo fato de ela ser manifestamente desarrazoada. 252. Nem toda lei que prevê efeito retroativo a ela própria é lei inconstitucional (art. 5º, XL). 253. O direito de petição, como assegurado na Constituição Federal, pode ser exercido em face de órgãos do Poder Executivo, do Legislativo e do Judiciário. 254. O parecer prévio, emitido pelo órgão competente, sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, pode ser rejeitado por dois terços dos membros da Câmara de Vereadores. 255. O Tribunal de Contas da União tem competência para fiscalizar a aplicação de recursos da União repassados a Município mediante convênio. 256. As contas de empresas supranacionais, de cujo capital a União participe, podem ser fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União. 257. O Tribunal de Contas não tem legitimidade para a suspensão das atividades de associação que desenvolva atividades nocivas ao bom andamento dos serviços públicos. 258. O Tribunal de Contas não pode determinar a busca e apreensão de documentos que saiba que se encontram na casa de agente público sob a sua investigação, mesmo que os documentos sejam essenciaispara o julgamento de um processo da sua competência. 259. O Tribunal de Contas não tem o poder de anular ou sustar contratos administrativos, mas pode determinar à autoridade administrativa que promova a anulação do contrato. 260. O Tribunal de Contas não pode determinar que a autoridade administrativa sujeita à sua jurisdição suspenda o pagamento de vantagem a servidores públicos, se o pagamento dessa vantagem tiver sido determinado por decisão judicial transitada em julgado. 261. É vedada a criação, por Municípios, de tribunais de contas municipais. 262. As decisões dos Tribunais de Contas estão sujeitas a revisão judicial. 263. Cabe aos Tribunais de Contas emitir parecer sobre as contas dos Chefes do Executivo, mas não lhes cabe julgá-las (art. 71, I). 264. Órgãos da Administração Pública indireta também estão sujeitos a prestação de contas a Tribunal de Contas (art. 71, II). 265. Uma lei ordinária pode dispor em sentido contrário ao que estabelece um tratado de direito internacional de que o Brasil faz parte, porque esse tratado, na visão do Supremo Tribunal Federal, não goza de hierarquia de norma constitucional entre nós. 24 266. Não sofre de inconstitucionalidade formal a lei federal, de iniciativa de parlamentar, que, versando sobre matéria tributária, concede benefício fiscal a certas categorias de contribuintes de impostos de competência da União. 267. Mesmo diante de demora do Chefe do Executivo em apresentar projeto de lei da sua iniciativa privativa, o Poder Legislativo não pode aprovar lei fixando prazo para que o projeto seja encaminhado. 268. Não é válida a lei municipal que fixa horário de funcionamento dos bancos e instituições financeiras nos limites do território do Município. 269. A lei orçamentária anual não pode conceder aumento para servidores públicos. 270. Há óbice jurídico a que se apresentem e se aprovem emendas parlamentares a projeto de lei de diretrizes orçamentárias que contrariem o plano plurianual (art. 166, § 3º). 271. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. 272. A distinção doutrinária, entre revisão e reforma constitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o atual texto constitucional brasileiro diferencia tais processos, ao estabelecer entre eles distinções quanto à forma de reunião do Congresso Nacional e quanto ao quorum de deliberação (art. 60, CF/88 e art. 3º, ADCT). 273. Segundo a CF/88, a Constituição Estadual deverá obedecer aos princípios contidos na Constituição Federal, porém, nas matérias em que não haja setores legislativos concorrentes entre União e Estados, não haverá subordinação das leis estaduais às leis federais. 274. A possibilidade de a União instituir, mediante lei complementar, imposto não previsto expressamente como sendo um imposto de competência da União, desde que seja não-cumulativo e não tenha fato gerador ou base de cálculo próprios de outros impostos discriminados na CF/88, constitui uma competência legislativa residual. 275. A inviolabilidade, ou imunidade material, dos membros do Congresso Nacional afasta o dever de indenizar qualquer pessoa por danos morais e materiais por ela sofridos em razão de atos praticados pelo deputado ou senador, no estrito exercício de sua atividade parlamentar. 276. Compete privativamente ao Senado Federal avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes. 25 CAPÍTULO III PODER EXECUTIVO 277. É competência administrativa de todos os entes da federação fiscalizar as instalações nucleares. 278. Os Ministros de Estado poderão ser processados e julgados nos processos por crime comum, independente de autorização da Câmara dos Deputados. 279. Na hipótese de impedimento do Presidente da República e do Vice- Presidente, serão chamados ao exercício da Presidência, sucessivamente, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal Federal. 280. O afastamento do Presidente e do Vice-Presidente do País, se superior a 15 dias, há de ser precedido da necessária licença do Congresso Nacional. 281. O recebimento de denúncia ou queixa contra o Presidente da República, por prática de crime comum, implica suspensão do exercício de funções presidenciais. 282. A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente implica, se nos dois primeiros anos do mandato, a realização de eleições noventa dias depois de aberta a última vaga. 283. Haverá eleições indiretas para Presidente e vice-presidente da República se ambos os cargos ficarem vagos nos dois últimos anos do período presidencial. 284. Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver maioria absoluta dos votos válidos. 285. Se nenhum candidato à Presidência da República obtiver a maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos, não computados os brancos e nulos. 286. O Presidente da República, na vigência do seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 287. O prefeito e o Governador podem ser presos durante o desempenho do seu mandato, pois a imunidade prevista no art. 86, § 3º, da CF/88, segundo o Supremo Tribunal Federal, é exclusiva do Presidente da República, não podendo ser estendida a eles. 288. O Prefeito será julgado pelo o Tribunal de Justiça do Estado (CF, art. 29, X). 26 289. Admitida a acusação contra o presidente da República por infração penal comum, ele será submetido a julgamento perante o STF. 290. A Receita Federal não pode, juridicamente, dar execução a uma lei que tenha sido julgada inconstitucional pelo STF em sede de ação declaratória de constitucionalidade, mesmo não tendo sido a União parte em tal feito. 291. Ainda que diante da omissão do Legislativo em editar leis que sejam necessárias para que o cidadão goze efetivamente dos direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal, o STF não pode, quando provocado, criar, ele próprio, as normas faltantes. 292. Ainda que o Presidente da República, estando obrigado a apresentar o projeto de lei da sua iniciativa exclusiva, não o faça tempestivamente, não poderá o projeto ser apresentado por comissão do Congresso Nacional nem poderá o Supremo Tribunal Federal legislar sobre o assunto, se provocado por meio de mandado de injunção. 293. Projeto de lei da iniciativa privativa do Presidente da República pode sofrer emenda no âmbito do Congresso Nacional. 294. Não será possível aumento de despesa via emenda apresentada ao projeto de lei resultante de iniciativa privativa do Presidente da República (CF, art. 63, I). 295. O Presidente da República só poderá solicitar urgência para apreciação de proposição que verse sobre matéria cujo projeto de lei seja de sua iniciativa. 296. A extrapolação, pelo Poder Executivo, no uso do seu poder regulamentar, caracteriza, segundo a jurisprudência do STF, uma ilegalidade e não uma inconstitucionalidade, uma vez que não há ofensa direta à literalidade de dispositivo da Constituição. 297. Se lei concede vantagem financeira a uma dada categoria de servidores públicos, deixando, porém, de concedê-la a outra categoria, em desacordo com as exigências do princípio da isonomia, esse tratamento diferenciado poderá, no âmbito do Judiciário, ser tido como inconstitucional, mas a vantagem não poderá ser estendida ao segmento do funcionalismo discriminado. 298. É de iniciativa privativa do Presidenteda República a lei que disponha sobre criação de cargos, funções e empregos públicos e sua remuneração (art. 61, § 1º, II, “a”). 299. O presidente da República pode delegar a Ministro de Estado sua competência para dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos públicos vagos (art. 84, parágrafo único). 27 300. Se o presidente da República não tomar posse na data fixada no texto constitucional, o cargo será declarado vago, após dez dias, contados dessa data, salvo motivo de força maior. 301. Será considerado eleito presidente da República, em primeiro turno, o candidato que atingir uma votação que seja igual ou superior à maioria absoluta dos votos apurados na eleição, não computados os em branco e os nulos. 302. Para a constitucionalidade da declaração de guerra, pelo presidente da República, no caso de agressão estrangeira, ela terá que ser submetida à autorização do Congresso Nacional, ou, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, deverá haver referendo. 303. Mesmo se o Presidente da República se convencer de que apenas um trecho do caput de um artigo do projeto de lei é inconstitucional, não poderá vetá-lo apenas em tal passagem, pois está vedado o veto a palavras. 304. Não cuida de assunto a ela vedado a medida provisória que cria adicional por tempo de serviço para os servidores públicos federais. 305. Medida provisória rejeitada pode ser reeditada na sessão legislativa seguinte àquela em que a rejeição se deu. 306. Medida provisória pode disciplinar assunto que tenha sido objeto de tratado já incorporado à ordem jurídica interna. 307. É possível o uso de Medida Provisória com a finalidade de abertura de crédito extraordinário para atender a despesas decorrentes de comoção interna. 308. Aprovado, pelo Congresso Nacional, projeto de lei de conversão, alterando o texto original da medida provisória, esta só perderá sua vigência quando o projeto for sancionado ou vetado pelo Presidente da República, ainda que isso ocorra após o prazo máximo de cento e vinte dias contados de sua edição. 309. A medida provisória pode ser editada para aumentar imposto. 310. É legítima a revogação de medida provisória antes do decurso do prazo constitucionalmente fixado. 311. São assuntos vedados à medida provisória: disciplinar como os partidos políticos devem se coligar para disputar eleições presidenciais; estabelecer requisitos para a promoção de Procuradores da República e de Juízes Federais nas respectivas carreiras; agravar as penas para crimes cometidos contra a Administração Pública; modificar a lei orçamentária em vigor. 312. Medida provisória não pode dispor sobre direito penal, nem mesmo para beneficiar o réu. 28 313. Medida provisória se sujeita ao controle abstrato da constitucionalidade, mesmo antes de convertida em lei. 314. As medidas provisórias que perderem sua eficácia por rejeição tácita ou expressa continuarão disciplinando as relações constituídas e decorrentes de atos praticados durante a sua vigência, se o Congresso Nacional não editar, até sessenta dias após a rejeição, um decreto legislativo disciplinando os efeitos da aplicação dessas medidas provisórias. 315. Cabe o uso de medida provisória para regular assunto que venha a ser objeto, hoje, de uma emenda constitucional (veja art. 246). 316. Supondo que uma medida provisória tenha aumentado as alíquotas do imposto de renda, é correto dizer que o aumento somente poderá ser cobrado no exercício seguinte àquele em que a medida provisória tiver sido editada e, ainda assim, desde que a medida provisória tenha sido convertida em lei até o último dia do exercício financeiro em que foi editada. 317. Uma constituição estadual pode permitir que o governador edite medida provisória, pois a CF não veda sua utilização ao estado. 318. A CF/88 não proíbe expressamente que o Município adote o regime das medidas provisórias na sua lei orgânica. 319. O Presidente da República não pode delegar a atribuição de editar medidas provisórias aos Chefes dos demais Poderes da República. 320. Os pressupostos da urgência e da relevância das medidas provisórias podem ser avaliados no âmbito do Poder Judiciário, em caráter excepcional. 321. Mesmo que rejeitada a medida provisória pelo Congresso Nacional, há caso em que as relações jurídicas decorrentes de atos praticados durante a sua vigência conservam-se regidas por essa mesma medida provisória (art. 62, § 11). 322. De acordo com a atual disciplina constitucional do tema, uma medida provisória pode revogar outra medida provisória que ainda esteja pendente de apreciação pelo Congresso Nacional. 323. São competências dos Municípios: suplementar a legislação federal e estadual no que couber; organizar e prestar, de modo direto ou sob regime de concessão ou permissão, o serviço de transporte coletivo no seu território; promulgar a sua própria lei orgânica; fixar a retribuição pecuniária devida ao Prefeito e aos Vereadores. 324. Embora a Constituição Federal determine que a criação ou extinção de cargos, no âmbito do Poder Executivo, deva ocorrer por meio de lei, no caso do cargo estar vago, sua extinção poderá se dar por meio de Decreto do Presidente da República. 29 325. Compete ao Conselho de Defesa Nacional, órgão superior de consulta do Presidente da República, opinar sobre assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático. 326. Integram o Conselho da República: o vice-presidente da República, os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. 30 CAPÍTULO IV PODER JUDICIÁRIO E MINISTÉRIO PÚBLICO 327. Ressalvada a competência da Justiça Militar, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, bem como os crimes contra a organização do trabalho. 328. Compete à Justiça Federal processar e julgar as causas movidas por funcionários públicos contra a União. 329. Compete aos Tribunais Regionais Federais o processo e julgamento de feitos quando a autoridade coatora for membro do Ministério Público da União (art. 108, I, a). 330. Compete ao Tribunal Regional Federal julgar os recursos contra as decisões dos juízes estaduais prolatadas em causas em que for parte instituição de previdência social federal. 331. Cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar habeas corpus contra ato de turma recursal de Juizado Especial. 332. Não cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar o Presidente da República nas ações civis públicas em que ele figure como réu. 333. Após a vitaliciedade, o juiz só perderá seu cargo por sentença judicial transitada em julgado. 334. Admitida pela Câmara dos Deputados a denúncia ou queixa contra o Presidente da República por prática de crime comum, será remetida ao Supremo Tribunal, que não está obrigado a receber a denúncia ou queixa. 335. Segundo a CF/88, são irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem Constituição Federal e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. 336. As causas que envolvam instituição de previdência social e segurado poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual, no foro de domicílio dos segurados ou beneficiários, devendo o recurso cabível ser interposto perante o Tribunal Regional Federal competente. 337. Compete ao órgão central da Procuradoria da Fazenda Nacional a representaçãojudicial nas execuções da dívida ativa. 338. O crime político deverá ser processado e julgado pela Justiça Federal, com recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. 339. Serão processadas e julgadas perante a Justiça Estadual, do foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja 31 sede de vara ou juízo federal, cabendo recurso para o Tribunal Regional Federal competente. 340. A independência do Poder Judiciário, assegurada constitucionalmente, não impede que um membro do Judiciário venha a ser processado e julgado pelo Poder Legislativo (CF, art. 52, II). 341. O Supremo Tribunal Federal é o foro próprio para o julgamento de mandado de segurança contra ato do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do TCU, do Procurador- Geral da República e do próprio STF. 342. Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 343. A autoridade judiciária não pode legislar, nem mesmo para o caso concreto, no bojo de um mandado de injunção. 344. Compete ao Ministério Público a defesa judicial dos direitos e interesses das populações indígenas. 345. Por serem de relevância pública as ações e serviços de saúde, é entendimento do STF que o Ministério Público Federal está autorizado a ajuizar ação civil pública contra a contratação de rede hospitalar privada, no âmbito do SUS, sem o devido processo licitatório. 346. O membro do Ministério Público não pode decretar a prisão de pessoa submetida à sua investigação criminal, exceto em flagrante delito. 347. Os integrantes do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas estão submetidos às mesmas normas que regem, no que concerne a direitos, vedações e forma de investidura no cargo, os membros do Ministério Público comum. 348. São instrumentos de atuação do Ministério Público da União: promover a ação direta de inconstitucionalidade e o respectivo pedido de medida cautelar, impetrar habeas corpus e mandado de segurança, promover o inquérito civil e a ação civil pública para a defesa de direitos difusos e coletivos, expedir recomendações a órgãos públicos, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública. 349. Sobre as funções eleitorais do Ministério Publico pode-se dizer que são próprias do Ministério Público Federal, em todas as fases e instâncias do processo eleitoral. 32 350. Entre outras, são atribuições do cargo de procurador-geral da República: exercer a chefia do Ministério Público Federal, dirimir conflitos de atribuição entre integrantes de ramos diferentes do Ministério Público da União, exercer a função de procurador-geral eleitoral, designar o vice- procurador-geral da República. 351. O procurador-geral da República deve ser ouvido previamente nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal. 352. Os membros do Ministério Público da União que oficiem perante juízos de primeira instância são processados e julgados, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelos Tribunais Regionais Federais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. 353. É incumbência do Ministério Público da União a defesa da ordem jurídica e do regime democrático. 354. O Ministério Público da União compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 355. O Ministério Público da União não compreende o Ministério Público Eleitoral. 356. O procurador-geral da República exerce a chefia do Ministério Público Federal e do Ministério Público da União. 357. A garantia de inamovibilidade dos membros do Ministério Público da União pode ser excepcionalizada por motivo de interesse público, mediante decisão do Conselho Superior, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa. 358. É vedado ao membro do Ministério Público da União exercer a advocacia, ainda que gratuita. 359. Para concorrer à vaga de juiz em Tribunal Regional Federal, no quinto constitucional, o membro do Ministério Público deverá ter mais de dez anos de carreira e ser indicado, pelo seu órgão, em lista sêxtupla, a ser encaminhada ao respectivo tribunal. 360. Em face do princípio da independência funcional, o membro do Ministério Público pode pedir a absolvição do réu no processo penal. 361. A autonomia administrativa e financeira assegurada ao Ministério Público da União compreende a elaboração de seus regimentos internos. 362. Da decisão de Tribunal de Justiça em representação para fins interventivos em Município não cabe recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal. 33 363. Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios (Súmula STF 733). 364. Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar (Súmula STF 735). 365. O Estado-membro que descumpre decisão judicial do Tribunal Superior do Trabalho está sujeito a intervenção federal requisitada pelo Supremo Tribunal Federal. 366. É cabível reclamação fundada na garantia da autoridade das decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal, entre outros, nos casos de decisão definitiva de mérito: (i) em ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente, com a proclamação da constitucionalidade da norma objeto de impugnação, (ii) em ação declaratória de constitucionalidade julgada procedente, com a proclamação da constitucionalidade da norma objeto de apreciação, (iii) em ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, com a utilização de interpretação conforme a Constituição. 367. Essa reclamação cabe também no caso de decisão liminar em ação declaratória de constitucionalidade que concede medida cautelar requerida pelo autor da ação. 368. Essa reclamação não cabe se há decisão liminar em ação direta de inconstitucionalidade que indefere medida cautelar requerida pelo autor da ação. 369. O procurador-geral da República tem legitimidade para apresentar diretamente à Câmara dos Deputados projeto de lei fixando novos valores de retribuição pecuniária dos membros e servidores do Ministério Público da União. 370. Créditos, decorrentes de sentença judicial, de natureza alimentícia também se sujeitam ao regime de pagamento por meio de precatório, porém, serão pagos com prioridade. 371. Não há hierarquia entre advogado, agente do Ministério Público e magistrado de qualquer categoria. 34 CAPÍTULO V UNIÃO 372. A criação de um Território, a partir do desmembramento de parte do território de um Estado, far-se-á por lei complementar, aprovada no Congresso Nacional, após aprovação da criação do Território, em plebiscito, do qual participa apenas a população diretamente interessada, sendo obrigatória, ainda, a audiência da Assembléia Legislativa do Estado. 373. É vedado à União tributar as rendas das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes. 374. A pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efetuadas mediante autorização ou concessão da União por brasileiros ou empresa constituída sobas leis brasileiras. 375. A Constituição Federal elenca, de forma precisa e expressa, a competência dos Municípios e da União, deixando a competência residual para os Estados-membros. 376. São bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental. 377. Os lagos e rios que banhem mais de um Estado ou sirvam de limites com outros países, os potenciais de energia hidráulica e os recursos naturais da plataforma continental são bens da União. 378. Segundo a Constituição Federal, a competência da União para emitir moeda é exercida exclusivamente pelo Banco Central (CF, art. 164). 379. As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei (art. 164, § 3º). 380. Em determinados casos, a intervenção federal poderá realizar-se sem a designação de um interventor. 381. A decretação da intervenção da União nos Estados, em razão de impedimento ao livre exercício do Poder Judiciário Estadual, darse-á por requisição do STF, provocada por pedido do Presidente do Tribunal de Justiça; nesta hipótese, a decretação da intervenção é obrigatória, não sendo mais um ato discricionário pelo Presidente da República. 35 382. Nos termos da CF/88, a responsabilidade civil por danos nucleares, independentemente da existência de culpa, é da União (art. 21, XXIII, c). 383. Segundo o STF, a intervenção federal para prover a execução de ordem ou decisão judicial consistente na determinação de depósito para pagamento de precatórios judiciários de natureza alimentícia sujeita-se à chamada reserva do financeiramente possível, e não será requisitada se o ente federativo estadual ou distrital comprovar empenho no cumprimento de suas obrigações constitucionais e demonstrar a existência de risco à continuidade da prestação de serviços públicos essenciais à população, caso seja forçado àquele pagamento. 384. Nas matérias da competência privativas da União, os Estados- membros, o Distrito Federal e os Municípios não podem legislar para suprir a falta de lei federal. No entanto, lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas dessas matérias. 385. Não há hierarquia entre leis federais, estaduais ou municipais, cada uma tratando de matérias de suas respectivas competências. 386. A Advocacia-Geral da União, diretamente ou por meio de órgão vinculado, representa judicialmente a Câmara dos Deputados. 387. O comparecimento de Ministro de Estado ao Senado Federal, por iniciativa própria, para expor assunto de relevância de seu Ministério é uma exceção ao princípio de separação dos poderes. 36 CAPÍTULO VI ESTADOS-MEMBROS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS 388. A Constituição prevê a possibilidade de decretação de intervenção federal no Distrito Federal e proíbe sua divisão em municípios. 389. O Distrito Federal dispõe de competência legislativa estadual e municipal. 390. O Distrito Federal não é dotado de todas as competências reconhecidas aos Estados-membros. 391. No âmbito do Distrito Federal, a organização da Defensoria Pública, do Poder Judiciário local e da Polícia Civil constitui tarefas de competência legislativa da União. 392. Constitui fundamento suficiente para a decretação da intervenção do Estado no Município a não-aplicação do mínimo exigido da receita municipal da manutenção e desenvolvimento do ensino. 393. A Constituição estadual não pode estabelecer que a representação interventiva, no plano estadual, seja proposta pelo Procurador-Geral ou Advogado-Geral do Estado. 394. No contexto de sua autonomia, os Estados-membros estão impedidos de instituir um regime parlamentar de Governo bem como constituir um sistema legislativo bicameral. 395. Não é legítima previsão constitucional que condicione a nomeação ou a destituição de Secretários estaduais à aprovação da Assembléia Legislativa. 396. Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado. 397. Embora os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva sejam bens da União, a Constituição Federal assegura aos Estados a participação no resultado da exploração de petróleo localizado na plataforma continental correspondente à extensão da área territorial do Estado. 398. Pertencem aos Estados as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros. 399. Os requisitos para nomeação dos membros do Tribunal de Contas da União contidos na Constituição Federal são de observância obrigatória pelo constituinte estadual. 37 400. O processo legislativo estabelecido na Constituição Federal é vinculante para o Estado-membro. 401. A Constituição Federal admite expressamente a possibilidade de delegação da competência legislativa federal para os Estados-membros. 402. O modelo de competência legislativa concorrente consagrado na Constituição Federal condiciona a elaboração de ato normativo estadual à não existência da norma federal. 403. Os Estados-membros estão impedidos de celebrar tratados internacionais. 404. Os Estados não dispõem de autonomia para disciplinar o sistema eleitoral a ser adotado para as eleições estaduais e municipais. 405. Não pode o Estado-membro estabelecer quorum para a aprovação de emenda constitucional mais rígido do que o previsto na Constituição Federal, tampouco pode adotar modelo de revisão constitucional simplificado. 406. A Constituição do Estado-membro pode exigir que o processo-crime contra o Governador do Estado dependa da autorização específica da Assembléia Legislativa. 407. O Governador, durante o seu mandato, somente poderá ser processado por crimes a ele atribuídos mediante licença da Assembléia Legislativa, se assim dispuser a Constituição Estadual. 408. É compatível com o princípio da separação dos Poderes inscrito na Constituição Federal que a Constituição de Estado-membro atribua competência ao Governador para dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração estadual, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, não havendo ilegalidade ou inconstitucionalidade se tal decreto revogar lei anterior em sentido contrário. 409. Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, que, ao concluir a votação, enviará o respectivo projeto para sanção ou veto do chefe do Poder Executivo estadual. 410. Os Estados-membros não podem recusar fé aos documentos públicos da União nem de outros Estados ou dos Municípios. 411. Na sua organização, os Estados-membros submetem-se aos princípios constitucionais sensíveis e aos princípios estabelecidos. 412. O Estado-membro vincula-se ao sistema de iniciativa legislativa privativa do Executivo fixado pela Constituição Federal. 38 413. Aplica-se aos deputados estaduais as regras da Constituição Federal sobre sistema eleitoral, inviolabilidade e imunidade. 414. Um Estado-membro da Federação brasileira não pode se desligar da União Federal (direito de secessão). 415. A respeito da iniciativa das leis, o Governador de um Estado-membro não tem legitimidade constitucional para dar início ao processo legislativo federal. 416. O Tribunal de Justiça tem competência para processar e julgar ação declaratória de constitucionalidade. 417. O Tribunal de Contas do Estado
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