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Transporte e dispersão de poluentes atmosféricos Profº Fernando Periard Gurgel do Amaral CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A atmosfera atua sobre as substâncias poluentes através de dois fenômenos fundamentais: o transporte e a difusão. Para determinar o campo de vento (responsável pelo transporte) existem vários procedimentos codificados nos modelos matemáticos chamados de modelos meteorológicos ou de campo de vento. Os modelos meteorológicos são códigos computacionais que permitem reconstruir a evolução espaço-temporal da variável que descreve o fluido atmosférico. Podem ser utilizados sozinhos, para validar as condições meteorológicas passadas ou futuras, ou como pré processadores de modelos de dispersão. Transporte e dispersão de poluentes atmosféricos TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Em função da escala espacial de aplicação, os modelos meteorológicos podem ser definidos da seguinte forma: • Modelos de escala global: têm como domínio de cálculo o planeta inteiro e reconstroem a circulação de grande escala; • Modelos de mesoescala: operam em uma escala espacial de 100 a qualquer milhar de quilômetros; e • Modelos de escala regional e local: operam em uma escala espacial da ordem de dezenas/centenas de quilômetros e permitem reconstruir a influência local do fluxo atmosférico (efeitos da orografia e presença de interfaces heterogêneas, por exemplo). TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Os modelos meteorológicos são, normalmente, aplicados como pré processadores de modelos de qualidade do ar e podem, eventualmente, utilizar suas saídas em modelos de escala maior para a definição da circulação de grande escala. Os modelos meteorológicos podem ser separados em duas grandes famílias: MODELOS DIAGNÓSTICOS MODELOS PROGNÓSTICOS TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Os modelos diagnósticos: Os modelos diagnósticos consistem, fundamentalmente, em algoritmos para interpolar as medidas efetuadas no domínio de cálculo. Os modelos mais difundidos que pertencem a este grupo são os considerados modelos massa-consistente, baseados na equação de conservação da massa. Requerem, como entrada, informações relativas à orografia e aos principais parâmetros geofísicos, como também medidas de vento no solo e ao longo de um ou mais perfis verticais para a frequência temporal requerida. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Os modelos prognósticos: Os modelos prognósticos permitem descrever a evolução do fenômeno atmosférico, sobre todo o domínio tri-dimensional considerado, através da integração do sistema de equações diferenciais constituído da equação de conservação da massa, da quantidade de movimento, da energia cinética turbulenta, da umidade e do calor. A integração do sistema consiste em reconstruir, não somente o campo de vento, mas também o de temperatura e o comportamento de alguma variável da qual seja possível retirar informações sobre a turbulência. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Estes modelos prognósticos, que podem ser utilizados também na fase de previsões, são mais sofisticados do que os diagnósticos, e para serem aplicados corretamente necessitam maiores recursos de cálculo, diversos tipos de dados de entrada (por exemplo, uma reconstrução mais refinada da caraterística da superfície) e um bom conhecimento dos fenômenos meteorológicos. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A dispersão de poluentes na atmosfera, ou seja, o movimento de poluentes na atmosfera é determinado, principalmente, pelas condições meteorológicas, Uma das principais condições meteorológicas para a dispersão dos poluentes é a turbulência da atmosfera. Segundo Assunção (2009), ela exerce um papel importante no transporte, na difusão e na diluição da poluição do ar. Essa turbulência é determinada pela velocidade do vento e pelo gradiente térmico. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A dispersão dos poluentes, após serem emitidos por determinada fonte de poluição, ocorre por uma interação complexa entre as características físico-químicas dos poluentes, as condições meteorológicas da região e sua topografia. A Modelagem de dispersão atmosférica consiste numa simulação de como os poluentes atmosféricos se propagam e dispersam. Hoje, se recorre a sistemas computadorizados que através da resolução de equações matemáticas, numéricas e algoritmos simulam o comportamento dos mesmos, de acordo com os conhecimentos atuais. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Os modelos de dispersão permitem estimar ou prever o comportamento de poluentes atmosféricos emitidos por uma determinada fonte, como uma unidade industrial, ou a poluição gerada pelo tráfego de automóvel. Os sistemas que fazem modelagem, permitem não só prever a direção, sentido ou velocidade, como as reações químicas que podem surgir. Tornam-se úteis não só na identificação dos emissores de focos de poluição, como na gestão de efluentes gasosos e de qualidade do ar, sendo por essas razões uma ferramenta importante nas agências governamentais de proteção e gestão da qualidade do ar. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA No caso de uma chaminé, a pluma de poluentes ao ser emitida, possui, muitas vezes, uma tendência ascensional (que obriga a subir), em função de parâmetros do próprio efluente, das dimensões da chaminé e da influência dos parâmetros meteorológicos no momento da emissão. Logo em seguida, a pluma adquirirá um movimento transversal, acompanhado de difusão em torno de sua linha central, que caracteriza o componente de difusão e transporte. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Plumas O comportamento final de uma pluma ao sair de uma chaminé pode ser subdividido em dois componentes principais: Ascensão da pluma. Difusão e transporte da pluma. Ao emitir a pluma a tendência é ascensional ditadas por parâmetros do próprio efluente, por dimensões da chaminé e pela influência dos parâmetros meteorológicos no instante da emissão. Logo a seguir, adota um movimento transversal, acompanhado de difusão em torno de sua linha de centro, que caracteriza a componente de difusão e transporte. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Pluma ideal: Partículas de maior peso começam a cair sobre o solo; Partículas mais finas continuam a subir até perder sua energia cinética e cair sobre o solo; e Restam as partículas que se comportam como gás e se adaptam ao processo de dispersão deste. Tendência ascensional da pluma TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Modelo de Pluma Gaussiana TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Dispersão esquemática da pluma TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA O comportamento de uma pluma na atmosfera é um processo complexo, que varia de acordo com as condições de emissão, ventos, turbulência e muitos outros fatores relacionadoscom o terreno e aerodinâmica. Para realização de estudos de impacto ambiental para novas fontes a serem instaladas, bem como para conhecer a real contribuição de fontes antigas na degradação da qualidade do ar em sua área de influência, normalmente de utiliza o recurso da modelagem matemática, que simula as concentrações de poluentes num ponto qualquer sobre o terreno. Os modelos matemáticos, por serem simplificações dos processos reais ocorridos na atmosfera, sempre possuem limites. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Os poluentes lançados continuamente por uma fonte irão se dispersar, resultando na formação de uma pluma. Estudar o comportamento da pluma significa estudar como o meio transporta e dispersa os poluentes. A forma da pluma de poluentes emitidos pode ser classificada de acordo com o perfil de temperatura da atmosfera. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Após serem emitidos por uma fonte os poluentes passam a se comportar, em termos de seu transporte e sua dispersão, de acordo com os parâmetros meteorológicos locais. O estudo do processo ideal de dispersão tem muita importância para estudar os valores médios diários de contaminação. Fatores meteorológicos que influem no sentido de provocar fortes valores de contaminação: ∙ movimentos verticais ∙ movimentos horizontais ∙ turbulência atmosférica Responsáveis, a partir do momento da emissão, pelo transporte do poluente e sua dispersão. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA As ilustrações mostram as possibilidades de desenvolvimento de pluma em função do gradiente térmico da atmosfera, desprezando os seguintes efeitos: diferença de densidade entre os poluentes e o ar, velocidade de saída dos poluentes e sedimentação dos poluentes. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Condição serpenteante / looping - Bélgica TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Condição tubular / fanning – Pluma da Termoelétrica de Charqueada - RS TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA TIPOS DE PLUMAS TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Existem algumas condições favoráveis a dispersão dos poluentes na atmosfera: TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA São três os fatores que influem sobre o comportamento de uma pluma: Os dependentes da chaminé (características das fontes emissoras); Os dependentes das condições meteorológicas e do meio; e Os dependentes exclusivamente do efluente (naturezas químicas e físicas). TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Características da fonte emissora / os dependentes da chaminé • Altura física da fonte emissora; • Altura da elevação da pluma: corresponde a altura até a qual se verifica a elevação da pluma a partir da fonte emissora (ou sobre-elevação); • Altura efetiva da fonte emissora: é dada pela soma das duas características anteriores; • Diâmetro da fonte emissora; • Forma da chaminé; e • Número de chaminés. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Condições meteorológicas e do meio • Temperatura atmosférica: quanto maior, maior será a taxa de evaporação do poluente da sua fonte emissora para o ar circundante; • Velocidade do vento: determina quais as áreas geográficas que serão afetadas pela pluma emitida. A extensão da área geográfica coberta pela pluma se encontra diretamente relacionada e este fator; • Direção do vento: determina quais as áreas geográficas que serão afetadas pela pluma emitida. • Estabilidade da atmosfera (gradiente vertical de temperatura): interfere com o grau de diluição; • Tipo de terreno e edificações próximos ao foco de emissão suscetíveis a criar turbulências mecânicas; • Rugosidade do terreno; e • Focos locais de calor. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Características dos poluentes / os dependentes exclusivamente do efluente • Taxa de emissão: deve ser conhecida a quantidade de poluente que está sendo emitida num dado período de tempo; • Temperatura que o poluente está sendo emitido (temperatura dos gases); • Velocidade que o poluente está sendo emitido (velocidade de emissão de gases); e • Composição do efluente. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Altura efetiva da chaminé A caracterização da altura de subida da pluma, em termos das propriedades dos gases emitidos e do estado atmosférico presente, é um problema complexo. A mais detalhada abordagem envolve a solução de equações de massa, momento e conservação de energia acopladas. Entretanto, devido a sua complexidade, essa abordagem não é usual. Para simplificar o tratamento da dispersão, é conveniente assumir que a dispersão inicia em uma altura fictícia acima da fonte, em vez de subir e dispersar como realmente ocorre. Essa altura fictícia é chamada de “altura efetiva da chaminé”. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A tendência ascensional da pluma ao sair da chaminé, cria aquilo que chamamos de altura de pluma efetiva. A altura efetiva da chaminé é definida como a altura na qual a pluma se torna passiva e passa a seguir o movimento do ar atmosférico. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A altura efetiva de uma emissão raramente corresponde a altura física da chaminé. Se a pluma é lançada livre de zonas de turbulência, um número de fatores de emissão e fatores meteorológicos influenciam na altura da elevação da pluma. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Modelos de dispersão horizontal: A dispersão da pluma ocorre em direção vertical e horizontal. A taxa a qual a dispersão horizontal ocorre, depende de: velocidade do vento; insolação; outros fatores que causam distúrbios e turbulência no ar (morros, edifícios, etc); altura efetiva da chaminé; intensidade da fonte; e gradiente térmico, entre outros. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A dispersão do ar poluído pode ser numericamente simulado por várias técnicas, as quais são divididas em duas categorias: Modelos Eulerianos. Modelos Lagrangianos. A diferença básica entre as duas resoluções é ilustrada na figura a seguir, na qual o sistema de referência Eulerianoé fixo (com respeito a terra), enquanto que o sistema de referência lagrangiano segue o movimento atmosférico médio. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA MODELOS EULERIANOS MODELOS LAGRANGIANOS TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICAVariação do cálculo da concentração com o tempo de amostragem: Os coeficientes de dispersão empregados nos modelos matemáticos foram obtidos experimentalmente, dependem do tempo de amostragem e dos períodos de emissão contínua utilizados nos experimentos. As concentrações calculadas com esses parâmetros devem ser corrigidas para os intervalos de tempo de interesse do estudo. A fim de confrontar os valores calculados com os padrões de qualidade do ar, os valores devem ser corrigidos para 24 horas. TRANSPORTE E DISPERSÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A figura abaixo mostra que a concentração média num ponto tende a diminuir com o aumento do tempo de observação.
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