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WH!TEBOOKS CONSELHO EDITORIAL Adriana Rocha Bruno, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Brasil Albertina Lima Oliveira, Universidade de Coimbra, Portugal Ana Cristina Almeida, Universidade de Coimbra, Portugal António Gomes Ferreira, Universidade de Coimbra, Portugal Armanda Matos, Universidade de Coimbra, Portugal Carla Isabel Vilhena, Universidade do Algarve, Portugal Cristina Sánchez Gimenez, Universidad Nacional de Educación a Distância (UNED), Espanha Darwin Ianuskiewtz, Centro Universitário de Araraquara (UNIARA), Brasil Elisa Pupiales Rueda, Universidad del Tolima, Ibagué-Colombia. Fabienne Lancella, Université de Poitiers, França Helder Manuel Henriques, Instituto Politécnico de Portalegre, Portugal Keyla Isabel Caiíizales, Universidad Centroccidental Lisandro Alvarado, UCLA, Venezuela Joaquim Armando Ferreira, Universidade de Coimbra, Portugal José Luís Garcia Cué, Colégio Pós Graduados Texcoco, México José Manuel Mansilla Morales, Universidad Complutense de Madrid, Espanha Luís Carlos Mota, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal Mariano Gutiérrez Tapias, Universidad de Valladolid, Espanha Sandra Cristina Valadas, Universidade do Algarve, Portugal Sofia de Lurdes Rosas da Silva, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal Walter Campi, Universidad Nacional de Quilmes, Argentina Wilmer Ismael Ángel Benavides, Universidad Nacional Abierta y a Distancia (UNAD), Colômbia FICHA T~CNICA TfTULO Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games ORGANIZADORES J. António Moreira; Daniela Barros e Angélica Monteiro AUTORES Aguinaldo Robinson de Souza Alejandra Sanchez Angélica Monteiro Cícera A. Lima Malheiro Daniela Melaré Barros Danielle A. Nascimento Santos Domingos Caeiro Edméa Santos Elisa Tomoe Moriya Schlünzen Fabienne Lancella J. António Moreira João Mattar Klaus Schlünzen Junior Leonel Morgado LynnAlves Marco Silva Maria de Fátima Goulão Mayra Rodrigues Fernandes Ribeiro Obdália Ferraz Sheilane Cilento Susana Henriques Tânia Maria Hetkowsky Wilson M. Yonesawa COLEÇÃO Tecnologias Educativas e Inovação Pedagógica CAPA E DESIGN Carlos Gonçalves IMPRESSÃO E ACABAMENTO Printhaus DEPÓSITO LEGAL 397140/15 ISBN 978-989-8765-25-3 DATA 1ª Edição, Santo Tirso, setembro de 2015 © WHITEBOOKS Rua de S. Bento, Edificio Cidnay- L 2 4780-546 Santo Tirso - Portugal geral@whitebooks.pt www.whitebooks.pt RESERVADOS TODOS OS DIREITOS. Esta edição não pode ser reproduzida nem transmitida, no todo ou em parte, sem prévia autorização escrita da editora. AMBIENTES VIRTUAIS, TECNOLOGIA S E SERIOUS Prefácio Perspetiva, no plural, é a melhor expressão para definir este livro. "Forma ou aparência sob a qual algo se apresenta" é uma das aceções da palavra que está plasmada no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Para começar, o livro trata, justamente, de algumas das formas de utilização dos ambientes virtuais em contextos educacionais, dadas a conhecer pelos diferentes colaboradores deste livro, refletindo os seus diferentes saberes e práticas. A história ensina-nos que o surgimento de uma tecnologia produz alterações na criação e distribuição da riqueza. Um novo avanço dificilmente surge como um avanço para todos. Em princípio, as vantagens exploradas por sociedades ou culturas que progridem, em relação a outras, criam um fosso entre os indivíduos com e sem acesso à tecnologia. Na sociedade do conhecimento, a ciência e a tecnologia vão conquistando os diferentes contextos que compreendem a vida. Transforma-se o nosso modo de pensar, de sentir e de atuar como aspetos fundamentais da dimensão cognitiva, axiológica e motora, que são dimensões essenciais do ser humano. Na sociedade do conhecimento as mais valias já não provêm dos fatores clássicos de produção "terra, capital e trabalho": advêm antes e sobretudo da tecnologia. Talvez esse seja um imperativo para que a educação reformule os seus objetivos, as suas metas, as suas pedagogias e as suas didáticas caso queira cumprir com a sua missão neste nosso século XXI. São as próprias instituições de ensino que devem ser capazes de encontrar condições para fazer face a esta contínua mudança educacional e que devem responder às necessidades do ser humano num mundo cada vez mais competitivo e numa constante renovação/inovação tecnológica. Como diz Bill Gates "as mesmas inovações tecnológicas que tornam tão necessário a aprendizagem permanente e atualizada, também o fazem de forma agradável e de forma funcional. Tal como as empresas se reinventam em torno das oportunidades abertas pelas tecnologias da informação, as instituições de ensino também terão que o fazer". A irrupção das TIC tem acompanhado o desenvolvimento histórico, gerando novos avanços, aos quais nem todos tem acesso, devido, sobretudo, a fatores socioeconómicos que lhes estão subjacentes. Embora não haja consenso na caracterização do tem sido apelidado como "fosso digital", existe acordo concetual em três premissas básicas: a primeira, no surgimento de uma economia baseada na informação e de uma sociedade em rede; a segunda, no papel fundamental das TIC no acesso ao conhecimento; e a terceira, que é causa e efeito das outras duas, traduzindo-se na capacidade de acesso às TIC e que contribui para a inclusão ou exclusão digital dos indivíduos. Este "fosso" gerado pela tecnologia da informação e comunicação manifesta-se ainda como uma cinética de aceleração permanente. O desafio do sistema educacional é desenvolver mecanismos para lidar, minimizar e acabar com a divisão de classes intelectuais, que ocorrem pelos tipos de uso da internet, tais como o critério utilizado e a qualidade de conteúdo, a que se tem acesso. As habilidades e competências chaves para o desenvolvimento do indivíduo neste século devem ser compartilhadas e desenvolvidas, sobretudo no sistema educacional, o que implica mudanças nas práticas pedagógicas, educacionais, de ensino e nas modalidades de aprendizagem. As características de tradicionalismo que ainda marcam muitas das nossas formações a nível do ensino superior são agravadas por deficiências frequentes nos métodos pedagógicos. Os professores do ensino superior não têm preparação pedagógica inicial e mesmo ao longo da sua vida profissional raramente têm a oportunidade de participar em cursos, seminários ou reuniões sobre pedagogia e métodos de ensino. A pedagogia fica ao sabor de cada um, do seu instinto e dos seus dotes naturais de comunicador. A mudança de paradigma educacional exige uma política ativa para os professores em exercício, de conversão digital, para garantir práticas pedagógicas e educacionais, através de programas de formação/qualificação com o recurso a ferramentas digitais. No entanto, a conversão de práticas de ensino ainda ocorre em ambientes de aprendizagem do século passado. Atualizam-se os conhecimentos, mas continuam a ser eles e a sua transmissão a marca do ensino. Os métodos pedagógicos evoluíram, mas é reduzido o recurso às novas tecnologias e a pedagogia continua a ser vista muito mais do lado do ensino que do lado da aprendizagem. Lembrando que as características distintivas da aprendizagem superior são o desenvolvimento da compreensão e a capacidade de aplicação de conhecimentos a situações práticas variadas, pode-se resumir toda essa mudança numa fórmula simples e muito significativa: o estudante como sujeito passivo do ensino é hoje substituído pelo sujeito ativo da aprendizagem. Mudou com isto o papel do professor. Mais do que transmissor de conhecimento, afirma-se como um facilitador de aprendizagens. Está hoje comprovado que a pedagogia de ensino e aprendizagem eletrónica temgrandes vantagens para os docentes. Eles podem aperceber-se mais facilmente das características e dificuldades de aprendizagem de cada aluno e ter uma ação pedagógica, de orientação e aconselhamento no estudo, muito mais eficaz. É mais um dos aspetos do que já dissemos. O professor é cada vez menos um fornecedor de informação e cada vez mais um "tutor" e facilitador de aprendizagens. Tal facto gera um círculo vicioso que obriga, permanentemente, à formação de professores. Ensinar no espaço virtual tem uma componente significativa na capacidade de aprender neste espaço. É essencial a educação virtual para a reconversão profissional dos professores, através da criação de competências, de estratégias educativas e de gestão "áulica" em ambientes virtuais. A educação a distância e o eLearning necessitam de novas competências para o ensino, necessitam do desenvolvimento de materiais didáticos, produzidos com recursos tecnológicos e educacionais diferentes, necessitam da elaboração de novos currículos, onde sejam introduzidas as competências que o estudante deve desenvolver para fazer face às exigências do mercado de trabalho. A educação a distância e o eLearning estão em constante expansão e mudança. É um processo contínuo de renovação das suas práticas e dos seus modelos conceituais, que se apresenta sempre em fase de experimentação: no desenvolvimento de modelos educativos, de novas teorias de aprendizagem e de novas políticas públicas. Trata-se de abordagens inovadoras para formular desafios de pesquisa e reflexão futuras. A mudança está vertiginosa e inquietante. Estamos a viver uma revolução no ensino superior, que vai até ao mais fundo dos seus conceitos e filosofia, das suas tradições, da sua missão e dos seus objetivos educacionais, da organização dos seus currículos, da forma de ensinar e aprender. Dentro de alguns anos, as universidades que souberem adaptar-se a esta revolução serão irreconhecíveis. Este livro intitulado Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games, cujos organizadores são José António Moreira, Daniela Barros e Angélica Monteiro, é um livro onde se aborda as ações desenvolvidas por atores integrados ou colaboradores de instituições de ensino superior. Por um lado, relacionadas com as competências de formação docente em ambientes virtuais, e por outro lado, com a utilização de tecnologias digitais interativas (serious games, ... ) em cenários de aprendizagem em rede. Os autores que neste livro colaboram quiseram propor um livro sobre as novas fronteiras da educação online para que possamos explorar outras abordagens e visões, com novos tópicos, em discussão ativa na comunidade académica. Apresentam novas perspetivas para responder a problemas do desenvolvimento da educação em ambientes virtuais e contribuem, ao mesmo tempo, para uma visão global das novas fronteiras deste campo educacional de ação. Os aspetos de fronteira no campo pedagógico, curricular, tecnológico, económico, internacional, normativo, do ensino, do digital, concetual e prospetivo são analisados pelos diferentes especialistas que colaboram nesta obra, cujo grande contributo nos permite visualizar que a educação a distância já não constitui uma fronteira na educação. Os autores desta obra sendo de várias instituições, mas unidos no mesmo propósito, apresentam-nos diversos cenários, projetando o conhecimento consolidado para novos horizontes. Sempre polémicos, sempre criativos, rompendo com os conhecimentos que, lentamente, se tornaram obsoletos. Analisam em profundidade a educação a distância nos seus principais temas: princípios pedagógicos, a formação docente online, o mundo virtual, as novas tecnologias da informação e comunicação, a educação baseada em competências, os serious games e o futuro da educação virtual. A Universidade Aberta (UAb), universidade pública portuguesa de Educação a Distância, tem como prioridade contribuir estrategicamente para a melhoria da qualidade da educação superior a distância, devendo, em conjunto com outras instituições, disseminar o conhecimento neste campo. Para atender a este compromisso, aceitei o desafio do José António Moreira, docente e diretor da Delegação do Porto da UAb, que em boa hora, decidiu juntar todos estes contributos, coordenando, com o seu cunho pessoal, esta obra. Estou convicto de que o conteúdo do livro Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games, se irá tornar um material de referência para os estudiosos desta área, já que cada contribuição reflete a experiência dos seus autores. Estas linhas servem para agradecer, a cada um, o pensamento e as experiências partilhadas. Termino dando conta do questionamento que este livro me suscitou. Ou seja, as novas fronteiras da educação a distância oferecem um conjunto de perguntas: o que é o futuro da educação a distância no contexto do sistema de Ensino Superior em Portugal? Como se irá reorganizar o ensino e o conhecimento no sistema educacional das instituições universitárias portuguesas? Ir-se-ão cristalizar as visões prospetivas da educação virtual e torná-las possíveis e desejáveis, ao mesmo tempo? Todas essas questões terão uma resposta adequada se forem superados os limites da educação e for desenvolvida uma educação a distância ou virtual com elevados níveis de qualidade. DOMINGOS CAEIRO Vice-Reitor, Universidade Aberta (UAb), Portugal Apresentação Face aos atuais desafios tecnológicos que se colocam à Educação, o recurso à Educação a Distância, ao eLearning, à Educação Online e aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem torna-se uma realidade incontornável, despertando, por isto, o interesse da comunidade escolar e académica e aumentando a necessidade de formação dos professores e de reflexão fundamentada acerca do seu papel no processo de ensino-aprendizagem. A introdução das tecnologias digitais em diferentes cenários de atividade humana, entre as quais a da educação e da formação, tem contribuído para reforçar o desenho de metodologias de trabalho e de aprendizagem baseadas na cooperação entre os seus membros. A aquisição deste tipo de competências, cooperativas e colaborativas, é de grande pertinência e deve ser transposto para diferentes âmbitos, nomeadamente na esfera do ensino, pois esta é uma competência extremamente pertinente e deve ser transversal a todos os cenários da vida das pessoas. A mudança de paradigma e de filosofia educacional, para uma educação aberta e em rede, exige uma política ativa de formação docente, de conversão digital, para garantir práticas pedagógicas de qualidade, através de programas de formação/qualificação com o recurso a tecnologias digitais interativas. Neste sentido, torna-se necessário uma valorização institucional da prática da educação online a par de um investimento na formação para a docência online. É no quadro dessas necessidades identificadas ao nível da eDocência que surge esta obra redigida por professores da Universidade Aberta-Portugal e de diferentes instituições de Ensino Superior do Brasil. O presente trabalho, que intitulámos Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games, centra-se, pois, na formação docente e nos possíveis cenários personalizáveis e virtuais de aprendizagem de interação lúdica, dinâmica, estimulante e cooperativa, destacando a importância dos jogos digitais no que respeita à capacitação e promoção de competências sociais, académicas e profissionais. No primeiro capítulo, Fátima Goulão reflete acerca dos papéis dos diferentes atores no processo educativo e do papel que, segundo a mesma, podem assumir as Tecnologias de Comunicação e de Informação (TIC) como reforço aos métodos tradicionais ou como nova oportunidade de aprendizagem, quando aliadas àmudanças na prática pedagógica. O segundo capítulo, de Klaus Schlünzen Junior, Elisa Schlünzen, Cícera Malheiro e Danielle Santos, aborda os ambientes virtuais de aprendizagem autoconfiguráveis. Este conceito diz respeito a um ambiente personalizável que inclui diversos materiais e recursos pedagógicos em formatos distintos e acessíveis aos utilizadores, de acordo com o seu perfil e com as suas necessidades. No terceiro capítulo, Edméa Santos e Mayra Rodrigues apresentam um contributo para o diálogo acerca da formação multirreferencial e com quotidianos enquanto fundamento para a formação docente no contexto da cibercultura. O texto aborda os pressupostos da pesquisa multirreferencial, a perspectiva da pesquisa na Educação e no currículo e, finalmente, convoca autores para questionar as práticas pedagógicas de caráter instrumental, naturalizadas no âmbito da formação docente e discente. O quarto capítulo, de autoria de José António Moreira, Angélica Monteiro e Daniela Barros debruça-se sobre a questão da necessidade da formação de professores para a docência na web social à luz do referencial teórico TPACK. O modelo analisado articula os conhecimentos científico, curricular, pedagógico e tecnológico no sentido de planear, conceber e utilizar ferramentas da web 2.0, como as redes sociais ou os ambientes virtuais multi-utilizador (MUVE), que possibilitam práticas pedagógicas interativas. O quinto capítulo, escrito por Marco Silva e Sheilane Cilento, tece considerações acerca de um estudo de caso sobre formação de professores para docência online, extraídas de investigação académica, e tem como objetivo principal contribuir para o debate acerca da qualidade desta formação. Debruça- se, ainda, sobre temáticas como a cultura digital, os saberes docentes, a docência no ensino superior e formação para a docência online, apontando possíveis caminhos para o incremento da qualidade desta formação. Por sua vez, no sexto capítulo, Fabienne Lancella e Alejandra Sanchez apresentam propostas de formação contínua online para docentes a partir da avaliação do projeto francês «Pairform@nce», que tem por objetivo acompanhar o desenvolvimento da utilização das TIC na sala de aula e estimular o trabalho colaborativo docente. Tânia Hetkowski, no capítulo sete, apresenta-nos um exemplo de práticas pedagógicas inovadoras, potencializadas pelas TIC e geradas pelos projetos A Rádio da Escola na Escola da Rádio e Kimera-Cidades Imaginárias, resultantes da parceria entre a Universidade do Estado da Bahia/UNEB e as escolas da Rede Pública Municipal de Salvador/Ba, envolvendo pesquisadores do grupo de pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade/GEOTEC, gestores, professores e alunos do ensino básico. O oitavo capítulo Ingress-potencialidades pedagógicas de um jogo georreferenciado de realidade alternativa em rede, de Leonel Morgado, inicia a temática relacionada com os games em ambientes educativos. Partindo da sua prática nesta área aborda as potencialidades pedagógicas de um jogo georreferenciado de realidade alternativa em rede com o objetivo de descortinar o potencial deste tipo de jogos para dinâmicas e atividades de aprendizagem formal ou informal. Este jogo, segundo o autor, requer coordenação de esforços, estratégias e colaboração; combina dados implícitos, explícitos e ocultos, requerendo cruzamento de informações e perspetivas entre jogadores; e requer adaptação rápida às consequências e dinâmicas sociais. O nono capítulo, de Wilson M. Yonesawa e Aguinaldo Robinson de Souza, discute questões relacionadas com os desafios enfrentados pelos professores advindos do avanço tecnológico e das características inerentes aos "nativos digitais". O texto pretende propiciar o debate e a reflexão acerca de questões como: Existe realmente um choque de gerações nas escolas? Quais os desafios enfrentados pelos professores? Como tornar essa tecnologia, tais como os jogos digitais, uma aliada em vez de um problema? Lynn Alves e Obdália Ferraz assinam o décimo capítulo Os jogos eletrônicos como espaços formadores de identidades leitoras. Estas autoras têm levado a cabo uma apreciável atividade de investigação nesta área, bem patente nos trabalhos publicados nos últimos anos. O texto selecionado para o presente livro ilustra bem esse trabalho, sugerindo uma reflexão estimulante acerca dos jogos eletrónicos entendidos, no meio educacional, como atividade estruturante do pensamento-linguagem, do conhecimento e da cultura. De acordo com as autoras estes jogos apresentam um enorme potencial na medida em que poderão ser utilizados para desenvolver nos sujeitos jogadores competências capazes de possibilitar práticas de leitura e de letramento contínuo. E essa possibilidade será uma realidade se (. .. ) o ato de jogar for entendido como um momento para um trabalho de reflexão e recriação por parte dos sujeitos/leitores/jogadores( ... ). A fechar este livro, João Mattar apresenta-nos um ensaio teórico, baseado em revisão da literatura, onde realiza uma abordagem às teorias da aprendizagem baseadas em jogos digitais (games) e princípios de design de games que podem ser utilizados em educação. Além de apresentar diversas teorias que orientam a utilização de games no ensino, neste texto o autor discute o conceito de gamificação e elabora elementos de games que podem ser utilizados em projetos de gamificação em educação. Estamos convictos de que o conteúdo deste livro evidencia o caráter aberto, flexível, inclusivo, dinâmico, colaborativo e global dos ambientes virtuais de aprendizagem. Aberto porque não se restringem à uma modalidade de ensino, nem a um local/hora específicos; flexível porque adapta-se às necessidades e ao perfil dos sujeitos aprendentes (professores e estudantes); inclusivo porque se fundamenta na aceitação do outro e no reconhecimento das diferenças e do crescimento advindo das interações; dinâmico e colaborativo porque as soluções tecnológicas estão em constante evolução permitindo novas soluções e novos desafios a cada momento, para os quais apenas o trabalho colaborativo pode dar resposta e, finalmente, global porque apesar da atenção a cada um em particular, é preciso não perder de vista as características do mundo globalizado que, se por um lado ameaçam a "perda de identidade" e dos "valores locais", por outro lado propiciam a escrita colaborativa de uma obra que espelha semelhanças e diferenças nos modos de pensar e agir da realidade educativa portuguesa, brasileira e francesa. Agradecemos a contribuição de todos os autores e esperamos que o leitor encontre aqui novas formas de ver e de pensar a sua realidade e possíveis caminhos para re-afirmar a importância do seu papel e da responsabilidade enquanto cidadão e, se for o caso, professor(a) num mundo cada vez mais tecnologizado e que necessita de ser cada vez mais humano. Os organizadores, ]. António Moreira; Daniela Barros; Angélica Monteiro CAPITULO 1 Ensinar e Aprender em Ambientes Virtuais de Aprendizagem MARIA DE FÁTIMA GOULÃO Universidade Aberta- Portugal Maria.Goulao@uab.pt SUSANA HENRIQUES Universidade Aberta- Portugal Susana.Henriques@uab.pt Introdução O ensino a distância fez já um longo percurso, desde o século XIX à atualidade. Para tal contribuiu a evolução tecnológica, ao proporcionar a criação de novos ambientes multimédia, que permitem cativar um número sempre crescente de utilizadores cada vez mais diversificados, qualificados e exigentes. Isto para além das razões de ordem social, económica, geográfica e médica que estiveram na origem e implementação deste sistema de ensino. Nas últimas décadas, o ensino a distância vem desempenhando um papel social de extremo relevo ao facilitar o acesso à formação inicial ou, em muitos casos, à reciclagem da formação adquirida, graças a mudançassignificativas nos ambientes de aprendizagem, em quaisquer contextos ou situações, em grupo ou individualmente. As transformações sociais, tecnológicas, económicas e culturais, que se vêm produzindo nos últimos tempos, têm repercussões em diferentes aspetos da vida dos sujeitos e não deixam de ter menos impacto na comunidade educativa. A evolução das tecnologias da informação tem sido um grande impulsionador no crescente incremento e consequente desenvolvimento do ensino aberto a distância, com recurso a redes e, em particular, à Internet, como intra-estrutura de suporte e desenvolvimento da formação. A Internet é, de facto, um meio eficaz de transmitir informação, com a possibilidade de atualização constante e imediata dos materiais disponibilizados. Isto é tão mais importante quanto cada vez mais o factor "tempo" é primordial no desenvolvimento dos sujeitos. Ligados a estas novas formas de estruturar o ensino estão o repensar do conceito de aprendizagem e a forma de o equacionar. Surge a necessidade de repensar o paradigma pedagógico utilizado até ao momento. Este paradigma pedagógico pressupõe um currículo dinâmico, em construção, aberto, que leva à reflexão crítica. Nesta perspetiva o enfoque é na aprendizagem, na promoção e no reforço das interações estudantes/professor e estudantes/estudantes, na colaboração e na partilha de conhecimentos entre todos os agentes, nas estratégias de trabalho colaborativo, com recurso a materiais e a estratégias que estimulem os estudantes a processar a informação autonomamente e de modo significativo, tendo em conta o seu estilo de aprendizagem e "afetivo" (motivação, expectativas, atitude, interesses ... ). Do cruzamento destes diferentes fatores surgem variadas formas de o estudante se relacionar com o sistema de ensino e com os conteúdos a apropriar existindo um aumento do número e tipo de práticas pedagógicas. Como não pode deixar de ser, os condicionalismos inerentes a este sistema de ensino comportam alterações na relação pedagógica, com repercussões tanto ao nível cognitivo e metodológico como ao psicológico. A Educação na Sociedade Digital e do Conhecimento O forte desenvolvimento, que as telecomunicações e a telemática têm vindo a sofrer, repercute-se, com grande ênfase, sobre os mais variados níveis da vida pessoal e social, bem como das sociedades contemporâneas. A aldeia global alarga-se e atinge cada vez mais zonas geográficas e mais âmbitos da realidade social. O acesso livre e imediato a um grande número de fontes e lugares de informação, integrado numa rede com nódulos dispersos por todo o mundo teve uma importância decisiva na globalização da sociedade. Todas estas alterações levam a um aumento quantitativo da informação disponível e acessível à grande maioria das pessoas. No entanto, se não existirem, por parte das pessoas e dos sistemas organizados, estratégias e competências para gerir estas doses de informação esta poder-se-á tornar desvantajosa e inconveniente. É necessário ajudar a assimilar esta informação e transformá-la em conhecimento. Como dissemos anteriormente, estas alterações repercutem-se em diferentes áreas da nossa sociedade. O campo educativo não poderia ficar alheio a esta realidade. A formação não pode basear-se na simples transmissão da informação, mas sim na potenciação de competências como o pensamento crítico, a gestão do conhecimento, o aprender a aprender, entre outras. Para tal são necessárias estratégias formativas baseadas em processos educativos inovadores que permitam o desenrolar de processos de aprendizagem eficazes. Os desenvolvimentos, na área das tecnologias da informação e da comunicação e da telemática, vieram trazer a este cenário um contributo importante. Estas implicam transformações a outros níveis da atividade humana, como é o caso da comunicação, da cooperação e da interação pessoal. As tecnologias digitais são ferramentas ou recursos que permitem, para além de armazenamento e transporte de informação, novas formas de acesso ao conhecimento e de relacionamento entre conteúdos e atores no processo. Com elas cresce também a necessidade de novas conceções do processo educativo, do desenvolvimento de novas estratégias de ensino - aprendizagem, de novas práticas mais flexíveis, em termos de tempo, espaço, conteúdos e processos. A Internet é, hoje em dia, um enorme repositório de informação a que podemos aceder de acordo com as necessidades inerentes a cada pessoa e que se ligam com tempo, contexto e caraterísticas individuais. O conceito de sala de aula está mais alargado e as suas fronteiras cada vez mais ténuas. :f: neste contexto que vimos, cada vez mais difundido, o eLearning com todos os desafios que o recurso a ele comporta. Através dele pretendemos criar ambientes de aprendizagem suportados pelas tecnologias da informação e da comunicação, cujo principal objetivo seja o da criação de conhecimento sem os constrangimentos de espaço e de tempo e recorrendo a um conjunto de estratégias que permitam criar uma verdadeira rede de conhecimento e de interações. Podemos pois dizer que a interação existe a um nível duplo - com o conhecimento e entre as pessoas. O eLearning é um processo social que deve facilitar a colaboração, a interação entre as pessoas e os conteúdos, e que implica alterações ao nível dos diferentes agentes implicados no processo - organização, professores e aprendentes. Situemo-nos a nível organizacional. A este nível é necessário estar apto a mudar e à consequente adaptação a esta forma diferente de equacionar o processo de ensino- aprendizagem. A mudança não deve ser só vista de um ponto de vista tecnológico, mas também em termos de mentalidade e de forma de estar. Esta realidade implica uma alteração cultural muito grande, pois vai obrigar a repensar os papéis de professor e de estudante, a relação entre estes e os conteúdos a serem apropriados, para além das implicações que devem ser concretizadas no plano de estruturação e planificação de cursos e currículos, sistemas de avaliação, formas de ensinar e aprender, metas a atingir, entre outros. Neste sentido existe uma vasta panóplia de opções em termos de modelos e metodologias a seguir tendo em conta os objetivos a alcançar. Desta forma podemos encontrar modelos mais tatuais, onde a primazia vai para o e-reading, até aos cursos online onde o learning by doing atinge a sua plenitude. Entre estes dois extremos existe um vasto leque de outras possibilidades de oferta. El"H+* Fig. 1 - Caminhos Vejamos alguns aspetos onde se fazem sentir essas alterações: - Novos conteúdos, novos currículos - A utilização deste sis tema permite uma maior flexibilidade, tanto na construção, como na própria utilização dos conteúdos, assim como dos próprios currículos. A sua distribuição também é feita de uma forma muito mais rápida e existe uma maior facilidade na sua alteração e reestruturação. - Novos recursos para a docência e sua gestão - A integração desta metodologia proporciona novas formas de trabalho com vista a facilitar o desempenho quer de professores, quer de aprendentes, no que diz respeito à oportunidade de realizar variados tipos de trabalhos; utilização de variadas tipologias de recursos e percursos, o que facilita a personalização do processo. Existe neste sistema um acesso aberto a variadas tipologias de informação. Informações relacionadas com os conteúdos a ministrar, como também informações de caráter mais 'burocrático', como seja o caso de listas e pautas de alunos. Ou seja, facilidade de acesso a fontes e serviços. -Novas formas de comunicar e trabalhar - Também encontramos aqui canais diversificados de comunicação e de colaboração para fomentar as trocas de informação, o trabalho colaborativo, a discussão e apresentação de trabalhos e pontos de vista, tanto de uma forma síncrona como assíncrona. Existe, assim, umestímulo a trocas e colaborações longínquas. Fig. 2 - Elementos do processo de ensino - aprendizagem Trata- se agora de ensinar os estudantes a aprender - aprender a aprender - recorrendo a metodologias motivadoras e flexíveis, onde se integrem diferentes recursos didáticos, conteúdos dinâmicos e interativos, onde se diversifiquem os canais de comunicação e as formas de trabalhar e onde estes disponham de margem para escolherem os itinerários, atividades e formas que estejam mais de acordo com o seu estilo de aprendizagem. Isto é, os estilos de aprendizagem definem a forma usual ou a maneira característica que um aprendente tem de responder às tarefas de aprendizagem. Eles indicam, de uma forma relativamente estável, como um aprendente perceciona, interage e responde ao ambiente de aprendizagem. Esta autonomia que é dada ao aprendente implica um maior auto- conhecimento da forma como estes se posicionam no processo de aprendizagem. A auto- regulação da aprendizagem é particularmente pertinente em contextos de aprendizagem que valorizem e reforcem a autonomia do aprendente. Os estudos mostram a particular relação entre a performance dos estudantes em sistema virtuais de aprendizagem e o seu sentimento de auto- eficácia. Em suma, procura- se uma maior personalização do processo de ensino- aprendizagem tendo em atenção variáveis que podem potenciar a autonomia e a construção do conhecimento. Fig. 3 - Eixos de uma ação formativa Estamos, pois, a referirmo- nos a um sistema onde se potencia uma maior abertura e flexibilidade com vista a uma maior eficácia e economia de esforços. O recurso às tecnologias da informação e da comunicação proporcionam uma macrobiblioteca com uma diversidade de assuntos e de formatos em junção com um dinamismo e interatividade na seleção e recuperação da informação. Os recursos educacionais abertos aparecem, neste contexto, como um poderoso aliado para a docência. Onde a flexibilidade de espaço de tempo, assim como, a democraticidade no acesso e na difusão são fatores essenciais para a sua utilização. A noção de tempo e de espaço ganha uma nova perspetiva pois permite um encontro de pessoas em tempos e espaços diferenciados e diferidos. Permite uma atualização constante e um pensamento em rede, em que a não- linearidade da comunicação é encarada de diferentes formas, individual ou multidrecional. Desta forma, os ambientes virtuais de aprendizagem colocam- nos perante um modelo pedagógico mais centrado nos processos de investigação caraterizados por: • Modelo didático centrado no aprendente, com as consequentes alterações nas suas competências • Alteração do papel do professor • Possibilidade de aprendizagem em rede, síncrona e assincronamente. Ambientes Virtuais de Aprendizagem: um Novo Papel para o Docente Neste ambiente, que descrevemos anteriormente, esta mudança metodológica exige uma alteração de mentalidade e de práticas docentes. A estes são atribuídas novas funções e responsabilidades. Assim, o docente, mais que transmitir conhecimentos, deve guiar o processo de aprendizagem do aluno por forma a desenvolver as suas capacidades, nomeadamente de aprender a aprender, da sua auto- aprendizagem e da sua autonomia. Para tal o docente deverá planificar e estruturar o processo educativo de uma forma aberta e flexível, que permita abordagens diversificadas, onde sejam inseridos recursos e materiais didáticos motivadores, dinâmicos, atuais, utilizando para isso uma metodologia interativa e cooperativa, colocando ao serviço da sua docência vários canais de comunicação. Fig.4 - Ação do docen te Ser docente num ambiente virtual não é só uma questão de adquirir um determinado número de conteúdos, é, sobretudo, uma alteração de mentalidade e de postura perante o processo de ensino - aprendizagem. O docente deve acompanhar, motivar, dialogar, ser líder e mediador, fomentando e mediando uma interação humana positiva. São apontadas uma série de mudanças no papel dos professores em interações mediadas por computadores, com os seus alunos, que reforçam a ideia do professor como guia e provedor de recursos . O docente deve estabelecer as diretrizes do trabalho para o estudante desenvolver o seu processo de aprendizagem reforçando a ideia de auto- aprendizagem. Neste sentido, preconiza- se uma maior sensibilidade aos estilos de aprendizagem dos estudantes. Em suma, espera- se de um docente, neste sistema de ensino, que seja criativo, que respeite as diversidades dos estudantes, proporcionando caminhos e formatos diversificados, por forma a motivar, incentivar e dinamizar para as aprendizagens, utilizando diferentes canais de comunicação. Espera- se que seja moderador nas relações interpessoais e intrapessoais e faça o seu papel de auto e hetero- avaliador, de conteúdos e desempenhos. Espera- se também que sirva de suporte e estimulo aos estudantes, regulando e orientando as suas emoções, afetos e atitudes. Sabemos que estes aspetos pesam extraordinariamente na aprendizagem online, pois, neste sistema de ensino, o esforço solitário dos aprendentes pode ser gerador de obstáculos, quer de ordem cognitiva, quer de ordem afetiva, que, por sua vez, se vão repercutir na sua aprendizagem. A questão da comunicação e do feedback, a dar aos alunos, tem sido muito importante, no mundo do ensino a distância, que se revestiu de várias formas, como seja o recurso à carta, ao fax, ao telefone e ao email, pois, nesta situação, não existe contato direto entre os docentes e os aprendentes. Este contato é feito com vista ao esclarecimento de dúvidas, que podem ser de caráter científico, formal ou até mesmo institucional. Por vezes, o recurso ao docente faz - se por uma necessidade psicológica, afetiva e de reforço, para a sua continuação no sistema de ensino. De acordo com Aretio (2002) "la eficacia y eficiencia de las instituciones educativas dependem en gran parte de la formación, capacidades y actitudes de sus docentes"(p.116) . No docente recaem pois as funções de motivador, dinamizador dos grupos e das interações, avaliador de aprendizagens e de recursos, criador desses mesmos recursos . Para manter a atualidade de conhecimentos, práticas, recursos, o docente deve reciclar- se continuamente, nas matérias e na pedagogia, através da investigação e da reflexão sobre a sua prática, tanto sozinho, como acompanhado por outros docentes . Estar sempre atento à pertinência dos conteúdos, dos planos curriculares e da bibliografia de referência. O docente deverá ter conhecimentos não só em tecnologia, como também deverá estar informado do seu novo papel e desenvolver uma atitude positiva face a este novo cenário, onde são necessários os professores próativos, motores do processo onde se espera que antecipem necessidades e dificuldades, sigam as aprendizagens dos alunos e os ajudem a manter o ritmo previamente estipulado. Podemos dizer que as suas novas funções e responsabilidades se repartem por quatro grandes áreas como se resumem na tabela seguinte: Atributos de um professor online Área Pedagógica Animador 1 dinamizador) moderador, faci litador, comunicador, líder e motivador Área Social Criador de ambientes positivos e amigáveis que fortaleçam as interações e os trabalhos colaborativos. Área Técnica Conhecedor e manipulador das TIC Área Organizativa Planificador e Decisor da agenda 1 dos objetivos 1 das avaliações das matérias por que é responsável. Assim, para dar resposta a estas funções e responsabilidades o docente deve possuir um conjunto de saberes que o ajudem na tomada de decisão quanto à adoção das estratégias de ensino mais adequadas ao curso, ao público e à situação. Canhecimentos sobre o desenvolvim~mto humano Fig. 5 - Áreas de conhecimento do docente O ensino virtual, ao proporcionar uma educação mais individualizada e mais flexível, também implica uma maior dedicação, emtermos de tempo. A este propósito elaborámos um questionário que foi aplicado a um grupo de 29 estudantes de ensino a distância, sendo 38% do sexo masculino e 62% do sexo feminino . A sua média de idades é de 40 anos, sendo a mínima de 29 e a máxima de 58 anos. São todos trabalhadores estudantes. A média de frequência deste tipo de ensino é de 2 anos e são oriundos de diferentes licenciaturas. O questionário solicitava, para além, dos dados de identificação que eles descrevessem, em 5 palavras-chave, as características principais do papel do docente em ensino a distância. A análise das respostas foi feita com base no estudo apresentado por Packham et ali (2004) sobre esta problemática. A distribuição das respostas, pelas diferentes categorias, encontra-se representada no Gráfico!. As 3 respostas mais significativas foram Understanding, Supportive and Empathetic (24,8%), Flexible and Adoptable (20,2%) e Assessor, Mentor & Teacher (17,4º/o) . Asnssor,Meri(lf& l ~õll;h eir -j Knowledgeal:Jle&ln1ormed ! ! Org !ll'jied, DltOitl lMd &CMi!l et ~nt (J IT C0011Jeleri. ô ' s,o 10,0 15,0 20 ,0 25 ,0 % Gráfico 1 - Distribuição das respostas pelas categorias Os resultados mais significativos das respostas a este questionário dão- nos conta da tónica que é colocada em aspetos relacionados, relativamente aos atributos do docente online, com a área pedagógica e com a área social. Comentários Finais A diminuição de constrangimentos espácio- temporais, que os ambientais virtuais trazem ao processo de ensino- aprendizagem, fazem deles um sistema mais democrático e atrativo, para quem dele depende para adquirir formação tanto a nível inicial, como a nível da formação contínua. São exatamente estes elementos que fazem destes ambientes um sistema de sucesso e onde os investimentos quer a nível tecnológico, económico, metodológico e pedagógico são cada vez maiores e mais bem sucedidos. Os avanços tecnológicos têm vindo a dar uma nova dinâmica aos sistemas de ensino a distância. As TIC abrem novas perspetivas para facilitar a aprendizagem. Elas são as ferramentas que complementam e são um suporte real e básico ao sistema formativo . Através das caraterísticas dos ambientes virtuais de aprendizagem de virtualidade - supressão de barreiras do tempo e de espaço - de globalidade e de ubiquidade - o campus está sempre connosco. Este novo formato implica alterações metodológicas, pedagógicas, psicológicas e até afetivas com as consequentes alterações de papéis e funções dos atores que nele participam. Assim, o docente passa de transmissor de informação a facilitador dos processos de aprendizagem, de ser a única fonte de informação, converte-se em assessor, mediador, orientador, dinamizador, motivador e animador do processo de aprendizagem. Procura para isso criar um ambiente positivo, dá tempo para responder, antecipa e resolve dúvidas e problemas. Planifica e estrutura conteúdos e atividades, recorrendo a diferentes formatos e estratégias. Ele é, pois, um gestor e organizador da informação e dos trabalhos em equipa. Em virtude da especificidade desta relação didática, aprendentes e professores, assumem agora novos papéis adequados às exigências e à complexidade inerente aos ambientes virtuais . Esta situação leva a que o professor incorpore novas competências, sem que abdique das anteriores. O aprendente encontra neste formato uma maior flexibilidade, que lhe permite alcançar objetivos que de outra forma lhe estavam vedados. As aquisições situam-se a diferentes níveis. A nível dos conhecimentos formais e a nível pessoal, com o desenvolvimento da sua autonomia, do seu sentido crítico e do trabalho colaborativo. Esta flexibilidade de tempo e de espaço permite uma melhor gestão da sua formação de acordo com as suas necessidades. Nos ambientes virtuais de aprendizagem um dos papéis mais importantes do professor é o de mediador/facilitador das aprendizagens. Isto significa que o professor deve ter como objetivo fornecer ajuda educacional apropriada para que os estudantes desenvolvam a sua capacidade de autonomia e de construção da sua aprendizagem. Assim, estes novos cenários de aprendizagem conduzem a uma mudança de atitude e de postura relativamente a todo este processo. Esta alteração deve ser tida em conta em ambos os lados - aprendentes e professores. 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CAPÍTULO II Ambientes Virtuais de Aprendizagem Au toconfiguráveis KLAUS SCHLÜNZEN JUNIOR Universidade Estadual Paulista - Unesp klaus@fct.unesp.br ELISA TOMOE MORIYA SCHLÜNZEN Universidade Estadual Paulista - Unesp elisa@fct.unesp.br C1CERA A. LIMA MALHEIRO Universidade Estadual Paulista - Unesp malheiro.cl@gmail.com DANIELLE A. NASCIMENTO SANTOS Universidade Estadual Paulista - Unesp danisantos.unesp@gmail.com Introdução Para compreender a natureza multidimensional da Educação a Distância (EaD), é necessário resgatar alguns aspectos relacionados à aprendizagem, concebida como planejada, ou seja, onde a pessoa (o ser aprendiz) se propõe a aprender auxiliada por outra pessoa (o tutor ou professor),que cria mecanismos para auxiliar a aprendizagem. Assim, um dos aspectos que diferenciam a EaD de outras modalidades de educação que usam tecnologias, são os locais e as formas de tomadas de decisão e de gestão da aprendizagem, bem como, a maneira como estudantes tem acesso aos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ou Learning Management Systems (LMS) e aos materiais disponibilizados pelos professores e tutores. Teorias como a abordagem construcionista permitem compreender a importância da gestão da aprendizagem em EaD, uma vez que esta refere-se à construção do conhecimento por meio da realização de atividades usando tecnologias. Porém, suas raízes metodológicas são bem mais complexas e fazem parte, de acordo com o seu criador (Papert, 2002), de uma família de filosofias educacionais que é uma oposição ao cenário instrucionista vivenciado ainda hoje nas escolas. Nesse sentido, o valor da instrução como tal e mesmo a afirmativa (endossada, quando não originada, por Piaget) de que cada ato de ensino priva a criança de uma oportunidade para a descoberta e não é um imperativo categórico contra ensinar, mas um lembrete paradoxalmente expressado para mantê-la sob observação. Assim, Papert (2002) acrescenta que: "a atitude construcionista no ensino não é, em absoluto, dispensável por ser minimalista, a meta é ensinar de forma a produzir a maior aprendizagem a partir do domínio de ensino" (p. 125). Papert (2002) também define a abordagem construcionista como: [ ... ] minha reconstrução pessoal do construtivismo, apresenta como principal característica o fato de que examina mais de perto do que outros 'ismos' educacionais a ideia da construção mental" (pp. 127-128). Portanto, estabelece uma relação pessoal com a aprendizagem, o que demanda por esta característica que ambientes de aprendizagem possam se adaptar ao contexto e interesse do estudante. Com isso, o modelo de construções mentais dentro da abordagem construcionista pode ser associado a conceitos de EaD, uma vez que, em alguns cursos nesta modalidade a aprendizagem ocorre por meio da colaboração entre os cursistas, onde estes assumem uma responsabilidade crescente em seu próprio processo de aprendizagem (Moore & Kearsley, 1996). Nesse modelo educamos e somos educados em um processo de interação e comunicação, onde o grande desafio é promover mudanças nos sistemas mentais e na prática profissional, possibilitando aos cursistas condições para serem construtores do seu conhecimento. Essas mudanças na aprendizagem virtual apontam para indícios de novos papéis de professores e cursistas no processo de ensino, modificando as formas de gestão da aprendizagem em EaD. Além disso, requerem que os ambientes de aprendizagem favoreçam os diversos estilos de aprendizagem e as necessidades de acessibilidade aos diferentes recursos: materiais didático-pedagógicos e meios de comunicação e interação. Temos observado que em nossa realidade escolar presencial, ainda atuamos em um modelo de educação bancária (Freire, 1983), em que o estudante tem sido identificado como depósito de informações descontextualizadas e sem sentido. Sendo assim, com o objetivo de romper com esse modelo, reconhecemos na EaD uma alternativa que pode gerar condições de oferecer conteúdos e práticas que podem mudar esse cenário, a partir do contexto do cursista. Nesse sentido, as transformações que ocorrem na escola antecedem fundamentalmente o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), já que esses recursos estão diretamente relacionados com as mudanças na prática pedagógica do professor. Assim, o verdadeiro foco da busca de uma melhor educação reside no homem, no ato de conhecê-lo como um agente de mudança, considerando os seus diferentes perfis de aprendizagem, em uma abordagem de construção e gestão do conhecimento. Nesta direção, a utilização de LMS pode contribuir para que estudantes e professores envolvidos no contexto de ensino e aprendizagem em EaD possam vivenciar e formalizar conceitos, criar desafios, resolver problemas. Com isso, a tecnologia pode ser utilizada para que o aprendiz represente e formalize conceitos e construa o seu conhecimento, de forma interativa, estabelecendo elevado grau de comunicação entre os agentes envolvidos. Nessa modalidade de educação, a aprendizagem torna-se um produto do ambiente, das pessoas, ou de fatores que são externos ao cursista, uma vez que o LMS é o "local" de aprendizagem. Além disso, para Ausubel (1980), a aprendizagem precisa ser significativa, onde o modelo de construção do conhecimento envolve processos de subsunção, diferenciação progressiva, aprendizagem superordenada e reconciliação integrativa. Portanto, para que seja atribuído significado à aprendizagem é necessário que os novos conceitos adquiridos pelo cursista sejam relacionados às informações já existentes em suas estruturas mentais. Por meio da resolução de problemas, por exemplo, ocorre o aperfeiçoamento da aprendizagem, gerenciada pelo próprio estudante. Porém, os LMS são plataformas concebidas de forma impessoal, com a mesma configuração para todos os usuários. Esse cenário é ainda mais restritivo para alguns sujeitos, por exemplo, para as pessoas com deficiência, que necessitam de recursos específicos para um envolvimento de forma eficiente com o conteúdo e interativo com as pessoas e materiais. Portanto, é necessário criar LMS com acessibilidade e usabilidade, ou seja, com características como recursos e materiais didáticos em diferentes formatos, tais como: animações, simulações, vídeos, PDF acessíveis, matena1s para plataformas diversificadas (tablet, celular, netbook, notebook, desktop ). Este capítulo descreve uma experiência de construção de um LMS autoconfigurável, que identifica o perfil e as opções definidas pelo usuário e personaliza os recursos do LMS de maneira a atender as necessidades do estudante, favorecendo uma melhor estrutura para gestão da aprendizagem. Learning Management System Autoconfiguráveis Segundo Moore e Kearsley (2011), um sistema de gestão da aprendizagem em EaD é formado por componentes que operam quando ocorre o ensino e a aprendizagem a distância. Esses componentes são, além do aprendizado, o ensino, a comunicação, a interação, a criação e o gerenciamento. De acordo com os autores, para compreender esse esquema: pense apenas no significado real quando usamos um termo como "aprendizado": considere como é complexo o subsistema composto por dez alunos adultos, cada um dos quais interagindo com os demais e com o conteúdo de um curso. Considere também como, à medida que esses processos ocorrem, são afetados e exercem um impacto sobre certas forças no ambiente em que operam: os ambientes: físico, político, econômico e social, em particular. Portanto, mesmo essas estruturas, no interior das quais o sistema educacional opera, podem ser vistas como parte de um supersistema mais amplo (p. 9). Com isso, ao criar uma ação de educação a distância, que tem a experiência como fonte de aprendizagem e as características e funcionalidades das tecnologias e acessibilidade integradas aos ambientes virtuais, favorecemos a oportunidade de autoaprendizagem, por meio da busca da orientação e acesso individual, do atendimento pelo professor de necessidades pessoais, considerando os diferentes ritmos de trabalho e preferências e estilos de aprendizagem (Cavellucci & Valente, 2007). Assim, os programas de EaD devem criar condições para que os cursistas desenvolvam competências para usar a tecnologia e representar suas ideias em um movimento de aprendizagem significativa, potencializando a criação de espaços de participação, colaboração, desejo de ouvir e aprender com as experiências do outro, demarcando assim um território de ambiente virtual de aprendizagem que se autoconfigurade acordo com o estudante e seu perfil. Esses programas devem conter: uma fonte de conhecimento que deve ser ensinada e aprendida; um subsistema que estruture esse conhecimento em materiais, tarefas e atividades para os aprendizes (cursos); outro subsistema que disponibilize o curso para os aprendizes e que permita o acompanhamento, a avaliação e a interação para aferimento dos resultados (ambiente virtual de aprendizagem); professores (responsáveis pela elaboração do conhecimento em forma de conteúdos e materiais diversos); estudantes (em ambientes e contextos distintos) e, finalmente; uma organização educacional que tenha estrutura política e administrativa que permita o gerenciamento de todos esses elementos. No Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp/São Paulo/Brasil), são propostos cursos na modalidade a distância, em nível de extensão, graduação e pós-graduação, considerando os pressupostos presentes no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade como: a necessidade de garantir sua presença no cenário social brasileiro como lócus de produção e disseminação do conhecimento, a missão de formar indivíduos dotados de cultura e conhecimento científico e tecnológico, que tenham condições de contribuir para o progresso material e cultural do Brasil e do mundo (UNESP, 2009, p. 19). Com isso, o NEaD, além de definir políticas institucionais para EaD na Universidade, projeta formação em tecnologias em conjunto com a comunidade acadêmica para atender a necessidade de construção de práticas e para formar uma estrutura acadêmica de apoio a cursos nesta modalidade organizando, administrando, implementando e avaliando projetos na área. Neste contexto, para a realização dos cursos em EaD, é prevista a utilização de dois ambientes web: JOOMLA, um Content Management System e o Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) 2.5, que é o LMS adotado. Esses sistemas, presentes na quinta geração de EaD, podem ser configurados a partir de métodos construcionistas de aprendizagem com colaboração, disponibilizando texto, áudio, vídeo, imagem e outros recursos, em uma única plataforma de comunicação (Moore & Kearsley, 2011) e que, além de todos esses recursos, pode ser acessível, conforme descrição a seguir e cuja concepção norteia o trabalho de pesquisa da equipe. O conceito baseia-se fundamentalmente na ideia que os sistemas de EaD se adaptem ao estudante, e não o contrário. Com isso, implanta- se um novo olhar para interfaces mais amigáveis, mais acessíveis e mais centrados no estudante de EaD, cujos benefícios se estendem para diversos ambientes de aprendizagem, inclusive os presenciais, uma vez que o conceito de escola inclusiva prevê a participação de todos os estudantes nos diversos contextos de ensino e de aprendizagem. A autoconfiguração vai ao encontro do oferecimento de ambientes customizados e personalizados, conforme será descrito a seguir. JOOMLA e Moodle 2.5 na Unesp Considerando a web 2.0 como parâmetro de disponibilização de LMS, o NEaD prioriza o gerenciamento de cursos por meio de plataformas que permitem personalização e facilidade de acesso, para suprir as reais necessidades dos estudantes, com recursos para gestão de competências, possibilidades de registro e interação, sistemas de avaliação, sistema de autoria, ferramentas de cooperação e de acessibilidade mas, além de todos esses recursos, alinhados aos padrões internacionais, propõe cursos com propostas pedagógicas construcionistas, fundamentadas nos princípios educacionais da instituição e viabilizados por meio das plataformas JOOMLA e Moodle 2. 5. O JOOMLA administra o conteúdo e é a via de entrada para o Moodle 2. 5, ou seja, é uma extensão que interage com o sistema de LMS e que é empregado nos cursos a distância, em blended learning e/ou em apoio a aulas presenciais vinculados ao NEaD. Este sistema possibilita o gerenciamento de diversos serviços como: gerenciamento do curso, matrícula de alunos, gerenciamento de senhas, gerenciamento e publicação de conteúdo, área individual ou compartilhada, na qual o usuário pode fazer download e visualização de materiais, área para publicação de informes de interesse geral, área de configuração do perfil pelo usuário (Tori, 2010). Para tanto, a interface Web implementada para contemplar as configurações dessa plataforma é um Portal denominado Edutec, como ilustra a Figura 1. unesp+ =-...::=..- e li '":>:>:s ·! "~~;;i ; llr.Jek • mi 4• 4 . AW ~"'t• ..U 111111 11 .., li 1 ~~~.:::.~~ ck 1 1 ~---.-:., ( . ---··~. ,,/- -- llW!l~!rrl,.fl'tltCIMll'1-"L1'1~8 lliot111dior..0.11•b4it- .... --.~ .. .., .. '""'' •·· ·· - .. ··-- ·-- ... _ .. --..... .... ..... .. ....... ----~--. ---... • 1-i... ·---"··---·- ... - ........ , _ _.., ··-·-··-···-, ... __ ...... - .... --.- ... - .... .-..... 1:: , .... ... --.-.... ... - ....... - .__. ...... l~•l·•••ll• .... - ,._. .... - .. ,,_. ________ ................. -..._ .... ..,.,- Fig.1- Portal Edutec - http ://edutec.unesp .br Por sua vez, o sistema Moodle é uma plataforma gratuita, de código aberto e modular que facilita a incorporação de novos recursos e funcionalidades. Esse sistema foi desenvolvido a partir de uma tese de doutorado (Martin Dougiamas), que partiu do seguinte questionamento: "Como programas de internet podem dar suporte com sucesso às epistemologias social-construcionistas de ensino e aprendizagem?" (Tori, 2010). Por isso, o sistema possui vários recursos para implementação e desenvolvimento de cursos e atividades, como: criação de cursos e disciplinas; registro de atividades e de acessos realizados pelos usuários; cálculo e publicação de notas; criação, armazenamento, edição e exibição de conteúdo multimídia; correio eletrônico, serviço de mensagem que possibilita a comunicação síncrona e a troca de documentos entre usuários que estejam conectados ao sistema; sala virtual para encontros e troca de mensagens síncronas, podendo ser de texto, voz ou vídeo; recurso de comunicação assíncrona que possibilita a organização das discussões por assunto, por disciplina, por curso, por turma, por grupo, recursos para gerenciamento da aplicação e correção de avaliações (testes de múltipla escolha ou provas dissertativas) com possibilidade de sorteio de questões e de alternativas, programação de horário para disponibilização da avaliação aos alunos controle de tempo de realização; correção automática, cálculo e publicação de médias; geração de estatísticas e até mesmo feedback automático ao aluno sobre o seu desempenho; área de apresentação do aluno e professor, que oferece ao aluno ou grupo de alunos, recursos similares aos disponíveis ao professor para publicação de conteúdo multimídia (Tori, 2010). Para a elaboração e desenvolvimento dos cursos em EaD pelo NEaD, o Moodle 2.5 (Figura 2) foi configurado para disponibilização de recursos de acessibilidade, blocos específicos e layout personalizado. Para atender aos padrões de definição de perfil, seleção de recursos compatíveis com o perfil, a equipe de Tecnologia de Informação implementou um sistema de gerenciamento das informações dos usuários no JOOMLA (Figura 3) e que teve como base os estudos realizados pelos pesquisadores do projeto "Observatório da Educação - OBEDUC/UNESP/CAPES", intitulado "Tecnologia Assistiva e Atendimento Educacional Especializado: um mapeamento sobre as estratégias, práticas, serviços e recursos de acessibilidade no processo de inclusão escolar de estudantes público-alvo da Educação Especial", que conta com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O objetivo do observatório é analisar as práticas e estratégias de uso de tecnologias desenvolvidas e utilizadas pelosprofessores nas escolas públicas brasileiras. O referencial teórico é pautado em estudos sobre Educação Inclusiva, Tecnologia Assistiva e Acessibilidade na Escola, as Práticas de Inclusão e a Formação de Professores em Educação a Distância. r --=ç----;+ ·--p ·h·qç- -- -·ff*i w p ·i .7 1 . --3 -·M l'iv ... t.iu.1 .. ~.,,,_, .. e.,..., ... ~~"1 ....... ..., ..... t~~~ .. ,. ............ ... ... ..... ~, ............... .. 11M·-~1 .. _ ·r2 ~~;:·~ ~::~1-1.:~;;~,:~:~~::~-- ... ~" , _,,.,,,,..p,•w• ... ............ ........ ...... ~ ...... , .. °''"' · .. ,....,,., ;'o• L.1o :U • . 1 11."t:•.1:"· ' '"' Y. , , .... . ,, .. , , • • -.-, •• ,, _ .... ,. .. ,,., ., ,,. • • • • •·""'" ' ... ,,.,_ ., .......... .. ~ ...... . 1.• - :;,•-. ,..,.. ' , ., ,,. . ~ ... ,,.,... • , ''"""' -· ··- ....... 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Conforme indica na Figura 3, estes recursos são: Libras (Língua Brasileira de Sinais), audiodescrição, legendas, auto contraste, sem recursos, plataforma Ipad, e plataformaAndroid. Um dos exemplos registrados na Figura 4 é a configuração da plataforma para a disponibilização de vídeos com Língua Brasileira de Sinais (Libras), tornando o conteúdo acessível para pessoas com deficiência auditiva/surdez. Uma vez selecionado este recurso no perfil individual, todo material é apresentado com este recurso, sem a necessidade do estudante solicitar a cada sessão de trabalho comoLMS. Fig. 4 - Plataforma com Libras A plataforma também recebeu a análise de três validadores online: DaSilva (http://www.dasilva.org.br/), Wave (http://wave.webaim.org/) e Hera (http://www.sidar.org/hera/index. php. pt), seguindo padrões W3C de acessibilidade. O Consórcio World Wide Web (W3C) é um consórcio internacional no qual organizações filiadas trabalham juntos para desenvolver padrões para a Web. Um dos principais objetivos do W3C é tornar esses benefícios disponíveis para todas as pessoas, independente do hardware que utilizam, software, infraestrutura de rede, idioma, cultura, localização geográfica ou capacidade física e mental. Assim, os seguintes aspectos foram identificados e aprimorados: • Em relação ao acesso ao ambiente, os leitores de tela Job Acess With Speech (Jaws) e o NVDA passaram a realizar a leitura a partir do espaço onde o usuário faz login na página, o que garante acesso desde o início aos estudantes. • As dificuldades de acesso e leitura do conteúdo do curso foram detectadas e ações foram implementadas para aprimorar o ambiente, tais como o acesso aos menus e submenus. O leitor de tela não reconhecia os submenus dos menus, e isso inviabilizava o acesso ao conteúdo. Assim, a necessidade de algumas melhorias na navegação no ambiente (Figura 5) também foram detectadas e aprimoradas, como as apresentadas a seguir: • Botão de acessibilidade - Acrescentou-se um botão para acesso a uma página onde são descritos os recursos de acessibilidade implementados no Moodle. • Pular para o conteúdo - Foi incluído um botão para pular diretamente para o conteúdo do curso. • Botão de Aumento [A+] - Os botões de acessibilidade A+ (aumento das letras e tela) estavam com limites no aumento. Para tanto, foi indicado que fossem alterados os limites, para ampliar a possibilidade de aumento por meio desse botão. Para isso, foi preciso alterar o layout da imagem, para que o layout acompanhe o aumento da tela. • Contraste - Sobre o contraste da tela, há a necessidade da inserção de níveis de cores diferentes. Por exemplo: no texto pode ser o branco e quando houver texto com hiperlinks usar o amarelo. Se houver outras variações em menor quantidade, outras cores podem ser indicadas. e s !t ••, ' ! 1 f 1 j 'r' '1'ãr ' j. L' 1 i • ,_,...ncall'"llMW141" C:trMI Otf~PKi!ibllfki"' ....,. .... E....aoflPM=qla. ............ "'a.M MtbillOttKt -~"' 111t2H41EE~Wt.Q Fig. 5 - Acessibilidade no Ambiente Finalmente, o conhecimento gerado na execução dos cursos é um ativo valorizado pelo NEaD para implementação das estruturas de acesso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Consideramos, a partir de todas as implementações validadas, que o LMS autoconfigurável pode auxiliar na gestão da aprendizagem com recursos que se adaptam às necessidades dos estudantes. O que se propõe é que, durante a realização dos cursos, os estudantes sejam coautores dos conteúdos ministrados, trocando informações e experiências, que ficam registradas nos ambientes. No entanto, ainda é necessário vencer desafios de criação de situações didáticas voltadas a uma aprendizagem de fato significativa, que ao mesmo tempo amplie o acesso ao conhecimento institucional e reduza custos na produção dos cursos. Considerações Finais O resultado das implementações nos LMS utilizados pela Unesp mostram que as ferramentas autoconfiguráveis transformam a tecnologia em um recurso acessível que atende a uma EaD contextualizada, partilhada e inclusiva. Porém, a junção e o desenvolvimento dessas tecnologias implicam também repensar as abordagens pedagógicas institucionais. Retomando a concepção da abordagem construcionista, observamos que Papert (1994 apud BRASIL, 2oooa p. 49) articulou conceitos da inteligência artificial com a teoria piagetiana, propondo uma metodologia ou filosofia que resultou em diferentes ambientes educacionais que utilizam recursos tecnológicos, permitindo a gestão da aprendizagem e a construção do conhecimento. De acordo com Piaget (1972, p. 14), o conhecimento não é transmitido, e sim construído progressivamente por meio de ações e coordenações de ações que são interiorizadas e se transformam. É nesse sentido que a inteligência surge de um processo evolutivo, no qual fatores diversos necessitam de um tempo para encontrar seu equilíbrio. Brasil (2oooa) contribui nessa explicação retomando o conceito de assimilação, acomodação e adaptação de Piaget: Assimilação e acomodação são os mecanismos básicos necessários à construção do conhecimento resultante de um processo de adaptação que se constitui na interação entre sujeito e objeto. Assimilação é a ação do sujeito sobre o objeto, isto é, o sujeito atua sobre o objeto e o transforma pela incorporação de elementos do objeto às suas estruturas, existentes ou em formação. Acomodação é a ação do sujeito sobre si próprio, ou seja, é a transformação que os elementos assimilados podem provocar em um esquema ou em uma estrutura do sujeitos. A adaptação é um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação (p. 59). Nesse movimento, os sistemas de gestão de aprendizagem autoconfiguráveis devem disponibilizar informação sob demanda, de forma que possa ser utilizável imediatamente e por qualquer pessoa.Assim, se o cursista precisa de informações e conceitos específicos, deve tornar fácil o acesso a essa informação. De acordo com Papert (2002): [ ... ] a ideia de John Dewey de que as crianças aprenderiam melhor se a aprendizagem verdadeiramente fizesse parte da experiência de vida; ou a ideia de Freire de que elas aprenderiam melhor se estivessem verdadeiramente encarregadas dos seus próprios processos de aprendizagem; ou a ideia de Jean Piaget de que a inteligência surge de um processo evolutivo no qual muitos fatores devem ter tempo para encontrar seu equilíbrio; ou a ideia de Vygotsky de que a conversação desempenha um papel crucial na aprendizagem (p. 21). Assim, cada aporte teórico estudado que consubstanciou a abordagem de Papert, pode ressoar com uma atitude respeitosa aos cursistas em EaD, em uma filosofia social democrática, porém, por si só não tem efeitos educativos segundo o autor (Papert, 2002). De acordo com Brasil (2ooob), Papert baseia-se também na teoria de Dewey, atribuindo grande importância à experiência significativa. Esses pressupostos contribuem para a EaD, possibilitando a criação de um ambiente de aprendizagem e de descoberta, no qual o discente e o educador se engajem em um trabalho de investigação científica, em que ocorre o processo cíclico ação- testagem-depuração-generalização, o autodomínio na representação e o estabelecimento de conexões entre os conhecimentos que o aluno possui (já existente) para a construção do novo conhecimento. A pedagogia progressista e emancipadora proposta por Freire, de acordo com Brasil (2oooa p. 53), fundamenta a EaD, permitindo pensar na construção de espaços para que o estudante construa seu próprio conhecimento, sem se preocupar em repassar conceitos prontos, depositando informações. Nesse sentido, o discente desenvolve relações entre ação e reflexão por meio de experiências concretas. Portanto, o uso de tecnologias na educação pode expandir a capacidade crítica e criativa dos estudantes, dependendo de quem o usa, a favor de que e de quem e para quê. Nesse processo, o homem deve instrumentar-se com os recursos da ciência e da tecnologia. Verifica-se que o tratamento desigual dado ao ensino e aprendizagem, mostra- se visível tanto na gramática como no vocabulário, como exemplifica Papert (2002): Pense, por exemplo, em analisar gramaticamente a sentença "O professor ensina uma criança". Professor é o sujeito ativo desta; criança, o objeto passivo. O professor faz algo para o aprendiz. Esta forma gramatical ostenta o carimbo da ideologia hierárquica da escola ao representar o ensino como o processo ativo. O professor está no comando e é, portanto, quem precisa de habilidade, o aprendiz tem apenas que obedecer instruções (p. 78). De acordo com o autor, esta assimetria está tão profundamente arraigada que até mesmo os defensores da educação "ativa" ou "construtivista" consideram difícil escapar dela. Por isso, devem ser disponibilizados, para cada curso e objetivo de aprendizado, uma combinação de recursos que atendam à diversidade do tema e necessidades dos estudantes proporcionando flexibilidade, acessibilidade e usabilidade. Na abordagem construcionista, o professor age como facilitador, mediando a aprendizagem do estudante, respeitando o ritmo e o estilo de cada um, possibilitando que construa o seu conhecimento sobre determinado assunto por meio da resolução de um problema ou desenvolvimento de um projeto significativo (interesse do estudante) e contextualizado (vinculado à realidade do estudante). A contextualização permite que o educando consiga relacionar o que está aprendendo, levando em consideração a sua aplicação em outros contextos. Portanto, é necessário ampliar as iniciativas de implementação desses sistemas de gestão da aprendizagem em EaD, para o desenvolvimento de padrões e metodologias que resultem no compartilhamento das informações e conhecimentos gerados, em nível mundial. Somente esse alcance da capacidade de criação de cursos autoconfiguráveis, que possibilitem a autonomia do cursista, poderá constituir conceitos básicos e duráveis na aprendizagem a distância para os próximos tempos. Agradecimentos Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que, por meio do projeto "Observatório da Educação - OBEDUC", financia atividades de pesquisa que subsidiam os resultados apresentados neste texto. Somos gratos também a Fundação para o Desenvolvimento da Unesp (Fundunesp) pelo apoio financeiro a pesquisa. Referências Ausubel, D. P., Novak, J. D., & Hanesian, H. (1980). Psicologia educacional. Tradução Eva Nick. Rio de Janeiro: Interamericana. Brasil. (2oooa). Informática e formação de professores. (v. 1). Brasília: Ministério da Educação. Brasil. (2ooob). Informática e formação de professores. (v. 2). Brasília: Ministério da Educação. Cavellucci, L. C. B., &Valente, J. A. (2007). Preferências de Aprendizagem: aprendendo na empresa e criando oportunidades na escola. ln Valente, J. A. & Almeida, M. E. B .. Formação de educadores a distância e integração de mídias. São Paulo: Avercamp. Freire, P. (1983). Pedagogia do Oprimido (13a ed. ). Rio de Janeiro: Paz e Terra. Moore, M. G., & Kearsley, G. (2011). Distance Education: A Systems View of Online Learning. (3rd ed.). USA: WADSWORTH CENGAGE Learning. Moore, M. G., & Kearsley, G. (1996). Distance Education: a Systems View. Belmont, USA: Wadsworth Publishing Company. Papert, S. (2002). A máquina das crianças: Repensando a Escola na Era da Informática. Porto Alegre: Artmed. Piaget, J. (1972). A Epistemologia Genética. Rio de Janeiro: Vozes. Tori, R. (2010). Educação sem distância. As tecnologias interativas na redução de distâncias em Ensino e Aprendizagem. São Paulo: Editora Senac. UNESP. (2009). Plano de Desenvolvimento Institucional. São Paulo: Gabinete da Reitoria. Recuperado em 14 junho, 2013, de https://ape.unesp.br/pdi/execucao/PDI_Unesp.pdf CAPÍTULO III Pesquisa-Formação Multirreferencial e com os Cotidianos: Fundamentos para fazerp_ensar a Formação Docente no Contexto da Cibercultura. EDMÚSANTOS Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ edmeabaiana@gmail.com MAYRA RODRIGUES FERNANDES RIBEIRO Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN mayra.r@uol.com.br Introdução Em busca da construção de espaços fecundos de significação e de aprendizagens construídos no/sobre/com o tempo-espaço da cibercultura, propomos nesse texto pensar a construção de interfaces entre formação docente e cibercultura na tessitura de saberes para a pesquisa com os cotidianos e com a multirreferencialidade. Como aportes teóricos buscamos aproximações com autores que contribuem com a problematização do conhecimento sob a ótica da decomposição-redução-fragmentação, típicos do pensamento cartesiano (Ardoino, 1998; 2012; Boaventura, 2005; 2010), do currículo e da formação como espaço-tempo dicotômicos (Alves, 2008; Certeau, 2012; Macedo, 2012), e ainda, autores que discutem o contexto da cibercultura na relação com a formação docente/discente (Santos, 2004; 2005; 2011; Silva, 2009; Santaela, 2013). Apresentamos a necessidade de ressignificação das práticas de ensinoaprendizagem no contexto da cibercultura, a partir dos fundamentos teórico- epistemológicos da pesquisa com os cotidianos (Certeau), e com a multirreferencialiadade (Ardoino), que ao invés de pensar o conhecimento situado apenas no contexto da ciência, o faz, a partir da prática sociocultural, seguindo a dinâmica própria dos cotidianos. Perspectivas que rompem com o enquadramento de uma formação linear e dicotômica da relação dentro e fora da escola; saber científico e saberes outros, "desnaturalizando" a construção do conhecimento em uma lógica unívoca e homogênea. O entendimento da epistemologia
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