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Direito Tributario (4)

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Aula 03
Direito Tributário p/ AFRFB - 2016 (com videoaulas)
Professor: Fábio Dutra
05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA
Direito Tributário para AFRFB - 2016 
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AULA 03: Competência Tributária e Impostos de 
Competência da União 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Observações sobre a aula 01 
Competência Tributária 02 
Conhecimentos Básicos para o Estudo dos Impostos 29 
Impostos de Competência da União 30 
Lista das Questões Comentadas em Aula 70 
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 81 
 
Observações sobre a Aula 
Olá, amigo(a) concurseiro! Tudo bem? 
Deu pra revisar bastante o conteúdo estudado até a última aula? Espero 
que sim, já que o nosso cronograma, a partir desta aula, ficará um pouco mais 
tranquilo! 
Na aula de hoje, conforme o nosso cronograma, vamos estudar a 
competência tributária e suas características, bem como a capacidade 
tributária ativa. Nesse tópico, eu acredito que muitas dúvidas das aulas 
anteriores serão sanadas! Tudo vai começar a se encaixar! Depois de estudar a 
competência tributária, partiremos para o estudo dos impostos de competência 
da União. 
E então, vamos começar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 ± COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
 Na aula passada, chegamos a estudar que a imunidade pode ser 
considerada uma incompetência tributária, pois a CF/88, de um lado previu a 
competência para criar tributos, de outro estabeleceu algumas limitações a 
esta competência, entre as quais estão as imunidades. 
 A essa competência para criar ou instituir tributos denominamos 
competência tributária. 
 Como é decorrência do princípio da legalidade (estudado em aula 
anterior), que preceitua que a instituição de tributos deve ser feita sempre por 
intermédio de lei formal, a competência tributária pressupõe a 
competência legislativa para instituir o tributo. Portanto, os tributos só 
podem ser instituídos por leis ordinárias, medidas provisórias e leis 
complementares (em alguns casos). 
 Neste momento, deve ter pairado alguma dúvida sobre quem poderia 
instituir tributos. A princípio, você deve entender que apenas os entes 
federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem 
autonomia para instituição, extinção, majoração ou redução de 
tributos. 
 Até aqui, você já deve estar ter percebido que a Constituição Federal de 
1988 não criou nenhum tributo, mas unicamente definiu a competência 
tributária de cada ente para que este institua os tributos. 
 Além da competência tributária, a CF/88 determinou que também deve 
haver também a competência para legislar sobre direito tributário. Isso 
não se confunde com a competência tributária, pois aqui o objetivo é 
traçar regras sobre o exercício da competência tributária. Assim, 
embora ambas decorram de lei, possuem objetivos diferentes, ok? 
 Por exemplo, compete à União legislar sobre direito tributário, como será 
visto a seguir, mas isso não torna este ente competente para instituir o IPTU 
ou o ISS, já que se trata de imposto de competência municipal e distrital. 
 
 
Memorize: 
x A CF não cria tributo, apenas estabelece a 
competência tributária dos entes políticos. 
x A competência para legislar sobre direito tributário 
não se confunde com a competência tributária. 
 
 
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Vamos esquematizar isso para você não confundir: 
 
 
 
 
 
 Para entender a previsão da competência para legislar sobre direito 
tributário, vejamos o que diz o art. 24, I, da CF/88 e seus parágrafos: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
(...) 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não 
exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a 
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
 Percebe-se, pela leitura do dispositivo supracitado que, embora a 
competência para legislar sobre direito tributário seja concorrente da União, 
Estados e DF, cabe àquela a definição das normas gerais. 
 Os Estados, portanto, ficam incumbidos de suplementar as normas 
gerais definidas pela União, podendo exercer competência legislativa 
plena, quando não existir a lei federal sobre normas gerais. 
 
 
 
COMPETÊNCIA 
LEGISLATIVA 
Competência 
Tributária 
Competência p/ 
legislar sobre D.T. 
Instituição de Tributos 
Regras sobre o exercício da 
competência tributária 
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 Nesse sentido, vamos ver o entendimento do STF: 
³$*5$92� 5(*,0(17$/� 12� 5(&8562� (;75$25',1È5,2�� ,39$�� /(,�
ESTADUAL. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DO VEÍCULO. 
1. Os Estados-membros estão legitimados a ditar as normas gerais 
referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista 
no artigo 24, § 3º, da Constituição do Brasil. 
2. O Supremo possui orientação no sentido de que não há tributo 
progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não 
levam em consideração a capacidade contributiva. 
$JUDYR�UHJLPHQWDO�D�TXH�VH�QHJD�SURYLPHQWR´� 
 
(STF, RE 466.480-AgR/MG, Rel. Min. Eros Grau, 24/06/2008) 
 Para entender melhor o julgado, faz-se necessário saber que o 
CTN foi editado sob a égide da CF/46. Nessa CF, não havia previsão 
para IPVA, de forma que o CTN não contemplou o referido imposto. 
 Como hoje existe tal previsão constitucional, não havendo, contudo, 
normas gerais editadas pela União sobre o IPVA, o STF entendeu que se aplica 
o disposto no art. 24, § 3º, da CF/88. 
É importante destacar também que, sobrevindo lei federal de normas 
gerais sobre matéria anteriormente disciplinada pelos Estados, fica a lei 
estadual suspensa no que contrariar a lei federal. 
 
Ocorre suspensão da lei estadual, e não revogação! 
 Há que se ressaltar ainda a competência legislativa municipal (ou você 
não sentiu falta deles?). Embora não sejam citados no caput do art. 24 da 
CF/88, vejamos o que diz o art. 30, II, da própria CF: 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
Observação: Quem legisla concorrentemente sobre direito tributário é a 
União, os Estados e o DF. Ao município cabe apenas suplementar a legislação 
federal e a estadual no que couber. 
Explicadas tais regras, pergunta-se: a lei federal que dispõe sobre as 
regras gerais em matéria tributária deve ser lei complementar ou ordinária? 
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Vejamos a resposta: 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação 
tributária, especialmente sobre: 
 (...) 
 Percebe-se, pois, que a referida lei deve ser complementar! 
 Na aula inicial do nosso curso, você aprendeu que o Código Tributário 
Nacional ± CTN - foi recepcionado pela CF/88 com status de lei complementar, 
correto? 
 Na realidade, o CTN possui força de lei complementar desde a CF 
pretérita ± CF/1967. Isso significa que não foi apenas com a CF/88 que 
esta norma adquiriu o status de lei complementar. 
 É de se destacar também que o CTN continua sendo uma lei ordinária, 
mas com status de lei complementar, pois o conteúdo nele tratado foi 
reservado à lei complementar pela nossa CF/88. Essas regras são mais 
detalhadas no estudo do Direito Constitucional, disciplina que você já deve 
estar estudando ou ainda irá estudar com o Prof. Ricardo Vale. 
 Nós veremos nos próximos tópicos algumas disposições do CTN acerca 
da competência tributária, bem como suas características e outros conceitos 
relativos ao tema. 
1.3 - Características da Competência Tributária 
 A competência tributária possui algumas características a ela inerentes, 
quais sejam: indelegável, imprescritível, inalterável, irrenunciável, e 
facultativa. Vamos explicar separadamente cada uma de suas características. 
1. A competência tributária é indelegável 
 A competência tributária é indelegável, não sendo possível que um ente 
delegue a sua competência para instituir determinado imposto, por exemplo, a 
outro. Vejamos o que diz o caput art. 7º do CTN: 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição 
das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar 
leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria 
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a 
outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição (referência a 
outra CF). 
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 O que se extrai do art. 7º do CTN é que a competência tributária é 
realmente indelegável, contudo, as atribuições administrativas 
decorrentes do exercício da competência tributária são delegáveis a 
outra pessoa jurídica de direito público. 
 
A delegação da função de arrecadar e fiscalizar os 
tributos instituídos, bem como as demais atribuições 
administrativas citadas no art. 7º do CTN denomina-se 
capacidade tributária ativa. 
 Assim, a União, por exemplo, ao fazer uso de sua competência tributária 
prevista no art. 149, caput, da CF/88, pode instituir uma contribuição para o 
custeio dos conselhos de fiscalização e regulamentação de categorias 
profissionais (contribuições corporativas), e delegar a atribuição de 
arrecadação do tributo ao próprio conselho - CRM ou CRA, por exemplo. 
 No mesmo sentido, o art. 153, § 4º, III, da CF/88 permite que os 
Municípios fiscalizem e cobrem o Imposto Territorial Rural (ITR). A união 
detém a competência para instituir o referido imposto (vamos estudar esse 
imposto ainda nessa aula), mas pode repassar, mediante lei, a capacidade 
ativa para os Municípios que assim optarem. 
Podemos dizer então que a capacidade tributária ativa é a aptidão 
para que a pessoa jurídica seja inserida no pólo ativo (ou sujeito ativo) 
da relação jurídica constituída com a ocorrência do fato gerador. Em 
outras palavras, trata-se do poder de exigir o tributo. Tal atribuição, nos 
termos do art. 119 CTN, só pode ser realizada por pessoa jurídica de direito 
público. 
Alguns autores dissertam de modo contrário, no sentido da possibilidade 
de que a capacidade tributária ativa pode ser delegada a pessoas jurídicas de 
direito privado. É temerário adotar essa posição em provas de concurso, pois a 
tendência das bancas é adotar o que foi estabelecido no CTN! 
Apenas atente para uma possível cobrança literal da seguinte súmula do 
STJ: 
Súmula STJ 396 - A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade 
ativa para a cobrança da contribuição sindical rural. 
Não vamos desperdiçar nosso tempo divagando sobre o assunto. O que 
LPSRUWD�p�PDUFDU�R�³;´�QR�OXJDU�FHUWR� 
 
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Leve para a prova que a capacidade ativa só pode ser 
delegada a outra pessoa jurídica de direito público! 
Apenas use o conhecimento da Súmula 396 se a questão 
fizer referência expressa ao seu texto. 
 É possível perceber, ante o exposto, que a competência tributária 
(instituição do tributo) é política, sendo instituída por intermédio de lei e 
indelegável. No entanto, a capacidade tributária ativa (arrecadação, 
fiscalização e execução) pode ser delegada a outra pessoa jurídica de direito 
público. 
 Nessa linha, frisemos que, em sentido amplo, a competência tributária 
compreende tanto a instituição do tributo como a capacidade tributária ativa. 
Contudo, apenas esta é delegável. 
 Vamos, portanto, esquematizar: 
 
 
 
 
 
 
DICA DE PROVA: Adote como corretas assertivas que tragam em seu 
enunciado a indelegabilidade da competência tributária. Essa é a regra! Só 
aceite a possibilidade de delegação, caso a questão cite expressamente que diz 
respeito à capacidade ativa - ou suas características. 
 Antes de finalizar essa característica, não podemos deixar de comentar 
as regras descritas nos §§ 1º a 3º do art. 7º do CTN. 
 O primeiro deles assevera que a pessoa que detiver a capacidade ativa 
terá as mesmas garantias e privilégios processuais conferidos ao titular da 
competência tributária. Nada mais justo, tendo em vista que o sujeito ativo 
substituirá o ente tributante na função de arrecadação tributária. 
Assim, pode-se dizer que a delegação da capacidade tributária ativa 
compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à 
pessoa jurídica de direito público que a conferir. Por exemplo, no âmbito 
do Direito Processual Civil, as pessoas políticas (União, Estados, DF e 
Municípios) possuem o dobro do prazo para recorrer das decisões judiciais. 
INSTITUIÇÃO 
DE TRIBUTOS 
Execução leis, atos etc. 
Arrecadação 
Fiscalização 
CAPACIDADE
ATIVA 
Delegável a outra PJ 
direito público 
INDELEGÁVEL 
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Essas prerrogativas são também repassadas à pessoa jurídica responsável pela 
cobrança dos tributos. 
 O § 2º, por seu turno, estabelece que a capacidade ativa pode ser 
revogada a qualquer tempo por ato unilateral do ente tributante. Ou 
seja, se há discricionariedade na delegação de tais atribuições, também haverá 
para a respectiva revogação. 
 Por último, o § 3º esclarece que não se confunde com capacidade ativa o 
cometimento a pessoas jurídicas de direito privado o encargo ou função de 
arrecadar tributos. Entenda-se, neste caso, o mero recebimento do valor e 
o seu posterior repasse ao ente instituidor. 
 Para ficar claro, tomemos como exemplo os bancos: são instituiçõesfinanceiras que podem celebrar contrato com o poder público (União, por 
exemplo) para receber os tributos e repassá-los posteriormente aos cofres 
públicos. 
 Diferentemente, a capacidade tributária ativa inclui o poder de 
fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias e cobrança dos tributos 
devidos. 
 
Pessoa jurídica de direito privado pode receber os 
tributos, não se confundindo com a capacidade 
tributária. 
 Para o completo entendimento do assunto, é importante que você tenha 
em mente a delegação das atividades de fiscalização e cobrança 
(capacidade ativa) não confere necessariamente à pessoa jurídica 
delegatária a disponibilidade dos recursos arrecadados. Ou seja, via de 
regra, deve-se arrecadar os tributos e repassá-los ao ente competente. 
 Quando, por outro lado, lei que instituiu o tributo nomeia outra pessoa 
jurídica para ser sujeito ativo (capaz de cobrar os tributos) e destina-lhe os 
recursos arrecadados, estamos diante do fenômeno da parafiscalidade. 
 Entendido? 
2. A competência tributária é imprescritível 
 O não exercício da competência tributária, nos termos do art. 8º do CTN, 
não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a 
Constituição a tenha atribuído. 
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 Nesse sentido, a imprescritibilidade (ou incaducabilidade, como alguns 
denominam) traduz-se no fato de que a competência tributária pode ser 
exercida a qualquer tempo pelo ente que a detém. 
 Ainda que não seja exercida, não há possibilidade de que outra pessoa 
política institua tal tributo. 
3. A competência tributária é inalterável 
 Essa característica representa a inalterabilidade da competência 
tributária pelo ente federado. 
 Nesse sentido, os Municípios, por exemplo, encontram-se impedidos de 
aumentar a sua competência tributária, prevendo, por meio de lei 
infraconstitucional, um novo imposto. 
DICA DE PROVA: 1mR�FDLD�HP�³SHJDGLQKDV´�GH�SURYD, dizendo que é possível 
alterar competência tributária, por meio de reforma à Lei Orgânica do 
Município ou mesmo por alteração na Constituição Estadual. Apenas reforma 
à CF/88 torna possível alteração de competência tributária. 
 Sobre a dica acima, lembre-se de que uma das cláusulas pétreas 
(prevista no art. 60, § 4º, I, da CF/88) é a proteção do pacto federativo. 
Portanto, não seria possível nem mesmo uma reforma constitucional, caso seja 
tendente a abolir a autonomia financeira de algum ente federado. 
 
Nada impede que haja reforma constitucional (por meio 
de emenda à Constituição), alterando a competência 
tributária dos entes federados. 
4. A competência tributária é irrenunciável 
 Do mesmo modo que a competência tributária é inalterável pelo ente 
federado, pode-se dizer que também é irrenunciável, pois o ente federado não 
pode renunciar algo que foi previsto na Constituição Federal. 
 Em que pese essa característica, o exercício da competência tributária é 
facultativo, como se passa a demonstrar no tópico subsequente. 
5. A competência tributária é facultativa 
 A doutrina majoritária considera o exercício da competência tributária 
uma facultatividade de cada ente federado. Ou seja, a CF/88 prevê a 
competência tributária, e os entes decidem, por critérios de conveniência 
política, se será ou não instituído o tributo. 
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Uma vez instituído o tributo, sua cobrança é vinculada 
e obrigatória, pois isso compõe o próprio conceito de 
tributo, visto na aula inicial do nosso curso! 
 Nesse contexto, vejamos o que diz o art. 11 da Lei de Responsabilidade 
Fiscal (LC 101/99): 
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na 
gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de 
todos os tributos da competência constitucional do ente da 
Federação. 
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências 
voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no 
que se refere aos impostos. 
 Repare, na leitura do parágrafo único, que a norma prevê uma sanção 
aos entes que não instituírem todos os impostos de sua competência, previstos 
na CF/88. 
 O dispositivo da LRF foi inserido em nossa aula apenas para que você 
tenha conhecimento de que ele existe e pode vir a ser cobrado em prova. 
Sendo assim, grave que a sanção só existe se não forem instituídos todos os 
IMPOSTOS. 
 Ainda assim, caso uma questão mencione que a competência tributária é 
IDFXOWDWLYD��VHP�FLWDU�D�/5)��YRFr�GHYH�PDUFDU�³correto´� Tudo bem? 
 A título de exemplo sobre a facultatividade do exercício da competência 
tributária, citemos o Imposto sobre Grandes Fortunas ± IGF ± previsto no 
art. 153, VII, que até hoje não foi instituído. 
1.2 - Classificação da Competência Tributária 
 Aprendemos que a competência tributária é o poder conferido pela 
Constituição Federal aos entes federados para instituir tributos, sempre por 
meio de lei. 
 Vimos também algumas características inerentes ao conceito de 
competência tributária, e que o seu exercício é facultativo, haja vista que a CF 
apenas estipula quais tributos podem ser instituídos, mas a edição da lei 
instituidora é critério político do ente. 
 1HVVH� PRPHQWR�� SRUWDQWR�� D� SHUJXQWD� TXH� VH� ID]� p�� ³4uais tributos 
podem ser instituídos pela União ou pelos Municípios, por exemplo? E quais 
tributos os Estados e o DF são competentes para instituir?´� 
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 Estudaremos, nos tópicos a seguir que a competência tributária pode ser 
classificada em: privativa, comum, cumulativa, residual e extraordinária. 
1.2.1 ± Competência Privativa 
 Primeiramente, cabe ressaltar que a competência tributária privativa diz 
respeito àqueles tributos cuja instituição somente pode ser feita por 
determinado ente político. Por exemplo, o Imposto sobre Produtos 
Industrializados, como será visto ainda nesta aula, pode ser instituído apenas 
pela União. 
 
No Direito Constitucional, você aprende que a 
competência privativa pode ser delegada, ao contrário da 
exclusiva. Contudo, em Direito Tributário, a 
competência tributária privativa é indelegável 
(como vimos, é característica intrínseca da competência 
tributária a indelegabilidade). 
 Os tributos que possuem, por excelência, competência privativa são os 
impostos. Nesse contexto, a CF/88 definiu quais seriam os impostos federais, 
estaduais e distritais e municipais. 
 O art. 153 da CF/88 determina quais são impostos que ficaram sob a 
competência da União, quais sejam: 
x Imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II); 
x Imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados (IE); 
x Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR); 
x Imposto sobre produtos industrializados (IPI); 
x Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos 
ou valores mobiliários (IOF); 
x Imposto sobre propriedade territorial rural (ITR); 
x Imposto sobre grandes fortunas (IGF). 
 Aos Estados e Distrito Federal, a competência relativa aos impostos foi 
prevista no art. 155, sendo eles osseguintes: 
x Imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou 
direitos (ITCMD); 
x Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre 
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de 
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior 
(ICMS); 
x Imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA). 
 Por último, cabe aos Municípios e ao Distrito Federal instituir, com base 
nos preceitos do art. 156 da CF/88 os seguintes impostos: 
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x Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU); 
x Imposto sobre transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, 
de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre 
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua 
aquisição (ITBI); 
x Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS). 
 Antes que você me pergunte, já adianto: não é somente a espécie 
WULEXWiULD� ³LPSRVWRV´� que está submetida à competência privativa. Cabe 
privativamente à União a instituição dos empréstimos compulsórios. 
 Ademais, em regra, as contribuições especiais (art. 149, caput, da 
CF/88) também são de competência privativa da União. 
 
Alguns autores classificam a competência para instituir 
empréstimos compulsórios e contribuições especiais 
como competência especial! 
 5HSDUH�TXH�HX�IL]�TXHVWmR�GH�JULIDU�³HP�UHJUD´��SRLV�Ki�H[FHo}HV�� 
 Ao interpretar o § 1º do art. 149, da CF, percebe-se que apesar de a 
regra ser a instituição de contribuições especiais pela União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios possuem competência privativa para instituir 
as contribuições sociais para custeio do Sistema de Previdência e 
Assistência Social de seus próprios servidores. 
 Há que se destacar que a competência é privativa no âmbito de 
cada ente. Assim, o Estado de Minas Gerais tem competência privativa para 
instituir as contribuições sociais para o custeio do seu Sistema de Previdência. 
Contudo, não o tem para instituir contribuições sociais para a Previdência do 
Município de Pouso Alegre, por exemplo, sendo esta privativa desse Município. 
 Além da competência acima citada, o Distrito Federal e os Municípios (os 
Estados não estão incluídos nesse rol!) possuem competência privativa 
para instituir a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública 
(COSIP), com base no art. 149-A, da CF/88. 
 Em síntese, a competência privativa, em regra, diz respeito aos 
impostos. Contudo, devemos nos lembrar que a competência para instituir 
empréstimos compulsórios (E.C.) e contribuições especiais é da União, 
ressalvada, no último caso, a possibilidade de os Estados, DF e Municípios 
instituírem seu regime próprio de previdência bem como a competência 
privativa do DF e Municípios para instituir a COSIP. Entendido? 
1.2.2 ± Competência Comum 
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 A competência comum diz respeito aos tributos vinculados, que, como já 
estudamos, são tributos cujo fato gerador é uma atividade estatal relativa ao 
contribuinte. Você se lembra de quais tributos estamos nos referindo? É isso 
mesmo: taxas e contribuições de melhoria. 
 Denomina-se competência comum, pois todos os entes federados podem 
instituir tais tributos, respeitadas, por óbvio, as atribuições de cada ente, 
definidas na Constituição Federal. Para uma prova de Direito Tributário, você 
não precisa saber nada mais do que isso! 
 Nesse rumo, caso o Estado do Rio de Janeiro preste serviço público 
específico e divisível, é possível instituir uma taxa estadual para custear o 
referido serviço público. Do mesmo modo, se o Município de Juiz de Fora 
realizar uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária, torna-se 
possível a instituição de uma contribuição de melhoria municipal. 
1.2.3 ± Competência Cumulativa 
 A competência cumulativa foi prevista no art. 147 da CF/88, nos 
seguintes termos: 
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos 
estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, 
cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal 
cabem os impostos municipais. 
 Cabe destacar que os territórios federais não são entes federados, sendo 
considerados apenas descentralizações administrativo-territoriais pertencentes 
à União. Sendo assim, não dispõem de autonomia política e, 
consequentemente, não possuem competência tributária própria. 
 Contudo, conforme preceitua o § 1º do art. 33, da CF/88, os territórios 
federais podem ou não ser divididos em Municípios, gozando estes de 
autonomia política. 
 A referida divisão em Municípios reflete sobre a competência tributária 
da União, isto é, se os territórios federais não forem divididos em Municípios, 
compete à União os impostos estaduais e municipais. Havendo, por outro lado, 
a citada divisão, competirá à União apenas os impostos estaduais, já que os 
Municípios deterão a competência para instituir os seus próprios impostos 
municipais. 
 
Embora o texto constitucional mencione apenas 
³LPSRVWRV´�� JXDUGH� TXH� WDO� GLVSRVLomR� GL]� UHVSHLWR�
também aos demais tributos. 
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 Para finalizar o estudo da competência cumulativa, a parte final do 
dispositivo constitucional menciona algo que já estudamos, que é a 
competência distrital para instituir também os impostos municipais. 
 Essa competência decorra da impossibilidade de o Distrito Federal ser 
dividido em Municípios, conforme previsão no caput do art. 32 da CF/88. 
1.2.4 ± Competência Residual 
 $�FRPSHWrQFLD�UHVLGXDO�GL]� UHVSHLWR�j�FULDomR�GH�³QRYRV� WULEXWRV´��DOpP�
daqueles já existentes. 
 É com base no art. 154, I, e no art. 195, § 4º, que a União 
(unicamente a União) detém a competência para instituir novos impostos e 
novas contribuições para a seguridade social, respectivamente. 
 Para a instituição dos denominados impostos residuais, há que se 
obedecer algumas restrições estampadas no art. 154, I, da CF/88 (recomendo 
o acompanhamento na sua CF, como sempre). São elas: 
x Devem ser instituídos por lei complementar; 
x Devem obedecer ao critério da não cumulatividade; 
x Devem possuir fato gerador ou base de cálculo diversos dos demais 
impostos já discriminados na CF. 
 Quanto à primeira restrição, a consequência é que tais impostos não 
poderão ser instituídos por leis ordinárias ou medidas provisórias. 
Observação: De acordo com o art. 62, § 1º, III, da CF/88, as medidas 
provisórias não podem tratar de temas reservados a lei complementar. 
 A não cumulatividade, por seu turno, é um mecanismo que permite que 
o imposto cobrado em uma operação seja compensado com o que for cobrado 
na operação seguinte. 
 Por exemplo, digamos que uma fábrica de móveis venda sua produção 
para uma loja que, posteriormente, revende os móveis aos consumidores 
finais. A não cumulatividade ocorre quando o legislador permite que o 
estabelecimento revendedor, em nosso exemplo, pague somente a diferença 
entre o que foi pago na operação anterior (venda da produção) e o queé 
devido na revenda ao consumidor. 
 Por último, é de se ressaltar que o imposto residual deve ter fato 
gerador ou base de cálculo diferente dos outros impostos já previstos 
na Constituição Federal. 
 No tocante às contribuições para a seguridade social residual, o 
raciocínio é o mesmo, apenas se diferenciando quanto ao último requisito. Ou 
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seja, a nova contribuição deve ter fato gerador ou base de cálculo 
diferente das contribuições para seguridade social (e não dos 
impostos) já previstas na CF/88. Trata-se de entendimento do Supremo 
Tribunal Federal (RE 242.615/BA) 
 Veja também o seguinte posicionamento da Suprema Corte: 
7UHFKR�GR�YRWR�GR�0LQ��&DUORV�9HOORVR��³É que a técnica da competência 
residual da União é para o legislador ordinário (C.F., art. 154, I) e 
não para o constituinte derivado.´ 
(STF, ADI 939/DF, Pleno, Rel. Min Sydney Sanches, Julgamento em 
15/12/1993) 
 Para o STF, a competência residual prevista na CF/88 é para o legislador 
ordinário e não para o constituinte derivado. O que isso quer dizer? Ora, 
quando o legislador for instituir um imposto novo (uso da competência 
residual), deverá obedecer as regras previstas no art. 154, I. 
 No entanto, quando uma emenda constitucional acrescenta um novo 
imposto na CF/88, o constituinte derivado não está sujeito ao art. 154, I. 
Antes de finalizar o tópico, cumpre-nos fazer uma observação sobre um 
posicionamento doutrinário que já foi cobrado pela ESAF. 
 O legislador constituinte, ao realizar a distribuição de competências 
administrativas aos entes federados, determinou que aos Estados cabe aquilo 
que a CF não determinou à União ou aos Municípios, sendo, portanto, uma 
espécie de competência residual. 
 Nesse sentido, há quem entenda que os Estados (e o Distrito 
Federal, por conta da sua competência cumulativa) possuem 
competência residual para a instituição de taxas e contribuições de 
melhoria. 
 
Observação: Guarde essa informação e apenas a use, caso a questão solicite 
expressamente a competência residual dos Estados para instituição de taxas 
e contribuições de melhoria. 
1.2.5 ± Competência Extraordinária 
 Além da competência privativa, comum, cumulativa e residual, a União ± 
e somente ela ± detém ainda a competência tributária extraordinária. 
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 Tal competência está prevista no art. 154, II, da CF/88, cuja redação é a 
seguinte: 
Art. 154. A União poderá instituir: 
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos 
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência 
tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas 
as causas de sua criação. 
 Trata-se, portanto, da competência que a União possui para instituir o 
Imposto Extraordinário de Guerra ± IEG. 
 Cabe fazer algumas observações acerca do exercício de tal competência. 
Inicialmente, você deve saber que tal imposto pode ser instituído por lei 
ordinária ou mesmo por medida provisória, pois não foi feita nenhuma 
reserva à lei complementar. 
 Na dicção do CTN (art. 76), o IEG é temporário, devendo ser 
suprimido em até 5 anos, contados da celebração da paz. 
 É importante lembrar também que não há restrição quanto à não 
cumulatividade, ou seja, o IEG pode ser cumulativo. 
 Outro detalhe a ser ressaltado é o de que o fato gerador do IEG não 
pode ser a guerra (não faz o menor sentido), mas sim um fato econômico 
relacionado ao contribuinte. Sobre esse fato, o legislador constituinte conferiu 
ampla discricionariedade para sua definição, conforme se nota na expressão 
³FRPSUHHQGLGRV�RX�QmR�HP�VXD�FRPSHWrQFLD�WULEXWiULD´� 
 
A instituição do IEG somente se faz possível em situação 
de guerra externa ou sua iminência. Não há, 
portanto, como instituir o imposto mediante uma guerra 
interna (guerra civil). 
 Com efeito, a União poderia instituir o IEG, tendo o mesmo fato gerador 
de outro imposto de sua competência ou mesmo da competência dos estados, 
por exemplo. 
 Estamos, então, diante de uma permissão constitucional para que haja 
bitributação ou bis in idem. 
 Muito provavelmente você deve ter ficado curioso para saber o 
significado de tais conceitos, correto? 
Veremos isso no tópico a seguir. Antes disso, vamos esquematizar em 
uma tabela o que vimos até o momento: 
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CLASSIFICAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA TRIBUTOS ENTES FEDERADOS 
Privativa 
Impostos, Empréstimos 
Compulsórios e Contrib. 
Especiais (com exceções) 
União (E.C. e, em regra, 
contrib. Especiais), 
Estados, DF e Municípios 
Comum 
Taxas e Contribuições de 
Melhoria 
União, Estados, DF e 
Municípios 
Cumulativa 
Tributos (embora o art. 
147 mencione impostos) 
Apenas União e DF 
Residual 
Novos Impostos e Novas 
Contribuições para 
Seguridade Social 
Apenas União 
Extraordinária IEG União 
1.3 ± Competência Tributária, Bitributação e Bis in idem 
 Com base na competência tributária conferida pela Constituição Federal, 
os entes instituem tributos sobre diversos fatos geradores. Em alguns casos, 
contudo, pode ocorrer diversas incidências sobre o mesmo fato gerador. 
 Quando tais incidências são decorrentes de tributos de competência 
da mesma pessoa jurídica de direito público, ocorre o fenômeno do bis in 
idem. É o caso, por exemplo da incidência do Imposto sobre a Renda das 
Pessoas Jurídicas (IRPJ) incidente sobre a apuração do lucro das empresas, 
que ocorre cumulativamente com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 
(CSLL). Repare que neste caso ambos os tributos são de competência da 
União. 
 Ademais, podemos citar também o que ocorre com as contribuições para 
R�ILQDQFLDPHQWR�GD�VHJXULGDGH�VRFLDO��R�DUW�������,��³E´��SUHYr�D�LQVWLWXLomR�GH�
contribuição a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela 
equiparada na forma da lei, incidente sobre receita ou faturamento. No 
exercício dessa competência tributária, a União instituiu não apenas uma, mas 
sim duas contribuições, a saber: PIS/PASEP e COFINS. 
 Acrescente-se, ainda, que situação semelhante ocorre na importação, 
sendo esta mais uma fonte de custeio da seguridade social, prevista no art. 
195, IV, da CF/88. Amparado nesse dispositivo constitucional, o legislador 
instituiu duas contribuições incidentes sobre a importação: PIS/PASEP-
Importação e COFINS-Importação. 
 Diante dos argumentos supracitados, infere-se que não há vedação 
expressa ao bis in idem no âmbito da CF/88. Não obstante, a União teve o 
exercício da sua competência residual de certa forma restringido, já que o art. 
154, I c/c art. 195, § 4° exigiram que os novos impostos ou as novas 
contribuições não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos já 
discriminados na CF/88. 
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 A bitributação, por outro lado, ocorre quando maisde um ente 
federado tributa o mesmo fato gerador. Em regra, nesse caso, percebe-se 
que há invasão de competência tributária, pois a CF/88 traçou os limites 
da competência de cada ente. 
 Um exemplo claro de bitributação seria a instituição, por parte de um 
município, de uma alíquota adicional sobre o IPVA, a ser cobrado dos veículos 
registrados em sua circunscrição. Note, pois, que isso é vedado, já que a 
competência para se instituir imposto sobre propriedade de veículos 
automotores cabe apenas aos Estados e ao Distrito Federal. 
 Entretanto, existem situações excepcionais em que se permite haver 
bitributação. É o caso do IEG, cuja própria redação constitucional permite que 
o imposto criado seja compreendido ou não na competência tributária da 
União. 
 Com base em tal autorização, é possível que a União crie o ICMS-
Extraordinário, a incidir sobre os mesmos fatos geradores do referido imposto 
estadual. Sendo o ICMS tributo de competência originalmente estadual, 
teríamos um caso típico de bitributação (tributação pela União e pelos 
Estados). 
 Embora estejamos tratando, neste momento, do estudo da bitributação, 
chama-nos a atenção o fato de que os impostos extraordinários de guerra 
podem ser compreendidos ou não na competência tributária da União. 
Quando não compreendidos em sua competência, teríamos um exemplo de 
bitributação, conforme já explicado no parágrafo antecedente. 
 Todavia, se a União institui IEG utilizando fato gerador compreendido em 
sua competência tributária, teríamos uma hipótese de bis in idem, e não 
bitributação, você concorda? Ora, se a União institui o IR-Extraordinário, 
teríamos duas incidências (IR comum e IR-Extraordinário) de tributos federais 
sobre o mesmo fato gerador. Logo, a situação aventada se amoldaria no 
conceito de bis in idem. 
 
Instituição de IEG compreendido na competência da 
União: bis in idem. 
Instituição de IEG não compreendido na competência 
da União: bitributação. 
 Outra situação em que a bitributação não é vedada é a dupla 
tributação internacional da renda. Imagine a seguinte situação: 
determinado cidadão residente no exterior aufere rendimentos de aluguéis de 
imóveis situados no Brasil. Dessa forma, embora não seja residente no Brasil, 
a fonte de seus rendimentos está localizada no território nacional. 
Nesse caso, a legislação do IR impõe que tais rendimentos sejam tributados. 
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Pode ocorrer de a legislação pátria do referido cidadão também determine a 
cobrança de imposto sobre a renda auferida no exterior (no Brasil). Trata-se, 
portanto, de uma situação em que ocorre bitributação. 
Observação: Os países normalmente celebram tratados internacionais com o 
objetivo de evitar que ocorra a dupla tributação, já que isso desestimula os 
investimento, em decorrência da dupla incidência. O Brasil, por exemplo, é 
signatário de diversos tratados internacionais. Sugerimos que o aluno acesse 
o seguinte link, apenas para conhecer os referidos acordos internacionais: 
http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/AcordosInternacionai
s/AcordosDuplaTrib.htm 
 Acompanhe, abaixo, o esquema que ilustra a distinção entre bitributação 
e bis in idem: 
 
 
 
 
 Para finalizar o estudo da bitributação, vejamos um julgado do STF 
acerca da bitributação: 
³Recurso extraordinário em que se argumento a não incidência do II e 
do IPI sobre operação de importação de sistema de tomografia 
computadorizada, amparada por contrato de arrendamento mercantil. 
Alegada insubmissão do arrendamento mercantil, quer seria um serviço, ao 
fato gerador do imposto de importação (art. 153, I, da Constituição). 
Inconsistência. Por se tratar de tributos diferentes, com hipóteses de 
incidência específicas (prestação de serviços e importação, entendida como 
a entrada de bem em território nacional ± art. 19 do CTN), a incidência 
concomitante do II e do ISS não implica bitributação ou de violação 
de pretensa exclusividade e preferência de cobrança do ISS. 
(STF, RE 429.306, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgamento 
em 01/02/2011) 
Não ocorre bitributação no caso apresentado pelo STF, pois há dois fatos 
geradores distintos: importação e prestação de serviços. 
 
02 Incidências 
 Mesmo Fato Gerador 
Bis in idem 
Bitributação 
01 Ente Federado 
02 Entes Federados 
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Questão 01 ± ESAF/ATRFB/2009 
 
O art. 154, inciso I, da Constituição Federal, outorga à União o que se costuma 
chamar de competência tributária residual, permitindo que institua outros 
impostos que não os previstos no art. 153. Sobre estes impostos, é incorreto 
afirmar que: 
a) Estados e Municípios não possuem competência tributária residual. 
b) Terão de ser, necessariamente, não-cumulativos. 
c) Não poderão ter base de cálculo ou fato gerador próprios dos impostos já 
discriminados na Constituição Federal. 
d) Caso sejam instituídos por meio de medida provisória, esta deverá ser 
convertida em lei até o último dia útil do exercício financeiro anterior ao de 
início de sua cobrança. 
e) Para a instituição de tais impostos, há que se respeitar o princípio da 
anterioridade. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: A competência residual foi outorgada apenas à União. 
Portanto, os Estados e Municípios não possuem tal competência. Item correto. 
 
Alternativa B: Conforme preceitua o art. 154, I, os impostos residuais devem 
ser não cumulativos. Item correto. 
 
Alternativa C: O art. 154, I, da CF/88, também estabelece que os impostos 
residuais não poderão ter base de cálculo ou fato gerador próprios dos 
impostos já discriminados na Constituição Federal. Item correto. 
 
Alternativa D: Tais impostos só podem ser instituídos por lei complementar. 
Por esse motivo, é vedada a instituição por meio de medidas provisórias. Item 
errado. 
 
Alternativa E: Tais impostos não constituem exceção nem ao princípio da 
anterioridade nem ao da noventena. Item correto. 
 
Gabarito: Letra D 
 
Questão 02 ± ESAF/ATRFB/2012 
 
Analise as proposições a seguir e assinale a opção correta. 
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I. Se a Constituição atribuir à União a competência para instituir certa taxa e 
determinar que 100% de sua arrecadação pertencerá aos Estados ou ao 
Distrito Federal, caberá, segundo as regras de competência previstas no 
Código Tributário Nacional, a essas unidades federativas a competência para 
regular a arrecadação do tributo. 
II. Embora seja indelegável a competência tributária, uma pessoa jurídica de 
direito público pode atribuir a outra as funções de arrecadar e fiscalizar 
tributos. 
III. É permitido, sem que tal seja considerado delegação de competência, 
cometer a uma sociedade anônima privada o encargo de arrecadar impostos. 
a) As duas primeiras afirmações são corretas, e errada a outra. 
b) A primeira é correta, sendo erradas as demais. 
c) As três são corretas. 
d) A primeira é errada, sendo corretas as demais. 
e) As três são erradas. 
Comentário: 
Item I: O destinatário do produto da arrecadação, no caso os Estados ou o 
DF, podemtornar-se responsáveis pela arrecadação, mas não podem regular a 
arrecadação. A regulamentação cabe ao ente competente para instituir o 
tributo, que no caso apresentado é a União. Item errado. 
Item II: A capacidade tributária ativa pode ser delegada por uma pessoa 
jurídica de direito público a outra, englobando as funções de arrecadar e 
fiscalizar os tributos. Item correto. 
Item III: Como vimos, o art. 7º, § 3º, do CTN, estabelece que não constitui 
delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do 
encargo ou da função de arrecadar tributos. Item correto. 
Gabarito: Letra D 
Questão 03 ± ESAF/AFRFB/2012 
 
A competência, privativa ou concorrente, para legislar sobre determinada 
matéria, não implica automaticamente a competência para a instituição de 
tributos. 
 
Comentário: A competência para legislar sobre determinada matéria, como o 
direito tributário, não se confunde com a competência tributária. Questão 
correta. 
 
 
 
 
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Questão 04 ± ESAF/AFRFB/2012 
 
Os entes federativos somente podem instituir os impostos e as contribuições 
que lhes foram expressamente outorgados pela Constituição. 
 
Comentário: A competência tributária é atribuída pela CF/88 aos entes 
federativos. Portanto, só podem instituir aqueles impostos e contribuições que 
foram expressamente outorgados no texto constitucional a cada um deles. 
Ademais, nada impede os entes federativos de instituírem as demais espécies 
tributárias, como as taxas e as contribuições de melhoria. Questão correta. 
 
Questão 05 ± FGV/Fiscal da Receita Estadual-SEAD-AP/2010 
 
Compete à União instituir impostos, dentre outras hipóteses, sobre renda e 
proventos de qualquer natureza, grandes fortunas (nos termos de lei 
complementar) e propriedade territorial rural. 
 
Comentário: De fato, além dos outros previstos no art. 153 da CF/88 e 154, 
compete à União instituir o IR, o IGF e o ITR. Portanto, a questão está correta. 
 
Questão 06 ± FGV/Fiscal da Receita Estadual-SEAD-AP/2010 
 
Compete aos Municípios instituir impostos, dentre outras hipóteses, sobre 
propriedade predial e territorial urbana, transmissão inter vivos, a qualquer 
título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física. 
 
Comentário: Os Municípios são competentes para instituir o IPTU, ISS e ITBI 
(citado na questão, sem abreviatura). Questão correta. 
 
Questão 07 ± FCC/TRF5-Analista/2012 
Admite-se constitucionalmente a bitributação e o bis in idem na seguinte 
hipótese: 
a) imposto de competência dos Estados pela União, para incidir em Território 
Federal. 
b) contribuição de melhoria. 
c) imposto residual de competência da União. 
d) imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza pelos Estados-
membros e Municípios em relação aos seus servidores públicos. 
e) imposto extraordinário, pela União, na iminência ou no caso de guerra 
externa. 
Comentário: O art. 154, I, ao conferir a competência para instituição do IEG à 
União, permitiu que tais impostos podem ser compreendidos ou não na 
competência tributária da União. 
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Assim, caso a União institua o IEG com base em sua competência tributária, 
ocorrerá o bis in idem. Por outro lado, caso o imposto extraordinário instituído 
tenha como base a competência tributária estadual, por exemplo, haverá 
bitributação. Portanto, a única alternativa que pode ser considerada correta é a 
Letra E. 
Questão 08 ± ESAF/ISS-RJ/2010 
Lei estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do 
veículo, já que os estados-membros estão legitimados a editar normas gerais 
referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no art. 
24, § 3º, da Constituição. 
Comentário: Seguindo a linha de entendimento do STF, os Estados-membros 
estão legitimados a editar normas gerais referentes ao IPVA. Nesse sentido, lei 
estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do veículo. 
Questão correta. 
Questão 09 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011 
 
As contribuições de melhoria, de competência exclusiva dos municípios, são 
tributos cujo fato gerador é a valorização de imóveis urbanos em razão de 
obras realizadas pelo poder público local. 
 
Comentário: De fato, o fato gerador da contribuição de melhoria é a 
valorização dos imóveis particulares, como já estudamos. No entanto, deve-se 
lembrar que a contribuição de melhoria é um tributo de competência comum, 
ou seja, todos os entes federativos podem instituí-las. Questão errada. 
 
Questão 10 ± ESAF/SUSEP-Analista/2010 
 
O exercício da competência residual é reservado ao legislador ordinário, e não 
ao constituinte derivado. 
 
Comentário: Perceba que a ESAF retirou a literalidade do trecho de um voto 
do Min. Carlos Velloso. Questão correta. 
 
Questão 11 ± ESAF/SUSEP-Analista/2010 
 
Consoante entendimento firmado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a 
não-cumulatividade e o não bis-in-idem não precisam ser observados quando 
da criação de um novo imposto por meio de emenda constitucional. 
 
Comentário: Na realidade, a emenda constitucional não cria impostos, mas 
sim confere a um ente federado a competência tributária para os instituir. Não 
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obstante esse detalhe, a questão está correta, pois, segundo o STF, a técnica 
da competência residual da União é para o legislador ordinário, e não para o 
constituinte derivado. Questão correta. 
 
Questão 12 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011 
 
Cabe à União criar imposto sobre serviços de qualquer natureza em municípios 
que não tiverem instituído essa exação, embora a competência para cobrá-los 
seja dos próprios municípios. 
 
Comentário: A competência tributária é imprescritível. Portanto, ainda que os 
municípios não instituam o ISS, não há deferimento dessa competência 
tributária a outra pessoa diversa daquela a quem a CF/88 a tenha atribuído 
(CTN, art. 8º). Questão errada. 
 
Questão 13 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011 
 
À União compete realizar a cobrança de imposto sobre serviços de qualquer 
natureza em municípios que, embora tenham instituído essa exação, não a 
estejam cobrando. 
 
Comentário: Uma vez instituído o tributo, a sua cobrança é atividade 
administrativa plenamente vinculada. Isso consta do próprio conceito de 
tributo. Assim, não há qualquer previsão para que a União cobre tributos de 
competência dos Municípios se estes não estiverem cobrando os tributos 
instituídos. Questão errada. 
 
 
Questão 14 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 
 
Pode ser objeto de delegação 
a) a capacidade tributária ativa. 
b) o poder tributário. 
c) a competência tributária. 
d) a soberania tributária. 
e) a autonomia tributária. 
 
Comentário: Nos termos do caput do art. 7º do CTN, a competência tributária 
é indelegável, salvo a atribuição das funções de arrecadar e fiscalizar tributos 
entre outras atividades a estas relacionadas (capacidade tributária ativa), que 
pode ser delegada de uma pessoa jurídica de direito público a outra. Portanto, 
a alternativa correta éLetra A. 
 
 
 
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Questão 15 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 
 
A União poderá instituir impostos não previstos na CF, desde que eles não 
sejam cumulativos nem tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos 
nela discriminados, mediante 
a) medida provisória. 
b) lei delegada. 
c) lei ordinária. 
d) lei complementar. 
e) emenda constitucional. 
 
Comentário: A questão trata da competência residual da União para a 
instituição de novos impostos, além dos previstos no texto constitucional. 
Estudamos na aula que para o exercício dessa competência deve haver a 
edição de uma lei complementar. Portanto, a alternativa correta é a Letra D. 
 
Questão 16 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
O poder de criar tributos é repartido entre os vários entes políticos, e a CF 
assinala a esfera de competência dos níveis federal, estadual e municipal. 
 
Comentário: A CF confere o poder de criar tributo aos entes federativos, 
conforme a competência de cada um. Portanto, a questão está correta. 
 
Questão 17 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
Mesmo na ausência de normas gerais da União, os estados e o DF não têm a 
possibilidade de exercer a competência legislativa plena em matéria tributária. 
 
Comentário: Cabe à União o estabelecimento de normas gerais sobre direito 
tributário. Na ausência de tal norma, os Estados podem exercer a competência 
legislativa plena em matéria tributária. Questão errada. 
 
Questão 18 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
As principais características da competência tributária são a transmissibilidade 
e a renunciabilidade, conforme a legislação em vigor. 
 
Comentário: Vimos que a competência tributária é indelegável, sendo, 
portanto, intransmissível a outro ente diverso daquele a quem tenha sido 
conferido o poder de tributar. Ademais, a competência também é 
irrenunciável. Logo, a questão está errada. 
 
 
 
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Questão 19 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
Sendo, como regra geral, delegável a competência tributária, justifica-se a 
delegação da atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos. 
 
Comentário: Embora a competência tributária seja indelegável, o art. 7º do 
CTN permitiu que as atribuições administrativas decorrentes do exercício da 
competência tributária fossem delegadas a outra pessoa jurídica de direito 
público. Trata-se, pois, da capacidade tributária ativa. Questão errada. 
 
Questão 20 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
À luz do CTN, o não exercício da competência tributária pelo ente competente 
defere a outra pessoa jurídica de direito público o exercício tributário, que não 
pode ser obstaculizado. 
 
Comentário: A competência tributária é imprescritível. Por conseguinte, o seu 
não exercício não permite que haja deferimento a outra pessoa diversa 
daquela a quem a CF/88 a tenha atribuído (CTN, art. 8º). Questão errada. 
 
Questão 21 ± CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 
 
A CF não cria tributo, mas outorga competência tributária a cada ente 
federado, devendo o exercício dessa competência ser regulado por lei, por 
expressa previsão constitucional. 
 
Comentário: De fato, a CF não cria tributos, mas apenas confere poder aos 
entes federados, para que estes instituam os tributos, sempre por intermédio 
de lei, consoante o princípio da legalidade. Questão correta. 
 
Questão 22 ± CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 
 
As contribuições sociais são instituídas por lei federal, sendo exclusiva da 
União a competência para instituí-las e cobrá-las. 
 
Comentário: De fato, as contribuições sociais, via de regra, são de 
competência da União. Contudo, não podemos nos esquecer das contribuições 
destinadas ao custeio do regime de previdência dos servidores públicos 
estaduais, distritais e municipais, previstas no art. 149, § 1º, da CF/88. É 
SUHFLVR�DSHQDV�WHU�FXLGDGR�TXDQGR�D�TXHVWmR�³FRSLD�H�FROD´�R�caput do art. 149 
da CF/88, pois a exceção só é mencionada no § 1º desse artigo. Questão 
errada. 
 
 
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Questão 23 ± CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 
 
A competência tributária apresenta-se como aptidão jurídica para criar 
tributos, sendo a imunidade uma forma qualificada de incidência, por expressa 
disposição legal. 
 
Comentário: A competência tributária é a aptidão jurídica para criar tributos. 
Entretanto, a imunidade é uma forma constitucional de não incidência 
tributária. Questão errada. 
 
Questão 24 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 
 
A CF atribui à União a denominada competência residual ou remanescente para 
a instituição de impostos e contribuições sociais relativas à seguridade social. 
 
Comentário: Conforme previsão no art. 154, I, c/c art. 195, § 4º, da CF/88, a 
União, e somente este ente federativo, possui competência residual para a 
instituição de impostos e contribuições sociais relativas à seguridade social. 
Questão correta. 
 
Questão 25 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 
 
Acerca da competência legislativa sobre normas gerais de direito tributário, 
julgue a assertiva a seguir. 
a) A competência dos estados, ainda que suplementar, é excluída com o 
exercício, pela União, da competência para legislar sobre normas gerais de 
direito tributário. 
b) Os municípios não dispõem de competência para instituir normas gerais de 
direito tributário. 
c) Em nenhuma hipótese os estados e o DF exercerão competência legislativa 
plena. 
d) No âmbito dos estados e do DF, prevalecem as respectivas leis sobre as leis 
federais. 
e) Pertencem à competência concorrente todas as pessoas políticas. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: Conforme § 2º do art. 24, da CF/88, a competência da União 
para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos 
Estados. Item errado. 
 
Alternativa B: Aos municípios, cabe apenas suplementar a legislação federal e 
a estadual no que couber (art. 30, da CF/88), sendo que a competência para 
instituir normas gerais fica a cargo da União. Item correto. 
 
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Alternativa C: Os Estados e o DF exercerão competência legislativa plena 
caso inexista lei federal dispondo sobre as normas gerais. Portanto, o item está 
errado. 
 
Alternativa D: Não há prevalência das leis estaduais sobre as leis federais. 
Cabe ainda destacar que, em se tratando de superveniência de lei federal 
sobre normas gerais, a lei estadual tem a sua eficácia suspensa. Item errado. 
 
Alternativa E: Apenas a União, os Estados e o Distrito Federal possuem 
competência legislativa concorrente. Item errado. 
 
Gabarito: B 
 
Questão 26 ± CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 
 
Quando a União deixa de editar normas gerais sobre matéria tributária, cabe 
aos estados a prerrogativa de exercer a competência legislativa plena. 
 
Comentário: É exatamente isso o que diz o art. 24, § 3º, da CF/88. Questão 
correta. 
 
Questão 27 ± CESPE/DPE-TO/2013 
 
As contribuições residuais para aseguridade social são cumulativas e de 
competência da União, instituídas por lei complementar, desde que não 
tenham fato gerador próprio de impostos. 
 
Comentário: Nós podemos identificar dois erros nesta questão. O primeiro é 
que as contribuições residuais são não cumulativas; o segundo diz respeito à 
restrição de que os fatos geradores ou base de cálculo de tais contribuições 
não sejam iguais às que já foram previstas na CF/88. Portanto, não há 
impedimento de que sejam iguais aos dos impostos previstos na CF/88. Esse 
tem sido o entendimento do STF (RE 242.615/BA). Questão errada. 
 
Questão 28 ± CESPE/DPE-TO/2013 
 
As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas são 
de competência da União, dos estados, do DF e dos municípios. 
 
Comentário: As contribuições especiais, via de regra, são de competência 
privativa da União, com algumas exceções, das quais as contribuições 
corporativas ± ou de interesse das categorias profissionais ou econômicas ± 
não fazem parte. Questão errada. 
 
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2 ± CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO DOS IMPOSTOS 
 Antes de entrarmos no estudo propriamente dito dos impostos, é 
necessário que tenhamos algumas noções básicas para o completo 
entendimento do assunto. 
 Você pode até já dominar o qXH�YDPRV�IDODU�D�VHJXLU��PDV�VHPSUH�³vou 
bater na tecla´ com os conceitos básicos, para que o aluno consiga 
DFRPSDQKDU�R�ULWPR�GR�FXUVR�VHP�GHL[DU�³SHQGrQFLDV´��$ILQDO�GH�FRQWDV��YRFr�
está fazendo um curso ± e um curso muito completo -, e não lendo um livro, 
correto? 
 Portanto, iremos retornar com a mesma estória contada na Aula 1, com 
alguns acréscimos. Vamos lá! 
 Quando uma lei institui um tributo, prevê-se na norma um fato que, 
ocorrido, faz surgir o vínculo entre o contribuinte e o fisco. Essa previsão na 
norma denomina-se hipótese de incidência. Ao fato ocorrido no mundo real, 
chamamos de fato gerador. Por fim, é chamada de obrigação tributária a 
relação jurídica constituída entre o fisco e o contribuinte, quando da ocorrência 
do fato gerador. 
 Contudo, embora exista uma obrigação do contribuinte para com o fisco, 
esta ainda não pode ser exigida, pois é imprescindível que haja um 
procedimento oficial para definir, a grosso modo, o valor exato a ser pago e 
por quem deverá ser pago. Esse procedimento é denominado lançamento. É 
com o lançamento que se constitui o crédito tributário, em favor do 
fisco. 
 O lançamento é realizado privativamente pela autoridade fiscal. 
Contudo, a lei pode exigir, em alguns casos, a participação do contribuinte. 
Quando o lançamento é realizado unicamente pela autoridade, denominamos 
lançamento de ofício. 
 Há também situações em que o contribuinte fica obrigado a prestar 
declarações que subsidiem a autoridade administrativa a realizar o 
lançamento, hipótese que caracteriza o lançamento por declaração. 
 Por último, no lançamento por homologação, o contribuinte realiza 
quase todas as atividades, inclusive realizando o pagamento antecipado, 
cabendo à autoridade a posterior conferência, realizando a homologação. 
 Ante o exposto, repare que há três modalidades de lançamento 
previstas no CTN. Por ora, é importante que você grave apenas isso, pois 
será visto com maiores detalhes em outra aula. A título de complemento, leia o 
art. 142 do CTN. 
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 Para facilitar a fixação do que você viu no presente tópico, vamos ilustrar 
a linha do tempo até que o tributo seja exigível do contribuinte: 
 
 
 
 
 
 
³4XDO�D�GLIHUHQoD�HQWUH� LQVWLWXLU� LPSRVWR�H�GHILQLU� IDWRV�JHUDGRUHV��
EDVHV�GH�FiOFXOR�H�FRQWULEXLQWHV"´ 
A definição de base de cálculo, fato gerador e contribuinte dos impostos 
situa-se no plano de normas gerais em matéria tributária, sendo 
regulamentada por lei complementar. É a União quem edita essa lei 
complementar, para todos os impostos discriminados na CF, sejam eles 
federais, estaduais ou até mesmo municipais. 
A instituição de tributo ocorre pela lei do ente tributante. Assim, não 
obstante haja definição dos fatos geradores, das bases de calculo e dos 
contribuintes do IPTU no CTN (lei com status de complementar), a 
instituição ocorre pelos Municípios, por meio de lei municipal. Ok? No 
momento da instituição, a lei define novamente o quais são os fatos 
geradores, bases de cálculo e contribuintes, entre outros aspectos, sempre 
observando o que foi definido na lei complementar. 
 Bom, creio que agora você tem condições de estudar os impostos com 
muito mais facilidade! 
 Portanto, vamos seguir com a matéria! 
 
3 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO 
 Na aula inicial do nosso curso, vimos algumas características gerais 
pertinentes aos impostos em geral. Além disso, também já vimos os princípios 
aplicáveis aos mais diversos impostos (legalidade, anterioridade e noventena, 
por exemplo), bem como os critérios estabelecidos pelo legislador constituinte 
acerca da competência tributária de cada ente. 
Instituição do 
Tributo por lei 
Ocorrência da 
situação prevista 
em lei 
Lançamento 
Hipótese de 
Incidência 
Fato Gerador 
(Surge Obrigação Tribut.) 
Crédito 
Tributário 
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 A partir de agora, estudaremos cada um dos impostos previstos na 
CF/88 de competência da União. 
 Você perceberá que, em alguns casos, será citado o CTN, no tocante à 
base de cálculo, fato gerador e contribuintes do imposto, pois, como já 
aprendemos, no art. 146, III, a, da CF/88, há uma exigência específica para 
que lei complementar (e o CTN possui esse status��GHILQD�WDLV�³FRPSRQHQWHV´�
dos impostos. 
3.1 ± Imposto de Importação 
 Trata-se de imposto de nítida finalidade extrafiscal, pois é utilizado como 
meio de controle sobre as importações, interferindo diretamente na economia 
do país, gerando, por consequência, impactos negativos ou positivos na 
indústria nacional. 
 Por esse motivo, o legislador constituinte (CF, art. 153, § 1º), facultou 
ao Poder Executivo a alteração das alíquotas desse tributo (exceção à 
legalidade), desde que atendidas as condições e os limites legais. Ademais, o 
mencionado imposto também constitui exceção aos princípios da anterioridade 
e noventena, produzindo efeitos imediatos. 
3.1.1 ± Fato Gerador 
 Relativamente ao fato gerador, vejamos o que diz o art. 19 do CTN: 
Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de 
produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no 
território nacional. 
Por se tratar de um momento difícil de ser apurado com exatidão, a 
legislação aduaneira estabeleceu que o momento, para fins de cálculo do 
imposto, em que se considera ocorrido o fato gerador, que é a data do 
registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho 
para consumo. Podemos dizer que este é considerado o elemento 
temporal da hipótese de incidência. 
Observação: Despacho para consumo é o procedimento adotado para 
mercadorias importadas a título definitivo. 
 Para o STJ, não há incompatibilidade entre as normas: 
"Ementa: (...) Não obstanteo fato gerador do imposto de importação se dê 
com a entrada da mercadoria estrangeira em território nacional, torna-se 
necessária a fixação de um critério temporal a que se atribua a 
exatidão e certeza para se completar o inteiro desenho do fato 
gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo se dê com a entrada 
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da mercadoria em território nacional, ele apenas se aperfeiçoa com o 
registro da Declaração de Importação no caso de regime comum e, 
nos termos precisos do parágrafo único, do artigo 1º, do Decreto-Lei nº 
37/66, "com a entrada no território nacional a mercadoria que contar como 
tendo sido importada e cuja a falta seja apurada pela autoridade aduaneira". 
(STJ, REsp 362.910/PR, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado, Julgamento 
em 16/04/2002) 
 
 
Não caia em pegadinhas, dizendo que se aplica alíquota 
de II vigente na data da celebração do contrato de 
compra e venda de mercadoria ou na data de embarque 
delas. O fato gerador é a entrada no território 
nacional! 
 ³0DV�H�DV�PHUFDGRULDV�LPSRUWDGDV�WHPSRUDULDPHQWH´"� 
 Na Legislação Aduaneira, há um regime aduaneiro especial denominado 
admissão temporária que rege essa forma de importação. As mercadorias 
entram temporariamente, amparadas por um regime aduaneiro que suspende 
o pagamento dos tributos devidos, durante o período em que permanecem 
no território nacional. 
 Um exemplo clássico da ocorrência desse regime é a importação de bens 
para exposição temporária em eventos. A respeito dos efeitos tributários 
sobre essa importação temporária, a ESAF, em 2009, já chegou a entender 
que não ocorre fato gerador do II na entrada de mercadorias 
temporariamente para exposições. 
 
Para a ESAF, não ocorre fato gerador quando o bem 
entra no território nacional, amparado por regime 
suspensivo de tributação (regime aduaneiro especial de 
admissão temporária). 
 Não faz sentido nos aprofundarmos mais do que isso nas hipóteses de 
ocorrência do fato gerador, pois nosso curso é Direito Tributário, e não 
Legislação Aduaneira, ok? 
3.1.2 ± Base de Cálculo e Alíquotas 
No que se refere à base de cálculo do II, vejamos o que diz o art. 20 do CTN: 
Art. 20. A base de cálculo do imposto é: 
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I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada 
pela lei tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, 
ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em 
condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de 
entrada do produto no País; 
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a 
leilão, o preço da arrematação. 
 Assim, quando a alíquota aplicável à mercadoria importada for 
específica, a base de cálculo será a unidade de medida (Kg, ton, m³ etc.) 
adotada pela lei tributária. 
 De outra banda, se a alíquota for ad valorem, a base de cálculo será o 
preço normal, atualmente entendido como o valor aduaneiro (valor real, 
e não o declarado pelo importador), apurado conforme as regras do Acordo 
Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio ± GATT (tratado internacional do 
qual o Brasil é signatário). 
 Em se tratando de produto de produto apreendido ou abandonado, 
levado a leilão, a base de cálculo do II é o preço da arrematação. Embora, na 
prática, não haja incidência de II sobre tal hipótese (leilão), é o conceito 
teórico que você tem de levar para a sua prova, colega concurseiro (a)!!! 
A respeito das alíquotas do II, é importante saber que elas estão 
fixadas na Tarifa Externa Comum (TEC), que é uma tabela que contém 
milhares de produtos e mercadorias relacionadas ao seu respectivo código (de 
oito dígitos) e associadas a uma determinada alíquota. 
 Portanto, quando o importador preenche sua Declaração de Importação 
(documento base do despacho de importação), ele deve informar o código da 
mercadoria que está trazendo para o País, seguindo regras específicas para 
classificação. Novamente, eu alerto: você não precisa saber nada mais do 
que isso para fazer uma prova de Direito Tributário. 
 
Quando o CTN estabelece, em seu art. 21, que tanto a 
base de cálculo como as alíquotas do II podem ser 
alteradas sem necessidade de lei, entenda-se que 
apenas as alíquotas possuem tal flexibilidade. 
O mesmo raciocínio serve para o IE (art. 26) e IOF 
(art. 65)! 
 Por fim, ressalte-se que a competência para alteração das alíquotas 
tanto do II como do IE não são privativas do Presidente da República. 
Ou seja, é possível outorgar essa competência à Câmara de Comércio 
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Exterior (CAMEX). Trata-se de entendimento pacífico no âmbito do STF (RE 
570.680/RS). 
 
3.1.3 - Contribuintes 
 De acordo com a literalidade do art. 22 do CTN, os contribuintes do II 
são os seguintes: 
Art. 22. Contribuinte do imposto é: 
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. 
 Quem seriam os equiparados ao importador? O Decreto-Lei 37/1966 nos 
responde: 
Art.31 - É contribuinte do imposto: 
I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a 
entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; 
II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo 
respectivo remetente; 
III - o adquirente de mercadoria entrepostada. 
 Conforme eu já havia dito, a arrematação não constitui, na prática, fato 
gerador do imposto. Por esse motivo, o arrematante não foi eleito como 
contribuinte do imposto no DL 37/66. Ok? 
 
Em provas de Direito Tributário, normalmente as 
questões cobram o disposto no CTN. Por isso, recomendo 
memorizar o que consta em seus arts. 20 e 22! 
3.1.4 - Lançamento 
 O lançamento do II ocorre por homologação. Conforme aprendemos, 
trata-se de modalidade em que a participação do contribuinte é essencial para 
a arrecadação do tributo. 
 
 
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3.1.5 ± Síntese do II 
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO 
Fato Gerador: Entrada de produtos estrangeiros em território nacional 
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei 
 Se alíquota ad valorem: Valor Aduaneiro (preço normal) 
Alíquota: Prevista na TEC (não se sujeita ao princípio da legalidade) 
Contribuinte: Importador ou quem a ele a lei equiparar 
3.2 ± Imposto de Exportação 
 Assim como o Imposto de Importação, o IE é um imposto cujo objetivo 
principal é a intervenção no controle do comércio exterior, possuindo 
claramente finalidade extrafiscal. 
 Por conseguinte, a alteração das suas alíquotas também foi excepcionada 
do princípio da legalidade (art. 153, § 1º, da CF/88), bem como do princípio da 
anterioridade e noventena. 
 Vamos, pois, estudar adiante alguns detalhes pertinentes

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