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Aula 03 Direito Tributário p/ AFRFB - 2016 (com videoaulas) Professor: Fábio Dutra 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 81 AULA 03: Competência Tributária e Impostos de Competência da União SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Competência Tributária 02 Conhecimentos Básicos para o Estudo dos Impostos 29 Impostos de Competência da União 30 Lista das Questões Comentadas em Aula 70 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 81 Observações sobre a Aula Olá, amigo(a) concurseiro! Tudo bem? Deu pra revisar bastante o conteúdo estudado até a última aula? Espero que sim, já que o nosso cronograma, a partir desta aula, ficará um pouco mais tranquilo! Na aula de hoje, conforme o nosso cronograma, vamos estudar a competência tributária e suas características, bem como a capacidade tributária ativa. Nesse tópico, eu acredito que muitas dúvidas das aulas anteriores serão sanadas! Tudo vai começar a se encaixar! Depois de estudar a competência tributária, partiremos para o estudo dos impostos de competência da União. E então, vamos começar? 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 81 1 ± COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Na aula passada, chegamos a estudar que a imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária, pois a CF/88, de um lado previu a competência para criar tributos, de outro estabeleceu algumas limitações a esta competência, entre as quais estão as imunidades. A essa competência para criar ou instituir tributos denominamos competência tributária. Como é decorrência do princípio da legalidade (estudado em aula anterior), que preceitua que a instituição de tributos deve ser feita sempre por intermédio de lei formal, a competência tributária pressupõe a competência legislativa para instituir o tributo. Portanto, os tributos só podem ser instituídos por leis ordinárias, medidas provisórias e leis complementares (em alguns casos). Neste momento, deve ter pairado alguma dúvida sobre quem poderia instituir tributos. A princípio, você deve entender que apenas os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem autonomia para instituição, extinção, majoração ou redução de tributos. Até aqui, você já deve estar ter percebido que a Constituição Federal de 1988 não criou nenhum tributo, mas unicamente definiu a competência tributária de cada ente para que este institua os tributos. Além da competência tributária, a CF/88 determinou que também deve haver também a competência para legislar sobre direito tributário. Isso não se confunde com a competência tributária, pois aqui o objetivo é traçar regras sobre o exercício da competência tributária. Assim, embora ambas decorram de lei, possuem objetivos diferentes, ok? Por exemplo, compete à União legislar sobre direito tributário, como será visto a seguir, mas isso não torna este ente competente para instituir o IPTU ou o ISS, já que se trata de imposto de competência municipal e distrital. Memorize: x A CF não cria tributo, apenas estabelece a competência tributária dos entes políticos. x A competência para legislar sobre direito tributário não se confunde com a competência tributária. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 81 Vamos esquematizar isso para você não confundir: Para entender a previsão da competência para legislar sobre direito tributário, vejamos o que diz o art. 24, I, da CF/88 e seus parágrafos: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (...) § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Percebe-se, pela leitura do dispositivo supracitado que, embora a competência para legislar sobre direito tributário seja concorrente da União, Estados e DF, cabe àquela a definição das normas gerais. Os Estados, portanto, ficam incumbidos de suplementar as normas gerais definidas pela União, podendo exercer competência legislativa plena, quando não existir a lei federal sobre normas gerais. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA Competência Tributária Competência p/ legislar sobre D.T. Instituição de Tributos Regras sobre o exercício da competência tributária 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 81 Nesse sentido, vamos ver o entendimento do STF: ³$*5$92� 5(*,0(17$/� 12� 5(&8562� (;75$25',1È5,2�� ,39$�� /(,� ESTADUAL. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DO VEÍCULO. 1. Os Estados-membros estão legitimados a ditar as normas gerais referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no artigo 24, § 3º, da Constituição do Brasil. 2. O Supremo possui orientação no sentido de que não há tributo progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva. $JUDYR�UHJLPHQWDO�D�TXH�VH�QHJD�SURYLPHQWR´� (STF, RE 466.480-AgR/MG, Rel. Min. Eros Grau, 24/06/2008) Para entender melhor o julgado, faz-se necessário saber que o CTN foi editado sob a égide da CF/46. Nessa CF, não havia previsão para IPVA, de forma que o CTN não contemplou o referido imposto. Como hoje existe tal previsão constitucional, não havendo, contudo, normas gerais editadas pela União sobre o IPVA, o STF entendeu que se aplica o disposto no art. 24, § 3º, da CF/88. É importante destacar também que, sobrevindo lei federal de normas gerais sobre matéria anteriormente disciplinada pelos Estados, fica a lei estadual suspensa no que contrariar a lei federal. Ocorre suspensão da lei estadual, e não revogação! Há que se ressaltar ainda a competência legislativa municipal (ou você não sentiu falta deles?). Embora não sejam citados no caput do art. 24 da CF/88, vejamos o que diz o art. 30, II, da própria CF: Art. 30. Compete aos Municípios: II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Observação: Quem legisla concorrentemente sobre direito tributário é a União, os Estados e o DF. Ao município cabe apenas suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. Explicadas tais regras, pergunta-se: a lei federal que dispõe sobre as regras gerais em matéria tributária deve ser lei complementar ou ordinária? 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB- 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 81 Vejamos a resposta: Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) Percebe-se, pois, que a referida lei deve ser complementar! Na aula inicial do nosso curso, você aprendeu que o Código Tributário Nacional ± CTN - foi recepcionado pela CF/88 com status de lei complementar, correto? Na realidade, o CTN possui força de lei complementar desde a CF pretérita ± CF/1967. Isso significa que não foi apenas com a CF/88 que esta norma adquiriu o status de lei complementar. É de se destacar também que o CTN continua sendo uma lei ordinária, mas com status de lei complementar, pois o conteúdo nele tratado foi reservado à lei complementar pela nossa CF/88. Essas regras são mais detalhadas no estudo do Direito Constitucional, disciplina que você já deve estar estudando ou ainda irá estudar com o Prof. Ricardo Vale. Nós veremos nos próximos tópicos algumas disposições do CTN acerca da competência tributária, bem como suas características e outros conceitos relativos ao tema. 1.3 - Características da Competência Tributária A competência tributária possui algumas características a ela inerentes, quais sejam: indelegável, imprescritível, inalterável, irrenunciável, e facultativa. Vamos explicar separadamente cada uma de suas características. 1. A competência tributária é indelegável A competência tributária é indelegável, não sendo possível que um ente delegue a sua competência para instituir determinado imposto, por exemplo, a outro. Vejamos o que diz o caput art. 7º do CTN: Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição (referência a outra CF). 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 81 O que se extrai do art. 7º do CTN é que a competência tributária é realmente indelegável, contudo, as atribuições administrativas decorrentes do exercício da competência tributária são delegáveis a outra pessoa jurídica de direito público. A delegação da função de arrecadar e fiscalizar os tributos instituídos, bem como as demais atribuições administrativas citadas no art. 7º do CTN denomina-se capacidade tributária ativa. Assim, a União, por exemplo, ao fazer uso de sua competência tributária prevista no art. 149, caput, da CF/88, pode instituir uma contribuição para o custeio dos conselhos de fiscalização e regulamentação de categorias profissionais (contribuições corporativas), e delegar a atribuição de arrecadação do tributo ao próprio conselho - CRM ou CRA, por exemplo. No mesmo sentido, o art. 153, § 4º, III, da CF/88 permite que os Municípios fiscalizem e cobrem o Imposto Territorial Rural (ITR). A união detém a competência para instituir o referido imposto (vamos estudar esse imposto ainda nessa aula), mas pode repassar, mediante lei, a capacidade ativa para os Municípios que assim optarem. Podemos dizer então que a capacidade tributária ativa é a aptidão para que a pessoa jurídica seja inserida no pólo ativo (ou sujeito ativo) da relação jurídica constituída com a ocorrência do fato gerador. Em outras palavras, trata-se do poder de exigir o tributo. Tal atribuição, nos termos do art. 119 CTN, só pode ser realizada por pessoa jurídica de direito público. Alguns autores dissertam de modo contrário, no sentido da possibilidade de que a capacidade tributária ativa pode ser delegada a pessoas jurídicas de direito privado. É temerário adotar essa posição em provas de concurso, pois a tendência das bancas é adotar o que foi estabelecido no CTN! Apenas atente para uma possível cobrança literal da seguinte súmula do STJ: Súmula STJ 396 - A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical rural. Não vamos desperdiçar nosso tempo divagando sobre o assunto. O que LPSRUWD�p�PDUFDU�R�³;´�QR�OXJDU�FHUWR� 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 81 Leve para a prova que a capacidade ativa só pode ser delegada a outra pessoa jurídica de direito público! Apenas use o conhecimento da Súmula 396 se a questão fizer referência expressa ao seu texto. É possível perceber, ante o exposto, que a competência tributária (instituição do tributo) é política, sendo instituída por intermédio de lei e indelegável. No entanto, a capacidade tributária ativa (arrecadação, fiscalização e execução) pode ser delegada a outra pessoa jurídica de direito público. Nessa linha, frisemos que, em sentido amplo, a competência tributária compreende tanto a instituição do tributo como a capacidade tributária ativa. Contudo, apenas esta é delegável. Vamos, portanto, esquematizar: DICA DE PROVA: Adote como corretas assertivas que tragam em seu enunciado a indelegabilidade da competência tributária. Essa é a regra! Só aceite a possibilidade de delegação, caso a questão cite expressamente que diz respeito à capacidade ativa - ou suas características. Antes de finalizar essa característica, não podemos deixar de comentar as regras descritas nos §§ 1º a 3º do art. 7º do CTN. O primeiro deles assevera que a pessoa que detiver a capacidade ativa terá as mesmas garantias e privilégios processuais conferidos ao titular da competência tributária. Nada mais justo, tendo em vista que o sujeito ativo substituirá o ente tributante na função de arrecadação tributária. Assim, pode-se dizer que a delegação da capacidade tributária ativa compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. Por exemplo, no âmbito do Direito Processual Civil, as pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios) possuem o dobro do prazo para recorrer das decisões judiciais. INSTITUIÇÃO DE TRIBUTOS Execução leis, atos etc. Arrecadação Fiscalização CAPACIDADE ATIVA Delegável a outra PJ direito público INDELEGÁVEL 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 81 Essas prerrogativas são também repassadas à pessoa jurídica responsável pela cobrança dos tributos. O § 2º, por seu turno, estabelece que a capacidade ativa pode ser revogada a qualquer tempo por ato unilateral do ente tributante. Ou seja, se há discricionariedade na delegação de tais atribuições, também haverá para a respectiva revogação. Por último, o § 3º esclarece que não se confunde com capacidade ativa o cometimento a pessoas jurídicas de direito privado o encargo ou função de arrecadar tributos. Entenda-se, neste caso, o mero recebimento do valor e o seu posterior repasse ao ente instituidor. Para ficar claro, tomemos como exemplo os bancos: são instituiçõesfinanceiras que podem celebrar contrato com o poder público (União, por exemplo) para receber os tributos e repassá-los posteriormente aos cofres públicos. Diferentemente, a capacidade tributária ativa inclui o poder de fiscalização do cumprimento das obrigações tributárias e cobrança dos tributos devidos. Pessoa jurídica de direito privado pode receber os tributos, não se confundindo com a capacidade tributária. Para o completo entendimento do assunto, é importante que você tenha em mente a delegação das atividades de fiscalização e cobrança (capacidade ativa) não confere necessariamente à pessoa jurídica delegatária a disponibilidade dos recursos arrecadados. Ou seja, via de regra, deve-se arrecadar os tributos e repassá-los ao ente competente. Quando, por outro lado, lei que instituiu o tributo nomeia outra pessoa jurídica para ser sujeito ativo (capaz de cobrar os tributos) e destina-lhe os recursos arrecadados, estamos diante do fenômeno da parafiscalidade. Entendido? 2. A competência tributária é imprescritível O não exercício da competência tributária, nos termos do art. 8º do CTN, não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 81 Nesse sentido, a imprescritibilidade (ou incaducabilidade, como alguns denominam) traduz-se no fato de que a competência tributária pode ser exercida a qualquer tempo pelo ente que a detém. Ainda que não seja exercida, não há possibilidade de que outra pessoa política institua tal tributo. 3. A competência tributária é inalterável Essa característica representa a inalterabilidade da competência tributária pelo ente federado. Nesse sentido, os Municípios, por exemplo, encontram-se impedidos de aumentar a sua competência tributária, prevendo, por meio de lei infraconstitucional, um novo imposto. DICA DE PROVA: 1mR�FDLD�HP�³SHJDGLQKDV´�GH�SURYD, dizendo que é possível alterar competência tributária, por meio de reforma à Lei Orgânica do Município ou mesmo por alteração na Constituição Estadual. Apenas reforma à CF/88 torna possível alteração de competência tributária. Sobre a dica acima, lembre-se de que uma das cláusulas pétreas (prevista no art. 60, § 4º, I, da CF/88) é a proteção do pacto federativo. Portanto, não seria possível nem mesmo uma reforma constitucional, caso seja tendente a abolir a autonomia financeira de algum ente federado. Nada impede que haja reforma constitucional (por meio de emenda à Constituição), alterando a competência tributária dos entes federados. 4. A competência tributária é irrenunciável Do mesmo modo que a competência tributária é inalterável pelo ente federado, pode-se dizer que também é irrenunciável, pois o ente federado não pode renunciar algo que foi previsto na Constituição Federal. Em que pese essa característica, o exercício da competência tributária é facultativo, como se passa a demonstrar no tópico subsequente. 5. A competência tributária é facultativa A doutrina majoritária considera o exercício da competência tributária uma facultatividade de cada ente federado. Ou seja, a CF/88 prevê a competência tributária, e os entes decidem, por critérios de conveniência política, se será ou não instituído o tributo. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 81 Uma vez instituído o tributo, sua cobrança é vinculada e obrigatória, pois isso compõe o próprio conceito de tributo, visto na aula inicial do nosso curso! Nesse contexto, vejamos o que diz o art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/99): Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Repare, na leitura do parágrafo único, que a norma prevê uma sanção aos entes que não instituírem todos os impostos de sua competência, previstos na CF/88. O dispositivo da LRF foi inserido em nossa aula apenas para que você tenha conhecimento de que ele existe e pode vir a ser cobrado em prova. Sendo assim, grave que a sanção só existe se não forem instituídos todos os IMPOSTOS. Ainda assim, caso uma questão mencione que a competência tributária é IDFXOWDWLYD��VHP�FLWDU�D�/5)��YRFr�GHYH�PDUFDU�³correto´� Tudo bem? A título de exemplo sobre a facultatividade do exercício da competência tributária, citemos o Imposto sobre Grandes Fortunas ± IGF ± previsto no art. 153, VII, que até hoje não foi instituído. 1.2 - Classificação da Competência Tributária Aprendemos que a competência tributária é o poder conferido pela Constituição Federal aos entes federados para instituir tributos, sempre por meio de lei. Vimos também algumas características inerentes ao conceito de competência tributária, e que o seu exercício é facultativo, haja vista que a CF apenas estipula quais tributos podem ser instituídos, mas a edição da lei instituidora é critério político do ente. 1HVVH� PRPHQWR�� SRUWDQWR�� D� SHUJXQWD� TXH� VH� ID]� p�� ³4uais tributos podem ser instituídos pela União ou pelos Municípios, por exemplo? E quais tributos os Estados e o DF são competentes para instituir?´� 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 81 Estudaremos, nos tópicos a seguir que a competência tributária pode ser classificada em: privativa, comum, cumulativa, residual e extraordinária. 1.2.1 ± Competência Privativa Primeiramente, cabe ressaltar que a competência tributária privativa diz respeito àqueles tributos cuja instituição somente pode ser feita por determinado ente político. Por exemplo, o Imposto sobre Produtos Industrializados, como será visto ainda nesta aula, pode ser instituído apenas pela União. No Direito Constitucional, você aprende que a competência privativa pode ser delegada, ao contrário da exclusiva. Contudo, em Direito Tributário, a competência tributária privativa é indelegável (como vimos, é característica intrínseca da competência tributária a indelegabilidade). Os tributos que possuem, por excelência, competência privativa são os impostos. Nesse contexto, a CF/88 definiu quais seriam os impostos federais, estaduais e distritais e municipais. O art. 153 da CF/88 determina quais são impostos que ficaram sob a competência da União, quais sejam: x Imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II); x Imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE); x Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR); x Imposto sobre produtos industrializados (IPI); x Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF); x Imposto sobre propriedade territorial rural (ITR); x Imposto sobre grandes fortunas (IGF). Aos Estados e Distrito Federal, a competência relativa aos impostos foi prevista no art. 155, sendo eles osseguintes: x Imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD); x Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior (ICMS); x Imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA). Por último, cabe aos Municípios e ao Distrito Federal instituir, com base nos preceitos do art. 156 da CF/88 os seguintes impostos: 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 81 x Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU); x Imposto sobre transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI); x Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS). Antes que você me pergunte, já adianto: não é somente a espécie WULEXWiULD� ³LPSRVWRV´� que está submetida à competência privativa. Cabe privativamente à União a instituição dos empréstimos compulsórios. Ademais, em regra, as contribuições especiais (art. 149, caput, da CF/88) também são de competência privativa da União. Alguns autores classificam a competência para instituir empréstimos compulsórios e contribuições especiais como competência especial! 5HSDUH�TXH�HX�IL]�TXHVWmR�GH�JULIDU�³HP�UHJUD´��SRLV�Ki�H[FHo}HV�� Ao interpretar o § 1º do art. 149, da CF, percebe-se que apesar de a regra ser a instituição de contribuições especiais pela União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem competência privativa para instituir as contribuições sociais para custeio do Sistema de Previdência e Assistência Social de seus próprios servidores. Há que se destacar que a competência é privativa no âmbito de cada ente. Assim, o Estado de Minas Gerais tem competência privativa para instituir as contribuições sociais para o custeio do seu Sistema de Previdência. Contudo, não o tem para instituir contribuições sociais para a Previdência do Município de Pouso Alegre, por exemplo, sendo esta privativa desse Município. Além da competência acima citada, o Distrito Federal e os Municípios (os Estados não estão incluídos nesse rol!) possuem competência privativa para instituir a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP), com base no art. 149-A, da CF/88. Em síntese, a competência privativa, em regra, diz respeito aos impostos. Contudo, devemos nos lembrar que a competência para instituir empréstimos compulsórios (E.C.) e contribuições especiais é da União, ressalvada, no último caso, a possibilidade de os Estados, DF e Municípios instituírem seu regime próprio de previdência bem como a competência privativa do DF e Municípios para instituir a COSIP. Entendido? 1.2.2 ± Competência Comum 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 81 A competência comum diz respeito aos tributos vinculados, que, como já estudamos, são tributos cujo fato gerador é uma atividade estatal relativa ao contribuinte. Você se lembra de quais tributos estamos nos referindo? É isso mesmo: taxas e contribuições de melhoria. Denomina-se competência comum, pois todos os entes federados podem instituir tais tributos, respeitadas, por óbvio, as atribuições de cada ente, definidas na Constituição Federal. Para uma prova de Direito Tributário, você não precisa saber nada mais do que isso! Nesse rumo, caso o Estado do Rio de Janeiro preste serviço público específico e divisível, é possível instituir uma taxa estadual para custear o referido serviço público. Do mesmo modo, se o Município de Juiz de Fora realizar uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária, torna-se possível a instituição de uma contribuição de melhoria municipal. 1.2.3 ± Competência Cumulativa A competência cumulativa foi prevista no art. 147 da CF/88, nos seguintes termos: Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais. Cabe destacar que os territórios federais não são entes federados, sendo considerados apenas descentralizações administrativo-territoriais pertencentes à União. Sendo assim, não dispõem de autonomia política e, consequentemente, não possuem competência tributária própria. Contudo, conforme preceitua o § 1º do art. 33, da CF/88, os territórios federais podem ou não ser divididos em Municípios, gozando estes de autonomia política. A referida divisão em Municípios reflete sobre a competência tributária da União, isto é, se os territórios federais não forem divididos em Municípios, compete à União os impostos estaduais e municipais. Havendo, por outro lado, a citada divisão, competirá à União apenas os impostos estaduais, já que os Municípios deterão a competência para instituir os seus próprios impostos municipais. Embora o texto constitucional mencione apenas ³LPSRVWRV´�� JXDUGH� TXH� WDO� GLVSRVLomR� GL]� UHVSHLWR� também aos demais tributos. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 81 Para finalizar o estudo da competência cumulativa, a parte final do dispositivo constitucional menciona algo que já estudamos, que é a competência distrital para instituir também os impostos municipais. Essa competência decorra da impossibilidade de o Distrito Federal ser dividido em Municípios, conforme previsão no caput do art. 32 da CF/88. 1.2.4 ± Competência Residual $�FRPSHWrQFLD�UHVLGXDO�GL]� UHVSHLWR�j�FULDomR�GH�³QRYRV� WULEXWRV´��DOpP� daqueles já existentes. É com base no art. 154, I, e no art. 195, § 4º, que a União (unicamente a União) detém a competência para instituir novos impostos e novas contribuições para a seguridade social, respectivamente. Para a instituição dos denominados impostos residuais, há que se obedecer algumas restrições estampadas no art. 154, I, da CF/88 (recomendo o acompanhamento na sua CF, como sempre). São elas: x Devem ser instituídos por lei complementar; x Devem obedecer ao critério da não cumulatividade; x Devem possuir fato gerador ou base de cálculo diversos dos demais impostos já discriminados na CF. Quanto à primeira restrição, a consequência é que tais impostos não poderão ser instituídos por leis ordinárias ou medidas provisórias. Observação: De acordo com o art. 62, § 1º, III, da CF/88, as medidas provisórias não podem tratar de temas reservados a lei complementar. A não cumulatividade, por seu turno, é um mecanismo que permite que o imposto cobrado em uma operação seja compensado com o que for cobrado na operação seguinte. Por exemplo, digamos que uma fábrica de móveis venda sua produção para uma loja que, posteriormente, revende os móveis aos consumidores finais. A não cumulatividade ocorre quando o legislador permite que o estabelecimento revendedor, em nosso exemplo, pague somente a diferença entre o que foi pago na operação anterior (venda da produção) e o queé devido na revenda ao consumidor. Por último, é de se ressaltar que o imposto residual deve ter fato gerador ou base de cálculo diferente dos outros impostos já previstos na Constituição Federal. No tocante às contribuições para a seguridade social residual, o raciocínio é o mesmo, apenas se diferenciando quanto ao último requisito. Ou 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 81 seja, a nova contribuição deve ter fato gerador ou base de cálculo diferente das contribuições para seguridade social (e não dos impostos) já previstas na CF/88. Trata-se de entendimento do Supremo Tribunal Federal (RE 242.615/BA) Veja também o seguinte posicionamento da Suprema Corte: 7UHFKR�GR�YRWR�GR�0LQ��&DUORV�9HOORVR��³É que a técnica da competência residual da União é para o legislador ordinário (C.F., art. 154, I) e não para o constituinte derivado.´ (STF, ADI 939/DF, Pleno, Rel. Min Sydney Sanches, Julgamento em 15/12/1993) Para o STF, a competência residual prevista na CF/88 é para o legislador ordinário e não para o constituinte derivado. O que isso quer dizer? Ora, quando o legislador for instituir um imposto novo (uso da competência residual), deverá obedecer as regras previstas no art. 154, I. No entanto, quando uma emenda constitucional acrescenta um novo imposto na CF/88, o constituinte derivado não está sujeito ao art. 154, I. Antes de finalizar o tópico, cumpre-nos fazer uma observação sobre um posicionamento doutrinário que já foi cobrado pela ESAF. O legislador constituinte, ao realizar a distribuição de competências administrativas aos entes federados, determinou que aos Estados cabe aquilo que a CF não determinou à União ou aos Municípios, sendo, portanto, uma espécie de competência residual. Nesse sentido, há quem entenda que os Estados (e o Distrito Federal, por conta da sua competência cumulativa) possuem competência residual para a instituição de taxas e contribuições de melhoria. Observação: Guarde essa informação e apenas a use, caso a questão solicite expressamente a competência residual dos Estados para instituição de taxas e contribuições de melhoria. 1.2.5 ± Competência Extraordinária Além da competência privativa, comum, cumulativa e residual, a União ± e somente ela ± detém ainda a competência tributária extraordinária. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 81 Tal competência está prevista no art. 154, II, da CF/88, cuja redação é a seguinte: Art. 154. A União poderá instituir: II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Trata-se, portanto, da competência que a União possui para instituir o Imposto Extraordinário de Guerra ± IEG. Cabe fazer algumas observações acerca do exercício de tal competência. Inicialmente, você deve saber que tal imposto pode ser instituído por lei ordinária ou mesmo por medida provisória, pois não foi feita nenhuma reserva à lei complementar. Na dicção do CTN (art. 76), o IEG é temporário, devendo ser suprimido em até 5 anos, contados da celebração da paz. É importante lembrar também que não há restrição quanto à não cumulatividade, ou seja, o IEG pode ser cumulativo. Outro detalhe a ser ressaltado é o de que o fato gerador do IEG não pode ser a guerra (não faz o menor sentido), mas sim um fato econômico relacionado ao contribuinte. Sobre esse fato, o legislador constituinte conferiu ampla discricionariedade para sua definição, conforme se nota na expressão ³FRPSUHHQGLGRV�RX�QmR�HP�VXD�FRPSHWrQFLD�WULEXWiULD´� A instituição do IEG somente se faz possível em situação de guerra externa ou sua iminência. Não há, portanto, como instituir o imposto mediante uma guerra interna (guerra civil). Com efeito, a União poderia instituir o IEG, tendo o mesmo fato gerador de outro imposto de sua competência ou mesmo da competência dos estados, por exemplo. Estamos, então, diante de uma permissão constitucional para que haja bitributação ou bis in idem. Muito provavelmente você deve ter ficado curioso para saber o significado de tais conceitos, correto? Veremos isso no tópico a seguir. Antes disso, vamos esquematizar em uma tabela o que vimos até o momento: 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 81 CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTOS ENTES FEDERADOS Privativa Impostos, Empréstimos Compulsórios e Contrib. Especiais (com exceções) União (E.C. e, em regra, contrib. Especiais), Estados, DF e Municípios Comum Taxas e Contribuições de Melhoria União, Estados, DF e Municípios Cumulativa Tributos (embora o art. 147 mencione impostos) Apenas União e DF Residual Novos Impostos e Novas Contribuições para Seguridade Social Apenas União Extraordinária IEG União 1.3 ± Competência Tributária, Bitributação e Bis in idem Com base na competência tributária conferida pela Constituição Federal, os entes instituem tributos sobre diversos fatos geradores. Em alguns casos, contudo, pode ocorrer diversas incidências sobre o mesmo fato gerador. Quando tais incidências são decorrentes de tributos de competência da mesma pessoa jurídica de direito público, ocorre o fenômeno do bis in idem. É o caso, por exemplo da incidência do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) incidente sobre a apuração do lucro das empresas, que ocorre cumulativamente com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Repare que neste caso ambos os tributos são de competência da União. Ademais, podemos citar também o que ocorre com as contribuições para R�ILQDQFLDPHQWR�GD�VHJXULGDGH�VRFLDO��R�DUW�������,��³E´��SUHYr�D�LQVWLWXLomR�GH� contribuição a cargo do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre receita ou faturamento. No exercício dessa competência tributária, a União instituiu não apenas uma, mas sim duas contribuições, a saber: PIS/PASEP e COFINS. Acrescente-se, ainda, que situação semelhante ocorre na importação, sendo esta mais uma fonte de custeio da seguridade social, prevista no art. 195, IV, da CF/88. Amparado nesse dispositivo constitucional, o legislador instituiu duas contribuições incidentes sobre a importação: PIS/PASEP- Importação e COFINS-Importação. Diante dos argumentos supracitados, infere-se que não há vedação expressa ao bis in idem no âmbito da CF/88. Não obstante, a União teve o exercício da sua competência residual de certa forma restringido, já que o art. 154, I c/c art. 195, § 4° exigiram que os novos impostos ou as novas contribuições não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos já discriminados na CF/88. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 81 A bitributação, por outro lado, ocorre quando maisde um ente federado tributa o mesmo fato gerador. Em regra, nesse caso, percebe-se que há invasão de competência tributária, pois a CF/88 traçou os limites da competência de cada ente. Um exemplo claro de bitributação seria a instituição, por parte de um município, de uma alíquota adicional sobre o IPVA, a ser cobrado dos veículos registrados em sua circunscrição. Note, pois, que isso é vedado, já que a competência para se instituir imposto sobre propriedade de veículos automotores cabe apenas aos Estados e ao Distrito Federal. Entretanto, existem situações excepcionais em que se permite haver bitributação. É o caso do IEG, cuja própria redação constitucional permite que o imposto criado seja compreendido ou não na competência tributária da União. Com base em tal autorização, é possível que a União crie o ICMS- Extraordinário, a incidir sobre os mesmos fatos geradores do referido imposto estadual. Sendo o ICMS tributo de competência originalmente estadual, teríamos um caso típico de bitributação (tributação pela União e pelos Estados). Embora estejamos tratando, neste momento, do estudo da bitributação, chama-nos a atenção o fato de que os impostos extraordinários de guerra podem ser compreendidos ou não na competência tributária da União. Quando não compreendidos em sua competência, teríamos um exemplo de bitributação, conforme já explicado no parágrafo antecedente. Todavia, se a União institui IEG utilizando fato gerador compreendido em sua competência tributária, teríamos uma hipótese de bis in idem, e não bitributação, você concorda? Ora, se a União institui o IR-Extraordinário, teríamos duas incidências (IR comum e IR-Extraordinário) de tributos federais sobre o mesmo fato gerador. Logo, a situação aventada se amoldaria no conceito de bis in idem. Instituição de IEG compreendido na competência da União: bis in idem. Instituição de IEG não compreendido na competência da União: bitributação. Outra situação em que a bitributação não é vedada é a dupla tributação internacional da renda. Imagine a seguinte situação: determinado cidadão residente no exterior aufere rendimentos de aluguéis de imóveis situados no Brasil. Dessa forma, embora não seja residente no Brasil, a fonte de seus rendimentos está localizada no território nacional. Nesse caso, a legislação do IR impõe que tais rendimentos sejam tributados. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 81 Pode ocorrer de a legislação pátria do referido cidadão também determine a cobrança de imposto sobre a renda auferida no exterior (no Brasil). Trata-se, portanto, de uma situação em que ocorre bitributação. Observação: Os países normalmente celebram tratados internacionais com o objetivo de evitar que ocorra a dupla tributação, já que isso desestimula os investimento, em decorrência da dupla incidência. O Brasil, por exemplo, é signatário de diversos tratados internacionais. Sugerimos que o aluno acesse o seguinte link, apenas para conhecer os referidos acordos internacionais: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/AcordosInternacionai s/AcordosDuplaTrib.htm Acompanhe, abaixo, o esquema que ilustra a distinção entre bitributação e bis in idem: Para finalizar o estudo da bitributação, vejamos um julgado do STF acerca da bitributação: ³Recurso extraordinário em que se argumento a não incidência do II e do IPI sobre operação de importação de sistema de tomografia computadorizada, amparada por contrato de arrendamento mercantil. Alegada insubmissão do arrendamento mercantil, quer seria um serviço, ao fato gerador do imposto de importação (art. 153, I, da Constituição). Inconsistência. Por se tratar de tributos diferentes, com hipóteses de incidência específicas (prestação de serviços e importação, entendida como a entrada de bem em território nacional ± art. 19 do CTN), a incidência concomitante do II e do ISS não implica bitributação ou de violação de pretensa exclusividade e preferência de cobrança do ISS. (STF, RE 429.306, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgamento em 01/02/2011) Não ocorre bitributação no caso apresentado pelo STF, pois há dois fatos geradores distintos: importação e prestação de serviços. 02 Incidências Mesmo Fato Gerador Bis in idem Bitributação 01 Ente Federado 02 Entes Federados 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 81 Questão 01 ± ESAF/ATRFB/2009 O art. 154, inciso I, da Constituição Federal, outorga à União o que se costuma chamar de competência tributária residual, permitindo que institua outros impostos que não os previstos no art. 153. Sobre estes impostos, é incorreto afirmar que: a) Estados e Municípios não possuem competência tributária residual. b) Terão de ser, necessariamente, não-cumulativos. c) Não poderão ter base de cálculo ou fato gerador próprios dos impostos já discriminados na Constituição Federal. d) Caso sejam instituídos por meio de medida provisória, esta deverá ser convertida em lei até o último dia útil do exercício financeiro anterior ao de início de sua cobrança. e) Para a instituição de tais impostos, há que se respeitar o princípio da anterioridade. Comentário: Alternativa A: A competência residual foi outorgada apenas à União. Portanto, os Estados e Municípios não possuem tal competência. Item correto. Alternativa B: Conforme preceitua o art. 154, I, os impostos residuais devem ser não cumulativos. Item correto. Alternativa C: O art. 154, I, da CF/88, também estabelece que os impostos residuais não poderão ter base de cálculo ou fato gerador próprios dos impostos já discriminados na Constituição Federal. Item correto. Alternativa D: Tais impostos só podem ser instituídos por lei complementar. Por esse motivo, é vedada a instituição por meio de medidas provisórias. Item errado. Alternativa E: Tais impostos não constituem exceção nem ao princípio da anterioridade nem ao da noventena. Item correto. Gabarito: Letra D Questão 02 ± ESAF/ATRFB/2012 Analise as proposições a seguir e assinale a opção correta. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 81 I. Se a Constituição atribuir à União a competência para instituir certa taxa e determinar que 100% de sua arrecadação pertencerá aos Estados ou ao Distrito Federal, caberá, segundo as regras de competência previstas no Código Tributário Nacional, a essas unidades federativas a competência para regular a arrecadação do tributo. II. Embora seja indelegável a competência tributária, uma pessoa jurídica de direito público pode atribuir a outra as funções de arrecadar e fiscalizar tributos. III. É permitido, sem que tal seja considerado delegação de competência, cometer a uma sociedade anônima privada o encargo de arrecadar impostos. a) As duas primeiras afirmações são corretas, e errada a outra. b) A primeira é correta, sendo erradas as demais. c) As três são corretas. d) A primeira é errada, sendo corretas as demais. e) As três são erradas. Comentário: Item I: O destinatário do produto da arrecadação, no caso os Estados ou o DF, podemtornar-se responsáveis pela arrecadação, mas não podem regular a arrecadação. A regulamentação cabe ao ente competente para instituir o tributo, que no caso apresentado é a União. Item errado. Item II: A capacidade tributária ativa pode ser delegada por uma pessoa jurídica de direito público a outra, englobando as funções de arrecadar e fiscalizar os tributos. Item correto. Item III: Como vimos, o art. 7º, § 3º, do CTN, estabelece que não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Item correto. Gabarito: Letra D Questão 03 ± ESAF/AFRFB/2012 A competência, privativa ou concorrente, para legislar sobre determinada matéria, não implica automaticamente a competência para a instituição de tributos. Comentário: A competência para legislar sobre determinada matéria, como o direito tributário, não se confunde com a competência tributária. Questão correta. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 81 Questão 04 ± ESAF/AFRFB/2012 Os entes federativos somente podem instituir os impostos e as contribuições que lhes foram expressamente outorgados pela Constituição. Comentário: A competência tributária é atribuída pela CF/88 aos entes federativos. Portanto, só podem instituir aqueles impostos e contribuições que foram expressamente outorgados no texto constitucional a cada um deles. Ademais, nada impede os entes federativos de instituírem as demais espécies tributárias, como as taxas e as contribuições de melhoria. Questão correta. Questão 05 ± FGV/Fiscal da Receita Estadual-SEAD-AP/2010 Compete à União instituir impostos, dentre outras hipóteses, sobre renda e proventos de qualquer natureza, grandes fortunas (nos termos de lei complementar) e propriedade territorial rural. Comentário: De fato, além dos outros previstos no art. 153 da CF/88 e 154, compete à União instituir o IR, o IGF e o ITR. Portanto, a questão está correta. Questão 06 ± FGV/Fiscal da Receita Estadual-SEAD-AP/2010 Compete aos Municípios instituir impostos, dentre outras hipóteses, sobre propriedade predial e territorial urbana, transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física. Comentário: Os Municípios são competentes para instituir o IPTU, ISS e ITBI (citado na questão, sem abreviatura). Questão correta. Questão 07 ± FCC/TRF5-Analista/2012 Admite-se constitucionalmente a bitributação e o bis in idem na seguinte hipótese: a) imposto de competência dos Estados pela União, para incidir em Território Federal. b) contribuição de melhoria. c) imposto residual de competência da União. d) imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza pelos Estados- membros e Municípios em relação aos seus servidores públicos. e) imposto extraordinário, pela União, na iminência ou no caso de guerra externa. Comentário: O art. 154, I, ao conferir a competência para instituição do IEG à União, permitiu que tais impostos podem ser compreendidos ou não na competência tributária da União. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 81 Assim, caso a União institua o IEG com base em sua competência tributária, ocorrerá o bis in idem. Por outro lado, caso o imposto extraordinário instituído tenha como base a competência tributária estadual, por exemplo, haverá bitributação. Portanto, a única alternativa que pode ser considerada correta é a Letra E. Questão 08 ± ESAF/ISS-RJ/2010 Lei estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do veículo, já que os estados-membros estão legitimados a editar normas gerais referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no art. 24, § 3º, da Constituição. Comentário: Seguindo a linha de entendimento do STF, os Estados-membros estão legitimados a editar normas gerais referentes ao IPVA. Nesse sentido, lei estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do veículo. Questão correta. Questão 09 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011 As contribuições de melhoria, de competência exclusiva dos municípios, são tributos cujo fato gerador é a valorização de imóveis urbanos em razão de obras realizadas pelo poder público local. Comentário: De fato, o fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização dos imóveis particulares, como já estudamos. No entanto, deve-se lembrar que a contribuição de melhoria é um tributo de competência comum, ou seja, todos os entes federativos podem instituí-las. Questão errada. Questão 10 ± ESAF/SUSEP-Analista/2010 O exercício da competência residual é reservado ao legislador ordinário, e não ao constituinte derivado. Comentário: Perceba que a ESAF retirou a literalidade do trecho de um voto do Min. Carlos Velloso. Questão correta. Questão 11 ± ESAF/SUSEP-Analista/2010 Consoante entendimento firmado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a não-cumulatividade e o não bis-in-idem não precisam ser observados quando da criação de um novo imposto por meio de emenda constitucional. Comentário: Na realidade, a emenda constitucional não cria impostos, mas sim confere a um ente federado a competência tributária para os instituir. Não 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 81 obstante esse detalhe, a questão está correta, pois, segundo o STF, a técnica da competência residual da União é para o legislador ordinário, e não para o constituinte derivado. Questão correta. Questão 12 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011 Cabe à União criar imposto sobre serviços de qualquer natureza em municípios que não tiverem instituído essa exação, embora a competência para cobrá-los seja dos próprios municípios. Comentário: A competência tributária é imprescritível. Portanto, ainda que os municípios não instituam o ISS, não há deferimento dessa competência tributária a outra pessoa diversa daquela a quem a CF/88 a tenha atribuído (CTN, art. 8º). Questão errada. Questão 13 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011 À União compete realizar a cobrança de imposto sobre serviços de qualquer natureza em municípios que, embora tenham instituído essa exação, não a estejam cobrando. Comentário: Uma vez instituído o tributo, a sua cobrança é atividade administrativa plenamente vinculada. Isso consta do próprio conceito de tributo. Assim, não há qualquer previsão para que a União cobre tributos de competência dos Municípios se estes não estiverem cobrando os tributos instituídos. Questão errada. Questão 14 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 Pode ser objeto de delegação a) a capacidade tributária ativa. b) o poder tributário. c) a competência tributária. d) a soberania tributária. e) a autonomia tributária. Comentário: Nos termos do caput do art. 7º do CTN, a competência tributária é indelegável, salvo a atribuição das funções de arrecadar e fiscalizar tributos entre outras atividades a estas relacionadas (capacidade tributária ativa), que pode ser delegada de uma pessoa jurídica de direito público a outra. Portanto, a alternativa correta éLetra A. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 81 Questão 15 ± CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013 A União poderá instituir impostos não previstos na CF, desde que eles não sejam cumulativos nem tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos nela discriminados, mediante a) medida provisória. b) lei delegada. c) lei ordinária. d) lei complementar. e) emenda constitucional. Comentário: A questão trata da competência residual da União para a instituição de novos impostos, além dos previstos no texto constitucional. Estudamos na aula que para o exercício dessa competência deve haver a edição de uma lei complementar. Portanto, a alternativa correta é a Letra D. Questão 16 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 O poder de criar tributos é repartido entre os vários entes políticos, e a CF assinala a esfera de competência dos níveis federal, estadual e municipal. Comentário: A CF confere o poder de criar tributo aos entes federativos, conforme a competência de cada um. Portanto, a questão está correta. Questão 17 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 Mesmo na ausência de normas gerais da União, os estados e o DF não têm a possibilidade de exercer a competência legislativa plena em matéria tributária. Comentário: Cabe à União o estabelecimento de normas gerais sobre direito tributário. Na ausência de tal norma, os Estados podem exercer a competência legislativa plena em matéria tributária. Questão errada. Questão 18 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 As principais características da competência tributária são a transmissibilidade e a renunciabilidade, conforme a legislação em vigor. Comentário: Vimos que a competência tributária é indelegável, sendo, portanto, intransmissível a outro ente diverso daquele a quem tenha sido conferido o poder de tributar. Ademais, a competência também é irrenunciável. Logo, a questão está errada. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 81 Questão 19 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 Sendo, como regra geral, delegável a competência tributária, justifica-se a delegação da atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos. Comentário: Embora a competência tributária seja indelegável, o art. 7º do CTN permitiu que as atribuições administrativas decorrentes do exercício da competência tributária fossem delegadas a outra pessoa jurídica de direito público. Trata-se, pois, da capacidade tributária ativa. Questão errada. Questão 20 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 À luz do CTN, o não exercício da competência tributária pelo ente competente defere a outra pessoa jurídica de direito público o exercício tributário, que não pode ser obstaculizado. Comentário: A competência tributária é imprescritível. Por conseguinte, o seu não exercício não permite que haja deferimento a outra pessoa diversa daquela a quem a CF/88 a tenha atribuído (CTN, art. 8º). Questão errada. Questão 21 ± CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 A CF não cria tributo, mas outorga competência tributária a cada ente federado, devendo o exercício dessa competência ser regulado por lei, por expressa previsão constitucional. Comentário: De fato, a CF não cria tributos, mas apenas confere poder aos entes federados, para que estes instituam os tributos, sempre por intermédio de lei, consoante o princípio da legalidade. Questão correta. Questão 22 ± CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 As contribuições sociais são instituídas por lei federal, sendo exclusiva da União a competência para instituí-las e cobrá-las. Comentário: De fato, as contribuições sociais, via de regra, são de competência da União. Contudo, não podemos nos esquecer das contribuições destinadas ao custeio do regime de previdência dos servidores públicos estaduais, distritais e municipais, previstas no art. 149, § 1º, da CF/88. É SUHFLVR�DSHQDV�WHU�FXLGDGR�TXDQGR�D�TXHVWmR�³FRSLD�H�FROD´�R�caput do art. 149 da CF/88, pois a exceção só é mencionada no § 1º desse artigo. Questão errada. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 81 Questão 23 ± CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 A competência tributária apresenta-se como aptidão jurídica para criar tributos, sendo a imunidade uma forma qualificada de incidência, por expressa disposição legal. Comentário: A competência tributária é a aptidão jurídica para criar tributos. Entretanto, a imunidade é uma forma constitucional de não incidência tributária. Questão errada. Questão 24 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 A CF atribui à União a denominada competência residual ou remanescente para a instituição de impostos e contribuições sociais relativas à seguridade social. Comentário: Conforme previsão no art. 154, I, c/c art. 195, § 4º, da CF/88, a União, e somente este ente federativo, possui competência residual para a instituição de impostos e contribuições sociais relativas à seguridade social. Questão correta. Questão 25 ± CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012 Acerca da competência legislativa sobre normas gerais de direito tributário, julgue a assertiva a seguir. a) A competência dos estados, ainda que suplementar, é excluída com o exercício, pela União, da competência para legislar sobre normas gerais de direito tributário. b) Os municípios não dispõem de competência para instituir normas gerais de direito tributário. c) Em nenhuma hipótese os estados e o DF exercerão competência legislativa plena. d) No âmbito dos estados e do DF, prevalecem as respectivas leis sobre as leis federais. e) Pertencem à competência concorrente todas as pessoas políticas. Comentário: Alternativa A: Conforme § 2º do art. 24, da CF/88, a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. Item errado. Alternativa B: Aos municípios, cabe apenas suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (art. 30, da CF/88), sendo que a competência para instituir normas gerais fica a cargo da União. Item correto. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 81 Alternativa C: Os Estados e o DF exercerão competência legislativa plena caso inexista lei federal dispondo sobre as normas gerais. Portanto, o item está errado. Alternativa D: Não há prevalência das leis estaduais sobre as leis federais. Cabe ainda destacar que, em se tratando de superveniência de lei federal sobre normas gerais, a lei estadual tem a sua eficácia suspensa. Item errado. Alternativa E: Apenas a União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência legislativa concorrente. Item errado. Gabarito: B Questão 26 ± CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 Quando a União deixa de editar normas gerais sobre matéria tributária, cabe aos estados a prerrogativa de exercer a competência legislativa plena. Comentário: É exatamente isso o que diz o art. 24, § 3º, da CF/88. Questão correta. Questão 27 ± CESPE/DPE-TO/2013 As contribuições residuais para aseguridade social são cumulativas e de competência da União, instituídas por lei complementar, desde que não tenham fato gerador próprio de impostos. Comentário: Nós podemos identificar dois erros nesta questão. O primeiro é que as contribuições residuais são não cumulativas; o segundo diz respeito à restrição de que os fatos geradores ou base de cálculo de tais contribuições não sejam iguais às que já foram previstas na CF/88. Portanto, não há impedimento de que sejam iguais aos dos impostos previstos na CF/88. Esse tem sido o entendimento do STF (RE 242.615/BA). Questão errada. Questão 28 ± CESPE/DPE-TO/2013 As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas são de competência da União, dos estados, do DF e dos municípios. Comentário: As contribuições especiais, via de regra, são de competência privativa da União, com algumas exceções, das quais as contribuições corporativas ± ou de interesse das categorias profissionais ou econômicas ± não fazem parte. Questão errada. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 81 2 ± CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O ESTUDO DOS IMPOSTOS Antes de entrarmos no estudo propriamente dito dos impostos, é necessário que tenhamos algumas noções básicas para o completo entendimento do assunto. Você pode até já dominar o qXH�YDPRV�IDODU�D�VHJXLU��PDV�VHPSUH�³vou bater na tecla´ com os conceitos básicos, para que o aluno consiga DFRPSDQKDU�R�ULWPR�GR�FXUVR�VHP�GHL[DU�³SHQGrQFLDV´��$ILQDO�GH�FRQWDV��YRFr� está fazendo um curso ± e um curso muito completo -, e não lendo um livro, correto? Portanto, iremos retornar com a mesma estória contada na Aula 1, com alguns acréscimos. Vamos lá! Quando uma lei institui um tributo, prevê-se na norma um fato que, ocorrido, faz surgir o vínculo entre o contribuinte e o fisco. Essa previsão na norma denomina-se hipótese de incidência. Ao fato ocorrido no mundo real, chamamos de fato gerador. Por fim, é chamada de obrigação tributária a relação jurídica constituída entre o fisco e o contribuinte, quando da ocorrência do fato gerador. Contudo, embora exista uma obrigação do contribuinte para com o fisco, esta ainda não pode ser exigida, pois é imprescindível que haja um procedimento oficial para definir, a grosso modo, o valor exato a ser pago e por quem deverá ser pago. Esse procedimento é denominado lançamento. É com o lançamento que se constitui o crédito tributário, em favor do fisco. O lançamento é realizado privativamente pela autoridade fiscal. Contudo, a lei pode exigir, em alguns casos, a participação do contribuinte. Quando o lançamento é realizado unicamente pela autoridade, denominamos lançamento de ofício. Há também situações em que o contribuinte fica obrigado a prestar declarações que subsidiem a autoridade administrativa a realizar o lançamento, hipótese que caracteriza o lançamento por declaração. Por último, no lançamento por homologação, o contribuinte realiza quase todas as atividades, inclusive realizando o pagamento antecipado, cabendo à autoridade a posterior conferência, realizando a homologação. Ante o exposto, repare que há três modalidades de lançamento previstas no CTN. Por ora, é importante que você grave apenas isso, pois será visto com maiores detalhes em outra aula. A título de complemento, leia o art. 142 do CTN. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 81 Para facilitar a fixação do que você viu no presente tópico, vamos ilustrar a linha do tempo até que o tributo seja exigível do contribuinte: ³4XDO�D�GLIHUHQoD�HQWUH� LQVWLWXLU� LPSRVWR�H�GHILQLU� IDWRV�JHUDGRUHV�� EDVHV�GH�FiOFXOR�H�FRQWULEXLQWHV"´ A definição de base de cálculo, fato gerador e contribuinte dos impostos situa-se no plano de normas gerais em matéria tributária, sendo regulamentada por lei complementar. É a União quem edita essa lei complementar, para todos os impostos discriminados na CF, sejam eles federais, estaduais ou até mesmo municipais. A instituição de tributo ocorre pela lei do ente tributante. Assim, não obstante haja definição dos fatos geradores, das bases de calculo e dos contribuintes do IPTU no CTN (lei com status de complementar), a instituição ocorre pelos Municípios, por meio de lei municipal. Ok? No momento da instituição, a lei define novamente o quais são os fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes, entre outros aspectos, sempre observando o que foi definido na lei complementar. Bom, creio que agora você tem condições de estudar os impostos com muito mais facilidade! Portanto, vamos seguir com a matéria! 3 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO Na aula inicial do nosso curso, vimos algumas características gerais pertinentes aos impostos em geral. Além disso, também já vimos os princípios aplicáveis aos mais diversos impostos (legalidade, anterioridade e noventena, por exemplo), bem como os critérios estabelecidos pelo legislador constituinte acerca da competência tributária de cada ente. Instituição do Tributo por lei Ocorrência da situação prevista em lei Lançamento Hipótese de Incidência Fato Gerador (Surge Obrigação Tribut.) Crédito Tributário 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 81 A partir de agora, estudaremos cada um dos impostos previstos na CF/88 de competência da União. Você perceberá que, em alguns casos, será citado o CTN, no tocante à base de cálculo, fato gerador e contribuintes do imposto, pois, como já aprendemos, no art. 146, III, a, da CF/88, há uma exigência específica para que lei complementar (e o CTN possui esse status��GHILQD�WDLV�³FRPSRQHQWHV´� dos impostos. 3.1 ± Imposto de Importação Trata-se de imposto de nítida finalidade extrafiscal, pois é utilizado como meio de controle sobre as importações, interferindo diretamente na economia do país, gerando, por consequência, impactos negativos ou positivos na indústria nacional. Por esse motivo, o legislador constituinte (CF, art. 153, § 1º), facultou ao Poder Executivo a alteração das alíquotas desse tributo (exceção à legalidade), desde que atendidas as condições e os limites legais. Ademais, o mencionado imposto também constitui exceção aos princípios da anterioridade e noventena, produzindo efeitos imediatos. 3.1.1 ± Fato Gerador Relativamente ao fato gerador, vejamos o que diz o art. 19 do CTN: Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional. Por se tratar de um momento difícil de ser apurado com exatidão, a legislação aduaneira estabeleceu que o momento, para fins de cálculo do imposto, em que se considera ocorrido o fato gerador, que é a data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo. Podemos dizer que este é considerado o elemento temporal da hipótese de incidência. Observação: Despacho para consumo é o procedimento adotado para mercadorias importadas a título definitivo. Para o STJ, não há incompatibilidade entre as normas: "Ementa: (...) Não obstanteo fato gerador do imposto de importação se dê com a entrada da mercadoria estrangeira em território nacional, torna-se necessária a fixação de um critério temporal a que se atribua a exatidão e certeza para se completar o inteiro desenho do fato gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo se dê com a entrada 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 81 da mercadoria em território nacional, ele apenas se aperfeiçoa com o registro da Declaração de Importação no caso de regime comum e, nos termos precisos do parágrafo único, do artigo 1º, do Decreto-Lei nº 37/66, "com a entrada no território nacional a mercadoria que contar como tendo sido importada e cuja a falta seja apurada pela autoridade aduaneira". (STJ, REsp 362.910/PR, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado, Julgamento em 16/04/2002) Não caia em pegadinhas, dizendo que se aplica alíquota de II vigente na data da celebração do contrato de compra e venda de mercadoria ou na data de embarque delas. O fato gerador é a entrada no território nacional! ³0DV�H�DV�PHUFDGRULDV�LPSRUWDGDV�WHPSRUDULDPHQWH´"� Na Legislação Aduaneira, há um regime aduaneiro especial denominado admissão temporária que rege essa forma de importação. As mercadorias entram temporariamente, amparadas por um regime aduaneiro que suspende o pagamento dos tributos devidos, durante o período em que permanecem no território nacional. Um exemplo clássico da ocorrência desse regime é a importação de bens para exposição temporária em eventos. A respeito dos efeitos tributários sobre essa importação temporária, a ESAF, em 2009, já chegou a entender que não ocorre fato gerador do II na entrada de mercadorias temporariamente para exposições. Para a ESAF, não ocorre fato gerador quando o bem entra no território nacional, amparado por regime suspensivo de tributação (regime aduaneiro especial de admissão temporária). Não faz sentido nos aprofundarmos mais do que isso nas hipóteses de ocorrência do fato gerador, pois nosso curso é Direito Tributário, e não Legislação Aduaneira, ok? 3.1.2 ± Base de Cálculo e Alíquotas No que se refere à base de cálculo do II, vejamos o que diz o art. 20 do CTN: Art. 20. A base de cálculo do imposto é: 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 81 I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. Assim, quando a alíquota aplicável à mercadoria importada for específica, a base de cálculo será a unidade de medida (Kg, ton, m³ etc.) adotada pela lei tributária. De outra banda, se a alíquota for ad valorem, a base de cálculo será o preço normal, atualmente entendido como o valor aduaneiro (valor real, e não o declarado pelo importador), apurado conforme as regras do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio ± GATT (tratado internacional do qual o Brasil é signatário). Em se tratando de produto de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, a base de cálculo do II é o preço da arrematação. Embora, na prática, não haja incidência de II sobre tal hipótese (leilão), é o conceito teórico que você tem de levar para a sua prova, colega concurseiro (a)!!! A respeito das alíquotas do II, é importante saber que elas estão fixadas na Tarifa Externa Comum (TEC), que é uma tabela que contém milhares de produtos e mercadorias relacionadas ao seu respectivo código (de oito dígitos) e associadas a uma determinada alíquota. Portanto, quando o importador preenche sua Declaração de Importação (documento base do despacho de importação), ele deve informar o código da mercadoria que está trazendo para o País, seguindo regras específicas para classificação. Novamente, eu alerto: você não precisa saber nada mais do que isso para fazer uma prova de Direito Tributário. Quando o CTN estabelece, em seu art. 21, que tanto a base de cálculo como as alíquotas do II podem ser alteradas sem necessidade de lei, entenda-se que apenas as alíquotas possuem tal flexibilidade. O mesmo raciocínio serve para o IE (art. 26) e IOF (art. 65)! Por fim, ressalte-se que a competência para alteração das alíquotas tanto do II como do IE não são privativas do Presidente da República. Ou seja, é possível outorgar essa competência à Câmara de Comércio 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 81 Exterior (CAMEX). Trata-se de entendimento pacífico no âmbito do STF (RE 570.680/RS). 3.1.3 - Contribuintes De acordo com a literalidade do art. 22 do CTN, os contribuintes do II são os seguintes: Art. 22. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. Quem seriam os equiparados ao importador? O Decreto-Lei 37/1966 nos responde: Art.31 - É contribuinte do imposto: I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III - o adquirente de mercadoria entrepostada. Conforme eu já havia dito, a arrematação não constitui, na prática, fato gerador do imposto. Por esse motivo, o arrematante não foi eleito como contribuinte do imposto no DL 37/66. Ok? Em provas de Direito Tributário, normalmente as questões cobram o disposto no CTN. Por isso, recomendo memorizar o que consta em seus arts. 20 e 22! 3.1.4 - Lançamento O lançamento do II ocorre por homologação. Conforme aprendemos, trata-se de modalidade em que a participação do contribuinte é essencial para a arrecadação do tributo. 05949764803 05949764803 - NECILDA LOURENCO PAULA Direito Tributário para AFRFB - 2016 Curso de Teoria e Questões Prof. Fábio Dutra- Aula 03 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 81 3.1.5 ± Síntese do II IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO Fato Gerador: Entrada de produtos estrangeiros em território nacional Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei Se alíquota ad valorem: Valor Aduaneiro (preço normal) Alíquota: Prevista na TEC (não se sujeita ao princípio da legalidade) Contribuinte: Importador ou quem a ele a lei equiparar 3.2 ± Imposto de Exportação Assim como o Imposto de Importação, o IE é um imposto cujo objetivo principal é a intervenção no controle do comércio exterior, possuindo claramente finalidade extrafiscal. Por conseguinte, a alteração das suas alíquotas também foi excepcionada do princípio da legalidade (art. 153, § 1º, da CF/88), bem como do princípio da anterioridade e noventena. Vamos, pois, estudar adiante alguns detalhes pertinentes
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