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Direito Constitucional - Aula 14 - Poder Legislativo

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: GUSTAVO BARCHET 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 14: DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES: PODER 
LEGISLATIVO 
 
 
1) NOÇÕES GERAIS 
 
O Título IV da Consituição Federal, que transcorre dos art. 44 a 135, trata da 
Organização dos Poderes. 
Como analisamos na nossa sexta unidade, o poder estatal, em si mesmo uno 
e cuja titularidade pertence ao povo, compreende essencialmente as funções 
administrativa, legislativa e jurisdicional, cada uma atribuída com 
preponderância, mas não exclusividade, a uma dada estrutura orgânica que 
denominamos Poder. Temos, assim, a função administrativa, exercida como 
típica pelo Poder Executivo e como atípica pelos Poderes Judiciário e 
Legislativo; a função legislativa, atribuída em caráter principal ao Poder 
Legislativo, mas exercida de forma secundária pelos Poderes Executivo e 
Judiciário; e a função jurisdicional, desempenhada precipuamente pelo 
Poder Judiciário, mas em certas hipóteses, exercida como função atípica 
pelos Poderes Legislativo e Executivo. 
Temos ainda, como organismo essencial em nossa estrutura institucional 
institucional, o Ministério Público, que tem por função primordial a defesa da 
Constituição, em especial dos direitos fundamentais nela consagrados. É, 
como ensina a doutrina, principalmente, um fiscal dos Poderes Públicos, 
atuando de modo a assegurar que os Poderes da República, ao 
desempenharem suas funções típicas e atípicas, o façam em consonância 
com os preceitos de nossa Carta Política. 
Pois bem, o disciplinamento da estrutura e das atribuições do Poder 
Executivo, do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público, 
bem como do regime jurídico de seus membros é o objeto do Titulo IV da 
Constituição, em seus quatro capítulos. Ao seu final, encontramos regras 
pertinentes à Advocacia Pública, à advocacia em geral e à Defensoria Pública, 
funções essenciais à Justiça. 
No que toca ao Poder Legislativo, suas funções típicas são a legislativa e a 
fiscalizatória. A primeira consiste na expedição de atos gerais e abstratos que 
inovam na ordem jurídica, ou, em outros termos, de atos normativos que 
criam Direito novo, a exemplo das emendas à Constituição, das leis 
ordinárias e das leis complementares, estando disciplinada nos arts. 59 a 69 
da Constituição. A função fiscalizatória destina-se essencialmente ao controle 
dos demais Poderes da República, em especial do Poder Executivo, sendo 
prevista de forma esparsa ao longo da Constituição. Tem como principais 
expoentes as Comissões Parlamentares de Inquérito e o controle externo de 
natureza financeiro-orçamentária, exercido pelo Poder Legislativo com o 
auxílio dos Tribunais de Contas. 
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Atipicamente, o Poder Legislativo administra e julga. A primeira função é 
exercida, por exemplo, quando o Legislativo organiza seus serviços internos, 
realiza um concurso para o preenchimento de seus cargos ou uma licitação 
para a aquisição dos bens necessários ao exercício de suas atividades. A 
segunda pode-se perceber, também exemplificativamente, quando o Poder 
Legislativo julga o chefe do Poder Executivo por crimes de responsabilidade. 
Isto posto, passemos à análise dos dispositivos constitucionais que tratam da 
estrutura e das atribuições do Poder Legislativo Federal, bem como do 
regime jurídico de seus membros, os Deputados Federais e Senadores. 
 
 
2) PODER LEGISLATIVO FEDERAL 
 
Reza o art. 44 da Constituição: 
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que 
se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. 
Na esfera federal, o Poder Legislativo é desempenhado pelo Congresso 
Nacional, que é composto de duas Casas, a Câmara dos Deputados e o 
Senado Federal. A estrutura é, portanto, bicameral, uma vez que duas são 
as Casas Legislativas. 
Há autores, a exemplo de Gabriel Dezen Junior, que entendem como 
tricameral a estrutura do Poder Legislativo federal, sob o argumento de que, 
apesar de o Congresso ser composto de duas Casas, na verdade, são três os 
órgãos legislativos, uma vez que a Câmara dos Deputados, o Senado Federal 
e o Congresso Nacional são detentores de competências próprias (arts. 48, 
49, 51 e 52), de regimentos internos próprios (arts. 57, § 3°, II; 51, III e 52, 
XII), de mesas próprias (art. 57, §§ 4° e 5°) e de serviços próprios (arts. 57, 
§ 3°, II; 51, IV e 52, XIII). 
Todavia, prevalece o entendimento de que a composicão do Legislativo 
Federal é bicameral, pois é a esta conclusão que se chega pela leitura do art. 
44 da Constituição, ora analisado. O bicameralismo adotado na esfera federal 
justifica-se pela forma federativa de Estado adotada pela Constituição, pois 
uma das Casas Legislativas, o Senado Federal, é composta paritariamente 
pelos representantes dos Estados e do Distrito Federal, elegendo os eleitores 
de cada um desses entes federados três Senadores, com o que resta 
assegurado o princípio da isonomia entre os entes regionais integrantes da 
Federação. 
Nas demais esferas, a estrutura do Poder Legislativo é unicameral, pois 
exercido por apenas uma Casa Legislativa. Nos Estados, ele é exercido pelas 
Assembléias Legislativas; no Distrito Federal, pela Câmara Legislativa; nos 
Municípios, pelas Câmaras Municipais. 
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Nossa Constituição adotou um modelo de bicameralismo que podemos 
designar igual, pois todos os projetos de lei, independentemente da matéria, 
são analisados por ambas as Casas Legislativas. A este modelo contrapõe-se 
o denominado bicameralismo desigual, adotado em certos países europeus, 
no qual uma das Casas tem competência legislativa mais restrita que a 
outra, atuando apenas nos projetos de lei que tratam de determinadas 
matérias. 
Ademais, como ficará mais claro ao analisarmos o processo legislativo, no 
sistema brasileiro, embora não se possa falar genericamente em prevalência 
de uma das Casas Legislativas sobre a outra, já que ambas analisam os 
mesmos projetos de lei, goza a Câmara dos Deputados de certa 
preponderância perante o Senado no processo legislativo ordinário, pois 
neste a Casa iniciadora tem certa predominância sobre a Casa revisora, em 
função do disposto no art. 66 da Constituição, e, como se percebe pela 
leitura do art. 61, § 2° e 64, da CF, que, em regra, é a Câmara dos 
Deputados que atua como Casa iniciadora, funcionando o Senado geralmente 
como Casa revisora. 
Também desde já se deve adiantar, embora o entendimento pleno da 
matéria exija o estudo do processo legislativo, que, além das competências 
exclusivas do Congresso Nacional (art. 49), da Câmara dos Deputados (art. 
51) e do Senado Federal (art. 52), em que o processo legislativo transcorre 
integralmente no âmbito da Casa, temos: (a) competências unicamerais, 
quando Câmara e Senado votam no mesmo instante processual, compondo 
um único corpo votante, computando-se, sem distinção de Casa, os votos 
dos Deputados Federais e dos Senadores; (b) competências bicamerais, 
que é a regra geral, quando cada uma das Casas atua em momento 
processual específico, participando da discussão e da votação apenas seus 
próprios membros e (c) competências conjuntas, quando Câmara e Senado 
atuam como Congresso Nacional, votando no mesmo instante processual, 
mas computando-se em separado o voto dos Deputados Federais e 
Senadores. 
O parágrafo único do art. 44 assevera que cada legislatura terá a duração de 
quatro anos. 
A legislatura corresponde ao período de quatro anos durante o qual o 
parlamentar desempenha as atribuições do mandato eletivo. Temseu início 
com a posse dos eleitos, que ocorre em sessão preparatória a partir de 1° de 
fevereiro do ano posterior ao da eleição, em data especificada pelo regimento 
da Casa Legislativa, e, como transcorre por quatro anos, seu encerramento 
se dá com a posse dos eleitos na eleição vindoura, também a partir de 1° de 
fevereiro do ano seguinte ao da eleição (CF, art. 57, § 4°). 
Os Deputados Federais, Estaduais e Distritais, bem como os Vereadores, 
exercem por quatro anos seus mandatos. Deste modo, são eleitos para uma 
legislatura. Já os Senadores têm mandato de oito anos. Logo, são eleitos 
para duas legislaturas. 
Deve-se destacar que Gabriel Dezen Junior entende que tecnicamente não 
cabe se falar em legislatura do Senado, que é contínuo em função da sua 
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renovação parcial e alternada a cada quatro anos (CF, art. 46, § 2°). 
Todavia, como observa o Professor, o conceito de legislatura é adotado pelo 
próprio Senado em diversas matérias; assim, não há prejuízo na sua 
utilização, no sentido acima exposto: como os Senadores são eleitos para um 
mandato de oito anos, exercem suas funções por duas legislaturas. 
O STF entende que a Constituição consagra o princípio da unidade da 
legislatura, segundo o qual, uma vez encerrada a legislatura, pelo 
transcurso do período de quatro anos, encerram-se automaticamente os 
processos e trabalhos realizados durante sua vigência (MS 24458, de 
21/2/2003). Com isso, as Comissões Parlamentares de Inquérito instauradas 
em dada legislatura automaticamente são extintas ao se atingir seu termo 
final. Do mesmo modo, os projetos de lei em trâmite na Casa devem ser 
arquivados ao final da legislatura, salvo aqueles especificamente indicados no 
regimento interno da Casa, que não são afetados pelo transcurso do 
quadriênio legislativo. 
Entretanto, o princípio em apreço não impede a instauração de processo 
administrativo-disciplinar, com vistas à cassação do mandato parlamentar, 
em virtude de falta de decoro parlamentar praticada na legislatura anterior. 
Desse modo, estará sujeito a processo disciplinar, do qual poderá resultar a 
perda do mandato atual, aquele que já era titular de mandato na legislatura 
antecedente e nela se conduziu de forma contrária ao decoro parlamentar. 
A seguir, transcrevemos parcialmente o julgado da Corte, no qual se 
evidencia esta posição: 
(...) reconhecendo a possibilidade jurídico-constitucional de qualquer 
das Casas do Congresso Nacional adotar medidas destinadas a 
reprimir, com a cassação do mandato de seus próprios membros, fatos 
atentatórios à dignidade do ofício legislativo e lesivos ao decoro 
parlamentar, mesmo que ocorridos no curso de anterior legislatura, 
desde que, já então, o infrator ostentasse a condição de membro do 
Parlamento. (MS 24458, de 21/2/2003). 
 
3) CÂMARA DOS DEPUTADOS 
Dispõe o caput, do art. 45, da Constituição que "a Câmara dos Deputados 
compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em 
cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal". 
Os Deputados Federais, que compõem a Câmara dos Deputados são os 
representantes do povo brasileiro, ao passo que os Senadores, que 
compõem o Senado Federal, são os representantes dos Estados e do Distrito 
Federal no Legislativo Federal (CF, art. 46). 
O fato de ser a Câmara o órgão legislativo que congrega os representantes 
do povo traz algumas conseqüências, dentre as quais podemos citar sua 
predominância para o início do processo legislativo ordinário e a precedência 
do Presidente desta Casa sobre o do Senado Federal na substituição do 
Presidente da República (CF, art. 80). 
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A eleição dos Deputados Federais, a teor do caput do art. 45, se dá pelo 
sistema proporcional, aplicável também às eleições dos Deputados 
Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores. 
No sistema proporcional, o número de candidatos eleitos em uma unidade 
federativa será proporcional ao contingente populacional da unidade, de 
forma que as unidades mais densamente povoadas tenham maior número de 
representantes na Câmara dos Deputados. 
Para a determinação dos candidatos eleitos não é levada em conta 
exclusivamente a votação do próprio candidato, mas também, e 
principalmente, a votação da legenda a que ele está vinculado (partido 
político ou coligação de partidos), o que diferencia esse sistema eleitoral do 
sistema majoritário, adotado pela Constituição para os Senadores e chefes 
de Poder Executivo. Podemos dizer que, no sistema proporcional, prepondera 
a votação global do partido ou coligação, pois seu objeto é justamente 
assegurar que o Parlamento seja composto proporcionalmente ao número de 
votos obtidos por cada partido político ou coligação, ao contrário do sistema 
majoritário, no qual se considera apenas o número de votos do candidato. É 
em função dessa característica que a doutrina considera ser ele o sistema 
mais adequado à democracia, já que assegura às maiores agremiações 
políticas, pelo fato de terem maior apoio popular, uma maior 
representatividade parlamentar. 
O sistema proporcional, objeto de nossa atenção nesse momento, não foi 
detalhado pela Constituição, cabendo a tarefa à legislação ordinária. Segundo 
as normas em vigor, inicialmente deve ser apurado o quociente eleitoral, 
que corresponde à divisão entre o total de votos válidos (descontados os 
votos em branco e os votos nulos) da eleição pelo número de cadeiras a 
serem preenchidas na eleição. Esse quociente indica o número mínimo de 
votos que o partido ou a coligação tem que atingir para eleger um 
candidato. Pode-se perceber, assim, que no sistema proporcional é possível 
que o candidato mais votado não logre eleger-se. Para isso, basta que o 
partido ou coligação que ele integre não alcance o quociente eleitoral. 
De se esclarecer que, segundo entendimento do STF, não há qualquer vício 
de constitucionalidade em se considerar os votos em branco no somatório 
dos votos válidos, ao contrário do que ocorre nas eleições pelo sistema 
majoritário (art. 77, § 2°). Apenas, por uma escolha do legislador ordinário 
atualmente esses votos não são considerados na definição do quociente 
eleitoral. 
Fixado o quociente eleitoral, deve-se determinar o quociente partidário, 
que é o resultado da divisão do número de votos obtido pelo partido ou 
coligação pelo quociente eleitoral. O quociente partidário define o número 
de cadeiras obtidas pelo partido ou coligação na eleição. Devemos 
notar que é possível que um candidato com um número ínfimo de votos logre 
êxito na eleição, na hipótese de ser expressivo o número de votos global do 
partido ou coligação, ou, em outros termos, na hipótese de ser expressivo o 
seu quociente partidário. 
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Uma vez definido o quociente partidário, o número de cadeiras a que tem 
direito o partido ou coligação, são considerados eleitos os candidatos da sigla 
que tenham obtido a maior votação, dentro do número de cadeiras 
determinado. 
No caso de restarem cadeiras não preenchidas, ou seja, em caso de sobra 
de vagas, existem teoricamente três critérios para o preenchimento: (a) o 
de maior votação global; (b) o de maior sobra e (c) o de maior média. 
Pelo critério da maior votação global, será aquinhoado com a vaga o partido 
ou a coligação que obtiver a maior votação na eleição. 
Pelo critério da maior sobra, a vaga ficará com o partido ou coligação que, 
após a distribuição inicial das cadeiras, ficar com o maior número de votos 
não utilizados. 
Pelo critério da maior média, adotado no Brasil, atribui-seficticiamente 
mais uma vaga a todos os partidos políticos ou coligações. Soma-se esta 
vaga fictícia às vagas preenchidas, e por esse resultado divide-se o número 
de votos do partido ou da coligação, atingindo-se a média. O partido ou 
coligação com a melhor média, dentre as apuradas, fica com a vaga. 
Se por acaso restar mais de uma cadeira em aberto, apuram-se novamente 
as médias de cada partido ou coligação (considerando-se na apuração a 
cadeira que o partido ou coligação com a maior média já preencheu na 
primeira operação), e aquele com a melhor média nessa segunda operação 
fica com a segunda vaga. Se ainda houver cadeiras em aberto, o processo é 
novamente repetido, até que todas as cadeiras tenham sido preenchidas. 
Com relação à suplência, no sistema proporcional é sempre partidária, ou 
seja, o candidato cujo número de votos o situar logo abaixo do último eleito, 
na ordem de classificação dos candidatos pelo partido ou coligação, é 
suplente de qualquer dos eleitos do partido ou coligação. Aquele que ficar 
imediatamente abaixo do primeiro suplente é o segundo suplente, e assim 
por diante. Importante destacar que, segundo entendimento do STF, não 
perde a condição de suplente o candidato que posteriormente se desfilia do 
partido ou coligação pela qual concorreu à eleição. Significa isto que, embora 
o candidato não pertença mais ao partido ou coligação, ainda assim manterá 
a posição de suplência conquistada na eleição. O entendimento da Corte 
respeita a vontade popular à época da eleição, que lhe conferiu a posição de 
suplente. Ademais, se a desfiliação não acarreta a perda do próprio mandato, 
para os eleitos, não poderia implicar na perda da suplência. 
Em prosseguimento, devemos analisar a regra constante do § 1º, do art. 45, 
da CF, vazado nos seguintes termos: 
§ 1º O número de Deputados, bem como a representação por Estado e 
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, 
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes 
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas 
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta 
Deputados. 
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Esse dispositivo, ao determinar que devem ser realizados ajustes, no ano 
anterior ao das eleições, para que nenhuma das unidades da Federação 
tenha menos de oito ou mais de setenta representantes na Câmara dos 
Deputados, indica que a Constituição não adota o critério da 
proporcionalidade puro, pelo qual todos os votos têm idêntico valor. 
Essa disposição acarreta sérias distorções na relação representados 
(população)/representantes (Deputados Federais), permitindo que o voto da 
população dos Estados menos populosos tenha mais valor que a dos Estados 
mais densamente habitados. 
Por exemplo, um Estado com 35.000.000 de habitantes, elegendo 70 
Deputados (o limite máximo), terá uma relação 
representados/representantes de 500.000/1, ou seja, cada grupo de 500.000 
habitantes terá direito a um representante. Já um Estado com 1.000.000 de 
habitantes, elegendo 08 Deputados (o limite mínimo), terá a mesma relação 
em 125.000/1, ou seja, o voto de sua população suplantará em quatro vezes 
o valor do voto da população do Estado mais populoso. 
E a distorção se agrava com a regra do § 2º, do art. 45, da CF, segundo o 
qual cada Território terá exatamente 04 Deputados (seja qual for seu 
contingente populacional). Desse modo, se eventualmente vier a ser criado 
um Território Federal com 300.000 habitantes, a cada 75.000 habitantes 
corresponderá um Deputado Federal. Usando o exemplo anterior, isso implica 
num peso de voto que supera em seis vezes o valor do voto do Estado mais 
populoso acima ilustrado. O velho adágio da democracia, one man, one vote, 
a exigir que o voto de cada eleitor tenha o mesmo valor do de outro, resta 
totalmente desconsiderado na regra do § 2º, do art. 45, da Constituição. 
 
4) SENADO FEDERAL 
 
O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito 
Federal, eleitos segundo o princípio majoritário (CF, art. 46, caput). 
Diferentemente da Câmara dos Deputados, cujos membros representam o 
povo, o Senado é formado pelos representantes dos Estados e do DF, que, 
ao menos em tese, têm por missão precípua defender os interesses do ente 
federado que representam. Em função disso, não há representação dos 
Territórios na Casa, tendo em vista que eles não são entes federativos. 
A doutrina afirma que o Senado Federal atua como uma câmara de 
resfriamento relativamente à Câmara dos Deputados. Sua composição é 
geralmente mais conservadora, pelo fato de ser mais difícil a eleição para 
integrar a Casa, já que é reduzido o seu número de membros, e pela idade 
mínima de 35 anos exigida para o cargo de Senador, consideravelmente mais 
elevada que a idade mínima exigida para o cargo de Deputado Federal, que é 
de 21 anos. Essas duas circunstâncias fazem com que os membros do 
Senado sejam, em regra, políticos com maior experiência, o que habilitaria o 
órgão legislativo a atuar como um órgão de equilíbrio, freando eventuais 
excessos da Câmara dos Deputados. 
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O sistema adotado para a escolha dos Senadores é o sistema majoritário, 
que independe de qualquer quociente eleitoral ou partidário. A regra deste 
sistema é simples: está eleito o candidato que obtiver o maior número de 
votos (maioria simples), independentemente da votação global do partido ou 
coligação pelo qual concorre. Ademais, para a eleição dos Senadores foi 
adotado o sistema majoritário puro ou simples, em que há um só turno de 
eleição. 
Nos termos do § 1º, do art. 46, da CF, cada Estado e o Distrito Federal 
elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. Nosso constituinte, 
nesse dispositivo, adotou o modelo do federalismo homogêneo, pelo qual 
cada ente federado regional tem direito a um mesmo número de 
representantes na Casa Legislativa. Em outros termos, a regra contempla o 
princípio do equilíbrio federativo, assegurando a representação paritária de 
cada Estado e do Distrito Federal, no Senado, independentemente de 
qualquer considerações sobre contingente populacional. 
Prosseguindo na análise do art. 46, da CF, o seu § 2° prescreve que a 
representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro 
em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. 
Desse modo, como cada Estado e o DF elegem três Senadores, se numa 
eleição forem eleitos dois Senadores, na próxima haverá apenas a escolha de 
um, que substituirá um dos atuais titulares do cargo. Na eleição 
subseqüente, serão escolhidos novamente dois Senadores, que substituirão 
dois dos atuais titulares do mandato, permanecendo o terceiro, eleito na 
eleição imediatamente anterior, e assim sucessivamente. 
Como assevera Gabriel Dezen Junior: 
A renovação quadrienal do Senado Federal tem duas finalidades, 
segundo a doutrina. Primeiro, a de impedir que haja uma quebra no 
tratamento dos assuntos de cada Estado e da Federação, nessa Casa, 
o que ocorreria se, por exemplo, a renovação do Senado fosse total, já 
que os novos Senadores gastariam algum tempo até dominarem 
completamente os temas pendentes de interesse de seu Estado. 
Segundo, pretendeu-se impedir que houvesse uma composição 
senatorial divorciada da realidade eleitoral e partidária do Estado, o 
que ocorreria se fossem eleitos os três Senadores para oito anos e a 
renovação ocorresse apenas após os oito anos. A representação dos 
Estados no Senado, então, não refletiria as eventuais alterações no 
ambiente político do Estado, por ter ficado congelada por oito anos. 
Encerrando o art. 46, da CF, seu § 3° determina que cada Senador será 
eleitocom dois suplentes. Na eleição para o Senado, a suplência é pessoal, 
concorrendo numa mesma chapa o candidato à titularidade do mandato, o 
seu primeiro e segundo suplentes. 
Relembrando, na eleição para Deputado Federal, a suplência é partidária. 
Neste caso, o primeiro suplente ostenta tal condição com relação a todos os 
candidatos eleitos pelo partido ou coligação, aplicando-se a mesma regra aos 
demais suplentes. 
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5) QUORUM PARA DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA 
A regra geral na matéria está prescrita no art. 47 da Constituição, segundo o 
qual: 
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações 
de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos 
votos, presente a maioria absoluta de seus membros. 
A maioria relativa é o primeiro número acima da metade dos presentes 
à sessão; a maioria absoluta, por sua vez, é o primeiro número acima da 
metade do total de membros da Casa, estejam eles presentes ou não à 
sessão. 
Segundo o art. 47, a regra geral é que as deliberações (votações) das Casas 
do Congresso e de suas Comissões serão tomadas pela maioria dos votos dos 
presentes à sessão (portanto, maioria relativa), desde que estejam presentes 
a maioria absoluta dos membros da Casa. 
Ilustrando a matéria, basta pensarmos na apreciação de um projeto de lei 
ordinária pelo Senado Federal, cuja composição atual é de 81 membros. Para 
o início da deliberação (para a instauração da sessão) será necessária a 
presença da maioria absoluta dos membros da Casa, ou seja, 41 (que é o 
primeiro número que ultrapassa a metade dos membros do Senado). Como 
podemos notar, a maioria absoluta é um número fixo, invariável, pois é fixo 
o número de membros da Casa. 
Para a aprovação do projeto de lei, será necessário o voto nesse sentido da 
maioria dos Senadores presentes à sessão, excluídas as abstenções 
(maioria simples). Se estiverem presentes 60 Senadores (e nenhum deles 
se abstiver), serão necessários 31 votos para a aprovação do projeto de lei 
(primeiro número acima da metade dos 60 presentes). Se estiverem 
presentes os mesmos 60 Senadores, mas 10 deles se abstiverem de votar, 
serão necessários 26 votos para a aprovação (primeiro numero depois da 
metade do número de presentes reduzido do número de abstenções). 
Devemos notar que as abstenções influem na definição da maioria relativa 
necessária para a aprovação do projeto de lei, não para a definição da 
maioria absoluta. Ademais, perceba-se que a maioria simples é um número 
variável, pois depende do número de presentes à sessão, bem como das 
abstenções, se ocorrerem. 
Há, ainda, a maioria fracionária, que corresponde a um percentual dos 
membros da Casa Legislativa (três quintos, dois terços). Também 
corresponde a um número fixo. 
Apenas a Constituição pode estabelecer as hipóteses em que se faz 
necessária maioria distinta da relativa para a votação de matérias. Assim 
sendo, somente a Constituição prevê as hipóteses em que, para tanto, exige-
se maioria absoluta ou fracionária. 
Isso se verifica, por exemplo, no art. 69 (necessidade de maioria absoluta 
para a aprovação de lei complementar) e no art. 52, parágrafo único, da CF 
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(necessidade de 2/3 dos votos dos Senadores para a condenação do 
Presidente e de outras autoridades no processo de impeachment). 
 
6) COMPETÊNCIAS DO CONGRESSO NACIONAL: ART. 48 DA 
CONSTITUIÇÃO 
 
O art. 48, da CF, em seu caput, assevera: 
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da 
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, 
dispor sobre todas as matérias de competência da União, 
especialmente sobre: 
O dispositivo prevê algumas das competências do Congresso a serem 
exercidas por meio de lei. Como o instrumento de exercício, neste caso, é a 
lei, o que fica claro na sua parte inicial, onde consta "com a sanção do 
Presidente da República", não estamos perante competências integralmente 
exercidas no âmbito do Congresso. Uma vez aprovado o projeto de lei pelo 
Congresso, será o mesmo enviado para o Presidente da República, para veto 
ou sanção. 
Contempla, assim, o dispositivo, apenas um rol não-exaustivo de matérias 
que serão disciplinadas por lei, transcorrendo o respectivo processo perante 
o Congresso Nacional. Isso se conclui pela parte final do caput, onde se lê 
que cabe ao Congresso "dispor sobre todas as matérias de competência da 
União, especialmente sobre (...)". 
Trata-se, enfim, de uma outorga ao Congresso para dispor sobre as matérias 
arroladas no dispositivo. Dispor, nesse contexto, não significa 
necessariamente poder para iniciar o processo legislativo, mediante a 
apresentação do projeto de lei, uma vez que a maioria das matérias 
relacionadas no art. 48 são de iniciativa reservada do Presidente da 
República, como veremos no decorrer do Curso. Trata-se de poder para, uma 
vez apresentado o projeto de lei, alterá-lo, mediante a apresentação de 
emendas, bem como para, ao final das deliberações, aprová-lo ou rejeitá-lo, 
pelo Plenário ou por uma de suas Comissões. 
Como o rol do art. 48 é não-taxativo, a real utilidade do dispositivo é 
esclarecer que, mesmo nas matérias sob iniciativa reservada do Presidente 
da República, nas quais cabe a esta autoridade iniciar o processo legislativo 
mediante a apresentação do projeto de lei, tem o Congresso Nacional 
competência não apenas para aprovar ou rejeitar o projeto nos termos 
inicialmente propostos pelo Presidente, mas também para alterá-lo, 
mediante a apresentação de emendas, na forma prescrita na Constituição. 
Apreciado art. 48 da CF em suas considerações mais gerais, segue-se a 
transcrição integral de seu texto, com destaques nos pontos mais 
importantes: 
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da 
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, 
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dispor sobre todas as matérias de competência da União, 
especialmente sobre: 
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; 
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, 
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; 
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; 
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de 
desenvolvimento; 
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do 
domínio da União; 
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de 
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias 
Legislativas; 
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; 
VIII - concessão de anistia; 
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária, 
do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal; 
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e 
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; 
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração 
pública; 
XII - telecomunicações e radiodifusão; 
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras 
e suas operações; 
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária 
federal; 
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III e 153, § 
2º, I. 
 
7) COMPETÊNCIAS DO CONGRESSO NACIONAL: ART. 49 DA 
CONSTITUIÇÃO 
 
O art. 49 da ConstituiçãoFederal, agora em rol exaustivo, enumera as 
competências exclusivas do Congresso Nacional, exercidas por meio de 
decreto legislativo. Nas matérias listadas na norma todo o processo 
legislativo transcorre no âmbito do próprio Congresso Nacional, não havendo 
qualquer possibilidade de participação do Presidente da República. 
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A seguir, transcrevemos o dispositivo constitucional, destacando no próprio 
texto os pontos mais relevantes: 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos 
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional; 
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a 
paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território 
nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos 
previstos em lei complementar; 
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se 
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; 
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o 
estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que 
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação 
legislativa; 
VI - mudar temporariamente sua sede; 
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os 
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI; 39, § 4º; 150, 
II; 153, III e 153, § 2º, I; 
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da 
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os 
arts. 37, XI; 39, § 4º; 150, II; 153, III e 153, § 2º, I; 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da 
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de 
governo; 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, 
os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; 
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da 
atribuição normativa dos outros Poderes; 
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de 
emissoras de rádio e televisão; 
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas 
da União; 
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades 
nucleares; 
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; 
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento 
de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; 
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XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras 
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. 
Quanto ao inc. V, do art. 49, da CF, prevê a norma o poder de veto 
legislativo do Congresso Nacional, qual seja, sua prerrogativa de “sustar os 
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar 
(exercido pela expedição de decretos executivos) ou dos limites da delegação 
legislativa (na hipótese de lei delegada)”. Trata-se de um mecanismo 
especial instituído pela Constituição para conter eventuais excessos 
normativos do Presidente da República, na edição de decretos executivos ou 
de leis delegadas, em desrespeito à competência do Congresso Nacional. 
Perceba-se que, mediante o exercício da competência do inc. V do art. 49, o 
Congresso irá apenas suspender os efeitos dos dispositivos do decreto ou da 
lei delegada que tenham excedido a competência normativa do Presidente da 
República. Os efeitos do veto são, desse modo, ex nunc, não-retroativos. 
Não se trata, aqui, de revogação, situação em que um ato normativo válido 
retira do ordenamento jurídico um ato normativo também válido, de igual 
espécie e hierarquia. Na revogação sempre é necessária a participação de 
todos os Poderes que contribuíram para sua criação, e neste caso, temos um 
ato do Poder Legislativo sustando os efeitos de um decreto executivo, ato de 
competência exclusiva, na esfera federal, do Presidente da República; ou de 
uma lei delegada, um ato normativo primário para cuja elaboração 
participam o Congresso Nacional e o Presidente. 
Deve-se destacar, ainda, que a suspensão vai incidir apenas sobre os pontos 
do decreto ou da lei delegada em que o Presidente exorbitou de sua 
competência, permanecendo eficaz o restante do decreto executivo ou da lei 
delegada. 
Com relação ao inc. X, que confere genericamente ao Congresso ou a 
qualquer de suas Casas um poder de fiscalização sobre o Poder Executivo, o 
STF considerou que tal poder, como consta no dispositivo em questão, foi 
outorgado pela Constituição à Casa Legislativa, e não aos seus membros, 
individualmente considerados. Por tal fundamento, reconheceu que afronta o 
princípio da separação dos Poderes norma de lei estadual que conferia aos 
Deputados Estaduais poder de livre acesso aos órgãos e entidades da 
Administração Estadual, declarando-a, pois, inconstitucional (ADI 3046, de 
15/4/2004). 
 
8) COMPETÊNCIAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: ART. 51 DA 
CONSTITUIÇÃO 
 
O art. 51 da Constituição contempla, em rol taxativo, as competências 
exclusivas da Câmara, a serem exercidas por resolução. Nas hipóteses 
prescritas no artigo, o processo transcorre integralmente no âmbito desta 
Casa Legislativa, sem qualquer possibilidade de intervenção do Senado 
Federal ou do Presidente da República. 
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Devemos notar que o dispositivo vale-se do termo privativamente para 
designar essas competências, o que pode levar-nos à errônea interpretação 
de que seria possível sua delegação pela Câmara dos Deputados. Isso, na 
verdade, não pode ocorrer, pois as matérias arroladas no art. 51 da CF são 
de competência exclusiva da Câmara, a serem, portanto, necessariamente 
exercidas pela própria Casa, sem possibilidade de delegação. 
Temos, assim, que considerar correto o termo privativa para designar tais 
competências, uma vez que consta na própria Constituição, mas com o 
significado de exclusiva, uma vez ser impossível a delegação. 
Em continuidade, segue-se o traslado do art. 51 da Constituição: 
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: 
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de 
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado; 
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando 
não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após 
a abertura da sessão legislativa; 
III - elaborar seu regimento interno; 
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus 
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, 
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias; 
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, 
VII. 
O inc. I, do art. 51, da CF, trata do juízo de admissibilidade, ou seja, a 
competência conferida à Câmara dos Deputados para autorizar a instauração 
de processos por crimes comuns ou de responsabilidade contra o Presidente, 
o Vice-Presidente e os Ministros de Estado. O STF entende que só é 
necessária a autorização, no caso dos Ministros de Estado, por crimes 
relacionados às suas funções e que envolvam também o Presidente da 
República. 
A competência da Câmara limita-se a autorizar a instauração do processo, 
cabendo o julgamento ao STF, no caso de crimes comuns, e ao Senado 
Federal, no caso de crimes de responsabilidade. De se notar que, a 
formulaçãoda acusação se dá nos órgãos julgadores, e não perante a 
Câmara, que se restringe a examinar a admissibilidade da acusação já 
proposta perante o Senado ou o STF, conforme o caso. 
Se admitir a acusação, considera-se o processo propriamente instaurado, e 
as autoridades referidas no inc. I responderão perante o órgão julgador 
competente; se não admitir a acusação, por óbvio, não é instaurado o 
processo. A decisão da Câmara é de natureza política, o que autoriza o órgão 
legislativo a proferir um juízo de inadmissibilidade mesmo se houverem 
razoáveis indícios da ocorrência do delito e da sua autoria. 
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O inc. II do art. 51 confere à Câmara competência para exigir do Presidente 
que apresente suas contas anuais para julgamento, quando a autoridade não 
as tiver apresentado ao Congresso Nacional, no prazo de sessenta dias, a 
contar da abertura da sessão legislativa anual. Caberá à Câmara fixar prazo 
para que o Presidente cumpra sua obrigação, apresentando as contas, cujo 
julgamento é de competência do Congresso Nacional (CF, art. 49, IX). 
O inc IV, do art. 51, da CF foi alterado pela EC nº 19, de 1998. Na redação 
anterior da norma, competia à própria Câmara dos Deputados, por resolução, 
fixar a remuneração para os cargos, empregos e funções de seu quadro. 
Agora, a Câmara tem apenas a iniciativa de lei na matéria, à qual pode, 
inegavelmente, vir a ser alterada pelo Senado ou vetada pelo Presidente da 
República. 
De se notar que o Presidente da República tem a iniciativa de lei para propor 
projetos de lei reajustando a remuneração dos servidores da União e de suas 
autarquias, nos termos do art. 61, § 1°, II, a, da CF, mas tal competência 
não alcança os servidores da Câmara, cabendo à própria Casa a competência 
para elaborar o projeto de lei que trate da remuneração de seu pessoal, seja 
a remuneração inicial, seja seu reajuste. 
 
9) COMPETÊNCIAS DO SENADO FEDERAL: ART. 52 DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
 
O art. 52 da nossa Carta Política prescreve, em rol taxativo, as 
competências exclusivas do Senado Federal, a serem desempenhadas por 
resolução. 
Valem aqui as mesmas considerações anteriormente feitas sobre o art. 51: 
apesar da Constituição usar o termo privativamente, devemos conferir-lhe o 
significado de exclusivamente, porque as competências do art. 52 não podem 
ser objeto de delegação. Ademais, como são exercidas mediante resolução, o 
processo transcorre integralmente no âmbito do Senado, sem qualquer 
ingerência na matéria por parte da Câmara dos Deputados ou de Presidente 
da República. 
Com isso em mente, apresentamos o texto integral do art. 52 da 
Constituição, destacando os pontos de memorização mais relevantes: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da 
República nos crimes de responsabilidade, bem como os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército 
e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com 
aqueles (redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 
02/09/99); 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do 
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da 
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República e o Advogado-Geral da União nos crimes de 
responsabilidade (redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, 
de 2004); 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, 
a escolha de: 
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; 
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente 
da República; 
c) Governador de Território; 
d) Presidente e diretores do Banco Central; 
e) Procurador-Geral da República; 
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; 
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em 
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de 
caráter permanente; 
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse 
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios; 
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais 
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios; 
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de 
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas 
pelo Poder Público federal; 
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da 
União em operações de crédito externo e interno; 
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida 
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal 
Federal; 
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a 
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes 
do término de seu mandato; 
XII - elaborar seu regimento interno; 
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus 
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, 
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias (redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 
1998); 
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XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 
89, VII; 
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário 
Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das 
administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal 
e dos Municípios (incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 
19.12.2003). 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará 
como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a 
condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do 
Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, 
para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções 
judiciais cabíveis. 
Das competências relacionadas no art. 52, merecem destaque especial as 
constantes nos incisos I, II e X. Desta última trataremos durante o estudo do 
controle de constitucionalidade, limitando-nos, nesse momento, à análise das 
duas primeiras. 
O primeiro desses dispositivos trata do processo de impeachment de algumas 
autoridades federais, ao determinar que cabe ao Senado Federal processar e 
julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza 
conexos com aqueles. O inciso II do art. 52 versa sobre a mesma matéria, ao 
estatuir que também é de competência do Senado processar e julgar os 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de 
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da 
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade. 
Devemos destacar que, apesar da literalidade da expressão - crimes de 
responsabilidade -, estamos, na verdade, perante infrações de caráter 
político-administrativas, inconfundíveis com ilícitos penais propriamente 
ditos. Enfim, os crimes de responsabilidade não são crimes na acepção 
técnica do termo. 
Analisando-se conjuntamente as duas regras constitucionais, podemos 
concluirque sempre caberá ao Senado o processo e o julgamento, por crimes 
de responsabilidade, quando o acusado for o Presidente da República, o Vice-
Presidente da República, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os 
membros do Conselho Nacional de Justiça, os membros do Conselho Nacional 
do Ministério Público, o Procurador-Geral da República ou o Advogado-Geral 
da União. Aqui é irrelevante qualquer outra consideração: desde que essas 
autoridades pratiquem um ato legalmente definido como crime de 
responsabilidade, estarão sujeitas à competência do Senado Federal. 
Com relação aos Ministros de Estado e aos Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica a disciplina constitucional é diferente, pois só 
estarão sujeitos à competência do Senado quando no crime de 
responsabilidade houver envolvimento do Presidente da República. Caso 
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contrário, não incide o inc. I, do art. 52, da Constituição. De se ressaltar que 
os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica foram 
instituídos pela EC nº 23, de 1999, e desde então seus titulares estão 
sujeitos ao julgamento do Senado quando a acusação for pela prática de 
crime de responsabilidade. 
Os cargos de membro do Conselho Nacional de Justiça e de membro do 
Conselho Nacional do MP foram criados por força da EC nº 45, de 2004, que 
também instituiu os respectivos órgãos. Apesar de não constar 
expressamente na Constituição, é entendimento pacífico que os titulares de 
tais cargos só estarão sujeitos a julgamento pelo Senado quando cometerem 
o crime de responsabilidade na condição de membros do Conselho. 
Quaisquer infrações penais perpetradas em seus cargos ou funções de 
origem não atraem a competência do Senado, salvo quando por tal condição 
o possível autor do ilícito enquadrar-se em alguma das hipóteses dos inc. I e 
II do art. 52 (por exemplo, quando for Ministro do STF). 
O processo de impeachment é eminentemente político, como política é a 
decisão nele proferida, do que podemos retirar duas conclusões: (a) a 
decisão do Senado, seja pela absolvição ou pela condenação, é insuscetível 
de revisão, quanto ao mérito, pelo Poder Judiciário e (b) pode o Senado 
decidir pela absolvição do acusado por mais evidentes que sejam as provas 
contra ele apresentadas. 
Apesar disso, o legislador constituinte optou por conceder ao Presidente da 
mais alta Corte Judiciária do País a presidência administrativa da sessão de 
julgamento no Senado, ao estatuir, no parágrafo único, do art. 52, da CF, 
que, na hipótese, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal 
Federal. 
Por fim, o parágrafo único do art. 52 estatui, ainda, que é necessário o voto 
de dois terços dos membros do Senado para a condenação e que esta, se 
proferida, acarreta a perda do cargo e a inabilitação, por oito anos, para 
o exercício de função pública, sem prejuízo da aplicação de penalidades 
de outra natureza, mediante a interposição do processo judicial cabível. As 
únicas penalidades resultantes do processo de impeachment são as acima 
indicadas. Se o ato também caracterizar ilícito civil ou penal caberá a 
instauração do respectivo processo judicial, daí podendo decorrer a aplicação 
de outras sanções. 
 
10) COMPETÊNCIA CONVOCATÓRIA DAS CASAS LEGISLATIVAS FEDERAIS 
OU DE SUAS COMISSÕES 
 
Dispõe o art. 50 da Constituição: 
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de 
suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer 
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da 
República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto 
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previamente determinado, importando em crime de responsabilidade a 
ausência sem justificação adequada. 
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à 
Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua 
iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para 
expor assunto de relevância de seu Ministério. 
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão 
encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado ou a 
qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em 
crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo 
de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. 
O caput da norma consagra o poder convocatório do Plenário das Casas 
Legislativas Federais, bem como de suas Comissões, seja qual for sua 
espécie, caracterizando-se como mais um instrumento fiscalizatório 
outorgado pela Constituição ao Poder Legislativo, e que encontra seu 
fundamento, essencialmente, nos incs. IX e X, do art. 49, da Carta. 
No exercício desse poder, as Casas Legislativas e suas Comissões, se houver 
decisão nesse sentido da maioria relativa de seus membros (não cabendo 
sua atuação isolada, mas apenas colegiada), podem determinar o 
comparecimento pessoal de Ministros de Estados ou dos titulares de órgãos 
diretamente subordinados à Presidência da República, a exemplo da Casa 
Civil e da Secretaria de Comunicação (perceba-se que não há tal poder no 
que toca ao próprio Presidente da República). A fim de ser conferida 
oportunidade para a autoridade preparar-se apropriadamente para a oitiva, a 
convocação não pode ser genérica, devendo do ato convocatório constar o 
assunto específico, que será objeto de discussão, caracterizando o não-
comparecimento injustificado crime de responsabilidade. 
O § 1º não versa sobre a convocação. Ao contrário, a norma autoriza o 
comparecimento espontâneo de Ministros de Estado, e apenas deles, à 
Câmara dos Deputados, ao Senado Federal ou a uma de sua Comissões, a 
fim de expor assunto de relevância de sua pasta. Para tanto é necessário 
prévio entendimento com a Mesa respectiva, não podendo o Ministro impor a 
sua presença. 
E o § 2º autoriza que as Mesas da Câmara ou do Senado (mas não as Mesas 
de suas Comissões) enviem pedidos escritos de informações, formulados 
pelos seus respectivos membros, aos Ministros de Estado ou aos titulares de 
órgãos diretamente subordinados à Presidência. Aqui, não se trata de 
convocação, a exigir o comparecimento pessoal da autoridade, mas de um 
pedido escrito de informações, a ser respondido também por escrito, 
caracterizando crime de responsabilidade a simples recusa, o não-
atendimento no prazo de trinta dias ou a prestação de informações falsas. 
Bem se percebe, pela parte final da norma, que, não se trata propriamente 
de um pedido, mas de uma requisição, pois a autoridade está obrigada a 
respondê-la no prazo de trinta dias. Ademais, deve-se destacar que à Mesa 
compete apenas encaminhar o pedido, não formulá-lo, cabendo sua 
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elaboração isoladamente aos membros da Casa. Estes formulam o pedido de 
informações, e, caso este esteja em conformidade com as normas 
regimentais, cabe à Mesa apenas remetê-lo à autoridade indicada pelo autor. 
 
11) DAS REUNIÕES 
 
Inicialmente, cabe trasladarmos o caput e o § 1º do art. 57, da Constituição: 
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital 
Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de 
dezembro (redação dada pela EC nº 50, de 2006). 
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o 
primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos 
ou feriados. 
A regra inicia definindo o que denominamos períodos legislativos ordinários, 
que correspondem aos dois períodos de tempo durante os quais ocorrem 
regularmente, ano a ano, as reuniões do Congresso.O primeiro transcorre de 
2 de fevereiro até 17 de julho; e o segundo, de 1° de agosto a 22 de 
dezembro, sendo que, quando tais datas recaírem em sábados, domingos 
ou feriados, serão automaticamente transferidas para o primeiro dia útil 
subseqüente. 
A existência desses dois períodos legislativos ordinários leva-nos a um 
segundo conceito, o de sessão legislativa ordinária, que corresponde ao 
somatório dos dois. 
O § 2º, que prossegue no regramento da matéria, estipula que a sessão 
legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de 
diretrizes orçamentárias. O dispositivo refere-se ao encerramento do 
primeiro período legislativo ordinário, na segunda quinzena de julho, 
impondo como condição para que isso ocorra a aprovação do projeto de lei 
de diretrizes orçamentárias (LDO), uma de nossas leis orçamentárias, como 
veremos oportunamente. 
O § 3º do art. 57 dispõe sobre algumas hipóteses em que a Câmara dos 
Deputados e o Senado reunir-se-ão em sessão conjunta. Reza o 
dispositivo: 
§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara 
dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta 
para: 
I - inaugurar a sessão legislativa; 
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços 
comuns às duas Casas; 
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da 
República; 
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. 
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Na lição de Gabriel Dezen Junior: 
Reunião em sessão conjunta significa que Câmara dos Deputados e 
Senado Federal reunir-se-ão em sessão do Congresso Nacional, no 
mesmo Plenário, e que as votações serão realizadas no mesmo 
momento processual, com os Deputados Federais votando em primeiro 
lugar e, após, os Senadores. Os votos serão contados separadamente, 
na Câmara e no Senado. A decisão congressual é obtida pela 
combinação dos dois resultados. 
O rol do § 3º é meramente exemplificativo, o que se evidencia pela sua parte 
inicial, onde se ressalvam outras hipóteses, não prescritas na norma, em que 
a atuação da Câmara e do Senado se dará em sessão conjunta. 
Exemplificativamente, podemos citar a apreciação dos projetos de leis 
orçamentárias, nos termos do caput, do art. 166, da Constituição. 
Prosseguindo na análise do artigo, prescreve o § 4º que "cada uma das 
Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no 
primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das 
respectivas Mesas, para mandato de dois anos, vedada a recondução para o 
mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente". 
As sessões preparatórias, realizadas em ambas as Casas do Congresso, 
separadamente, têm dois objetivos: proceder à posse dos novos eleitos e 
promover a eleição dos membros das respetivas Mesas Diretoras, para um 
mandato de dois anos. 
A Constituição veda a reeleição para o mesmo cargo na eleição 
imediatamente subseqüente. Aplicando-se aqui o principio da legislatura, a 
norma veda que um parlamentar, eleito para certo cargo na Mesa em certa 
legislatura, possa reeleger para o mesmo cargo na próxima eleição ocorrida 
dentro da legislatura. Mas ela não impede que o parlamentar ocupante de 
um cargo na Mesa no segundo biênio da legislatura (que é de 4 anos) ocupe 
novamente o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente pois, no 
caso, já estaremos em outra legislatura. 
Em decisão proferida em 2001 (ADI 2371), o STF entendeu que o § 4º do 
art. 57, da CF, não é norma de reprodução obrigatória nas Constituições 
Estaduais e nas Leis Orgânicas do DF e dos Municípios, de modo que podem 
os respectivos Poderes Legislativos dispor com autonomia sobre o assunto. 
Assim sendo, é constitucional, por exemplo, que uma Lei Orgânica Municipal 
permita a recondução para o mesmo cargo da Mesa da Câmara Municipal na 
mesma legislatura. 
O § 5° do art. 57, da CF, prescreve que a "Mesa do Congresso Nacional será 
presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão 
exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na 
Câmara dos Deputados e no Senado Federal". 
Interpretando o dispositivo, podemos concluir a Mesa do Congresso Nacional 
será assim composta: 
- o Presidente do Congresso será o Presidente do Senado; 
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- o 1° Vice-Presidente do Congresso será o 1° Vice-Presidente da Câmara 
dos Deputados; 
- o 2° Vice-Presidente do Congresso será o 2° Vice-Presidente do Senado; 
- o 1° Secretário do Congresso será o 1° Secretário da Câmara dos 
Deputados 
- o 2° Secretário do Congresso será o 2 ° Secretário do Senado, e assim por 
diante. 
Perceba-se que o Presidente da Câmara dos Deputados simplesmente não 
participa da Mesa do Congresso. 
Na matéria, valem ser apresentadas as lições de Gabriel Dezen Junior: 
Vacância do cargo de Presidente do Senado: A vacância do cargo de 
Presidente do Senado eleva o Primeiro Vice-Presidente do Senado à 
Presidência, mas não lhe atribui a condição de Presidente do 
Congresso Nacional, posição que será ocupada pelo Primeiro Vice-
Presidente do Congresso Nacional, que é um Deputado Federal. 
Substituição do Presidente do Congresso: O Supremo Tribunal Federal 
decidiu que, na hipótese de ausência eventual ou afastamento do 
Presidente do Senado Federal, cabe ao 1 ° Vice-Presidente da Mesa do 
Congresso Nacional convocar e presidir a sessão conjunta do 
Congresso Nacional. (MS 24041, de 29/8/2001). 
O § 6°, do art. 57, da CF, trata de um instituto que até recentemente era 
consideravelmente utilizado pelos membros do Congresso, a saber, a 
convocação extraordinária. Determina a norma: 
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: 
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de 
estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização 
para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse 
do Presidente e do Vice-Presidente da República; 
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos 
membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse 
público relevante, em todas as hipóteses desse inciso com a 
aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas no 
Congresso Nacional (parte destacada acrescida pela EC nº 50, de 
2006). 
A convocação extraordinária do Congresso pode ser determinada nos 
períodos de recesso parlamentar, que ocorrem entre os dois períodos 
legislativos ordinários, entre 18 de julho e 31 de julho e entre 23 de 
dezembro e 31 de janeiro, ressalvadas as possíveis alterações nestas datas 
no caso de as datas de início e de término dos períodos legislativos ordinários 
recaírem em dia não-útil, a teor do § 1º do art. 57. 
No caso de decretação do estado de defesa ou de intervenção federal, de 
pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compro-
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misso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República, a 
competência para a convocação extraordinária é própria e exclusiva do 
Presidente do Senado, agindo na qualidade de Presidente do Congresso. 
Deve-se notar que a convocação, nas hipóteses de intervenção federal e de 
estado de defesa, é posterior ao ato; ao passo que, nas hipóteses de 
compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República e de estado de 
sítio, é anterior. Ademais, se a decretação da intervenção federal o do estado 
de defesa, ou o pedido de autorização para a decretação do estado de sítio 
ocorrerem durante os dois períodos legislativosordinários, não cabe qualquer 
convocação extraordinária, pois o Congresso estará atuando regularmente. 
Na hipótese do inc. II – urgência ou relevante interesse público -, a 
convocação extraordinária é competência do Presidente da República, dos 
Presidentes da Câmara e do Senado (sendo necessário que o requerimento 
seja assinado por ambos, pois a competência é conjunta) ou da maioria dos 
membros de ambas as Casas (maioria absoluta dos membros da Câmara e 
dos membros do Senado, pois se trata, mais uma vez, de competência 
conjunta, denominada auto-convocação). 
Aqui a EC nº 50, de 2006, inovou, passando a exigir, para a convocação 
extraordinária motivada por urgência ou relevante interesse público, a 
necessidade de aprovacão dos membros de ambas as Casas do Congresso. 
Desse modo, quando a convocação advir de requerimento do Presidente da 
República ou de requerimento conjunto dos Presidentes da Câmara e do 
Senado, o requerimento só produzirá efeitos jurídicos, determinando a 
reunião extraordinária, se o mesmo for aprovado pela maioria absoluta dos 
Deputados Federais e Senadores. 
Os §§ 7º e 8º, do art. 57, da CF, encerram o regramento da convocação 
extraordinária do Congresso. 
O primeiro desses parágrafos assevera que "na sessão legislativa 
extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria 
para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, 
vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação" 
(redação dada pela EC nº 50, de 2006). 
O segundo, por sua vez, determina que, "havendo medidas provisórias em 
vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão 
elas automaticamente incluídas na pauta da convocação". 
Analisando conjuntamente os dois dispositivos, conclui-se que a convocação 
extraordinária tem uma pauta exclusiva de trabalhos, não se pondendo 
deliberar sobre temas nela não incluídos, à exceção das medidas provisórias, 
que, mesmo não constando da pauta original, deverão ser incluídas no objeto 
da convocação extraordinária. 
A EC nº 50, de 2006, alterou significativamente o § 7º. Na sua redação 
anterior era vedado o pagamento de parcela indenizatória em valor superior 
ao subsídio mensal dos Deputados Federais e Senadores, com o que era 
possível, como prática comum, o pagamento ao parlamentar de uma parcela 
indenizatória equivalente ao valor de seu subsídio mensal. Atualmente, na 
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sua nova redação, é o § 7º peremptório: não é devido qualquer 
pagamento adicional, seja de caráter remuneratório ou indenizatório, em 
função da convocação excepcional. Assim, atualmente os parlamentares 
federais, numa eventual convocação extraordinária, perceberão apenas seu 
subsídio mensal regular, sem qualquer acréscimo pela perda total ou parcial 
de seu período de recesso. 
Admite-se a possibilidade de dupla convocação extraordinária do Congresso 
Nacional para o mesmo período, desde que sejam definidos assuntos 
diversos a serem abordados em cada uma delas. 
Da mesma forma, admite-se o aditamento da convocação extraordinária (o 
aumento do prazo inicial). Como esclarece Gabriel Dezen Junior: 
O Congresso Nacional aceita aditamento de convocação extraordinária, 
quando ao ato convocatório formulado por um dos legitimados para 
fazê-lo por este inciso for juntado outro, de autoria de outro dos 
legitimados. Neste caso, a pauta de trabalhos congressuais será a 
soma das matérias constantes em cada um dos atos convocatórios. 
 
12) DAS COMISSÕES 
 
Nos termos do art. 58 da Constituição, o Congresso Nacional e cada uma de 
suas Casas Legislativas terão Comissões permanentes e temporárias, 
constituídas em razão de certos assuntos (as comissões temáticas, que 
atuam sobre determinado tema, como justiça, educação, transporte etc), 
para determinada finalidade (um tópico qualquer dentro de certa matéria) ou 
para fins de apuração de fato determinado e por prazo certo (as comissões 
parlamentares de inquérito). 
As Comissões permanentes têm suas atribuições definidas no Regime 
Interno da Casa a que pertencerem. Tanto o Congresso Nacional como a 
Câmara e o Senado possuem as atribuições das suas Comissões 
permanentes definidas em seu respectivo Regimento Interno. As Comissões 
permanentes são aquelas que perduram através da passagem das 
legislaturas, sendo organizadas em função de certa matéria. 
Já as Comissões temporárias têm suas atribuições definidas no ato de que 
resultar sua criação. Em outros termos, o ato que instituir a Comissão 
temporária estabelecerá também quais serão suas atribuições. As Comissões 
temporárias são constituídas tendo em vista o atingimento de uma finalidade 
determinada ou para a apuração de certo fato, sempre por prazo 
determinado. 
Na composição das Comissões será observado, tanto quanto possível, a 
proporcionalidade da representação do partido ou do bloco parlamentar na 
respectiva Casa (art 58, § 1º). 
Por exemplo, se o partido “A” tem 20% das cadeiras da Câmara dos 
Deputados, as Comissões temporárias ou permanentes constituídas no 
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âmbito desta Casa deverão ser compostas, tanto quanto possível, com 20% 
de parlamentares do partido “A”. 
Do mesmo modo, se 3 partidos políticos pequenos formam um bloco 
parlamentar dentro da Casa, de maneira que seus integrantes totalizem 10% 
do total de membros da Casa, as Comissões nela constituídas devem, na 
medida do exeqüível, ter 10% de suas vagas ocupadas por integrantes do 
bloco parlamentar. 
A fim de afastarmos qualquer dúvida na matéria, trazemos a definição de 
blocos parlamentares elaborada por Gabriel Dezen Junior: 
São agregações de partidos, com orientação político-ideológica afim, 
buscando uma atuação parlamentar unificada. Têm um líder único e, 
para fins de cálculo do número de vagas nas comissões e nas Mesas 
serão tomados como uma unidade. As vagas que couberem ao bloco 
serão ocupadas pelos membros dos partidos coligados, por critérios e 
decisões internas. 
É importante destacar que o STF considera que a expressão tanto quanto 
possível, usada no § 1º, não assegura aos partidos políticos representados 
na Casa, o direito a terem pelo menos uma vaga reservada em cada uma das 
Comissões. 
O § 2º, do art. 58, da Constituição, trata das competências passíveis de 
serem atribuídas às Comissões parlamentares, permanentes ou temporárias. 
Nestes termos, dispõe o § 2º: 
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: 
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do 
regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um 
décimo dos membros da Casa; 
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; 
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre 
assuntos inerentes a suas atribuições; 
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de 
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades 
públicas; 
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; 
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e 
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. 
A primeira competência relacionada no dispositivo corresponde ao poder 
conclusivo ou terminativo das Comissões, sendo passível de titularização 
na forma e nos termos prescritos no Regimento Interno da Casa Legislativa. 
Em regra, as Comissões não votam projetos de lei, mas apenas pareceres a 
tais projetos, os quais servem de referencial teórico para que o Plenário da 
Casa decida sobre o projeto de lei propriamente dito. 
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Na hipótese ora tratada, se nesse sentido houver previsão no Regimento 
Interno, as Comissões irão além dessa competência ordinária, efetivamente 
votando o projeto de lei, o qual, se aprovado, irá diretamente para sanção ou 
veto do Presidente da República, sem passar pelo crivo do Plenário. 
Poderá ocorrer, entretanto, que contra a decisão da Comissão, aprovando ou 
rejeitando o projeto de lei, seja proposto recurso subscrito por pelo menos 
10% dos membros da Casa, hipótese em que o Plenário da Casa passará a 
ter competência para votar o projeto de lei, substituindo pela sua decisão a 
anterior decisão da Comissão. 
Segundo Gabriel Dezen Junior, o poder conclusivo ou terminativo não é 
passível de aplicação aos projetos de lei complementar ou às propostas de 
emenda à Constituição. 
A terceira e a quinta competências traçadas no dispositivo merecem também 
uma menção especial. 
Segundo o inc. III do art. 58, as comissões parlamentares dispõem de 
competência convocatória com relação aos Ministros de Estado, e pela 
aplicação do art. 50 da CF, também com relação aos demais titulares de 
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República. 
Nos termos do inc. V do art. 58, as Comissões também podem solicitar 
depoimento de qualquer autoridade ou cidadão. 
A redação constitucional não deixa dúvidas. Os Ministros de Estado e demais 
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República são 
convocados a comparecer. Convocação é ordem, determinação, de modo que 
a ausência injustificada caracteriza ato ilícito, como vimos anteriormente. 
As demais autoridades e os cidadãos em geral têm sua presença tão somente 
solicitada pelas Comissões Parlamentares. Enfim, são convidados a 
comparecer, não caracterizando ato ilícito sua ausência. 
Tal regra, é bom que se advirta, não se aplica às Comissões Parlamentares 
de Inquérito, nosso próximo objeto de estudo, que têm efetivo poder 
convocatório sobre autoridades e cidadãos, em geral, podendo determinar 
até mesmo a condução coercitiva daquele que se recusar a comparecer sem 
motivo justificado. 
O § 4°, do art. 58, da CF, versa sobre uma Comissão especial, a Comissão 
representativa do Congresso Nacional, dispondo sobre a mesma nos 
seguintes termos: 
Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso 
Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período 
legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja 
composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da 
representação partidária. 
A finalidade desta Comissão vem implícita em sua denominação: cabe ao 
órgão colegiado representar o Congresso Nacional durante os períodos de 
recesso anual, exercendo, no que couber, as atribuições administrativas da 
Mesa do Congresso. Como são dois os períodos de recesso, serão escolhidas 
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duas Comissões representativas por ano, cada uma delas atuando em um 
dos períodos de recesso. 
Haverá eleição para a escolha dos membros da Comissão em ambas as 
Casas do Congresso, com o que será ela composta por Deputados Federais e 
Senadores, devendo sua composição reproduzir, tanto quanto possível, a 
proporcionalidade da representação partidária no Congresso. 
 
13) COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO 
 
O art. 2° da Constituição proclamou o tradicional princípio da separação dos 
Poderes, atribuindo a cada um dos Poderes da República – o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário – uma função precípua, além de outras estabelecidas 
no documento constitucional. 
No que toca ao Poder Legislativo, a Constituição outorga-lhe, na verdade, 
não uma, mas duas funções típicas: a legislativa, pela qual edita atos 
normativos que inovam na ordem jurídica, a exemplo das leis ordinárias e 
complementares; e a função fiscalizatória, pela qual controla a atuação dos 
demais Poderes da República, no âmbito do que se denomina sistema de 
freios e contrapesos (checks and balances). 
A função fiscalizatória a cargo do Poder Legislativo desmembra-se 
essencialmente em duas modalidades: a fiscalização político-administrativa, 
que incide principalmente sobre o Poder Executivo, e que tem sua previsão 
mais genérica nos incs. IX e X, do art. 49, da Constituição; a fiscalização 
financeiro-orçamentária, que o Poder Legislativo exerce com o auxílio dos 
Tribunais de Contas, nos termos dos arts. 70 e 71 da Constituição. 
Um dos mais efetivos instrumentos de fiscalização, na sua primeira 
modalidade, consiste nas Comissões Parlamentares de Inquérito, 
previstas no art. 58, § 3°, da Constituição, nos seguintes termos: 
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros 
previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou 
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus 
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, 
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério 
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos 
infratores. 
Trata-se, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), de uma Comissão 
Legislativa temporária, criada por um terço dos membros da Câmara dos 
Deputados, um terço dos membros do Senado Federal ou um terço dos 
membros de ambas as Casas, na hipótese de uma CPI Mista, para a 
apuração de fato determinado e por prazo certo. Desde logo, é útil 
atentarmos para o fato de que, nos termos da Constituição, a função da CPI 
não é jurisdicional ou acusatória, mas tão somente investigatória. 
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A seguir, apresentamos os principais pontos do regime jurídico das CPIs. 
 
13.1) FATO DETERMINADO 
O § 3° do art. 58, da Constituição, exige, como requisito de regularidade da 
CPI, que a Comissão seja instaurada para apurar um fato determinado, 
certo. Não se admite, assim, a criação de CPIs para a investigação de 
situações genéricas, de incerta delimitação, como seria, por exemplo, a 
criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar “todas as 
irregularidades do Poder Judiciário Federal”. 
Por outro lado, segundo orientação do STF, a expressão “fato determinado”, 
não deve ser interpretada de forma restritiva, pois, nesse caso, estaria 
irremediavelmente cerceada a amplitude das investigações promovidas no 
âmbito da Comissão. Desse modo, se uma CPI foi instaurada para apurar 
determinado fato, tal competência engloba todos os fatos surgidos no 
decorrer das investigações que tenham relação com o fato principal. 
Em outros termos, a exigência de que a instauração da Comissão se dê em 
função de um fato determinado não impede que ela investigue outros fatos, 
conexos com aquele inicialmente apontado para sua criação e que vierem a 
ser de seu conhecimento durante as investigações, ainda que tais fatos já 
estejam sendo objeto de apuração em inquéritos policiais ou em processos 
judiciais. 
Segundo Alexandre de Moraes, para essa ampliação de seu objeto será 
necessário um aditamento do objeto inicial da CPI, ou seja, será necessário 
que a apuração do fato conexo com o originariamente investigado passe a 
formalmente constar também como objeto de investigação da CPI. 
Podem ser objeto de apuração no âmbito de uma CPI todos os assuntos que 
estejam compreendidos na competência do Poder Legislativo respectivo, 
mesmo transações particulares entre pessoas físicas ou jurídicas externas ao 
Poder Público, desde que possa haver alguma relação entre o negócio e a 
gestão do patrimônio público. Por outro lado, se

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