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Módulo 01 - Mudança do Clima noções gerais.pdf
Módulo
Mudança do clima, adaptação e 
mitigação - Noções gerais
1
Brasília - 2018
Impactos da Mudança do Clima para 
a Gestão Municipal 
© Enap, 2018
Enap Escola Nacional de Administração Pública 
Diretoria de Educação Continuada 
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Telefone: (61) 2020 3096 - Fax: (61) 2020 3178
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente 
Francisco Gaetani
Diretor de Educação Continuada 
Paulo Marques
Coordenadora-Geral de Educação a Distância 
Natália Teles da Mota Teixeira
Conteudistas (2015)
Mônica Santos da Conceição
Eagles Muniz
Thiago Mendes
Conteudista revisora (2017)
Marcela Cardoso Guilles da Conceição
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório 
Latitude e Enap.
SUMÁRIO
1. Boas-Vindas .................................................................................................................... 5
2. Introdução ...................................................................................................................... 6
3. Efeito Estufa ................................................................................................................... 7
3.1 Histórico .............................................................................................................................. 7
4. Mudança de Clima – RIO 92 ............................................................................................ 9
4.1 Convenção-Quadro das Nações Unidas (COP) ..................................................................... 9
5. Histórico das Cops ........................................................................................................ 11
6. Protocolo de Quioto ..................................................................................................... 15
6.1 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ........................................................................... 16
7. Adicionalidade, Leakage e Permanência ....................................................................... 17
8.Iniciativas de Compensação das Emissões de Gee .......................................................... 18
8.1 RIO +20 ................................................................................................... 19
8.2 Compensação na Copa de 2014 ........................................................................................ 20
9. Adaptação aos Efeitos Adversos .................................................................................... 20
9.1 Plano Nacional de Adaptação ............................................................................................ 22
10. Consequências da Mudança do Clima ......................................................................... 23
11. Relatórios de Avaliação do IPCC .................................................................................. 23
11.1 Quarto Relatório .............................................................................................................. 24
11.2 Quinto Relatório ............................................................................................................. 26
12. Revisão do Módulo ..................................................................................................... 28
4
5
Módulo
Noções Gerais1
1. Boas-Vindas
Olá! Seja muito bem-vinda(o) ao curso Impactos da Mudança do Clima para a Gestão 
Municipal.
É um prazer ter você conosco e poder contribuir para a construção de seu conhecimento 
acerca deste assunto.
Neste curso, exploraremos os conceitos básicos do tema mudança do clima, as principais 
causas do problema e os aspectos principais das abordagens de mitigação e adaptação.
Para facilitar a aprendizagem, distribuímos esses assuntos em três Módulos:
Módulo 1 – Mudança do clima: noções gerais;
Módulo 2 – Mitigação; e
Módulo 3 – Adaptação.
O curso está direcionado principalmente aos governos estaduais e locais, podendo facilitar 
a incorporação da questão da mudança do clima no processo de planejamento fiscal e 
orçamentário.
Esperamos que, ao concluir o estudo deste curso, você possa:
• Analisar as consequências da mudança global do clima;
• Indicar a relação entre adaptação e mitigação, considerando os respectivos objetivos, 
princípios e contextos.
Agora, vamos iniciar os estudos!
6
2. Introdução
Mudança do clima...
Efeito Estufa...
O que são? Como ocorrem?
Quais os impactos adversos da mudança do clima?
O que se tem feito para lidar com isso?
Não há dúvida que exploraremos assuntos vitais para a nossa vida e a vida do planeta, não é 
mesmo? Por isso, vamos conversar sobre: aspectos importantes do efeito estufa; dois princípios 
fundamentais da Convenção-Quadro (Princípio da Precaução e Princípio das Responsabilidades 
Comuns, mas diferenciadas); e Protocolo de Quioto. Veremos também os graves impactos da 
mudança do clima e o que os Relatórios de Avaliação do IPCC nos dizem sobre o tema.
Assim, esperamos que, ao concluir este Módulo, você possa:
• Definir o que é Efeito Estufa;
• Identificar os propósitos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento;
• Identificar as características do Princípio da Precaução;
• Identificar as características do Princípio das Responsabilidades comuns, mas 
diferenciadas;
• Descrever os processos de negociação internacional das Conferências das Partes 
(COP) e seus desdobramentos;
• Identificar os compromissos do Protocolo de Quioto;
• Descrever os mecanismos de flexibilização do Protocolo de Quioto;
• Caracterizar os princípios de adicionalidade, de leakage (fuga) e de permanência;
• Identificar as principais iniciativas de compensação das emissões de gases de efeito 
estufa;
• Fazer a relação entre os relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre 
Mudança do Clima (IPCC) e de alguns programas com ações de adaptação aos efeitos 
adversos da mudança do clima;
• Descrever as consequências gerais da mudança do clima;
• Identificar as evidências registradas no 4º Relatório de Avaliação realizado pelo IPCC;
• Identificar os principais registros do 5º Relatório de Avaliação realizado pelo IPCC.
7
3. Efeito Estufa
Os gases de efeito estufa (GEE) existem naturalmente na atmosfera e são responsáveis por 
manter a Terra mais quente do que ela seria sem a existência desses gases. Os principais 
GEEs naturais são o vapor d›água, o dióxido de carbono (CO2), o ozônio (O3), o metano (CH4) 
e o óxido nitroso (N2O).
Vamos entender melhor o efeito estufa. Imagine 
um carro fechado ou uma estufa de plantas. 
Se os vidros do carro ou da estufa estão 
fechados, o calor é retido, não é mesmo? 
Então, do mesmo modo, os gases da atmosfera 
são responsáveis por reter a energia (em forma 
de calor). Observe a figura a seguir que ilustra o 
fenômeno do efeito estufa.
Esse efeito estufa natural tem mantido a 
atmosfera da Terra por volta de 30 °C mais 
quente do que ela seria na ausência dele, 
possibilitando a existência da vida como 
conhecemos no planeta. 
Caso o efeito estufa não existisse, a temperatura 
média global da superfície terrestre seria 
cerca de 15 °C negativos. Atualmente, essa 
temperatura média é de cerca de 14 °C positivos.
Mas as ações provenientes das atividades humanas - como a geração de energia, a produção 
agrícola e a urbanização - têm acentuado a concentração desses gases na atmosfera, gerando 
um aumento na absorção do calor.
Junto com o modelo de produção e consumo, iniciados pela Revolução Industrial, houve uma 
intensificação das emissões
desses gases por ações humanas. Por causa do longo tempo que 
os gases de efeito estufa permaneceram na atmosfera, as emissões históricas desses gases 
trazem um grande impacto na concentração atual de GEE. O aumento dessa concentração 
reflete a ampliação dos padrões de consumo das sociedades.
3.1 Histórico
Vamos entender o que aconteceu com o efeito estufa ao longo do tempo? Veja na imagem a 
seguir como isso ocorreu.
Figura 1 – Efeito Estufa
8
Figura 2- Aumento do Dióxido de Carbono
Em 1988, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente (PNUMA) estabeleceram o IPCC, a fim de fornecer informações científicas, 
técnicas e socioeconômicas relevantes para o entendimento da mudança do clima, para a 
sociedade e para os formuladores de políticas.
O IPCC avalia as informações científicas, técnicas e socioeconômicas mais significativas para 
contribuir na compreensão sobre os riscos da mudança do clima, seus impactos e as possíveis 
alternativas de adaptação e mitigação, consolidando essas informações em relatórios 
periodicamente publicados.
O conhecimento científico produzido pelo IPCC é demonstrado por meio de seus relatórios, 
os Assessment Reports (ARs) – Relatórios de Avaliação. O 1º relatório foi emitido em 1990; o 
2º, em 1995; o 3º, em 2001; o 4º, em 2007 e o 5º, em 2014.
Mais informações sobre o IPCC, podem ser obtidas nos endereços abaixo:
http://ipcc.ch/index.htm
http://www.ipcc.ch/organization/organization.shtml#.Unkh83k_1c8 
Complemente seus estudos:
http://aquecimentoglobal.info/co2-aumenta-taxa-recorde-408-ppm-2016
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,concentracao-de-gases-atinge-
recorde-e-onu-anuncia-nova-era-climatica,10000083955
https://public.wmo.int/en/media/press-release/climate-breaks-multiple-records-2016-
global-impacts
https://www.theguardian.com/environment/2016/oct/24/new-era-of-climate-change-
reality-as-emissions-hit-symbolic-threshold
Adicional ao CO2, outros gases com propriedades similares de reter calor foram criados por 
causa de diversas atividades econômicas e passaram a ser lançados intensamente na atmosfera.
9
A mudança do clima é comumente chamada de aquecimento global porque uma das 
consequências mais prováveis da existência de concentrações maiores de GEE na atmosfera 
é o aumento da temperatura média da superfície do planeta. Mas o aumento de temperatura 
traz outros efeitos igualmente importantes, podendo provocar novos padrões de ventos, 
chuvas e circulação dos oceanos.
4. Mudança de Clima – RIO 92
Diante das preocupações com a mudança do clima por conta 
da emissão de gases de efeito estufa e outros temas ligados ao 
desenvolvimento sustentável, foi realizada a Conferência das Nações 
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como 
RIO 92, na cidade do Rio de Janeiro, em 1992.
Nesse encontro, foi adotada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, 
assinada durante a “Cúpula da Terra”. O Brasil foi a primeira Nação a assinar a Convenção, a 
qual entrou em vigor no país em 1994, depois de ser ratificada pelo Congresso Nacional. 
A seguir, veremos um pouco mais sobre o tema.
4.1 Convenção-Quadro das Nações Unidas (COP)
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é baseada em diversos 
princípios básicos. Vamos conversar acerca de dois deles, os pilares principais, a seguir.
10
Princípio da Precaução
Diz que a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para que os países 
posterguem a adoção de medidas para prever, evitar ou minimizar as causas da mudança do 
clima e mitigar seus efeitos negativos.
Princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas
Este princípio é base para o estabelecimento de compromissos dos países e reflete a 
condição de que a maior parcela da concentração de GEE na atmosfera é fruto de emissões 
históricas originárias principalmente dos países desenvolvidos, que iniciaram o processo de 
industrialização há dois séculos.
Para entender melhor esse conceito, imagine o seguinte: 200 amigos marcaram uma 
confraternização em um restaurante, em um horário específico. Porém, 40 colegas resolveram 
chegar quatro horas antes do combinado e iniciaram o consumo de bebidas e alimentos 
bastante caros.
Os outros 160 colegas chegam no horário agendado e, após 30 minutos de confraternização, 
os 40 colegas que chegaram mais cedo resolvem voltar para casa e solicitam que a conta 
seja dividida igualmente pelos 200 amigos. Para evitar problemas entre os amigos, adota-se 
o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas. A responsabilidade da conta é 
comum entre todos aqueles que consumiram algo durante a confraternização, mas elas devem 
ser diferenciadas, para não ocorrer divisão desproporcional dos custos.
Baseado nesses princípios, a Convenção prevê que os países desenvolvidos devem tomar a 
iniciativa no combate à mudança do clima e aos seus efeitos. Ou seja, a responsabilidade do 
aquecimento global e seus efeitos sentidos hoje é daqueles países que tiveram seu processo 
de industrialização desde a Revolução Industrial.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima também observa que:
• A maior parcela das emissões globais, históricas e atuais, de gases de efeito estufa é 
originária dos países desenvolvidos e ainda representam a maior parcela das emissões 
globais; 
• As emissões de países em desenvolvimento de industrialização aumentaram de 
maneira significativa nos últimos 10 anos, porém, as emissões per capita dos países 
em desenvolvimento ainda são relativamente baixas;
• A parcela de emissões globais originárias dos países em desenvolvimento crescerá 
para que eles possam satisfazer suas necessidades sociais e de desenvolvimento.
11
No âmbito da Convenção, com base no princípio das responsabilidades comuns, mas 
diferenciadas, foram estabelecidos, basicamente, dois grupos de países: as Partes do Anexo 
I, ou seja, países que são listados no Anexo I do texto da Convenção, e as Partes não Anexo I, 
ou seja, que não são listadas no referido Anexo. 
A lista de países do Anexo I é: Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus*, Bélgica, Bulgária*, 
Canadá, Comunidade Europeia, Croácia*, Dinamarca, Eslováquia*, Eslovênia**, Espanha, 
Estados Unidos da América, Estônia*, Federação Russa(a), Finlândia, França, Grécia, Hungria*, 
Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia*, Liechtenstein**, Lituânia*, Luxemburgo, Mônaco**, 
Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia*, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e 
Irlanda do Norte, República Tcheca**, Romênia*, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia*. 
Já os países não-Anexo I são representados pelos países em desenvolvimento.
* Países em processo de transição para uma economia de mercado.
** Nota do Editor: Países que passaram a fazer parte do Anexo I mediante emenda que entrou 
em vigor no dia 13 de agosto de 1998, em conformidade com a decisão 4/CP.3 adotada na 
COP3.
5. Histórico das Cops
A negociação internacional sobre Mudança do Clima ocorre no âmbito da Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (que chamaremos apenas de Convenção), 
tendo como principal palco a Conferência das Partes (COP) que acontece anualmente, com a 
presença de todos os países signatários da Convenção.
Agora vamos falar acerca de algumas COPs já realizadas. Daremos uma visão geral e seus 
principais desdobramentos. A seguir, observe o conteúdo acerca das COP 1, 3, 15, 17, 18, 19, 
20 e 21.
Figura 3 - Histórico das COPs
COP1: Após a implementação de fato da Convenção, em 1994, a primeira COP foi realizada 
em Berlim, no ano seguinte. Nessa primeira reunião, já foi possível identificar que estava 
ocorrendo um aumento
das emissões e que a meta inicial de redução das emissões proposta 
para os países desenvolvidos não seria suficiente. A solução proposta, então, foi de “atividades 
implementadas conjuntamente”, presente no documento chamado de “Mandato de Berlim” 
(UNFCCC, 1995).
O Brasil apresentou um protocolo em resposta ao Mandato de Berlim, conhecido como 
“Proposta Brasileira”, que propunha:
12
1) Critério objetivo para estabelecer a responsabilidade individual dos países Anexo 
I em relação às causas do efeito estufa; 
2) Ideia de um Fundo de Desenvolvimento Limpo. 
De acordo com a Proposta Brasileira, a atribuição da responsabilidade de cada país deveria 
ser feita em termos de sua relativa contribuição para o aumento total de temperatura, e não 
apenas às emissões de um determinado ano ou mesmo a contribuição para o aumento da 
concentração dos gases na atmosfera.
COP3: A Proposta Brasileira, apresentada em Berlim, não foi integralmente aceita pelos países 
desenvolvidos, mas forneceu subsídios para a negociação internacional e foi a precursora da 
mais conhecida decisão da COP até hoje: o Protocolo de Quioto. Essa decisão foi tomada na 
COP3, na cidade japonesa de Quioto, em dezembro de 1997. No entanto, diferente da Proposta 
Brasileira, para o Protocolo de Quioto, não foi usado um critério objetivo de diferenciação dos 
compromissos quantificados de redução de emissões (UNFCCC, 1998).
No entanto, apesar de suas metas modestas, o Protocolo de Quioto foi o primeiro acordo 
legalmente vinculante de redução de emissões de gases de efeito estufa e criou três importantes 
mecanismos para os países industrializados alcançarem suas metas individuais de limitação ou 
redução (parcerias entre países para criação de projetos responsáveis ambientalmente; direito 
dos países desenvolvidos obterem créditos de nações pouco poluentes; e criação do MDL).
COP15: A Conferência de Copenhagen, em 2009, gerou grande expectativa das Partes, da 
imprensa mundial e da sociedade como um todo. Era esperado um novo acordo legalmente 
vinculante, de amplo espectro, que fosse capaz de trazer uma “solução” para o problema da 
mudança do clima.
Nessa COP, o governo brasileiro apresentou um compromisso voluntário de redução de 
emissões de 36,1% a 38,9% das emissões projetadas para o ano de 2020. Com isso, não seria 
emitida cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e). Esse constitui o maior 
esforço de redução de emissões do planeta!
No Acordo de Copenhagen (decisão 2/CP.15), está previsto que:
• As Partes não Anexo I da Convenção irão implementar ações de mitigação;
• As ações de mitigação tomadas ou previstas pelos países não Anexo I, incluindo seus 
inventários nacionais de emissões antrópicas de gases de efeito estufa, devem ser 
comunicados à UNFCCC a cada dois anos;
• Tais ações estarão sujeitas à medição, comunicação e verificação internas, de acordo 
com as diretrizes adotadas na Conferência das Partes. Os resultados serão reportados 
nas comunicações nacionais a cada dois anos.
COP17: Em dezembro de 2011, durante a COP17-CMP7, na cidade de Durban (África do Sul), 
a Convenção aprovou a decisão que estabelece um segundo período de compromisso do 
Protocolo de Quioto, a partir de primeiro de janeiro 2013. Assim, juridicamente, os mecanismos 
de Quioto, como o MDL, também estarão válidos para o segundo período de compromisso. 
13
A decisão acerca da data de término (2020) e dos números das metas dos países do Anexo I, 
no segundo período de compromisso, foi definida na COP18-CMP8.
COP18: Entre novembro e dezembro de 2012, em Doha (Catar), durante a 18ª Conferência das 
Nações Unidas sobre Mudança do clima, ocorreu a 8ª Conferência das Partes na qualidade de 
Reunião das Partes no Protocolo de Quioto (CMP). Desse encontro, participaram 193 países 
com o objetivo principal de realizar um acordo final a fim de orientar as metas de redução de 
emissões de GEE para os países do Anexo I em seu segundo período de compromisso (iniciado 
em 2013 e acordado de ser finalizado até o ano 2020).
COP19: No período de 11 a 23 de novembro de 2013, em Varsóvia (Polônia), ocorreu a COP 
19 e a CMP9 do Protocolo de Quioto. Essa COP/CMP foi marcada por impasses entre os países 
desenvolvidos e os em desenvolvimento, quanto à redução das emissões de GEE. Entre as 
decisões tomadas em Varsóvia, destacam-se o mecanismo internacional sobre perdas e danos 
(loss & damage), o financiamento climático e o Marco de Varsóvia para desmatamento e à 
degradação florestal (REDD+).
COP20: Ocorreu entre 01 e 12 de dezembro de 2014, em Lima (Peru), a COP20 (CMP10). 
Participaram 196 representantes de governos que integram a Convenção Quadro das Nações 
Unidas sobre Mudança do Clima, com o objetivo maior de fazer um “esboço” de um documento 
que exigirá das nações participantes da Convenção a adoção de medidas, como: corte de 
emissões de gases de efeito estufa; adaptação à mudança do clima; tratamento das questões 
sobre perdas e danos causados pelos impactos adversos da mudança do clima; finanças; 
desenvolvimento e transferência de tecnologias; capacitação e transparência de ação e apoio. 
O texto final intitulado “O chamado de Lima para a ação para o clima” aponta os elementos 
principais do próximo acordo global do clima, a ser detalhado e, posteriormente, aprovado no 
fim de 2015, durante a COP 21, em Paris. Sua versão final deixa claro que as responsabilidades 
entre os países são diferenciadas. Se aprovado, seu conteúdo passará a vigorar a partir de 
2020.
O Chamado de Lima para a Ação para o Clima
Esse chamado foi um passo relevante para construir um acordo com o objetivo de alcançar a 
participação universal e melhorar ainda mais a implementação plena, efetiva e sustentada dos 
princípios e disposições da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima 
e seus compromissos, reforçando o regime multilateral no âmbito da Convenção, a fim de 
alcançar seu objetivo conforme estabelecido no seu artigo 2º.
Todas as partes devem se esforçar para alcançar uma economia e sociedade resilientes e 
de baixa emissão de GEE, com base na equidade e de acordo com suas responsabilidades 
históricas, suas responsabilidades comuns, mas diferenciadas e respectivas capacidades, a fim 
de alcançar o desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza e prosperidade para o 
benefício das gerações presentes e futuras da humanidade.
COP21: Ocorreu entre 30 de novembro e 11 de dezembro de 2015, em Paris. Nessa conferência, 
foi adotado um novo acordo global (Acordo de Paris) que busca combater os efeitos das 
mudanças climáticas, bem como reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O Acordo de 
Paris foi ratificado por 147 partes da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudança do 
Clima, mais União Europeia.
14
O principal objetivo do Acordo de Paris é manter o aumento da temperatura média global bem 
abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, aumentando esforços para limitar essa 
elevação da temperatura a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais.
Lembrando sempre que esse Acordo será implementado de modo a refletir equidade e o 
princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e respectivas capacidades, 
conforme as diferentes circunstâncias nacionais.
Conforme afirmado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon:
 “Pela primeira vez, cada país do mundo se compromete 
a reduzir as emissões, fortalecer a resiliência e se unir em 
uma causa comum para combater a mudança do clima. 
O que já foi impensável se tornou um caminho sem volta. 
(...) O que antes parecia impensável, agora é imparável. 
O forte apoio internacional ao Acordo de Paris que entra 
em vigor é um testemunho da urgência de ação e reflete 
o consenso dos governos de que uma cooperação global 
robusta, fundamentada
na ação nacional, é essencial para 
enfrentar o desafio climático.”
Mas, no dia 01 de junho de 2017, o então presidente Donald Trump dos EUA anunciou a saída 
dos EUA do Acordo de Paris. A Secretaria da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudanças Climáticas lamentou a saída do país e fez ressalvas sobre a intenção anunciada de 
renegociar as modalidades para essa participação, colocando-se pronta para dialogar com o 
governo dos Estados Unidos quanto às implicações desse anúncio. 
A saída dos EUA do Acordo poderá influenciar o cumprimento de redução das emissões de GEE, 
em longo prazo. Os EUA são o segundo maior emissor de gases depois da China, respondendo 
por 18% do carbono lançado na atmosfera terrestre.
No entanto, o Acordo de Paris continua a ser um tratado histórico assinado por 195 Partes e 
ratificado por 146 países, mais a União Europeia. Portanto, não pode ser renegociado com 
base no pedido de uma única Parte. 
15
Para saber mais sobre o assunto, acesse os endereços:
COP1: http://unfccc.int/documentation/decisions/items/2964.php
COP3: http://unfccc.int/meetings/kyoto_dec_1997/meeting/6378.php
http://unfccc.int/cop3/
http://unfccc.int/meetings/doha_nov_2012/session/7050/php/view/decisions.php
COP15: http://www.cop15.gov.br/pt-BR/index.html
http://unfccc.int/meetings/copenhagen_dec_2009/session/6262/php/view/documents.php
COP18: http://proclima.cetesb.sp.gov.br/conferencias/negociacoes-internacionais/
conferencia-das-partes-cop/cop-18-mop-8-doha-catar-novembro-dezembro-2012/
http://unfccc.int/key_steps/doha_climate_gateway/items/7389.php
COP20: http://unfccc.int/meetings/lima_dec_2014/meeting/8141.php
http://unfccc.int/meetings/lima_dec_2014/session/8532.php
COP21: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/mundo/noticia/2017/06/saida-dos-eua-
do-acordo-de-paris-nao-tera-impacto-significativo-dizem-especialistas-9805748.html
http://newsroom.unfccc.int/unfccc-newsroom/unfccc-statement-
on-the-us-decision-to-withdraw-from-paris-agreement/
https://nacoesunidas.org/cop21/
http://unfccc.int/paris_agreement/items/9444.php
http://newsroom.unfccc.int/paris-agreement/
http://unfccc.int/paris_agreement/items/9485.php
6. Protocolo de Quioto 
Agora vamos conversar mais sobre o Protocolo de Quioto e seus 
mecanismos de flexibilização.
O Protocolo de Quioto estabeleceu compromissos, para os países 
industrializados, de redução de pelo menos 5%, em relação aos 
níveis de 1990, das emissões antrópicas combinadas de gases de 
efeito estufa para o período de 2008–2012 sob a Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. 
16
Para auxiliar os países Anexo I a cumprirem suas metas de redução de emissão, foram criados 
os Mecanismos de Flexibilização do Protocolo de Quioto. São eles:
Comércio de Emissões: quando um país Anexo I já cumpriu com sua meta de redução de 
emissão, pode comercializar o excedente de suas reduções com outro país Anexo I.
Implementação Conjunta: permite que um país Anexo I obtenha unidades de redução de 
emissões (UREs) de uma redução de emissão ou de um projeto de remoção de emissão em 
outro país Anexo I. A implementação conjunta oferece às Partes um meio flexível e econômico 
de cumprir uma parcela de seus compromissos de Quioto, enquanto a Parte anfitriã se 
beneficia do investimento estrangeiro e da transferência de tecnologia.
Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL): possibilita a participação de países Anexo I e 
não-Anexo I. Permite que um país com um compromisso de redução de emissões ou limitação 
de emissões implemente um projeto de redução de emissões nos países em desenvolvimento. 
Esses projetos podem gerar créditos de redução certificada de emissão (RCE – ou Certified 
Emission Reductions – CER), vendáveis, sendo cada RCE equivalente a uma tonelada de CO2, 
que pode ser contado para cumprir as metas de Quioto. 
Conheça um pouco mais acerca do Protocolo de Quioto acessando o endereço a seguir 
(conteúdo em inglês): http://unfccc.int/cop3/
6.1 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é visto por muitos como um pioneiro sistema 
global de investimento e crédito ambiental, com um instrumento normalizado de compensação 
de emissões, RCE. O MDL estimula o desenvolvimento sustentável e as reduções de emissões, 
ao mesmo tempo que dá aos países industrializados alguma flexibilidade na forma como eles 
atingem seus objetivos de redução ou limitação de emissões.
Para entender melhor, vejamos um exemplo de projeto que envolvem MDL:
Vejamos, agora, a situação de Projetos de MDL no mundo até janeiro de 2016:
• 1º lugar: China - com 3.764 (49%) atividades de projeto registradas.
• 2º lugar: Índia - com 1.598 (21%) atividades de projeto registradas.
• 3º lugar: Brasil - com 339 (4,4%) atividades de projeto registradas.
No Módulo 2, conversaremos mais detalhadamente acerca do MDL no Brasil.
17
Quer conhecer mais os projetos desenvolvidos pelo Brasil e acompanhar outros projetos 
pelo mundo? Acesse o endereço: https://cdm.unfccc.int/ 
Para aplicar o MDL, é importante conhecermos os conceitos de adicionalidade, leakage (fuga) 
e permanência. Então, vamos conversar sobre eles no próximo tópico.
7. Adicionalidade, Leakage e Permanência
Você sabe dizer o que significa os conceitos: adicionalidade, leakage (fuga) e pemanência?
Adicionalidade
O conceito de adicionalidade está intimamente relacionado ao conceito de linha de base. A 
linha de base refere-se às emissões futuras de gases de efeito estufa que ocorreriam sem uma 
política de intervenção ou atividade de projeto. É em relação à linha de base que se projeta o 
nível de reduções de emissões a partir das atividades de redução desenvolvidas por projetos, 
estratégias ou políticas com esse objetivo.
De acordo com a Decisão 3/CMP.1, a Linha de Base define-se como o cenário que representa, 
de forma plausível, as emissões antrópicas por fontes de gases de efeito estufa que ocorreriam 
na ausência da atividade de projeto proposta.
Adicionalidade significa que o projeto ou uma ação não poderia ser realizada sem o apoio 
específico vinculado à mitigação de emissões. Consiste na redução de emissões de gases de 
efeito estufa ou no aumento de remoções de CO2 de forma adicional ao que ocorreria na 
ausência de tal atividade. 
A figura a seguir nos mostra o conceito de linha de base e adicionalidade:
 
Gráfico 1 – Adicionalidade 
Fonte: JICA, 2006.
Falando de forma mais simples: a adicionalidade diz respeito a uma atividade que ocorreria 
de forma adicional ao que já ocorre (linha de base) na ausência de uma atividade ou projeto. 
Por exemplo: a coleta de lixo de uma cidade pode ser considerada a linha base, e a aplicação 
da coleta seletiva de lixo é adicional à coleta de lixo. Observe que a coleta seletiva é uma 
adicionalidade ao que já ocorre (coleta de lixo). 
18
Em MDL, o critério da adicionalidade está previsto no artigo 12, parágrafo 5º, alínea (c) do 
Protocolo de Quioto, sendo definida como: “(c) Reduções de emissões que sejam adicionais as 
que ocorreriam na ausência da atividade certificada de projeto”.
A Decisão 3/CMP.1, parágrafo 43, prevê que “a atividade de projeto no âmbito do MDL será 
adicional se reduzir as emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes para níveis 
inferiores aos que teriam ocorrido na ausência da atividade de projeto registrada no âmbito 
do MDL”.
No entanto, quando outros benefícios financeiros existem, é preciso provar que o projeto não 
seria implementado sem o auxílio dos recursos adicionais provenientes do MDL. Por exemplo, 
uma usina hidrelétrica, que pode vender a eletricidade que produz. Se, do ponto de vista 
econômico e financeiro, for mais interessante construir uma usina térmica,
mas mesmo assim 
o empreendedor optar por fazer uma usina hidrelétrica, motivado pelo MDL, o projeto pode 
ser considerado adicional.
Caso no país exista uma atividade que reduza emissões de GEE e esta atividade for obrigatória, 
ela não poderá ser registrada como atividade de projeto de MDL. Por exemplo, a exigência da 
inclusão de 5% de biodiesel ao diesel brasileiro; porém, o uso superior a este percentual seria 
considerado adicional.
Leakage (Fuga)
Outro conceito muito importante para qualquer ação de mitigação é o de fugas (leakage), que 
podem ocorrer da aplicação da atividade pretendida. É o aumento de emissões de GEE que 
ocorre fora do limite de projeto, ação ou política de mitigação que, ao mesmo tempo, seja 
mensurável e atribuível a essa ação.
Por exemplo, para reduzir o desmatamento de uma floresta, estabelece-se um parque de 
proteção integral da natureza e realiza-se a retirada das pessoas que vivem naquela área. A 
fuga poderia ocorrer ao serem desmatadas novas áreas em que as famílias retiradas do local 
do novo parque se mudariam. Assim, as emissões de fuga devem ser descontadas dos ganhos 
alcançados com a ação de mitigação.
Permanência
O conceito de permanência está vinculado à garantia ou não de que o carbono estocado nas 
florestas estará a salvo de pragas, desastres naturais ou intervenções humanas que poderão 
devolver o CO2, outrora armazenado na atmosfera.
De acordo com o Guia de Orientação do MDL (FRONDIZI, 2009), o princípio de permanência 
está relacionado às atividades de mudança no uso da terra e florestas.
8.Iniciativas de Compensação das Emissões de Gee
Por tudo o que estudamos até aqui, até mesmo pela nossa experiência de vida, sabemos que 
os impactos adversos à mudança do clima já são realidade; por isso, várias iniciativas brasileiras 
estão sendo adotadas para enfrentar os desafios desse cenário.
Neste tópico, vamos conversar sobre duas ações inovadoras, realizadas na Conferência das 
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 e na Copa do Mundo de 2014, 
quando empresas foram convidadas a fazerem doações para compensação das emissões de 
gases de efeito estufa originadas nesses eventos.
19
8.1 RIO +20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável 
- Rio+20, realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de 
Janeiro, marcou os 20 anos de outro encontro histórico: a Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92.
Dois temas principais orientaram os debates:
I. A economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação 
da pobreza; 
II. A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Participaram da Rio+20 delegações oficiais de 191 Estados-membros da ONU, dois países 
observadores e 85 organismos internacionais e agências especializadas da ONU. No total, a 
ONU credenciou 45.763 participantes.
A Rio+20 alertou que a superação dos desafios do desenvolvimento sustentável, 
nos próximos 20 anos, passará pela necessária mudança de padrões de produção e 
consumo, transição a padrões mais sustentáveis que avance com maior ou menor 
velocidade de acordo com o engajamento do setor produtivo.
Uma iniciativa inovadora, durante a Rio+20, foi a compensação das emissões de GEE originadas 
na organização do evento. Pela primeira vez, o sistema de cancelamento voluntário de 
Reduções Certificadas de Emissão (RCEs) foi utilizado pela UNFCCC. A estratégia contou com 
a doação voluntária por parte de indivíduos e empresas para compensar as emissões que não 
puderam ser reduzidas em outras iniciativas.
Veja como funcionou: para compensar uma tonelada de Dióxido de carbono Equivalente 
(CO2e), solicitou-se uma doação de 10 reais. Assim, ao final da conferência, mais de 45 mil 
RCEs foram canceladas voluntariamente pela iniciativa junto ao sistema de registros do MDL/
Protocolo de Quioto.
Saiba mais nos endereços: 
http://www.rio20.gov.br/documentos.html
http://www.rio20.gov.br/
20
8.2 Compensação na Copa de 2014
O governo brasileiro convocou empresas a doarem reduções 
certificadas de emissões (RCEs) para compensar as emissões de gases 
de efeito estufa durante a Copa do Mundo. Empresas que possuíam 
RCEs colaboraram com o governo na estratégia de compensação de 
emissões geradas pela realização da Copa. Em troca, as empresas 
doadoras receberam o selo de Baixo Carbono.
Pela primeira vez, um país-sede da Copa do Mundo se preocupou em compensar 
as emissões de GEE desse megaevento. Com essa iniciativa, o Brasil conseguiu que 
todas as emissões diretas de dióxido de carbono equivalente relativas à Copa do 
Mundo 2014 fossem compensadas.
As emissões relacionadas a atividades do governo federal no Mundial somaram 59,2 mil 
toneladas de CO2e, montante que inclui as operações da FIFA, os espectadores e as obras 
já realizadas. Participaram 16 empresas, que atenderam à chamada pública lançada pelo 
Ministério do Meio Ambiente (MMA), em abril de 2014, para compensar as emissões de gases 
de efeito estufa durante a Copa.
O Brasil compensou mais de nove vezes a quantidade estimada de emissões de dióxido de 
carbono geradas diretamente pela realização da Copa FIFA 2014. Foram neutralizadas 545,5 
mil toneladas de CO2e, o equivalente a evitar o desmatamento de 1.124 campos de futebol de 
Floresta Amazônica.
Acesse mais informações nos endereços: 
http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/copa-verde
http://www.vermelho.org.br/noticia/245616-10
9. Adaptação aos Efeitos Adversos
Outro tema relevante para gestores públicos é o de adaptação aos efeitos adversos da 
mudança do clima, que se tornou uma preocupação mais evidente após a divulgação do 4º 
relatório do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática – IPCC. 
Nesse relatório, o IPCC ressalta que “o aquecimento do sistema climático é inequívoco, 
como agora é evidente pelas observações dos aumentos das temperaturas médias do ar e 
21
dos oceanos, o derretimento generalizado de neve e gelo e o aumento global médio do nível 
do mar”. Também nesse relatório, o IPCC reconheceu que os países não Anexo I deverão ter 
maiores dificuldades para lidar com os impactos decorrentes da mudança do clima, bem como 
terão os maiores custos no que diz respeito a adaptação. Essa evidência foi confirmada no 5º 
relatório do Painel Intergovernamental sobre a Mudança do Clima – IPCC.
O 5º Relatório de Avaliação do IPCC demonstra que as emissões de gases de efeito estufa 
(GEE) são a principal causa do aquecimento global sem precedentes e que as alterações do 
clima provocadas por esse aquecimento (ex.: aumento do nível do mar, acidez dos oceanos e 
redução da extensão e espessura do gelo nos polos) já estão causando impactos significativos 
para a vida das pessoas e do ambiente natural, tais como perda de produtividade agrícola, 
aceleração da extinção e deslocamento de espécies, ampliação de danos à infraestrutura e 
economia por extremos de chuva e seca.
O relatório afirma que a forma mais efetiva de reduzir os riscos é evitar o aquecimento, ou 
seja, reduzir as emissões de gases de efeito estufa (mitigar). No entanto, mesmo que as 
emissões sejam reduzidas drasticamente, ainda há o risco de ocorrer impactos derivados das 
emissões históricas acumuladas. A maneira de lidar com esses riscos é aumentar a resiliência 
dos ambientes e das sociedades. Ou seja, tornar a sociedade adaptada aos possíveis impactos 
da mudança do clima.
Outro relatório de referência sobre essa temática do IPCC é o “Gerenciamento de Riscos 
de Eventos Extremos e Desastres para o Avanço da Adaptação Climática (SREX)”, publicado 
em 2012. Esse relatório apresenta evidências que sugerem que a mudança do clima vem 
ocasionando mudanças extremas no clima, tais como ondas de calor e recordes
de altas 
temperaturas, e desencadeando, possivelmente, desastres relacionados ao clima em razão 
dos eventos climáticos extremos.
As populações mais pobres são as mais vulneráveis aos efeitos adversos na mudança do clima. 
No entanto, essa parcela da população é a que menos contribuiu para a causa do problema, 
por ter menos poder de compra. Muitos lugares do mundo, como a região semiárida do Brasil, 
já sofrem com estiagens prolongadas, impossibilitando a agricultura de subsistência e o acesso 
à água, colocando em risco a segurança alimentar dessas áreas.
Tendo em vista esse cenário e para auxiliar os países mais vulneráveis à mudança do clima, a 
Convenção criou, em 2001, o Fundo de Adaptação (AF) para financiar projetos e programas 
concretos de adaptação em países em desenvolvimento, Partes do Protocolo de Quioto. Esse 
fundo ajuda mais de 140 países em desenvolvimento no mundo.
Acesse mais informações nos endereços abaixo: 
http://unfccc.int/cooperation_and_support/financial_mechanism/adaptation_fund/
items/3659.php
https://www.adaptation-fund.org/
http://www.unfoundation.org/how-to-help/donate/adaptation-fund.html?referrer=https://
www.google.com.br/
22
9.1 Plano Nacional de Adaptação
As discussões sobre adaptação no Brasil e no mundo estão relacionadas ao grau de 
vulnerabilidade aos impactos decorrentes da mudança do clima. Como sabemos, o Brasil tem 
caráter agrícola, é dependente de hidroeletricidade e tem muitos problemas socioeconômicos; 
por isso, pode apresentar vulnerabilidades ambiental, social e econômica, tanto sobre 
variabilidade natural de clima quanto à mudança do clima.
É claro, sabemos também que a maioria dos impactos afetará com maior intensidade as 
regiões mais pobres, o que exigirá uma política de adaptação consistente e eficaz.
Sabendo disso, em 2016, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Adaptação, elaborado 
pelo governo federal em colaboração com a sociedade civil, setor privado e governos estaduais.
Esse plano tem como objetivo promover a redução da 
vulnerabilidade nacional à mudança do clima e realizar uma gestão 
do risco associada a esse fenômeno. 
Para isso, é necessário identificar a exposição do país a impactos 
atuais e futuros com base em projeções de clima, identificar e 
analisar a vulnerabilidade a esses possíveis impactos e definir 
ações e diretrizes que promovam a adaptação para cada setor.
No Brasil, alguns estudos realizados demonstram interessantes resultados para o país 
relacionados aos impactos, vulnerabilidade e adaptação. Dentre eles, destacamos estudos 
para o setor agropecuário, zona costeira, saúde humana, desertificação e energia. 
Mecanismo de Perdas e Danos1
Em novembro de 2013, como um dos resultados da COP 19, ocorreu a criação do Mecanismo 
Internacional de Varsóvia sobre Perdas e Danos. O Mecanismo conta com um Comitê 
Executivo que responde à Conferência das Partes, com representação equilibrada entre países 
desenvolvidos e em desenvolvimento.
Esse mecanismo tem o papel de implementar abordagens de perdas e danos associados aos 
efeitos adversos da mudança do clima, por meio das seguintes funções:
• Aprofundar o conhecimento e entendimento de abordagens de gestão de risco, 
inclusive de eventos de início lento (slow on-set events);
• Fortalecer o diálogo, a coordenação, coerência e sinergia com stakeholders relevantes;
• Aprimorar a ação e o apoio, incluindo financiamento, tecnologia e construção de 
capacidades para lidar com perdas e danos.
1. Fonte: com base no endereço: http://unfccc.int/adaptation/workstreams/loss_and_damage/items/8134.php
23
10. Consequências da Mudança do Clima
Você se lembra que, desde a Revolução Industrial, as atividades 
humanas passaram a ameaçar o equilíbrio do sistema climático 
do planeta? 
Pois bem, o tema ganhou maior repercussão na agenda política 
global, principalmente devido a seu caráter inequívoco, gerando 
efeitos que incluem o aumento do nível dos oceanos, novos 
padrões de ventos, chuvas e circulação dos oceanos que afetarão 
todos os países do globo (IPCC, 2004).
O IPCC mostra registros de uma considerável alteração no clima em escala global nos últimos 
200 anos, fortemente relacionada ao aumento das atividades humanas emissoras de gases de 
efeito estufa. Aponta ainda que as consequências do aumento de temperatura serão graves 
para todos os seres vivos, incluindo o homem.
As projeções do 5º relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, 
2013) registram que, na previsão mais otimista, a elevação da temperatura sofrerá variação 
entre 0,3 °C e 1,7 °C, no período 2081-2100. Na previsão mais pessimista, o planeta ficará 
entre 2,6 °C e 4,8 °C mais quente.
Como consequência desse aumento de temperatura, o IPCC (2013) prevê uma elevação do 
nível do mar entre 26 cm, no melhor cenário, e 82 cm, na pior estimativa, durante o século 
21 (a projeção de 2007 era de aumento do nível do mar entre 0,11m e 0,77m). Essa elevação 
afetará significativamente os ecossistemas terrestres, as atividades humanas e a ocupação da 
zona costeira brasileira.
Devido à inércia do sistema climático, mesmo depois da estabilização das emissões de gases 
de efeito estufa, o nível do mar continuaria subindo durante vários milênios (FBMC, 2014).
Continue acompanhando notícias sobre o tema, no endereço: http://ipcc.ch/
11. Relatórios de Avaliação do IPCC
Como já vimos, o Primeiro Relatório de Avaliação foi publicado em 1990; o Segundo, em 1995; 
o Terceiro, em 2001; o Quarto, em 2007; e o Quinto, em 2014. 
Os relatórios do IPCC estão organizados em três volumes, sob a responsabilidade de três 
Grupos de Trabalho:
• Grupo 1 – trata da avaliação da ciência da mudança global do clima;
• Grupo 2 – ocupa-se da avaliação dos seus impactos;
• Grupo 3 – cuida dos aspectos sociais e econômicos associados às medidas de 
mitigação.
24
O IPCC está, atualmente, em seu sexto ciclo de avaliação. Durante esse ciclo, o Painel produzirá 
três Relatórios Especiais, um Relatório de Metodologia sobre inventários nacionais de gases de 
efeito estufa e o Sexto Relatório de Avaliação (AR6).
Na 43ª Sessão do IPCC, realizada em Nairobi, Quênia (11 a 13 de abril de 2016), o IPCC decidiu 
elaborar um relatório especial sobre mudanças climáticas, desertificação, degradação da 
terra, manejo sustentável da terra, segurança alimentar e fluxos de gases de efeito estufa em 
ecossistemas terrestres.
Naquela ocasião, houve concordância de que o Relatório de Síntese AR6 seria finalizado em 
2022, a tempo para o primeiro estoque global da UNFCCC, quando os países analisarão o 
progresso em direção ao seu objetivo de manter o aquecimento global bem abaixo de 2 °C. 
Para limitar a 1,5 °C, as três contribuições do Grupo de Trabalho para AR6 serão finalizadas em 
2021.
Em sua 45ª Sessão, em Guadalajara, México (28 a 31 de março de 2017), o Painel aprovou o 
esboço das Mudanças Climáticas e da Terra: um relatório especial do IPCC sobre mudanças 
climáticas, desertificação, degradação da terra, manejo sustentável da terra, segurança 
alimentar e Fluxos de GEE em ecossistemas terrestres. O relatório será finalizado em setembro 
de 2019.
Continue acompanhando notícias sobre o tema, no endereço: http://ipcc.ch/
Nos próximos subtópicos, vamos conversar especificamente sobre o Quarto e o Quinto 
Relatórios de Avaliação do IPCC.
11.1 Quarto Relatório
O Quarto Relatório de Avaliação do IPCC apresenta o 
Sumário Técnico do Grupo de Trabalho II, que trata de 
“Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade”. O Sumário 
registra os principais impactos adversos que poderão 
afetar o Brasil e a América do Sul no futuro por causa 
da mudança global do clima. Portanto, poderão 
requerer medidas de adaptação para o Brasil.
Fonte: http://www.ipcc.ch/publications_
and_data/ar4/syr/en/contents.html
A seguir estão relacionados os impactos apontados no quarto relatório.
25
 Altíssima probabilidade de áreas do nordeste árido e semiárido do Brasil 
serem especialmente vulneráveis aos impactos da mudança global do 
clima nos recursos hídricos, com diminuição da oferta de água. Esse 
cenário é ainda mais relevante se considerar o aumento esperado na 
demanda por água em razão do crescimento populacional.
 Alta probabilidade de que o aumento na precipitação de chuvas no 
sudeste do Brasil impacte as plantações e outras formas de uso da terra, 
bem como favoreça a frequência e a intensidade das inundações. Foi 
constatado um aumento de 0,5 °C na temperatura média da superfície 
terrestre do Brasil, em relação aos níveis pré-industriais.
Alta probabilidade de que, nas próximas décadas, ocorra a extinção de 
considerável número de espécies na região tropical da América Latina. 
Gradual substituição de florestas tropicais por cerrado, na região leste 
da Amazônia, e de algumas áreas semiáridas por áridas, no nordeste do 
Brasil (desertificação), em razão do aumento da temperatura e da 
diminuição da quantidade de água no solo. Risco de perda de 
biodiversidade. Até 2050, no mundo, há alta probabilidade de que 50% 
das terras agricultáveis estejam sujeitas à desertificação ou salinização. Destacamos a estação 
de seca verificada na região da Amazônia em 2005 e em 2010.
Independente dos cenários elaborados serem de baixas ou altas emissões de GEE, em média 
há uma diminuição da área de floresta tropical e um aumento da área de savana. Para um 
aumento de 2 °C a 3 °C na temperatura média, até 25% das árvores do cerrado e até cerca de 
40% de árvores da Amazônia poderiam desaparecer até o final deste século2.
Há alta probabilidade de que o aumento esperado no nível do mar afete 
as zonas costeiras brasileira, com impactos adversos inclusive em 
mangues. É importante dizer que os grandes centros urbanos e industriais 
do Brasil se encontram em regiões costeiras. Nessas regiões, também 
está grande parte da população. Uma elevação do nível médio do mar 
tornaria grandes áreas do país em extremamente vulneráveis, podendo 
acarretar em grandes perdas econômicas e sociais. O aumento médio do 
nível do mar terá consequências para a navegação, agricultura, biodiversidade, pesca, ocupação 
humana do litoral, entre outros. As áreas costeiras serão significativamente alteradas.
 “A precipitação elevada, que exacerbará os impactos causados pela 
erosão, é o principal fator relacionado à mudança global do clima.”
A precipitação elevada é o principal fator relacionado à mudança global 
do clima que exacerbará os impactos causados pela erosão. O nordeste 
do Brasil é vulnerável, pois a erosão nessa região já tem causado a 
sedimentação de reservatórios e, consequentemente, diminuído 
a capacidade de armazenamento e oferta de água. Os países em desenvolvimento são 
especialmente vulneráveis à erosão, ainda mais no que tange às encostas de assentamentos 
ilegais em áreas metropolitanas.
2. Fonte: CGEE, Estudos estratégicos n° 27, disponível no endereço: http://www.cgee.org.br/parcerias/
p27.php.
26
Em regiões que enfrentam escassez de água, como o nordeste do Brasil, 
a população e os ecossistemas são vulneráveis a precipitações menos 
frequentes e mais variáveis, por causa da mudança global do clima, o 
que pode inclusive prejudicar o abastecimento da população e o 
potencial agrícola dessa região (dificuldades na irrigação).
Poderá haver impactos da mudança global do clima na saúde pública, 
tendo sido constatados no Brasil casos de doenças relacionadas à 
inundação, tal qual a diarreia. Há também impacto na saúde pública, 
decorrente da fumaça de queimadas. A mudança global do clima também 
poderá ter efeitos no aumento dos casos de esquistossomose (do gênero 
Schistosoma).
Os impactos futuros são analisados tendo como base diferentes cenários de emissão 
de gases de efeito estufa, que não preveem medidas adicionais de combate à 
mudança do clima ou maior capacidade adaptativa dos sistemas, setores e regiões 
analisados. Além disso, não preveem medidas de mitigação nesse período.
11.2 Quinto Relatório 
O relatório do Grupo de Trabalho II é outro importante 
passo para a nossa compreensão sobre como reduzir e 
gerenciar os riscos da mudança do clima. Juntamente com 
os relatórios do Grupo de Trabalho I e Grupo de Trabalho III, 
fornece um mapa conceitual não só dos aspectos essenciais 
do desafio climático, mas as soluções possíveis.
(Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, 2014)
Fonte: http://www.ipcc.ch/report/ar5/syr
No Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (2007), 
ficou mais fortemente evidenciado que a influência 
humana (antrópica) é a maior responsável pelo 
aquecimento global, desde meados do século XX. 
Essa evidência foi considerada “muito provável”. 
Contudo, a partir do 5º Relatório, passou a ser 
considerada “extremamente provável”. A diferença 
é que “muito provável” significava a certeza em 
90%; e “extremamente provável” significa 95% de 
certeza.
As consequências mais prováveis dessa influência 
são: impactos na agricultura; a escassez do 
abastecimento de água e alimento; problemas nos 
ecossistemas terrestres e marítimos; aumento da pobreza; e inundações costeiras.
27
Quer conhecer o que já se vem estudando sobre os impactos do clima na agricultura? 
Acesse a pesquisa no endereço: http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/
pdfs/destaques/CLIMA_E_AGRICULTURA_BRASIL_300908_FINAL.pdf
 
Veja que as concentrações de CO2, observadas em 2011, aumentaram 40% desde os tempos 
pré-industriais, principalmente devido às emissões decorrentes do uso de combustíveis 
fósseis (IPCC, 2013). O 5º Relatório nos informa que, dependendo do cenário de evolução 
do problema, cerca de 15% a 40% do carbono emitido permanecerá na atmosfera durante 
1000 anos. Também afirma que o aquecimento do sistema climático é inequívoco e, desde a 
década de 1950, diversas das mudanças observadas são sem precedentes sobre décadas e até 
milênios, tais como:
Figura 4- Mudanças Observadas 
Fonte: http://www.ipcc.ch/report/ar5/syr
Em março de 2014, o IPCC divulgou novo relatório (intitulado Mudança do Clima 2014: 
Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade), informando que os efeitos da mudança do clima já 
estão ocorrendo em todos os continentes e oceanos.
28
Veja, então, que o IPCC AR5 (2014) tem como principal mensagem a clareza da influência 
humana sobre o sistema climático, gerando riscos de graves impactos em vários sistemas 
do globo, mas que existem meios para limitar essa situação e projetar uma sociedade mais 
sustentável.
Para saber mais sobre o assunto, visite o endereço: http://ipcc.ch/report/ar5/index.shtml
12. Revisão do Módulo
Concluímos o Módulo 1, no qual compreendemos como ocorre o efeito estufa e como as ações 
humanas contribuem com o aumento desse fenômeno. Inicialmente, vimos também que 
mudança do clima é entendida como aquecimento global, mas também traz outros desafios 
que vão além do incremento da temperatura, como o aumento da frequência e da intensidade 
de secas, furacões, enchentes e tempestades.
Exploramos aspectos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (RIO 92), especificamente falando acerca da Convenção-Quadro das Nações 
Unidas sobre Mudança do Clima (empenho inicial para limitar a emissão dos gases de efeito 
estufa). Prosseguimos para a análise de dois princípios importantes dessa Convenção: 1) o 
Princípio da Precaução, e 2) o Princípio das Responsabilidades Comuns, mas diferenciadas. 
Falamos sobre as principais COPs e seus desdobramentos.
Conversamos também acerca do Protocolo de Quioto e seus
Mecanismos de Flexibilização, e 
vimos que a adaptação dos efeitos adversos da mudança do clima no Brasil se relaciona com o 
grau de vulnerabilidade aos impactos decorrentes da mudança do clima.
Estudamos também conceitos importantes, como o da adicionalidade (redução de emissões 
de gases de efeito estufa ou aumento de remoções de CO2 de forma adicional ao que ocorreria 
na ausência de tal atividade); de leakage ou fuga (aumento de emissões de GEE que ocorre 
fora do limite de projeto, ação ou política de mitigação).
Refletimos acerca de aspectos importantes, como as consequências da mudança do clima, por 
exemplo, elevação das águas entre 26 cm e 82 cm, durante o século XXI.
Ao abordarmos o Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, verificamos que há grande 
probabilidade de ocorrer vários impactos no País e na América do Sul, como a perda de 
biodiversidade e mudanças no padrão hidrológico das regiões.
O Quinto Relatório de Avaliação do IPCC mostra claramente um forte aumento da influência 
humana no aquecimento global, gerando graves impactos em vários sistemas do planeta (nos 
sistemas hídricos, na agricultura, e humanos). O IPCC de 2013 registra que as concentrações 
de CO2, desde os tempos pré-industriais até 2011, aumentaram 40%, sobretudo por causa das 
emissões geradas pelo uso de combustíveis fósseis (IPCC, 2013). Esse Relatório também indica 
que, dependendo da evolução do problema, entre 15% a 40% do carbono emitido ficará na 
atmosfera durante 1000 anos. Também registra que, sem dúvida, o aquecimento do sistema 
climático existe, causando muitas das mudanças que estudamos: o gelo do Ártico continuará a 
diminuir e afinar; o nível do mar continuará a subir durante o século 21; os oceanos continuarão 
a aquecer; a qualidade do ar piorará; a maioria das regiões enfrentará, cada vez mais, eventos 
29
relacionados a temperaturas muito altas ou muito baixas, e serão ampliadas a intensidade, 
quantidade e frequência de chuvas.
É muita coisa para pensarmos com atenção e zelo, não é mesmo? Agora que já percebemos a 
importância do que vimos até aqui, vamos nos encontrar no Módulo 2, para estudarmos a mitigação!
Módulo 02 - Mitigação.pdf
Módulo
Mitigação2 
Brasília - 2018
Impactos da Mudança do Clima 
para a Gestão Municipal
© Enap, 2018
Enap Escola Nacional de Administração Pública 
Diretoria de Educação Continuada 
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Telefone: (61) 2020 3096 - Fax: (61) 2020 3178
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Francisco Gaetani
Diretor de Educação Continuada
Paulo Marques
Coordenadora-Geral de Educação a Distância
Natália Teles da Mota Teixeira
Conteudistas (2015)
Mônica Santos da Conceição
Eagles Muniz
Thiago Mendes
Conteudista revisora (2017)
Marcela Cardoso Guilles da Conceição
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório 
Latitude e Enap.
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................................................................... 5
2. Definição e Objetivos da Mitigação ................................................................................ 5
3. Atores Relevantes ........................................................................................................... 6
4. MDL no Brasil ................................................................................................................. 7
4.1. Ciclo de Projetos ................................................................................................................ 9
4.2. Status no Brasil ................................................................................................................. 11
5. Programa de Atividades (PoA) ..................................................................................... 12
6. Ações de Mitigação....................................................................................................... 13
6.1. Projetos de aterros sanitários ......................................................................................... 14
6.2 Projetos de Reflorestamento/Florestamento ................................................................... 14
6.3 Projetos de energia renovável........................................................................................... 15
7. Programas de Mitigação ............................................................................................... 17
7.1 Etanol e Biodiesel .............................................................................................................. 17
8. Planos Setoriais de Mitigação ....................................................................................... 19
8.1 Ações NAMAs ................................................................................................................... 20
8.2 PPCDam, PPCerrado e Plano ABC ...................................................................................... 20
8.3 Energia .............................................................................................................................. 21
8.4 REDD+ ................................................................................................................................ 22
9. Contribuições Nacionalmente Determinadas ................................................................ 22
9.1 NDC no setor agrícola: iLPF ............................................................................................... 25
9.2 NDC no setor agrícola – Recuperação de pastagens ......................................................... 25
10. Revisão do Módulo ..................................................................................................... 26
4
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1. Introdução 
 
É a respeito disso que conversaremos nesta Unidade, falaremos aspectos importantes da 
mitigação, como o seu significado e seus objetivos. Veremos também que o Brasil implementa 
uma série de programas e medidas que contribui para a redução da emissão de gases de 
efeito estufa, dentre eles, o MDL, o uso de etanol como combustível automotivo, o uso do 
biodiesel como alternativa à diminuição da dependência externa do petróleo, a recuperação 
de pastagens e os sistemas integrados de produção agrícola.
Além disso, analisaremos alguns exemplos de ações de mitigação em setores diversos, tais 
como Projetos MDL de aterros sanitários; Projetos MDL de Reflorestamento/Florestamento; 
Ações na Agricultura; o Biodiesel e a Energia. 
Assim, esperamos que, ao concluir este Módulo, você possa:
• Definir o que é mitigação;
• Identificar os objetivos da mitigação;
• Descrever as responsabilidades dos atores envolvidos em ações de mitigação;
• Identificar as características do MDL no contexto da mitigação;
• Caracterizar outras iniciativas de mitigação como NAMAs e NDC.
2. Definição e Objetivos da Mitigação 
A Convenção de Mudança do Clima (em vigor desde 1994) estabeleceu um regime jurídico 
internacional, com o objetivo principal (art. 2) de alcançar a estabilização das concentrações de 
gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça interferências antrópicas perigosas 
no sistema climático, num prazo suficiente que permita aos ecossistemas se adaptarem sem 
Módulo
Mitigação2
6
comprometer a produção de alimentos e permitindo que o desenvolvimento prossiga de 
forma sustentável.
A mitigação pressupõe ações para reduzir a emissão de GEE, principalmente por meio do 
aumento de sumidouros e substituição do tipo de fonte energética utilizada. 
Vejamos alguns exemplos de mitigação: substituição de combustível fóssil por renovável – 
como diesel por biodiesel; carvão mineral
por energia solar; eólica por biomassa e hídrica na 
geração de eletricidade –; substituição de lixões por aterros sanitários; expansão da cobertura 
florestal; recuperação de pastagens; sistemas integrados de produção.
As ações de mitigação podem utilizar tecnologias avançadas ou ações simples, como apenas 
trocar lâmpadas eficientes em edifícios públicos (exemplos: escolas e hospitais). 
O importante é que informações com base científica contribuam na escolha adequada da ação 
a ser tomada no processo de escolha de políticas de mitigação voltadas à mudança do clima.
Também é importante sabermos que a capacidade de mitigação está ligada ao desenvolvimento 
sustentável do país, já que as medidas que contribuem para a redução da emissão dos 
GEE também devem contribuir para o desenvolvimento sustentável. Além disso, requer 
investimentos principalmente relacionados ao desenvolvimento tecnológico para uma 
produção limpa e mais eficiente.
3. Atores Relevantes
Um dos atores mais relevantes na produção de informações com base científica tem sido o 
IPCC, principalmente, por meio da divulgação dos seus Relatórios de Avaliação. Mas existem 
outros atores fundamentais nesse processo. É o que veremos a seguir. 
 
Bem, em grande parte, os formuladores de políticas públicas são os responsáveis pelo 
desenvolvimento e pela orientação de iniciativas que buscam reduzir a emissão de GEE, 
contribuindo dessa maneira para o sucesso das ações de mitigação.
E depois da formulação dessas políticas públicas, quais atores entram em cena para sua 
implementação?
7
Veja a seguir quais são esses atores.
Responsável pela implementação das 
políticas públicas na maior parte dos casos.
Setor público 
É um setor muito ativo na produção de ações 
de mitigação. Podemos ver isso nas iniciativas 
empresariais em andamento no Brasil; e em 
algumas organizações não governamentais e 
movimentos sociais, no incentivo de ações de 
mitigação e na promoção de conhecimento e 
disseminação de informação sobre as causas, 
impactos e soluções para os problemas 
associados à mudança do clima.
Setor produtivo 
Responsável por desenvolver a ciência e 
tecnologia para encontrar formas e maneiras 
de lidar com o aquecimento global ou criar 
opções para que ela seja menos sentida.
Setor científico e tecnológico
Atrelados a compromissos mais rígidos e 
quantificáveis de mitigação. O Protocolo 
de Quioto definiu metas de emissões 
juridicamente vinculantes para estas Partes.
Países desenvolvidos, Partes Anexo I
Serão os mais afetados pelos impactos da 
mudança do clima, se nada for feito para 
mitigar a emissão de gases.
Países em desenvolvimento, Partes não 
Anexo I
Quadro 1 - Atores
O Protocolo de Quioto adotado na 3ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações 
Unidas sobre Mudança do Clima, em 1997, na cidade de Quioto, no Japão, só entrou em vigor 
no âmbito internacional em 16 de fevereiro de 2005, após a ratificação pela Federação Russa 
no fim de 2004.
O segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto foi acordado em 2012, durante a 
18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Doha (Catar). Ele se iniciou 
em 2013 e será finalizado até o ano de 2020.
4. MDL no Brasil
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) estimula o desenvolvimento sustentável em 
países em desenvolvimento e as reduções de emissões, ao mesmo tempo em que dá aos 
países industrializados alguma flexibilidade na forma como eles atingem seus objetivos de 
redução ou limitação de emissões.
Conheça um pouco mais sobre o MDL:
8
Quadro 2 - MDL
 
O MDL, por meio de projetos de geração de energia, aterros sanitários e de reflorestamento, 
pôde possibilitar o aporte de fontes de recursos adicionais para o desenvolvimento sustentável 
dos municípios, contribuindo para a solução de grande passivo ambiental. 
Além disso, o MDL possibilitou o fortalecimento da cooperação entre os setores público e 
privado, além de ganhos em relação à imagem institucional das cidades envolvidas e uma nova 
postura de gestão pública.
Foi também uma oportunidade para estados e municípios brasileiros participarem do 
esforço global do combate à mudança do clima, recebendo recursos externos e transferência 
de tecnologia que permitiram a implantação de projetos de redução de emissões no país, 
formação de recursos humanos e geração de novos e melhores empregos, propiciando 
benefícios ambientais e mais qualidade de vida.
É importante saber que o Brasil implemente uma série de outros programas e medidas que 
contribuam para a redução da emissão de gases de efeito estufa, ou seja, com efetivo efeito 
de mitigação. Mais à frente, veremos alguns desses programas.
9
A solução do grande passivo ambiental pode ser realizada pela desativação de lixões na 
maioria dos municípios brasileiros e construção de aterros sanitários, pela recuperação de 
áreas degradadas, pela substituição de combustível fóssil, entre outros.
No endereço abaixo, você pode acessar o Manual de Políticas Públicas para Construções 
Sustentáveis: http://www.iclei.org.br/polics/CD/P1/1_Manual/PDF1_Manual_port_baixa.
pdf
Para saber mais sobre o CDM, acesse os endereços abaixo:
https://cdm.unfccc.int/ 
https://cdm.unfccc.int/Projects/projsearch.html
4.1. Ciclo de Projetos 
O ciclo de projetos no âmbito do MDL é composto por sete etapas, conforme se verifica a 
seguir.
É o projeto propriamente dito. Pode ser elaborado 
pelos próprios proponentes do projeto (instituição 
pública ou privada) ou por uma empresa privada.
1) Elaboração do Documento de 
Concepção do Projeto (DCP)
Após a elaboração do DCP, os proponentes do 
projeto submetem o DCP a uma auditoria externa, 
chamada de Entidade Operacional Designada (EoD). 
Esse processo é chamado de validação do projeto, 
que tem o objetivo de avaliar o projeto e observar se 
ele atende às legislações ambientais e trabalhistas 
do país sede e aos critérios determinados pelo 
Conselho Executivo do MDL, em Bonn na Alemanha, 
sede da CQNUMC. Após EoD realizar a validação, 
emite um relatório de validação (RV) com o parecer 
da EoD sobre o DCP. 
2) Validação
Após a validação do projeto, a EoD encaminha o 
mesmo para a aprovação do DCP pela Comissão 
Interministerial de Mudança Global do Clima 
(CIMGC), que é a Autoridade Nacional Designada 
(AND) no Brasil. A AND é a entidade responsável 
pela aprovação do DCP no país em que o projeto 
será implementado. Nesta etapa, os trâmites para 
aprovação dos DCPs poderão variar de país para país, 
visto que pode haver diferenças nas leis ambientais 
e trabalhistas, além de outras possíveis diferenças. 
3) Aprovação
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Com a carta de aprovação da AND, a EoD encaminha 
toda a documentação necessária (DCP, RV, carta 
de aprovação) para a obtenção do registro do 
projeto junto ao Conselho Executivo. Esta etapa é 
a aceitação formal pelo Conselho Executivo de um 
projeto validado como atividade de projeto MDL.
4) Registro
Uma vez aprovado e registrado, o projeto passa 
para a fase de monitoramento. O monitoramento 
é de responsabilidade do participante do projeto e 
tem como finalidade monitorar as emissões reais 
de acordo com a metodologia aprovada, usada no 
projeto, e é realizada de acordo com a periodicidade 
decidida pelo participante do projeto. Como 
produto final desta fase, tem-se o Relatório de 
Monitoramento (RM). 
5) Monitoramento
O relatório de monitoramento deve ser auditado, 
assim como o DCP, por uma EoD. Cabe à EoD 
verificar se as reduções de emissões ocorreram 
de fato, no montante reclamado no relatório e de 
acordo com o plano de monitoramento definido 
no DCP aprovado e registrado. Nesta fase do ciclo, 
ocorrem a verificação e certificação
das reduções de 
emissões requeridas pelos proponentes de projeto. 
A verificação é a revisão feita pela EoD das reduções 
monitoradas das emissões GEE que ocorreram 
como resultado de uma atividade de projeto do 
MDL registrada durante o período de verificação. 
A certificação é a garantia por escrito da EoD de 
que, durante o período determinado, a atividade de 
projeto atingiu as reduções de emissões verificadas. 
6) Verificação/Certificação
A EoD submete relatório de verificação, com 
pedido de emissão das reduções certificadas de 
emissão (RCEs) para o Conselho Executivo do MDL. 
Os créditos provenientes de projetos no âmbito 
do MDL são comercializados dentro do mercado 
regulado pelas Nações Unidas, dentro dos acordos 
estabelecidos no Protocolo de Quioto.
7) Emissão de RCEs
Quadro 3 – Ciclo de Projetos
Agora, vamos relembrar a situação das atividades registradas na UNFCCC até 31 de janeiro de 
2016.
• 1º lugar: China – com 3.764 (49%) atividades de projeto registradas;
• 2º lugar: Índia – com 1.598 (21%) atividades de projeto registradas;
• 3º lugar: Brasil – com 339 (4,4%) atividades de projeto registradas.
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Para visualizar melhor, observe o gráfico abaixo.
Gráfico 1 - Ciclo de Projetos
Fonte: Status MDL, janeiro 2016 (p. 3).
4.2. Status no Brasil
Agora, vamos conhecer um pouco mais a respeito dos projetos do MDL no Brasil, observando, 
na tabela abaixo, a distribuição das atividades de projeto no Brasil por tipo de projeto até 31 
de janeiro de 2016. 
 
% da estimativa 
total de redução 
de GEE
Estimativa total 
de redução de 
GEE (tCO2 eq)
% do número 
de atividades de 
projetos de MDL
Número de 
atividades de 
projeto de MDL
Tipos de 
atividade de 
projeto
37138.510.54627,794Hidrelétrica
6,725.072.48418,663Biogás
11,442.665.98816,556Usina eólica
23,588.066.69014,850Gás de aterro
4,316.091.39412,141Biomassa 
energética
0,72.664.0062,69Substituição 
de combustível 
fóssil
2,28.221.4172,69Metano evitado
11,944.911.8881,55Decomposição 
de N2O
0,82.986.0001,24Utilização e 
recuperação 
de calor
0,62.363.0100,93Reflorestamento 
e florestamento
0,1199.9590,31Uso de materiais
12
06.5940,31Energia solar 
fotovoltaica
0,1382.2140,31Eficiência 
energética
0,51.923.0050,31Substituição 
de SF6
0,2802.8600,31Redução e 
substituição 
de PFC
100374.868.055100339TOTAL
Tabela 1 – Projetos do MDL
Quanto ao tipo de projeto, o Brasil liderava as áreas de:
• Energia Hidroelétrica com 27,7%; 
• Biogás com 18,6%;
• Usinas Eólicas com 16,5%;
• Gás de Aterro com 14,8%; e
• Biomassa Energética com 12,1%. 
Os tipos de projeto com a maior estimativa de redução de emissão de CO2e eram as atividades 
de projeto de Energia Hidrelétrica, Gás de Aterro e Decomposição de N2O e de Usina Eólica 
com 83,8% do total de emissões de CO2eq a serem reduzidas no primeiro período de 
obtenção de créditos das atividades de projeto, com uma estimativa de redução de emissões 
de 314.155.112tCO2eq durante aquele período1. 
5. Programa de Atividades (PoA) 
Diante da necessidade de ampliar os projetos de MDL, na COP/ MOP1, em Montreal, foi criada 
uma nova categoria de projetos compatível com a regulamentação já estabelecida para o MDL: 
o Programa de Atividades (PoA), conhecido como MDL Programático. 
O PoA é uma ação voluntária, coordenada por uma entidade pública ou privada, que 
implementa políticas/medidas ou objetivos estabelecidos. Ele incorpora, dentro de um só 
programa, um número ilimitado de atividades programáticas com as mesmas características – 
essas atividades são denominadas CPAs. 
Ou seja, o PoA constitui um programa (um guarda-chuva de atividades de projetos) que 
engloba diversas CPAs semelhantes. Novas CPAs podem ser adicionadas a qualquer momento 
no PoA, o que torna este tipo de modalidade do MDL muito flexível, além do custo reduzido
Os PoA podem extrapolar as fronteiras de mais de um país, desde que cada Parte não Anexo I 
participante confirme que o PoA contribui para seu desenvolvimento sustentável.
Vejamos, a seguir, um programa mexicano no âmbito do PoA.
1. (BRASIL, 2014).
13
Quadro 4 – Cuidemos México
Quer conhecer mais a respeito do PoA? Acesse o endereço abaixo:
https://cdm.unfccc.int/ProgrammeOfActivities/index.html
6. Ações de Mitigação
Em termos de ações de mitigação de gases de efeito estufa, o Brasil tem muito a ensinar a 
outros países do mundo, inclusive àqueles com metas quantificadas de redução ou limitação 
de gases de efeito estufa. 
No âmbito do MDL, temos algumas iniciativas de destaque no Brasil, como:
• Projetos MDL de aterros sanitários – transformação de lixões em aterros sanitários;
 
• Projetos MDL de Reflorestamento / Florestamento; e
• Projetos MDL de energia renovável. 
Na sequência, veremos esses exemplos de forma detalhada. Vamos lá!
14
6.1. Projetos de aterros sanitários 
O metano (CH4) apresenta um potencial de aquecimento 
global 21 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2). Os 
aterros sanitários são uma das principais fontes de emissão 
desse gás. A formação desse gás em lixões e aterros ocorre a 
partir da decomposição de matéria orgânica por meio da ação 
de bactérias.
Ações locais para reduzir a emissão do metano são 
fundamentais para contribuir com a luta global de combate à 
mudança global do clima.
O Aterro Bandeirantes, na região metropolitana de São Paulo, operou por 28 anos e foi 
desativado em 2007. Apesar de desativado, o lixo sob ele armazenado ainda produz metano, e 
a energia é produzida com a queima deste gás metano extraído do lixo. Com capacidade para 
gerar aproximadamente 170 mil MWh de energia elétrica por ano, possibilitou a comercialização 
pela prefeitura de São Paulo de 1.070.629 RCEs (Reduções Certificadas de Emissão), sendo que 
cada crédito corresponde a uma tCO2e (tonelada de carbono equivalente) que deixou de ser 
lançada para a atmosfera. 
Essa comercialização gerou, em seu primeiro leilão, divisas à Prefeitura de São Paulo de 12 
milhões de euros para cerca de 800.000 RCEs negociadas a €16,20 por tonelada de equivalentes 
de carbono. Até março de 2012, foram emitidas 3.673.321 RCEs.
Você sabia que 170.000 MWh abastecem, por dez anos, uma cidade com 400 mil habitantes?
Vale a pena acessar os endereços abaixo para conhecer mais sobre este aterro sanitário:
http://www.assecor.org.br/files/3714/4830/0904/projetos_de_mecanismo_de_
desenvolvimento_limpo_em_aterros_sanit_rios_como_op__o_para_a_gest_o_sustent_
vel_dos_res_duos_s_lidos_no_brasil__o_caso_do_aterro_bandeirantes_.pdf
http://www.infoescola.com/ecologia/aterro-sanitario-e-mdl/
6.2 Projetos de Reflorestamento/Florestamento
As florestas são reservatórios ou sumidouros de carbono, pois a 
remoção de CO2 da atmosfera se dá por meio da fotossíntese. 
Vejamos abaixo dois projetos de MDL florestal implementados no 
Brasil: 
1. Desenvolvido no estado de São Paulo, pela AES Tietê, um dos 
projetos prevê a redução de aproximadamente 160 mil toneladas de 
CO2 por ano. 
15
De que modo? 
É realizada a recomposição de um montante superior de florestas nativas das áreas de 
preservação permanente no entorno de reservatórios hidroelétricos. O projeto utiliza o plantio 
de espécies nativas da mata atlântica para fazer essa recomposição florestal.
2. O outro projeto florestal que vem sendo desenvolvido, no estado de Minas Gerais, é 
promovido pelo Grupo Plantar e prevê a redução de aproximadamente 76 mil toneladas de 
CO2 por ano. Nesse caso, é feito o plantio de florestas industriais de eucalipto para a usina 
siderúrgica do grupo obter 100% de seu suprimento de madeira de fontes plantadas. Com isso

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