Buscar

Positivism and Beyond – Smith

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

POSITIVISM AND BEYOND – STEVE SMITH
Os grandes debates das Relações Internacionais não envolveram questões de 
epistemologia. A disciplina tendeu a aceitar implicitamente suposições não contestadas do 
positivismo, o que sufocou o debate sobre como o mundo é e como deve ser explicado. Mesmo o 
debate inter-paradigmático dos anos de 1980 é restrito, porque todos os paradigmas – realismo, 
pluralismo e estruturalismo – trabalham sobre suposições positivistas.
A importância do positivismo não foi tanto dar as teorias internacionais um método, mas 
essa epistemologia espiritista determinou como estudar e determinar os tipos de coisas existentes 
nas relações internacionais.
O que está em jogo no debate da epistemologia?
Os teóricos inter-paradigmáticos responderam ao crescimento das pesquisas pós-
positivistas. Uma resposta importante foi a do Keohane, que falou sobre a necessidade de avaliar 
os paradigmas de pesquisa rivais de abordagens racionalistas e reflexivas em termos de suas 
teorias testáveis, sem os quais eles vão se manter à margem do campo, uma vez que será 
impossível avaliar o seu programa de investigação. nota-se que essa forma de resposta revela a 
dominância do positivismo, uma vez que as questões desafiadas pelo Keohane são por si só 
positivistas.Ele propõe que o critério de julgamento entre as teorias racionalistas e reflexivas seja 
não só aquela que favorece o racionalismo, mas mais importante, exatamente o critério que os 
reflexivas criticam.
Uma vez estabelecido o senso comum, as teorias ficaram muito poderosas, uma vez 
que não delineiam só o que pode ser conhecido, mas também é sensível para falar sobre e 
sugerir. Definir o senso comum é, portanto, o ato ultimo da política de poder. Assim, as 
teorias não apenas explicam ou prevêem, elas nos falam sobre as possibilidades existentes 
de ação humana e intervenção; definem não apenas as possibilidades exploratórias, mas 
também nosso horizontes éticos e práticos.
A história do positivismo
Comte quis desenvolver uma ciência da sociedade baseada no método das ciências 
naturais, como a observação. Ele acreditava que todas as ciências poderiam eventualmente se 
unificar metodologicamente. Isso influenciou autores como Marx, Engels e Durkheim. Essa 
proposição ainda domina o campo das RI, os estudiosos procuram pelas mesmas formas de leis e 
regularidades no mundo internacional assim como assumidas no mundo natural.
Na segunda variante do positivismo, o Circulo de Viena, a proposição central era que a 
ciência é a única verdade do conhecimento e que não há nada que pode ser conhecido por fora 
do conhecimento cientifico. Suas declaração são apenas cognitivas se puderem ser falseáveis ou 
verificadas pela experiência. 
Os positivistas lógicos rejeitaram a noção de Comte sobre a lei causal da explicação dos 
fenómenos observáveis; nas relações internacionais, com essa visão não seria possível falar 
sobre aspectos não observáveis como estrutura ou leis naturais da natureza humana.
A terceira variação foi a mais influente nas ciências sociais nos últimos 50 anos. 
Christopher Lloyd resumiu suas principais características: logicismo – a confirmação objetiva da 
teoria cientifica pode ser conforme a lógica dedutiva –; verificação empírica – apenas afirmação 
que são empiricamente verificáveis e falseáveis ou verdadeiras por definição são cientificas –; 
teoria e distinção da observação – existe diferença entre teoria e observação, em que a 
observação é vista como neutra teoricamente –; teoria humana da causalidade – a ideia de 
estabelecer uma relação causal é uma questão de descobrir uma relação temporal e invariável 
entre os eventos observados.
Existem 4 suposições implícitas entre o positivismo e as relações internacionais. A primeira 
é a crença na unidade da ciência. Nas relações internacionais, um exemplo da versão mais forte 
pode ser a visão de que o sistema internacional é essencialmente o mesmo do sistema do mundo 
natural; a versão fraca é ilustrada pelas reivindicações de que métodos científicos sejam usados 
para entender as crenças dos tomadores de decisão mesmo que isso não signifique que essas 
crenças sigam qualquer lei do comportamento.
A segunda suposição é a visão de que existe uma distinção entre os fatos e os valores, 
ainda que os fatos sejam neutros teoricamente. A terceira é a de que tem existido um crença 
poderosa na existência de regularidade no mundo social assim como no natural. E quarta, existe 
uma enorme confiança no fato de que a validação empírica e a falseabilidade são a marca da “real 
investigação”.
O positivismo é uma visão metodológica que combina naturalismo e uma crença em 
regularidades. É baseado em uma epistemologia empiricista comprometida com o objetivismo 
sobre as relações entre teoria e evidencia.
A epistemologia importa porque determina sobre o que podemos obter 
conhecimento. Para os realistas a ontologia é mais importante que a epistemologia. Smith 
afirma que nenhuma é mais importante que a outra, que ambas estão mutualmente e 
intrinsecamente inter-relacionadas.
Três posições epistemológicas
Os empiristas acreditam que a ciência pode repousar sobre o fundamento da observação 
pura, e desse fundamento pode ser estabelecido, por indução, toda a estrutura cientifica. Para o 
autor existem serias, e insuperáveis, limitações na epistemologia empírica. O mandado 
epistemológico oferecido pelo empirismo é muito estreito, de fato, se, no final, tiver que ser 
baseado na observação direta. Tal mandado exclui qualquer consideração sobre coisas não 
observáveis, como estruturas sociais e internacionais, ou até fatos sociais. O empirismo não nos 
permite falar sobre causas inobserváveis, o melhor que se pode fazer é falar sobre 
conjunções constantes, e portanto abster-se que noções de necessidade. Causalidade é 
reduzida a mera correlação, e a pesquisa é limitada a previsão e não envolve explicação. O 
principal problema é que não pode existir observação objetiva nem experiência bruta. A 
observação e percepção é sempre afetada pelos compromissos teóricos e conceituais. Mesmo o 
mais simples ato de observação “pura” envolve uma teia de crenças que é maior e mais complexa 
do que o ato individual de observação.
Uma teia de significados nas ações individuais de observação nos da razões para 
pensar que isso é a nossa interpretação da observação. As teorias definem o que os fatos 
são, e sempre possui a alternativa de rejeitar o fato para salvar a teoria. Os fatos são 
sempre dependentes da teoria, e não independentes como o empirismo afirma. 
O racionalismo se contrapões ao empirismo, com o argumento central de que os sentidos 
nunca poderão nos dar o entendimento sobre os mecanismos que geram as observações que 
percebemos. O racionalismo mostrou que a epistemologia do empirismo é inadequada pois não 
leva em consideração razão, que é propriedade da a mente humana.
O conhecimento compreende dois aspectos relacionados: todo evento tem um causa; e 
assuntos específicos do fato. Em contraste, a percepção ou observação nunca é suficiente por si 
só, e precisa de interpretação por uma razão. Podemos ganhar conhecimento do mundo 
apenas usando a razão para interpretar o que observamos ou experienciamos. 
O racionalismo possui inumeros problemas. Está claro que existe mais de um razão 
da qual usamos para deduzir um sistema de axiomas intuitivos – indivíduos diferentes podem 
afirmar que suas intenções eram diferentes das de outros. A fraqueza é uma problematica 
particular das ciências sociais, o que diz respeito a noção de que existe um mundo real para 
explicar. 
Tanto o empirismo quanto o racionalismo estão usando meios seguros para julgar 
afirmações do conhecimento. 
A terceira epistemologia tradicional é o pragmatismo, a qual deseja combinar a noção de 
que a mente é sempre ativa na interpretação da experiência e da observação, com o pensamento
de que a revisão das nossas crenças serão feiras como resultado da experiência. A teoria e a 
experiência estão intimamente inter-relacionadas. 
Para o pragmatismo, o conhecimento é em ultima instancia experimental, com o objetivo 
epistemológico de construção de uma teia de significados que nos permite organizar nossas 
experiências. 
A dificuldade central do pragmatismo é que ela nos faz abandonar a noção de verdade 
para se basear nas noções da razão e observação. O pragmatismo é muito flexível no que aceita 
por conhecimento, além de correr o risco de tratar questões de epistemologia como questões de 
etica, permitindo que a escolha sobre o que é conhecimento influencie ou determine o que a 
comunidade pensa sobre certo caso.
Debates epistemológicos contemporâneos
Existem 5 alternativas para a filosofia do conhecimento que parecem promissoras para a 
teoria internacional pós-positivista: realismo cientifico, hermenêutica, teoria critica, feminismo e 
epistemologia pós-modernista.
Realismo cientifico: se aproxima do racionalismo. Faz sentido falar sobre um mundo fora 
da experiência, que está interessado em descobrir as estruturas e coisas do mundo que fazem a 
ciência possível.
Hermenêutica: se aproxima do pragmatismo. Crença anti naturalista na medida em que 
não vê o mundo social em qualquer sentido passível do tipo de tratamento que o empirismo e, 
especialmente o positivismo assumem. A análise da natureza e a análise da mente são áreas 
diferentes. Os indivíduos só podem entender o mundo apenas se estiverem sob uma rede de 
significados, assim, têm um significado ontológico, que significa que as preocupação tradicionais 
com a epistemologia são inapropriadas para entender e dar sentido aos nossas crenças.
Teoria Crítica: Não há afirmações empíricas independente do interesse no conhecimento 
constitutivo e nas previsões. Habermas desenvolve uma situação do discurso ideal, baseada na 
noção de que os atos da comunicação pressupõem que os discursos sejam compreensíveis, 
verdadeiros, certos e sinceros. 
Feminismo: A vida das mulheres difere estruturalmente da dos homens, e a dominação da 
ciência e do conhecimento pelo mundo masculino marginalizou e excluiu as mulheres do processo 
científico, o que pode ter gerado imparcialidade. A importância da análise feminista é enorme, já 
que nos faz questionar a suposição epistemológica tradicional de que a identidade do 
cientista é irrelevante no processo de criação do conhecimento, e esse pensamento é 
presente tanto no empirismo quanto no racionalismo.
Pós-modernismo: Existem debates extensos sobre o que é Pós modernismo e como ele 
se difere do pós estruturalismo. Foucault, por exemplo, se preocupa com as condições 
históricas específicas de como o conhecimento é criado. O poder é aplicado em todos os 
sistemas de conhecimento, uma vez que as noções de razão e verdade são produtos das 
circunstancias históricas especificas. A epistemologia é dependente da estrutura de poder. 
Foucault vê a concepção de verdade não como um conceito valido empiricamente mas como uma 
ferramenta para se resistir ao poder. A preocupação com um critério para determinar a verdade foi 
substituída pela noção de que a verdade é uma ferramenta.
O positivismo na teoria internacional
O positivismo pode ser usado na teoria internacional como sendo a mesma coisa que o 
empirismo, ou seja, ser tratado como epistemologia, pode ser usado como metodologia, definido 
as regras para a atual pratica ou estudo da ciência, ou pode ser entendido como behaviorismo, 
que é a confiança em dados quantitativos, e o desprezo pelo que os atores pensam como base 
para o conhecimentos. Normalmente, nas relações internacional ele é tratado como 
epistemologia. 
A maioria das pesquisas feitas pelos teóricos de RI nos últimos 30 anos foi implicitamente 
baseada em suposições positivistas. E existem poucas discussões sobre como seria uma 
alternativa ao positivismo. 
Mais recentemente, nos anos 80 e 90, vários autores pós-modernista escreveram sobre as 
limitações do positivismo. Mas seus trabalhos foram largamente ignorados pela maioria dos 
tradicionalistas, pois esses acreditam que essa posição teoria não pode ser aceita como capaz de 
prover um conhecimento real ou apropriado. 
Smith argumenta que o positivismo é normalmente igualado com uma posição 
epistemológica especifica, mas que quase sempre envolve preocupações metodológicas; 
juntos, limitam as possibilidades de discussões ontológicas.
Positivismo e além
A maioria das teorias internacionais são explicativas (positivistas), e o trabalho pós-
positivista é constitutivo, o pós-positivismo tem trabalhado com uma epistemologia distintivamente 
diferentes, o que explica o porque de não haver prospecção de que esse seja uma alternativa ao 
positivismo. 
Conclui-se então que o positivismo tem uma enorme influencia na teoria internacional, 
primeiramente por que ele influenciou fortemente sobre o que a disciplina pode discorrer, isso 
importa pois as suposições epistemológicas tiveram consequências ontológicas. A teoria 
internacional, agora, tem um grande numero de pesquisas pós-positivistas, as quais estão abrindo 
espaço para outra forma de pensar relações internacionais e para outras realidades 
internacionais. Para o autor, a fraqueza do positivismo é tão fundamental que não poderia ser 
ressuscitado; mas ao mesmo tempo, a dominância positivista na disciplina tem sido tão grande 
que se tornou um senso comum. Essa epistemologia afetou tanto a ontologia, a ponto de afetar 
não só o estudo das relações internacionais, mas também a prática. No lugar no positivismo, a 
teoria precisa desenvolver uma teoria pós-positivista forte baseada numa variedade de 
epistemologias pois muito mais que essa está em jogo.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando