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Almoxarife e Estoquista - Apostila 1

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SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial) / Mirassol - SP 
 
19 
Curso Almoxarife 
Iniciação ao Universo da Logistica 
Israel dos Santos Silva 
 
 
Caro(a) Aluno(a) 
Você iniciou um caminho para um ciclo de aprendizado continuo. A intenção 
neste curso é ir além do conhecimento referente à ocupação de almoxarife. Essa 
opção está diretamente relacionada às demandas que o mundo do trabalho 
coloca aos profissionais já colocados ou em formação como um todo e não 
apenas dessa área de estudos. 
Será que, no mundo de hoje, conhecer apenas o conteúdo do trabalho e as principais 
técnicas seria suficiente para ser um bom profissional? 
Não, pois o mundo do trabalho mudou. Saber como é possível melhorar a busca 
por um novo emprego, elaborar de forma adequada o novo currículo, conhecer a 
história da logística e dessa ocupação (que faz parte da sua grade de estudos) é 
também muito importante. Para isso, é necessário saber muito mais do que a 
técnica. 
O Curso de Almoxarife do SENAI parte do princípio de que, para iniciar sua 
carreira ou aperfeiçoar aquilo que você já sabe fazer, é preciso conhecer as 
técnicas, mas precisa conhecer também alguns outros aspectos para ampliar suas 
chances na obtenção do primeiro emprego ou de um novo emprego. 
As quatro primeiras Unidades de estudo montados aqui nestas planilhas 
apresentam o contexto do mundo do trabalho: na Unidade 1, o que 
compreendemos por trabalho, seu papel na subsistência humana; a Unidade 2 
aborda as formas de organização do trabalho, uma vez que em uma mesma 
empresa convivem vários tipos de organização, que foram sendo desenvolvidos e 
modificados ao longo da História; na Unidade 3, você aprofundará seus 
conhecimentos sobre o que é a globalização e seus efeitos no trabalho e na 
produção. Já na Unidade 4 você se aproximará das particularidades da ocupação 
de almoxarife indicadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As duas últimas 
Unidades apresentam conceitos que são fundamentais para o aprendizado nessa 
área: do surgimento do almoxarifado no Brasil à configuração dos estoques atuais. 
 
Bons estudos! 
 
SUMARIO 
 
Unidade 1 
9 
O mundO dO trabalhO 
 
 
Unidade 2 
21 
a OrganizaçãO dO trabalhO: taylOrismO, fOrdismO e tOyOtismO 
 
 
Unidade 3 
43 
O fenômenO da glObalizaçãO 
 
 
Unidade 4 
55 
O mercadO de trabalhO 
 
 
Unidade 5 
67 
almOxarife: tesOureirO dO rei? 
 
 
Unidade 6 
87 
estOque: um velhO cOnceitO? 
 
 UNIDADE 1 
O mundo do trabalho 
Para que você compreenda o sentido do seu aprendizado, é 
importante iniciar sua formação por um percurso histórico 
no qual você conhecerá como surgiram as funções de almo- 
xarife e estoquista. Traçar esse caminho na História é rele- 
vante, pois aprendemos muito sobre a atualidade a partir do 
passado. 
Vamos começar refletindo: Será que o termo “logística” era 
comum há 20 anos? Caso você seja jovem, pergunte aos seus 
pais, parentes ou vizinhos se costumavam ouvir esse termo 
nos locais de trabalho, nos jornais e até mesmo entre 
amigos. 
Para começar a compreender o que faz um profissional na 
área de logística, é fundamental conhecer o cenário em 
que ela surgiu e se desenvolveu. Para tanto, nesta Unidade, 
vamos voltar no tempo e recuperar como o mundo do 
trabalho foi, gradualmente, sendo alterado, e passou a 
necessitar de novas funções que respondessem a contento às 
novas demandas de produção. 
 
Trabalho sem a exploração do homem 
pelo homem? 
Como você imagina o trabalho e a vida das pessoas antes de 
surgirem as máquinas? Como era a sociedade sem elas? Sempre 
existiu salário? Sempre existiu o lucro? No tempo em que as 
máquinas ainda não tinham sido inventadas, como a população 
trabalhava e se sustentava? 
Observe as pinturas do artista francês Jean-François Millet 
(1814-1875), que retratam a vida no campo, e tente responder 
a essas questões. 
 
 
 
 
 
 
Jean-François Millet. A colheita de batatas, 1855. Óleo sobre tela, 54 cm x 65,2 cm. 
Walters Art Museum, Baltimore, EUA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jean-François Millet. O semeador, 1850. Óleo sobre tela, 101,6 cm x 82,6 cm. 
Museu de Belas Artes, Boston, E 
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Desde as primeiras civilizações de que se tem notícia, 
o ser humano habitou o campo. As pessoas se ocupa- 
vam da agricultura, para produzir alimentos para seu 
próprio consumo, cultivando a terra e criando também 
animais para sobreviver com o que produziam. O ex- 
cedente, ou seja, o que sobrava dos alimentos destinados 
para sustento próprio, era trocado com outros campo- 
neses por produtos de que não dispunham. 
Dessa forma, um dava leite em troca do trigo, outro 
a carne pelas frutas e legumes e assim por diante. 
Acontecia o escambo, ou seja, uma troca entre as fa- 
mílias, cada uma delas preocupada com sua sobrevi- 
vência. Os poucos excedentes eram utilizados para 
serem trocados por outros produtos agrícolas ou outras 
mercadorias. 
A vida no campo era orientada pelos tempos da natu- 
reza: as estações do ano indicavam a melhor hora para 
plantar e colher; as marés, o momento para pescar etc. 
O tempo era usado para cuidar das necessidades da 
sobrevivência, mas controlado pelos próprios campo- 
neses. 
Nesse período predominava, portanto, o conceito de 
trabalho, que é diferente do conceito de emprego. 
Com o tempo, contudo, a formação de um mercado de 
consumo nas cidades e do comércio de produtos invadiu 
a vida cotidiana, dando lugar à exploração do homem 
pelo homem e tornando as condições de vida e de sobre- 
vivência no campo mais difíceis. Os proprietários de 
terras passaram a cultivar e a criar seus rebanhos de forma 
mais intensa e a comercializar a produção excedente, ou 
seja, aquela que sobrava depois de separar a parte desti- 
nada ao sustento próprio. 
Naquela época, as pessoas que não possuíam pequenos pedaços de terra ou o 
direito a utilizá-las para cultivo, ou não dominavam ofícios – aquelas que não 
eram marceneiros, ferreiros, artesãos, soldados etc. – formavam a maioria da 
população e essas pessoas eram obrigadas a trabalhar para outras e obter em 
troca apenas alimento e uma instalação que servisse de moradia. 
 
Trabalho: Atividade realiza- 
da por seres humanos 
que, na transformação da 
natureza, utiliza esforço 
físico e mental para a 
produção e, dessa forma, 
permite a sobrevivência. 
Emprego: Relação firmada 
entre o proprietário dos meios 
de produção dono das fer- 
ramentas, terras, máquinas 
etc. 
Trabalhador. nesse 
contrato, o empregador 
compra a força de 
trabalho, ou seja, paga um 
salário pelo trabalho 
realizado. 
Fonte: São Paulo (Estado). 
Secretaria de Desenvolvimento 
Econômico, Ciência, Tecnologia 
e Inovação (Sdecti). Sociologia: 
caderno do estudante. 
Ensino Médio. São Paulo: 
Sdecti, 2015. v. 1. 
 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de 
Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e 
Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. Ensino 
Médio. São Paulo: Sdecti, 2015. v 1. 
 
 
 
 
Com frequência, associamos a 
palavra revolução a algum 
acontecimento muito conturbado. 
Pense em situações nas quais você 
emprega essa palavra no dia a dia. É 
comum que ela seja utilizada para 
expressar a confusão de um dia de 
mudança, de enchentes, de greve nos 
transportes etc. 
Revolução industriale sociedade 
O fenômeno denominado revolução é um momento na 
História em que mudanças profundas ocorrem em várias 
esferas da sociedade, que envolvem a vida cotidiana, a 
política, a economia, a cultura e as relações sociais. Por- 
tanto, ao se falar de Revolução Industrial é importante 
considerar que, nessa época, não foi apenas o trabalho 
que mudou, mas sim um conjunto de situações e relações 
na sociedade. 
O fenômeno da Revolução Industrial ocorreu a partir 
do século XVIII (18) na Inglaterra, região rica em carvão 
mineral e ferro. Ela alterou profundamente o mundo, 
ocasionando grandes transformações no modo de pro- 
dução das mercadorias e no estilo de vida da população. 
Uma das principais modificações foi o uso do carvão 
para movimentar máquinas, que deu origem às máquinas 
a vapor. Tal fenômeno criou e revigorou a indústria têx- 
til. Começaram, assim, a surgir empregos em maior 
proporção nas cidades, provocando a migração de pes- 
soas do campo em direção a elas em busca de trabalho. 
Em consequência, a produção agrícola declinou, ao mes- 
mo tempo que aumentou a necessidade de abastecer as 
cidades. A agricultura, que até então era de 
subsistência, passou a ser uma atividade comercial, 
uma vez que procurava justamente gerar cada vez mais 
excedentes para serem comercializados nas cidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ser humano sempre procurou ampliar ou substituir sua força por meio do 
uso de instrumentos e pelo uso das forças de que dispunha na natureza: 
dos animais, das águas e dos ventos. 
 
 
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Atividade 1 
 
SITUANDO A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
1. Observe o mapa a seguir e procure localizar a Inglaterra, um dos países que 
compõem o Reino Unido. Caso tenha dificuldade, faça o exercício na biblioteca 
ou em um laboratório de informática e consulte um atlas. 
 
 
 
 
 
 
Se tiver oportunidade, faça uma busca na internet e assista à abertura dos Jogos Olímpicos de 2012, que 
ocorreram em Londres, na Inglaterra. O tema foi a transição da agricultura à indústria, pela qual o país 
passou. Era o campo dando lugar às chaminés e agricultores se transformando em operários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os trabalhadores do campo começaram a deslocar-se para as cidades em busca de 
trabalho nas novas indústrias. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 
Ciência, Tecnologia e Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. 
Ensino Médio. São Paulo: Sdecti, 2015. v. 1. 
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Fonte: Atlas of the World. Londres: Times Books, 1995 
Mapa original. 
 
2. Quais são as principais características da Revolução Industrial? Escreva 
sua resposta e discuta com os colegas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Da manufatura à mecanização da produção 
A palavra manufatura, originária do latim, é composta por manu, mão, e factura, 
feitio − a produção feita com as próprias mãos. A composição da palavra, ou seja, 
sua etimologia, refere-se à fabricação manual de produtos, portanto, sem o uso de 
máquinas e sim de ferramentas. Com o tempo, o termo passou a ser empregado 
com sentido mais amplo referindo-se também à fabricação de qualquer produto 
feito pela indústria com a utilização de máquinas. 
É importante compreender que a manufatura na época da Revolução Industrial teve 
como principal característica a divisão social do trabalho, ou seja, a 
especialização do trabalhador em apenas uma parte da produção de 
mercadorias. Por exemplo: um operário pregava a roda e fazia só isso durante 
todo o dia de trabalho. Por essa razão, o trabalho era chamado de especializado. 
A invenção da máquina a vapor permitiu às indústrias um salto significativo na pro- 
dução, pois o trabalho feito anteriormente de maneira artesanal era lento e heterogêneo. 
Se eu moldo o barro para fazer um jarro, o próximo que fizer poderá ser semelhante, 
mas nunca ficará idêntico ao primeiro. As máquinas, contudo, oferecem a possibili- 
dade de tornar os produtos homogêneos. Além disso, o tempo de produção torna-se 
mais curto. Sendo assim, o proprietário passa a produzir mais, vender mais, lucrar 
mais e necessitar de menos trabalhadores, provocando demissões. 
 
 
A Grã-Bretanha é uma ilha da Europa que abriga a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. 
O Reino Unido é um agrupamento político que congrega os países da Grã-Bretanha mais 
a Irlanda do Norte. As relações entre Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte 
com o Reino Unido são semelhantes às que definem os governos federalistas: há um poder 
soberano central e autonomia relativa nas unidades constituintes. Já a Escócia tem um 
autogoverno limitado, submetido ao Parlamento britânico. 
Reginaldo Nasser, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universi- 
dade Católica de São Paulo. 
VICHESSI, Beatriz; MERCATELLI, Veridiana. Qual é a diferença entre Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido? 
Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/geografia/fundamentos/geografia-diferenca- 
inglaterra-gra-bretanha-reino-unido-450810.shtml>. Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
Foi nesse período de mecanização que nasceu a ideia de emprego, pois o emprega- 
dor passou a pagar o trabalhador pelo dia trabalhado. Nesse contexto, os campo- 
neses foram expulsos de suas terras e as cidades, que concentravam as manufaturas, 
receberam muitos trabalhadores. Como não havia emprego para todos, a pobreza 
e a fome se alastraram entre a população. 
Se, de um lado, a produção crescia, de outro, as condições de trabalho e de vida da 
população que havia saído do campo em busca de emprego nas cidades eram mui- 
to difíceis. Veja como eram as condições de trabalho nesse período: 
• os salários eram baixos; 
• as fábricas contratavam principalmente mulheres e crianças, sobretudo porque os 
salários que elas recebiam eram ainda menores do que os pagos aos homens. A 
estes eram destinadas as funções que dependiam da força física; 
• as crianças eram recrutadas em orfanatos, a partir de quatro anos de idade, para 
o trabalho na indústria têxtil; 
• os trabalhadores não tinham direitos vinculados ao emprego, como férias, des- 
canso semanal, nem mesmo um contrato de trabalho; 
• a jornada diária de trabalho chegava a 16 horas; 
• os empregados estavam sujeitos a castigos físicos e as trabalhadoras eram, com 
frequência, violentadas pelos capatazes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fiação de algodão em Londres, Inglaterra, em 1820. As primeiras 
indústrias empregavam a força de trabalho feminina e infantil. 
 
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No entanto, se os proprietários dos meios de produção impunham essas condições 
aos trabalhadores, estes, por sua vez, também reagiam contra isso. Apesar da pobre- 
za e da fome, os empregados das indústrias começaram a se organizar, a fim de 
melhorar as condições de trabalho, até mesmo com o uso da força, como fez o mo- 
vimento ludista (ou luddita) no início do século XIX (19). 
Esse movimento caracterizou-se por uma iniciativa dos operários de quebrarem as 
máquinas dentro das fábricas, como forma de protesto contra as péssimas condições 
de trabalho. Ned Ludd teria inspirado o movimento de revolta entre aqueles que 
acreditavam que as máquinas eram responsáveis pela falta de emprego para todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os operários quebravam as máquinas, pois as consideravam 
geradoras do desemprego. 
 
Atividade 2 
MAQUINARIA E EMPREGO 
1. Em grupo, discutam o que compreenderam sobre as condições de trabalho na 
época da Revolução Industrial. Registre aqui as principais ideias debatidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Agora, respondam às seguintes questões: 
a) Vocês consideram que as máquinas eram responsáveis por não haver emprego 
para todos? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Quebrar máquinas era um ato contra os equipamentos? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) xistem semelhanças entre o trabalho daquela época e o de hoje? Quais? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Organizem uma apresentação criativa, sobre o que discutiram, para os demais 
colegas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e 
Inovação (Sdecti). Sociologia: caderno do estudante. Ensino Médio. São Paulo: Sdecti, 2015. v. 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIDADE 2 
A organização do 
trabalho: taylorismo, 
fordismo e toyotismo 
Esta Unidade é destinada ao estudo das formas de organização 
do trabalho no século XX (20). Conhecer as características de 
cada uma delas é importante, pois lhe permitirá identificar como 
o trabalho se organiza na logística, bem como proporcionará o 
planejamento de novas formas de realizar tarefas e de lidar com 
imprevistos. 
Pense em alguma atividade que você costuma executar em casa: 
higienizar o banheiro, consertar a porta do armário, cozinhar 
etc. Talvez, mesmo inconscientemente, você se organize para 
fazer essas tarefas: calcula o tempo que levará para fazê-las; ve- 
rifica se tem todas as ferramentas para um conserto ou os pro- 
dutos para a limpeza; e faz uma lista para não esquecer nada 
nas compras. Depois, você avalia o resultado: se o armário 
ficou bom, se a limpeza ficou adequada e assim por diante. 
Se você considerar o trabalho realizado nas indústrias, no co- 
mércio e no setor de serviços, verá que algumas situações são 
muito semelhantes. Mas, na empresa, a organização é estudada 
minuciosamente para que cada tarefa seja feita em menos tem- 
po. Essa foi a lógica arquitetada no início do século XX (20) 
por Frederick Winslow Taylor (1856-1915), cujo pensamento 
ficou conhecido em todo o mundo como taylorismo. 
 
Como pensava Taylor no início do século 
XX (20)? 
Taylor acreditava que os operários “faziam cera” no trabalho, 
conforme a própria expressão utilizada por ele, escondendo dos 
patrões como realizavam cada atividade e sendo contrários a 
produzir diariamente tanto quanto fosse possível. 
 
 
 
Ele também achava que os sindicatos tinham uma 
visão equivocada do processo produtivo, pois queriam 
que os operários trabalhassem menos e em melhores 
condições. 
Como solução para esse caso, desenvolveu o que chamou 
de “organização científica do trabalho”. 
Como era essa organização? 
Taylor observou o trabalho dos carregadores de barras 
de ferro, operários em grande parte provenientes dos 
países da Europa que se encontravam em situação eco- 
nômica difícil. 
Havia 75 carregadores e cada barra pesava 45 quilogra- 
mas. Cada homem, antes do taylorismo, carregava 12,5 
toneladas de ferro por dia trabalhado. Com a organização 
taylorista do trabalho, cada carregador passou a trans- 
portar 47 toneladas em um dia de trabalho. 
 
 Antes do 
taylorismo 
Com o 
taylorismo 
Número de carregadores 75 75 
Toneladas transportadas 
por dia (1 tonelada = 
1 000 quilogramas) 
 
12,5 
 
47 
Como Taylor conseguiu aumentar a produtividade? 
• Segundo ele, na organização do trabalho alguns tra- 
balhadores planejam e outros executam o trabalho, 
ou seja, ele compreendia que certos trabalhadores 
eram destinados a pensar e outros a executar. Por 
isso, havia a divisão entre os que pensavam como 
carregar as barras e os que só utilizavam a força 
física. 
• Com base na observação do trabalho, Taylor propôs 
o controle do tempo e dos movimentos, isto é: ele 
sabia, por meio da observação do trabalho e 
cronometrando cada ação, que um movimento era 
feito em “x” segundos e outro em “y” segundos. 
Produtividade: Resultado da 
divisão da produção física ob- 
tida numa unidade de tempo 
(hora, dia, ano) por um dos 
fatores empregados na pro- 
dução (trabalho, terra, capital). 
Em termos globais, a produ- 
tividade expressa a utilização 
eficiente dos recursos produ- 
tivos, tendo em vista alcançar 
a máxima produção na me- 
nor unidade de tempo e com 
os menores custos. 
SANDRONI, Paulo. Dicionário de 
economia do século XXI. 8. ed. 
revista e ampliada. Rio de Janeiro: 
Editora Record, 2014, p. 694. 
 
• A intenção de Taylor era que o empregador tivesse controle sobre todo o 
processo de trabalho e, assim, nessa visão, os empregados não poderiam mais 
fazer “cera”. 
• O trabalhador precisava obedecer aos comandos, inicialmente pensados por Taylor, 
sobre o momento e o tempo exatos de se mover, sempre com a vigilância e a su- 
pervisão constantes das chefias. 
Taylor, no entanto, considerou que nem todo carregador poderia executar seu mé- 
todo e, assim, incluiu mais um item em sua lista de procedimentos para obter a 
produção pretendida: a seleção científica do trabalhador, acompanhada do devido 
treinamento para realizar a tarefa tal como esperada por quem a planejou. 
Ele observou o comportamento dos carregadores, pois, em sua concepção, não seria 
qualquer operário que se submeteria às exigências. Pesquisou o passado, o caráter, os 
hábitos e, principalmente, as pretensões de cada trabalhador. Finalmente, ele encontrou 
um imigrante holandês cujos hábitos lhe pareceram adequados. Este estava construin 
do, ele mesmo, a casa para morar com sua família. Fazia isso pela manhã; corria para 
o trabalho, onde carregava barras de ferro; e, ao voltar para casa, continuava a constru- 
ção. Todos diziam que esse operário era muito econômico. Esse trabalhador reuniu 
as “qualidades” que Taylor desejava e recebeu o nome de Schmidt. 
 
Atividade 1 
SchMidt e tayloR 
 
1. Leia, a seguir, o diálogo entre Taylor e Schmidt, o trabalhador que ele pretendia 
selecionar. Esse diálogo foi retirado do livro Princípios de administração científi- 
ca, que teve sua primeira edição publicada em 1911. 
— Schmidt, você é um operário classificado? 
 
— Não sei bem o que o senhor quer dizer. 
 
— Desejo saber se você é ou não um operário classificado. 
 
 
— Ainda não o entendi. 
 
— Venha cá. Você vai responderàs minhas perguntas. Quero 
saber se você é um operário classificado, ou um desses 
pobres diabos que andam por aí. Quero saber se você deseja 
ganhar $ 1,85 dólar por dia, ou se está satisfeito com $ 1,15 dólar 
que estão ganhando todos esses tontos aí. 
 
— Se quero ganhar $ 1,85 dólar por dia? Isto é que quer 
dizer um operário classificado? Então, sou um operário 
classificado. 
 
— Ora, você me irrita. Naturalmente que deseja ganhar $ 1,85 
por dia; todos o desejam. Você sabe perfeitamente que isso 
não é bastante para fazer um operário classificado. Por favor, 
procure responder às minhas perguntas e não me faça 
perder tempo. Venha comigo. Vê esta pilha de barras de 
ferro? 
 
— Sim. 
 
— Vê este vagão? 
 
— Sim. 
 
— Muito bem. Se você é um operário classificado, carregará 
todas estas barras para o vagão, amanhã, por $ 1,85 dólar. 
Agora, então, pense e responda à minha pergunta. Diga se 
é ou não um operário classificado. 
 
— Bem, vou ganhar $ 1,85 dólar para pôr todas estas barras de 
ferro no vagão, amanhã? 
 
— Sim; naturalmente, você receberá $ 1,85 dólar para carregar 
uma pilha, como esta, todos os dias, durante o ano todo. Isto 
é que é um operário classificado e você o sabe tão bem 
como eu. 
 
— Bem, tudo entendido. Devo carregar as barras para o vagão, 
ama- nhã, por $ 1,85 dólar e nos dias seguintes, não é assim? 
 
— Isso mesmo. 
 
 
 
— Assim, então, sou um operário classificado. 
 
— Devagar. Você sabe, tão bem quanto eu, que um operário 
classifi- cado deve fazer exatamente o que se lhe disser desde 
manhã à noite. Conhece você aquele homem ali? 
 
— Não, nunca o vi. 
 
— Bem, se você é um operário classificado deve fazer 
exatamente o que este homem lhe mandar, de manhã à 
noite. Quando ele disser para levantar a barra e andar, você 
se levanta e anda, e quando ele mandar sentar, você senta e 
descansa. Você procederá assim durante o dia todo. E, mais 
ainda, sem reclamações. Um operário classificado faz 
justamente o que se lhe manda e não reclama. Entendeu? 
Quan- do este homem mandar você andar, você anda; quando 
disser que se sente, você deverá sentar-se e não fazer 
qualquer observação. Final- mente, você vem trabalhar aqui 
amanhã e saberá, antes do anoitecer, se é verdadeiramente 
um operário classificado ou não. 
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. 
São Paulo: Atlas, 1990. p. 45-6. 
 
2. Agora, responda às questões a seguir. 
a) Qual é sua opinião sobre a entrevista feita por Taylor? O que lhe pareceu 
conveniente? E o que lhe pareceu inconveniente? 
 
 
 
 
Conveniente 
 
 
b) Como são as entrevistas de emprego na atualidade? São diferentes da feita por 
Taylor no momento da “promoção” de Schmidt? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) O que você achou das características valorizadas por Taylor (que constam do 
texto Como era essa organização?) para encontrar o operário para a tarefa a 
ser executada? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foi dessa forma que Taylor conseguiu praticamente quadruplicar a produtividade 
no trabalho. Leia a seguir a opinião de Taylor sobre Schmidt, mesmo sendo ele o 
operário ideal para o aumento da produção. 
 
 
 
Inconveniente 
 
 
 
 
Ora, o único homem entre oito, capaz de fazer o trabalho, não tinha em 
nenhum sentido característica de superioridade sobre os outros. Apenas 
era um homem tipo bovino – espécime difícil de encontrar e, assim, muito 
valorizado. Era tão estúpido quanto incapaz de realizar a maior parte dos 
trabalhos pesados. A seleção, então, não consistiu em achar homens ex- 
traordinários, mas simplesmente em escolher entre homens comuns os 
poucos especialmente apropriados para o tipo de trabalho em vista. 
TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. 
São Paulo: Atlas, 1990, p. 54-5. 
 
 
Operário “tipo bovino”? 
Para Taylor, portanto, era natural que alguns mandassem e outros obedecessem, e 
os mandados deveriam ser do “tipo bovino”, o que, em outras palavras, significava 
que o operário não deveria refletir sobre a organização do trabalho. 
Tendo em vista que o objetivo de Taylor era aumentar a produtividade e os lucros 
das empresas, faltava para ele, ainda, aperfeiçoar seu método. Era necessário reduzir 
a quantidade de trabalhadores. 
Em outra experiência que realizou, ele conseguiu reduzir o número de trabalhado- 
res e o custo do carregamento diário, conforme você pode observar na tabela a seguir. 
 
 Antigo sistema Com o taylorismo 
Número de trabalhadores 400 a 600 140 
Média de toneladas por dia/homem 16 59 
Remuneração $ 1,15 $ 1,88 
Custo do carregamento/tonelada $ 0,072 $ 0,033 
Fonte: TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas, 1990. 
 
 
 
Atividade 2 
TAYLORISMO HOJE? 
 
Como você pôde observar, o fenômeno da redução de pessoal não é novo, pois 
esse é um dos motores que sustenta o capitalismo. Em outras palavras, um dos 
pilares para a acumulação de capital é a diminuição de custos. As atividades a 
seguir o ajudarão a refletir sobre a atualidade deste assunto. 
 
1. Em grupo, discutam: 
a) Quais são, na opinião do grupo, os aspectos mais importantes na lógica de tra- 
balho elaborada por Taylor? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Existe taylorismo hoje? Em quais situações o grupo observa a existência do 
taylorismo na atualidade? Em quais ocupações vocês identificam esse modo de 
organização do trabalho? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Escolham uma ocupação com a qual tenham contato ou experiência. Reflitam: 
 
 
 
 
O taylorismo do início do século XX (20) está presente na organização desse 
trabalho? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Com auxílio do PROFESSOR, seu grupo e os demais poderão montar um 
painel das ocupações que cada grupo elegeu e analisar se o taylorismo está, ou 
não, presente no mundo do trabalho hoje. 
 
O fordismo na esteira do taylorismo 
Fordismo talvez seja uma palavra mais familiar a você do que taylorismo. O termo 
é derivado do nome de seu idealizador, Henry Ford (1863-1947), empresário esta- 
dunidense da indústria automotiva. 
Ford procurou aperfeiçoar o pensamento de Taylor. Ele concluiu que se ganharia 
ainda mais tempo se as peças fossem até os operários, e não o inverso, como 
acontecia até então. 
Além de arquitetar a esteira mecânica, Henry Ford teve outro papel que trouxe 
consequências para todo o mundo. Ele construiu o primeiro carro popular da his- 
tória, o Ford T. Sua produção em série deveria vir associada ao consumo em série, 
pois Ford tinha a convicção de que a produção em massa reduziria os custos do 
automóvel e, com isso, o preço final do produto seria menor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ford T, modelo mais conhecido no Brasil como Ford Bigode. 
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Esteiras e trilhos aéreos com peças que abasteciam as linhas de montagem nas 
indústrias que adotavam o modelo fordista. 
 
Essas foram inovações importantes na organização do 
trabalho, do ponto de vista da produção. No entanto, 
o trabalho ficou mais intenso e sem pausas. 
Veja a seguir como se deu a redução do tempo na mon- 
tagem do automóvel no fordismo: 
 
Etapas 
Tempo de montagem de 
um veículo 
Antes do taylorismo 12 horas e 30 minutos 
Com o taylorismo 5 horas e 50 minutos 
 
Com treinamento dos 
operários 
 
2 horas e 38 minutos 
 
Com a linha de montagem 
automatizada (em 1914) 
 
1 hora e 30 minutos 
 
 
 
 
Se tiver oportunidade,assista 
ao filme tempos modernos 
(Modern times, direção de Charlie 
Chaplin, 1936). O longa-metragem 
retrata de forma divertida as duras 
condições de trabalho no avanço 
da industrialização. 
Fonte: GOUNET, Thomas. Fordismo e toyotismo na 
civilização do automóvel. São Paulo: Boitempo, 1999. 
 
No filme Tempos modernos, de Charlie Chaplin (1889- 
1977), o personagem Carlitos ilustra como era o trabalho 
nas fábricas: repetitivo, sem tempo para um descanso 
mínimo entre uma tarefa e outra. É possível resumir o 
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filme em três 
etapas 
principais: 
 
 
• A fábrica em que o personagem Carlitos trabalha conta com uma esteira mecâ- 
nica, na qual as peças se movem passando pelo trabalhador a certa velocidade, de 
modo que a máquina determina o tempo em que ele deve apertar o parafuso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• O trabalho repetitivo, com o tempo para a realização da tarefa manual sendo 
controlado e determinado pelo tempo da máquina, a pressão da chefia e o baru- 
lho na fábrica comprometem a saúde mental do personagem. 
 
• O personagem rebela-se contra o maquinário e é internado por causa de acessos 
de loucura. 
 
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A despeito do tom bem-humorado do filme, não se pode negar que as condições 
de trabalho eram tais como as apresentadas. O trabalhador perdia mais uma vez 
o controle sobre a tarefa que executava: a esteira rolante determinava o tempo em 
que cada uma delas deveria ser realizada. Os locais eram inseguros e insalubres, 
ou seja, o ruído e a poeira faziam mal à saúde dos operários. 
Um século depois, mesmo com o avanço da tecnologia, o ritmo, a intensificação 
do trabalho e a pressão por produtividade ainda são aspectos nocivos à saúde do 
trabalhador. Portanto, é preciso ficar atento aos abusos que acontecem em nome 
do aumento da produtividade. 
Além disso, as condições insalubres de trabalho ainda permanecem em muitos locais. 
 
Atividade 3 
 
RetRatoS do tRabalho fabRil 
 
 
 
1. Observe o mural pintado pelo artista mexicano Diego Rivera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diego Rivera (1886-1957) foi um pintor mexicano cuja especialidade era a pintura de grandes murais. 
Contava, por exemplo, a história de um povo, pois acreditava que esse tipo de pintura permitia gravar na 
memória aspectos que são ocultados ou esquecidos ao longo do tempo. É reconhecido como artista 
comprometido com a luta por uma sociedade mais justa. Você poderá fazer uma visita virtual ao Museu 
Diego Rivera pelo site disponível em: <http://www.diegorivera.com>. Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
Foto: © Bridgeman Images/Keystone © Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust, Mexico, D.F./AUTVIS, Brasil, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esse mural, Rivera retrata as condições de trabalho na indústria 
automobilística. O artista observou o dia a dia dos operários e buscou mostrar 
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alguns deles em certas etapas da produção. 
2. Em grupo, analisem a obra e discutam: 
a) Quais foram os detalhes que mais chamaram a atenção do grupo? Por quê? 
 
 
 
 
b) Como eram as condições de trabalho na fábrica retratada por Rivera? 
 
 
 
 
c) Com base no mural, como vocês imaginam que deveria ser o ambiente de trabalho? 
 
 
 
 
 
 
 
O sentido do trabalho 
Como foi estudado, o fordismo nasceu nos Estados Unidos da América (EUA), 
motivado pelos mesmos princípios de Taylor. 
Os operários, no entanto, percebiam que cada vez mais executavam um trabalho 
mecanizado e sem qualificação. Com isso, eles passaram a optar por outras ativida- 
des que ainda garantissem maior envolvimento com o trabalho. 
Ford, percebendo a dificuldade em contratar funcionários, lançou o seguinte 
plano: 
• ofereceu salário de 5 dólares por dia (antes o pagamento era de 2,50 dólares); 
• estabeleceu jornada diária de oito horas de trabalho. 
No entanto, esse plano não era para todos. Assim como Taylor havia aplicado 
uma “seleção científica do trabalhador”, as novas condições de Ford eram apenas 
para os homens que tivessem certos hábitos esperados pela empresa: não consu- 
missem bebidas alcoólicas, provassem que tinham boa conduta e destinassem o 
salário totalmente à família. 
Henry Ford fez novas alterações e criou um departamento de serviço social para 
acompanhar como viviam os trabalhadores que desfrutavam desse tipo de contrato 
de trabalho. 
 
As visitas às casas dos operários fizeram com que praticamente ⅓ deles (28%) 
perdesse essa condição, por não cumprirem o que era estabelecido pelo departamen- 
to de serviço social. As visitas passaram a ser, então, uma forma de controlar a 
vida dos operários dentro e fora da fábrica. 
É bom lembrar que, mesmo dobrando o salário e reduzindo a jornada de trabalho, 
Ford ainda conseguiu baratear o preço do carro. Para se ter ideia: o capital da em- 
presa em 12 anos (1907-1919) passou de 2 milhões para 250 milhões de dólares. 
Outras indústrias se expandiram e passaram a utilizar os mesmos princípios de 
Taylor e Ford: esteiras, trabalhos repetitivos, controle do tempo e dos movimentos 
por um contramestre, atualmente denominado nas empresas como supervisor, líder 
de equipe etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalhadora em fábrica de relógios na Inglaterra, sendo observada por um 
contramestre. Foto de 1946. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História 
e Trabalho: 7o ano/2o termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2012. 
 
 
 
 
A jornada de trabalho sempre foi de 8 horas diárias? 
Nem sempre foi assim. Durante a 1ª Revolução Industrial, não havia limite para a jornada diária de tra- 
balho. Mesmo as crianças trabalhavam 14, 16 horas por dia. 
Foi em 1919 que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estabeleceu uma convenção que limita- 
va a jornada de trabalho em 8 horas diárias e a semanal em 48 horas. 
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Toyotismo: a produção enxuta 
Você percebeu que as alterações na organização do trabalho visam continuamente au- 
mentar a produtividade e reduzir os custos. A lógica é fazer mais em menos tempo e, se 
possível, com menos trabalhadores. No toyotismo não foi diferente. Essa nova forma de 
organização do trabalho surgiu no Japão após a 2a Guerra Mundial, principalmente para 
fazer frente à indústria automobilística estadunidense. Os japoneses inovaram e alteraram 
completamente o modo de pensar que vigorava com o fordismo. 
Se no fordismoa ideia era produzir em grande escala, no toyotismo era o oposto: 
só se produzia o que se demandava, a chamada “produção enxuta” (lean production, 
fala-se “lin prodâcchion”). Se no fordismo uma indústria automobilística contava com 
grandes pátios repletos de carros, no toyotismo reduziam-se os estoques. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalhador polivalente no toyotismo: a execução de múltiplas tarefas simultaneamente. 
 
 
 
No Brasil, foram necessárias diversas lutas sindicais, iniciadas no século XIX (19), para a conquista das 
8 horas diárias. No entanto, foi apenas em 1934 que a Constituição determinou a jornada de trabalho 
de 8 horas diárias ou 48 semanais. 
Atualmente, a jornada semanal de trabalho definida pela Constituição Federal de 1988 é de 44 horas. 
Esse tema permanece sempre em constante debate; de um lado, tenta-se mantê-la; de outro, reduzi-la. 
No momento, há forte pressão para que a jornada legal seja limitada a 40 horas. 
Na França, por exemplo, no auge da crise do emprego na década de 1980, o governo determinou a 
redução da jornada de trabalho semanal para 35 horas, com o intuito de criar mais empregos. 
Fonte: DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS (DIEESE). Redução da 
Jornada de Trabalho no Brasil. Nota Técnica, n. 16, mar. 2006. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/notatecnica/2006/ 
notatec16ReducaoDaJornada.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2015 
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A lógica do toyotismo logo se expandiu para outros tipos de indústria e para o setor 
de serviços. Se a palavra de ordem no fordismo era rigidez (em todos os sentidos: 
fixação do homem ao posto de trabalho, controle dos tempos e movimentos, esta- 
bilidade no emprego), no toyotismo a palavra-chave é flexibilidade. 
Na organização toyotista do trabalho, um operário fica responsável por várias máquinas 
e a ideia de trabalho em equipe é reforçada, pois cada equipe cuida de um grupo de 
máquinas que produzirão determinada peça, produto etc. Com o toyotismo associado 
ao uso de alta tecnologia, as empresas puderam reduzir seu quadro de funcionários, o 
que contribuiu para o crescimento do desemprego no Brasil. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e Traba- 
lho: 9o ano/4o termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013. 
 
O toyotismo pode ser resumido nos chamados 5 zeros: 
 
 
 
 
 
 
Zero estoque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zero pane Zero papel 
Kanban 
 
Kanban, do que se trata? 
Kanban é uma palavra de origem japonesa que significa cartão. A introdução do 
sistema de cartões coloridos é um dos pilares do toyotismo e eles cumprem o papel 
de indicar: o que e quanto produzir, em que momento produzir e para onde será 
levada a produção. 
 
 
Zero defeito 5 
ZEROS Zero atraso 
QUADRO KANBAN 
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O kanban é fundamental nesse processo, pois indica exatamente a quantidade da 
produção e o material necessário para cada etapa, com vistas sempre ao estoque 
zero. Ele é indicado em situações de produção com características padronizadas: 
montagem de carros, fabricação de peças etc. O kanban pode utilizar várias cores, 
de acordo com a necessidade da empresa, dos processos produtivos e do estoque. 
Veja a seguir o significado de algumas das cores utilizadas no kanban: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Normal Atenção Crítico 
 
Por serem dispostos em um quadro, o sistema kanban também é conhecido como 
“gestão visual”, pois visualmente o trabalhador consegue perceber o que está em 
atraso ou a etapa que requer mais atenção. Além disso, a equipe responsável pela 
produção insere no quadro o material de que necessita, por exemplo, para o dia 
seguinte. Dessa forma, os formulários de solicitação são suprimidos e a integração 
entre as equipes fica estabelecida no quadro. Observe o exemplo a seguir. 
 
Veja na página seguinte as situações de produção, segundo a indicação das cores: 
 
 
KANBAN DE PRODUÇÃO 
TAREFA 1 TAREFA 2 TAREFA 3 TAREFA 4 TAREFA 5 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
12 
13 
14 
15 
16 
Ok Atenção Urgência 
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• a cor verde significa que a produção está fluindo bem; 
• a cor amarela (ou laranja) significa que é preciso ficar atento à cadência da 
produção; 
• a cor vermelha significa que a situação está crítica. 
As cores são utilizadas quando: 
• a produção precisa de um componente; 
• o abastecedor do setor dirige-se com uma caixa vazia do componente e cartão 
kanban para o setor que produz o componente; 
• o cartão é colocado no quadro de cartões do setor de produção; 
• o setor finaliza a produção, e o cartão de requisição é retirado e enviado com o 
componente para o setor requisitante; 
• o produto ou a caixa do produto, e o kanban devem movimentar-se pela fábrica 
como um par, isto é, não podem circular caixas sem kanban e kanban sem caixas. 
Os pilares do toyotismo são: 
• Just-in-time (JIT) (fala-se “djãs tin taime”): significa, literalmente, “no 
momen- to exato”. Trata-se de uma técnica de organização do espaço-tempo 
nas empresas. Seu objetivo é tornar a produção e a distribuição de 
mercadorias mais dinâmicas. Nesse processo, a produção ocorre de acordo 
com a demanda e as empresas não acumulam estoque. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e 
Trabalho: 8º ano/3º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013. 
 
• Autonomação: mais conhecido como Controle de Qualidade Total. É assim 
chamado porque se exige que haja um controle de qualidade autônomo. Essa 
estratégia elimina a supervisão do trabalho e das peças produzidas, por exemplo. 
Parece simples e lógico, mas é preciso compreender em que isso resulta: cada um é 
responsável pelo que deve ser feito e pressupõe-se que haja um trabalho em 
equipe. Se alguém está com dificuldades, o colega o ajuda. Uma fábrica de auto- 
móveis no Brasil chegou a gravar um código na peça fabricada que indicava quem era 
o operário que a havia feito. Se a peça apresentasse problema, o funcionário seria 
diretamente responsabilizado. 
• Kanban: é o sistema de informações que alimenta a produção e a entrega. Com o 
uso de cartões coloridos, cada cor indica uma situação. Por meio desse método, 
 
fabrica-se na quantidade e no tempo certos (ou just-in-time) e, ainda, evitam-se 
desperdícios. 
 
Veja as principais diferenças: 
 
Fordismo Toyotismo 
 
• Produção em série de um mesmo produto 
• Produção de muitos modelos em pequenas 
quantidades 
• Produção conforme a demanda 
 
• Grandes estoques de produtos 
• Estoque empurrado 
• Estoque mínimo; só se produz o que é 
vendido 
• Estoque puxado 
• Especialização: um homem opera uma 
máquina 
• Produção em linha 
• Polivalência: um homem opera várias 
máquinas 
• Produção em célula 
Essa nova organização do trabalho resultou na diminuição do tempo de fabricação de, 
por exemplo, um automóvel: eram necessárias 19 horas para produção de um veículo no 
Japão, enquanto, na Europa, a produção ainda demorava 36 horas. Por volta de 2010, em 
uma determinada fábrica de automóveis no Brasil, eram produzidos 34 carros por hora. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e 
Trabalho: 9º ano/4º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013. 
 
Esse conjunto de mudanças, que em países como Estados Unidos, França, Alema- 
nha e Japão aconteceu com mais intensidade nos anos 1980, chegou com força ao 
Brasil na década de 1990. Pelas características históricas e políticas do País, que 
concede amplos benefícios ao capital privado, as mudanças aconteceram de forma 
mais intensa para as empresas, movidas pela busca da redução de custo e do aumen- 
to da competitividade. A corda rompeu-se do lado dos trabalhadores, que foram 
demitidos em massa. 
Se a ordem era a redução de custos, as empresas adotaram também a terceirização 
de várias etapas da produção. Com o modelo toyotista, as empresas passaram a se 
concentrar apenas em sua atividade principal, terceirizando todas as outras seções 
e serviços, como veremos no próximo tópico. 
 
A terceirização 
Outra forma de trabalho em que os trabalhadores têm perdido seus direitos surgiu 
 
há alguns anos e ganhou força especialmente nas últimas décadas. Trata-se da 
terceirização, na qual o trabalho é formal, mas há perda significativa de direitos. 
 
 
Por exemplo: os bancários. Essa categoria profissional, graças à sua organização e à 
ação dos sindicatos, conquistou direitos que vão além do que consta na Consolida- 
ção das Leis do Trabalho (CLT). Entre eles, estão: a participação na determinação 
do valor do vale-refeição, o benefício do seguro-saúde, a existência de um piso sa- 
larial da categoria etc. Por essas e outras razões, os bancos, a partir da década de 
1990, passaram a terceirizar serviços e, por consequência, demitir bancários. 
Você deve estar pensando: Mas alguém vai continuar fazendo o mesmo serviço? Sim, 
vai. No entanto, as empresas que passam a prestar serviços aos bancos vão contratar 
pessoal com salários menores e, como não são bancários, não possuem os mesmos 
direitos que os demais trabalhadores da categoria conquistaram. Assim, o serviço 
prestado pode ser mais barato e, com isso, os bancos conseguem reduzir seus custos. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e 
Trabalho: 6º ano/1º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2011. 
 
Atividade 4 
4 
 
Na atividade 2, você e o grupo analisaram o taylorismo e discutiram seus principais 
aspectos. Vamos agora conversar sobre os aspectos do toyotismo. Individualmente, 
responda: 
 
1. Quais são as características do toyotismo? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. O que é terceirização? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 A terceirização significa sempre não ter carteira assinada? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Quais são as vantagens e desvantagens da terceirização para empregadores e 
empregados? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Qual é a relação que se pode estabelecer entre toyotismo e terceirização? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terminamos esta Unidade com uma tirinha que retrata o trabalho na linha de 
montagem. Procure refletir sobre ela com base no que estudou. 
 
 
 
 
 
 
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 UNIDADE 3 
O fenômeno da 
globalização 
Você estudou até aqui as formas de organização do trabalho, 
que se alteram no decorrer da História, mas guardam entre si 
algumas características. 
Se o toyotismo se impôs, a partir dos anos 1980, como uma 
nova forma de organizar o trabalho, é importante destacar, 
entretanto, que essa forma de organização não se instalou em 
todo tipo de produção. Mas sua “filosofia” foi rapidamente 
incorporada pelas empresas, em parte, em razão da globalização. 
Empregue a chamada “técnica do cochicho”: converse com o 
colega ao seu lado e troquem ideias sobre o que compreendem 
por globalização. Em seguida, apresentem suas considerações 
à classe. 
 
As crises dos anos 1970 
A partir dos anos 1970, o mundo passou por muitas mudanças, 
reforçadas pela rápida industrialização em alguns dos países 
então em desenvolvimento, como o Brasil. Além disso, houve 
a concentração de capitais e o aumento da capacidade tecnoló- 
gica nos países desenvolvidos, que abrigavam as matrizes das 
principais indústrias, as quais instalaram suas filiais por todo o 
planeta e, dessa forma, as economias se internacionalizaram 
cada vez mais. 
Apesar desse crescimento econômico e industrial, ainda no fim 
dos anos 1960 surgiram as primeiras evidências de crise nos 
Estados Unidos, país com maior concentração de investimentos, 
capacidade de inovação, expansão e consumo. Para garantir sua 
 
superioridade no cenário internacional, esse país despendeu 
muitos recursos. 
 
 
 
Na década de 1970, os EUA enfrentaram a inflação e o 
desemprego, o que ocorreu particularmente a partir da 
crise do petróleo em 1973. Isso porque o petróleo era a 
principal matéria-prima da indústria capitalista desde 
a 2a Revolução Industrial, fosse como fonte de 
energia do mundo moderno, fosse como base para a 
fabricação de plástico, gasolina e outros produtos 
químicos e far- macêuticos. Gerou-se, no período, 
uma das primeiras instabilidades financeiras do dólar, 
que, desde o final da 2a Guerra Mundial, tornara-se a 
moeda-padrão nas re- lações comerciais 
internacionais. 
Devido ao apoio dos EUA a Israel na guerra árabe- 
-israelense em 1973, os árabes, que controlavam a 
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), 
impuseram um forte aumento no preço do petróleo como 
forma de retaliação. O preço do barril, que oscilara 
entre 1 e 3 dólares, entre 1900 e 1973, passou para 15 
dólares em dois anos, abalando a estrutura de custos 
das indústrias por todo o mundo. Em uma crise 
posterior, em 1979, o preço do barril de petróleo 
chegou a atingir a marca dos 40 dólares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você sabia? 
A 2ª revolução indus- 
trial ocorreu no final do 
século XIX (19) e a principal 
inovação foi a substituição 
do vapor pela eletricidade 
e petróleo e seus derivados 
no processo de produção. 
O uso do aço, no lugar do 
ferro, e o motor a combus- 
tão trouxeram maior dina- 
mismo às indústrias. 
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Essas crises em relação ao preço do petróleo estiveram associadas ao fato de 
que o controle de produção e distribuição era monopolizado por empresas 
estadunidenses e europeias que atuavam no Oriente Médio, as quais sempre 
contaram com grande poder na Opep. Parte das empresas que exploravam 
petróleo em muitos países dessa região não eram nacionais. Assim, o 
aumento do preço do barril foi bom, por exemplo, para empresas petroleiras 
internacionais que lá operavam. Mesmo na atualidade, com a atuação da 
Opep, empresas internacionais mantêm relações estreitas com go- vernos de 
países da região, influenciando na definição do preço do barril. 
 
A globalização 
Você estudou que, a partir dos anos 1970, a economia e a política passaram por 
rápidas e profundas mudanças que contribuíram para o processo de globalização. 
Esse termo indica uma integração intensa dos mercados – ou seja, das relações in- 
ternacionais –, dos meios de comunicação e dos transportes, principalmente em 
razão dos avanços tecnológicos da segunda metade do século XX (20) emdiante. 
A globalização pode ser compreendida por vários ângulos, entre eles o econômi- 
co. Esse fenômeno tem como características fundamentais as mudanças tecnoló- 
gicas e a sua distribuição desigual por todo o mundo, os novos processos de 
produção nas indústrias e um forte aumento na exportação e importação 
de mercadorias, bem como um intenso fluxo de produtos e de capitais (dinheiro) 
pelo mundo. 
Contudo, é importante entender que a globalização não é um fenômeno simples- 
mente econômico. Ela afeta questões políticas, sociais e, sobretudo, a produção. 
No que se refere à produção, as grandes corporações multinacionais passaram a 
procurar países ou regiões onde os custos de produção total (de determinado pro- 
duto) ou parcial (de partes ou componentes) fossem inferiores aos dos locais em que 
estavam até então instaladas. Desse modo, elas obtiveram custos finais inferiores e, 
como resultado, maior competitividade ou maiores lucros. 
Esta prática, denominada offshoring, permite, assim, que um determinado produto 
seja composto por componentes produzidos em países diferentes, que apresentem o 
menor custo de produção para certa peça ou componente específico e que sejam 
reunidos e montados em outro país, onde a montagem seja mais barata. Todo esse 
processo depende, naturalmente, do fato de que os custos logísticos na movimen- 
tação desses componentes – por exemplo, de transporte, de armazenamento etc. – 
 
sejam inferiores à diferença de custos de produção entre um país e outro. 
Tecnologias em tempos de globalização 
A globalização é marcada pela aliança entre ciência e tecnologia a serviço das grandes 
empresas. Como consequência, assistimos ao desenvolvimento de importantes ino- 
vações, como a energia nuclear, a engenharia genética, os avanços na química e na 
engenharia de materiais, as telecomunicações (satélites, fibra óptica etc.) e a infor- 
mática. Os avanços tecnológicos da segunda metade do século XX (20) invadiram 
todos os setores da economia, com maior ou menor intensidade e impacto crescen- 
te no cotidiano das pessoas. Com a microeletrônica, não apenas muitas fábricas 
foram robotizadas, mas cada vez mais os objetos tecnológicos começaram a fazer 
parte do dia a dia das pessoas: dos relógios digitais da década de 1970 aos tablets 
do século XXI (21). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A internet, por exemplo, revolucionou a maneira de trocar e divulgar 
informações, facilitando o trabalho. De maneira geral, as pessoas têm cada vez 
mais acesso à internet, mesmo sem ter conexão em casa, pois podem utilizá-la 
nos centros instalados pelas prefeituras ou governos estaduais, em lan houses e 
outros estabelecimentos, além da disponibilidade por telefones celulares. 
 
Atividade 1 
aSpectoS tecnológicoS da globalização 
 
No mundo atual, a rápida difusão da informação proporcionada pelo avanço tec- 
nológico permite que acontecimentos ocorridos em diferentes partes do planeta 
sejam transmitidos em tempo real, como o ataque às torres gêmeas nos EUA, em 
2001, o tsunami na Tailândia, em 2004, e o terremoto no Haiti, em 2010. 
Pensando nisso, com base no texto apresentado anteriormente e no que você já es- 
tudou, responda às questões a seguir. 
 
1. De que forma você acha que esses avanços tecnológicos encurtaram distâncias e 
tempo? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Quais repercussões você acredita que esses avanços trouxeram para as relações 
mundiais? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Você considera que a globalização e o maior acesso à informática permitiram às 
pessoas, atualmente, serem mais bem informadas? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Será que todas as pessoas realmente têm acesso a todas as informações que cir- 
culam nos meios de comunicação? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Você já escutou a expressão “sociedade da informação”? Em sua opinião, como 
ela pode ser entendida no contexto da globalização e das mudanças tecnológicas 
que marcaram o mundo nas últimas décadas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As empresas na globalização 
A crescente concorrência e a consequente necessidade de reduzir custos levaram as 
empresas a ampliar seu leque de atuação em diferentes continentes, partindo, sobre- 
tudo, para os países subdesenvolvidos. Eles comumente oferecem mais facilidades 
para instalação, como a concessão de incentivos fiscais e o favorecimento para obten- 
ção de terrenos para implantação de fábricas; e para a contratação de trabalhadores 
com baixo custo de mão de obra, geralmente decorrente de altos índices de desem- 
prego e baixa qualificação profissional dos trabalhadores. 
 
 
 
 
Além disso, essas empresas também investem em inovação e tecnologia, financian- 
do centros de pesquisa localizados nos países desenvolvidos, com laboratórios e 
universidades envolvidos nessas atividades. Esses países são os que mais 
investem em educação. Ao mesmo tempo que esse avanço tecnológico possibilita 
às empresas maior concentração de riquezas, também provoca a redução do 
número de empre- gados que nelas trabalham. 
As grandes corporações, além de controlar a produção de bens de alta tecnologia 
(como computadores, equipamentos de telecomunicação, aviões, remédios, vacinas 
etc.), dominam os mercados, os fornecedores para suas indústrias, as patentes e a 
inovação. 
Assim, os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento ficam dependentes dessas 
grandes corporações no que diz respeito aos investimentos e à importação de pro- 
dutos e serviços. Além disso, tais produtos, quando importados, são mais caros do 
que os exportados, e, quando produzidos localmente, implicam remessas de 
lucros e pagamentos de licenças de produção às matrizes no exterior, em ambas as 
situações desfavorecendo a economia dos países subdesenvolvidos frente à dos 
países ricos. 
A globalização financeira na América Latina 
Mas a globalização não se limita à indústria e ao comércio. A globalização finan- 
ceira é um fenômeno importante que vem ocorrendo com maior intensidade desde 
as últimas décadas do século XX (20) e se caracteriza pela circulação de capital 
entre os países, ou seja, pelos fluxos internacionais de capital. De início concentra- 
dos especialmente nos países desenvolvidos, esses fluxos se intensificaram e expan- 
diram-se para todo o planeta, tornando-se o principal motor da economia mundial. 
Veja que essa lógica mundial afeta os países em desenvolvimento, como o Brasil, 
que têm investido em obras de infraestrutura e de transporte. Esse tipo de investi- 
mento fornece melhores condições para as transações comerciais de importação e 
de exportação. 
Por um lado, isso aconteceu graças aos avanços tecnológicos na área de telecomu- 
nicações, que permitiram aos investidores aplicar recursos em empresas do mundo 
todo sem sair de seus países de origem. Além disso, transformações no sistema fi- 
nanceiro mundial promoveram alterações nas regras que permitiram que valores 
circulassem em meio digital, pois, anteriormente, a transferência de dinheiro de um 
país para outro era realizada, principalmente, em espécie. Ainda assim, a maior 
parte dos investimentos continuou partindo de grandes companhias e instituições 
financeiras sediadas nos países desenvolvidos. 
 
 
 
Por outro lado, a expansão dos fluxos de capital se deu em virtude dos investimentos 
estrangeiros em determinados países de economiaperiférica que passaram a ser de- 
finidos no âmbito mundial como países emergentes, em função dos interesses desses 
investidores internacionais. Na América Latina da década de 1990, por exemplo, o 
Fundo Monetário Internacional (FMI) firmou acordos econômicos com os governos 
do Brasil, da Argentina e do México, nações então com altas dívidas e com políticas 
econômicas que previam a abertura de suas economias ao capital estrangeiro. 
Em um primeiro momento, no entanto, os investimentos diretos nesses países 
restringiram-se majoritariamente a aplicações em bolsas de valores (investimentos 
especulativos), que ofereciam oportunidades de lucro no curto prazo. Os benefícios 
desse tipo de negociação ficavam, sobretudo, para os países desenvolvidos, que, além 
de lucrar, vendiam suas ações ao menor sinal de instabilidade econômica, causando 
danos financeiros importantes às nações emergentes. 
Do ponto de vista dos países emergentes, esse quadro se alterou quando foram 
criadas condições para atrair investimentos produtivos dos países desenvolvidos, 
como a implantação de filiais de empresas multinacionais, a compra de empresas 
nacionais e a privatização de setores estratégicos. No final do século XX (20), o 
Brasil optou por privatizar empresas dos setores de mineração e, principalmente, 
toda a infraestrutura de geração e distribuição de energia elétrica, telecomunicações 
e transportes; o setor financeiro também se abriu ao mercado internacional, inclu- 
sive com a privatização de bancos. Para isso, o País flexibilizou as regras para receber 
em seu território companhias estrangeiras, cobrando delas menos impostos e ofere- 
cendo-lhes ainda outras vantagens financeiras, a exemplo da possibilidade de pagar 
salários menores que aqueles vigentes em seus países de origem. 
No entanto, para garantir sua competitividade em escala mundial, parte dessas 
empresas multinacionais instituiu políticas que levaram ao crescimento da flexibi- 
lização das relações de trabalho, fosse pelo aumento do trabalho informal, fosse pela 
expansão da terceirização, soluções que oferecem menores custos às empresas e 
menos benefícios aos trabalhadores. 
A população dos países que fizeram tal opção política vivenciou a ampliação da 
precariedade dos vínculos trabalhistas, maior instabilidade nos empregos e crescente 
vulnerabilidade social diante das mudanças econômicas e políticas internacionais. 
Aumentou também a pobreza, em razão da redução de investimentos sociais e do 
fechamento de fábricas nacionais incapazes de concorrer com os produtos importados. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia 
(Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. Geografia, História e 
Trabalho: 8º ano/3º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2013. 
 
 
 
 
Atividade 2 
globalização e (deS)igualdade Social 
 
1. Leia a frase a seguir. 
 
[...] as pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando 
a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a 
igualdade os descaracteriza. 
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos 
humanos. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 48, jun. de 1997. p. 30. 
 
2. Agora, observe a charge do ilustrador Angeli. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. Em grupo, discutam, seguindo o roteiro: 
a) O que é globalização? 
 
 
 
 
 
 
b) A frase lida e a charge observada estabelecem relação com o fenômeno da globa- 
lização? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
c) A globalização alterou o modo de vida das pessoas? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
d) E no trabalho, quais foram, na opinião do grupo, os efeitos causados pela globa- 
lização? 
 
 
 
 
 
 
 
 
e) Recupere as respostas sobre a globalização que você elaborou ao iniciar esta 
Unidade. Observe: Ela foi alterada após o estudo do tema? Debata com seus 
colegas a respeito. 
 
Atividade 3 
aSSiM é...Se lhe paRece 
 
Vamos finalizar esta Unidade realizando uma reflexão com base na ilustração de 
Nelson Leirner sobre a globalização, que você verá na próxima página. 
 
 
 
 
 
 
 
 
© Nelson Leirner. Assim é se lhe parece, 2003. 110 cm x 200 cm. 
Foto: © Galeria Bolsa de Arte/Porto Alegre 
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1. Observe os detalhes em cada continente. 
2. Qual legenda você daria para essa ilustração? 
 
 
3. Escreva uma redação inspirando-se na ilustração e com base no que estudou na 
Unidade. Não se esqueça de dar um título ao texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIDADE 4 
O mercado de trabalho 
Quando se fala em almoxarifado e estoque, o que vem à sua mente? É possível que 
você pense em quais são os papéis que os trabalhadores dessa área desempenham, no 
que é necessário conhecer para desempenhar a ocupação de almoxarife, em como se dá 
a organização das mercadorias, se as funções exercidas por esse profissional se 
alteram, de um local para outro, conforme o tipo de empregador, entre outras questões. 
Para começar a refletir sobre o assunto, nesta Unidade você conhecerá quem são os 
possíveis empregadores desse profissio- nal no mercado de trabalho. 
 
As áreas de atuação 
Vamos pensar sobre os empregadores. A Classificação Brasileira de Ocupações 
(CBO) apresenta um resumo no qual estão registradas mais de 2 mil ocupações 
que existem no País, assim como dados sobre a qualificação necessária para o 
desempenho de cada uma, as atividades que compõem o trabalho desses 
profissionais etc. Caso você não a conheça, procure visitar o site do Ministério do 
Trabalho e Emprego, pois as informações oferecidas são muito úteis. 
Se você fizer uma pesquisa na CBO, verá que os tipos de em- pregador ou locais de 
trabalho para um almoxarife ou estoquista podem estar presentes em: 
• diversas empresas industriais; 
• no comércio; 
• no setor de serviços. 
Apesar de ser mais comum as grandes empresas oferecerem vagas nessa área, não se 
pode desconsiderar que pequenas e médias empresas também se beneficiam dos 
conhecimentos desses pro- fissionais. É grande a chance de que o trabalho desenvolvido 
seja diferente em cada tipo de estabelecimento em que poderão atuar. Por isso, a 
des- crição das atividades que consta na CBO é bastante ampla para poder 
contemplar as variações que ocorrem nas diversas alternativas de trabalho. De 
maneira semelhante, o porte das empresas também fará com que haja muitas 
diferenças no dia a dia do profissional. 
Então, lembre-se: no momento de buscar emprego, considere encaminhar seu 
currículo também para empresas de pequeno e médio portes, sabendo, de 
 
antemão, que o trabalho será diferente de acordo com o porte da empresa, assim como 
em relação ao setor de atividade ao qual pertence. Ainda que, em todas as situações, a 
base do trabalho seja a mesma, ela é composta de inúmeras fases, etapas ou processos 
interligados. Cada empregador tem suas particularidades e, conforme a colocação que 
obtiver, você pode- rá realizar outros cursos mais específicos na área em que quer 
atuar. 
Para uma boa formação, é importante saber que profissional você quer ser e quais 
são as possibilidades para ingressar nomercado de trabalho na área. Portanto, você 
pode começar esse percurso fazendo-se a seguinte pergunta: Onde eu gostaria de 
estar trabalhando daqui a quatro meses? Você se imagina trabalhando como auxi- 
liar de almoxarifado ou estoquista? Como você se vê? Onde estará trabalhando? São 
muitas as possibilidades e, certamente, você deve ter imaginado outras tantas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conferência: uma importante atribuição do almoxarife e do estoquista. 
 
 
O que diz o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre os 
profissionais que atuam em almoxarifado e estoque 
A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e Em- 
prego é um documento que orienta os empregadores a escolherem a forma correta 
de registrar os empregados nos postos de trabalho. 
É importante saber que, caso realize uma atividade mas está registrado em outra, ou 
registrado de forma incorreta, é possível recorrer à Justiça para fazer valer seus direitos. 
 
A CBO é atualizada de tempos em tempos, principal- mente porque o trabalho se 
altera com frequência e, assim, novas profissões e ocupações vão sendo criadas. 
Por exemplo, no passado não existiam profissionais da área de informática, pois 
eles foram surgindo com o de- senvolvimento tecnológico. 
No caso das ocupações de almoxarife e estoquista, o documento do Ministério 
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indica que elas requerem En- sino Médio completo e curso básico de qualificação. 
Veja que a função de almoxarife, assim como as demais ocupações, possui um 
código, e são várias as denominações que ela pode ter: 
 
 
A CBO informa que os profissionais que atuam nessa 
área devem: 
• recepcionar, conferir e armazenar produtos e materiais; 
• verificar notas fiscais; 
• descarregar produtos; 
• encaminhar materiais para armazenagem; 
• conferir quantidades; 
• checar códigos de barra e unidade de venda do pro- 
duto; entre outras. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação 
Brasileira de Ocupações (CBO). Disponível em: <http:// 
www.mtecbo.gov.br/>. Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
De forma resumida, a CBO indica como requisitos para esses profissionais: 
 
Almoxarife e estoquista 
Formação/qualificação 
profissional 
 
Atitudes pessoais 
 
Atividades profissionais 
 
 
Ensino Médio completo 
Qualificação básica 
Ser: 
Organizado 
Criativo 
Dinâmico 
Concentrado 
 
Classificar itens 
Armazenar, conforme 
características do produto 
Pesar produtos quando 
necessário 
Fonte: BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações 
(CBO). Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/>. Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
4141-05 - Almoxarife 
Auxiliar de almoxarifado, Conferente de mercadoria, Controlador 
de almoxarifado, Encarregado de estoque, Encarregado de 
expedição, Estoquista. 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classi- 
ficação Brasileira de Ocupações (CBO). Disponível 
em: <http://www.mtecbo.gov.br/>. Acesso em: 23 
abr. 2015. 
 
 
 
 
 
Você sabia? 
A descrição de cada ocu- 
pação da CBO é feita pe- 
los próprios profissionais 
da área. 
Dessa forma, há a garan- 
tia de que as informa- 
ções foram dadas por 
pessoas do ramo e que, 
portanto, conhecem bem 
sua ocupação. 
Você pode conhecer esse 
documento na íntegra 
acessando o site em casa 
ou no laboratório de in- 
formática. Disponível em: 
<http://www.mtecbo.gov. 
br>. Acesso em: 23 abr. 
2015. 
 
Antes de realizar a Atividade 1, leia as dicas a seguir para estudar melhor. 
 
 
Muita gente pensa que estudar é apenas uma questão de memorizar informações, que é um dom, uma 
atividade que todos nascem sabendo, que não precisa ser ensinada. Mas isso é um engano. O estudo é 
uma ação que requer técnica, e, portanto, exige um “saber fazer” que se aprende facilmente. 
Quando você tem de se preparar para fazer alguma prova ou concurso, ou decide ler para aprofundar-se 
em algum tema, é preciso realizar uma série de ações que envolvem diferentes formas de estudo. É 
necessário verificar e comparar anotações sobre o tema que está sendo estudado; buscar causas e con- 
sequências dos fatos, escrever textos, como roteiros, relatórios, resumos, comentários; ler e construir 
tabelas e gráficos; fazer pesquisas; participar eventualmente de debates e de mostras culturais. 
Todas essas formas de estudo, muito comuns no universo escolar, devem ser ensinadas e praticadas. 
Pode-se dizer que estudar, na escola, exige técnica e disciplina. Ter disciplina, ao contrário do que muitos 
pensam, ajuda a criar e recriar ideias em vez de apenas memorizá-las e repeti-las. Estudar textos não é 
repetir o que os outros dizem. 
Mas como fazer então? Vamos ver maneiras de estudar os textos que lemos, para aprender com eles, 
começando por distinguir tema de título. 
Tema e título 
Você já parou para pensar que tema e título são coisas diferentes? Que quando se pergunta “qual é o 
tema do texto?”, não se está perguntando qual é o título dele? 
Para que fique mais clara a diferença, você deve saber que tema: é o assunto sobre o qual o texto vai tratar; 
é a ideia que será desenvolvida no texto; é a resposta que damos à pergunta: “De que trata este texto?”. 
Já o título é um rótulo, um emblema, proposto pelo autor do texto. O título, apesar de se relacionar ao 
que é tratado no texto, não é propriamente o assunto, mas o que pode despertar no leitor a vontade de 
ler o texto. É uma frase geralmente curta, colocada no início; é uma referência ao que será abordado no 
texto; procura ser instigante, para atrair os leitores e, na maioria das vezes, não contém um verbo. 
Leitores grifam ou sublinham trechos de um texto por vários motivos. Para marcar o que chama a aten- 
ção ou o que consideram interessante, para destacar trechos relacionados a um objetivo específico de 
leitura, como encontrar uma informação, uma definição, um conjunto de argumentos ou conceitos. As 
razões para grifar podem variar, mas há algumas dicas que você pode colocar em prática sempre que for 
necessário grifar ou sublinhar um texto. As dicas são as seguintes: 
 
 
 
 
 
Atividade 1 
conhecendo o MeRcado de tRabalho 
 
1. Com base nas recomendações de estudo feitas no quadro apresentado, leia o 
texto a seguir. 
2. Sublinhe ou anote as palavras que não conhece para depois procurá-las no dicionário. 
3. Em um segundo momento, volte para a leitura e, grifando, destaque as ideias 
que considera mais importantes no texto. 
 
Almoxarifado: Qual a sua Importância na Empresa? 
 
O almoxarifado é o local responsável pela guarda de materiais, de forma organizada e 
sincronizada para que os produtos sejam dispo- nibilizados com agilidade sempre que 
solicitados. Este local, geralmente na maioria das empresas, é responsável por boa parte do 
investimento financeiro. Quando se pensa em almoxarifado, imagina-se um local grande e cheio 
 
• Antes de grifar, é fundamental ler o texto inteiro pelo menos uma vez. Quando você conhece o texto, 
fica mais fácil perceber como ele está organizado e o que precisa destacar de acordo com os 
objetivos de sua leitura. 
• Grife apenas o essencial, de preferência ideias completas. Mas evite grifar parágrafos inteiros, pois o 
grifo perde sua função se o texto está todo marcado. 
• Há parágrafos que têm a função de retomar ideias já apresentadas; outros apresentam exemplos. 
Nesses casos (ou quando há alguma repetição) não é necessário grifar as ideias, mesmo que tenham 
sido apresentadas de um jeito diferente. 
• É possível também grifar ou sublinhar apenas palavras-chave, ou seja, termos importantes.Mas nesse 
caso convém escrever na margem do texto as ideias completas que as palavras marcadas representam. 
Sentar-se para ler textos das diferentes disciplinas, para aprimorar os conhecimentos ou buscar informa- 
ções pode se tornar uma maneira prazerosa de fazer descobertas. Conhecendo e principalmente prati- 
cando alguns procedimentos de estudo, você poderá interagir mais com os textos que lê e aprender 
muito com eles. 
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e 
Tecnologia (Sdect). Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho. 
Arte, Inglês e Língua Portuguesa: 7º ano/2º termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Sdect, 2012. 
 
de objetos, com gente treinada e capacitada executando tarefas integradas e seguras. Mas, 
nem sempre essa é a realidade. Muitas vezes, o Almoxarifado transforma-se num local onde as 
coisas e as pessoas se perdem, sem sequer dar conta do mal que estão fazendo a si e à 
organização. 
 
Lopes, Souza e Moraes (2006) destacam que o almoxarifado é o local responsável pelo 
recebimento, armazenagem, expedição e distribuição dos materiais. Pode ser um local coberto 
ou não, com condições climá- ticas controláveis ou não, com alto nível de segurança ou não, 
tudo dependendo do tipo de material a ser acondicionado e das normas ne- cessárias para o 
correto acondicionamento, localização e movimentação. 
 
A função maior do almoxarifado é manter uma empresa sempre abas- tecida de seus bens de 
consumo, ou seja, fornecer de forma contínua e sem interrupção materiais e matérias-primas 
para as diversas uni- dades produtivas e administrativas da empresa. 
 
Todos nós somos capazes de avaliar os transtornos que as questões políticas trazem para o 
setor de compras, que é quem dá “oxigênio” ao almoxarifado. No entanto, não podemos 
deixar de estabelecer uma conduta capaz de defender, mesmo que minimamente, a questão 
de suprir as unidades daquilo que necessitam. 
 
Para que um almoxarifado funcione de forma confiável é necessário que exista acurácia, 
que é um substantivo, sinônimo de qualidade e confiabilidade da informação, cujo adjetivo 
“acurado” significa feito ou tratado com muito cuidado. Para a logística o mesmo possui o 
seguinte significado: “Grau de ausência de erro ou grau de conformi- dade com o padrão”. 
Manter corretas as informações sobre saldos em estoque é um dos grandes desafios mais 
ainda quando buscamos trabalhar com níveis enxutos e com elevadas frequências de 
acessos, isto é, mais e mais recebimentos e apanhes, isto aumenta o risco da imprecisão 
nos registros das respectivas transações. 
 
A correta gestão de um almoxarifado implica na aplicação de métodos modernos de gestão de 
estoques no almoxarifado que podem auxiliar 
 
A empresa, permitindo redução de custos e melhor 
realização dos serviços prestados. Desta forma é 
importante analisar e repensar qual a melhor forma de 
gerir seu almoxarifado, além de ter sempre o con- trole 
de todos os processos utilizando da TI. 
NOGUEIRA, Amarildo. Almoxarifado: Qual a sua 
importância na empresa? 28 mar. 2011. Disponível em: 
<http://amarildonogueira.com.br/site/almoxarifado- 
qual-a-sua-importancia-na-empresa/>. 
TI: Sigla que significa Tecno- 
logia da Informação, ou seja, 
a informática aplicada –: no 
caso das empresas, tanto nas 
áreas administrativas quanto 
na de produção. 
 
Atividade 2 
Reconhecendo MeuS conheciMentoS 
 
Reconhecer os conhecimentos acumulados ao longo da vida é um passo 
importante para elaborar um currí- culo e para a busca de um novo emprego. As 
questões a seguir podem ajudá-lo nesse processo. 
Etapa 1 
Vamos começar pensando sobre quem somos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Auguste Rodin. O pensador, 1903. Museu Rodin, Paris, França. 
 
 
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1. Observe a escultura O pensador, do artista francês Auguste Rodin (1840-1917). 
Essa escultura é feita em bronze e é famosa em todo o mundo. Repare nas formas 
do homem, em como os músculos aparecem. Ele está relaxado ou tenso? Qual é 
o sentimento que a obra transmite para você? 
 
 
 
 
 
 
2. Agora, você será “o pensador” ou “a pensadora”. Segue um roteiro de perguntas 
que ajudará a organizar as ideias sobre você. 
a) Quem sou eu? 
 
 
 
 
 
 
b) Como eu acho que sou? Como eu me vejo? 
 
 
 
 
 
 
c) Quais são as minhas principais qualidades? 
 
 
 
 
d) O que dizem as pessoas quando me elogiam? 
 
 
 
 
e) O que eu faço que todos gostam? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade 3 
 
A balança da vida 
 
Vamos trocar ideias com cinco colegas. Cada um se apresenta aos demais, contan- 
do as respostas que deu ao roteiro da atividade anterior. A ideia aqui é uma conver- 
sa franca, pois todos temos qualidades e defeitos. O importante é o respeito mútuo 
entre colegas. Como será sua balança? Por isso, vamos contar ao grupo quem somos 
e ouvir quem eles são. Atente às histórias dos colegas: conhecer o que as pessoas 
pensam nos ajuda a entender melhor quem somos! 
 
1. O exercício é vasculhar as memórias. Pense nelas relacionando-as com aspectos 
dessa ocupação que você começa a aprender. Por exemplo: “Eu gostava de guar- 
dar as compras do mercado para os meus pais”. Esse é um exemplo de um lado 
seu importante para o profissional do almoxarifado ou estoquista: a organização 
de produtos e o hábito do planejamento. 
No quadro a seguir, liste lembranças que indicam características pessoais que podem 
servir ao trabalho na área, ao lado do ano em que aconteceu cada um dos fatos, 
conforme exemplo: 
 
Quadro 1: Lembranças 
Ano Fato importante 
1975 Eu organizava os produtos a serem comercializados na feira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Agora que você se lembrou de diversos fatos da sua vida, indique experiências 
profissionais relacionadas à área: podem ser cursos que já fez, coisas que gosta de fazer 
 
(mesmo que não ganhe dinheiro ou cobre por elas), algo que faça bem, ou que as 
pessoas achem que você faz bem. Veja, novamente, um exemplo na pri- meira linha 
do quadro. 
 
Quadro 2: Minhas experiências de vida vinculadas à estocagem 
 
Experiência 
 
O que precisei fazer? 
O que foi fácil nessa 
experiência? 
O que foi difícil 
nessa experiência? 
Organizar a mudança 
de um vizinho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao preencher esses quadros, você foi percebendo que já fez muita coisa nessa área e 
que, também, sabe fazer bem várias outras. 
Atividade 4 
 
atividadeS na áRea de alMoxaRifado e eStoquiSta 
 
Depois de realizado o balanço de vida e de conhecimentos, vamos aprofundar essa 
discussão sobre o que é preciso saber para atuar na área de logística. 
 
Etapa 2 
 
1. Em um grupo de cinco pessoas, discutam sobre o que 
vocês acham que um profissional da área deve saber 
fazer. Procurem organizar as ideias de forma a 
completar as seguintes frases: 
a) Um almoxarife deve saber... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) Um almoxarife precisa usar... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Um almoxarife necessita cuidar... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
d) Um profissional que atue no almoxarifado ou no es- 
toque deve... 
 
 
 
 
 
 
2. Agora que você discutiu com o grupo sobre o que o 
profissional de almoxarifado e estoque deve saber, é 
hora de pensar sobre o que você sabe. Relacione os 
itens que elencaram e analise: O que você sabe fazer 
bem, relativamentebem, ou ainda não teve a 
oportu- nidade de aprender? Vá marcando um “x” 
na coluna apropriada. Veja um exemplo na 
primeira linha da tabela da página seguinte. 
 
 
Agora que você já refletiu sobre 
suas características pessoais e 
profissionais, é importante que 
organize seus documentos e seus 
certificados para começar a 
organizar seu currículo. 
 
 
 
Item Faço bem Relativamente bem Não sei fazer 
Organizar listas de 
compras 
 
X 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Unidade 5 
Almoxarife: tesoureiro 
do rei? 
Você refletiu até agora com a classe sobre suas características 
pessoais, profissionais e talvez tenha feito a pergunta: Por que 
optei por uma formação ocupacional em almoxarifado e estoque? 
Seria pela ampla oferta de emprego e, portanto, possibilidade 
de ingressar ou reingressar no mercado mais rapidamente ou 
quem sabe até para mudar de atividade de trabalho? Seja por 
uma ou outra razão, provavelmente você tem uma ideia de como 
é a atividade desse profissional. 
Vamos iniciar respondendo às perguntas: O que é o al- 
moxarifado? O que é um estoque? 
 
O almoxarifado tem história 
A palavra almoxarifado, além de designar depósito para 
estocagem de qualquer coisa que se queira guardar ou 
estocar, tem outro significado na língua portuguesa: em 
Portugal, na Idade Média, e, por consequência, também 
no Brasil, após a tomada do território brasileiro pelos 
portugueses, os almoxarifados eram regiões geográficas 
do reino, que era assim dividido tendo em vista a admi- 
nistração fiscal e o recolhimento de impostos. 
 
Atividade 1 
inteRpRetando a hiStóRia 
 
Relembre o que estudou sobre as formas de leitura que auxiliam na compreensão do 
texto e, individualmente, leia o texto a seguir sobre as origens do almoxarifado. 
Observe que há palavras que, além de serem escritas em português de Portugal, 
tiveram sua grafia modificada ao longo da história. Lembre-se, também, de 
destacar as palavras que desconhece e procurá-las no dicionário. 
 
Almoxarifado: 1. Depósito 
de objetos, matérias-primas 
e materiais pertencentes a 
um estabelecimento público 
ou privado; 2. Função ou car- 
go de almoxarife; 3. Área de 
jurisdição do almoxarife. 
© Dicionário Aulete. 
<www.aulete.com.br> 
 
 
[...] Mas independentemente da sorte das armas, o esforço de guerra tinha que ser pago. As 
Cortes de Évora de 1475 haviam dado autori- zação para a Coroa obter do reino um 
financiamento (três pididos, na linguagem do tempo). O rei pediu muito; até os privilegiados 
pagaram, o que só acontecia em circunstâncias excepcionais. [...] 
 
Quando D. Afonso V regressou da sua patética viagem a França, já não havia um real. Se o reino 
fosse atacado não podia defender-se. Uma vez mais, havia que convocar Cortes e pedir 
dinheiro ao Reino. [...] 
 
Costa Lobo publica um documento (Outorga pelas Côrtes de 1478 de um pedido de sessenta 
contos de reaes para a defensão do Reino, Côrtes, Maço 2.°, n.° 19) que é expressivo no que 
toca às duras ne- gociações que por certo decorreram, ao carácter excepcional do pe- dido e 
às cedências a que o rei e o príncipe foram constrangidos: 1 
– no imposto entrariam não apenas os contribuintes habituais, mas também “todollos 
priuiligiados vassallos caualeiros e fidallguos posto que de mym tenham teemças de dez mil 
reaees pera baixo”; 2 – a ‘experiência’ não era para repetir (“eu e o dicto prinçepe meu filho 
ouuessemos de prometer como loguo prometeemos per nossa fé reall e mamdamos aos 
que de nos descemderem sob pena de nossa beemçam e malldiçam que nunca requereremos 
em alguum teempo semelhante seruiço por trebuto nem emposiçam...”) [...] Iria Gonçalves 
descreve os aspectos essenciais do processo de cobrança: prazos para a conclusão, quem ficava 
isento, quais os funcionários responsáveis. A autora explica que, em cada unidade média ou 
grande (vila, cidade ou almoxarifado), deviam ser nomeados quatro oficiais: um lançador, 
Um recebedor, um escrivão e um escrivão do povo; este último, como a designação sugere, era 
de eleição local, pertencendo os três primeiros, em princípio, ao almoxarifado régio da 
zona. 
COELHO, Maria Helena da C.; DUARTE, Luís Miguel. A fiscalidade em exercício: o pedido dos 60 milhões no 
almoxarifado de Loulé. Revista da Faculdade de Letras: História. v. 13, 1996, p. 206. Disponível em: 
<http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2161.pdf>. 
Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
 
 
 
 
 
1-Responda: 
a) Qual é a ideia principal do texto? 
 
 
 
 
 
 
 
 
b) O que era o almoxarife nesse período? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O almoxarife no Brasil 
 
 
 
 
 
Leia os trechos a seguir sobre a história do almoxarife no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
Você sabia? 
A palavra almoxarifado, 
derivada de “almoxarife”, 
tem sua origem em uma 
palavra árabe (al-muxarif) 
que significa “nobre”, 
“honrado”, “tesoureiro”. 
 
Também no Brasil o almoxarife era a pessoa encarregada do recebimento dos tri- 
butos à Coroa Portuguesa. Mas aqui havia uma repartição que os englobava, a 
Provedoria da Fazenda Real. O provedor era seu superior e era também o titular de 
outros serviços, como alfândega, além da contadoria e da tesouraria. Por essa razão, 
os almoxarifes não tinham no país a mesma importância que tinham no reino de 
Portugal; além disso, inicialmente eram ligados aos feitores, os quais administravam 
os trabalhadores que atuavam na extração do pau-brasil e nas operações de carga e 
descarga de mercadorias em navios. 
Mais adiante, no século XVII (17) se separariam dos feitores e, a partir dessa época, 
seu trabalho se restringiria à arrecadação e guarda de valores e de outros bens. No 
século XVIII (18) tornaram-se os administradores dos Armazéns Reais. 
Existem registros da época que indicam a existência de diversos almoxarifados: 
• o de São Vicente, provavelmente instalado em 1532 (fonte: AZEVEDO MAR- 
QUES, Apontamentos Históricos, Geográficos, Biográficos, Estatísticos e Noti- 
ciosos da Província de São Paulo, 2:326); 
• o da Vila do Espírito Santo, em 1534 (fonte: OLIVEIRA, História do Espírito 
Santo, 38); 
• o de Bertioga, em 1550 (fonte: DHBN, 35:165); 
• da Torre de São Sebastião de Itaparica, em 1690 (fonte: ABN, 75:310); 
• de Itamaracá, em 1714 (fonte: CMBN, 3:478 e 508); 
• de Fernando de Noronha, em 1749 (fonte: ABN, 28:473); 
• do Juízo da Provedoria da Vila de Itu, em 1756 (fonte: RIHGB/AHU/SP, 5:194). 
Fonte: BRASIL. Receita Federal. Almoxarifados. Disponível em: <http://www.receita.fazenda. 
gov.br/Memoria/administracao/reparticoes/colonia/almoxarifados.asp.> Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
 
 
 
 
 
Se você tiver a curiosidade de conhecer mais sobre esse assunto, acesse o site da Receita Federal, 
onde você poderá conhecer um pouco da história dos impostos no país, que mostram os ciclos da 
economia, como o do pau-brasil, do ouro, da borracha etc. Saberá, por exemplo, que a atividade fiscal, 
a cobrança de tributos, iniciou-se decorridas apenas três décadas da chegada dos portugueses à 
América, em 1534, quando foram criadas as Provedorias da Fazenda Real. Mas que antes, ainda, em 
1503, um enviado da Coroa Portuguesa veio para criar uma feitoria da Fazenda Real: era necessário 
organizar o envio do pau-brasil para Portugal. 
Fonte: BRASIL. Receita Federal. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mapa do Brasil de 1519, Lopo Homem. 
 
Os ArmazénsReais eram destinados ao: 
 
Depósito de armas, munições, fardamento, ferramentas, alimentos, 
equipamentos náuticos e outras mercadorias, destinadas ao uso das 
forças militares da Coroa ou mesmo de repartições civis, que existia 
nas sedes das capitanias e em povoações estrategicamente localizadas 
no interior ou no litoral. Era habitualmente chefiado por um almoxa- 
rife e muitas vezes estava instalado dentro de fortificações militares. 
[...] 
BRASIL. Receita Federal. Armazéns. Disponível em: <http://www.receita.fazenda. 
gov.br/Memoria/administracao/reparticoes/colonia/armazens.asp>. 
Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
Como se vê, parte dos primeiros almoxarifados do Brasil, com o significado que 
têm hoje, foi construída com objetivos estritamente militares. A Coroa Portuguesa, 
logo após 1500, preocupou-se em instalar feitorias e organizar expedições, com a 
finalidade de proteger o território contra estrangeiros. Anos mais tarde, em 1534, 
foram criadas as capitanias hereditárias, quando foram divididas e distribuídas as 
terras, e a seus donatários coube o comando de tropas militares – também com o 
objetivo de proteger o território. Tomé de Souza, que em 1548 foi nomeado o pri- 
meiro governador-geral, trouxe consigo em torno de 400 soldados, fato que exigia 
a guarda e o suprimento de armas, munições, fardamentos, equipamentos, alimen- 
tos etc., criando, provavelmente, um dos primeiros almoxarifados propriamente 
ditos do País. 
 
 
 
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Brasil antes da invasão portuguesa 
O Brasil, antes da invasão portuguesa, era habitado por diversas etnias indígenas. 
O período anterior à chegada dos europeus é comumente chamado de pré-cabrali- 
no, ou seja, antes de Pedro Álvares Cabral. Sobre esse período, nem sempre existem 
informações que nos apresentem os fatos importantes ocorridos na história das 
inúmeras tribos indígenas, ao contrário da história que se estuda nos livros didáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mulher da tribo tupinambá. Albert Eckhout. 
Índia Tupi, 1641. Óleo sobre tela, 274 cm x 
163 cm. Museu Nacional da Dinamarca, 
Copenhague, Dinamarca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ritual de oferenda das frutas, povo indígena Barasano. Manaus (AM). 
 
 
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Partes da história dos povos índigenas vêm sendo descobertas por meio de pesqui- 
sas desenvolvidas, principalmente, por historiadores, antropólogos, arqueólogos, 
etnólogos etc. Uma fonte importante de estudos sobre essas culturas são as diferen- 
tes línguas faladas ainda hoje pelos povos remanescentes, pois dão pistas sobre os 
ancestrais dos diversos grupos indígenas. 
São estudados, também, ritos, hábitos, costumes e festas eventualmente mantidos 
até hoje e que fornecem informações importantes sobre sua cultura. 
Na pesquisa sobre os povos que existiram no Brasil ainda muito antes dos índios, 
estudam-se fragmentos ou peças inteiras, encontradas em escavações arqueológicas, 
de ferramentas, utensílios, adornos, bem como pinturas rupestres e vestígios de 
fogueiras, plantações, animais, vegetais, peixes, moluscos etc., que revelam sua 
ocupação em diversos pontos do País. São os chamados sítios arqueológicos. Os 
estudos desses sítios têm indicado que a ocupação do território do País pelo homem 
pré-histórico iniciou-se há aproximadamente 60 mil anos. 
No Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, há indícios de ocupação existente há 
pelo menos 50 mil anos, continuamente mantida até o momento em que ocorreu 
o contato com o homem branco. O processo que revela essas descobertas é o de 
escavação cuidadosa, que vai revelando camadas de vestígios, intercaladas por outras 
de sedimentos depositados pela natureza após a desocupação – há situações em que 
existem várias camadas de vestígios de ocupação intercaladas pelas de sedimentos, 
mostrando que um mesmo sítio arqueológico foi habitado por diversos grupos em 
épocas diferentes, durante milênios. Em um dos sítios pode-se observar a existência 
de 15 diferentes ocupações que ocorreram no mesmo local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vestígios arqueológicos na Serra da Capivara, Piauí. 
 
 
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Um dos mais importantes sítios para o estudo dessas populações foi 
a Toca do Baixão do Perna I [...]. Uma sucessão de 6 níveis, sendo o 
mais antigo datado de 10.500 anos antes do presente, mostrou uma 
ocupação humana contínua, tendo o sítio servido de acampamento 
de maneira semipermanente, desde pelo menos há cerca de 12.000 
anos até 3.500 anos atrás. 
 
Uma grande quantidade de fogões caracterizava todos esses níveis. 
No solo, junto a eles, encontramos grande quantidade de pedra lascada 
e de vestígios da caça que aí foi assada: tatus, preás, mocós, aves, 
veados, roedores diversos. Restos de frutos e de folhas demonstravam 
a utilização de recursos vegetais; [...] entre 3.000 e 1.600 anos, 
encontramos vestígios de povos que viviam em aldeias redondas que 
compreendiam entre 10 e 11 casas elípticas, dispostas em volta da praça 
central. [...] Além de restos de potes de cerâmica, descobrimos mãos 
de pilão, discos polidos perfurados, machados lascados e semipolidos, 
machados polidos e tembetás de jadeíte [...]. 
 
De outro sítio arqueológico, Cana Brava, informa-se que: 
 
É possível formular a hipótese de que, por volta de 3.300 anos antes 
do presente, os ceramistas viviam em pequenos grupos e utilizavam 
vasilhames, uma forma de armazenagem já naquela época, de tama- 
nho pequeno com formas simples, porém com técnicas decorativas 
bastante aperfeiçoadas, de traços bem definidos e delicados, lascavam 
e poliam os seus instrumentos de pedra, e praticavam uma agricultu- 
ra que parece incipiente. 
FUNDAÇÃO MUSEU DO HOMEM AMERICANO (FUMDHAM). 
Patrimônio cultural. Disponível em: <http://www.fumdham.org.br/pcultural.asp>. 
Acesso em: 23 abr. 2015. 
 
 
 
 
 
Estes povos são classificados, quanto à forma encontrada para suprir suas neces- 
sidades alimentares, em caçadores-coletores e agricultores. Os povos mais antigos 
são os caçadores-coletores, que se alimentavam daquilo que conseguiam caçar ou 
coletar diretamente na vegetação, como frutos, raízes, tubérculos, mel e ovos. Os 
agricultores, que surgiram posteriormente, plantavam: alguns de forma incipien- 
te, como vimos, e outros, ao contrário, de forma intensiva. No sítio e no perío- 
do citados de 3 000 a 1 600 anos atrás, ocorria o cultivo de milho, feijão, cabaça 
e amendoim. 
Mas, entre os vestígios da época, não há indicações de que aqueles povos estocassem 
os cereais para utilização nas entressafras ou períodos de seca – a hipótese é que se 
deslocassem para regiões próximas a rios. 
 
Definindo o almoxarifado 
O almoxarifado é a instalação física dentro de uma empresa onde vários materiais 
ficam aguardando utilização, abrigados de modo a estarem protegidos contra uma 
série de eventos que podem danificá-los, alterar sua composição e/ou provocar 
qualquer mudança indesejável. No caso de uma indústria, é o local onde ficam 
desde os materiais que serão utilizados para a produção de um produto qualquer, 
até os que são utilizados em outras áreas da empresa, não diretamente envolvidas 
na produção. 
Os produtos prontos comumente ficam em outro almoxarifado: o depósito central, 
ou depósito de distribuição. Em cada setor – comércio, serviços, agronegócio– há 
produtos específicos a essas atividades. Assim, por exemplo, pode haver em um 
almoxarifado: 
• canetas, cartuchos de tinta de impressoras, papel e outros materiais dessa natu- 
reza usados no escritório; 
• guardanapos, toalhas, sabonetes etc. a serem utilizados pelos funcionários ou, em 
caso de hotel, em quantidades maiores para provisão nos aposentos; 
• televisores, máquinas de lavar roupa e geladeiras das grandes lojas que serão en- 
viados para os clientes; 
• lingotes de metais variados, parafusos, porcas e molas utilizados para a fabricação 
de peças por uma indústria; 
• chapas de aço que serão estampadas. 
 
A natureza da matéria-prima ou do produto acabado determina as características 
das instalações. De modo geral, todas elas protegem os materiais contra a ação do 
 
Sol, do calor, da umidade, da água, de insetos e roedores, de poeira e mesmo de 
roubo ou desvio de mercadorias. 
O almoxarifado ou depósito é a área de trabalho de uma empresa em que se realizam 
outras operações, como a etiquetagem e a separação, que serão estudadas no Ca- 
derno 2, além da guarda dos materiais. O almoxarifado é a unidade corporativa em 
que ocorrem os procedimentos que constituem um dos pontos decisivos em qualquer 
empresa: a existência do estoque, com suas várias funções. 
Por essa razão, toda a operação do almoxarifado requer, permanentemente, muita 
atenção e muito cuidado de todos aqueles que nele trabalham, pois é grande a res- 
ponsabilidade de manter todos os materiais em plena condição de uso a qualquer 
momento, evitando danos, avarias, furtos, perda de validade etc. 
 
Atividade 2 
 
eStudo de Meio 
 
1. Nesta atividade, você e os colegas refletirão sobre as diversas formas de exercer 
a atividade de um almoxarife ou estoquista. Em grupo, visitem e entrevistem um 
profissional da área. A classe deve se organizar de forma a diversificar os locais 
de visita e entrevista. Seguem algumas sugestões: 
• indústria de confecção; 
• lojas do comércio varejista de diversos portes; 
• farmácias; 
• escritórios. 
 
2. Agora, discutam: O que vocês gostariam de perguntar a esse profissional? Cada 
grupo deve formular seu roteiro de perguntas. Seguem algumas sugestões: 
 
 
 
 
a) Nome do entrevistado. 
b) Idade, escolaridade, se ainda estuda ou pretende voltar a estudar. 
c) Costuma fazer cursos na área em que trabalha? 
d) Onde trabalha? 
e) Por que escolheu essa ocupação? 
f) Como a aprendeu? 
g) Quais são os pontos positivos e negativos da ocupação? 
h) Quais são os conselhos que daria para alguém que está iniciando nessa ocupação? 
3. Cada participante do grupo deve elaborar um texto sobre a entrevista. Planeje 
seu texto antes de escrever, para que seja mais fácil fazê-lo e também para que 
ele faça sentido a quem o ler. Para isso, procure definir em primeiro lugar: Qual 
é a ideia central do texto que será feito? Quais são os argumentos a serem utili- 
zados para sustentar essa ideia? Quais foram as conclusões a que chegou com 
base na entrevista? 
4. Em grupo, preparem uma apresentação para a classe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalhador verificando o estoque. 
 
 
 
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A lógica da logística 
 
Logística é um termo que, inicialmente, era utilizado apenas pelos militares 
para designar as operações de transporte, guarda e distribuição de armas e 
munição, alimentos, medicamentos, incluindo a busca de rotas para desloca- 
mento de tropas por áreas onde houvesse disponibilidade de abrigo, de água, os 
trajetos mais indicados etc. A evolução da logística acompanhou as transforma- 
ções na organização do trabalho, nas transações comerciais e na produção de 
forma geral. 
Para saber em que parte das operações de uma empresa os almoxarifados com seus 
estoques são acionados, é preciso pensar, primeiramente, no processo mais amplo 
em que eles se encaixam: a logística. 
Note que a tendência nas empresas na atualidade é a integração entre os diversos 
processos da logística, incluindo os do almoxarifado e do estoque. 
Logística pode ser definida como um conjunto de atividades que contempla o 
planejamento, o controle de estoques, a armazenagem e o transporte de bens 
e/ou serviços, desde a origem até o ponto de consumo, com o objetivo de 
obter a excelência na gestão da cadeia de suprimentos (supply chain – fala-se 
“suplai tchein”) e no atendimento preciso dos requisitos do cliente. Nesta 
definição, o termo “bens” refere-se a produtos acabados, semiacabados, maté- 
rias-primas etc. 
Na prática, essa definição é mais abrangente e compreende como atividades funda- 
mentais, ou primárias, o processamento de pedidos, a armazenagem e o transporte. 
Tais atividades são compostas por uma série de etapas ou procedimentos cada vez 
mais ampla e integrada – trata-se da logística integrada. 
A logística se vale de uma infinidade de recursos para se aperfeiçoar permanen- 
temente, estando em constante evolução e procurando fazer uso de novas formu- 
lações e procedimentos estudados, sobretudo, na economia, na administração de 
empresas e na tecnologia da informação, entre outras áreas do conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante perceber que a logística é mais ampla do que o fluxo simples de merca- 
dorias. Ela visa alcançar melhores formas de gestão para o fluxo não somente dos 
pro- dutos ou serviços, mas também dos indivíduos e das informações. A logística 
está presente na aquisição de materiais para alimentar a cadeia de produção: na 
compra; passando pela fabricação do bem ou realização do serviço em si, na 
produção; englo- bando a manutenção de estoques diversos, no armazenamento, 
antes e depois da produção; até a entrega do produto acabado ao destinatário, na 
distribuição; e, even- tualmente, no retorno do produto ao fabricante, etapa chamada 
de logística reversa. 
 
 
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A imagem a seguir exemplifica o princípio da logística reversa: 
 
 
 
A logística abrange, portanto, a gestão de diversas atividades que devem ser integra- 
das desde seu planejamento. 
De modo simplificado, o processo logístico ocorre da seguinte forma: 
• o cliente efetua um pedido de compra, podendo ser um distribuidor, atacadista 
ou varejista, ou um consumidor final; 
• o fabricante elabora um planejamento para atendê-lo, que compreende do 
suprimento dos insumos à previsão de alocação de trabalhadores, passando 
pela quantidade de horas de máquinas, equipamentos etc., necessários para a 
produção. É a fase do MRP (sigla em inglês de Material Requirement Planning, 
ou Planejamento de Necessidade de Materiais), que resulta na elaboração de 
um pedido de compra dos insumos (matérias-primas, componentes prontos, 
produtos semiacabados, embalagem etc.) necessários para a produção das 
mercadorias que compõem o pedido do cliente; ou de uma requisição ao al- 
moxarifado (onde estão armazenados os diferentes estoques de materiais). No 
primeiro caso, os insumos são necessários para suprir a produção; no segun- 
do, para ressuprir o estoque. 
• uma vez concluído o processo de produção, o produto acabado será embalado e 
eventualmentearmazenado até que venha a ser entregue ao comprador; é previsto o 
cronograma da entrega. É a fase do DRP (sigla em inglês de Distribution 
Requirements Planning ou Planejamento das Necessidades de Distribuição). O 
módu- lo DRP hierarquiza os pedidos de cada armazém considerando os 
estoques internos e as ordens em trânsito; na sequência, é contatado o 
transportador e calculado o valor do frete, ou é estabelecida a rota de entrega se o 
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fabricante dispõe de transporte próprio; 
• o produto acabado é, então, entregue ao cliente. 
Por vezes, o produto retorna ao fabricante para repa- 
ros, em função de danos sofridos no transporte ou 
defeitos que possa apresentar ao ser utilizado. Muitos 
produtos também retornam ao fabricante para descar- 
te, ao se atingir o fim de sua vida útil. 
Governos têm gerado legislações específicas tornando 
obrigatório o descarte ecologicamente correto de inú- 
meros produtos, por parte de seus fabricantes, de modo 
a preservar o meio ambiente. 
Para que tudo isso funcione adequadamente, as empresas 
possuem o chamado fluxograma. 
A construção do fluxograma é uma oportunidade de 
fortalecer o coletivo de trabalhadores, à medida que to- 
dos podem participar do processo e dar sugestões de 
encaminhamento para o fluxo de trabalho. Observe que, 
em um fluxograma, cada forma possui um significado: 
 
Forma Significado 
 
 
 
 
 
 
 
 
Início ou final do processo 
 
 
 
Fluxograma: Diagrama; 
representação gráfica que in- 
dica um processo. Tem como 
objetivo proporcionar a visu- 
alização das etapas de desen- 
volvimento de um processo. 
O fluxograma é, portanto, 
uma ferramenta importante 
para construir as etapas de um 
processo, visualizá-las e, prin- 
cipalmente, perceber como 
se articulam ou desenca- 
deiam outra ação. 
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Forma Significado 
 
 
 
 
 
Um processo ou parte dele 
 
 
 
 
 
Decisão 
 
 
 
 
 
Documento 
 
 
 
 
 
Vários documentos 
 
 
Atividade 3 
conStRuindo uM fluxogRaMa 
 
 
 
 
 
 
 
Este site oferece um passo a 
passo fácil para a elaboração do 
fluxograma, caso você tenha dúvidas. 
Disponível em:<http://www. 
oficinadanet.com.br/artigo/ 
desenvolvimento/como_fazer_ 
um_fluxograma>. Acesso em: 
23 abr. 2015. 
Em dupla, no laboratório de informática, elaborem 
com a ajuda do monitor um fluxograma sobre um 
tema de sua escolha. Antes, observe o exemplo de flu- 
xograma a seguir. Uma dica para inserir o texto den- 
tro da figura é clicar o botão direito do mouse em 
“adicionar texto”. 
 
Exemplo de fluxograma: o início da manhã de uma família 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Segue uma sugestão de tema: um dia de lazer. Observe que, além das formas 
indicadas no fluxograma anterior, você poderá descobrir no processador de 
texto várias outras e o significado de cada uma delas passando o mouse sobre as 
figuras. Para isso, entre no programa de texto, clique no botão “inserir”, em se- 
guida em “formas” e “fluxograma”. Os traços e linhas também poderão ser in- 
seridos a partir da mesma janela. 
 
 
Fluxograma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Símbolos para a realização do fluxograma. 
 
2. Depois de elaborado, cole na página seguinte o seu fluxograma para que, em 
um momento de consulta, você o tenha em mãos. 
Início 
Acordar às 5h30 
 
Preparar café 
da manhã 
Preparar lanche 
das crianças 
Preparar um 
sanduíche para 
cada criança 
Colocar 2 para 
cada criança 
Não Sim 
Tem fruta? 
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Atividade 4 
fluxo do pRoduto 
 
1. Individualmente, elabore dois fluxogramas: um representando a logística inte- 
grada, e outro a reversa, com base em uma situação fictícia. Procure utilizar os 
ícones que estudou na atividade anterior, e faça uso das flechas para indicar o 
movimento de um item a outro. Lembre-se de nomear cada etapa. 
 
 
 
 
 
2. Apresente os fluxogramas para os colegas e converse com eles sobre os resultados 
que cada um encontrou. Após essa etapa, você pode complementar o que fez, 
tornando-o mais completo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIDADE 6 
Estoque: um velho 
conceito? 
Esta Unidade dá continuidade ao que você já começou a 
aprender sobre a área de almoxarifado e apresentará com 
detalhes as características de um estoque, seu planeja- 
mento e os custos que o envolvem. 
 
A função dos estoques nas empresas 
A manutenção de estoques em almoxarifados é um dos 
pontos mais importantes na logística de uma empresa. Ao 
lado dos processos de compras, produção e distribuição/ 
transporte, forma o que comumente se considera a base 
do processo logístico. 
A existência de estoques nas empresas ocorre porque eles 
atendem a várias necessidades que, naturalmente, variam 
de acordo com os tipos de produtos que a empresa produz 
ou com sua atividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estoque: 1. Quantidade acu- 
mulada de produtos (ger. 
como reserva para uso futu- 
ro); 2. Quantidade de merca- 
dorias disponível para venda; 
3. P. ext. Lugar onde se arma- 
zenam essas mercadorias; 
4. Quantidade acumulada de 
bens, de valores (estoque de 
capital, estoquede títulos pú- 
blicos). 
© Dicionário Aulete. 
<www.aulete.com.br> 
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Talvez uma das funções mais importantes além do simples abrigo para guarda e preser- 
vação das mercadorias, enquanto estas não têm uso, seja o fato de constituírem o ins- 
trumento que garante a entrega de um produto para o consumidor dentro de certo 
prazo predeterminado. Desse modo, toda vez que alguém compra o produto, sabe que 
o receberá em “x” dias. 
Entregar o produto, a mercadoria, o bem ou o serviço no prazo determinado é 
fundamental para qualquer fornecedor manter a qualidade de seu atendimento ao 
cliente, também conhecido como nível de serviço logístico ou nível de serviço, in- 
dependentemente de qual seja este prazo. 
Somente a disponibilidade do produto no estoque da empresa garante que a entrega 
ocorra rigorosamente no prazo, seja ele zero ou nulo – isto é, o produto é entregue 
instantaneamente, como em uma loja – ou em um número qualquer de dias, pois a 
empresa não fica sujeita a atrasos por parte de seus fornecedores. Uma empresa de 
comércio varejista, por exemplo, não pode depender da entrega de um dado produ- 
to por parte de seu fabricante para, só então, entregá-lo ao comprador, pois vários 
fatores podem atrasar seu fornecimento, como veremos adiante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muitas vezes, dispor do produto para entrega imediata ou entregá-lo no prazo pode 
ser o diferencial que o consumidor busca e que o fará tornar-se fiel à empresa, o que 
o levará a sempre preferi-la a cada nova aquisição de produtos. Por outro lado, a ine- 
xistência do produto no ponto de venda de preferência do consumidor, seja uma loja, 
quiosque, hipermercado etc., muitas vezes faz com que este adquira outro produto no 
mesmo local ou procure outro ponto de venda, onde o produtodesejado esteja dispo- 
nível. A perda de uma venda pode significar a perda de um cliente – tanto para o 
fabricante quanto para o ponto de venda. E, nessa situação, todos os esforços de 
propaganda e marketing podem ser desperdiçados. 
Como além dessas condições existe a comunicação informal, popularmente conhe- 
cida como boca a boca, o efeito pode começar a multiplicar-se. Portanto, cumprir 
 
 
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a expectativa dos clientes em termos de prazo é uma condição muito importante, 
sejam eles pessoas físicas, a população, sejam pessoas jurídicas, as empresas, que 
adquirem produtos de outras empresas para revendê-los ou para utilizá-los na ma- 
nufatura de seus próprios produtos. 
Uma fábrica, por sua vez, não pode ter fluxos irregulares de produção, isto é, em 
determinado dia produzir a sua cota diária porque as vendas estão dentro de um 
objetivo, em outro produzir muito mais porque os vendedores venderam muito 
mais, ou, em outro, ainda, produzir muito menos ou parar de produzir porque as 
vendas foram muito baixas. Não há como aumentar ou diminuir bruscamente o 
fluxo de matérias-primas, de partes ou de componentes recebidos de seus fornece- 
dores, o número de funcionários, a quantidade de máquinas e equipamentos utili- 
zados na produção – salvo em situações muito especiais. 
O número de horas trabalhadas é, na realidade, o único fator na produção em que 
é possível alguma flexibilidade. Mesmo assim, também sofre limitações, pois é 
obrigatório cumprir a lei trabalhista. Além disso, o excesso de horas trabalhadas 
continuamente provoca fadiga física e mental e aumenta os riscos de acidentes de 
trabalho. Por outro lado, quando a produção é em volume constante e, além disso, 
contínuo, pode-se obter ganhos por meio do simples aperfeiçoamento dos controles 
e processos produtivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa forma, as empresas mantêm dado volume de produção constante e determina- 
do volume de estoque também constante, seja dos produtos acabados, prontos para 
entrega, seja das matérias-primas etc., de modo a garantir tanto a produção quanto 
a entrega dentro dos volumes médios com que trabalha. Essa prática se aplica a todas 
as empresas, sejam fabricantes de produtos finais, de embalagens, componentes, 
partes ou peças (os fornecedores), sejam mineradoras, fundições, indústrias de resinas 
etc. (os fornecedores dos fornecedores). Ou seja, se uma grande empresa necessitasse 
aumentar abruptamente sua produção, seria preciso que várias outras empresas na 
cadeia de fornecedores também pudessem fazê-lo simultaneamente. 
 
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Atividade 1 
eStoqueS ReguladoReS 
Em grupo, reflitam sobre algumas situações que envolvem os estoques. 
 
1. Uma grande empresa de laticínios, por exemplo, depende da manutenção de 
estoques reguladores? Como seriam esses estoques? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. E em uma mineradora de ferro? Nesse caso, como seriam os estoques? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Façam fluxogramas para visualizar todas as etapas pelas quais passam as matérias- 
-primas originais até que se transformem ou estejam incorporadas nos produtos 
finais, prontos para o consumo da população. 
 
 
 
 
Produção regular 
Independentemente de serem produtos acabados (prontos para o consumo ou uso), 
semiacabados (produtos em processo, que sofreram alguma transformação) ou 
matérias-primas, o estoque de produtos cumpre uma função fundamental para uma 
empresa: a de tornar regular o fornecimento de produtos acabados. O estoque age 
como se fosse um mecanismo que permite regular a produção, de modo que não 
seja necessário esperar que o produto venha a ser fabricado e então possa ser entre- 
gue; isto é, ele faz com que o produto sempre esteja disponível. O fato de produtos 
ou mercadorias estarem localizados em depósitos permite também a realização de 
outros procedimentos muito importantes para as empresas, como a manutenção de 
inúmeros controles e várias análises. 
Se forem observadas as vendas daquela empresa de laticínios da atividade sobre 
estoques reguladores, por exemplo, durante um ano, veremos que elas sofrem algu- 
mas variações mês a mês, aumentando um pouco em um mês, diminuindo em 
outro, mas mantendo uma média mais ou menos constante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As vendas podem também apresentar aumentos extraordinários, caso a empresa 
esteja efetuando com sucesso ações especiais para aumentá-las, ou, ainda, em função 
de alterações no comportamento do mercado, isto é, dos consumidores que, por 
algum motivo, passam a consumir mais. As alterações no comportamento do mer- 
cado consumidor podem ocorrer também no sentido inverso, de redução da deman- 
da, da procura do produto por conta de uma diminuição do consumo, uma vez que 
o mercado é dinâmico e, por isso mesmo, incerto. 
 
 
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Por sua vez, as empresas lançam diariamente novos produtos, inovações, substituem 
ou incorporam novos elementos a produtos existentes, ou criam novas formulações, 
invenções etc. Esses procedimentos podem tornar os concorrentes menos atraen- 
tes, desejáveis, interessantes. A maneira como as pessoas encaram os produtos, 
materiais e serviços é dinâmica, isto é, altera-se permanentemente, seja pelo lado 
do consumo em si, quando passam a comprar mais ou a comprar menos deter- 
minados produtos, seja pela mudança de hábitos, gostos, surgimento de novas 
necessidades, expectativas etc. 
Os estoques são formados como precaução para essas oscilações, de modo a propor- 
cionar segurança à atividade da empresa, garantindo a produção e assegurando que 
não faltarão mercadorias para que seja mantido o fluxo normal de vendas e entregas 
– observando, claro, os prazos usualmente praticados entre fabricante e consumidor. 
Já os estoques de materiais utilizados na produção podem cumprir também 
outras funções muito importantes para a empresa, do ponto de vista estratégico. 
Sabe-se que inúmeros fatores podem afetar o fornecimento de materiais para 
uma indústria de transformação por parte de seus fornecedores diretos ou por 
parte dos fornecedores de seus fornecedores, provocando atrasos, escassez ou 
até a falta total do insumo: 
• eventos climáticos que afetam diretamente a produção ou o transporte; 
• interrupção ou limitação no fornecimento dos diferentes tipos de fontes de ener- 
gia ou mesmo de água, prejudicando a produção; 
• greves nos diferentes meios de transportes ou terminais, como portos ou aeropor- 
tos, eventualmente em centros de distribuição, ou nas próprias indústrias, usinas, 
mineradoras etc.; 
• acidentes de toda sorte e natureza, envolvendo maquinário, equipamentos e 
instalações ou os próprios trabalhadores em indústrias, terminais etc.; 
• alterações bruscas ou acentuadas em políticas cambiais ou de comércio exterior 
no próprio País ou em outros, como restrições, barreiras ou aumentos de tarifas 
alfandegárias, no caso de importados; 
• guerras ou outros adventos resultando em imposição de proibições ou restrições 
de tráfego marítimo ou aéreo, aumentos extraordinários de tarifas de fretes, se- 
guros etc., também no caso de produtos importados; 
 
 
 
 
 
 
 
• movimentos especulativos internacionais ou mesmo em território nacional que 
imponham grandes aumentos de preços; 
• e, ainda,a associação de dois ou mais desses eventos que podem ocorrer simulta- 
neamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Greve interrompe a importação e exportação de mercadorias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alagamentos interrompem o trânsito e atrasam as entregas de mercadorias. 
 
Uma fábrica de automóveis, por exemplo, depende de vários fornecedores – além de 
possuírem milhares de peças, estas têm diversas origens: minas de ferro, de onde o 
metal será transformado em aço; poços de petróleo, de onde sairão subprodutos com 
os quais se farão os plásticos; plantações de seringueiras etc. 
Por esses motivos, uma indústria pode necessitar de estoques mais amplos de algum 
insumo caso haja o risco de redução do fornecimento mais adiante, de modo a não 
sofrer quebra da produção. 
 
 
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Estoques e custos 
Os estoques também podem desempenhar papel importante na questão dos custos 
de produção ou aquisição e, consequentemente, no lucro das vendas. A sua manu- 
tenção permite a um fabricante aproveitar momentos propícios para adquirir suas 
matérias-primas ou outros produtos essenciais à sua operação em quantidades maio- 
res do que as necessárias à sua produção regular, semanal ou mensal, ou seja, dentro 
de sua programação de produção. 
Assim, a empresa pode se favorecer ao comprá-los: em volumes maiores, que são 
objetos de descontos especiais por quantidade adquirida; pela redução de despesas 
de frete; por fazê-lo antecipadamente, em eventuais promoções, ou em momentos 
de baixa procura ou demanda, nacional ou internacional, que costumam resultar 
em queda dos preços. 
No caso da ocorrência de escassez de matéria-prima, como vimos, comprar o 
produto antecipadamente permite continuar a operar normalmente, enquanto 
parte das empresas concorrentes, sem ter essa mesma possibilidade, possa estar 
sujeita a passar por um momento de baixa produção e vendas, dada a falta de 
matéria-prima. Além disso, nos momentos de escassez (baixa oferta), assim 
como nos de alta de consumo (ou excesso de demanda), os preços sempre 
tendem a subir, como se sabe. 
 
Atividade 2 
planejando o eStoque 
Em grupo, resolvam a seguinte situação: 
 
1. Duas empresas concorrentes, A e B, produzem cada uma, em média, cinco to- 
neladas/mês de peças em aço inox, como pias e cubas. Para tanto, os departa- 
mentos de compras adquirem cinco toneladas/mês de chapas de aço, a 10 reais 
o quilograma, com 5 meses de antecedência. 
 
 
 
 
 
A empresa A, entretanto, quase não dispõe de capital de giro e, por isso, sempre 
compra a mesma quantidade a cada mês. A empresa B, percebendo que os 
preços do aço estavam subindo no exterior, adquiriu há cinco meses 20 
toneladas, passando a comprar, nos quatro meses seguintes, apenas 1,25 
tonelada por mês. 
A tabela das compras, então, é a seguinte: 
 
Empresa Mês Compra Custo Empresa Mês Compra Custo 
A maio 5 t x B maio 20 t 4X 
A junho 5 t x + 3,5% B junho 1,25 t ? 
A julho 5 t X + 4,8% B julho 1,25 t ? 
A agosto 5 t X + 4,5% B agosto 1,25 t ? 
A setembro 5 t X + 5,0% B setembro 1,25 t ? 
2. Considerando que os preços de aquisição da matéria-prima são os mesmos para 
ambas as empresas e que a empresa B não obteve descontos extras na compra das 
15 toneladas a mais no 1o mês, pergunta-se: 
a) Qual porcentual a mais foi pago por uma empresa em relação a outra? 
 
 
b) Considerando-se os próximos cinco meses de produção, qual é o preço médio da 
tonelada de matéria-prima para cada empresa no período? Justifiquem as respostas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de estoques 
A ocorrência de tantas e tão diversas condições, que im- 
plicam manutenção dos estoques e os afetam das mais 
variadas formas, torna fundamental a existência de uma 
administração bastante cuidadosa dessa área de trabalho 
dentro das empresas, independentemente do setor em 
que atuam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Colheitadeiras utilizadas pelo agronegócio. 
 
Complexo industrial pertencente ao setor secundário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você sabia? 
Os setores da economia 
são divididos em três: 
o setor primário da eco- 
nomia de um país é for- 
mado pelo agronegócio, 
o secundário pela indús- 
tria e o terciário pelo co- 
mércio e serviços. 
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Espetáculos artísticos oferecidos pelo setor de serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Consumidora escolhe produto no comércio. 
 
Em função dos tipos de produtos que a empresa fabrica, ela pode manter vários 
tipos de estoques: 
• de matérias-primas, isto é, os produtos ou materiais que serão transformados pela 
empresa; 
• de produtos que não compõem o produto final da empresa, mas são utilizados 
nas diferentes etapas do processamento das matérias-primas ou na incorporação 
de itens fornecidos por terceiros; 
• os voltados a esses itens, produtos acabados que serão incorporados aos produzi- 
dos pela empresa, frequentemente fornecidos por outras empresas, como peças, 
partes, elementos, dispositivos ou componentes já prontos; 
 
 
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2
3
R
F
 
 
• de embalagens diversas; 
• de produtos: 
- semiacabados, isto é, matérias-primas já transformadas e partes já processadas, de 
acordo com diferentes etapas que são exigidas na produção do produto final; 
- acabados, prontos para entrega; 
- de uso administrativo, como material de escritório, de limpeza etc.; 
- utilizados por máquinas ou equipamentos para sua operação, manutenção, 
conserto e limpeza. 
Costumam permanecer nos estoques, ainda, por determinado tempo, materiais 
diversos, matérias-primas, móveis, máquinas, instalações, equipamentos, produ- 
tos semiacabados ou acabados, componentes, peças etc., danificados durante o 
uso, a produção, a movimentação no interior da empresa; ou desgastados, obso- 
letos, defeituosos, fora da validade – enfim, itens que devem vir a ser descartados, 
vendidos como sucata ou para reaproveitamento por outras empresas, reciclados, 
doados ou destruídos. 
É o caso, também, dos produtos que retornaram ao fabricante pelo sistema de lo- 
gística reversa, ao fim de sua vida útil, e dos produtos devolvidos para reparos ou 
descarte em função de defeitos de fabricação ou danos sofridos no transporte. 
Em muitas indústrias os depósitos são distintos, contando com um depósito 
para insumos que serão utilizados na fabricação dos produtos e outro para os 
produtos acabados. Nas empresas comerciais, os depósitos são únicos, já que 
existem apenas produtos acabados. Nos depósitos, outras áreas, bem menores, 
são reservadas ou delimitadas para utilização pelos demais tipos de estoque, os 
de produtos a serem descartados ou dos demais produtos utilizados na empresa, 
como acabamos de ver – o que por vezes se faz simplesmente com a utilização 
de cores indicativas dos locais próprios para cada tipo de estoque. 
 
 
 
 
 
 
 
Insumo não é a mesma coisa que matéria-prima! 
Insumo é todo material que é usado na produção, mas não necessariamente faz parte dela. 
Veja um exemplo: para produzir queijo, a indústria precisa de matéria-prima, o leite, mas também dos 
insumos – máquinase outros equipamentos que o produzirão. 
 
Custos 
Apesar de todas as vantagens que o uso de estoques pode oferecer, há outro lado 
que deve ser observado cuidadosamente: o custo de sua manutenção. Esse custo tem 
relação não apenas com a quantidade de materiais estocados, ou seja, o capital da 
empresa empregado nos diversos itens armazenados nas prateleiras, o “dinheiro 
empilhado”, o custo financeiro, mas, igualmente, com as despesas necessárias para 
a operação do estoque. 
Nessa operação, entram os custos relativos aos armazéns próprios, sua construção 
e manutenção, ou de aluguel de armazéns; os de instalações, equipamentos e res- 
pectiva manutenção; de mão de obra; de atividades de controle e segurança; de 
eventuais seguros; e, por fim, custos por perdas causadas por danos ou avarias, 
roubo, perda de validade e obsolescência. 
É sempre importante levar em conta que um aumento de volume estocado pode 
exigir a disponibilidade de mais espaço físico, próprio ou alugado, além de existir 
também um acréscimo no custo de movimentação dos materiais, assim como torna 
necessário comprar mais instalações e equipamentos, contratar mais trabalhadores, 
pagar horas-extras etc. 
Há diversas maneiras de se evitar gastos operacionais desnecessários e que serão 
mencionadas nos próximos tópicos. Portanto, atente a isso, pois a questão do custo 
é fundamental na logística. O que se deve sempre ter em mente é o objetivo das 
empresas de buscarem permanentemente a redução de custos com as despesas 
operacionais, que se pode obter: 
• pela eliminação de procedimentos desnecessários, como uso de equipamentos, 
combustíveis, instalações e horas de trabalho humano; 
• pela utilização de equipamentos e instalações perfeitamente adequados, e de 
qualidade adequada às características do uso, como o peso e as dimensões dos 
volumes estocados e a frequência com que são carregados ou descarregados nas 
estruturas de armazenamento; 
• pela distribuição racional dos produtos dentro do armazém, buscando localizá-los 
apropriadamente, tendo em vista o encaminhamento que terão, diminuindo seu 
trânsito pelo interior da área e, por consequência, a possibilidade de acidentes que 
resultem em danos e avarias; 
 
 
 
 
 
 
 
• pelo uso de técnicas que tornam mais ágil a localização dos espaços reservados 
para cada produto, favorecendo as operações de entrada e de saída; 
• pelo uso de tecnologias que facilitam a realização de inventários e a disponi- 
bilidade de dados sobre os produtos e sua identificação, validade e outras 
informações importantes para o uso e/ou para evitar perdas por obsolescência, 
deterioração, perda de propriedades etc. 
 
Gestão 
A qualidade da gestão de estoques é fundamental na administração das empre- 
sas, pois dela depende o aumento ou redução dos lucros – seja quando se tem 
em vista apenas as ações destinadas a sua operação, seja porque as reduções no 
lucro são agravadas se os estoques forem inadequados, por serem excessivos ou 
insuficientes. 
Se forem excessivos, a diminuição do lucro decorre da utilização desnecessária de 
espaço físico, instalações e quantidade de trabalhadores; se insuficientes, resultam 
na perda de vendas efetuadas que podem ser canceladas pela não entrega dos pro- 
dutos ou pelo não cumprimento dos prazos. 
 
 
As empresas costumam adotar práticas comerciais distintas em função do porte de 
cada cliente. São praticados preços, condições de faturamento, prazos e condições 
de entrega diferentes, entre outros aspectos da relação fornecedor/cliente. Assim, 
grandes clientes costumam receber seus pedidos em: 
• prazos curtos, com entregas mais frequentes; 
• entregas em dias e horários preestabelecidos e adequados aos seus procedimentos 
de armazenamento ou distribuição interna; 
• embalagens adequadas para sua movimentação e manuseio internos; 
• nas quantidades ajustadas aos interesses do cliente; 
• operações de descarga mais rápidas com o uso de veículos apropriados ou maior 
volume de funcionários. 
Já clientes de pequeno porte têm outro nível de tratamento: 
 
O nível de serviço tem características distintas em função do tipo de produto que a empresa comerciali- 
za. Pode abranger apenas o processo que vai da realização do pedido de compra até a entrega dos 
produtos, ou ir além, com ações que antecedem a compra, como a divulgação de garantias e de rede de 
assistência técnica, e ações que se sucedem à entrega do pedido, como na instalação do produto, no 
fornecimento de peças de reposição, no retorno do produto vencido ou com vida útil expirada, na logís- 
tica reversa. 
 
• as entregas podem eventualmente atrasar; 
• as entregas podem ocorrer em horários inadequados à atividade do cliente; 
• os prazos de entrega costumam ser mais longos; 
• nem sempre é possível garantir embalagens que facilitem o manuseio interno; 
muitas empresas praticam valores ou volumes mínimos obrigatórios de embalagens 
para fornecimento, os quais podem ser muito altos para pequenos clientes; e assim 
por diante. 
Há, como vimos, vários níveis de serviço, cada qual com um custo correspondente: 
quanto mais básico o nível, menor o custo; portanto, níveis de serviço altos e caros 
são proporcionados preferencialmente aos grandes clientes. Assim como há diferen- 
tes níveis de serviço, há, como você já estudou, diferentes fluxos na distribuição dos 
produtos estocados aos clientes. 
É necessário, então, que a gestão dos estoques seja adequada, de modo a evitar falhas 
e permitir que a produção seja adequada e que os estoques tenham seus espaços bem 
planejados. 
Para que um estoque seja considerado adequado, é necessário, de um lado, não haver 
desperdício de recursos para sua operação e não imobilizar desnecessariamente ca- 
pital de giro; e, de outro lado, que os recursos sejam suficientes para garantir a re- 
gularidade da produção e do fornecimento do produto aos clientes – dessa forma, 
os recursos financeiros são direcionados para outras áreas da empresa, por exemplo, 
para expansão em vendas ou marketing ou mesmo em investimentos no mercado 
financeiro. Esta última opção é mais percebida em momentos de crise econômica, 
quando as empresas param de investir em planos de expansão e direcionam seus 
recursos em investimentos em ações de outras empresas, em fundos de renda fixa 
nos bancos etc. 
No decorrer do tempo, vêm sendo desenvolvidos vários instrumentos para auxiliar 
a gestão das empresas, de técnicas de administração a tecnologias de informática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade 3 
 
Solucionando pRobleMaS 
 
1. Em grupo, criem uma situação-problema para organizar e gerenciar estoques. 
Um outro grupo deverá resolvê-la apresentando um plano de solução. Por exem- 
plo: a empresa precisa abastecer os estoques para as vendas da Páscoa. Contudo, 
duas situações se colocam: a economia está aquecida e as vendas estão em alta; 
as temperaturas continuam elevadas no outono. Qual é a opção para estoque? 
Como estocar? Quais são os riscos? 
Para solucionar o problema, cada grupo deve seguir os seguintes passos: 
 
Ação O que fazer? 
 
 
Identificação do problema 
 
Descrever o problema a ser analisado, de forma a 
apresentar suas características 
 
Coleta de dados 
Identificar dados e informações necessárias para a 
análise do problema 
 
 
 
Análise 
 
Analisar os dados e informações coletados, 
preferencialmente construídos em série histórica (por 
exemplo, comportamento de vendas no mesmo período 
– Páscoa, conforme a situação exemplificada) nos 
últimos cinco anos ou desde as principais alterações da 
economia, sejam elas positivas ou negativas 
 
 
 
Planode ação 
 
Definir um plano para solucionar o problema. Uma das 
formas para objetivar esse plano pode ser construindo 
uma tabela que contenha propostas e aspectos 
positivos e outra, com aspectos negativos. Você pode 
utilizar a técnica 5W2H para melhor definir as etapas e 
contemplar mais detalhes para reduzir as margens de 
erro 
 
 
Ação O que fazer? 
 
Execução 
 
Optar pela melhor decisão e definir quem nela estará 
envolvido 
 
Lições aprendidas 
 
Registrar os aprendizados diante do problema, a fim de 
construir uma memória de problemas/soluções e 
resultados 
 
O que vocês acabaram de fazer nessa atividade é parte de um método de análise e 
solução de problemas, conhecido como Masp, composto de oito etapas: identifica- 
ção do problema, observação, análise, plano de ação, ação, verificação, padronização 
e conclusão. 
 
 
Em inglês Em português Significado 
What 
(fala-se “uat”) 
 
O quê? 
 
O que será feito? 
Why 
(fala-se “uai”) 
 
Por quê? 
 
Qual o motivo? 
Where 
(fala-se “uer”) 
 
Onde? 
 
Onde será feito? 
When 
(fala-se “uem”) 
 
Quando? 
 
Quando será feito? 
Who 
(fala-se “ru”) 
 
Quem? 
 
Quem irá fazer? 
How 
(fala-se “rau”) 
 
Como? 
 
Como será feito? 
How much 
(fala-se “rau mâtch”) 
 
Quanto custa? 
 
Qual será o custo para fazer o que é necessário? 
 
 
Existe uma técnica chamada 5W2H. Essa denominação é emprestada do inglês e indica os procedimen- 
tos a serem adotados na análise de uma situação problema. Veja o que cada “W” e cada “H” representa: 
 
A curva ABC 
Uma das técnicas mais comuns empregada nos estoques é a chamada curva ABC, 
um método de classificação de itens do estoque. Esse método foi desenvolvido com 
base nos estudos feitos por Vilfredo Pareto (1848-1923) sobre distribuição de renda, 
que concluíram que aproximadamente 20% da população controlava grande par- 
cela da riqueza, em torno de 80%. Essa análise serviu de base para o chamado 
Princípio de Pareto, que afirma que 80% das consequências são geradas por 20% 
das causas. A técnica leva em consideração o fato de que estoques são formados por 
itens que possuem diferentes valores de custo; logo, são utilizados em diferentes 
volumes e têm diferentes graus de importância para a produção. 
Em média, entre 70% e 80% do valor dos materiais estocados corresponde a apro- 
ximadamente 20% dos itens, que são os de maior valor, e classificados como “A”; 
os classificados como “B” correspondem a 15% a 20% do valor do estoque; e os 
considerados “C”, a uma cifra em torno de 5%. 
Fontes: SALGADO, Tarcísio Tito. Logística: práticas, técnicas e processos de melhorias. São 
Paulo: Senac, 2013; VAGO, Fernando Rodrigues Moreira et al. A importância do gerenciamento 
de estoque por meio da ferramenta curva ABC. Sociais e Humanas, Santa Maria, 
v. 26, n. 3, set.-dez. 2013. 
Observe o gráfico a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
% Valor do 
consumo 
anual 
 
 
 
 
 
 
% Número de itens 
A experiência mostra que os itens classificados como: 
• “A” são os itens de maior valor de venda e correspondem a aproximadamente 20% 
dos itens. Cabe lembrar que entre 75% e 80%, em média, do valor dos materiais 
estocados são assim classificados; 
 
 
C 
B 
A 
©
 D
a
n
ie
l B
e
n
e
v
e
n
ti
 
 
• “B” correspondem a 15% a 20% do valor das vendas; e 
• “C” apresenta uma cifra em torno de 5% das vendas. 
Para se obter essas informações, é preciso realizar um cálculo muito simples: de 
posse do valor unitário de cada item estocado, multiplica-se o item pela quantidade 
consumida ou vendida em uma medida de tempo que, em geral, é o de um semes- 
tre ou de um ano, dependendo da velocidade em que, na história da empresa, 
ocorrem as variações na demanda. 
 
Atividade 4 
a cuRva abc da Minha cozinha 
 
Essa atividade, a ser feita no laboratório de informática, possibilitará que você co- 
nheça ou amplie seus conhecimentos sobre a construção de planilhas eletrônicas. 
 
1. Imagine a seguinte situação: você dispõe de dinheiro (capital de giro) para 
adquirir uma despensa com enormes prateleiras e geladeiras (armazém, almo- 
xarifado, depósito) com capacidade para estocar os produtos que consome re- 
gularmente na preparação de suas refeições, em quantidades suficientes para 
seis meses de consumo. 
2. Anote, ao lado de cada um dos produtos, a quantidade de unidades que irá 
utilizar em seis meses (calcule 26 semanas), além dos custos unitários e totais de 
cada produto. Complete a tabela com os demais produtos em unidades e custos, 
conforme exemplo: 
 
Produto Unidades 
Custo unitário 
(em R$) 
Custo total 
(em R$) 
Arroz 20 kg (4 sacos) 8,25 33,00 
Macarrão 12 kg (24 pacotes) 2,89 69,36 
Molho de tomate 8,3 kg (26 sachês) 
 
Carne moída 12 kg 
 
Frango 32,5 kg (13 unidades) 
 
Óleo 9 ℓ 
Sal 2 kg 
 
 
 
Produto Unidades 
Custo unitário 
(em R$) 
Custo total 
(em R$) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Total 
 
 
3. Lembre-se de totalizar as unidades e os custos somando os produtos que você 
incluiu. 
4. Agora crie uma nova tabela, incluindo uma coluna para a posição de cada item 
que, dessa vez, você irá relacionar em ordem decrescente de custo total da aqui- 
sição (neste caso, começaremos pelo frango; em segundo lugar, a carne moída e 
assim por diante). Inclua também uma nova coluna para a proporção, em porcen- 
tagem, que cada item representa no valor global das compras, e outra em que você 
irá somar essas porcentagens, uma a uma, totalizando a cada vez. Desse modo: 
 
Item Produto 
Unidades 
consumidas 
Custo 
unitário (R$) 
Custo 
total (R$) 
Participação 
(em %) 
% 
Acumulada 
 
Frango 13 13,60 176,80 (34,51) (34,51) 
 
Carne 
moída 
 
12 
 
14,59 
 
175,08 
 
(34,17) 
 
(68,68) 
 
Macarrão 15 2,89 69,36 (13,54) (82,22) 
 
Arroz 4 8,25 33,00 (6,44) (88,66) 
 
 
 
 
Item Produto 
Unidades 
consumidas 
Custo 
unitário (R$) 
Custo 
total (R$) 
Participação 
(em %) 
% 
Acumulada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nas tabelas apresentadas procurou-se uniformizar as unidades de medida (kg, ℓ), 
usando valores médios por tipo de embalagem em que o produto é vendido, apenas 
para dar uma visão mais uniforme do consumo; os cálculos, porém, estão feitos por 
unidade (quilograma, litro, sachê, saco etc.). Mas, para a realização da atividade, 
você poderá mantê-las, se quiser, sem convertê-las em unidades iguais para todos 
os produtos: quilogramas e litros. Nas empresas, as matérias-primas e outros insumos 
normalmente são computados em unidades simples ou unidades de medida de peso, 
de volume, de quantidade por embalagem etc. 
 
5. Agora, classifique os itens, segundo a curva ABC: 
a) Quais seriam “A”? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para calcular as porcentagens (%): pegue o valor do qual quer saber a porcentagem correspondente e 
divida-o pelo valor total (que corresponde a 100%) movendo a vírgula duas casas à direita – ou criando 
uma vírgula, se já não houver, duas casas à direita. Na planilha eletrônica, a fórmula utilizada ficará da 
seguinte maneira: porcentagem = valor/total. Veja o exemplo a seguir. Imagine que você terá um descon- 
to de 90 reais na compra de uma geladeira de 870 reais. Nesse caso, qual é a porcentagem do desconto? 
Veja como a fórmula ficaria na planilha eletrônica: 
b) E “B”? 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) E quais seriam “C”?Neste exemplo, os itens de 1 a 3 são os que seriam classificados ou categorizados 
como “A”, uma vez que a soma dos três atinge em torno de 75% do valor do estoque. 
O item 4 faria parte dos produtos da categoria B, pois a participação de seu custo 
no total da despensa é bem mais baixo, mais próximo do valor do item 5 do que do 
3. E o item “sal” faria parte da categoria C, com participação bem baixa no valor 
total da compra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A1 
 
 =90/870 
 
 
 A B C D E 
1 =90/870 
2 
3 
4 
5 
 
 
 
 
 
 
D
a
n
ie
l B
e
n
e
v
e
n
ti 
 
J K L M 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O processamento das informações 
Existem vários programas de computador, os softwares, que foram criados para 
controlar e integrar diferentes processos que ocorrem nas empresas, facilitando seu 
gerenciamento, como o de planejamento de recursos empresariais. Outros são de- 
senvolvidos para objetivos mais específicos: os chamados softwares especializados. 
Todos podem estar disponíveis no mercado ou serem especialmente desenvolvidos 
para um cliente, por uma empresa de TI (tecnologia da informação), para uma área 
de uma empresa que necessite de algum programa particular a fim de atender a 
peculiaridades exclusivas. 
O software de gerenciamento de armazém, por exemplo, é utilizado para a gestão 
de estoques e inúmeras funções que com eles se relacionem. A abrangência do 
programa é extensa, permitindo o registro e o processamento de todas as operações 
e os procedimentos envolvidos, inclusive o rastreamento das mercadorias a partir 
do momento em que são recebidas na empresa, até sua saída nos veículos que farão 
as entregas. 
Além disso, possibilita controle e alta precisão na realização dos inventários para verifi- 
cação de estoque. Por essa razão, é muito utilizado não somente em indústrias, mas 
também nos centros de distribuição, atacadistas, varejistas e operadores logísticos, que 
são empresas prestadoras de serviços especializadas no armazenamento e distribuição. 
 
Outro exemplo: carne moída: 175,08  5,1237 (512,37 com a vírgula já movida) = 34,17. Se usar calcula- 
doras de mão, para calcular novas porcentagens sobre um mesmo total, depois de ter feito a primeira 
conta, basta digitar o novo valor a calcular e dar o total, pois a operação se repete automaticamente. 
N I H G F 
Formatar como uma porcentagem. =90/870 
 
E C D 
A1 
 
A B 
1 0,103448 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
Alinhamento Número 
Estilo de Porcentagem (Ctrl + Shift +%) 
Área de Transferência 
,0 ,00 
,00 ,0 
% 
000 Mesclar e Centralizar 
Copiar 
Pincel de Formatação 
Colar 
Quebrar Texto Automaticamente Geral A A 
A 
11 Calibri 
 
N I S 
Fonte 
Recortar 
ARQUIVO PÁGINA INICIAL INSERIR LAYOUT DA PÁGINA FÓRMULAS DADOS REVISÃO EXIBIÇÃO 
Após inserir a fórmula, o resultado será dado em número decimal, igual a 0,103448. Para transformá-lo 
em porcentagem você tem algumas opções. A primeira é clicar no símbolo “%” na planilha e o progra- 
ma irá calcular automaticamente, apresentando o resultado de 10%. Ou, ainda, você pode multiplicar 
esse valor por 100 e, assim, será apresentado o resultado 10,3448, que seria 10,3448%. 
D
a
n
ie
l B
e
n
e
v
e
n
ti 
 
Com o programa, é possível efetuar inventários por produto ou por grupo de pro- 
duto sem interromper a operação no interior do armazém. Esses inventários costu- 
mam ser feitos com regularidade, para que se tenha o controle do estoque da forma 
mais precisa possível, uma vez que podem ocorrer danos e avarias em mercadorias 
manuseadas no depósito, furtos, erros de lançamento dos dados de notas fiscais nas 
entradas ou saídas dos produtos, erros de identificação ou classificação de produtos, 
expiração da validade, não realização de lançamentos ou registros dos dados de 
notas fiscais, de mercadorias devolvidas por danos no momento do recebimento, e 
outros problemas que fazem com que um acompanhamento simples das entradas e 
saídas dos produtos apresente erros diversos. 
É comum, dependendo do tipo de negócio e porte da empresa, que se façam con- 
tagens físicas das mercadorias para confrontação com os dados numéricos, registra- 
dos nos programas dos computadores ou em fichas anotadas manualmente. 
 
Atividade 5 
 
eM buSca da infoRMação 
 
1. Em dupla, no laboratório de informática, pesquisem nos sites de busca quais 
são os programas especializados destinados à gestão de estoque. 
 
 
 
 
 
 
2. Registrem as características de cada um deles e elejam qual lhes pareceu o 
mais completo para uso diário. Apresentem as conclusões à classe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O mundo do trabalho 
A organização do trabalho: taylorismo, fordismo 
e toyotismo 
O fenômeno da globalização 
O mercado de trabalho 
Almoxarife: tesoureiro do rei? 
Estoque: um velho conceito? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.viarapida.sp.gov.br

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