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FUNDAÇÕES PROFUNDAS AULA 07 CAPACIDADE DE CARGA Uma fundação corretamente dimensionada apresenta, ao mesmo tempo, segurança em relação aos possíveis modos de colapso (atendimento aos estados limites últimos) e deslocamentos em serviço aceitáveis (atendimento aos estados limites de serviço). Assim, no projeto de uma fundação, é preciso verificar a segurança em relação à perda da capacidade de carga (um dos principais modos de colapso). A ruptura ocorre quando a resistência da estaca atinge sua máxima mobilização possível. Logo, para esse valor a estaca estaria na iminência de deslocar-se incessantemente para baixo. Ou seja, ruptura não corresponde a quebrar mas sim em ocasionar um recalque incessante. Conhecendo isso podemos definir a capacidade de carga como sendo a máxima resistência que o sistema pode oferecer. A capacidade de carga de uma fundação (σr) é definida como a tensão transmitida pelo elemento de fundação capaz de provocar a ruptura do solo ou a sua deformação excessiva. A capacidade de carga das fundações depende de uma série de variáveis, como por exemplo, das dimensões do elemento de fundação, da profundidade de assentamento, das características dos solos, etc. A capacidade de carga de ruptura de fundações profundas, com objetivo de evitar seu colapso ou o escoamento do solo que lhe confere sustentação, poderá ser definida por um dos dois valores seguintes: a) resistência estrutural do material que compõe o elemento de fundação; b) resistência do solo que lhe confere suporte. O conceito de carga de ruptura é relativamente diverso, dependendo da definição do seu autor. Segundo Décourt a carga de ruptura “é definida como sendo a carga corresponde a deformação de ponta (ou do topo) da estaca correspondente ao valor de 10% de seu diâmetro, no caso de estacas de deslocamento (grande ou pequeno) e de estacas escavadas em argilas, e de 30% de seu diâmetro, no caso de estacas escavadas em solos granulares”. Neste contexto, normalmente a situação mais frágil é aquela que envolve a resistência do solo. Fato este que não é de difícil identificação em situações onde (1) um mesmo elemento de fundação, com comprimentos diferentes, colocado em um mesmo solo, apresenta capacidades de carga distintas (Pb > Pa); e, por outro lado, (2) um mesmo elemento de fundação, com igual comprimento, porém executado em solos diferentes, pode também apresentar capacidades de carga distintas (PII PI), conforme ilustra a Figura abaixo. Por esta razão, por si mesma comprovada, é extremamente prudente e não recomendável que a capacidade de carga admissível de elementos de fundação não deve ser pré-fixada a partir – exclusivamente – da capacidade resistente estrutural do elemento. Esta situação pode servir como referencia inicial para uma estimativa preliminar do número de elementos necessários (número de estacas para absorver a carga de um pilar, por exemplo), mas a capacidade de carga admissível final continuará dependendo de dados do solo e da profundidade de implantação do elemento, além do tipo da estaca. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA: Fórmulas estáticas (métodos convencionais da mecânica dos solos - teóricos); Métodos Semi-empíricos (base em SPT - ensaios in situ de penetração); Provas de carga (curva carga-recalque). FÓRMULAS ESTATICAS: Baseiam-se nas características do terreno, as quais deveram ser determinadas experimentalmente em cada caso. Pu = Pal + Pb - W Capacidade de carga Peso da estaca Resistência Resistência lateral Ponta É imaginado um equilíbrio Na maioria das situações, o peso próprio da estaca é desprezado em face das cargas envolvidas. MÉTODOS TEÓRICOS TERZAGHI A ruptura do solo abaixo da base da estaca não pode ocorrer sem deslocamento do solo para os lados e para cima. Base circular: Q = 1,2.c.Nc + Ɣ.L.Nq + 0,6.Ɣ. 𝐵 2 . NƔ Base quadrada: Q = 1,2.c.Nc + Ɣ.L.Nq + 0,8.Ɣ. 𝐵 2 NƔ MEYERHOF Seu trabalho é fundamentado no trabalho de Terzaghi porém considera que acima da linha de base há linhas de ruptura. Q = c.Nc + K.Ɣ.L.Nq + Ɣ. 𝐵 2 . NƔ Coeficiente de empuxo do solo contra o fuste na zona de ruptura próxima à ponta. Correlações com boas probabilidades de acerto são aquelas obtidas de forma semi-empírica. A filosofia contida nas mesmas é estabelecer-se através de ajustes estatísticos equações de correlação que tenham embutida em sua essência os princípios definidos nos métodos teóricos e/ou experimentais. Além do mais, conforme enfatiza Wroth (1988), correlações primárias, são preferíveis á correlações secundárias. No Brasil, os dois métodos mais utilizados para o dimensionamento de fundações em estacas são os conhecidos como Aoki e Velloso (1975), e Décourt e Quaresma, (1978). Para tipos específicos de estacas há também métodos específicos, tais como o de Cabral (1986) e o da Brasfond ambos para estacas-raiz. MÉTODOS SEMI-EMPIRICOS (utilizam SPT) AOKI E VELLOSO (SPT ou CPT); DECOURT E QUARESMA (SPT). MÉTODO AOKI-VELLOSO: A capacidade de carga de uma estaca (Carga de Ruptura – “Qr”) será obtida pela soma da Carga de Ponta (“Qp”) com a Carga do Atrito Lateral (“Ql”), assim como na equação abaixo: 𝑸𝒓 =𝑸𝒑 + 𝑸𝑳 cumulativo Os valores de F1 e F2 foram obtidos a partir de retroanálise de resultados de provas de carga em estacas (cerca de 100 provas entre os vários tipos) Preenchimento da planilha, obrigatoriamente, deverá ter: Células totalmente preenchidas; duas casas decimais; arredondamento correto. EXEMPLO: Avaliar qual seria a capacidade de carga e a quantidade de estacas escavadas de 25 cm de diâmetro necessárias para suportar um pilar com 900 kN. SOLUÇÃO: não houve a última leitura SPT adota-se o dobro como fictício. • K e α → tabela tipo de solo; • F1 e F2 → tabela tipo de estaca; • Ø → diâmetro da estaca em “m” • Ap → área de ponta, para estacas circulares A= ¶ x r2 • ¶ = 3,1415 • Al → área de fuste por metro, A = 2.¶.r .1 (estacas circulares); • Q adm → Qu/FS ( em geral usar FS = 2, caso não informado). Prof. (m) Solo SPT k (kN/m2) α (%) F1 F2 Ø (m) Ap (m2) Al (m2) Qp Ql Qu Q adm 0 - 1 Ar. Siltosa 0 800 0,02 3 6 0,25 0,05 0,79 0 0 0 0 1 - 2 Ar. Siltosa 7 800 0,02 3 6 0,25 0,05 0,79 93,33 14,75 108,08 54,04 2 - 3 Ar. Siltosa 10 800 0,02 3 6 0,25 0,05 0,79 133,33 35,82 169,15 84,58 3 - 4 Ar. Siltosa 13 800 0,02 3 6 0,25 0,05 0,79 173,33 63,21 236,54 118,27 4 - 5 Silte Ar. 18 550 0,022 3 6 0,25 0,05 0,79 165 91,89 256,89 128,45 5 - 6 Silte Ar. 27 550 0,022 3 6 0,25 0,05 0,79 247,5 134,91 382,41 191,21 6 - 7 Silte Ar. 36 550 0,022 3 6 0,25 0,05 0,79 330 192,26 522,26 261,13 7 - 8 Arg. Silt. 46 220 0,04 3 6 0,25 0,05 0,79 168,67 245,56 414,23 207,12 8 - 9 Arg. Silt. 64 220 0,04 3 6 0,25 0,05 0,79 234,67 319,71 554,38 277,19 MÉTODO DE AOKI-VELLOSO SOLUÇÃO: Na profundidade de 8m a estaca teria 277,19 kN de capacidade, o que permitiria utilizar 4 estacas para suportar o pilar com 900kN, fazendo um bloco quadrado mais econômico. Exercício 01: Com os dados abaixo, calcular a carga admissível de uma estaca pré-moldada com diâmetro Ø = 40 cm, usando o método de Aoki e Velloso. Como será o estaqueamento admitindo que a carga no pilar será de 890 kN. Argila Siltosa pouco arenosa SOLUÇÃO: Nᵒ Est. = 890 / 306,53 = 2,90 = 3 estacas (triangular). Prof. (m) Solo SPT k (kN/m2) α (%) F1 F2 Ø (m) Ap (m2) Al (m2) Qp Ql Qu Q adm 0,5 - 1 Arg. A. 0 350 0,024 2,5 3,5 0,4 0,13 0,63 0 0 0 0 1 - 2 Arg. S. 7 330 0,03 2,5 3,5 0,4 0,131,26 120,12 24,95 145,07 72,54 2 - 3 Ar. Siltosa 8 700 0,024 2,5 3,5 0,4 0,13 1,26 291,2 73,33 364,53 182,27 3 - 4 Ar. Siltosa 8 700 0,024 2,5 3,5 0,4 0,13 1,26 291,2 121,71 412,91 206,46 4 - 5 Ar. Siltosa 7 700 0,024 2,5 3,5 0,4 0,13 1,26 254,8 164,05 418,85 209,43 5 - 6 Arg. Silt. 9 330 0,03 2,5 3,5 0,4 0,13 1,26 154,44 196,13 350,57 175,29 6 - 7 Arg. Silt. 16 330 0,03 2,5 3,5 0,4 0,13 1,26 274,56 253,15 527,71 263,86 7 - 7,5 Arg. Silt. 19 330 0,03 2,5 3,5 0,4 0,13 0,63 326,04 287,01 613,05 306,53 MÉTODO DE AOKI-VELLOSO Exercício 02: Usando o método de Aoki-Velloso, calcular a carga admissível de uma estaca escavada com Ø 100 cm, arrasada na cota – 0,50 m e com 9,5 m de comprimento. *** Semelhante ao exercício anteriores. SOLUÇÃO 02: Prof. (m) Solo SPT k (kN/m2) α (%) F1 F2 Ø (m) Ap (m2) Al (m2) Qp Ql Qu Q adm 0,5 - 1 Arg. A. 0 350 0,024 3,5 7,0 1 0,79 1,57 0,00 0,00 0,00 0,00 1 - 2 Arg. S. 7 330 0,03 3,5 7,0 1 0,79 3,14 518,35 31,10 549,45 274,72 2 - 3 A. S. 8 700 0,024 3,5 7,0 1 0,79 3,14 1256,60 91,42 1348,02 674,01 3 - 4 A. S. 8 700 0,024 3,5 7,0 1 0,79 3,14 1256,60 151,73 1408,33 704,17 4 - 5 A. S. 7 700 0,024 3,5 7,0 1 0,79 3,14 1099,53 204,51 1304,04 652,02 5 - 6 Arg. S. 9 330 0,03 3,5 7,0 1 0,79 3,14 666,45 244,50 910,95 455,47 6 - 7 Arg. S. 16 330 0,03 3,5 7,0 1 0,79 3,14 1184,79 315,59 1500,38 750,19 7 - 8 Arg. S. 19 330 0,03 3,5 7,0 1 0,79 3,14 1406,94 400,00 1806,95 903,47 8 - 9 Arg. S. 25 330 0,03 3,5 7,0 1 0,79 3,14 1851,24 511,08 2362,32 1181,16 9 - 9,5 Arg. S. 26 330 0,03 3,5 7,0 1 0,79 1,57 1925,29 568,84 2494,13 1247,06 MÉTODO DE AOKI-VELLOSO Exercício 03: De acordo com o laudo geotécnico abaixo: Exercício 03: Sabe-se que a estaca a ser utilizada é do tipo hélice contínua com diâmetro de 90 cm. Cota de arrasamento coincide com o NT e esta assentada a 11,80 metros de profundidade. Determine a carga admissível para uma estaca e o estaqueamento para um bloco que recebe um pilar de 2.753 kN. Resposta 1.548,66 kN 2 estacas 4) Dado o perfil geotécnico definido por sondagem SPT, pede-se determinar a capacidade de carga última de uma estaca pré-moldada (prensada) de 35 cm de diâmetro com 10 m de comprimento. Utilize o método proposto por Aoki e Velloso (Desprezar o primeiro metro). Resp. 3.619,83 kN 5) Dado o perfil geotécnico definido por sondagem SPTde uma estaca Franki de 45 cm de diâmetro. Utilize o método de Aoki e Velloso. Determine supondo que a carga que chegará ao pilar é de aproximadamente 378 tf, preferencialmente um estaqueamento quadrado. a) Capacidade de carga na ruptura b) Capacidade de carga admissível c) Profundidade de assentamento Prof. (m) Solo SPT k (kN/m2) α (%) F1 F2 Ø (m) Ap (m2) Al (m2) Qp (kN) Ql Qu (kN) Q adm 0 arg. Ar. 0 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 0 0 0,00 0,00 1 arg. Ar. 8 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 194,78 31,81 226,59 113,30 2 arg. Ar. 9 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 219,13 67,59 286,72 143,36 3 arg. Ar. 7 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 170,43 95,42 265,85 132,93 4 arg. Ar. 11 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 267,83 139,16 406,99 203,50 5 arg. Ar. 13 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 316,52 190,85 507,37 253,69 6 arg. Ar. 15 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 365,22 250,49 615,71 307,86 7 arg. Ar. 18 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 438,26 322,06 760,32 380,16 8 arg. Ar. 22 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 535,65 409,53 945,18 472,59 9 arg. Ar. 25 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 608,7 508,93 1117,63 558,82 10 arg. Ar. 28 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 681,74 620,26 1302,00 651,00 11 arg. Ar. 35 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 852,17 759,42 1611,59 805,80 12 arg. Ar. 45 350 0,024 2,3 3 0,45 0,16 1,42 1095,65 938,34 2033,99 1017,00 MÉTODO DE AOKI-VELLOSO As formatações de estaqueamento quadrado podem ser compostas por 4 ou cinco estacas. Logo, - Assentamento a 12 m com 4 estacas - Assentamento a 11 m com 5 estacas OBRIGADO!!!
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