Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estatuto da Advocacia e da OAB comentado, artigo por artigo. Lei n° 8.906, de 04 de julho de 1996. TÍTULO I Da Advocacia CAPÍTULO I Da Atividade de Advocacia Art. 1º. São atividades privativas de advocacia: O artigo inicial do Estatuto da Advocacia e da OAB trata sobre as atividades que são privativas do advogado, ou seja, as atividades que somente podem ser praticadas por advogado devidamente inscrito nos quadros da OAB, após preenchido os requisitos do seu art. 8°, bem como por profissional da advocacia que não esteja impedido (suspenso ou licenciado) do exercício de suas atividades. Os incisos I e II do art. 1°, estabelecem quais são essas atividades, vejamos: I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; (Vide ADIN 1.127- 8) Neste inciso, importante chamar atenção para a expressão "qualquer" que constava da redação original do inciso I e que foi declarada inconstitucional pelo STF no julgamento da ADI n° 1.127-8. O Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade deste inciso, porém, com a retirada da Juizados de Pequenas Causas, no qual somente se exige a presença de advogado nas ações cujo valor da causa seja de 20 a 40 salários mínimos e em sede de recurso; à Justiça do Trabalho que, através do art. 791 da CLT, permite a atuação do reclamante e do reclamado sem a intervenção de advogado, contudo, necessário observar o entendimento do TST na Súmula 425.; e à Justiça de Paz, que não faz parte do Poder Judiciário (art. 92 da CF/88), sendo de sua atribuição o disposto no art. 98, II da CF/88, situações em que a parte não precisa estar representada por advogado. Tratam-se de verdadeiras exceções ao jus postulandi do advogado. II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas. Segundo Paulo Lôbo, "a assessoria jurídica (...) se perfaz auxiliando quem deve tomar decisões. (...) Direção jurídica tem o significado de administrar, gerir, coordenar, definir diretrizes de serviços jurídicos. (...) A consultoria jurídica não pode ser prestada como oferta ao público, de modo impessoal"1. Como já dito, são atividades que não podem ser praticadas por pessoas ou sociedades não inscritas na OAB, sob pena de se configurar exercício ilegal da profissão. Da mesma forma, não é permitido ao 1LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 7ª ed. p. 21. advogado prestar serviços de assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedade que não possam ser registradas na OAB (art. 4°, parágrafo único do Regulamento Geral). §1º. Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal. A impetração de habeas corpus, em qualquer instância ou tribunal, não constitui medida privativa de advogado, podendo ser impetrado por qualquer pessoa, inclusive pelo próprio paciente. §2º. Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados. Nestes casos, o visto dado por advogado não pode ser entendido como mera formalidade, por isso é que o art. 2° do Regulamento Geral determina que "o visto do advogado em atos constitutivos de pessoas jurídicas, indispensável ao registro e arquivamento nos órgãos competentes, deve resultar da efetiva constatação, pelo profissional que os examinar, de que os respectivos instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes". Importante ressaltar que a exigência de visto do advogado em atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas não se aplica às microempresas e às empresas de pequeno porte, conforme previsão do art. 9°, §2° da Lei Complementar n° 123/06. O registro dessas empresas é mais simplificado e ocorre com o preenchimento de formulários padrões. Ainda, prevê o parágrafo único do art. 2° do Regulamento Geral que estão impedidos de visar os atos e contratos de pessoas jurídicas os advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas que seja competente para registrar os atos e contratos de pessoas jurídicas. §3º. É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade. Esta proibição também está prevista no Provimento n° 94/2000 do Conselho Federal da OAB em seu art. A vedação é em relação à divulgação da advocacia em conjunto com outra atividade de qualquer natureza, como também em relação ao exercício da advocacia em conjunto com outra atividade. A proibição tem por objetivo evitar a mercantilização da atividade advocatícia, pela atuação em conjunto com outras atividades, como também evitar a captação de clientela. Art. 2º. O advogado é indispensável à administração da justiça. Assim como o Ministério Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública, a Advocacia foi incluída na CF/88, dentro Título que trata da Organização dos Poderes, como uma das funções essenciais à Justiça, considerando o advogado "indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei" (art. 133, CF/88). A indispensabilidade do advogado não pode ser vista como questão de corporativismo, mas como uma garantia de efetivação da justiça. No âmbito constitucional, o advogado é tido como garantidor do devido processo legal e do exercício da ampla defesa do acusado. §1º. No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social. §2º. No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público. A atividade advocatícia, ainda que de forma privada, tem por finalidade a realização da justiça e, desta forma, é tida como um munus público, uma vez que, segundo Fábio Konder Comparato, judicial do advogado não visa, apenas ou primariamente, à satisfação de interesses privados, mas a 2. Por sua vez, a função social da advocacia se revela muito mais do que o simples cumprimento da lei, é a busca do direito e da justiça. De acordo com Paulo Lôbo, a advocacia "é serviço público na medida em que o advogado participa necessariamente da Administração Pública da justiça, sem se agente estatal; cumpre uma função social, na medida em que não é simples defensor judicial do cliente, mas projeta seu ministério na dimensão comunitária, tendo sempre presente que o interesse individual que patrocine deve estar plasmando pelo interesse social"3. §3º. No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei. Assim como o art. 1°, inciso I desse Estatuto, este dispositivo também foi objeto da ação direta de inconstitucionalidade n° 1.127-8, tendo o STF entendido que, de fato, a imunidade e a inviolabilidade do advogado é indispensável para o pleno exercício de suas funções. Sendo assim, ao profissional da advocacia são garantidos o sigilo profissional, a liberdade de expressão e os seus meios de trabalho, porém, há na lei um certo limite quanto a esta inviolabilidade, já que o advogado pode ser responsabilizado com sanções disciplinares pelos excessos que vier a cometer no exercício da profissão. Art. 3º. O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Desde que atendidos os requisitos do art. 8° deste Estatuto e ter prestado o compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção (art. 20 do RegulamentoGeral do EAOAB), o bacharel em direito inscreve-se nos quadros de advogados da OAB e passa a obter o título de advogado, estando habilitado para o exercício dessa nobre profissão. Lembrando que a prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão (art. 4° do Regulamento Geral do EAOAB). 2 COMPARATO, Fábio Konder. A função do advogado na administração da justiça, p. 45. 3 LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, 7ª ed. p. 29/30. §1º. Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional. De acordo com este parágrafo, os advogados públicos, além do regime próprio a que se subordinam, também são inscritos na OAB e estão submetidos às regras desse Estatuto. Importante frisar que, no julgamento do REsp 1.710.155 - 2018, a 2ª Turma do STJ decidiu, por unanimidade, que Defensores Públicos estão dispensados de inscrição na OAB para poder exercer suas funções, tendo em vista que não prestam serviços advocatícios na esfera privada. Apesar desta importantíssima decisão do STJ, o referido dispositivo não sofreu alterações em sua redação e ainda está em vigor. No mesmo sentido, o Procurador-Geral da República ajuizou a ADI nº 5334 com o objetivo de ver declarada a inconstitucionalidade formal e material deste §1°, bem como emprestar interpretação conforme a CF/88 ao art. 3º, caput, desse Estatuto, com o intuito de desvincular os Advogados Públicos da OAB. Mas, até a conclusão destes comentários não houve julgamento da referida ADI. §2º. O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. O estagiário regularmente inscrito na OAB poderá praticar os atos privativos previstos no art. 1° deste Estatuto, desde que assistido por advogado responsável. Poderá, também, e de forma isolada, ou seja, sem a presença ou assinatura do advogado, mas ainda sob a responsabilidade deste, praticar os atos previstos nos §§1° e 2° do Regulamento Geral, quais sejam: retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos e praticar os atos extrajudiciais, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado. Art. 4º. São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia. Este artigo estabelece que haverá nulidade dos atos privativos de advogado quando praticados por pessoa não inscrita na OAB, por advogado impedido, suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia. A nulidade é absoluta, plena, não podendo os atos ser ratificados por outro profissional. Atos praticados por pessoa não inscrita na OAB: as atividades privativas de advocacia (art. 1°) somente podem ser exercidas por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (art. 3°) e, nem mesmo os estagiários devidamente inscritos em quadro próprio na OAB, podem praticá-las de forma isolada, sendo necessário que estejam assistidos por advogado responsável. Os estagiários apenas podem desenvolver, de forma autônoma, as atividades previstas no art. 29 e §§ 1° e 2° do Regulamento Geral desse Estatuto. Além da declaração de nulidade dos atos praticados por aquele que não é advogado, o Caput desse art. também não exclui a aplicação de sanções na esfera cível, penal e administrativa. Isso se verifica em razão do princípio da independência da jurisdição, no qual admite que um mesmo infrator possa responder simultaneamente nas três esferas cabíveis (civil, penal e administrativa). Quanto às sanções civis, a pessoa pode responder pela reparação do dano causado a terceiros, conforme previsão dos arts. 186 e 927 do Código Civil; na esfera penal, poderá responder por exercício ilegal da profissão, em virtude da prática e anúncio da atividade de advocacia, de acordo com o art. 47 da Lei das Contravenções Penais. Na esfera administrativa, o advogado poderá ser punido com sanções disciplinares, como prevê o art. 34 a 43 do EAOAB. Em relação ao estagiário, este poderá ser punido pela prática de ato excedente de sua habilitação, conforme prevê o art. 34, XXIX, desse Estatuto. Atos praticados por advogado impedido: o impedimento constitui proibição parcial do exercício da atividade de advocacia, pois o advogado pode continuar advogando, exceto contra ou a favor das pessoas constantes no art. 30 desse Estatuto. Neste caso, praticando o advogado tais atos, estes serão considerados nulos e o profissional estará cometendo infração disciplinar, sujeito a pena de censura, conforme estabelece os arts. 34, I e 36, I desse Estatuto. Atos praticados por advogado suspenso: o advogado que for punido com pena de suspensão, por ter cometido quaisquer das infrações disciplinares definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34 desse Estatuto (art. 37, I) não poderá, durante o prazo da suspensão (art. 37, §§1° ao 3°, do Estatuto), praticar os atos privativos de advogado, sob pena de nulidade. Atos praticados por advogado licenciado: a licença é um instituto no qual o advogado se afasta temporariamente de suas funções, nas hipóteses previstas no art. 12 desse Estatuto, quais sejam: requerimento, dede que por motivo justificado; exercício, em caráter temporário, de atividade incompatível com a advocacia e doença mental considerada curável. Qualquer ato privativo de advogado exercido durante o período da licença será considerado nulo. Atos praticados por advogado que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia: quem exerce atividade incompatível com a advocacia não pode praticar os atos privativos de advogado, pois a incompatibilidade tem a ver com o cargo ou a função desempenhada, e não com a pessoa em si. A depender do tipo de atividade incompatível a ser exercida, o advogado deve requerer à OAB, a licença ou o cancelamento de sua inscrição, caso não o faça e continue exercendo a advocacia, seus atos serão considerados nulos. Art. 5º. O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. §1º. O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período. Para que o advogado possa representar a parte e praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou grau de jurisdição, deverá apresentar a procuração, que é o instrumento de mandato, onde ficam consignados os poderes outorgados pelo constituinte. O mandato presume a existência de uma relação de prestação dos serviços advocatícios entre a parte (outorgante) e o advogado (outorgado), bem como a fixação dos honorários advocatícios. No entanto, o próprio EAOAB e também o Código de Processo Civil (art. 104, Caput e §1°) facultam ao advogado, nos casos de urgência, atuar sem procuração, devendo, contudo, apresentá-la no prazo de 15 dias, prorrogável por igualperíodo. Ainda, prevê o art. 15, §3° desse Estatuto que "as procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que façam parte", ou seja, a procuração não pode fornecer poderes para a própria sociedade e nem mesmo para a coletividade de advogados que a ela estejam vinculados. §2º. A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais. Este parágrafo estabelece os poderes gerais e especiais que podem constar do instrumento de mandato. Poderes gerais: são poderes básicos que permite ao advogado praticar todos os atos do processo, desde o ajuizamento da ação até a interposição de recursos nos tribunais, exceto aqueles atos que exijam poderes especiais (art. 105, do CPC). Poderes especiais: são aqueles que devem constar nos casos exigidos por lei. O art. 105 do CPC descreve as hipóteses em que se exige uma procuração especifica. O artigo 7º, inciso VI, "d" do EAOAB, também exige procuração com poderes especiais nos casos em que o advogado participe de assembleia ou reunião para representar seu cliente. Destaca-se que o rol do art. 105 do CPC não é taxativo, pois todo e qualquer ato que implique em disposição do direito da parte deve ser realizado mediante a outorga de poderes específicos. §3º. O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo. A renúncia ao mandado não se confunde com o substabelecimento, uma vez que aquela é uma forma através da qual o advogado desiste dos poderes que lhe foram conferidos pela parte, devendo permanecer atuando no processo durante 10 dias seguintes à notificação, salvo quando for substituído antes do término desse prazo ou que seja necessário para evitar prejuízo, de acordo com o art. 112, §1° do CPC. O Regulamento Geral do EAOAB, em seu art. 6°, determina que a comunicação da renúncia ao cliente deva ser feita preferencialmente mediante carta com aviso de recepção, comunicando, após, o Juízo. O advogado que descumprir o prazo de 10 dias, sem que tenha sido substituído, estará cometendo infração disciplinar (art. 34, XI), sujeito a aplicação da pena de censura (36, I), além de responder na esfera cível, devendo, neste caso, haver prova do prejuízo sofrido pelo constituinte. Já o substabelecimento é um instrumento por meio do qual o advogado constituído (substabelecente) transfere para outro advogado (substabelecido) os poderes que lhe foram outorgados pelo cliente. Esse substabelecimento pode ser feito com ou sem reserva de poderes: Substabelecimento com reserva de poderes - é a transferência provisória, pois o advogado substabelecente permanece atuando na causa em conjunto com o advogado substabelecido. Assim, neste caso, não há necessidade de se comunicar o fato ao cliente, pois o substabelecimento com reserva de poderes é ato privativo do advogado. O art. 26, §2° do CED da OAB, estabelece que o advogado "substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus honorários com o substabelecente". Substabelecimento sem reserva de poderes - é a transferência definitiva, na qual o advogado substabelecente se exime de toda responsabilidade no processo e o novo advogado assume, com exclusividade, o patrocínio da causa. Como o substabelecimento sem reserva de poderes não constitui ato privativo do advogado, este deverá comunicar o fato ao cliente, conforme determina o art. 26, §1° do CED da OAB. CAPÍTULO II Dos Direitos do Advogado Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos. Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu desempenho. Este artigo estabelece a igualdade de tratamento entre o advogado, o juiz e o promotor, sendo todos considerados indispensáveis à administração da justiça, cada um desempenhando funções próprias, isto é, um postula, outro exerce o papel de fiscal da lei e o outro julga decidindo o litígio, por isso, não se estabelece entre eles relação de hierarquia e subordinação, muito pelo contrário, todos devem tratar-se com respeito e cordialidade no desempenho de suas respectivas funções, que tem como objeto a aplicação do Direito, em busca da justiça. Além da necessidade de ser tratado com respeito e consideração pelo juiz e pelo promotor de justiça, o parágrafo único assegura, ainda, o direito do advogado em receber tratamento compatível com a dignidade da advocacia e as condições adequadas ao seu desempenho, por parte das autoridades, dos servidores públicos e dos serventuários da justiça. Este tratamento é condição necessária para o desempenho de suas atividades, em respeito ao exercício do direito de defesa. Assim, trata-se de uma prerrogativa do advogado e quando violada lhe autoriza a representar o ofensor mediante desagravo público ou qualquer outra medida disciplinar ou judicial cabível. A imunidade profissional não pode ser um impeditivo a possibilidade de punição disciplinar. Art. 7º. São direitos do advogado: Este artigo relaciona, em rol não taxativo, uma série de direitos assegurados aqueles que exercem a advocacia, são prerrogativas que têm por finalidade evitar a imposição de óbices ao pleno exercício profissional, são elas: I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional; O advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB pode exercer livremente suas atividades em todo o país. Esta atuação ocorre de forma ilimitada na jurisdição do Conselho Seccional em que o advogado mantém seu domicílio profissional, obtendo sua inscrição principal, e de forma eventual em qualquer outro Estado, ou seja, a atuação do advogado nestes locais fica limitada a cinco causas por ano (art. 10, §2°), sendo que a intervenção judicial que exceder a este limite obriga o advogado a promover sua inscrição suplementar no respectivo Conselho Seccional. Assim, desta forma, fica garantido ao profissional da advocacia o livre exercício de suas atividades em todo o território nacional. II a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; (Redação dada pela Lei nº 11.767, de 2008) Este inciso garante ao advogado o direito a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, porém, esta inviolabilidade não é absoluta, pois quando presentes os requisitos previstos em lei poderá haver a quebra da inviolabilidade. Tais requisitos são: indícios de autoria e materialidade de crime por parte do advogado; mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, bem como a presença de representante da OAB para o cumprimento do mandado de busca e apreensão (art. 7°, §6°, do EAOAB). Importante frisar que, em qualquer caso, é vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, assim como os demais instrumentos de trabalho que tenham informações referentes a clientes, a não ser que algum cliente também esteja sendo formalmente investigado como coautor ou partícipe pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade (art. 7°, §7°, do EAOAB). III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quandoestes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; Prerrogativa que assegura a todo o preso ser assistido por advogado, conforme determina o art. 5°, inciso LXIII, da CF/88. Assim, em conformidade com a Carta Magma, o Estatuto da OAB, por meio deste inciso, atribui ao advogado esse direito, ainda que ele não esteja munido de procuração e o seu cliente seja considerado incomunicável. Ademais, esta comunicação deve ser entendida de forma ampla, ou seja, não se restringe ao contato físico e direto com o cliente no estabelecimento em que este se encontre preso, detido ou recolhido, mas abrange também, por exemplo, a troca de correspondências ou telefonemas, devendo, da mesma forma, ser resguardado o sigilo profissional. IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB; A prisão em flagrante delito do advogado, quando relacionada ao exercício da profissão, garante a este ter a presença de representante da OAB para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade. Porém, o STF, no julgamento da ADI nº 1.127-8, decidiu pela constitucionalidade deste inciso, mas destacou que se a OAB não enviar representante em tempo hábil, não haverá de se falar em invalidade da prisão em flagrante. O §3° deste artigo garante ao advogado que a prisão em flagrante só pode ocorrer em caso de crime inafiançável e desde que por motivo ligado ao exercício da profissão, observado o disposto neste inciso. Quando a prisão em flagrante não estiver relacionada ao exercício da profissão, a autoridade competente deverá comunicar o fato à seccional da OAB. V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8) Este inciso também foi objeto da ADI nº 1.127-8, tendo o STF decidido pela inconstitucionalidade da expressão "assim reconhecidas pela OAB". É direito do advogado, em caso de sentença condenatória recorrível, não ser recolhido preso senão em sala de Estado Maior e, na sua ausência, em prisão domiciliar. No mérito da referida ADI, o STF enfatizou risão do advogado em sala de Estado Maior é garantia suficiente para que fique provisoriamente VI - ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais; Essas prerrogativas garantem que o advogado não pode ser impedido de ingressar livremente em locais nos quais deve atuar. Qualquer impedimento a essas garantias dever ser entendido como ilegal, além disso, a violação as hipóteses das alíneas "a", "b" e "c" configura crime de abuso de autoridade, previsto no art. 3°, "f", da Lei n 4.898/95. Por fim, para que o advogado possa exercer o direito estabelecido na alínea "d", precisa estar munido de procuração com poderes especiais. VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença; Como não há relação de hierarquia e subordinação entre advogados e magistrados, este inciso assegura ao profissional da advocacia decidir a melhor maneira de permanecer nos locais onde irá exercer suas funções, sem qualquer óbice por parte das autoridades judiciárias ou policiais. VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada; Justamente por que não há relação de hierarquia e subordinação, é assegurado ao advogado, desde que "observadas as regras legais e éticas de convivência profissional harmônica e reciprocamente respeitosa, dirigir-se diretamente ao magistrado sem horário marcado, nos seus ambientes de trabalho, naturalmente sem prejuízo da ordem de chegada de outros colegas"4. IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7) X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas; Esta prerrogativa garante ao advogado intervir sumariamente nos processos usando a palavra, pela ordem, para esclarecer equívoco ou dúvida que possam influir no julgamento da causa ou, ainda, como forma de defesa em relação as acusação ou censura que lhe forem feitas. XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento; Trata-se de prerrogativa que tem o advogado para reclamar contra a inobservância de lei, regulamento ou regimento, impedindo, desta forma, a violação dos direitos de seu representado. Tal prerrogativa é aplicável perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, ou seja, amplia-se o direito de reclamar a qualquer órgão do Estado. 4 LÔBO, Paulo, Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB, p. 84. XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo; É direito do advogado se manifestar oralmente e da forma que lhe convier, sentado ou em pé, seja no Poder Judiciário, Executivo ou Legislativo, vedada qualquer norma interna que estabeleça forma diversa da assegurado por este inciso. XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.793, de 2019) Prerrogativa indispensável para o livre exercício da profissão e que também tem por objetivo salvaguardar as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, imprescindíveis ao Estado Democrático de Direito. Este direito também é assegurado a processos e procedimentos eletrônicos, observado o disposto nos §§ 10 e 11 deste artigo, é o que dispõe o §13 também deste artigo. XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) O direito no interessedo representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito de acesso às diligências já realizadas, cujos documentos se encontram materializados. Importante salientar que nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata este inciso (art. 7°, §10, do EAOAB). elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, Já o §12 também deste artigo prevê que a inobservância aos direitos estabelecidos neste inciso, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. Da mesma forma que o inciso anterior, o direito previsto neste inciso também é assegurado a processos e procedimentos eletrônicos, observado o disposto nos §§ 10 e 11 acima mencionados, é o que prevê o §13 também deste artigo. XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais; XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias; As prerrogativas trazidas por estes incisos não são absolutas, uma vez que não se aplicam nas hipóteses previstas no §1° deste artigo, vejamos: 1) aos processos sob regime de segredo de justiça; 2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada; 3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela; O desagravo público é tratado nos arts. 18 e 19 do Regulamento Geral e considerado por este Estatuto um direito do profissional da advocacia. Ocorre quando o advogado, no exercício da sua profissão, é ofendido em razão da sua atividade, cargo ou função na OAB. Pode ser promovido pelo Conselho competente, de ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa. Destaca-se que "o desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da advocacia, não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido a critério do Conselho" (art. 18, §7°, do Regulamento Geral). XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado; Esses símbolos são os anéis, adornos e outros relacionados à profissão. De acordo com o art. 54, inciso X desse Estatuto, em razão da necessidade de uniformização da identificação no país, compete ao Conselho Federal "dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos". XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional; É um direito assegurado pelo Estatuto e um dever imposto pelo Código de Ética e Disciplina, devendo o advogado guardar sigilo profissional dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão. Importante frisar que, quando notificado, o advogado deve comparecer em juízo e, só então, recusar-se a depor, sob pena das consequências legais, multa, condução compulsória e, conforme o caso, de processo por crime de desobediência. XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo. Prerrogativa dos advogados que visa evitar abusos por parte de alguns magistrados. No entanto, este direito não se aplica quando o juiz já se encontra no local, porém, realizando outro ato processual, assim, neste caso, não deve o advogado retirar-se do local, sob pena de prejudicar os interesses do seu representado. A CLT (art. 815, parágrafo único) estabelece um prazo menor para que o advogado fique no aguardo do magistrado, o tempo de espera é de 15 minutos após a hora marcada. Em todo caso, o advogado deve protocolar a comunicação em juízo. XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) Também é direito do advogado acompanhar os seus clientes investigados durante a apuração das infrações e de todos os elementos investigatórios e probatórios, sendo possível apresentar razões e quesitos no decorrer do procedimento. A presença e a participação do advogado busca evitar que se cometam abusos contra os investigados e, caso haja violação a essa prerrogativa, haverá nulidade absoluta de todo o procedimento. §1º. Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: 1) aos processos sob regime de segredo de justiça; 2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada; 3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. Como visto nos incisos XV e XVI, o advogado tem direito a ter vista dos processos judiciais ou administrativos ou retirá-los pelos prazos legais, bem como direito de retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de 10 dias. Porém, esta regra não se aplica nas situações previstas neste dispositivo. A hipótese prevista no ponto 3 ocorre quando o advogado deixa de devolver os autos no prazo legal, mesmo quando tiver sido intimado pelo cartório. Se o advogado não for intimado, não haverá infração disciplinar aplicável. §2º. O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8) O STF, no julgamento da ADI 1.127- contida na redação original deste inciso. Assim, a imunidade do advogado estabelecida neste dispositivo é a imunidade penal em relação aos crimes de injúria e difamação, não podendo o advogado, no exercício da profissão, em juízo ou fora dele, ser responsabilizado por suas manifestações, palavras e atos considerados ofensivos por qualquer pessoa ou autoridade. Esta imunidade já era prevista no Código Penal, em seu art. 142, I, que diz "não constituem injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pelaparte ou por seu procurador". No entanto, o EAOAB ampliou a imunidade penal do advogado para a imunidade profissional, assim, esta pode ser de ordem civil, penal e disciplinar. O referido Estatuto também inovou em seu texto no sentido de que esta imunidade se dá dentro ou fora do juízo. Importante salientar que o advogado será responsabilizado pela OAB, caso cometa excessos no exercício de suas funções. §3º. O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo. Vide comentários ao inciso IV. §4º. O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à OAB. (Vide ADIN 1.127-8) No julgamento da ADI n° 1.127-8 também foi declarada a inconstitucionalidade da expressão "e controle". Assim, o advogado tem direito a salas especiais permanentes que devem ser instaladas pelo Poder Judiciário e pelo Poder Executivo em prédios públicos como juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios para que o mesmo exerça o seu múnus público e possa praticar atos como examinar processos, elaborar petições, tirar cópias, se reunir em caráter de urgente com o cliente e etc. Entendeu o STF que a OAB não detém o controle dessas salas, pois o controle por parte da entidade exorbitava a sessão do espaço. §5º. No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator. Vide comentários ao inciso XVII. §6º. Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) §7º. A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) Vide comentários ao inciso II. §8º. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) §9º. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) §10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) §11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) §12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) Vide comentários ao inciso XIV. §13. O disposto nos incisos XIII e XIV do caput deste artigo aplica-se integralmente a processos e a procedimentos eletrônicos, ressalvado o disposto nos §§ 10 e 11 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.793, de 2019) Vide comentários ao inciso XIII e XIV. Art. 7°-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) I - gestante: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) No ano de 2016, a Lei n° 13.363 acrescentou o art. 7°-A ao Estatuto da OAB, assegurando direitos e garantias às advogadas gestantes, lactantes, adotante ou que tiver dado à luz. O inciso I trata dos direitos da advogada gestante, apenas esta tem o direito de não ser submetida a detectores de metais e a reserva de vaga em garagens. Os direitos previstos neste inciso aplicam-se enquanto perdurar o estado gravídico. O inciso II assegura à advogada lactante, adotante ou que der à luz, acesso à creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê. Em relação à advogada lactante, o direito de que trata este inciso aplica-se em enquanto perdurar o período de amamentação. Já em relação à advogada adotante ou que der à luz, os direitos serão concedidos pelo prazo de 120 dias (art. 392, CLT). Já o inciso III trata dos direitos concedidos à advogada gestante, lactante, adotante ou que der a luz, mediante comprovação de sua condição. Quanto à advogada adotante ou que der à luz, os direitos previstos neste inciso também serão concedidos pelo prazo de 120 dias (art. 392, CLT). Para a advogada lactante, o direito permanece enquanto perdurar o período de amamentação. Por fim, o inciso IV relaciona o direito atribuído à advogada adotante ou que der a luz, o qual será concedido pelo prazo de 30 dias a partir da data da concessão da adoção ou da data do parto, sendo necessária a comunicação ao cliente (art. 313, §6°, do CPC). §1º. Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) Vide comentários ao inciso I. §2°. Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou que der à luz serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) Vide comentários aos inciso II e III. §3°. O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que der à luz será concedido pelo prazo previsto no § 6o do art. 313 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) Vide comentários ao inciso IV. CAPÍTULO III Da Inscrição Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário: O art. 8° do EAOAB estabelece os requisitos para inscrição como advogado nos quadros da OAB e, consequentemente, as condições para o exercício da advocacia. No ato de requerimento da inscrição, obacharel em direito deve provar que preenche todos esses requisitos, responsabilizando-se integralmente pela veracidade das informações que prestar e dos documentos que apresentar. I - capacidade civil; A capacidade aqui mencionada é a capacidade civil, regulada pelos art. 3° e 4° do Código Civil. Pode ser comprovada através de documento de identidade que ateste a maioridade. No entanto, é possível a inscrição de menor de 18 anos nos quadros de advogados da OAB, desde que comprovada a graduação em curso superior, no caso, Direito, como hipótese de antecipação da maioridade, conforme previsto no art. 5°, parágrafo único, IV, do CC. II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada; Na ausência do diploma, em virtude da demora em sua expedição, pode ser apresentada a certidão de graduação em direito acompanhada da cópia autenticada do histórico escolar (art. 23 do Regulamento Geral). III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro; Se for brasileira, por razões óbvias, somente deve apresentar o título de eleitor e, no caso de estrangeiro, nenhum desses documentos é exigido (vide comentários ao §2° deste artigo). IV - aprovação em Exame de Ordem; Tem prazo indeterminado, o que possibilita aos que exercem atividade incompatível, em caráter temporário, requerer a inscrição na OAB após a descompatibilização. V - não exercer atividade incompatível com a advocacia; O art. 28 desse Estatuto relaciona as atividades consideradas incompatíveis com a advocacia, a pessoa que exercer alguma dessas atividades não pode se inscrever como advogado nos quadros da OAB. VI - idoneidade moral; Não há definição de idoneidade moral no EAOAB. No entanto, alguns doutrinadores relacionam este requisito a um indivíduo honesto, probo ou escrupuloso. O certo é que a idoneidade moral é considerada um dos requisitos para a inscrição na OAB e caso o advogado posteriormente seja considerado idôneo moralmente, a entendida aplicará a este a penalidade de exclusão, somente podendo retornar após o deferimento do pedido de reabilitação, conforme prevê o art. 41 e parágrafo único do Estatuto. A inidoneidade moral pode ser suscitada por qualquer pessoa, sendo declarada mediante decisão que obtenha, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos votos de todos os membros do conselho competente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar (art. 8°, §3°, do EAOAB). Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que foi condenado por crime infamante, salvo se já tiver sido reabilitado judicialmente (vide arts. 93 a 95 do CP). VII - prestar compromisso perante o conselho. Este compromisso é o juramento, considerado um ato formal, indelegável, personalíssimo. Além desses requisitos, o Regulamento Geral, em seu art. 20, §2°, trouxe mais uma exigência para a inscrição como advogado: não praticar conduta incompatível com a advocacia, o que não se confunde com o requisito previsto no inciso V deste artigo, atividade incompatível, pois esta está relacionada à atividade profissional da pessoa, como, por exemplo, a atividade policial. Por sua vez, a conduta incompatível refere-se à vida pessoal do individuo, como, por exemplo, a embriaguez habitual. §1º. O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB. O Exame de Ordem já foi regulamentado por vários provimentos, sendo atualmente regulamentado pelo Provimento 144/11. §2º. O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado, além de atender aos demais requisitos previstos neste artigo. Estrangeiros ou brasileiros graduados em Direito fora do país, podem inscrever-se como advogado nos quadros da OAB, observado o disposto neste parágrafo, bem como os requisitos previstos neste artigo. Quanto aos advogados estrangeiros, o exercício da atividade de advocacia no Brasil se restringe a prática de consultoria em direito do seu país de origem, sendo vedadas, ainda que em conjunto com outro advogado ou sociedade de advogados brasileiros, o exercício do procuratório judicial, bem como a consultoria ou assessoria em direito brasileiro. Uma importante observação a ser feita é em relação aos advogados portugueses que queiram exercer suas funções no Brasil. O Provimento n° 129/2008 determina que os advogados de nacionalidade portuguesa, que estejam em situação regular junto à Ordem dos Advogados Portugueses, poderão se inscrever na OAB, sendo dispensado os requisitos de aprovação no Exame da Ordem, de revalidação do diploma e da prestação de compromisso pera o Conselho. §3º. A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do conselho competente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar. §4º. Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por crime infamante, salvo reabilitação judicial. Vide comentários ao inciso VI. Art. 9º. Para inscrição como estagiário é necessário: A inscrição como estagiário junto à OAB pode ser realizada no estado onde se localiza o curso jurídico, e não naquele que tenha o seu domicílio civil, no caso de serem diferentes. O estágio profissional de advocacia pode ser feito por aluno do curso de Direito ou o bacharel em Direito, com prazo máximo de dois anos, sendo realizado nos últimos anos do curso jurídico, podendo ser mantido pelas respectivas IES, pelos Conselhos Seccionais da OAB ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB. I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º; II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. Os requisitos para inscrição como estagiário são os seguintes: capacidade civil; título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro; não exercer atividade incompatível com a advocacia; idoneidade moral e prestar compromisso perante o conselho, além de ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. O aluno do curso de Direito que exerce atividade incompatível com a advocacia (art. 28 do EAOAB) pode frequentar, para fins de aprendizagem, o estágio ministrado pela respectiva IES, sendo vedada a inscrição na OAB (art. 9°, §3°, do EAOAB). §1º. O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina. §2º. A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso jurídico. Vide comentários ao Caput deste artigo. §3º. O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB. Vide comentários aos incisos I e II. §4º. O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se inscrever na Ordem. Vide comentários ao Caput deste artigo. Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral. §1º. Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado. §2º. Além da principal,o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano. §3º. No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente. §4º. O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição suplementar, ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal. O advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB pode exercer a profissão em todo o território nacional, devendo está inscrito perante algum Conselho Seccional. O EAOAB apresenta, no artigo em comento, a possibilidade de três tipos de inscrições para o advogado, vejamos cada uma delas: Inscrição principal - é aquela requerida ao Conselho Seccional em cujo território o advogado pretenda estabelecer seu domicílio profissional, considerado aquele da sede da atividade de advocacia. Havendo mais de um domicílio profissional, considera-se como principal aquele que coincida com o da instalação da residência do advogado, domicílio civil (§ 1º). Com a inscrição principal o advogado pode atuar livremente na jurisdição do Conselho Seccional respectivo e, eventualmente, em qualquer outro Estado do país. Passando a exercer a advocacia de forma habitual na área de outro Conselho Seccional, ou seja, intervenção judicial que exceda a cinco causas por ano, o advogado será obrigado a promover sua inscrição suplementar naquele local. Inscrição suplementar - é aquela que deve ser promovida pelo advogado quando passar a exercer a profissão com habitualidade em outra unidade federativa, além daquela em que possui a inscrição principal. Como mencionado anteriormente, a habitualidade se configura na intervenção judicial de mais de cinco causas iniciadas no mesmo ano. Quando da aplicação de uma penalidade de suspensão ou exclusão ou no caso de cancelamento da inscrição principal por ausência dos requisitos essenciais do art. 8° desse Estatuto, qualquer dessas situações se comunica à inscrição suplementar, ficando o advogado proibido do exercício profissional em todo o território nacional. Em se tratando de suspensão, a proibição é temporária. Inscrição por transferência - requerida quando há mudança do domicílio profissional para outra unidade federativa. A transferência da inscrição, em regra, acarreta o cancelamento da inscrição principal. Contudo, nada impede que esta última se transforme em inscrição suplementar no caso de remanescer atuação profissional, de forma habitual, no domicílio anterior, mas, para tanto, é imprescindível requerimento expresso do advogado. Por fim, determina o §4° que o Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição suplementar, caso se verifique, quando da análise dos requisitos para a sua concessão, vício ou ilegalidade na inscrição principal. Assim, como não compete a uma Seccional corrigir atos administrativos praticados por outra, cabe-lhe representar ao Conselho Federal comunicando o vício e suspender o pedido de inscrição até que o colegiado superior julgue a representação. Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que: O cancelamento da inscrição enseja a saída do advogado dos quadros da OAB. Caso ele queira fazer um novo pedido de inscrição, além de não ter direito ao antigo número de identificação, deverá fazer prova dos seguintes requisitos: capacidade civil, não exercer atividade incompatível com a advocacia, idoneidade moral e prestar compromisso perante o Conselho. As hipóteses de cancelamento da inscrição ocorrem nas seguintes situações: I - assim o requerer; O advogado, se assim o desejar, pode requerer o cancelamento de sua inscrição, sem a necessidade de apresentar um motivo justificado. II - sofrer penalidade de exclusão; A penalidade de exclusão dos quadros da OAB acarreta, automaticamente, o cancelamento da inscrição do advogado. Neste caso, o cancelamento deve ser promovido ex officio pelo Conselho competente ou por comunicação por qualquer pessoa. Caso o advogado queira fazer um novo pedido de inscrição na OAB, seu requerimento deve vir acompanhado de provas de reabilitação, conforme previsto no art. 41 e parágrafo único, do desse Estatuto. III - falecer; O cancelamento da inscrição em razão do falecimento requer, por questões óbvias, a juntada da certidão de óbito e, neste caso, também deve ser promovido ex officio pelo Conselho competente ou por comunicação por qualquer pessoa. IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia; As atividades incompatíveis com a advocacia podem ser de caráter temporário ou permanente, sendo que neste último caso haverá o cancelamento da inscrição do advogado dos quadros da OAB. Nesta hipótese, assim como ocorre nas situações previstas nos incisos II e III deste artigo, o cancelamento deve ser promovido ex officio pelo Conselho competente ou por comunicação por qualquer pessoa. V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição. Os requisitos são aqueles analisados nos incisos do art. 8° desse Estatuto. Assim, como o indivíduo precisa preenchê-los para fazer a inscrição na OAB, a perca de qualquer deles, implica no cancelamento da inscrição. §1º. Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por qualquer pessoa. Vide comentários aos incisos II, III e IV. §2º. Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de inscrição anterior - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º. Vide comentários ao Caput deste artigo. §3º. Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve ser acompanhado de provas de reabilitação. Vide comentários ao inciso II. Art. 12. Licencia-se o profissional que: A licença implica no afastamento do advogado do exercício profissional, ele continua com a inscrição ativa junto à OAB, mas não poderá exercer a função, sob pena de nulidade dos atos praticados. Nulidade esta que é considerada absoluta, não podendo os atos ser ratificados por outro profissional. Desta forma, além da nulidade dos atos praticados, o advogado também será penalizado com pena de censura, na esfera administrativa, por prejuízos causados a terceiros, na esfera cível, bem como pelo exercício irregular da profissão, na esfera penal. Assim, será licenciado o advogado que: I - assim o requerer, por motivo justificado; Diferentemente do que ocorre em uma das hipóteses de cancelamento da inscrição, o requerimento de licenciamento do profissional deve vir acompanhado de um motivo justificado. Durante o período da licença não será cobrada a anuidade e, caso haja eleições na OAB, o advogado não precisa votar, nem justificar por que não votou. Ainda, com a licença, o advogado conserva o seu número de inscrição na OAB, sendo mantido quando do seu retorno às atividades. II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia; A atividade incompatível com o exercício da advocacia, desde que exercida em caráter temporário, enseja o licenciamento do profissional. III - sofrer doença mental considerada curável. Enquanto durar a enfermidade mental, considerada curável, o profissional ficará licenciado de suas funções. Como o EAOAB não apresenta um rol de doenças mentais que se enquadram nesta hipótese, a curabilidade da doença deve ser comprovadapor atestados, exames e laudos médicos. Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento geral, é de uso obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova de identidade civil para todos os fins legais. De acordo com o art. 32 do Regulamento Geral, são documentos de identificação tanto para o advogado quanto para o estagiário o cartão e a carteira. Art. 32. São documentos de identidade profissional a carteira e o cartão emitidos pela OAB, de uso obrigatório pelos advogados e estagiários inscritos, para o exercício de suas atividades. Parágrafo único. O uso do cartão dispensa o da carteira. Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade. Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com o exercício da advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação expressa do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem ou o número de registro da sociedade de advogados na OAB. Os advogados são obrigados a indicar em todos os documentos que assinem, no exercício de sua atividade profissional, seu nome e o número de sua inscrição, bem como nas procurações que subescrevem e, no caso de sociedade de advogados, deve ser indicado o número de seu registro na Ordem. Neste sentido, é o art. 44 do Código de Ética e Disciplina, vejamos: Art. 44. Na publicidade profissional que promover ou nos cartões e material de escritório de que se utilizar, o advogado fará constar seu nome ou o da sociedade de advogados, o número ou os números de inscrição na OAB. CAPÍTULO IV Da Sociedade de Advogados Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) Quando ainda estava em vigor, o Código Civil de 1916 classificava as sociedades em civis e mercantis. O EAOAB, que é uma Lei de 1994, acompanhava essa classificação e considerava a sociedade de advogados como sendo uma sociedade de natureza civil. Hoje, com o advento do Código Civil de 2002, a classificação passou a ser em sociedades simples e sociedades empresariais, assim, em 2016, a Lei n° 13. 247 deu nova redação ao art. 15 desse Estatuto estabelecendo que "os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia...", ou seja, pode-se dizer que a sociedade de advogados tem natureza jurídica de sociedade simples. Outra novidade trazida com esta Lei foi a de que os advogados também podem constituir sociedade unipessoal de advocacia, conforme se verifica da leitura do art. em comento. §1º. A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) Para que uma sociedade adquira personalidade jurídica, deverá proceder ao registro de seus atos constitutivos no órgão competente. No caso das sociedades de advogados ou da sociedade unipessoal de advocacia, também não é diferente, estas só adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos, mas no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede, vedado o registro em cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais. §2º. Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia o Código de Ética e Disciplina, no que couber. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) O Código de Ética e Disciplina da OAB não se destina apenas ao profissional da advocacia, mas também às sociedades de que façam parte, naquilo a que a elas for aplicável, devendo atuar em perfeita harmonia com as regras deontológicas fundamentais e em estrita observância dos preceitos que orientam as relações com o cliente ou que digam respeito a sigilo profissional ou publicidade, bem como no que se refere à contratação de honorários advocatícios. §3º. As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que façam parte. A sociedade não possui capacidade postulatória, esta é atribuída apenas aos advogados, por isso, os mandatos judiciais devem ser obrigatoriamente outorgados pelos clientes aos integrantes da sociedade, sócios, associados ou dela empregados, desde que estes estejam inscritos na Seccional onde esteja localizada a sede ou filial da entidade. A sociedade apenas pode praticar, com o uso da razão social, os atos indispensáveis a sua finalidade, que não sejam privativos de advogado. §4º. Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) Assim, por exemplo, um advogado que já é sócio de um escritório de advocacia localizado no Estado de Pernambuco, não poderá integrar, como sócio, nenhuma outra sociedade simples ou constituir sociedade unipessoal de advogados neste Estado. Porém, poderá ser sócio de outra sociedade, simples ou unipessoal de advogados, no Estado da Bahia. Esta regra também vale para as filiais das sociedades. §5º. O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) No caso de filial em outro Estado, o ato de constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se fixar, obrigando os sócios a promoverem a inscrição suplementar, sendo esta também exigida para o titular da sociedade unipessoal de advocacia. §6º. Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em juízo clientes de interesses opostos. Essa proibição ocorre, inclusive, se os advogados estiverem em outros Estados, pois esta decorre da impossibilidade do advogado representar, simultaneamente, o empregador como preposto e advogado. Nestes casos, devido o conflito de interesses existente, o advogado deverá optar por um dos mandatos. §7º. A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razões que motivaram tal concentração. (Incluído pela Lei nº 13.247, de 2016) Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) Existem regras a serem seguidas para que o registro da sociedade seja aprovado no Conselho Seccional da OAB. Assim, não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, pois, como já dito, a sociedade de advogados apresenta natureza jurídica de sociedade simples. Na denominação da sociedade (razão social) não se admite o uso de nome fantasia. A denominação adequadada sociedade de advogados deve trazer o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, acompanhada da expressão que indique a finalidade do escritório. Assim, por exemplo, na sociedade de advogados constituída por Eliza Santos Beltrão, Ricardo Sales Pedrosa e Maria Silva Castro, poderão se colocadas, entre outras, as seguintes denominações: "Beltrão e advogados", "Ricardo Sales Pedrosa, advocacia", "Escritório de Advocacia Maria Castro", "Escritório Jurídico Beltrão, Sales e Castro". Não importa se a expressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do advogado. Em se tratando de sociedade unipessoal de advocacia, a Lei n°13.247/2016 acrescentou o §4° a este artigo 16, estabelecendo que, a denominação deste tipo de sociedade deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão "Sociedade Individual de Advocacia", como, por exemplo, "Eliza, sociedade individual de advocacia" ou "Eliza Santos Beltrão, sociedade individual de advocacia". Também não são admitidas a registro nem podem funcionar como sociedade de advogados, as sociedades que realizem atividades estranhas à advocacia, pois este tipo societário deve ter por objeto único a prestação de serviços de advocacia, em quaisquer de suas modalidades ou especialidades, sendo vedada a adoção de atividade diversa, como, por exemplo, uma sociedade que tenha por objeto a advocacia e a corretagem de imóveis. Por fim, a advocacia só pode ser exercida por advogado regularmente inscrito na OAB e desde que este não esteja proibido de advogar, seja por questões de incompatibilidade de atividades ou por questões relacionadas ao impedimento. Assim, desta forma, não são admitidas a registro e nem podem funcionar a sociedade de advogados que inclua como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. §1º. A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. De acordo com este parágrafo, em caso de óbito de um dos sócios, cujo nome era utilizado na denominação da sociedade, é possível que seu nome permaneça na razão social, desde que prevista tal possibilidade no contrato social. §2º. O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua constituição. Quando, porém, o sócio passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia, o que implica no cancelamento da inscrição, será obrigatória a alteração contratual para que seja retirado o nome daquele sócio, uma vez que a sociedade precisa ter o nome de, pelo menos, um sócio, já que o anterior não é mais considerado advogado. §3º. É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia. Seja uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia, o local adequado para o registro de seus atos constitutivos é na Seccional da OAB em cujo território esteja sua sede. Somente a Ordem detém a competência para promover tal registro societário, contando cada Seccional com um setor específico para essa finalidade. O desrespeito a essa norma, com o registro dos atos constitutivos em outro local diverso da Ordem dos Advogados, acarreta sérias consequências, como a inexistência de registro e a responsabilização dos sócios com a penalidade de censura, uma vez que configura infração disciplinar, de acordo com o art. 34, II, desse Estatuto, "manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei". §4º. A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titula (Incluído pela Lei nº 13.247, de 2016) Vide comentários ao Caput deste artigo. Art. 17. Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) A análise deste art. pode ser feita em conjunto com o art. 40 do Regulamento Geral. Desta forma, temos que os advogados sócios, o titular da sociedade individual de advocacia e os advogados associados respondem subsidiária e ilimitadamente por todos os prejuízos causados diretamente ao cliente, seja por dolo ou culpa, ação ou omissão, no exercício dos atos privativos da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar e penal em que possam incorrer. Importante salientar que o advogado não responderá pelos prejuízos que decorrer da responsabilidade exclusiva do cliente, nos casos de ausência de documentos, provas e outros instrumentos necessários para a defesa. CAPÍTULO V Do Advogado Empregado Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia. Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego. O advogado que mantenha vínculo empregatício com uma empresa ou sociedade de advogados, para a qual presta os seus serviços de advocacia, não perderá a sua independência profissional ou isenção técnica inerentes à advocacia, aliás, em nenhuma hipótese isso poderá acontecer, o advogado tem ampla atuação intelectual e poderá tomar as medidas e providências que achar cabíveis em cada caso. Isenção técnica é a autonomia no exercício profissional, sem a interferência do empregador, sedo que as imposições feitas por ele e que violem as prerrogativas profissionais do advogado, poderão por este ser rejeitadas. Da mesma forma, o advogado poderá se recusar a prestar serviços profissionais de interesse pessoal do empregador, fora da relação empregatícia. Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Este artigo faz referência ao salario mínimo profissional do advogado empregado, porém, não existe uma norma específica que trate sobre o tema, algumas Seccionais da OAB regulamentam a questão e outras não. O Regulamento Geral da AOB, em seu art. 11, diz que: "compete a sindicato de advogados e, na sua falta, a federação ou confederação de advogados, a representação destes nas convenções coletivas celebradas com as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos acordos coletivos celebrados com a empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de trabalho". Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. A superação da jornada de trabalho de 4 horas diárias e 20 horas semanais não significa, necessariamente, regime de dedicação exclusiva do advogado. O §2° deste art. dispõe que as horas excedentes a jornada regular deve ser remunerada acima do valor da hora normal. Por isso, o regime de trabalho considerado de dedicação exclusiva é aquele que for previsto expressamente em contrato individual de trabalho. Neste sentido, é o art. 12 do Regulamento Geral: Art. 12. Para os fins do art. 20 da Lei nº 8.906/94, considera-se de dedicação exclusiva
Compartilhar