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Aula 2 - Fatores ambientais como determinantes de doenças e hospedeiros

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Medicina Veterinária 
Preventiva e Saúde 
Pública I
Aula 2 
Fatores Ambientais como 
determinantes de 
doenças
FATORES AMBIENTAIS COMO 
DETERMINANTES DE DOENÇA
Exercem efeito tanto no
Hospedeiro como nos agentes
biológicos de doença e vetores.
FATORES AMBIENTAIS COMO 
DETERMINANTES DE DOENÇA
•Físicos
•Químicos
•Biológicos
FATORES FÍSICOS E QUÍMICOS
Clima: Permite implementar medidas de controle em
momentos estratégicos.
Exemplo:
• A temperatura e umidade atuam no ciclo de
vetores
• Vento e frio aumentam a perda de calor
• A baixa umidade está relacionada com problemas
respiratórios
FATORES FÍSICOS E QUÍMICOS
Solo: Relacionado com a vegetação, atua na nutrição do
hospedeiro, vetores e agentes.
Exemplo:
O solo pode oferecer excelente meio para o crescimento
de fungos, formas esporuladas dos clostrídios e bacilos,
favorecem a evolução de ovos e larvas de helmintos.
FATORES FÍSICOS E QUÍMICOS
Paisagens hídricas: Criadouro para invertebrados.
Exemplo:
Dengue (mosquito)
Fasciola hepática (caramujo)
FATORES FÍSICOS E QUÍMICOS
Químicos: Presentes diretamente no solo ou
indiretamente na água e vegetais.
Exemplo:
• Chumbo
• Radioatividade (Físico)
• DDT
FATORES BIOLÓGICOS
Populações animais:
Inclui vertebrados e invertebrados que possuem
variadas interações no ecossistema.
Agente biológico: príon, vírus, bactéria,
rickettsia, fungo, protozoário, parasitas.
FATORES BIOLÓGICOS
• Cobertura vegetal:
Além de seu papel na cadeia alimentar, a vegetação
oferece abrigo a vetores e agentes podendo ainda
formar microclimas.
FATORES BIOLÓGICOS
Relações harmônicas como a de agentes em reservatórios
(raiva/morcego, leptospirose/roedores) fazem a
manutenção do parasita na natureza e favorecem a
transmissão para populações mais sensíveis.
POSTULADO DE HENLE-KOCK
1- Um microorganismo específico está sempre
associado a um caso de doença;
2- O microorganismo suspeito deve ser isolado e
capaz de crescer em laboratório;
3- A inoculação da cultura deve ser capaz de
produzir a mesma doença num animal
susceptível;
4- O mesmo microorganismo deve ser isolado a
partir do animal doente;
Desvantagens dos Postulados de Koch:
A- Há microrganismos que não crescem em meios de
cultura;
B- Há microrganismos que apenas são patogênicos
para o Homem, não produzindo doença em animais.
Exemplo: vírus da hepatite C
Postulados de EVANS
A proporção de indivíduos com a doença deve ser
significantemente maior no grupo dos expostos à suposta
causa que no grupo não exposto, mantido como controle;
Quando todos os demais fatores de risco forem mantidos
constantes, a exposição à suposta causa deve estar
presente, mais frequentemente, naqueles indivíduos
afetados pela doença que nos demais não afetados;
Postulados de EVANS
Em estudos prospectivos, o número de novos casos da
doença deve ser significantemente maior naqueles
indivíduos expostos à suposta causa que nos outros não
expostos;
Após a exposição à suposto causa, a distribuição temporal
da doença deve oferecer um perfil da curva normal em
consonância com o seu período de incubação;
Postulados de EVANS
Um espectro de flutuações da resposta do hospedeiro,
oscilando desde o quadro suave aos mais severos deve
suceder a exposição à suposta causa, assegurado o
gradiente de lógica biológica;
Postulados de EVANS
Uma resposta mensurável do hospedeiro (anticorpos,
células cancerosas, entre outras) deve aparecer,
regularmente, após a exposição à suposta causa, em
indivíduos que não apresentavam tal resposta antes da
exposição e, naqueles já reagentes por ocasião da
exposição, tal reação deve ser aumentada.
Esse perfil de resposta não deve ocorrer em indivíduos
não expostos à aludida causa;
Postulados de EVANS
A reprodução experimental da doença deve ocorrer com
maior frequência em indivíduos apropriadamente
expostos à suposta causa que naqueles a ela não expostos
(controles).
Essa exposição pode ser deliberada, em voluntários,
induzida experimentalmente, em laboratório ou
demonstrada em observações controladas de exposição
naturais;
Postulados de EVANS
A prevenção (por exemplo a remoção de um agente
infeccioso especifico) ou a modificação (decorrente da
alteração da dieta deficiente), da suposta causa deve
recuar a frequência de ocorrência da doença;
Postulados de EVANS
A prevenção ou modificação da resposta do hospedeiro
(por exemplo, a imunização) deve recuar ou eliminar a
doença que ocorre normalmente como consequência da
exposição à suposta causa;
Todas as relações e associações devem ser biológica e
epidemiologicamente confiáveis.
Tríade Epidemiológica
É o modelo tradicional de causalidade das
doenças transmissíveis; nesse, a doença é o
resultado da interação entre o agente, o
hospedeiro suscetível e o ambiente
BALANÇO HOMEOSTÁTICO
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Ambiente
A H
Relação 
equilíbrio
constante
Ambiente
H
A
A proporção de 
suscetíveis na 
população diminui
Mudanças ambientais 
que favorecem o agente
Ambiente
A
H
Mudanças ambientais 
que favorecem o 
hospedeiro
Ambiente
H
A
Ambiente
A
H
Agente torna-se 
mais patogênico
Características do Agente
 Infectividade: capacidade de se instalar no
hospedeiro e nele multiplicar-se.
 Patogenicidade: capacidade de produzir a
doença.
Características do Agente
 Virulência: capacidade de produzir
manifestações graves.
 Letalidade: Relação dos óbitos com o número
de doentes.
Características do Agente
 Capacidade imunogênica: habilidade do agente
induzir imunidade específica no hospedeiro
 Resistência: capacidade do agente resistir ao
meio ambiente
Características do Agente
 Variabilidade: adaptação ao meio ambiente
causada por mutação e fluxo gênico
 Persistência: capacidade do agente em
permanecer em uma população após sua
introdução
O agente sempre busca evoluir para:
a) Infectar o maior número de espécies possíveis;
b) Sobreviver sem hospedeiros;
c) Criar mecanismos de escape do sistema imune;
d) Ter relações harmônicas e hospedeiro intermediário
para sua manutenção no ambiente.
Na natureza existem agentes:
• Infecções de ciclo curto com alta letalidade ou alta
capacidade imunogênica;
• Infecções crônicas;
• Infecções lentas;
• Possuem forma de resistência ou mecanismos de
escape do sistema imune.
Relação Parasita-hospedeiro
Relações Intrínsecas:
ocorrem no período patogênico do processo
doença.
Relações Extrínsecas:
ocorrem durante a fase pré-patogênica.
Relações intrínsecas
Parasitas:
Organismo de menor porte que possui como
habitat um organismo maior de onde extrai
elementos para sua sobrevivência.
Parasitismo:
Relação entre parasita e hospedeiro
Relações intrínsecas
Parasitose:
parasita patogênico
Parasitíase:
portador assintomático
Definições
Infecção:
Processo caracterizado pela invasão do organismo do
hospedeiro por um agente biológico e sua subsequente
multiplicação.
O agente penetra nos tecidos do hospedeiro.
Definições
Comunicante:
Indivíduos que estiveram expostos ao risco de infecção e
aparentemente não se infectaram, mas podem
transportar o agente para outro hospedeiro suscetível.
Definições
Reservatório:
Excluindo-se a espécie de interesse sanitário, os demais
vertebrados capazes de atuar como fonte de infecção são
considerados reservatórios.
Definições
Infestação:
Caracterizado pela colonização do agente etiológico na
superfície do corpo do hospedeiro (pele e mucosas).
Processo de doençaA) Ausência de luta do hospedeiro contra o parasita: 
hospedeiro resistente 
B) Reação do hospedeiro contra o parasita:
Relacionamento harmônico ou
Relacionamento desarmônico
Reação do hospedeiro contra o parasita
-Relacionamento harmônico - O parasita se instala e se
multiplica sem causar danos funcionais graves no
hospedeiro – não apresenta sintomatologia.
- Relacionamento desarmônico – O parasita se instala e
se multiplica interferindo com o equilíbrio do hospedeiro.
O hospedeiro reage e provoca uma situação de
incompatibilidade total ou parcial.
Período patogênico
Desenvolvimento do processo de doença desde o
momento da interação inicial agente-hospedeiro até sua
resolução final.
Período de incubação
Período que decorre desde o momento em que o agente
etiológico se instala no organismo do hospedeiro até o
início dos sinais ou sintomas clínicos da doença.
Período de incubação
É importante o seu conhecimento para estabelecimento
de medidas de profilaxia como quarentena e vigilância
sanitária dos comunicantes, que deverão ter como
duração o intervalo de tempo correspondente ao período
máximo de incubação da doença.
Período de pré-patente
Espaço de tempo entre o momento em que se deu a
infecção ou infestação do hospedeiro e a detecção do
agente em seus tecidos, secreções ou excreções.
Período de transmissibilidade
Intervalo de tempo no qual um indivíduo infectado é
capaz de eliminar o agente etiológico ao meio externo,
seja qual for o mecanismo de transmissão envolvido,
contanto que torne possível a sua transmissão a outro
hospedeiro.
Período de transmissibilidade
Pode incluir o período clínico da doença, parte do período
de incubação e do período de convalescença da mesma. É
importante para indicação das medidas sanitárias.
Período prodrômico
Pode ocorrer em algumas doenças no final do período de
incubação, onde o indivíduo apresenta alterações
orgânicas e funcionais indefinidas (genérica/inespecífica),
sugerindo estar acometido por um agravamento de
saúde, todavia sem que se confirme um diagnóstico.
Relações extrínsecas
a) Grau de contaminação do ambiente
b) Número de fontes de infecção
c) Condições higiênico-sanitárias
d) Resistência do agente no ambiente
e) Possibilidade de introdução do agente na área
f) Densidade populacional
g) Distribuição da população de hospedeiros
h) Proporção de suscetíveis e imunes na população
FATORES SÓCIO-ECONÔMICO-
CULTURAIS
Nível cultural
Hábitos sociais 
Crenças religiosas 
Hábitos alimentares
FATORES SÓCIO-ECONÔMICO-
CULTURAIS
• O homem atua como fator interferente nas
interações do ecossistema – Determinante da
doença.
• Alterando o ambiente pode promover o
aparecimento de condições para o
desenvolvimento de doenças.
FATORES SÓCIO-ECONÔMICO-
CULTURAIS
• Também pode prevenir ou controlar situações
potencialmente perigosas introduzindo no
momento oportuno, utilização de drogas,
vacinas, controle de movimentação de animais
e produtos, sacrifício, quarentena entre outras
medidas.
FATORES SÓCIO-ECONÔMICO-
CULTURAIS
Pode influenciar a frequência da ocorrência das doenças
dos animais, zoonoses, introduzindo ou disseminando
seus agentes nas propriedades onde transita, como
visitante, como comerciante, empregado, veterinário e
outros.
É responsável pela degradação do ecossistema se
tornando a fonte principal poluidora.
HOSPEDEIRO
“Todo individuo capaz de abrigar em seu organismo,
um agente causal de doença com o qual pode
estabelecer variadas relações”.
“Todos os vertebrados são hospedeiros em
potencial”.
HOSPEDEIRO
• Organização Pan-Americana da Saúde define
como hospedeiro o homem ou outro animal
vivo, inclusive aves e artrópodes, que ofereça,
em condições naturais, subsistência ou
alojamento a um agente infeccioso.
HOSPEDEIRO
• Hospedeiro primário ou definitivo: aquele em que o
parasita atinge a maturidade ou passa sua fase
sexuada.
• Hospedeiro secundário ou intermediário: aquele em
que o parasita se encontra em fase larvária ou a
assexuada.
Exemplo: Teniase/Cisticercose
Relações do Hospedeiro com o Agente 
Infeccioso
Suscetibilidade
Resistência
SUSCETIBILIDADE
Falta de defesas do Hospedeiro contra ataque ou
agressão.
Indivíduo suscetível é aquele que não possui
resistência a determinado agente patogênico e
que, por esta razão, pode contrair a doença, se
posto em contato com ele.
RESISTÊNCIA
Conjunto de defesas do Hospedeiro.
Está associada ao estado de nutrição, integridade de
pele e mucosas, capacidade de reação e adaptação
aos estímulos do meio, estado atual de saúde,
estresse, imunidade específica e inespecífica, fatores
genéticos, espécie, raça, idade e sexo.
Resistência Natural ou Inespecífica
É a capacidade de resistir à doença independente
de anticorpos ou de reação específica dos
tecidos.
Resulta de fatores intrínsecos do hospedeiro,
anatômicos ou fisiológicos.
Resistência Natural ou Inespecífica
• Barreiras naturais:
• - pele: descamação contínua, transpiração
(termorregulação), propriedades microbicidas
(oleosidade)
• - mucosas:
- conjuntiva ocular – fluxo lacrimal (lisozimas)
- mucosa respiratória – narinas/pelos, células
mucociliares, movimento ciliar caudo-cranial
- mucosa digestiva – bucal/descamação, saliva
(lisozima)
Resistência Natural ou Inespecífica
Mecanismos preventivos: processos fisiológicos e reflexos
naturais.
- Trato respiratório – filtração das fossas nasais, espirro,
tosse, movimento ciliar retrógrado, células
mucociliares, macrófagos alveolares.
- Trato digestivo – saliva, movimentação da língua
(remoção mecânica), acidez estomacal, movimentos
gástricos e peristálticos, vômito.
Resistência Natural ou Inespecífica
- Lágrima – lisozima.
- Leite fresco – lisozima, leucócitos.
- Trato geniturinário – fluxo descendente da urina, pH,
células muco ciliares, gestação (constrição do canal
cervical, tampão muco albuminoso)
- Glândula mamária – esfíncter, tampão mucoso
Resistência Natural ou Inespecífica
Mecanismos defensivos:
- fatores humorais (linfa, linfonodos, soro sanguíneo
(complemento e lisozimas).
- fatores metabólicos (oxigenação dos tecidos,
temperatura corporal).
- reações naturais de defesa inespecífica (processo
inflamatório – fagocitose por macrófagos e neutrófilos).
Resistência Adquirida ou Específica
Sinônimo = Imunidade
Imunidade Ativa – os elementos de defesa específica são
gerados no próprio organismo do hospedeiro, podendo
ser:
- Natural: doença seguida de recuperação.
- Artificial: vacina.
Imunidade Ativa
Natural x Artificial
Resistência Adquirida ou Específica
Imunidade Passiva – o hospedeiro recebe anticorpos
produzidos no organismo de outro hospedeiro, podendo
ser:
-Natural: anticorpo materno (colostro) ou via
transplacentária.
Artificial: anticorpo específico preparados pelo homem
(soro).
Imunidade Passiva
Natural x Artificial
Resistência Adquirida Natural
Resumindo
Imunidade
Ativa Passiva
Natural Artificial Natural Artificial

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