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Apostila Atualizada Direito Empresarial I

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1 
DIREITO EMPRESARIAL 
EMPRESÁRIO, ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, PROPRIEDADE INDUSTRIAL E 
DIREITO DA CONCORRÊNCIA 
 
NOTAS INTRODUTÓRIAS 
• A produção e circulação de bens e serviços passaram por diversas etapas em 
seu processo evolutivo, sendo que a atividade econômica sempre foi e sempre 
será a matriz das relações fundamentais determinantes da superestrutura 
política e jurídica. 
• Num primeiro momento pode-se ter a idéia errônea de que direito comercial de 
que este seja o ramo do direito reservado somente ao comércio e aos 
comerciantes. Esta idéia, entretanto, não corresponde à realidade, mas pode 
ser explicada através da evolução histórica do Direito Comercial. 
• Comércio é o ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos 
produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a 
troca de mercadorias. 
• Para que se efetive o comércio há que se falar na figura do comerciante. 
•A evolução do comércio (cum + merx= commutatio mercium = troca de mercadorias) 
se dá com a eclosão das cidades medievais e da burguesia, revelando estreita ligação 
com o Direito Comercial, sendo que a troca de mercadorias é o estágio preambular 
deste ramo do Direito, onde já se identifica uma atividade profissional organizada 
promotora da circulação de bens, com intuito lucrativo. 
• No entanto, já há que se falar em Direito Comercial à era de Justiniano, sendo 
que a pré-história do Direito Comercial se encontra no Corpus Juris Civilis onde 
vêm consagradas contribuições mercantis das civilizações antigas, dentre as 
quais podemos citar a Lex Rodhia Jactu (alijamento) e Nauticum Foenus (mútuo 
e seguro marítimo). 
• No entanto, foi nos séculos posteriores que as praticas mercantis medievais 
foram sistematizadas, época na qual foram realizadas as compilações 
estatutárias, como Consuetudines (Genova, 1055), Constitutum Usus (Pisa, 
1161) e o Liber Consuetudinum (Milão, 1216), além das súmulas marítimas de 
arbitragem. 
•Durante o séc. XVII, sob o mercantilismo, a França produziu duas ordenações, uma 
sobre o comércio terrestre (Code Savary) e outras atinente ao comércio marítimo. 
 2 
Posteriormente, no ano de 1808, é promulgado o Code de Commerce, sendo marco do 
abandono do subjetivismo corporativista e a implantação da objetividade dos atos de 
comércio. Este diploma comercial foi base de vários outros ordenamentos jurídicos, 
inclusive o brasileiro – o Código Comercial de 1850. 
•Na tradição romanística são dois os sistemas da disciplina da atividade econômica: o 
francês e o italiano. A diferença básica entre eles é a de que no sistema francês as 
atividades econômicas são agrupadas em dois grandes conjuntos, sujeitos a regimes 
próprios – o civil e o comercial; para o italiano, por sua vez, se estabelece um regime 
geral para o exercícios das atividades, do qual apenas se exclui algumas poucas que 
necessitam de tratamento específico. 
• O sistema francês precede ao sistema italiano, tendo surgido com a 
promulgação do Código Comercial napoleônico, em 1808. O sistema italiano, 
por sua vez, tem surgimento no ano de 1942 com a promulgação do Código 
Civil italiano, estabelecendo a unificação do direito privado. 
•A base do sistema francês é a teoria dos atos de comércio, ou seja, uma forma de 
objetivação do tratamento jurídico da atividade mercantil. Ou seja, com a teoria dos 
atos de comércio, o direito comercial deixa de ser o direito de apenas uma categoria 
de profissionais, organizados em corporações próprias, para se tornar a disciplina de 
um conjunto de atos que poderiam ser praticados por qualquer cidadão. 
•Isto não significa, entretanto, que antes da teoria dos atos de comércio, não haviam 
regras sobre a matéria mercantil, sendo que haviam normalizações desde épocas 
remotas, como no Código de Hamurabi. No entanto, não havia um sistema de direito 
comercial, ou seja, um conjunto de normas sobre o comércio coordenadas por 
princípios comuns. Tais regras comuns só surgem na época medieval, no seio de 
feudalismo. 
•Assim, a historia do Direito Comercial pode ser dividida em quatro fases. Vejamos 
cada qual. 
 
HISTÓRICO DO DIREITO COMERCIAL: 
O direito comercial surgiu, fragmentariamente, na Idade Média, pela imposição do 
desenvolvimento do tráfico mercantil. É compreensível que nas civilizações antigas, 
entre as regras rudimentares do direito imperante, surgissem algumas para regular 
certas atividades econômicas. Os historiadores encontram normas dessa natureza no 
Código de Manu, na índia; as pesquisas arqueológicas, que revelaram a Babilônia aos 
nossos olhos, acresceram à coleção do Museu do Louvre a pedra em que foi esculpido 
 3 
há cerca de dois anos a.C. o Código do Rei Hammurabi, tido como a primeira 
codificação de leis comerciais. São conhecidas diversas regras jurídicas, regulando 
instituições de direito comercial marítimo, que os romanos acolheram dos fenícios, 
denominadas Lex Rhodia de lactu (alijamento), ou institutos como o foenus nauticum 
(câmbio marítimo). 
 
Mas essas normas ou regras de natureza legal não chegaram a formar um corpo 
sistematizado, a que se pudesse denominar "direito comercial". Nem os romanos o 
formularam. Roma, devido à organização social estruturada precipuamente sobre a 
propriedade e atividade rurais, prescindiu de um direito especializado para regular as 
atividades mercantis. Os comerciantes, geralmente estrangeiros, respondiam perante 
o praetor peregrinus, que a eles aplicava o jus gentium. 
 
Na era cristã, ao se aproximar a decadência, transformações acentuadas da estrutura 
econômica de Roma deixavam antever a expansão comercial. As leis que proibiam aos 
senadores e patrícios o exercício da atividade mercantil, por ser degradante, foram 
contornadas ou burladas. Fortalece-se um intenso capitalismo mercantil e urbano, que 
a demagogia procura enfrentar, dando dilações aos devedores, e criando uma situação 
de relaxamento no cumprimento de obrigações, contra os credores, que os romanistas 
habitualmente registram. 
 
O nascente capitalismo mercantil de Roma, todavia, sofre sério colapso, em seu 
desenvolvimento, com a invasão dos bárbaros e fracionamento do território imperial, 
iniciando-se a fase feudal. Nos séculos VIII e IX surgem em Bizâncio as chamadas leis 
pseudoródias, jus greco-romano, que derivam das Institutas de Justiniano e 
incorporam costumes do Mediterrâneo, já apresentando origem privada, como todo o 
direito comercial medieval. 
 
O direito civil romano, que era admitido internacionalmente, cede ao direito territorial, 
que passa a prevalecer, embora abeberando-se nas conquistas e fórmulas enunciadas 
pelos antigos juristas, mescladas então pelo direito canônico. As relações jurídicas no 
feudo são eminentemente locais, sob a influência do direito romano e do direito 
canônico. 
 
Ora, quando após o século XI inicia-se nova fase de desenvolvimento econômico da 
Europa, retomou-se, como arma jurídica de garantias dos credores, o remanescente 
 4 
direito romano voltado para a defesa do devedor, ainda agravado pelos preceitos 
canônicos, de aversão e proscrição das atividades lucrativas, inspirados no versículo 
bíblico do Deuteronômio: "Ao teu irmão não emprestarás com usura. . . ". 
 
De acordo com Ricardo Negrão, o direito comercial desenvolveu-se à margem do 
direito civil, na prática e no exercício do comercio ao longo dos séculos, sendo 
sistematizado, somente, na Idade Média. Para Ascarelli, o direito comercial surge com 
o florescimento das primeiras cidades burguesas, sendo a época em que o direito 
comercial começa a firmar-se em contraposição ao regime feudal, mas distinguindo-se 
também do direito romano comum. 
 
•A primeirafase se inicia a partir da segunda metade do séc. XII com a reunião dos 
artesãos e comerciantes em corporações de ofício. Tais corporações se constituíam em 
jurisdições próprias cujas decisões vinham fundamentadas em usos e costumes 
praticada por seus membros. Neste período, o direito comercial se caracterizava pelo 
acento subjetivo e apenas era aplicado aos comerciantes associados às corporações. 
• No entanto, é já neste período que surgem importantes institutos do Direito 
Comercial, como o seguro, a letra de câmbio e atividade bancária, dentre 
outras. A Itália serve como ponto de referência em virtude de sua localização 
geográfica estratégica para as cruzadas e da importância das cidades italianas 
no comércio internacional. 
•Assim, a historia do direito comercial é normalmente dividida em quatro períodos. No 
primeiro, entre a segunda metade do séc. XII e a segunda metade do séc. XVI, o 
direito comercial é aplicável aos integrantes de uma determinada corporação de oficio, 
a dos comerciantes. Adota-se, assim, um critério subjetivo para definir seu âmbito de 
incidência. A letra de cambio, os bancos e seguros são exemplos de institutos já 
existentes neste período. 
•Deste modo, a primeira fase do direito comercial é caracterizada pelo fato de ser um 
direito de classe ligado aos comerciantes e por eles dirigido, sendo aplicado pela figura 
do cônsul nas corporações de oficio. Nesta época, o comercio era itinerante, ou seja, o 
comerciante levava mercadorias de uma cidade para outra, sempre em direção às 
grandes feiras, nas quais antigas praticas converteram-se em usos e normas por todos 
reconhecidos, como por exemplo, a letra de cambio. Em sua evolução as feiras se 
especializaram, surgindo os mercados (nada mais que feiras cobertas). Foi com as 
feiras que uma serie de serviços surgiram, como cambio, títulos de credito, bancos e 
 5 
bolsas de valores. Pertence a este período o contrato de seguro, a constituição de 
fundo de comercio e a idéia de signos distintivos e o uso da marca e origem do 
produto. Também é quando surgem as sociedades familiares, havendo a evolução das 
sociedades mercantis (sociedades marítimas) e sociedades em conta de participação. 
As chamadas companhias surgiram como instituições familiares (cum, com / panis, 
pão) e, posteriormente, receberam o nome de sociedade em nome coletivo. É 
característico desta fase também o aspecto de universalidade (cosmopolita) do direito 
comercial. 
 
•Na última metade do séc. XVI, com o surgimento do mercantilismo, inicia-se o 
segundo período do direito comercial. É neste período que se verifica a unificação 
nacional da França e da Inglaterra e a uniformização das normas jurídicas sobre 
atividades econômicas. Na França, as corporações de oficio passam a perder sua 
competência jurisdicional para os tribunais do Estado nacional. No entanto, continua a 
existir um direito fundamentado nos usos e costumes dos comerciantes. 
•É característico deste período histórico do direito comercial o surgimento da sociedade 
anônima, sociedade esta adequada para os grandes empreendimentos mercantis da 
expansão colonial. 
•Resume-se, assim, o segundo período com a unificação inglesa e francesa, e o direito 
comercial ainda caracterizado pelo subjetivismo. Destaque para o surgimento da 
sociedade anônima. 
•A segunda fase coincide com o período do mercantilismo, caracterizando-se pela 
expansão colonial e sendo a época áurea das grandes sociedades, sob autorização do 
Estado. Neste período as normas de direito comercial são emanadas do poder 
soberano, surgindo as codificações por toda Europa. 
 
• O terceiro período inicia-se com a codificação napoleônica, ocorrendo a 
objetivação do direito comercial, ou seja, sua transformação em disciplina 
jurídica aplicável a determinados atos e não a determinadas pessoas. No 
entanto, o direito comercial continua sendo o ramo do direito com normas 
protecionistas aos comerciantes. 
• Adota-se, neste período, a teoria dos atos de comércio como critério de 
identificação do âmbito de incidência deste ramo do direito, abolindo-se o 
corporativismo. 
 6 
• Assim, qualquer cidadão pode exercer atividade mercantil, e não apenas 
aqueles que eram associados a determinadas corporações de oficio. 
•O Código Civil de 1804 influenciou todos os paises de tradição romanística. Assim, 
pode-se resumir a teoria dos atos de comércio a uma relação de atividades 
econômicas, sem que entre elas se possa encontrar qualquer elemento interno de 
ligação. 
•O terceiro período, desta forma, se caracteriza pela superação do critério subjetivo de 
identificação do âmbito de incidência do direito comercial. A partir dos códigos 
napoleônicos, ele não é mais direito dos comerciantes, mas dos atos de comércio. 
•Concluindo, a terceira fase coincide com o liberalismo econômico, havendo a 
promulgação do Código Napoleônico e do Código Comercial brasileiro. Afasta-se, neste 
período, a idéia de o direito comercial ser um direito dos comerciantes para se 
estabelecer o direito comercial como sendo aquele ramo do direito que rege os atos de 
comercio. Ou seja, a pratica de determinados atos, quando exercidos habitualmente e 
com profissionalidade, terá a proteção da legislação especial. A adoção do conceito de 
ato de comercio surge como resultado da expansão da autoridade e da jurisdição das 
corporações de comercio. 
 
• Por fim, a ultima fase do direito comercial se inicia no ano de 1942 com a 
promulgação do Código Civil italiano e a adoção da teoria da empresa. 
• Assim, este novo diploma italiano passa a disciplinar tanto matéria civil quanto 
comercial, ocorrendo a unificação do direito privado. Vem substituir a teoria dos 
atos de comércio pela teoria da empresa. 
• O sistema italiano de regular a atividade econômica encontra sua síntese na 
teoria da empresa. 
• De acordo com o sistema francês, excluíam atividades de grande importância 
econômica, como prestacao de serviços, agricultura, agropecuária, negociação 
imobiliária, etc. 
•O sistema italiano, por sua vez, reserva uma disciplina especial para tais atividades, 
como a dos profissionais liberais, por exemplo. 
•Assim, conceitua-se empresa como a atividade onde sua marca essencial é a 
obtenção de lucros como oferecimento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes 
 7 
mediante organização de fatores de produção (força de trabalho, matéria-prima, 
capital e tecnologia). 
•Como atividade profissional e organizada, a empresa tem estatuto jurídico próprio, 
que possibilita seu tratamento até mesmo com a abstenção do empresário. 
•A empresa figura, assim, com crescente importância, entre os fundamentos da 
disciplina jurídica da atividade econômica da atualidade, o principio da preservação da 
empresa, isto é, do empreendimento, da atividade em si. 
• O sistema italiano da disciplina privada da atividade econômica superou o 
sistema francês, havendo a unificação da matéria privada, não ocorrendo mais 
a dicotomia civil / comercial. Deste modo, os legisladores têm preferido criar 
um regime geral para a disciplina privada da economia, sendo que a teoria dos 
atos de comércio foi superada pela teoria da empresa. 
• Deste modo, o marco inicial do quarto e último período da historia do direito 
comercial é a edição, em 1942, do Código Civil italiano, que reúne numa única 
lei as normas de direito privado (civil, comercial e trabalhista). Neste período, o 
núcleo conceitual do direito comercial deixa de ser o ato de comercio e passa a 
ser a empresa. 
• Pode-se conceituar empresa como atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa 
não tem a natureza jurídica do sujeito de direito nem de coisa.Em outros 
termos, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o 
estabelecimento empresarial (coisa). 
• A ultima fase – fase do Direito de Empresa – surge em 1942 com a 
promulgação do Código Civil Italiano. Nesta nova fase, o direito comercial é o 
ramo do direito privado que regula a atividade do antigo comerciante e do 
empresário moderno, bem como as relações jurídicas firmadas durante o 
exercício profissional das atividades mercantis e empresariais. Deste modo, o 
direito comercial não desaparece com o novo código civil, mas renasce como 
direito de empresa. 
 
 HISTÓRICO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL 
•Desde o descobrimento do Brasil há que se falar em comércio em território brasileiro. 
No entanto, não há que se falar em um legítimo Direito Comercial pátrio pois, como 
colônia portuguesa, o país era obrigado a se submeter às normas da Coroa. 
 8 
•No entanto, é somente com a vinda do Príncipe Don João VI ao Brasil, em virtude do 
bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte à Inglaterra e com a abertura 
dos portos brasileiros às nações amigas, que surge um legítimo Direito Comercial 
brasileiro. Deste modo, no ano de 1808, aos 28 de janeiro, é decretada a Carta Régia, 
“édito de caráter expressamente provisório, acabou, no entanto, criando condições 
econômicas de fato irreversíveis” (COELHO: 2006, 21). 
•No mesmo ano três novos diplomas comerciais são editados e que terão grande 
relevância no cenário econômico. São eles: o Alvará de 1º de abril, permitindo o livre 
estabelecimento de fábricas e manufaturas; o Alvará de 23 de agosto, instituindo, na 
cidade do Rio de Janeiro, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações 
e; por fim, o Alvará de 12 de outubro, o qual criou o Banco do Brasil (FERREIRA: 2005, 
6). 
•De acordo com Coelho, a edição de tais Alvarás teve o intuito de propiciar as 
condições de vida exigidas pela corte portuguesa instaladas em solo brasileiro, bem 
como atender as exigências do imperialismo inglês. 
•Posteriormente, com o retorno de D. João VI à Portugal, criam-se as condições 
políticas para a independência do Brasil. É neste contexto que, em 7 de setembro de 
1822 é proclamada a independência brasileira. Para suprir a carência de uma 
legislação comercial própria, é eleita no ano de 1823 a Assembléia Constituinte e 
Legislativa, determinando que continuam em vigor as leis portuguesas vigentes até 25 
de abril de 1821. Deste modo, o direito comercial brasileiro continua a ser regido pela 
“Lei da Boa Razão”, de 1769, a qual autorizava a invocar, subsidiariamente, nas 
questões mercantis, as normas legais de outras nações, como França, Espanha e 
mesmo Portugal, que passam, sem a autoridade da Lei da Boa Razão, a constituir a 
verdadeira legislação mercantil nacional. 
•No entanto, em virtude do crescimento econômico vivido pelo Brasil neste período, a 
utilização da Lei da Boa Razão mostrou-se insuficiente, constatando-se pela 
necessidade de se elaborar um verdadeiro Código Comercial nacional. Para tanto, no 
ano de 1832 foi nomeada pela Regência uma comissão de comerciantes para a 
elaboração do diploma legislativo. 
•Os trabalhos da presente comissão findaram-se no ano de 1834, sendo que o estatuto 
elaborado continha 1299 artigos, divididos em três partes, assim dispostas: primeira 
parte trazendo disposições acerca das pessoas do comércio, dos contratos e das 
obrigações; segunda parte disciplinando o comércio marítimo e; a terceira parte 
 9 
regendo sobre as quebras, sendo ainda acrescido um título complementar sobre a 
administração da justiça nas causas comerciais. 
•Neste mesmo ano referido projeto foi remetido para a Câmara dos Deputados, sendo 
promulgado somente em 1850, através da Lei n. 556, a qual instituía o “Código 
Comercial do Império Brasileiro”, sendo fortemente influenciado pelo Código Comercial 
francês, adotando, assim, a teoria dos atos de comércio, furtando-se, entretanto, de 
elencar os reputados atos comerciais, como fizera o código francês (COELHO: 2006, 
22). 
•O Regulamento n. 737, de 1850, o qual destinava-se, inicialmente, a regular o 
processo nas causas comerciais, mas que acabaria sendo a lei de regência de quase 
todo o direito processual civil, por expressivo espaço de tempo. O art. 19 do 
mencionado diploma legal, acaba elencando quais são os atos comerciais, definindo-se 
as atividades sujeitas à jurisdição dos Tribunais do Comércio. 
 
•Art. 19: Consideram-se atos de mercancia: 
•§1º A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para os vender por 
grosso ou a retalho, na mesma espécie manufaturados, ou para alugar seu uso; 
•§2º As operações de câmbio, banco e corretagem; 
•§3º As empresas de fábrica, de comissões, de depósitos, de expedição, consignação e 
transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; 
•§4º Os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos ao comércio 
marítimo; 
•§5º A armação e expedição de navios. 
 
•Mesmo com a extinção dos Tribunais do Comércio, o ordenamento jurídico pátrio 
continuou a disciplinar a atividade econômica a partir da teoria dos atos de comércio, 
distinguindo, assim, os atos civis dos comerciais. 
•Em relação ao Código Comercial, Requião afirma que: 
•Este diploma, até hoje elogiado pela precisa técnica de sua elaboração, teve como 
fontes próximas o Código francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833. 
Foi compilado, como registram os autores, em grande parte do Código português, mas 
J. X. Carvalho de Mendonça acentua que não era cópia servil de nenhum deles, mas foi 
o primeiro trabalho original que, com feição nova, apareceu na América Latina. 
•Com a promulgação do novo Código Civil, nosso ordenamento jurídico se aproxima do 
sistema italiano, passando a definir empresário como o profissional exercente de 
 10 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
Exclui-se do conceito de empresário aquele que exerce atividade intelectual, de 
natureza cientifica, artística ou literária, ainda que conte com o concurso de auxiliares 
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constitui elemento de empresa. 
•Este dispositivo (art. 966, p.u, CC) se refere, de um modo geral, ao profissional 
liberal (advogado, dentista, médico, engenheiro, etc.), que apenas se submete ao 
regime geral da atividade econômica se inserir sua atividade especifica a uma 
organização empresarial. Em situação diversa encontram-se os empresários rurais, 
que são dispensados de inscrição no registro de empresa e dos demais deveres 
impostos aos inscritos (art. 970). 
•No entanto, ainda antes da entrada em vigor do novo Código, o direito pátrio já vinha 
adotando a teoria da empresa, uma vez que as ultimas inovações legislativas já não 
prestigiavam mais o sistema francês, como o Código de Defesa do Consumidor, onde 
todos os fornecedores submetem-se ao mesmo sistema, independente de atuarem no 
ramo imobiliário, industrial ou prestador de serviço. 
 
Durante o período do Brasil-colônia as relações jurídicas pautavam-se, como não podia 
deixar de ser, pela legislação de Portugal. Imperavam, portanto, as Ordenações 
Filipinas, sob a influência do direito canônico e do direito romano. 
 
Quando, porém, a família imperial, acossada pelas tropas napoleônicas, refugiou-se na 
colônia, esta necessariamente haveria de evoluir em seu status. Inicia-se, assim, a 
composição de um direito mais de natureza e finalidade econômica do que 
propriamente comercial. Impunha-se a organização da Corte, como sede de uma 
monarquia. E, por isso, sob o patrocínio de José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu, 
pela chamada Lei de Abertura dos Portos, de 1808, os estuários brasileirosabrem-se 
ao comércio dos povos, até então cerrados pela mesquinha e estreita política 
monopolista da metrópole. Outras leis e alvarás se sucedem, como a que determina a 
criação da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, para estimular 
as atividades produtivas da nação que surgia. Sobressai-se, nesses atos da monarquia 
recém-instalada, o alvará de 12 de outubro de 1808, que cria o Banco do Brasil, com 
programa de emissão de bilhetes pagáveis ao portador, operações de descontos, 
comissões, depósitos pecuniários, saques de fundos por conta de particulares e do Real 
Erário, para a promoção da "indústria nacional pelo giro e combinação de capitais 
isolados". 
 11 
 
Proclamada a Independência, convocada a Assembléia Constituinte e Legislativa de 
1823, promulga esta a lei de 20 de outubro, que mandou continuar, no Império, as leis 
portuguesas vigentes a 25 de abril de 1821. Entre essas leis é de ressaltar, pela sua 
influência e importância, a Lei da Boa Razão, surgida em 18 de agosto de 1769, que 
autorizava invocar-se como subsídio nas questões mercantis as normas legais "das 
nações cristãs, iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, 
depurada e sã jurisprudência". Essa curiosa lei tornava plausível a invocação do direito 
estrangeiro como subsidiário do direito lusitano e, agora, brasileiro. Por isso, observa 
J. X. Carvalho de Mendonça, que "o Código Comercial francês, de 1807, com irradiação 
intensa pelo mundo inteiro, e, mais tarde, os Códigos Comerciais da Espanha de 1829 
e de Portugal de 1833, aliás, sem a autoridade do primeiro, passaram a constituir a 
verdadeira legislação mercantil nacional". 
 
Mas o espírito nacional do jovem Império passou a exigir, como afirmação política de 
sua soberania, a criação de um direito próprio, consentâneo com os seus interesses e 
desenvolvimento. A Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação desde 
logo resolvera encarregar Silva Lisboa de organizar o Código de Comércio. A iniciativa 
recrudesceu em 1832, quando a Regência nomeou uma comissão de comerciantes, 
como era de bom-tom, composta por Antônio Paulino Limpo de Abreu, José Antonio 
Lisboa, Inácio Ratton, Guilherme Midosi e Lourenço Westin, este cônsul da Suécia, 
para elaborar um projeto de Código Comercial. Essa comissão, presidida por Limpo de 
Abreu e depois por José Clemente Pereira, desincumbiu-se do encargo, tendo sido o 
projeto enviado à Câmara em 1834. 
 
Após a morosa tramitação desse projeto, acuradamente debatido nas duas Casas 
Legislativas, foi sancionada a Lei n° 556, de 25 de junho de 1850, que promulgava o 
Código Comercial brasileiro. Esse diploma, até hoje elogiado pela precisão e técnica de 
sua elaboração, teve como fontes próximas o Código francês de 1807, o espanhol de 
1829 e o português de 1833. Foi compilado, como registram os autores, em grande 
parte do Código português, mas J. X. Carvalho de Mendonça acentua que "não era 
cópia servil de nenhum deles", mas foi "o primeiro trabalho original que, com feição 
nova, apareceu na América". 
 
 12 
Tratou-se, após a sua promulgação, da respectiva regulamentação. Surgiu, assim, no 
mesmo ano de 1850, o famoso Regulamento n° 737, que representa um monumento 
soberbo de nossa legislação, na justa apreciação de J. X. Carvalho de Mendonça. 
 
Passa, então, o Código, a sofrer os temperamentos e as acomodações de seus 
embates com a vida nacional. A matrícula, sobre a qual assentava a qualificação de 
comerciante, sofreu rude golpe com o Decreto n. 1.597, de 1855; os Tribunais do 
Comércio foram modificados, até que extintos pela Lei n. 2.662, de 1875, quando se 
unificou o processo judicial. Em 1866, pela Lei n'° 1.350, o juízo arbitral, que era 
obrigatório, passou a ter caráter facultativo. Em 1882 as sociedades anônimas se 
desprenderam, na sua formação, do controle do Estado, podendo ser livremente 
constituídas. Em 1908 surge o Decreto n° 2.044, ajustando o nosso direito cambiário 
às mais modernas conquistas da ciência. No setor do direito falimentar a evolução foi 
positiva e segura. Um dos livros do Código dedicava-se exclusivamente às "quebras", 
sofrendo rápido aperfeiçoamento tão logo o desenvolvimento incipiente e as crises de 
nosso sistema bancário e industrial o exigiram, como no caso da falência da Casa Mauá 
e da crise do Encilhamento, em 1893. Pelo Decreto n9 917 inseriu-se a concordata 
preventiva, até então inexistente. J. X. Carvalho de Mendonça, por fim, em 1908, 
contribuiu com o magnífico projeto do Decreto n° 2.024, alterado somente em 1929. 
Hoje a nossa Lei de Falências, fundamentando a sua caracterização não na cessação 
dos pagamentos do comerciante, mas na sua impontualidade, tornou-a uma das mais 
severas legislações dos povos civilizados, acentuando-se a sua originalidade. 
 
Mas desde o início do século impôs-se a necessidade da revisão do Código. Inglez de 
Souza elaborou, em 1912, anteprojeto que serviu de base aos trabalhos legislativos da 
reforma, sendo aperfeiçoado em 1928 no Senado Federal, não tendo, porém, 
seguimento. Florêncio de Abreu, em 1949, foi incumbido de elaborar novo anteprojeto, 
divulgado pelo Ministério da Justiça, não tendo também encaminhamento. Por fim, 
tentou-se a elaboração de um Código de Obrigações, englobando a matéria do antigo 
Código, tendo sido encaminhado ao Congresso Nacional pelo Governo Castello Branco. 
Pouco depois, com o Projeto de Código Civil, foi retirado pelo mesmo Governo, 
encontrando-se novamente entregue ao estudo da douta comissão de juristas, que 
compôs o Anteprojeto de Código Civil, unificado, publicado no Diário Oficial da União, 
em 7 de agosto de 1972. 
 
OBJETO 
 13 
• A trajetória histórica do direito comercial pode ser concebida como um retrato 
dinâmico de diversos referenciais utilizados para diagnosticar o que é ou o que 
não é mercantil. Seu nascimento marginal explica a constante preocupação em 
diferenciar a matéria civil da comercial e identificar com precisão a relação 
jurídica mercantil. 
• Matéria mercantil é um conceito que é diretamente afetado pelas circunstancias 
históricas, devendo ser compreendido através desta perspectiva. 
• Como já visto, através da perspectiva histórica, podemos identificar três fases 
que correspondem aos três critérios determinadores do objeto do direito 
comercial. 
•A relação jurídica mercantil definida pela qualidade do sujeito – onde o direito 
comercial era aplicado tendo em vista o critério subjetivo – aplicado somente aos 
comerciantes filiados às corporações de oficio; 
•Relação jurídica mercantil definida pelo critério objetivo, ou seja, definida pela 
natureza do objeto: teoria dos atos de comércio; 
•Direito comercial como direito das relações decorrentes da atividade empresarial. 
•Assim, recapitulando o histórico visto anteriormente, nos primeiros momentos de sua 
historia, o direito comercial foi concebido subjetivamente, como sistema normativo 
regente da classe dos comerciantes. Era um ramo jurídico iniciado e desenvolvido por 
e para mercadores. As corporações de oficio e as decisões dos cônsules (juizes 
corporativos) criaram um direito classista: somente os matriculados nas corporações 
eram comerciantes com acesso aos tribunais consulares e aptidão para a falência e 
concordata. 
• As transformações políticas, econômicas e sociais demonstraram a inviabilidade 
deste critério para se determinar a relação jurídica mercantil. Assim, este 
direito comercial de raiz medieval foi substituído pelo direito igualitário, 
abstrato e unitário calcado na prática de determinados atos definidos pelo 
ordenamento positivo como mercantis. 
•Com a codificação napoleônica, o direito comercial passa adepender de um catálogo 
legal de atividades economias, ou seja, o casuísmo dos atos de comércio sem uma 
definição pontual do que seja ato de comércio. 
 14 
•No Brasil, o Código Comercial de 1850 não elencou quais eram os atos de comércio, 
disposição esta que ficou por conta do Regulamento 737, em seu art. 19, como já visto 
anteriormente. 
•Assim, o ato de comércio como conceito jurídico acabou sendo superestimado e 
deturpado, como se fosse o critério definidor do atributo da comercialidade. 
•A terceira posição centra-se na figura do empresário com base no conceito de 
empresa, que ultrapassa do mero empreendimento, para envolver todas as atividades 
organizadas economicamente para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
 
CONCEITO 
• De acordo com Carvalho de Mendonça, para se conceituar o direito comercial 
também deve-se considerar o seu período histórico. Assim, à época dos atos de 
comércio, podia se conceituar como: “a disciplina jurídica reguladora dos atos 
de comercio e, ao mesmo tempo, dos direitos e obrigações das pessoas que os 
exercem profissionalmente e dos seus auxiliares”. 
• Já para Fran Martins, em um conceito mais atual, “é o conjunto de regras que 
regulam as atividades das empresas e empresários comerciais, bem como dos 
atos considerados comerciais, mesmo que estes atos não se relacionem com as 
atividades da empresa”. 
 
! São algumas diretrizes básicas: 
• A diferenciação entre: 
Empresa ≠ empresário ou sociedade empresaria ≠estabelecimento 
 
A organização da atividade implica a distinção entre: 
Empresa que é a própria atividade explorada. 
O empresário ou a sociedade empresaria que é o sujeito ou sujeitos de 
direito. 
O estabelecimento empresarial que é universalidade de fato 
instrumental do exercício da empresa, aquilo que compõem o 
necessário para se explorar a atividade(maquinas, local e mão de 
obra). 
 
 15 
Ex; João da Silva é um empresário, cujo sua atividade empresária é fabricar bolças e 
seu estabelecimento conta com vários aparelhos de ultima geração e uma excelente 
localização. 
•A profissionalidade do exercício também deve ter uma periodicidade, capacidade e 
atividade economicamente organizada. 
•A condição produtiva ou circulatória de bens ou serviços; 
•O intuito lucrativo. 
 
FONTES DO DIREITO COMERCIAL 
Fonte do direito é o meio de realização do direito objetivo. Pode ser 
entendido em dois sentidos. 
Quando se tratar de investigação da origem histórica de um instituto jurídico 
(fonte como local ou documento onde o pesquisador encontra os elementos 
de estudo). 
Quando se tem em vista o direito atual, a palavra fonte designa as diferentes 
maneiras de realização do direito objetivo através das quais se estabelecem 
e se materializam regras jurídicas – são as chamadas fontes formais. 
 
! De acordo com Plácido e Silva: 
• Fontes do Direito. Assim se diz do texto em que se funda o Direito ou dos 
elementos subsidiários que possam formular e esclarecer. (ordenamento jurídico) 
• As leis são suas fontes principais. 
• Mas, como fontes subsidiárias do Direito, anotam-se a Jurisprudência, o Direito 
Costumeiro, o Direito Estrangeiro, o Direito Romano e a Doutrina. 
• Entende-se, assim, como Fonte de Direito o texto ou o documento, elaborado a 
partir de certos princípios, que servirá de base para a formação de novos textos 
legislativos. 
 
 
• São fontes primárias ou imediatas: a lei – fonte primordial de nosso ordenamento 
jurídico – tradição romano-germânica. 
•Fontes secundárias: costume, analogia, princípios gerais de direito. 
•Para o Direito Comercial são fontes primárias: 
 16 
•Código Civil 
•Código Comercial – parte não revogada: direito marítimo 
•Leis extravagantes 
•Tratados e convenções internacionais. 
 
• São fontes secundárias as elencadas no art. 4, LICC. 
• São elas: 
• Jurisprudência; 
• Costumes; 
• Analogia; 
• Princípios gerais do direito. 
• A principal fonte do direito comercial são as leis comerciais. Cite-se como exemplo 
de lei especial fonte do direito comercial a Lei n. 6404 (LSA). 
• Os usos e costumes também são muito utilizados no âmbito do direito comercial, 
uma vez que este ramo do direito surgiu, basicamente, dos usos e costumes. 
! Assim: 
• O direito comercial é um dos ramos do direito privado, tendo intima vinculação com 
o direito das obrigações. A partir da promulgação do novo código civil, há 
disposições que ordena normas comuns aos empresários e aos não empresários. 
Deste modo, empresários ou não empresários, ao exercerem atividade econômica 
organizada, em nome próprio, praticam atos jurídicos, ou seja, atos que visam 
adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. 
 
• Assim, são fontes do direito comercial: fontes primarias (Constituição, códigos civil 
e comercial e legislação especial); fontes secundarias (analogia, costumes e 
princípios gerais do direito – ex.: tratamento paritário entre os credores na 
Novo código civil 
Empresário e não empresário 
Obrigações iguais 
 17 
execução falimentar facultativa). Mas como se caracteriza o costume comercial? 
Devem ser praticados entre comerciantes, constante e uniformemente, serem 
conformes aos princípios da boa-fé e as máximas comerciais, não serem contrários 
às disposições das legislações comerciais. 
 
 
CARACTERISTICAS DO DIREITO COMERCIAL 
• Pela sua natureza e estrutura de direito privado o direito comercial caracteriza-se e 
diferenciar-se dos outros ramos do direito, sobretudo do direito civil, pelos 
seguintes traços peculiares: cosmopolitismo, individualismo, onerosidade, 
informalismo, fragmentarismo e solidariedade presumida. 
• Cosmopolitismo. Em dissertação anterior acentuamos o traço cosmopolita que 
caracterizou o direito comercial, desde o seu surgimento. Em Roma aplicava-se ao 
comerciante o direito dos estrangeiros, o jus gentium; o direito marítimo, 
universalista por excelência, inspirou a criação de diversos institutos mercantis, 
como a sociedade em comandita, o seguro e, segundo alguns, as próprias 
sociedades anônimas. 
• Ferreira Borges, um dos clássicos do direito comercial, perfilhou opinião de que os 
comerciantes constituem um só povo. De fato, a persecução do lucro, que é a meta 
do comerciante, é um fato universal e desconhece fronteiras. 
• Diversas convenções internacionais regulam muitas leis de comércio marítimo e 
aéreo, e, atualmente, leis uniformes regem a letra de câmbio, a nota promissória e 
o cheque. Os governos, pelos seus diplomatas, e os comercialistas pesquisam um 
tipo de sociedade anônima multinacional, ou de tipo europeu, segundo os estudos 
dos países componentes do Mercado Comum Europeu. A Organização das Nações 
Unidas (ONU) patrocina estudos para a elaboração de um código de comércio 
internacional. 
•Individualismo. As regras de direito comercial inspiram-se em acentuado 
individualismo, porque o lucro está diretamente vinculado ao interesse individual. Esse 
tradicional individualismo, temos de reconhecer, está temperado nos tempos modernos 
pela atuação do Estado, limitando a liberdade do contrato, que era um dos apanágios 
do individualismo. A liberdade do contrato, todavia, constitui ainda regra 
preponderante nas relações mercantis. 
 18 
• Onerosidade. Precisamente porque o objetivo do comerciante é a obtenção de 
lucro, não se concebe na atividade comercial a gratuidade. A onerosidade é a 
regra, e ela se presume. No direito civil a gratuidade é a constante, em muitos 
contratos, a começar pelo mandato. O mutuum, no direito romano, era contrato 
entre amigos, passando a ser oneroso com o desenvolvimento do comércio. 
• Informalismo. Em fase da técnica própria do direito comercial,e de seu objetivo de 
regular operações em massa, em que a rapidez da contratação é elemento 
substancial, forçou-se a supressão do formalismo. Em compensação, boa fé impera 
nos contratos comerciais, impondo-se meios de provas mais simples e numerosos 
do que no direito civil. 
• Fragmentarismo. O direito comercial é extremamente fragmentário. Não forma, 
como conclui Alfredo Rocco, um sistema jurídico completo, mas um complexo de 
normas, que deixa muitas lacunas. Cosack corrobora a observação, declarando que 
o direito comercial é um conjunto de normas extraordinariamente fragmentário. 
• Solidariedade presumida. A tutela do crédito e a segurança na circulação dos bens, 
dada a celeridade das operações realizadas em massa, importa muitíssimo ao 
direito comercial. Mais ao direito comercial do que ao direito civil. A solidariedade 
das obrigações era implícita no direito comercial desde os seus primórdios. 
 
 
 
 19 
 
 
 
 
COMERCIANTE E ATOS DE COMERCIO: 
Tanto o conceito de comerciante como atos de comercio sempre foram fonte de 
discussões doutrinarias. De acordo com Requião, citando Vidari: “é o complexo de atos 
de intromissão entre o produtor e o consumidor que, exercidos habitualmente e com 
fins lucrativos, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza 
e da industria, para tornar mais fácil e pronta a procurar e a oferta”. Aqui 
vislumbramos os três elementos jurídicos integrantes do conceito de ato de comercio: 
mediação, fim lucrativo e profissionalidade. 
Ex; João da Silva comerciante há um ano (habitualidade), atua na venda de frutas e 
verduras em uma feira local (facilita a circulação dos produtos), e tem uma renda 
mensal de 5,000 R$ por mês (fim lucrativo). 
 
Vejamos a alteração que o conceito de comerciante sofreu ao longo da evolução do 
direito comercial: 
 
 
Solidariedade 
presumida 
 
 
Fragmentarismo 
 
 
Informalismo 
 
 
Onerosidade 
 
 
Individualismo 
 
 
Cosmopolitismo 
 
Direito 
Comercial 
 20 
Primeira fase: comerciante é aquele que pratica a mercancia, subordinando-se à 
corporação de mercadores e sujeitando-se às decisões dos cônsules dessas 
corporações. 
 
Terceira fase: comerciante é aquele que pratica com habitualidade e profissionalidade 
atos de comercio (Vivante). 
 
Fase atual: art. 966, p.u: considera-se empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, 
excluída a profissão intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, ainda com 
o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. 
 
Na teoria dos atos de comercio, se fazia distinção entre atos civis e atos comerciais. No 
sistema da empresarialidade tem-se atividade empresarial e não empresarial, 
sociedade empresaria e sociedade simples (veio para substituir a antiga sociedade 
civil, mas são muito parecidas. De acordo com Ricardo Negrão esta nova nomenclatura 
é inócua). 
 
 
O EMPRESÁRIO 
•A empresa não é um sujeito de direito e obrigações. É uma atividade, sendo 
desenvolvida ou pelo empresário individual ou pela sociedade empresaria. 
EMPRESA = ATIVIDADE 
EMPRESRIO INDIVIDUAL E SOCIEDADE EMPRESARIA = SUJEITO DE DIREITO 
•Considera-se empresário, assim, aquele que, de forma singular, pratica 
profissionalmente atividade negocial, como a pessoa de direito constituída para este 
mesmo fim. Ambos praticam atividade econômica organizada para a produção, 
transformação ou circulação de bens e prestação de serviços, sendo que ambas têm 
finalidade lucrativa. 
•O CC não traz o conceito de empresário, mas assim considera aquele que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de 
bens ou serviços. Este é o conceito de empresário individual, segundo o art. 966. 
•O art. 982, por sua vez, traz o conceito de sociedade empresaria, como sendo aquela 
que tem por objeto o exercício de atividade própria do empresário. 
 21 
•Não é empresário aquele que desempenha serviço especifico, de caráter intelectual, 
artístico ou literário, ainda que conte com a colaboração de auxiliares, salvo se o 
objeto constituir elemento de empresa. 
•Neste semestre cuidaremos apenas do empresário individual, sendo que a sociedade 
simples e a sociedade empresariam será objeto de estudo no próximo semestre. 
•No entanto, para que se caracterize o empresário individual, alguns requisitos devem 
ser preenchidos: 
•Capacidade jurídica; 
•Ausência de impedimento legal para o exercício da empresa; 
•Efetivo exercício profissional da empresa; 
•Regime jurídico peculiar regulador da insolvência 
•Registro. 
• Assim, empresária é a pessoa que toma iniciativa de organizar uma atividade 
econômica de produção ou circulação de bens ou serviços, podendo tanto ser uma 
pessoa física quanto uma pessoa jurídica. 
• Há que se ressaltar uma diferença importante: não há que se confundir a 
empresária pessoa jurídica e os sócios desta. 
• Cotidianamente, a pessoa jurídica empresaria é denominada empresa e seus sócios 
empresários. No entanto, em termos técnicos, empresa é a atividade, e não a 
pessoa que a explora. Empresário, por sua vez, não é o sócio, mas a própria 
sociedade. 
• Assim, a empresa pode tanto ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No 
primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário individual; 
no segundo, sociedade empresaria. Como é a pessoa jurídica que explora a 
atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da sociedade 
empresaria. 
•Vejamos, agora, cada um dos requisitos necessários para que se configure o 
empresário. 
 
•Assim, o conceito de empresa decorre da visão moderna de empresário, tendo sua 
formulação origem no código civil italiano de 1942, que veio para unificar, no código 
civil, o direito obrigacional. Esta unificação, de acordo com Ascarelli, não deve ser 
entendida no sentido de desaparecimento de um corpo separado de leis (que teria 
 22 
importância meramente formal), mas no sentido de unificação no direito das 
obrigações. Não existem mais atos de comercio, e, desta forma, não existe mais uma 
oposição entre ato civil e ato de comercio. Nas codificações anteriores, determinados 
atos eram submetidos a um regime especial quando pudessem ser qualificados como 
comerciais; na atual codificação desaparece esta disciplina. Os diversos atos são 
submetidos a uma disciplina constante. 
 
•Mas o empresário veio meramente substituir o antigo comerciante? Evidente que não. 
O empresário comercial corresponde de certa forma ao antigo comerciante e não ao 
empresário em geral, ou seja, há correspondência entre os dois, no que se refere ao 
fato de que ambos exercem atividade econômica organizada de intermediação, e há 
diferença, no fato de que é considerado empresário porque é agente de produção e 
não mero espectador. 
 
•Assim, é empresário aquele que exerce profissionalmente uma atividade 
economicamente organizada tendo por fim a produção ou troca de bens ou de serviços 
– conceituação italiana. Brasil: vide art. 966, CC. 
IMPORTANTE! 
•E o que é empresa? De acordo com Asquini (teoria poliédrica) são quatro os 
perfis da empresa: 
•Perfil subjetivo: vislumbra-se aqui o aspecto subjetivo de quem exerce a empresa – o 
empresário – definida como o sujeito (pessoa física ou jurídica), que, em nome 
próprio, exerce atividade econômica organizada com o fim de operar no mercado e não 
para o consumo próprio, de forma profissional. 
•Perfil funcional: empresa aparece como aquela força em movimento que é a atividade 
empresarial dirigidapara um determinado escopo produtivo. É um fato apto a produzir 
efeitos jurídicos, embora, no sistema pátrio atual, só se admitam fatos jurídicos que 
independem da vontade humana e atos jurídicos dela decorrentes. 
•Perfil objetivo ou patrimonial: o exercício da atividade empresarial (perfil funcional) 
pelo empresário (perfil subjetivo) exige um instrumento eficaz para a obtenção de seu 
fim. Este nada mais é do que o estabelecimento empresarial, definido como complexo 
de bens materiais ou imateriais, moveis e imóveis, utilizados pelo empresário para o 
exercício da atividade empresarial. 
•Assim, temos o seguinte tripé empresarial: PESSOA – ATIVIDADE – BENS. 
 23 
•Perfil coorporativo ou institucional: a empresa é vista como o resultado da 
organização do pessoal, formada pelo empresário e por seus colabora dores. 
 
 E o que é empresa? 
Perfil 
subjetivo 
É a pessoa que integra a empresa, ou seja, a pessoa física (empresário 
individual) ou a pessoa jurídica (sociedade empresária) que exerce 
atividade empresarial. 
Perfil 
funcional 
São os objetos utilizados pelo empresário individual ou pela sociedade 
empresária para executar sua atividade. São os bens corpóreos e 
incorpóreos que instrumentalizam a atividade. 
Perfil 
objetivo ou 
patrimonial 
É o desenvolvimento da atividade do empresário ou da sociedade 
empresária, em seu cotidiano de negócios. 
Perfil 
coorporativo 
São os colaboradores(empregados). Matéria mais trabalhada no direito 
do trabalho. 
 
•O EMPRESÁRIO: podem ser classificados em individuais e coletivos, sendo que os 
primeiros encontram-se os que exercem sua atividade debaixo de uma firma 
individual, e os coletivos os que praticam a praticam por meio de uma sociedade 
empresaria. Há ainda, de acordo com o código civil, o empresário rural e o pequeno 
empresário – permitindo a inscrição facultativa no registro de empresas e tendo 
tratamento diferenciado pela lei. 
 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL 
 
INDIVIDUAL COLETIVO 
Art. 966: Soc. Individual Art. 983: Soc. Empresaria 
 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE NAO EMPRESARIAL 
 
INDIVIDUAL COLETIVO 
Profissional (autônomo): 
atividades não 
empresariais. Ex.: 
intelectuais, cientificas. 
Associações; fundações e 
sociedade simples. 
 24 
 
 
•Não há mais a distinção entre comerciante e não comerciante, sociedade civil e 
sociedade mercantil. Hoje, ao conceito de empresário se contrapõe o de não 
empresário e às sociedades empresarias se contrapõem as sociedades simples. 
 
•Para finalizar: aspecto patrimonial: todo o conjunto de bens organizado para exercício 
da empresa, por empresário ou sociedade empresaria, não sendo possível a existência 
de empresário e empresa sem estabelecimento. 
 
•CAPACIDADE JURÍDICA: todo ato, para que seja válido, deve ter sido praticado por 
um agente capaz. Assim como ocorre no âmbito civil, no âmbito comercial só serão 
idôneos os atos praticados por agente capaz. 
•O art. 972 elenca aqueles que podem ser empresários. 
 
• EMANCIPADO: art. 5 (CC). A emancipação é ato de caráter irrevogável, através do 
qual cessa a incapacidade civil antes dos 18 anos. Uma das causas previstas é o 
estabelecimento civil ou comercial do menor com 16 anos completos que tenha 
economia própria. 
 
•INCAPAZ: pode ser empresário apenas para continuar empresa anteriormente 
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança, sendo ele 
assistido. 
•Arts. 974 a 976. 
 
•EMPRESÁRIO CASADO: o empresário casado não necessita de outorga conjugal para 
alienar ou gravar de ônus real os imóveis que integrem o patrimônio da empresa (art. 
978). 
•O empresário casado em regime de comunhão de bens não pode ser empresário, pois 
pode comprometer o patrimônio do casal em decorrência da atividade empresarial. 
 
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1058165 RS 2008/0106925-5 
 
Processo: REsp 1058165 RS 2008/0106925-5 
Relator(a): Ministra NANCY ANDRIGHI 
Julgamento: 14/04/2009 
Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA 
 25 
Publicação: DJe 21/08/2009 
Ementa 
 
Direito Empresarial e Processual Civil. Recurso especial. Violação ao art. 535 do CPC. 
Fundamentação deficiente. Ofensa ao art. 5º da LICC. Ausência de prequestionamento. Violação 
aos arts. 421 e 977 do CC/02. Impossibilidade de contratação de sociedade entre cônjuges 
casados no regime de comunhão universal ou separação obrigatória. Vedação legal que se aplica 
tanto às sociedades empresárias quanto às simples. 
 
- Não se conhece do recurso especial na parte em que se encontra deficientemente 
fundamentado. Súmula 284/STF. 
 
- Inviável a apreciação do recurso especial quando ausente o prequestionamento do dispositivo 
legal tido como violado. Súmula 211/STJ. 
 
- A liberdade de contratar a que se refere o art. 421 do CC/02 somente pode ser exercida 
legitimamente se não implicar a violação das balizas impostas pelo próprio texto legal. 
 
- O art. 977 do CC/02 inovou no ordenamento jurídico pátrio ao permitir expressamente a 
constituição de sociedades entre cônjuges, ressalvando essa possibilidade apenas quando eles 
forem casados no regime da comunhão universal de bens ou no da separação obrigatória. 
 
- As restrições previstas no art. 977 do CC/02 impossibilitam que os cônjuges casados sob os 
regimes de bens ali previstos contratem entre si tanto sociedades empresárias quanto 
sociedades simples. Negado provimento ao recurso especial. 
 
Acórdão 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do 
Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes 
dos autos, por maioria, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra 
Relatora.Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Vasco Della Giustina e Paulo Furtado votaram com a 
Sra. Ministra Relatora. Vencido o Sr. Ministro Massami Uyeda. Dr (a). PATRÍCIA DE OLIVEIRA 
MELLO, pela parte RECORRENTE: ANCART PARTICIPACOES LTDA. 
 
•AUSENCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL: algumas pessoas, ainda que plenamente 
capazes, são impedidas de exercer a atividade empresarial. Não se trata de 
incapacidade jurídica, mas de incompatibilidade da atividade negocial em relação a 
determinadas situações funcionais. 
•A lei determina quais são as pessoas impedidas de exercer a atividade empresarial. 
 
•MAGISTRADOS E MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO: não podem ser empresários 
por força de impedimento constitucional (arts. 95, I e 128, §5, II). 
•Assim, a lei impede a participação em sociedade empresária, entendida esta como 
exercício de funções administrativas e gerenciais que lhe possam acarretar sanções de 
responsabilidade penal e civil ilimitada. 
 
 26 
•AGENTES PÚBLICOS: podem ser acionistas, cotistas ou comanditários, ou seja, sócios 
de responsabilidade limitada, mas não empresários nem administradores ou gerentes 
de empresa privada (art. 117, X, Lei 8112). 
 
•MILITARES: não podem ser empresários os militares da ativa, incluindo os corpos 
policiais (art. 29, Lei 6880). De acordo com o art. 204 de referida lei, exercer a 
empresa ou integrar a administração ou gerencia de sociedade empresaria, ou ainda 
dela ser sócio, salvo como acionista ou cotista, configura-se como crime. 
 
• FALIDOS NÃO REABILITADOS: constitui efeito da condenação por crime falimentar 
a interdição para o exercício da empresa (art. 195). Não é perpétua pois, quando 
comprovada a extinção das obrigações e contados dois anos da extinção da pena 
ou término de sua execução, o empresário estará reabilitado (art. 94, CP). 
 
•DEPUTADOS E SENADORES: não podem ser controladores, proprietários ou diretores 
de empresa que goze de contratocom pessoa jurídica de direito público, nem exercer 
nela função remunerada ou cargo de confiança (arts. 54 e 55, CF). 
 
•ESTRANGEIRO COM VISTO PROVISÓRIO: não pode estabelecer-se como empresário 
individual ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de 
sociedade empresaria ou sociedade simples (art. 98, Lei 6815). 
 
•LEILOEIROS: sob pena de destituição do cargo, os leiloeiros não podem exercer 
atividade empresarial, direta ou indiretamente. Também não podem constituir 
sociedade empresaria. 
 
•DESPACHANTES ADUANEIROS: de acordo com o art. 10, I, Decreto 646 não podem 
manter empresa de importação ou exportação de mercadorias nem podem 
comercializar mercadorias estrangeiras no país. 
 
•CORRETORES DE SEGURO: art. 20, Lei 6530. 
 
•PREPOSTOS: art. 1170 (CC), os prepostos, salvo autorização expressa, não podem 
negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, ainda que indiretamente, de 
 27 
operação do mesmo gênero da que lhes foi cometida, sob pena de responder por 
perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. 
 
•O preposto do empresário individual (organizador de atividade empresarial), pessoa 
física ou jurídica, necessariamente deve contratar mão-de-obra para o exercício de sua 
atividade. Seja como empregado regido pelas normas da CLT, representante, 
autônomo ou servido terceirizado, estes desempenham tarefas sob o comando do 
empresário. Para efeito do direito das obrigações, esses trabalhadores, independente 
da natureza do vinculo contratual mantido com o empresário, são chamados prepostos 
(art. 1169 a 1178). Em termos gerais, os atos praticados pelo preposto no 
estabelecimento empresarial e relativos à atividade econômica ali desenvolvida 
obrigam o empresário preponente. Os prepostos, evidentemente, respondem pelos 
danos causados pelos seus atos de que derivam obrigações do empresário com 
terceiros. Se agirem com culpa devem indenizar o preponente. Se com dolo, alem 
deste, respondem solidariamente com o empresário perante o terceiro prejudicado. O 
preposto esta proibido de concorrer com seu preponente. 
 
•MÉDICOS: de acordo com a Lei 5991 e o Decreto 20.877 os médicos são proibidos de 
manter simultaneamente com o exercício da profissão industria farmacêutica. 
•A Lei 8934 revogou a proibição de registro de empresa com sócio, gerente ou diretor 
condenados criminalmente, mantendo somente a proibição no que se refere ao crime 
falimentar. 
• Aqueles que estão proibidos de exercer a empresa, ainda que passiveis de punição 
na esfera administrativa e criminal, não praticam atos nulos. Praticam atos validos 
e, se exercem profissionalmente a empresa, em nome próprio, receberão da lei o 
mesmo tratamento dispensado ao empresário irregular, podendo incidir em 
falência. 
•De acordo com o art. 973 (CPC) dispõe que a pessoa impedida de exercer atividade 
própria de empresário, se o fizer, responderá pelas obrigações contraídas. 
 
 
 
Impedimento por leis específicas Sócio incapaz 
 28 
Militares da ativa das três Forças Armadas e 
das Polícias Militares 
O sócio incapaz não exercerá cargo de 
administrador da sociedade. 
Funcionários públicos civis 
Magistrados 
Estrangeiros não residentes no país 
Cônsules, salvo os não remunerados. 
O capital social deve estar inteiramente 
integralizado. 
 
Corretores e leiloeiros. 
Falidos, enquanto não reabilitados. 
 
 
 EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA: ainda que não seja incapaz, que não esteja 
impedida de exercer a empresa, a pessoa física só será considerado empresario se 
exercer profissionalmente a empresa em nome próprio, com intuito lucrativo. 
Assim, é essencial que: 
• Exerça a empresa profissionalmente (e não esporadicamente); 
• Em nome próprio (e não de outrem); 
• Com intuito lucrativo (não graciosamente). 
• É a natureza profissional (prática ordenada e habitual, com fim lucrativo) que 
confere ao empresário esta condição. 
• Ressalte-se que habitualidade não significa exclusividade, ou seja, o exercício da 
atividade empresarial não precisa ser a única profissão do empresário. 
 
 
 
REGISTRO OBRIGATÓRIO: o primeiro e um dos principais deveres do empresário é 
oficializar sua condição mediante registro em órgão competente – Registro Público 
de Empresas Mercantis (RPEM). De acordo com o art. 967 (CC) é obrigatória a 
inscrição antes do inicio da atividade. 
 
EXERCÍCIO 
PROFISSIONAL 
 
Exerça a empresa 
profissionalmente 
 
Em nome próprio 
 
Com intuito 
lucrativo 
 
É a natureza 
profissional 
Não precisa ser a 
única profissão do 
empresário 
 29 
• Assim, a prática profissional da empresa só se caracteriza quando regular. 
• Na sociedade empresaria a falta de registro não lhe confere personalidade jurídica, 
ou seja, haverá responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada dos sócios. 
 
REGISTRO 
•Durante a Idade Média o exercício da mercancia dependia exclusivamente da pratica 
de atos de intermediação e do registro na corporação de oficio, o que deu surgimento 
ao conceito subjetivo-corporativista de identificação do profissional comerciante, sendo 
este aquele que se submetia às corporações de oficio do comercio. Esta é a origem 
remota do registro de comercio. Com a adoção da teoria dos atos de comercio (critério 
objetivo) surgiram os Tribunais de Comercio, onde se faziam os registros dos 
comerciantes e se decidiam as lides de interesse mercantil. 
 
•Atualmente o registro é realizado perante as Juntas Comerciais de cada Estado (Lei 
8934), tendo como finalidades: dar garantia publicidade, autenticidade, segurança e 
eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis; cadastrar empresas nacionais e 
estrangeiras em funcionamento no Brasil e manter as informações pertinentes; 
proceder a matricula dos agentes auxiliares do comercio, bem como seu cancelamento 
(art. 1 e incisos). 
 
 
 
•São efeitos jurídicos do registro: dependendo da qualidade da pessoa que realiza os 
atos, são distintos os efeitos decorrentes da inscrição no Registro de Empresa: se 
efetuados por declaração do empresário individual, ou se o foram pelo arquivamento 
dos atos constitutivos da sociedade empresaria. No primeiro caso o registro concede 
proteção jurídica e gozo das prerrogativas próprias do empresário, tratamento 
registrário e fiscal favorecido e diferenciado quando se tratar de pequeno empresário. 
No segundo caso, alem destes já mencionados, faz surgir a pessoa jurídica. 
 
Finalidades do 
registro 
 
 
Dar publicidade 
 
 
Autenticidade 
 
Segurança e eficácia 
aos atos jurídicos 
 30 
Empresário individual 
 
Sociedade empresaria 
Por declaração arquivamento dos atos constitutivos 
Proteção jurídica e prerrogativas próprias do 
empresário. 
tratamento registrário e fiscal favorecido e 
diferenciado 
 
•A partir da entrada em vigor do código civil, a inscrição do empresário passa a ser, a 
rigor, obrigatória, antes do inicio de sua atividade (art. 967), sendo que sua não 
inscrição traz impedimentos ao exercício de sua atividade. 
 
•De acordo com a Lei 8934, regulamentada pelo Decreto 1.800, o registro público de 
interesse para os empresários leva a denominação de “registro de empresas mercantis 
e atividades afins”. Existe uma Junta Comercial em cada unidade federativa. 
•Deste modo, a sociedade empresaria, independente do objeto a que se dedicam, 
devem se registrar na Junta Comercial do Estado em que estão sediadas. 
 São finalidades do registro: 
•Dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das 
empresas;•Cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no país e manter 
atualizadas as informações pertinentes; 
•Proceder à matricula dos agentes auxiliares das empresas, bem como seu 
cancelamento. 
• No Brasil, os serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades afins 
são exercidos pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), 
composto pelos seguintes órgãos: 
 
• Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), órgão central, com 
funções técnicas de supervisão, orientação, coordenação e normação, alem de 
assistência supletiva no plano administrativo e; 
• Juntas Comerciais, como órgãos estaduais, com funções de execução e 
administração dos serviços de registro, subordinadas administrativamente ao 
governo do Estado-membro e, tecnicamente, ao DNRC. 
 
 31 
• DNRC: órgão federal, integrante do Ministério do Desenvolvimento, Industria e 
Comércio Exterior. Suas atribuições não são de execução do registro da empresa, 
mas de normalização, disciplina, supervisão e controle deste registro. Tem com 
competência (art. 4, Lei 8934): 
• Supervisão e coordenação dos atos praticados pelas Juntas Comerciais, o 
estabelecimento e a consolidação de normas ou diretrizes gerais sobre o registro de 
empresas, a solução de duvidas sobre a matéria, bem como a fiscalização das 
Juntas e sua atuação supletiva, nos casos de deficiência do serviço. 
• Compete-lhe, ainda, organizar e manter o Cadastro Nacional de Empresas 
Mercantis, preparar os processos de autorização para nacionalização ou instalação 
no Brasil de empresa estrangeira e desenvolver estudos e patrocinar reuniões ou 
publicações para o aprimoramento do registro de empresas. 
 
• JUNTAS COMERCIAIS: possuem funções executivas, cabendo-lhes a prática dos 
atos registrários, como matricula de leiloeiro, arquivamento de sociedade, 
autenticação de livros, etc. É de sua competência, ainda, a expedição de carteira 
de exercício profissional, o assentamento de usos e práticas dos comerciantes e a 
habilitação e nomeação de tradutores públicos e interpretes. 
• Em matéria de direito comercial e no que se refere ao registro de comércio, ela se 
encontra subordinada ao DNRC; nas demais matérias (direito financeiro e 
administrativo) vínculo de subordinação se estabelece com o governo da unidade 
federativa que integra. 
• A Junta se estrutura de acordo com a legislação estadual respectiva. Na maioria 
das unidades federativas, opta-se por revesti-la com natureza de autarquia. 
• Em qualquer caso, deve possuir, por força de lei: presidência, plenário, turmas, 
secretaria geral e procuradoria. 
•A presidência é responsável pela direção administrativa da Junta, bem como pela sua 
representação. 
•O plenário é composto por vogais (no mínimo 11 e no máximo 23, de acordo com a 
Lei 10.194), que representam empresários, advogados, economistas, contadores e a 
administração pública. Trata-se de órgão deliberativo de maior hierarquia dentro da 
estrutura da Junta. 
• Os membros do plenário dividem-se em turmas, compostas por três vogais cada. 
 32 
• A secretaria-geral executa os atos de registro e desempenha tarefas de suporte 
administrativo. 
• A procuradoria exerce funções de consultoria, advocacia judicial nos feitos de 
interesse da Junta, e de fiscalização e aplicação da lei, regulamentos e normas. 
•A atividade da Junta se resume em: matricular, arquivar, autenticar, assentar e 
publicar. Com efeito, matricula os leiloeiros, intérpretes comerciais, tradutores 
públicos, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. Arquiva documentos de 
empresários e sociedades empresariais. Autentica os instrumentos de escrituração 
mercantil. Assenta usos e costumes comerciais. Publica os atos de registro mercantil. 
 
 
 
DNRC Juntas Comerciais 
Supervisionar e coordenar Execução do registro do Comércio 
Estabelecer e consolidar Fixar o número. 
 Prestar orientação às Juntas Comerciais Processar a habilitação e nomeação dos tradutores. 
 Fiscalizar os órgãos incumbidos do registro 
público de empresas 
Organizando e revendo a tabela de emolumentos. 
Estabelecer normas procedimentais Proceder ao assentamento dos usos e práticas 
mercantis. 
Prestar colaboração técnica e financeira às 
Juntas Comerciais 
Fiscalizar os trapiches, armazéns gerais e de 
depósitos. 
Organizar e manter atualizado o cadastro 
nacional das empresas mercantis com ajuda 
das juntas 
Solucionar consultas formuladas pelos poderes 
públicos regionais, 
 
 
 ATOS DE REGISTRO DE EMPRESAS: são três os atos compreendidos pelo registro das 
empresas: matrícula, arquivamento e autenticação (Lei 8934, art. 32). 
 
Sinrem 
Departamento 
Nacional de Registro 
do Comércio 
(DNRC), 
 
Junta comercial 
 33 
• Á matricula e seu cancelamento diz respeito a alguns profissionais cuja atividade, 
tradicionalmente, se sujeita ao controle das Juntas. São os leiloeiros, intérpretes 
comerciais, tradutores públicos, trapicheiros e administradores de armazéns gerais. 
• O arquivamento se refere à grande generalidade dos atos levados ao registro de 
empresas. Assim, os de constituição, alteração, dissolução e extinção de 
sociedades empresarias são arquivados na Junta. 
• Também será objeto de arquivamento a firma individual, as autorizações de 
empresas e as declarações de microempresas. 
• Assim, será arquivado qualquer documento que, por lei, deva ser registrado na 
Junta Comercial, como, por exemplo, as atas de assembléias gerais de sociedades 
anônimas. 
• Ainda existem aqueles documentos cujo registro não é obrigatório, mas fica a 
critério do empresário. 
• Assim, se o empresário desejar, para conferir maior segurança ás suas relações 
jurídicas e dotar certos atos de maior publicidade, ele poderá registrar esses 
documentos na Junta. 
• Por fim, há que se falar no terceiro ato do registro de empresas, qual seja, a 
autenticação, relacionada aos instrumentos de escrituração impostos pela lei aos 
empresários em geral. 
• Assim, os atos de registro de empresa praticados pelas Juntas Comerciais são a 
matricula, arquivamento e autenticação. 
 
MODALIDADE A QUE SE DESTNA 
MATRICULA Matricula e cancelamento de: leiloeiros, tradutores 
públicos e interpretes comerciais, trapicheiros e 
administradores de armazéns-gerais. 
ARQUIVAMENTO Constituição, alteração, dissolução e extinção de 
firmas individuais, sociedades e cooperativas; atos 
relativos a consórcios e grupos de sociedades; atos 
relativos a empresas mercantis estrangeiras 
autorizadas a funcionar no Brasil; declarações de 
microempresas; atos e documentos que possam 
interessar ao empresário ou sociedade empresaria. 
AUTENTICAÇÃO Instrumentos de escrituração das empresas (livros 
mercantis) e as copias dos documentos assentados. 
 
 34 
• Tais atos de registro têm alcance formal, ou seja, a Junta não aprecia o mérito do 
ato praticado, apenas observa se foram cumpridas as exigências determinadas em 
lei. 
• Sua competência se exaure na apreciação dos requisitos formais de validade e 
eficácia do instrumento. 
• Se extrapolar suas atribuições, indeferindo o arquivamento pelo mérito, será 
cabível mandado de segurança contra o despacho denegatório de registro. 
TJ-SC - Apelação Cível: AC 20110065141 SC 2011.006514-1 (Acórdão) 
Apelação Cível n., da Capital 
 
Relator: Des. Subst. Paulo Henrique Moritz Martins da Silva 
 
REGISTRO DE EMPRESA. RETIRADA DE SÓCIO. ALIENAÇAO DAS COTAS SOCIAIS A 
TERCEIRO. RECUSA PELA JUCESC DE ARQUIVAMENTO DAS ALTERAÇÕES 
CONTRATUAIS SOB A JUSTIFICATIVA DE QUE: 1) O OBJETO SOCIAL SE TORNOU 
ILÍCITO (COM A DECLARAÇAO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI ESTADUAL N. 
11.348/2000) E 2)PORQUE AS COTAS ESTAVAM PENHORADAS. ILEGALIDADE. 
AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL À RETIRADA DA SÓCIA. RECURSO PROVIDO 
PARA JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO. 
•Os atos sujeitos à arquivamento devem ser enviados à Junta nos 30 dias seguintes à 
assinatura. 
•Caso constate pela existência de vicio sanável, será concedido o prazo de 30 dias para 
que o interessado corrija o ato. Ultrapassado tal prazo, o saneamento do vicio será 
tratado como novo pedido, incidindo novamente as custas correspondentes. 
•Se o vicio for insanável, o pedido será arquivado, podendo o interessado valer-se dos 
meios revisionais e procedimentos administrativos cabíveis no caso de vícios sanáveis. 
•A matrícula, o arquivamento e a autenticação de atos pela Junta submetem-se à a 
dois regimentos distintos: a decisão colegiada e a decisão singular. 
• Decisão colegiada: reservada para tramitação de atos de maior complexidade. 
Submetem-se à decisão colegiada: arquivamento de atos relacionados às S/A, 
consórcios e grupos de sociedades, fusões, incorporações e cisões. Também se 
submete à decisão colegiada julgamento de recursos administrativos interpostos 
contra atos praticados pelos demais órgãos da Junta. 
•Já o regime da decisão singular é reservado aos atos de registro menos complexos, a 
todos os demais atos. Ex.: alteração do contrato da limitada. Neste caso, a analise do 
atendimento às formalidades legais é feita individualmente por um vogal ou mesmo 
por funcionário da Junta com comprovados conhecimentos de direito comercial e 
 35 
registro de empresa, devendo, em ambos os casos ser designado pelo Presidente (art. 
42, Lei 8934). 
• Os atos submetidos a registro devem ser apreciados pela Junta no prazo legal, ou 
seja, para os atos sujeitos ao regime da decisão colegiada o prazo é de 10 dias 
úteis. Para os demais, 03 dias, sempre a contar da data do protocolo na Junta. Se 
referido prazo não é observado, considera-se o ato registrado para todos os efeitos 
legais. 
•São conseqüências pela falta de registro impostas à sociedade empresaria 
que explora irregularmente a atividade empresarial: a responsabilidade ilimitada 
dos sócios pelas obrigações da sociedade. Assim, o registro do contrato é condição 
prévia para a limitação da responsabilidade dos sócios. 
•Alem disto, não tem legitimidade ativa para pedido de falência de outro comerciante e 
não pode requerer a recuperação judicial. 
• Importa, ainda, na aplicação de sanções de natureza fiscal e administrativa, não 
podendo se inscrever no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), bem como 
impossibilitada a matricula do empresário no INSS. 
• Já para o empresário rural e pequeno empresário, a situação é diversa. 
• Assim, no que se refere ao registro do empresário rural e do pequeno empresário o 
tratamento é diverso. 
• Embora explorem profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou serviços, merecem tratamento diferenciado por 
diversos motivos. 
•A atividade econômica rural é explorada tanto pela agroindústria (agronegócio) ou 
pela agricultura familiar. 
•Na agroindústria utiliza-se tecnologia avançada e mão de obra assalariada, havendo 
especialização de culturas em grandes áreas de plantio. 
•A agricultura familiar, por sua vez, se utiliza da mão de obra do proprietário da terra e 
seus familiares, vez ou outra, o auxilio de outros empregados. 
• Com a promulgação do novo Código Civil foi dado tratamento específico ao 
exercente de atividade rural, estando ele dispensado a requerer inscrição no 
registro de empresas. No entanto, ele não encontra-se impedido de fazê-lo, se 
assim o desejar. 
 36 
•Assim, caso o empresário rural não requeira sua inscrição no registro de empresas, 
não se considera juridicamente empresário e seu regime será o do direito civil. 
•Deste modo: estão dispensados da exigência de prévio registro na Junta Comercial, 
imposta aos empresários em geral, os pequenos empresários (microempresários e 
empresários de pequeno porte) e os empresários rurais. 
• No entanto, casos os empresários rurais optem, podem requerer o registro na 
Junta Comercial, mas ficarão sujeitos ao mesmo regime dos demais empresários: 
dever de escrituração e levantamento de balanços anuais, decretação de falência e 
requerimento de recuperação judicial. 
• O microempresário e empresário de pequeno porte têm, assegurado 
constitucionalmente, o direito a tratamento jurídico diferenciado, com o objetivo de 
estimular-lhe o crescimento com a simplificação, redução ou eliminação de 
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias (CF, art. 179). 
• Assim, o pequeno empresário é dispensado de registro no órgão competente (art. 
970). No entanto, caso opte pelo benefício civil não poderá optar pelo SIMPLES, 
pois este possui regulamento específico. 
 
•INATIVIDADE DA EMPRESA: o art. 60, Lei 8934, vem cuidar da inatividade da 
empresa, ou seja, a situação em que se encontra a sociedade que não solicita o 
arquivamento de qualquer documento por mais de dez anos. 
•A inatividade da empresa e o conseqüente cancelamento do registro da sociedade não 
significam o mesmo que sua dissolução. 
 
 Mas como o empresário individual deve proceder para efetuar seu registro na 
Junta Comercial? 
 Requerimento padrão e protocolo de documentos 
 Quatro vias do formulário Declaração de firma individual 
 CGC – ficha de inscrição do estabelecimento sede 
 CIC e RG do responsável 
 Copias das segundas-vias das guias TCEC e Darf, bem como comprovante de 
seus pagamentos. 
 
 
 
 37 
ESCRITURAÇÃO 
• “A consciência do comerciante está nos seus livros; neles é que o comerciante 
registra todas as suas ações; são, para ele, uma espécie de garantia (...). Quando 
surgem contestações, é preciso que a consciência do juiz fique esclarecida; e é 
então que os livros são necessários, pois que eles são os confidentes das ações do 
comerciante”. 
• Os empresários, sejam eles empresários individuais ou sociedades empresárias, 
têm o dever de manter a escrituração dos negócios que participam (art. 1179). 
Assim, o exercício regular da empresa pressupõe a organização de uma 
contabilidade, a cargo de profissionais habilitados. 
 
•Historicamente, o primeiro instrumento de escrituração foi o livro mercantil. 
 
•Atualmente, existem três outros instrumentos para que seja feita a escrituração – 
conjunto de fichas ou folhas soltas, conjunto de folhas contínuas e as microfichas 
geradas por microfilmagem de saída direta do computador. Mas, ainda assim, utiliza-
se, comumente, a expressão livro, no sentido genérico para designar o instrumento de 
que o empresário se vale para cumprimento do dever legal de escrituração de seu 
negócio. 
• Num primeiro momento, a escrituração atende a uma necessidade do próprio 
comerciante. Assim, desde a Idade Média, o comerciante tinha a necessidade de 
registrar os valores recebidos e gastos. Assim, ao término do ano ou da feira, ele 
podia avaliar os resultados da atividade exercida. 
• Assim, a primeira função da escrituração tinha natureza gerencial. 
• Outra função estava relacionada à necessidade de demonstração dos resultados da 
atividade para outras pessoas. Ex.: sociedade em conta de participação – sócio 
oculto / sócio ostensivo – este tinha que prestar contas para aquele, que financiava 
a atividade. 
• Assim, enquanto a escrituração tem apenas função gerencial, o próprio 
comerciante decide o que irá lançar, os valores a serem registrados. No entanto, 
quando passa a ter função documental, ela não pode mais ser feita sem critérios 
uniformes e reconhecidos. Esta é a segunda função da escrituração – natureza 
documental. 
 38 
•A terceira função da escrituração é

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