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SEMINÁRIO DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS UNIVERSIDADE CEUMA PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL CONCRETO PET George Luis Barroso – CPD: 13123 Felipe Tairo Pereira Sales Neves – CPD: 14792 Gentilberth Moraes Silva Junior – CPD: 12912 Ludman Rafael França – CPD: 14410 Luis Antonio Weba Lobato Filho – CPD: 981850 Pedro Gabriel Santos Chaves – CPD: 012188 Roberto Henrique Gomes – CPD: 12265 Talysson Durans – CPD: 974705 Universidade Ceuma, engcivil01102@hotmail.com Resumo: Este trabalho apresenta um estudo sobre o comportamento do concreto reforçado com fibras produzidas com garrafas PET (polietileno tereftalato), mostrando que materiais reciclados podem ser utilizados como materiais de construção se empregados de forma correta. Na produção dos corpos-de-prova, foi utilizado cimento Apodi CP II E 32 areia, água e PET. As amostras possuem arestas firmes e bem definidas, textura uniforme e é produzido nas categorias estrutural e vedação, de acordo com a aplicação, para fins estruturais ou apenas de fechamento. Foram confeccionados 25 corpos-de-prova onde ficou 10 amostras para serem estudadas, em formato cilíndrico 10 x 20cm conforme a norma NBR 5738 – Procedimento para montagem e cura de corpos-de-prova. O ensaio de compressão foi baseado na norma NBR 5739 – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos, com seu tempo de cura em sete dias, para realização dos testes, como o de absorção e o de granulometria. Após a realização dos ensaios, o resultado obtido fui que o pet apresentou maior resistência em relação aos outros tipos de concreto em compreensão e tensão. Palavras-chave: concreto, cimento Apodi CP II, resíduos, PET – (polietileno de tereftalato). INTRODUÇÃO Pode-se observar que nos dias atuais é cada vez maior a preocupação com o meio ambiente, porém com o passar dos anos e a evolução dos produtos fabricados pelo ser humano houve um aumento considerável na quantidade de lixo produzido, aumentando assim a quantidade de materiais não degradáveis lançados no ambiente onde vivemos. A partir de então, passou a ser necessário o desenvolvimento de técnicas de reciclagem, para que assim os resíduos de difícil degradação fossem utilizados para outros fins após serem descartados. Uma das matérias primas de reciclagem mais visadas é o PET (polietileno tereftalato), pois dele são fabricados variados itens em larga escala, principalmente garrafas sendo, portanto, abundante a proporção deste no lixo produzido. O concreto, massa homogeneizada de aglomerante com agregados miúdos e graúdos, é um dos materiais de construção mais utilizados e das mais diferentes formas, desde elemento estrutural a elemento de regularização de superfícies, tendo assim uma importância muito grande nas técnicas construtivas. O concreto é um material que após o processo de cura apresenta alto índice de resistência à compressão, porém baixo índice de resistência à tração, o que ocasiona muitas vezes a fissuração da peça, até mesmo, por exemplo, pelo trabalho interno realizado durante a sua cura. A fissuração causa sérios riscos ao elemento de concreto, seja o risco de enfraquecimento da peça, risco da armadura entrar em processo de oxidação levando a diversos problemas (se utilizado como concreto armado), entre outros. Sabendo que na construção civil, cada vez mais se procura métodos que tragam bom desempenho aliados ao baixo custo, é inevitável a adição de matéria-prima reciclada na composição de materiais de construção, pois esta mistura tem custo bastante acessível e muitas vezes consegue suprir as necessidades exigidas pelas técnicas construtivas. E desta forma acaba contribuindo também com a destinação ecologicamente correta de materiais que poderiam significar riscos para o meio ambiente, como é o caso das garrafas PET. Com base nestas informações, foram adicionadas à matriz de concreto de cimento Apodi CP II E 32, fibras feitas de garrafas PET, com o objetivo de aumentar a eficiência no controle da fissuração e absorção de energia e, paralelamente, colaborar com a reciclagem de materiais nocivos ao meio ambiente. Portanto, este trabalho visa estudar o comportamento (surgimento, desenvolvimento e minimização) das fissuras ocorridas em corpos de prova constituídos de uma matriz de concreto de cimento Apodi CP II E 32 reforçada com fibras plásticas de garrafas PET, de acordo com o CEPED do BNH (1982). REVISÃO BIBLIOGRAFICA Politereftalato de etileno, ou PET, é um polímero termoplástico, desenvolvido por dois químicos britânicos Whinfield e Dickson em 1941, formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol, originando um polímero, termoplástico. Utiliza-se principalmente na forma de fibras para tecelagem e de embalagens para bebidas. Possui propriedades termoplásticas, isto é, pode ser reprocessado diversas vezes pelo mesmo ou por outro processo de transformação. Quando aquecidos a temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem, fundem e podem ser novamente moldados. As garrafas produzidas com este polímero só começaram a ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente. Reciclagem de embalagens PET (politereftalato de etileno) Nas últimas décadas as indústrias, principalmente de bebidas e alimentos, estão substituindo as embalagens de vidro e latas pelas de plástico PET. Por serem mais resistentes e econômicas, o PET já está presente nas embalagens de sucos, águas, óleos e refrigerantes. Inicialmente o PET não era reciclado e seu descarte na natureza provocava muita sujeira e poluição ambiental. Atualmente, a reciclagem de PET é praticada em larga escala por cooperativas e empresas de reciclagem. O processo de reciclagem do PET passa pelas seguintes etapas: 1º) As embalagens PET são lavadas e passam por um processo de prensagem; 2º) Os fardos de PET são triturados, gerando os flocos; 3º) Os flocos passam por um processo de extrusão, gerando os grãos; 4º) Os grãos são transformados em fios de poliéster ou outros produtos plásticos. Processo Reciclagem de PET no Brasil No processo de fabricação de uma nova embalagem a partir de produtos PET reciclado, os materiais passam por várias etapas. Ao receber o plástico descartado, a indústria seleciona, lava, separa seca, e transforma por meio de extrusão, em novos produtos como vassouras, carrinhos de supermercados, sacolas, tubos, etc. Recicla Brasil opera a reciclagem de PET e pode operar tanto no tratamento de reciclados pós-industrial, tratando e transformando em aglomerados ou pellets para revenda em acordo com a indústria responsável pelo descarte, como fornecedor de resíduos prensados, flocos, fios, aglomerados ou pelletizados para a indústria de reciclagem. Atualmente É um dos termoplásticos mais produzidos no mundo, alcançando no final da década de 90 uma produção mundial em torno de 2,4 x 10¹º kg; Na década de 60 eles não faziam parte significativa da composição dos RSU, mas em 2005 eles contribuíram com cerca de 20 % (porcentagem em massa) dos RSU coletados no Brasil. MATERIAIS UTILIZADOS Aglomerante Foi utilizado, como material aglomerante, o cimento APODI CP II –E 32, com baixo teor de adição, composto por escoria de alto forno, que garante ao produto resistência iniciais superiores, coloração escora e pega rápida, de acordo com as recomendações da Norma Técnica Brasileira - NBR 11578, cimento comercializado em sacos de papel Kraft de 50 kg cada. Agregados Foram utilizados 1 tipo de agregados: areia que passou por processo de beneficiamento que resultassem em algum tipo de alteração em suas características iniciais, que foi a granulometria através de peneiramento. Para evitar possíveis contaminações dos agregados com substâncias desconhecidas. Resíduos de polietileno de Tereftalato PET utilizado é proveniente de embalagem pós consumo de refrigerantes, com pequenas dimensões. Termoplástico da família do poliéster; Mero: ácido tereftálico ou tereftalato de dimetila e glicol etilênico; Nospolímeros comerciais: 130 a 155 repetições desse mero constituem a macromolécula típica de PET; Formulação dos Traços O traço de concreto utilizado como padrão apresenta a seguinte composição (cimento, PET e água), denominado Padrão. Com base neste traço foram moldados vinte cinco CPs (corpos de prova). Na Tabela 1, são mostradas as especificações de todos os traços utilizados para a realização deste trabalho. Tabela 1: Materiais utilizados. CONFECÇÃO DE CORPO DE PROVAS Materiais dimensionados para 25 C.P. Materiais proporcionados pra 5 amostras MATERIAIS QUANTIDADE MATERIAIS QUANTIDADE ARÉIA 50 Kg AREIA 2 Kg CIMENTO 25 Kg CIEMENTO 1 Kg ÁGUA 15 Kg ÁGUA 0,6 Kg PET 8 Kg PET 0,32 kg Preparação do Traço Para a preparação dos corpos de prova foi realizado apenas um traço, Todos os materiais foram previamente selecionados e pesados antes do início do amassamento, o qual foi realizado utilizando uma betoneira. Os materiais foram colocados individualmente na betoneira, que permaneceu em funcionamento durante todo o processo de amassamento. O intervalo de tempo entre o final da colocação de um material e o início da colocação do próximo foi de 20 segundos. O tempo total de amassamento (incluindo o tempo para adicionar os componentes e o tempo de mistura) foi de 10 minutos. A adição dos materiais durante o processo de amassamento foi realizada na seguinte ordem: água, aglomerante (cimento APODI CP II), resíduo de PET (Polietileno Tereftalato), e areia. Moldagem e Cura dos Corpos-de-Prova Os corpos-de-prova utilizados para o desenvolvimento deste trabalho possuíam as dimensões de 10 cm x 20 cm (diâmetro x altura) e a moldagem e cura dos mesmos foram realizadas de acordo com as orientações da Norma Técnica Brasileira NBR 5738. Ensaio de Resistência a compressão Após o período de cura úmida, os corpos-de-prova PET foram deformado e lixado em uma de suas faces, vertical a fim de ser regularizado para que os esforços aplicados sobre ele durante o ensaio de compressão fossem uniformemente distribuídos. Então, os corpos-de-prova foram centrados no prato de prensa, e a carga de compressão foi aplicada sobre ele com velocidade constante até o momento de ruptura. Então no teste realizado, o corpo-de-prova que obteve melhor desempenho foi o CP8 onde obteve o melhor resultado de rompimento com 11060mpa. Resultados de tensão foram obtidos pela formula: RESULTADOS E DISCURSÕES O Concreto com Pet mostrou maior resistência em compressão e tenção em relação aos outros tipos de concreto. Em relação à média total das Tensões o EPS mostrou menor resistência. Já a Média de Tensão por Corpo-de-prova o Concreto Simples foi o que menos mostrou resistência. Veja os resultados obtidos, nas tabelas e gráficos a seguir: Resultados obtidos de Compressão e Tensão do Concreto Simples. Compressão C. D PRO AMOSTRA DIMENSÃO ABSORÇÃO COMPRESSÃO TENSÃO Diametro (mm) Peso I (Kg) Peso F (Kg) Variação (Kg) (T) MPa CP 1 TR .Absorção 97 3,595 3,600 0,005 6 7,969 CP 2 TR .Absorção 97 3,725 3,725 0 5 6,640 CP 3 TR .Absorção 95 3,550 3,560 0,01 8 11,077 CP 4 TR .Absorção 100 3,665 3,675 0,01 8 9,997 CP 5 TR .Absorção 100 3,620 3,630 0,01 8 9,997 CP 6 TR .SECO 97 3,620 3,620 0 7,5 9,961 CP 7 TR .SECO 97 3,630 3,630 0 5,5 7,304 CP 8 TR .SECO 97 3,595 3,595 0 5,5 7,304 CP 9 TR .SECO 98 3,410 3,410 0 8 10,409 CP 10 TR .SECO 100 3,625 3,625 0 8 9,997 Tensão (MPa) Resultados obtidos na Compressão e Tensão do Concreto EPS. Compressão C. D PRO AMOSTRA DIMENSÃO ABSORÇÃO COMPRESSÃO TENSÃO Diametro (mm) Peso I (Kg) Peso F (Kg) Variação (Kg) (T) MPa CP 1 TR .Absorção 96 1,790 1,800 0,010 1,5 2,033 CP 2 TR .Absorção 98 1,760 1,770 0,010 1,20 1,561 CP 3 TR .Absorção 97 1,750 1,760 0,010 1,50 1,992 CP 4 TR .Absorção 98 1,785 2,455 0,670 2 2,602 CP 5 TR .Absorção 98 1,810 2,425 0,615 1,9 2,472 CP 6 TR .SECO 99 1,775 1,775 0,000 1,5 1,912 CP 7 TR .SECO 98 1,760 1,760 0,000 2 2,602 CP 8 TR .SECO 98 1,800 1,800 0,000 1,00 1,301 CP 9 TR .SECO 98 1,780 2,450 0,670 2 2,602 CP 10 TR .SECO 100 1,745 1,745 0,000 1,5 1,249 Tensão (MPa) Resultados obtidos na Compressão e Tensão do Concreto FC. Compressão C. D PRO AMOSTRA DIMENSÃO ABSORÇÃO COMPRESSÃO TENSÃO Diametro (mm) Peso I (Kg) Peso F (Kg) Variação (Kg) (T) MPa CP 1 TR .Absorção 99 2,420 2,420 0,000 5 6,375 CP 2 TR .Absorção 97 2,455 2,480 0,025 5 6,640 CP 3 TR .Absorção 97 2,425 2,450 0,025 5 6,640 CP 4 TR .Absorção 100 2,345 2,365 0,020 6 7,498 CP 5 TR .Absorção 95 2,365 2,385 0,020 6 8,308 CP 6 TR .SECO 97 2,480 2,480 0,000 4,5 5,976 CP 7 TR .SECO 97 2,490 2,490 0,000 4,5 5,976 CP 8 TR .SECO 100 2,310 2,310 0,000 5 6,248 CP 9 TR .SECO 100 2,475 2,475 0,000 4 4,998 CP 10 TR .SECO 97 1,860 1,860 0,000 3 3,984 Tensão (MPa) Resultados obtidos na Compressão e Tensão do Concreto PET. Compressão C. D PRO AMOSTRA DIMENSÃO ABSORÇÃO COMPRESSÃO TENSÃO Diametro (mm) Peso I (Kg) Peso F (Kg) Variação (Kg) (T) MPa CP 1 TR .Absorção 97mm 3,150 3,155 0,005 5 6,640 CP 2 TR .Absorção 96mm 3,125 3,150 0,025 7 9,481 CP 3 TR .Absorção 98 3,270 3,275 0,005 6 7,807 CP 4 TR .Absorção 97,5 mm 3,145 3,150 0,005 5,5 7,230 CP 5 TR .Absorção 98 mm 3,215 3,220 0,005 7,5 9,759 CP 6 TR .SECO 100mm 3,170 3,170 0,000 8 9,997 CP 7 TR .SECO 97,5 mm 3,095 3,095 0,000 8 10,516 CP 8 TR .SECO 98 mm 3,120 3,120 0,000 8,5 11,060 CP 9 TR .SECO 97 3,195 3,205 0,010 8 10,625 CP 10 TR .SECO 97 3,110 3,110 0,000 8 10,625 Tensão (MPa) Media dos testes de ruptura com absorção e a seco CS PET FC EPS AB 7 6,2 5,4 1,62 SC 6,9 8,1 4,2 1,6 Media das Tensões dos tipos de concreto PET CS FC EPS TENSÃO 9,374 9,0655 6,2643 2,0326 Resultados das Tensões por corpo-de-prova dos tipos de concreto Tensão Mpa Corpo de prova CS EPS FC PET CP 1 7969 2033 6375 6640 CP 2 6640 1561 6640 9481 CP 3 11077 1992 6640 7807 CP 4 9997 2602 7498 7230 CP 5 9997 2472 8308 9759 CP 6 9961 1912 5976 9997 CP 7 7304 2602 5976 10516 CP 8 7304 1301 6248 11060 CP 9 10409 2602 4998 10625 CP 10 9997 1249 3984 10625 Tensão (MPa) CONCLUSÃO Os ensaios puderam mostrar que não só a quantidade de fibras, mas o seu formato pode influenciar as propriedades do concreto. Do ponto de vista de aplicação e considerando os resultados obtidos, em particular com relação à resistência mecânica, os traços obtidos com a substituição de agregados minerais por resíduos de PET podemser aplicados na Indústria da Construção Civil para a fabricação de artefatos não estruturais, isto é, nãolimitados por normas específicas, sobretudo referentes à resistência mecânica. Neste caso, exemplos potenciais de utilização são: alvenaria interna de fechamento, capas para lajes nervuradas, capas para lajes pré-moldadas, material de enchimento (em escadas, rebaixos de nível, base de enchimento parapisos térreos de edificações). Em relação aos teste aplicados aos outros tipos de concreto foi observado que o pet apresentou maior resistência tanto a compressão quanto a tensão.
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