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1 Coordenação de Pós-Graduação e Atividades Acadêmicas CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM ARQUITETURA AMBIENTAL APOSTILA PARA A DISCIPLINA SANEAMENTO E POLUIÇÃO AMBIENTAL III. O SANEAMENTO APLICADO À ARQUITETURA E URBANISMO AMBIENTALMENTE CORRETOS – Leituras Recomendadas e Legislação para Consulta Organizada por Maria da Purificação Teixeira Rio de Janeiro, Janeiro de 2007 2 Leitura recomendada 01: 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 VII-012– METODOLOGIA PARA DESENVOLVIMENTO DE MODELO CAUSAL RELATIVO À DRENAGEM URBANA E À INCIDÊNCIA DE DOENÇAS DE IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA Cezarina Maria Nobre Souza (1) Engenheira Sanitarista (Universidade Federal do Pará), Mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos (FT/Universidade de Brasília), Professora do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará (CEFET-PA). Ricardo Silveira Bernardes Engenheiro Civil (Universidade de Campinas), Mestre em Hidráulica e Saneamento (Escola de Engenharia de São Carlos - USP), Ph.D. em Ciências Agrárias e Ambientais (Wageningen Agricultural University, Holanda), Professor Adjunto da Universidade de Brasília (UnB). Luiz Roberto Santos Moraes Engenheiro Civil (Universidade Federal da Bahia) e Sanitarista (Universidade de São Paulo), Mestre em Engenharia Sanitária (Delft University of Technology, Holanda), Ph.D. em Saúde Ambiental (University of London), Professor Titular do DHS/Escola Politécnica e do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana da Universidade Federal da Bahia Endereço (1) : Av. Roberto Camelier, 1.005/A3/601 – Jurunas-Belém-PA, CEP 66.033-640 – Brasil – Tel. (91)272-1510, e-mail: cezarinasouza@cefetpa.br RESUMO Este trabalho apresenta a metodologia empregada para o desenvolvimento de modelo causal relativo à carência ou precariedade dos serviços de drenagem urbana – CPSDU – e à ocorrência de doenças de importância para a Saúde Pública, abstraindo, nesse contexto, outros fatores intervenientes não ligados à CPSDU. Tal metodologia consistiu no levantamento de dados constantes da literatura, a partir da utilização de listagem de controle e da aplicação do método Delphi, em versão adaptada. Ao longo de duas rodadas de consultas, os dados levantados foram submetidos à apreciação de um grupo de especialistas. Ao final da segunda consulta, observando-se o grau de pertinência atribuído por esses profissionais a cada item avaliado, foi construído o modelo causal, abrangendo-se 12 enfermidades. A verificação do referido modelo foi realizada na terceira e última rodada de consultas, obtendo-se dos 23 especialistas participantes, a seguinte avaliação: 17 validaram-no; 3 não validaram; 2 julgaram-no parcialmente válido e 1 optou por não avaliá-lo. Os resultados obtidos indicaram a eficiência da metodologia empregada, assim como ratificaram a importância da drenagem urbana como uma questão de saúde pública. PALAVRAS-CHAVE: Saúde Ambiental, Saúde Pública, Drenagem Urbana, Modelo Causal INTRODUÇÃO Segundo Mausner e Bahn (1974, apud Rouquayrol, 1988), o desenvolvimento de estudos sobre a causalidade dos agravos à saúde, deve compreender quatro fases, quais sejam: 1. Estudos descritivos (coleta de dados e sua análise); 2. Construção de um modelo; 3. Estudos analíticos para validação do modelo; 4. Análise dos resultados comparativamente com os dados coletados. Entretanto, para a elaboração do modelo causal em questão foi utilizada metodologia diversa, fundamentada em revisão da literatura e em versão adaptada do método Delphi.. A relação de que trata o modelo causal – drenagem urbana e saúde, consubstancia tema relevante no contexto nacional e internacional, embora historicamente venha sendo relegada a plano de somenos importância, haja vista que a maioria dos estudos realizados sobre a relação saneamento – saúde, segundo (Heller, 1997), privilegia outros componentes do saneamento, a saber o abastecimento de água, o esgotamento sanitário e o manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana. Trata-se, entretanto, de um conjunto relevante de medidas, tais como a construção de sarjetas, galerias e poços drenantes; a desobstrução, a retificação e o revestimento de canais; as obras de controle de inundações, dentre outras, as quais visam a tornar salubres os ambientes, assegurando o escoamento das 3 águas de chuva, bem como das águas subterrâneas que afloram à superfície, evitando a ocorrência de erosão, assoreamento e inundações e a formação de empoçamentos e alagadiços, responsáveis pela criação de condições favoráveis à transmissão de doenças. METODOLOGIA PRIMEIRA ETAPA: COLETA DE DADOS A partir de uma listagem de controle do tipo questionário, composta por 19 itens, foram coletados da literatura os dados necessários à elaboração do modelo causal, no concerne às doenças cuja ocorrência estaria relacionada à CPSDU. Assim, 7 questões foram relativas às condições de saneamento ambiental favoráveis às doenças; 6 ao processo de transmissão dessas enfermidades e 6 aos fatores de risco correlatos. SEGUNDA ETAPA: CONSTRUÇÃO DO MODELO CAUSAL Para construção do modelo causal foi aplicada versão adaptada do método Delphi, cujas premissas, dentre outras, prevêem a realização de rodadas de consultas iterativas a especialistas no tema em estudo, mantendo-se sigilo sobre suas identidades, apenas permitindo o compartilhamento de suas respostas, com vistas à obtenção de um consenso. Assim, na I Consulta Iterativa os dados coletados na primeira etapa foram enviados sob a forma de tabelas, por meio da INTERNET, a engenheiros, epidemiologistas, entomologistas, médicos, sociólogos, economistas, malacologistas e parasitologistas do Brasil e de outros países, como Argentina, Austrália, Burkina Faso, Colômbia, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, México,Nigéria e Tailândia. Esses especialistas, ligados a universidades, centros de pesquisa em saúde e em economia, empresas privadas e governamentais afins e órgãos nacionais gestores em saúde, foram convidados a avaliar os dados apresentados, optando pela inclusão ou não das sete doenças pré-selecionadas (febre amarela urbana, dengue, leishmaniose, esquistossomose, filariose, leptospirose e malária), assim como avaliando o grau de pertinência dos demais itens componentes das tabelas e, se o desejassem, inserindo novos dados. Dos 104 especialistas que receberam as tabelas da I Consulta Iterativa, 35 responderam e, após terem sido compiladas suas respostas, foi realizada a II Consulta Iterativa, que teve por fim possibilitar o compartilhamento das respostas à I Consulta, de modo a que estas pudessem ser confirmadas ou alteradas pelos participantes. A compilação das respostas dos 27 especialistas que responderam à II Consulta Iterativa possibilitou a identificação das respostas medianas acerca de cada item avaliado, as quais subsidiaram a construção do modelo causal. Por exemplo, para um conjunto de 33 respostas relativas a determinado item, sendo 18 pertinentes, 11 medianamente pertinentes e 4 não pertinentes, a resposta mediana correspondente foi, então, pertinente. TERCEIRA ETAPA: VERIFICAÇÃO DO MODELO CAUSAL Para verificação do modelo causal, igualmente o método Delphi foi empregado. Cada um dos 27 especialistas que responderam à II Consulta foi convidado a avaliá-lo como válido ou não válido, obtendo-se um total final de 23 respostas. RESULTADOS OBTIDOS O modelo causal “carência ou precariedade dos serviços de drenagem urbana – ocorrência de doenças”,em versão simplificada. Observa-se que 12 são as doenças abrangidas: 6 pré-selecionadas (febre amarela urbana, dengue, esquistossomose, filariose, leptospirose e malária) e 6 introduzidas pelos especialistas na I Consulta Iterativa (febre tifóide, hepatite A, cólera, ancilostomíase, tricuríase e ascaridíase), tendo sido excluída nessa mesma rodada de consultas a leishmaniose, que havia sido pré-selecionada. As 12 doenças podem, então, ser classificadas em 4 grupos: · Grupo I - Doenças transmitidas por vetores alados que podem proliferar em empoçamentos e alagadiços como a febre amarela urbana, a dengue, a filariose e a malária; · Grupo II - Doença cujo agente etiológico utiliza um hospedeiro aquático intermediário, que pode proliferar em alagadiços, como a esquistossomose; · Grupo III - Doença transmitida pelo contato direto com água ou solo (sem a presença de hospedeiros) cuja contaminação é favorecida por inundações e alagadiços, como a leptospirose; · Grupo IV - Doenças transmitidas pela ingestão de água contaminada por agentes etiológicos presentes em alagadiços e inundações e que penetram no interior da rede de abastecimento; doenças transmitidas pelo 4 contato direto com solos cuja contaminação por esses agentes é favorecida por inundações e alagadiços como a febre tifóide (água), cólera e outras diarréias (água), hepatite A (água), ascaridíase (água), tricuríase (água) e a ancilostomíase (água e solo) A verificação do modelo, realizada na III Consulta Iterativa, revelou que dos 23 especialistas participantes da rodada 17 julgaram-no válido; 3 não válido; 2 acharam por bem considerá-lo parcialmente válido e 1 não o avaliou por discordar dos critérios de avaliação propostos. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Dentre as doenças pertencentes ao grupo I, deve-se destacar que os vetores da febre amarela urbana, dengue e malária não utilizam empoçamentos e alagadiços como criadouros preferenciais. Entretanto, há registros da ocorrência de sua proliferação em tais condições (Nascimento Jr, 1999; FUNASA e OPAS, 1999), o que poderá representar importante achado epidemiológico. Quanto à malária, deve-se destacar, ainda, que sua urbanização está restrita às áreas periféricas das cidades amazônicas, inclusive de grandes aglomerados urbanos. A esquistossomose e a leptospirose, doenças incluídas nos grupos II e III, respectivamente, são ligadas à CPSDU, uma vez que a existência de alagadiços favorece a proliferação do hospedeiro do agente causal, no caso da primeira, enquanto que a ocorrência da segunda está intimamente ligada às inundações. Quanto às doenças pertencentes ao grupo IV, justifica-se sua inclusão no modelo considerando que sua transmissão está associada ao contato com solos cuja contaminação pode se dar em função da ocorrência de inundações e alagadiços. Também, acontecendo subpressão em redes de abastecimento de água instaladas em contato com alagadiços, por meio de rachaduras e orifícios nelas existentes, poderá ocorrer a penetração, em seu interior, dos agentes etiológicos dessas doenças, presentes nos locais que apresentam tal condição de drenagem. O modelo causal foi considerado válido pela maioria dos especialistas consultores, embora não tenha expressado a multiplicidade das relações causais em questão, tais como fatores geográficos, culturais e socioeconômicos, dentre outros, que favorecem a ocorrência das doenças abrangidas. Aliás, o objetivo precípuo da investigação se prendia, apenas e unicamente, a destacar a CPSDU no contexto das doenças. CONCLUSÃO A metodologia empregada para a construção do modelo causal “carência ou precariedade dos serviços de drenagem urbana – ocorrência de doenças” revelou-se eficiente, uma vez que assegurou objetividade ao processo, evitando que concepções pessoais de variada ordem – políticas, religiosa, raciais, dentre outras – interferissem na identificação dos elos componentes da cadeia causal das doenças. A identificação da resposta mediana para cada item avaliado mostrou-se adequada por ser essa a medida estatística que melhor indica a tendência das respostas dos especialistas. O modelo causal desenvolvido a partir de tal metodologia, como qualquer outro, não logrou abranger toda a complexidade das relações multicausais que ocorrem na natureza, relativamente ao que se propunha expressar. Contudo, pode-se considerar que atingiu os objetivos estabelecidos, que se resumiram a tornar mais claros os aspectos ligados à ocorrência de doenças, concernentes à CPSDU. Isto, por sua vez, poderá contribuir para a definição de políticas públicas mais acertadas e direcionadas para as raízes dos problemas da sociedade, no que tange à drenagem e à saúde pública e ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Controle Seletivo de Vetores da Malária. Brasília, 1999. 58p. 2. HELLER, L. Saneamento e Saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Representação do Brasil, 1997. 97p. 3. MAUSNER, J.S., BAHN, A .K. Epidemiologia. México: Nueva Editorial Interamericana, 1974. 364p. 4. NASCIMENTO JÚNIOR, J.A. Estudo Epidemiológico da Relação entre a Disposição dos Resíduos Sólidos e a Proliferação do Aedes aegypti. Brasília, 1999. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, 1999. 5. ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia Analítica. In: Rouquayrol, M.Z. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro: Medsi, 1988. p.169-203. Leitura recomendada 02: 5 Saneamento: ação de inclusão social TITO CÉZAR DOS SANTOS NERY A expressão “saneamento básico” aparece descrita por duas vezes no texto constitucional brasileiro de 1988. A primeira vez é no tratamento das competências da União, quando, no inciso XX, do Artigo 21, determina que é da União a competência para “Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos”1. Na segunda oportunidade, a expressão está inserida na seção sobre a saúde: o Artigo 200, que, ao determinar as competências do SUS, no seu inciso IV, descreve: “participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico” e no inciso VIII: “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”. Deste modo, o constituinte colocou o “saneamento básico” como política que deve ter participação do setor saúde, devendo ainda colaborar na proteção do meio ambiente2 . Ratifica-se, assim, o reconhecimento da relação saúde e ambiente e da importância da atuação de prevenção primária à saúde com políticas e ações sobre esse meio, especialmente sobre o saneamento básico. Para nortear ainda mais as ações dos SUS, no Artigo 198, estabelecem-se as diretrizes (no inciso II): “atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.” Comunidades remanescentes de quilombos As comunidades remanescentes de quilombos são detentoras de direitos culturais históricos, assegurados pelos artigos 215 e 216 da Constituição Federal, os quais tratam das questões relativas à preservação dos valores culturais da população negra, elegendo as terras dos remanescentes de quilombos à condição de Território Cultural Nacional. Essas comunidades sofrem constantes ameaças de expropriação territorial, principalmente pela fertilidade do solo, riqueza em recursos naturais e do subsolo. Todas elas, no entanto, apresentam necessidades, em especial ao acesso à água e esgotos. Estas necessidades, por sua vez, só se mostrarão efetivas com um adequado trabalho de educação sanitária, garantindo o correto acesso às informações sobre construçõesde sistemas de saneamento e usos adequados, sempre preservando as características culturais da população. Quanto à territorialidade desses grupos, a ocupação da terra não é feita em termos de lotes individuais, predomina o uso comum. A utilização das áreas ocupadas respeita a sazonalidade das atividades, sejam agrícolas, extrativistas e outras, que tomam por base laços de parentesco e vizinhança, assentados em relações de solidariedade e reciprocidade. Ao longo do tempo, essas comunidades vêm resistindo às influências exteriores, procurando manter e reproduzir seus modos de vida característicos. Sua identidade se define basicamente pela experiência vivida e pelo compartilhamento de suas diferentes trajetórias históricas comuns, o que possibilita a continuidade do grupo. A questão da territorialidade, neste contexto, como fator fundamental de construção da própria identidade do grupo, coloca sua trajetória de vida em face de sua adaptabilidade ao meio circundante e às formas de apropriação dos espaços, ditadas pelas oportunidades econômicas e de subsistência encontradas nos diferentes ecossistemas e pelos seus usos, hábitos e costumes, moldando em forma particular e única, tais espaços. Desse modo, pode-se afirmar que o critério da efetiva ocupação deve aglutinar, em sua concepção, e de forma ampla, não só os espaços de moradia, ou de produção agrícola/extrativista, mas também todos aqueles que se referem à educação, recreação e lazer, a mitos/simbologia e às áreas necessárias à circulação das famílias do grupo, bem como a de estocagem dos recursos naturais. Foi na promulgação da Constituição Federal de 1988, no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que o Estado reconheceu as comunidades remanescentes de escravos: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes títulos respectivos”. Para garantir o cumprimento deste artigo, foi instituída a Lei Federal nº 7.668, de 22/8/1988, que criou a Fundação Cultural Palmares, cuja principal finalidade é a de reconhecer as comunidades remanescentes de escravos. Hoje, oficialmente, o Brasil tem mapeadas 743 comunidades remanescentes de quilombos, que ocupam cerca de trinta milhões de hectares, com uma população estimada em dois milhões de pessoas. Em quinze anos, no entanto, apenas 71 áreas foram tituladas. A partir do decreto nº 4.887, de 20/11/2003, que normatiza o procedimento de regularização das terras dos remanescentes das comunidades dos quilombos, o Incra é o responsável pelo reconhecimento, demarcação e titulação dessas áreas 4. 6 O preceito constitucional determina, além disso, o tombamento de todos os documentos e sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos, bem como assegura aos remanescentes das comunidades dos quilombos a propriedade de suas terras. Por certo, mais do que emissão de títulos de propriedade, trata-se de uma reparação histórica – ainda que parcial – e de reconhecimento público pela contribuição dada pelos milhões de africanos escravizados e seus descendentes na edificação material e moral do Brasil. O governo Federal, de forma desafiadora, assume, nesse momento, o compromisso de romper com a fragmentação que marcou a ação estatal de promoção da igualdade racial até então praticada. Para isso, chamou a si a responsabilidade de direcionamento de ações e incentivo aos diversos segmentos da sociedade e esferas de governo a pautarem sua atuação na busca e eliminação das desigualdades raciais no Brasil. Desenvolvendo as ações articuladas nos diferentes ministérios, impactou na qualidade de vida da população negra, que sobrevive abaixo ou na linha da pobreza . Para cumprir esse propósito, o Ministério da Saúde criou a Fundação Nacional de Saúde (Funasa)6, que tem como missão “promover a inclusão social por meio de ações de saneamento ambiental e de ações de atenção integral à saúde dos povos indígenas, com excelência na gestão e em consonância com o Sistema Único de Saúde”. As suas ações de inclusão social, por meio da saúde, são feitas ainda com a prevenção e o controle de doenças e agravos ocasionados pela falta ou inadequação das condições de saneamento básico em áreas de interesse especial, como em assentamentos, remanescentes de quilombos e reservas extrativistas. Em novembro passado, a Funasa assinou com a Fundação Cultural Palmares (FCP) termo de cooperação técnica para promover obras de saneamento básico nas comunidades quilombolas. Essa parceria entre os órgãos proporcionará o desenvolvimento de pesquisas, assessoramento e aperfeiçoamento de recursos humanos. Neste trabalho conjunto, a Funasa será responsável pela liberação dos recursos financeiros necessários para a implementação da obra, por acompanhar e participar de todo o processo de execução desta e pela disponibilização de profissionais da área de saneamento, enquanto a Fundação Palmares vai apontar as comunidades quilombolas que devam receber os benefícios, orientando e assessorando o processo de execução e visando a garantir a preservação da territorialidade, da identidade cultural e implantação de projetos que buscam promover o desenvolvimento e a auto-sustentabilidade dos remanescentes de quilombos. O Banco Mundial (Bird), por sua vez, em parceria com a Funasa, busca estimular o saneamento ambiental em áreas indígenas, inclusive nos quilombos. A proposta – cujo projeto foi analisado tecnicamente e está em fase de negociação – prevê o repasse de recursos da ordem de R$ 16,8 milhões entre 2004 e 2006, com ações de cooperação técnica entre as duas instituições. A próxima etapa será a assinatura do projeto, previsto para ocorrer em abril de 2004, com a efetivação em junho7. O objetivo é levar o abastecimento de água, esgotos e melhorias sanitárias domiciliares às comunidades. As primeiras 150 a receberem os benefícios serão aquelas conveniadas com o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar (Mesa), em diversas regiões brasileiras. A maioria das comunidades quilombolas fica em área rural, tendo menor cobertura de serviços de saneamento básico. Dados do Censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram, nos 52 municípios onde estão situadas estas comunidades, um quadro de grande precariedade nestas áreas. Segundo este mesmo levantamento, dos 900.952 domicílios existentes nestes municípios, 89,4% têm cobertura de abastecimento de água na área urbana e 25,7% na área rural. Quanto aos esgotos (rede geral e fossa séptica), a situação é ainda mais precária, sendo 75,6% de cobertura na área urbana e 10,9% na área rural. Todas essas ações nos quilombos, finalmente, deverão beneficiar 3.760 famílias em todo país. Estado de São Paulo Desde 1996, a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) é a entidade responsável pela identificação e reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombos e pela titulação das áreas públicas estaduais por elas ocupadas, ações associadas a um efetivo programa de apoio ao desenvolvimento socioeconômico, que lhes proporcione o desenvolvimento sustentável sem a descaracterização de suas tradições culturais. Os remanescentes de comunidades de quilombos identificados no Estado de São Paulo concentram-se, em sua maioria, na região do Vale do Ribeira e três outras regiões: em Salto de Pirapora (região de Sorocaba), em Itapeva e no município de Ubatuba (litoral Norte), totalizando 939 famílias. Existem 28 comunidades, conforme o levantamento do próprio Instituto até novembro de 2003. 7 Segundo o levantamento dos técnicos da Funasa da área de engenharia, as comunidades enfrentam muitas dificuldadespara garantirem sua sobrevivência, além de problemas de moradia (casa de pau-pique sem banheiro, com precário abastecimento de água, sendo a captação por manancial de superfície). Com relação à questão de subsistência, ainda falta suporte técnico-financeiro às atividades produtivas, que são as roças onde se plantam milho, arroz, feijão, banana e horta comunitária. Nos quilombos Pedro Cubas I e II, também não há escolas para a comunidade, transporte e rede de telefonia. O Itesp construiu uma rede de energia elétrica, uma quadra de esporte e a Casa de Artesanato, em uma ação que visa a melhorar a qualidade de vida da população local. Comunidades quilombolas Comunidade Município Situação 1. Ivaporunduva Eldorado Reconhecido em 1998 2. Maria Rosa Iporanga Reconhecido em 1998 3. Pedro Cubas Eldorado Reconhecido em 1998 4. Pilões Iporanga Reconhecido em 1998 5. São Pedro Eldorado/Iporanga Reconhecido em 1998 6. Cafundó Salto de Pirapora Reconhecido em 1999 7. Caçandoca Ubatuba Reconhecido em 2000 8. Jaó Itapeva Reconhecido em 2000 9. André Lopes Eldorado Reconhecido em 2001 10. Nhunguara Eldorado/Iporanga Reconhecido em 2001 11. Sapatú Eldorado Reconhecido em 2001 12. Galvão Eldorado/Iporanga Reconhecido em 2001 13. Mandira Cananéia Reconhecido em 2002 14. Praia Grande Iporanga Reconhecido em 2002 15. Porto Velho Iporanga Reconhecido em 2003 16. Pedro Cubas de Cima Eldorado Reconhecido em 2003 17. Camburi Ubatuba Fase Final de Reconhecimento 18. Cangume Itaóca Fase Final de Reconhecimento 19. Morro Seco Iguape Fase Final de Reconhecimento 20. Biguazinho Miracatu Fase Final de Reconhecimento 21. Bombas Iporanga Fase Final de Reconhecimento 22.Capivari Capivari Fase Final de Reconhecimento 23. Piraporinha Salto de Pirapora Fase inicial de Reconhecimento 24. Brotas Itatiba Fase inicial de Reconhecimento 25. Fazendinha Pilar Pilar do Sul Fase inicial de Reconhecimento 26. Fazendinha dos Pretos Salto de Pirapora* Identificadas para o reconhecimento 27. Os Camargo Votorantin Identificadas para o reconhecimento 28. Carmo* São Roque Identificadas para o reconhecimento * Os antropólogos do M.P.F. estão realizando um diagnóstico da situação na área. Segundo o levantamento dos técnicos da Funasa da área de engenharia, as comunidades enfrentam muitas dificuldades para garantirem sua sobrevivência, além de problemas de moradia (casa de pau-pique sem banheiro, com precário abastecimento de água, sendo a captação por manancial de superfície). Com relação à questão de subsistência, ainda falta suporte técnico-financeiro às atividades produtivas, que são as roças onde se plantam milho, arroz, feijão, banana e horta comunitária. Nos quilombos Pedro Cubas I e II, também não há escolas para a comunidade, transporte e rede de telefonia. O Itesp construiu uma rede de energia elétrica, uma quadra de esporte e a Casa de Artesanato, em uma ação que visa a melhorar a qualidade de vida da população local. Mediante o quadro apresentado, no ano de 2003, a Coordenação Regional da Funasa de São Paulo, com um recurso aplicado no valor de R$ 21 mil, realizou intervenção emergencial, realizando a primeira obra de Sistema de Abastecimento de Água na Comunidade Quilombola de Pedro Cubas I (3.806,23 ha) e Pedro Cubas II (6.875.2205 ha), que compreende desde a captação de água (mina natural), ampliação do sistema, com colocação de dois reservatórios com capacidade para três e dez mil litros respectivamente, e rede de 8 distribuição de água com torneiras nas portas das casas, beneficiando cerca de setenta famílias, localizadas na cidade de Eldorado. Em depoimento à nossa equipe, a moradora Edvina Maria ressaltou a importância do saneamento básico para saúde: “a obra foi uma benção para minha comunidade, trazendo benefício e saneamento para as famílias”, disse. Já o jovem Carlos Eduardo afirmou que o trabalho da Fundação Nacional de Saúde trouxe perspectivas para a exploração do turismo no local, oferecendo melhor qualidade de serviços aos visitantes. “A comunidade está muito feliz, pois mostra que estamos conquistando nosso espaço. Este apoio do governo é muito importante, coisas que nós sonhávamos hoje estão se tornando realidade”. A Coordenação Regional da Funasa de São Paulo prevê continuidade do trabalho nessas comunidades no decorrer do ano de 2004, por meio das seguintes ações: • melhorias sanitárias domiciliares (banheiros); • implementação de esgotos; • acompanhamento junto à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) da execução de obras nas comunidades que tenham situação fundiária regularizada. Notas 1 Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil; 5 out. 1988. 2 Todo o Artigo 225 da Constituição volta a tratar do tema meio ambiente. 3 Análise realizada pela Secretaria de Habitação do Estado de SP. 4 Correio Eletrônico Em questão, Editado pela Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República. 5 Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SIPPIR). 6 Fundação Nacional de Saúde, órgão executivo do MS, possui uma Coordenação Regional em cada Estado, sendo a Presidência em Brasília-DF. 7 Informações da Fundação Nacional de Saúde – www.funasa.gov.br. 8 Definição retirada do site www.institutodeterras.sp.gov.br. RESUMO – AS AÇÕES de saneamento ambiental são fundamentais na atuação em Saúde Pública. Na atual gestão, a Fundação Nacional de Saúde tem como desafio promover a inclusão social por meio de ações de saneamento ambiental, inclusive nas comunidades quilombolas, respeitando as peculiaridades e buscando sempre promoção de saúde-cidadania. ABSTRACT – ENVIRONMENTAL sanitation efforts are fundamental in Public Health initiatives. Under the current administration, the National Health Foundation faces the challenge of promoting social inclusion by means of environmental sanitation actions to promote health-citizenship in various communities, including those of former slaves, while respecting their peculiarities. Tito César dos Santos Nery é coordenador regional da Funasa de São Paulo, médico pneumologista. O autor agradece as seguintes pessoas que colaboraram com a redação deste texto: Rogério Araújo Christensen, Sandra Regina Rodrigues de Souza, Sonia Maria Zanelato, Telma Cássia Nery. 9 Leitura recomendada 03: 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 XI-015 - SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS – SIG, UM SISTEMA INFORMATIZADO DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS UTILIZADO NO PROGRAMA DE SANEAMNETO AMBIENTAL DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, INTEGRANTE DO PROGRAMA BAHIA AZUL, FINANCIADO PELO BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO - BID Paulo Roberto Minervino Russo (1) Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Coordenador do Projeto Assessoramento à Unidade Executora para supervisão do Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos – BTS / Bahia Azul. Ana Cláudia Nascimento e Sousa Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Pós-graduada em Engenharia de Irrigação pelo Centro de Estudios y Experimentacion de Obras Públicas – CEDEX – Madri/Espanha. Engenheira da Noronha Engenharia S.A, membro da equipe de assessoramento a Unidade Executora para supervisão do Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos – BTS / Bahia Azul. Carlos GeraldoGraduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Economista da Noronha Engenharia S.A, membro da equipe de assessoramento a Unidade Executora para supervisão do Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos – BTS / Bahia Azul. Alex Almeida e Almeida Graduado em Processamento de Dados pela Univercidade Salvador (UNIFACS), Analista da Noronha Engenharia S.A, membro da equipe de assessoramento a Unidade Executora para supervisão do Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos – BTS / Bahia Azul. Endereço (1) : Rua Carlos Maron, 85 apto 902 Edifício Bosque do Candeal - Candeal - Salvador - BA - CEP: 40280- 650 - Brasil - Tel: (71) 353-6516 - e-mail: prmrusso@uol.com.br RESUMO O desenvolvimento e implantação de Programas de obras envolve o tratamento de grande volume de informações, de caráter físico, financeiro e jurídico, voltadas ao seu gerenciamento interno, à informação dos organismos financiadores ou ao apoio à auditoria dos mesmos. No Programa Bahia Azul, voltado ao Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos, orçado em US$ 440 milhões, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de US$ 264 milhões, foi utilizado como apoio, o Sistema de Informações Gerenciais – SIG, cuja apresentação constitui o objeto deste trabalho. O SIG foi desenvolvido com base nos procedimentos recomendados pelo BID, possuindo também um módulo especial voltado ao Japan Bank for International Cooperation – JBIC, co-financiador do Programa, mas pode ser adaptado para atender a outros financiadores, a partir de suas características principais. O Plano de Contas utilizado para contabilização do Programa é compatível com o arcabouço institucional adotado para gerenciamento do Programa e com o fluxo financeiro decorrente, devendo ser personalizado a cada caso. PALAVRAS-CHAVE: SIG, Sistema de Informações, Programa Bahia Azul, Plano de Contas, Controle de Programas. INTRODUÇÃO O Programa Bahia Azul se constitui num grande conjunto de obras e ações na área de saneamento e meio ambiente que o Governo do Estado da Bahia está realizando. Serão investidos US$ 600 milhões, dos quais US$ 264 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, US$ 73 milhões pelo 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Banco Mundial – BIRD, US$ 78 milhões pelo JBIC, US$ 69 milhões pelo BNDES, US$ 15 milhões pela Caixa Econômica Federal e US$ 101 milhões com recursos próprios do Tesouro do Estado da Bahia. A maior parte dos recursos será aplicada em esgotamento sanitário e abastecimento de água. Além disso, serão implementadas ações que objetivam a melhoria dos serviços de coleta e disposição final dos resíduos 10 sólidos (lixo), a intensificação do controle da poluição industrial, principalmente em relação aos lançamentos de efluentes na Baía de Todos os Santos, e o desenvolvimento de projetos de Educação Sanitária e Ambiental. O “Bahia Azul” engloba três importantes programas: o Programa de Melhoria do Setor de Saneamento (PMSS), o Programa Metropolitano e o Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos (BTS). Este último destaca-se pelo seu porte. Está orçado em US$ 440 milhões, dos quais US$ 264 milhões são financiados pelo BID e em seu âmbito vêm sendo utilizado o Sistema de Informações de que trata o presente trabalho. Com efeito, o Programa BTS envolve cerca de 120 licitações, 180 contratos, 2.700 faturas e 5.000 pagamentos, gerando datas a serem observadas, quantitativos de serviços contratados e realizados, valores a serem contabilizados em duas moedas (o Real e o Dólar) e o processamento de outros dados complementares, que sugerem a utilização de um sistema informatizado de apoio ao gerenciamento dessas informações. CARACTERÍSTICA DO SISTEMA A versão do SIG utilizada no Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos - BTS está desenvolvida em Access, Gerenciador de Banco de Dados da MicroSoft, integrante do Office 97. Está personalizado para o Programa, contendo um módulo específico ao gerenciamento do empréstimo com o Japan Bank for International Cooperation - JBIC, que compõe a contrapartida ao financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID. O SIG foi elaborado prevendo operação em rede. A utilização do Access como plataforma do SIG imprime ao sistema uma enorme versatilidade, permitindo que, durante a implantação do Programa, novas necessidades de consultas ao Banco de Dados sejam rapidamente solucionadas, através de uma ferramenta amplamente divulgada e interativa com outros aplicativos comumente empregados. O SIG não pressupõe conhecimento específico do Access por parte do usuário. Os principais registros e consultas, bem como a emissão das planilhas padronizadas mais freqüentes já estão programados, podendo novas saídas serem agregadas. O conhecimento das funções básicas do Access porém, poderá ser útil na recuperação e consulta de informações não rotineiras, o que poderá ser feito a partir da base de dados existente. O SIG foi desenvolvido no padrão Windows, amplamente difundido, com a preocupação de tornar a operação fácil e auto explicativa, e de ajudar o usuário a evitar erros. ESTRUTURA DO SISTEMA O SIG está estruturado em cinco módulos básicos, quais sejam: Entrada de Dados: onde são cadastradas todas as informações necessárias à operação do Sistema, englobando Categorias de Investimentos, Fontes de Recursos, Metas Físicas, Licitações, Contratos e seus Aditivos, Faturas, Pagamentos, Taxas de Câmbio e outros dados complementares; Operação dos Empréstimos: módulo organizado por fonte de financiamento, o BID e o JBIC para o caso do Programa BTS, onde são configuradas as solicitações de desembolso e emitidos os anexos que as acompanham. Também compõem este módulo as funções voltadas à confirmação das solicitações, ou seja, à proteção de dados já informados aos organismos financiadores, no sentido de evitar que sejam alterados posteriormente. Consultas: onde são solicitados os relatórios gerenciais, que contém informações físicas e financeiras sobre o desenvolvimento do Programa. As consultas, que estão sub-divididas em consultas físicas e consultas financeiras, englobam o acompanhamento dos dados gerais dos contratos, processos de licitação, os quantitativos de serviços contratados e realizados, a posição dos investimentos por contrato de serviço e por fonte de recursos e a posição dos saldos contratuais e de seus aditivos. Engloba ainda o controle do cumprimento das obrigações contratuais assumidas com o BID e a pesquisa das taxas de câmbio entre as moedas utilizadas no Programa. Contabilidade: onde é feita a contabilidade das movimentações financeiras referentes ao Programa, operando Plano de Contas específico, que reflete o fluxo financeiro estabelecido, particularizando Categorias de Investimentos do Contrato do BID, fontes de recursos e co-executores do Programa. O Plano de Contas utilizado, está de acordo com o estabelecido nos documentos “Políticas Del Banco Sobre Auditoria de Proyectos y Entidades (AF-100)” e “Guias para la Preparación de Estudios Finacieros y Requisitos de Auditoria Independiente (AF 300)” emitido pelo BID. Através do Módulo de Contabilidade é realizado o cadastramento das operações financeiras, as diversas 11 etapas de contabilização, conforme a apresentação e a aprovação das justificativas e a emissão de relatórios, destacando-se o Balanço, os Razões das Contas do Programa e os demonstrativos contábeis que compõem as Demonstrações Financeiras Anuais oferecidas à Auditoria do Programa. Utilitários: onde se localiza a emissão de senhas hierárquicas, quesão atribuídas aos usuários de acordo com a função de cada um, permitindo-lhes as operações pertinentes e identificando-os perante o sistema, a cada sessão. Neste módulo localiza-se ainda a função de Atualização da Base de Dados, inclusive pela Internet, o que permite que o SIG seja utilizado em instalações físicas remotas. FORMULÁRIOS E RELATÓRIOS A entrada de dados se dá pelos formulários ou telas de entrada, onde são feitas as validações e consistência dos mesmos, tornando-os assim, confiáveis. Em alguns casos, a entrada de dados relacionados ocorre simultaneamente. Nestes casos, foram criados sub-formulários, que permitem este procedimento. Os relatórios de saída do Sistema, quando destinados a integrar os processos de prestação de contas ao BID, já são gerados nos modelos recomendados pelo Banco. ENCADEAMENTO E VALIDAÇÃO DAS INFORMAÇÕES Um dos pontos de maior relevância na concepção do SIG é o relacionamento existente entre todas as informações cadastradas, o que permite as validações e críticas realizadas. Todas as licitações são relacionadas a uma das Categorias de Investimentos e as fontes elegíveis para pagamento e os Co- executores responsáveis são a elas vinculadas; da mesma forma, o cadastramento de um contrato depende do cadastramento prévio da respectiva licitação, e a ela fica relacionado. Igual procedimento é adotado com relação a faturas, pagamentos, serviços e metas físicas. Cabe destacar, por exemplo: · O pagamento de impostos com recursos externos, bem como quaisquer pagamentos com fontes não elegíveis ou previstas, não são possíveis: · o cadastramento de uma fatura, só é possível se houver saldo contratual; e · o cadastramento de um pagamento e sua conseqüente comprovação ao BID só serão aceitos pelo sistema após a verificação da existência de saldo na fatura e da elegibilidade da fonte pagadora. Assim, são evitadas operações indevidas como duplicidade na apresentação de despesas, pagamentos de impostos ou gastos exclusivos de contrapartida com recursos do Empréstimo do BID, pagamentos acima dos saldos disponíveis e outras. Merece destaque, também, o fato de que uma base única de informações, garante a compatibilidade dos valores e datas apresentados ao BID, anexos às Solicitações de Desembolsos e aqueles contabilizados no Programa, encaminhados periodicamente pela Auditoria. CONTABILIZAÇÃO O módulo de contabilidade segue normas que regem o Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos previamente estabelecidas, sendo assim, os registros devem ser efetuados de acordo com os documentos “Política Del Banco Sobre Auditoria de Proyetos y Entidades (AF-100)” e “Guias para la Preparación de Estados Financeiros y Requisitos de Auditoria Independiente (AF-300)”, do BID. Atendendo a este compromisso, o acompanhamento do Programa vem sendo feito com o apoio do Sistema de Informações Gerenciais – SIG, com o objetivo de permitir o gerenciamento de dados de caráter contábil sobre o Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Todos os Santos – BTS, abrangendo pagamentos, quantitativos de serviço, transferências financeiras e informações complementares tais como taxas de câmbio. No módulo contábil está previsto um sub módulo, denominado Demonstrações Financeiras, núcleo do Sistema de Contabilização do Programa, através da qual as operações financeiras serão classificadas, de acordo com um Plano de Contas específico, compatível com as Categorias de Investimentos pertencentes ao programa cujo os principais itens são: · Balanço Financeiro do Programa - demonstra as operações financeiras do Programa em um determinado período, identificando suas situações ao seu início e final; · Demonstrações das Origens e Aplicações dos Recursos – permite o acompanhamento e controle das origens e aplicações de recursos nas Categorias de Investimentos em um determinado período, indicando os saldos ainda não aplicados no Programa; 12 · Demonstração dos Investimentos no Programa – apresenta as Aplicações dos recursos por Categoria de Investimentos, indicando a movimentação no período, bem como as posições anterior e acumulada até o período. · Demonstrativo Orçamentário e de Execução do Programa - permite por categoria de investimento e fonte financiadora, o acompanhamento financeiro do Programa, comparando os valores orçados e realizados, identificando os saldos a serem executados e suas representações percentuais. · Demonstrativo da Execução Financeira – Demonstra as aplicações no Programa, por Categoria de Investimento, identificando os Co-Executores. Este demonstrativo é apresentado separadamente para os Recursos do BID e de Contrapartida. · Conciliação do Fundo Rotativo do BID – Permite a demonstração dos valores liberados pelo BID a título de adiantamento, identificando as justificativas aprovadas, as pendentes de aprovação e os saldos financeiros a serem aplicados no Programa, ajustados pela variação cambial. Este documento é elaborado somente em dólares americanos, moeda utilizada pelo BID em seus registros contábeis. O módulo voltado à contabilização do Programa, que incorpora o seu Plano de Contas, tem dois objetivos básicos: · permitir a contabilidade do Programa, para fins de conciliação com os registros contábeis do BID; e, · permitir a conciliação da contabilidade do Programa, com a das entidades executoras, para fins de auditoria. MOEDAS UTILIZADAS: Para operacionalização do Sistema proposto, ou seja, para efetuar os registros das operações financeiras, bem como apresentar balanços e demais demonstrativos vêm sendo utilizandas duas moedas, o Dólar e o Real. A primeira, o Dólar dos Estados Unidos da América, trata-se da moeda utilizada para o Orçamento Geral do Programa e sua negociação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e demais organismos financiadores. É a moeda na qual está fixado o valor do Empréstimo do BID, em que são realizadas todas as suas operações e que é utilizada pelo Banco para o controle contábil do Programa. A expressão dos balanços e demais demonstrativos financeiros em Dólares é portanto fundamental à comparação dos valores apresentados com os registros efetuados no Sistema de Controle do Banco. A segunda, o Real, é a moeda corrente nacional, em que são realizadas todas as transações financeiras feitas no âmbito interno, a exemplo da transferência de recursos para os co-executores e dos pagamentos aos consultores, empreiteiros e fornecedores brasileiros. Todos os registros contábeis feitos pelos co- executores estão expressos em Reais. A apresentação dos balanços e demais demonstrativos financeiros nesta moeda é portanto fundamental à conciliação dos valores apresentados com os registros contábeis oficiais efetuados pelos co-executores. CONVERSÃO DE MOEDAS: Para a conversão das moedas, são adotados os seguintes critérios: · as liberações efetuadas em dólares pelo BID, são convertidas em reais utilizando-se taxas adotadas pelo próprio Banco; · os pagamentos realizados pelos Executor e Co-Executores do Programa em moeda nacional são convertidos em dólares nas suas efetivas datas de desembolso, utilizando-se a taxa de compra do fechamento do dia anterior à data do pagamento ao fornecedor, divulgada pelo Banco Central do Brasil; · para conversão dos valores disponibilizados para os co-executores e as suas respectivas prestações de contas à UEP, é utilizado o mesmo procedimento adotado para os pagamentos, ou seja, a taxa de fechamento do dia anterior; e, · Para a conversão de valores referentes às outras fontes de recursos, são utilizados os mesmos critérios que os adotados para o BID. VARIAÇÃO CAMBIAL Na contabilidade em dólares, as diferenças entre os valores apuradosnas datas de liberação dos recursos e nas datas dos efetivos pagamentos, são denominadas Variação Cambial do Programa. Os valores recebidos do BID, em dólares, devem ser os mesmos a ele justificados. A variação cambial deverá ser absorvida pelo Governo do Estado. Para as demais fontes de recursos, essa variação também é determinada, de modo a compatibilizar os valores expressos em reais e em dólares, ainda que os desembolsos sejam realizados em moeda local e o significado da variação cambial seja apenas contábil. A variação cambial é calculada pela sistema a partir 13 das datas de entrada e saída de recursos e lançada nas contas do Programa, através do módulo de Contabilidade. CONCLUSÕES O SIG tem sido um eficiente instrumento para o gerenciamento do Programa BTS, propiciando a ágil e segura tomada de decisão, contribuindo para garantir os resultados objetivados pelo Governo do Estado da Bahia com a implantação do “Bahia Azul”. Generalizando, todo programa de porte considerável requer para o seu sucesso, principalmente na etapa de implantação, um eficiente Sistema de Informações Gerenciais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Bob Schneider, Editora Campus, Usando ACCESS 97, 1997. 2. Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, Política Del Banco Sobre Auditoria de Proyetos y Entidades (AF-100), Washington D.C., 1999. 3. _____. Guias para la Preparación de Estados Financeiros y Requisitos de Auditoria Independiente (AF-300), Washington D.C., 1999. 4. Consórcio Noronha-Tams-Umah, Sistema de Contabilização do Programa e Plano de Contas, Salvador, 2000. 5. _____. Programa BTS - Relatório de Acompanhamento – 2 º Semestre de 2000, Salvador, 2001. 6. _____. Programa BTS - Demonstrações Financeiras – Exercício de 2000, Salvador, 2001. Leitura recomendada 04: III ENECS - ENCONTRO NACIONAL SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS SANEAMENTO BÁSICO EM NOVA HARTZ - RS: PROPOSIÇÕES E DIRETRIZES DE GESTÃO Maria Conceição Barletta Scussel, Arq., MSc. (scussel@ufrgs.br), Doutoranda do NORIE – Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação / Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil / UFRGS Luís Ercole, Eng.Civil (eaercole@terra.com.br), Mestrando do NORIE /PPGEC / UFRGS Décio Bevilacqua, Arq., MSc. (dbevilacqua@uol.com.br), Doutorando do NORIE / PPGEC/UFRGS Miguel Aloysio Sattler, Eng.Civil e Agrônomo, PhD. (sattler@ufrgs.br), Professor do NORIE /PPGEC / UFRGS RESUMO O presente trabalho apresenta diretrizes e propostas à condução do processo de Planejamento Municipal do Município de Nova Hartz – cidade integrante da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), tendo em vista a sustentabilidade urbana, no âmbito do saneamento básico – abastecimento d’água, drenagem urbana, coleta e tratamento dos resíduos líquidos. Constitui parte de estudo mais abrangente, desenvolvido junto ao Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação – NORIE, que contempla, ainda, as seguintes áreas temáticas: energia, transportes, resíduos sólidos, vegetação urbana e poluição do ar. A partir de uma avaliação preliminar da realidade vivenciada pela comunidade local, que destaca, como ponto mais crítico, a questão da infra-estrutura de saneamento básico, alinham-se diretrizes e estratégias específicas para cada um dos componentes abordados, buscando incorporar soluções alternativas e sustentáveis, compatibilizando-as com as demais diretrizes setoriais e com a identidade cultural e sócio-econômica do Município. Utilizaram-se, na condução do trabalho, distintas fontes de conhecimento da realidade - trabalhos já realizados, visitas à cidade, entrevistas -, chegando-se à etapa propositiva, após o exame e avaliação de experiências bem sucedidas em outras comunidades e de pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: saneamento básico, sustentabilidade, gestão municipal BASIC SANITATION IN NOVA HARTZ - RS: PROPOSALS AND MANAGEMENT GUIDELINES ABSTRACT 14 This paper presents proposals and guidelines for the development of the municipal planning of Nova Hartz – a city in the metropolitan area of Porto Alegre, state of Rio Grande do Sul, Brazil. The objective is to find urban sustainable answers for basic sanitation – water supply, urban stormwater and treatment of wastewater. This text is part of a larger study developed by Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação – NORIE, wich establishes, also, guidelines relative to energy, transportation, solid waste, urban vegetation and air pollution problems. At first, the reality lived by Nova Hartz city community was assessed. Problems of basic sanitation infra-structure were identified as the most critical point. Guidelines and specific strategies were developed for each of the elements analyzed. Through the use of alternative and sustainable solutions these guidelines and strategies are compatible with the cultural identity and socio-economical reality of the city. For the knowledge of the local reality, sources such as previous works about the city, visits and interviews were used. Bibliographical research on the subject and successfull experience in others cities were also used in the analysis of these problems and their solution. Key words: basic sanitation; sustainability; urban policies 1.INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende apresentar diretrizes e propostas que orientem a Municipalidade e a população do Município de Nova Hartz – RS, na condução do processo de Planejamento Municipal, tendo em vista a sustentabilidade urbana, no âmbito do saneamento básico – abastecimento d’água, drenagem urbana, coleta e tratamento dos resíduos líquidos e resíduos sólidos. Constitui parte de estudo mais abrangente, desenvolvido junto ao Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação – NORIE, que contempla, ainda, as seguintes áreas temáticas: energia, transportes, vegetação urbana e poluição do ar. Num primeiro momento, realizou-se uma avaliação preliminar da realidade vivenciada pela comunidade local, em que se destacou, como ponto mais crítico, a questão da infra-estrutura de saneamento básico, praticamente inexistente. A partir daí, alinharam-se diretrizes e estratégias específicas, para cada um dos componentes abordados, buscando incorporar soluções alternativas e sustentáveis para fazer frente aos problemas identificados, compatibilizando-as com as demais diretrizes setoriais e com a identidade cultural e sócio-econômica do Município, integrante da Região Metropolitana de Porto Alegre. Ressalve-se que os dados e estudos que se fazem necessários a uma formulação desta natureza – a começar por um diagnóstico consistente e atualizado das reais condições do Município, seus problemas e potencialidades para um desenvolvimento sustentável - são ainda escassos e não sistematizados. O conhecimento da realidade local se deu através de trabalhos anteriores realizados pelo NORIE, relacionados à construção do CETHS – Centro Experimental de Tecnologias Habitacionais Sustentáveis, no Município, de visitas à cidade e entrevista com representante da Prefeitura Municipal (Secretária do Meio Ambiente). O Plano Diretor de Nova Hartz (1997), considerado pela própria Municipalidade incompleto e pouco eficaz enquanto instrumento de gestão, encontra-se, no momento, em revisão, ensejando contribuições como a que aqui se apresenta. 2 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA O Município de Nova Hartz, situado a aproximadamente 80 Km de Porto Alegre, passou a integrar a Região Metropolitana em 1989. Possui uma área de 58 km² e população de 15.072 habitantes (IBGE, 2001). A principal atividade econômica é a indústria coureiro-calçadista, que emprega cerca de 30% da população. Caracterizado por uma paisagem exuberante,rica em diversidade ambiental, o Município situa-se em um sítio geomorfológico cujas altitudes variam de 20 a 600 m, apresentando morros, campos e cursos d’água. Nele se encontram trechos intactos de Mata Atlântica, assim como diversas nascentes de recursos hídricos, que abastecem a região do Vale do Rio dos Sinos (Brito, 2000). Em oposição a esse vasto potencial, os problemas decorrentes de uma ocupação inadequada e da falta de planejamento e ordenamento da expansão urbana e do uso do solo tornam-se evidentes. Destaca-se, neste trabalho, a questão da infra- estrutura de saneamento básico – drenagem urbana, abastecimento d’água, coleta e tratamento de resíduos líquidos - considerada, pela população local e pela Administração Municipal, como o ponto mais crítico da gestão urbana. – A cidade de Nova Hartz é cortada pelo Arroio Grande, enquanto a pavimentação asfáltica impermeabiliza o solo. 2.1.Drenagem urbana Os principais cursos d’água são o arroio Grande, arroio do Tigre e arroio da Bica. A área urbana do Município é cortada pelo arroio Grande, na área central. Esse arroio, por ocasião de chuvas intensas, 15 avoluma-se rapidamente, e sua calha natural não suporta o caudal que desce da serra, provocando inundações. É histórica a catástrofe de 1992 em Nova Hartz, quando ocorreram inundações e desmoronamentos. Conforme destacado por Brito (2000), a prática de técnicas agrícolas inadequadas ao tipo de solo da região e o desmatamento das áreas de meia encosta para cultivo, com alteração das condições de fixação do solo e retenção das águas pluviais, alinham-se como causas desse fenômeno. Tais práticas são responsáveis pelo assoreamento dos arroios, uma vez que expõem o solo à erosão. Alia-se a tais razões o fato de que o microclima da região, segundo Orlandi Filho et al (1994), é favorável à ocorrência de precipitações muito intensas em curto período, verificando-se a necessidade urgente de medidas como a limpeza e manutenção dos leitos dos principais arroios que cortam a cidade, assim como o reflorestamento e recuperação da mata ciliar. Do ponto de vista da drenagem urbana, também merece destaque o fato de que cerca de 50% das estradas, ruas e caminhos de pedestres da área urbana de Nova Hartz (PM Nova Hartz, 2000) encontram- se asfaltadas, elevando a impermeabilização do solo e contribuindo, portanto, para a incidência de inundações na cidade. 2.2. Abastecimento d’água Em que pese a riqueza de recursos hídricos, o abastecimento de água é uma questão mal resolvida em Nova Hartz. Este é feito através de poços tubulares individuais na área urbana e, na zona rural, pela captação de água de vertentes, riachos e açudes. A captação de águas subterrâneas fica comprometida por sérios riscos de contaminação, uma vez que o destino final do esgotamento cloacal é feito por fossas sépticas, ligadas à rede pluvial ou por sumidouros. Em muitas áreas do município a situação se agrava, devido à qualidade do solo, com diferentes permeabilidades. Os poços tubulares são suscetíveis de contaminação, quando construídos sem adequado revestimento da sua porção superficial. As fontes de captação e os olhos d’água, em geral, também não são protegidos contra as intempéries, animais ou do público. Também os mananciais superficiais não possuem qualquer tratamento com vegetação adequada em suas margens. Esta situação passa a merecer maior atenção dos Administradores Municipais, à medida que a área urbana se densifica com maior rapidez, e com a conseqüente alteração da superfície do solo. Pelas informações obtidas na Prefeitura, estudam-se alternativas para a implantação de um sistema de abastecimento de água tratada: uma delas seria a implantação do serviço pelo órgão estadual – Companhia Riograndense de Saneamento/CORSAN; outra seria a captação a partir de açude existente, situado em propriedade particular. Neste sentido, o gerenciamento do abastecimento de água tratada pela CORSAN garantiria a qualidade exigida pela Portaria Nº1469 de 29 de dezembro de 2000, do Ministério da Saúde. Levantamentos realizados pela Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional – METROPLAN e pela Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais – CPRM (SZUBERT, 1994) constataram a existência de 81 poços cadastrados, além de 7 poços com registros hidrológicos, sendo 6 perfurados pela CORSAN e 1 pela Central de Comandos da Agricultura do Rio Grande do Sul – CEMAPA. Para os técnicos da CPRM não existem contra-indicações nas soluções de abastecimento por poços individuais (por lote), desde que solucionados os escoamentos cloacais. A situação de Nova Hartz está fortemente vinculada, pois, ao binômio água e esgoto: para a adoção de um abastecimento por poços se faz necessária, antes de tudo, uma solução para o destino final dos resíduos líquidos. 2.3. Resíduos líquidos O esgoto doméstico produzido é destinado a fossas e sumidouros individuais, nos lotes e domicílios, sem qualquer controle ou manutenção, o que facilita a contaminação do solo e do lençol freático na região; como agravante de tal situação de risco, destaque-se que este lençol é quase superficial, em função da baixa permeabilidade dos aqüíferos na área urbana. Além disso, boa parte de esgotos domésticos, não tratados, é lançada diretamente nos cursos d’água, poluindo os mananciais (Brito, 2000). Além dos esgotos domésticos, cabe destacar outras fontes geradoras de resíduos líquidos: •esgotos agrícolas: as águas pluviais arrastam, em direção aos mananciais de águas superficiais ou subterrâneas, agrotóxicos e fertilizantes químicos empregados nas lavouras; •efluentes industriais: os efluentes derivados da indústria calçadista, sobretudo dos curtumes, que constituem sério problema na região do Vale do Rio dos Sinos, não são encontrados nas indústrias localizadas em Nova Hartz, ainda que tal setor industrial se constitua na base econômica do Município. Isto porque as unidades locais trabalham com as fases de montagem e acabamento da fabricação de calçados, 16 gerando grande volume de resíduos sólidos – os quais, sendo dispostos inadequadamente, também contribuem para a poluição ambiental. Esgotos de prestadores de serviços (postos de abastecimento, oficinas, etc.) e de serviços de saúde (postos de saúde, já que não há hospital na cidade) também não possuem tratamento adequado, assim como outros efluentes potencialmente perigosos – cemitério, lixões. No caso dos postos de saúde, apenas os resíduos sólidos são coletados, semanalmente, por empresa especializada; já a produção de chorume por um lixão a céu aberto e a conseqüente contaminação do lençol freático vem sendo combatida por recentes providências da Prefeitura Municipal, em conjunto com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM (Brito, 2000). Os problemas apontados não só comprometem a sustentabilidade local, como impactam negativamente a região mais ampla da Bacia do Rio dos Sinos. 3 PROPOSIÇÕES PARA A GESTÃO MUNICIPAL Face aos problemas expostos, o grande objetivo da ação municipal no setor de saneamento deve ser o de dotar o Município e, em particular, a cidade, de infra-estrutura básica para garantir o gerenciamento das águas – desde o abastecimento de água para consumo, até o controle, coleta e tratamento dos esgotos gerados pelas diferentes atividades locais. O primeiro passo, sem dúvida, é a conscientização da população e a sensibilização da Municipalidade, em todas as esferas, para a necessidade de adotar práticas menos agressivas ao ambiente e técnicas compatíveis com a realidade e os recursos locais. A definição de metas a alcançar - a curto, médio e longo prazo – passa pelo estabelecimento de prioridades a serem negociadas junto aos distintos segmentos da comunidade.Fundamental, no entanto, é a adoção de estratégias mais sustentáveis nas soluções e projetos apresentados. 3.1 Classificação das águas Para os fins das proposições deste trabalho, com base nos estudos até aqui desenvolvidos, parte-se da classificação das águas em quatro classes – A, B, C e D -, conforme apresentado a seguir: 3.1.1 Classe A: Tratamentos: Convencional nas Estações de Tratamento de Águas – ETAs e complementar nas unidades consumidoras, através de filtros de duplo estágio: com nitrato de prata, para eliminar microrganismos patogênicos e com carvão ativado, para retenção de metais e químicos. Este tratamento complementar é necessário para garantir a potabilidade da água em relação às falhas do tratamento na ETA, contaminações ao longo das canalizações e nas reservações. Usos: Para beber e para cozinhar. 3.1.2 Classe B: Tratamento: Convencional nas ETAs. Usos: Higiene pessoal; lavagem de louças e artefatos de cozinha; lavagem de roupas e acessórios de uso pessoal. 3.1.3 Classe C: Origem: Água natural, proveniente das chuvas ou de mananciais não contaminados (poços, nascentes, córregos, rios, lagos, etc.). Tratamento: Decantação e filtragem dos sólidos suspensos. Usos: Descargas sanitárias; irrigação (jardins, hortas e pomares); lavagem de pátios; veículos (postos de lavagem), ferramentas e utensílios; refrigeração (torres de ar condicionado); piscinas; usos na produção de bens e serviços, onde não houver necessidade de águas com classificação superior. 3.1.4 Classe D: Origem: Águas servidas, contaminadas ou poluídas. Tratamentos: Específicos, visando a reutilização das águas e/ou disposição, sem ônus ao meio ambiente. Usos (pós-tratamentos primários e secundários): Irrigação agrícola; alimentação dos aqüíferos subterrâneos; refrigeração; realimentação dos mananciais de águas de superfície, piscicultura; produção de biomassa com plantas aquáticas. 3.2 Propostas 3.2.1 Proposta para captação, tratamento e distribuição de água. No contexto mais amplo do que deva se constituir num Plano de saneamento básico para o Município, arrolam-se as proposições a seguir. 17 •Desenvolver estudos com vistas a um sistema municipal de abastecimento de água, contando com um órgão público que se caracterize como autoridade responsável pela segurança sanitária da água consumida. Este sistema poderá ter como manancial de abastecimento água subterrânea ou superficial, de açudes ou rios, ou a combinação dos dois sistemas. Examinar a viabilidade de aproveitamento de grande açude existente para abastecimento urbano. •Desenvolver convênio com a CORSAN, no sentido de implementação de uma Estação de Tratamento de Água ou sistema que utilize águas subterrâneas, com adição de cloro para desinfecção. •Medidas a serem adotadas a curto prazo: a) proteger os arroios e açudes dos resíduos sólidos e líquidos; b) monitorar a qualidade da água dos poços existentes; c) criar mecanismos de acompanhamento da qualidade da água. 3.2.2 Águas Pluviais •Tornar obrigatória a reservação das águas pluviais, para usos conforme a Classe C das águas, nos prédios residenciais de apartamentos e nos condomínios horizontais (com mais de quatro economias), nos prédios para comércio e serviços com mais de 350,00 m² de área edificada, e em todas as atividades industriais e de serviços que utilizarem água na produção de bens e serviços, independente da área edificada. •Incentivar a reservação das águas pluviais nas residências, para usos da Classe C das águas. 3.2.3 Drenagem Urbana •Deve ser feito estudo das bacias em função das precipitações pluviométricas, com uso das estatísticas de precipitações pluviométricas. Dimensionar o Arroio Grande para vazão máxima. Estudar toda a extensão deste manancial, visando identificar pontos de baixa vazão (assoreamentos, canais subdimensionados, obstáculos). •O escoamento das águas pluviais será efetuado pelas próprias vias, onde houver declividade suficiente, através de calhas junto às guias. •Onde for necessário, o escoamento se fará através da coleta com bocas de lobo gradeadas (para evitar que materiais sólidos grosseiros obstruam as tubulações) e com compartimento para decantar sólidos menores (caixa de areia), com tampa para a remoção periódica destes sólidos. As tubulações serão projetadas para as vazões máximas. •Será incentivado o plantio de vegetação (gramas, arbustos e árvores) ao longo dos córregos, como forma de barreira para os sólidos (lixos) carreados pelas águas pluviais (gradeamento natural). 3.2.4 Esgoto Sanitário A observação da história e da atualidade dos sistemas de tratamento e disposição dos esgotos, alerta para o grande déficit em relação ao tratamento dos esgotos. Um sistema de baixo custo, com montagem simples e que utilize materiais comuns e locais, com possibilidade de ser empregado em larga escala, principalmente para as populações mais carentes de recursos, mostra-se de grande importância para eliminar este déficit. Por sua vez, a análise do uso da água e do ciclo hidrológico ressalta a importância de que a intervenção humana neste ciclo se dê de forma sustentável, isto é, evitando a sobrecarga do ambiente com águas poluídas (ou mesmo parcialmente tratadas). Um sistema que trate as águas servidas no local, e permita o aproveitamento dos poluentes destas águas, na forma de insumos para a produção vegetal, devolvendo as águas purificadas para o ciclo, pela evapotranspiração e infiltração no solo, pode ser considerado sustentável. A partir de soluções alternativas para o tratamento de esgoto, como as apresentadas por Lyle (1994), e de experiências voltadas a situações de populações de baixa renda, levadas a efeito no Brasil, como o Sistema Esgoto Curitiba e o sistema condominial construído em Fortaleza, esboçou-se uma possível solução para o tratamento de esgoto em Nova Hartz. O Sistema Esgoto Curitiba combina a experiência da fossa séptica com o sistema convencional de esgotos sanitários. O esgoto é coletado e tratado, quadra a quadra, por um sistema de fossas sépticas; o efluente tratado é dirigido à rede pluvial existente, seja através de manilha de barro, seja indiretamente, por meio de filtro biológico. Permite ligação futura com os coletores-tronco (Greca, 2001). Já o sistema condominial, empregado na experiência de Fortaleza, consiste em coletar águas domésticas por canalizações no fundo dos quintais; é um sistema separativo, independente do sistema de drenagem pluvial. O tratamento das águas servidas se dá localmente, por mini-estações constituídas de decanto-digestores e de filtros anaeróbios (Bodart et al, 1994) 18 A grande vantagem do sistema aqui proposto é a possibilidade de ser aplicado localmente, sem exigir grandes redes ou sistemas dispendiosos de tratamento convencional. As diretrizes básicas da alternativa apresentada são: •Adoção de sistema biológico e sustentável, para o tratamento dos esgotos residenciais. •Tratamentos em pequenas estações comunitárias, localizadas conforme a topografia da região, procurando evitar, se possível, o uso das estações elevatórias de esgoto. •Estas estações serão, ao mesmo tempo, praças para o uso da comunidade. A estação comunitária para tratamento de esgotos atenderá às seguintes fases ou etapas de tratamento: a) Tratamento preliminar Objetiva a remoção dos sólidos grosseiros e de areias. Utiliza-se de mecanismos físicos para efetuar estas remoções (gradeamento, sedimentação e adsorção). O gradeamento remove o material mais grosseiro (trapos, escovas de dente, tocos de cigarro, absorventes íntimos e fraldas descartáveis, entre outros). A remoção da areia contida nos esgotos é feita em unidades especiais, denominadasdesarenadores, cujo mecanismo de funcionamento é simplesmente o de sedimentação. b)Tratamento primário Visa a remoção dos sólidos, em suspensão, sedimentáveis (entre 60 a 70%) e de parte da matéria orgânica, relativa à DBO em suspensão, que é a matéria orgânica componente dos sólidos, em suspensão, sedimentáveis (remoção de 30 a 40% da DBO). Também remove entre 30 a 40% dos coliformes. O principal equipamento usado é o tanque de decantação, que pode ser circular ou retangular. O esgoto flui vagarosamente dentro do decantador, permitindo que os sólidos em suspensão sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto, que é removido por uma tubulação ou através de raspadores mecânicos e bombas. Este lodo é encaminhado para um digestor (aeróbio ou anaeróbio) e posteriormente para secagem. Materiais flutuantes, como graxas e óleos, tendo uma menor densidade que o líquido circundante, sobem para a superfície do tanque, onde são coletados e removidos para posterior tratamento. c) Tratamento secundário Neste nível de tratamento, o objetivo é, principalmente, a remoção de matéria orgânica, que é a DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão fina, não removida no tratamento primário) e a DBO solúvel (matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos). d) Tratamento terciário Este nível de tratamento tem como finalidade a remoção de poluentes específicos (usualmente tóxicos ou compostos não biodegradáveis) ou, ainda, a remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos no tratamento secundário. Estes poluentes são os nutrientes (N e P), microrganismos patogênicos, compostos não biodegradáveis, metais pesados, sólidos inorgânicos dissolvidos e sólidos em suspensão remanescentes. O tratamento terciário de esgotos é bastante raro no Brasil e mesmo nos países desenvolvidos. Após o tratamento preliminar (gradeamento e desarenação), os esgotos recebem tratamento primário e secundário através de um reator anaeróbio composto por duas câmaras. Na primeira câmara está o decanto-digestor ou o equivalente a um tanque séptico, tendo como principal característica construtiva o lançamento dos afluentes junto ao fundo deste compartimento, propiciando um melhor contato com a camada mais rica em bactérias anaeróbias, que é mais concentrada neste local, realizando um tratamento mais eficiente e evitando os curto-circuitos do esgoto afluente (o esgoto fresco pode ter menor densidade que o lodo formado pelas bactérias, no fundo do decanto-digestor e, assim, passar mais próximo da superfície líquida, para o saída do equipamento). Na segunda câmara está o filtro anaeróbio descendente, onde a brita, como elemento suporte, foi substituída por tijolos cerâmicos de seis furos gradeados, para evitar a colmatação dos vazios. O sistema descendente foi o adotado tendo em vista que este tem menor possibilidade de acúmulo de sedimentos que o sistema ascendente. O efluente líquido desse tratamento será enviado ao leito de evapotranspiração e infiltração (LETI), sendo posteriormente encaminhado a uma lagoa com plantas aquáticas. A principal característica do LETI é a distribuição das águas numa camada de solo orgânico, com espessura de 0,50 a 0,70 m, situada na superfície do solo e com vegetação diversificada. A combinação de solo orgânico com as raízes das plantas permite uma excelente remoção dos poluentes ainda existentes nestas águas. O nível deste sistema de tratamento pode chegar ao terciário. Outra importante característica do LETI é a de que este sistema é implantado na superfície do solo, tendo melhores condições de atender à distância mínima de 1,50m do lençol freático (recomendada pela NBR 19 13969/97, da ABNT), exigência esta dificilmente atendida pelos demais sistemas de infiltração de efluentes no solo, especialmente os poços sumidouros ou absorventes. A cobertura deste leito será constituída por gramados, jardins e bosques, com árvores ornamentais e frutíferas. O lago de aquacultura implementa a fase final do tratamento ou polimento dos efluentes, segundo os modelos apresentados por Lyle (1994), de tratamento aquático do esgoto: a água do esgoto passa lentamente entre as raízes e caules de plantas aquáticas, que absorvem nutrientes e outros materiais. O maior trabalho, porém, é realizado pelas bactérias e outros microorganismos que aí vivem, removendo nutrientes, metais e patogênicos. As plantas aquáticas se incorporam ao ciclo produtivo, servindo para a produção de composto orgânico ou para a alimentação de animais. 4 RECOMENDAÇÕES FINAIS As proposições aqui alinhadas constituem uma primeira contribuição, fruto de avaliação preliminar da realidade vivenciada pela população do Município de Nova Hartz, no que se refere a saneamento básico. Conforme já foi destacado, cabe à própria comunidade e ao Governo Local, através dos diferentes canais de representação, a incorporação de soluções alternativas e sustentáveis, para fazer frente aos problemas identificados, compatibilizando-as com as demais diretrizes setoriais. Nesse sentido, as propostas para a gestão dos serviços de abastecimento de água potável e dos resíduos líquidos terão sempre presente sua interdependência, uma vez que muitas ações são complementares entre si. Fundamentalmente, a base do processo, para uma gestão sustentável dos recursos de abastecimento de água potável e resíduos líquidos de Nova Hartz, passa pela educação ambiental nas escolas e pela implementação de programas informativos que atinjam o maior número de pessoas, contemplando os habitantes da área urbana e da área rural, a partir da inserção, no sistema Administrativo do Município, da preocupação com o planejamento ambiental e urbano. Neste sentido, se faz necessária a institucionalização da Secretaria Municipal de Planejamento, como responsável das ações promotoras do desenvolvimento municipal e urbano. Dentro destas premissas, o primeiro passo é a formulação de uma proposta para elaboração de um Plano Diretor Físico Territorial, para todo o município. Este deve contemplar um perímetro urbano reduzido, uma vez que a área urbana se desenvolve ao longo dos acessos da cidade, configurando grandes extensões com custos econômicos e ambientais no seu gerenciamento. O Plano Diretor ordenaria as atividades, densidades, sistema viário, usos e ocupação do solo, tanto urbano como rural, de modo a proporcionar o menor impacto ambiental possível gerado pelas ações humanas. Outros instrumentos básicos de legislação urbanística, como a Lei Municipal do Parcelamento do Solo Urbano e a implementação do Código de Obras, aliados às novas possibilidades trazidas pelo Estatuto da Cidade, constituem ferramentas que, adequadamente utilizadas, devem contribuir para a gestão municipal, sempre legitimada pela participação da comunidade. Somente a instituição de um efetivo processo de Planejamento e Gestão Municipal, que oriente o desenvolvimento local e as atividades daí decorrentes, respeitando e preservando a base físico-territorial do Município, poderá potencializar os benefícios que esta oferece, sem comprometê-los nem exaurí-los. 5 BIBLIOGRAFIA ALVA, E. N. (1997). Metrópoles (in) Sustentáveis. Rio. Relume. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7.229: projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro, 1993. ______ NBR 13.969: tanques sépticos – unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, 1997. BODART, P., CABNNES, Y., GUERRA, E. (1994). Esgotos condominiais no Brasil, experiências em Fortaleza. Fortaleza. PNUD/LIFE. BRITO, C. (2000). Avaliação da sustentabilidade urbana da cidade de Nova Hartz – estudo de caso.
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