Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 1/12 CARACTERIZAÇÃO FISIOLÓGICA E BIOQUÍMICA DE BACTÉRIAS Ana Gabriela Martins, Jacira Alexandra Afonso das Neves Paulo e Marina Mustefaga Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Av. Campo Grande, 376, 1749-024 - Lisboa, Portugal Resumo: Classificar e identificar microrganismos é um processo importante para diferentes áreas da atividade humana. É importante quer na medicina para deteção de microrganismos patogénicos responsáveis por intoxicações alimentares, quer na indústria para a detecção de contaminantes que possam existir em produtos de consumo humano, entre outros. Porém, apenas caracteres morfológicos não são suficientes para a classificação das bactérias, devido à grande diversidade existente. Através das atividades fisiológicas e bioquímicas dos microorganismo é possível diferenciá-los a nível do género ou mesmo espécie. Testámos então alguns dos testes morfológicos e bioquímicos mais utilizados. Palavras-Chave: identificação bacteriana; testes bioquímicos; galeria API 20E 1. Introdução Os microrganismos constituem parte essencial da vida na terra e são de extrema relevância em diversas áreas de interesse humano, como a medicina, com a identificação de agentes possivelmente patogénicos e suas características e as indústrias alimentícia e farmacéutica, que utilizam tanto os próprios microrganismos quanto compostos por eles produzidos em seus 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 2/12 processos. Bactérias constituem um grande grupo desses microrganismos e possuem uma grande variedade, motivo pelo qual se faz necessária a aplicação de uma série de um métodos de identificação para obtenção de resultados fiáveis. Inicialmente, os primeiros métodos de classificação bacteriana baseavam-se na morfologia, tamanho e motilidade das colónias [1], porém o desenvolvimento de uma grande gama de testes bioquímicos permitiu a confirmação de diversos processos fisiológicos característicos de cada género. Atualmente também é possível realizar testes à nível moleculares, como a hibridização do DNA e o sequênciamento de DNA ribossomal, porém estes são metódos mais caros e de maior complexidade técnica [2]. Neste estudo, a caracterização dos microrganismos foi realizada a partir de testes bioquímicos laboratoriais, que constituem um método de análise preciso porém trabalhoso. Esses testes consistem principalmente em análises da presença de enzimas hidrolíticas extracelulares para degradação de amido e proteína, detecção da capacidade de fermentação a partir de glícidos, utilização do citrato como fonte de energia na ausência de glícidos, capacidade de hidrolisar peptona, e indicativos de respiração aeróbica, como o teste da catalase e da oxidase. Além destes, para o microrganismo 3 foi utilizado a galeria de identificação rápida API 20E, que consiste em um kit contendo 20 testes para a identificação de enterobacterias . As vantagens da utilização de kits como o API 20E se deve pela praticidade e rapidez do método, porém requer muita precisão, pois pode não ser possível identificar a espécie. 2. Métodos e Material Para caracterização fisiológica e bioquímica de bactérias foram testadas quatro amostras diferentes de culturas puras, sendo que destas quatro, três 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 3/12 foram disponibilizadas pela docente e outra bactéria do solo isolada em cultura pura pela nossa equipe ( Escherichia coli, Proteus, Pseudomonas, Bacillus). 2.1 Testes bioquímicos Hidrólise do amido e hidrólise de caseína As bactérias foram inoculadas por espalhamento em dois diferentes meios de cultura contendo nutriente ágar, sendo um deles suplementado com amido e o outro com proteína do leite (caseína). Após a inoculação as placas foram incubadas em uma estufa a 37°C por 72 horas. O primeiro teste foi realizado pela observação de reação nas placas de Petri, após a incubação dos meios de cultura. A observação da hidrólise do amido e da caseína, se dá a partir da presença de uma zona clara ao redor da cultura. No caso do teste de hidrólise do amido, foi adicionado água iodada como reagente, para observar o possível surgimento de coloração azul escura caso houvesse amido não digerido ao redor do microrganismo, como indicativo de ausência de enzimas do tipo amilases. Teste do citrato Para do teste do citrato foram inoculadas por espalhamento as quatro amostras de bactérias em 4 tubos distintos com meios de citrato inclinado e posteriormente incubados na estufa a 30° C por 72 horas. O objetivo foi observar se os microrganismos das amostras possuem a enzima citrase, que permite a utilização do citrato como substrato na ausência de outras formas de energia, a partir do crescimento dos mesmos. Teste de fermentação de glícidos Nos testes de fermentação de glícidos o objetivo é identificar quais tipos de açúcares o microrganismos pode utilizar como susbstrato, realizando fermentação. Foram utilizados 3 tubos testes contendo lactose, sacarose e glucose para cada amostra bacteriana a ser identificada. Com o auxílio de uma 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 4/12 ansa, cada cultura pura foi inserida nos tubos. A incubação foi em estufa a 37° por 72 horas. Hidrólise de proteínas (gelatina) Em um meio inclinado composto por ágar nutritivo suplementado com gelatina, as amostras foram inoculadas por espalhamento, a fim de observar se os microrganismos possuem a enzima proteolítica gelatinase, que permite a degradação do colagénio. Após incubação em estufa a 30°C por 72 horas, observa-se se ocorreu liquefação do meio, que indica a presença da enzima. Teste de produção de indol (IMViC) O teste de produção do indol faz parte de uma conjunto de testes utilizados na identificação de bactérias da família . Em quatro tubos com peptona, com o auxílio de ansas, foram inoculadas os microrganismos, sendo depois incubados em uma estufa a 37°C por 72 horas. A peptona pode ser convertida a indol por atividade enzimática de algumas bactérias, e por isso é útil na diferenciação desses microrganismos. Para observar a ocorrência da reação com produção de indol, é adicionado 0,5ml do reagente Kovacs em cada tubo, com agitação em seguida e repousar de 5 a 10 min. Teste da produção de sulfureto de hidrogênio Em tubos com tiossufato de sódio e ágar para tornar o meio semi-sólido, inoculamos por picada as bactérias, seguido de incubação em estufa a 37°C durante 48 horas. O resultadofoi observado pela presença ou ausência de coloração negra ao longo da linha de inoculação. Teste da Catalase O teste da catalase é um teste rápido que tem como objetivo a detecção da produção de catalase através da observação de bolhas. Introduzimos uma gota de peróxido de hidrogénio numa lâmina e posteriormente o microrganismo, observando-se imediatamente os resultados, na liberação ou não de bolhas de gás. 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 5/12 Teste da citocromo-oxidase Também considerado um teste rápido, observa-se a capacidade das bactérias produzirem citocromo oxidase através da adição do reagente dihidrocloreto de tetrametil-p-fenilalanina. Para isso, foi necessário um disco de papel de filtro onde dividimos em 4 e adicionamos uma porção das respectivas bactérias seguido do reagente dihidrocloreto de tetrametil-p-fenilalanina, após poucos segundos já se obtém o resultado. Testes de galeria de API Para realização deste teste foi preparado uma suspensão com a bactéria Escherichia coli, e em seguida inserida nos compartimentos das galerias pequenas quantidadez da suspensão e água esterilizada (para não haver desidratação) até a metade do compartimento, enchendo até o limite apenas aqueles cujo nome do teste se encontrava dentro de um quadrado. Nos compartimentos em que os nomes se encontram sublinhados o restante do espaço foi preenchido com parafina. A galeria foi incubada em para estufa a 37°C por 72 horas. Passado o tempo de incubação, concluímos os testes adicionando os seguintes reagentes TDA, James e VP1+VP2 ao TDA, IND e VP respectivamente, aguardamos cerca de 10 minutos e analisamos os resultados com base no catálogo de identificação da API. 3. Resultados e discussão Hidrólise do amido Dentre as amostras testadas, apenas o microorganismo 1 formou um zona de cor clara em torno da colónia, o que indica hidrólise do amido presente no meio, como resultado da presença de amilases extracelulares. A inoculação da amostra 3 não foi bem sucedida, pelo que não foi verificado crescimento de colónia bacteriana, e as amostras 2 e 4 deram resultado negativo, como observado na figura 1. 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 6/12 Fig. 1: Placas com meio suplementado com amido e culturas inoculadas Hidrólise da caseína Nas placas contendo leite, o teste de hidrólise de caseína apresentou resultados positivos para os microorganismos 1 e 3. Essas culturas apresentaram zonas transparentes, indicando a presença de proteases, que realizaram hidrólise da caseína. Os amostras 2 e 4 tiveram resultado negativo, pois o meio permaneceu turvo, de coloração esbranquiçada. Fig. 2: Placas com meio contendo leite, onde observa-se degradação da caseína nos microorganismos 1 e 3. 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 7/12 Fermentação de glícidos A capacidade de realizar fermentação a partir de diferentes açucares como substrato também serve como um marcador bioquímico para identificação de bactérias, e a presença ou ausência de reação pode ser observada a partir da formação de gases e da alteração da coloração do meio como indicativo de produção de compostos orgânicos que alteram o pH. Os microrganismos 1 e 3 tiveram resultados positivos na variação de cor tanto para a glucose quanto para a lactose, mas não para a sacarose, como indica a tabela contendo todos os resultados observado. Os microrganismos 2 e 4 não puderam ser analisados. Meio Microrganismo 1 Microrganismo 3 Glucose Amarelo (positivo); Sem formação de gás (positivo) Amarelo (positivo); Formação de gás (negativo) Lactose Amarelo (positivo); Formaçãode gás (negativo) Laranja (positivo); Sem formação de gás (positivo) Sacarose Vermelho (negativo); Sem formação de gás (positivo) Vermelho (negativo); Formação de gás (negativo) Tabela 1: Resultados obtidos nos tubos de teste de fermentação de glícidos Produção de indol A detecção da capacidade de degradação da peptona com formação de indol é observada a partir do surgimento de um anel vermelho no topo do tubo, após a adição de reagente de Kovacs. O microorganismo 3 apresentou resultado positivo, sendo indicativo do género Escherichia Coli. 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 8/12 Fig. 3: Resultado do teste de produção de indol para o microrganismo 3. Utilização do citrato A presença da enzima citrato permease na membrana plasmática permite que alguns microrganismos utilizem o citrato disponível no meio, quando não há glícidos disponíveis. O corante azul de bromofenol muda a cor do meio para azul quando a utilização do citrato gera carbonato de sódio, que é um produto alcalino. Os meios com as amostras testadas permaneceram verdes, o que indica ausência da enzima citrato permease. Produção de sulfureto de hidrogénio Para testar a capacidade de respiração anaeróbica, o meio é semi-sólido (devido à concentração suficiente de ágar). A combinação de sulfato de ámonio ferroso com o sulfureto de hidrogénio produzido pela respiração sem oxigénio resulta em um precipitado negro de sulfureto ferroso. O microorganismo 1 foi único dentre os testados a apresentar este indicativo de respiração anaeróbica. 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 9/12 Fig. 4: Resultado do microrganismo 1 indicando capacidade de respiração anaeróbia Teste da catalase Ao testar a presença da enzima catalase em bactérias, é possível classificá-las em aeróbias obrigatórias, anaeróbias facultativas ou obrigatórias. Todos os microrganismos testados tiveram resultado positivo, com a formação de bolhas de oxigénio quando em contato com água oxigenada; tratam-se então de bactérias aeróbias obrigatórias ou anaeróbias facultativas. Fig. 5 : Resultado do teste da catalase, apresentado por todos as amostras. 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 10/12 Teste da citocromo-oxidase Quando o reagente di-hidrocloreto de tetrametil-p-fenilalanina é oxidado pela citocromo oxidase, é observada uma coloração violeta, que indica resultado positivo para a presença de citocromos, ajudando a identificar bactérias dos géneros Neisseria e Pseudomonas . Todas as bactérias analisadas apresentaram coloração cor-de-rosa claro, indicando que o reagente permaneceu na forma reduzida, pela ausência de citocromos. Todas as amostras são, por tanto, Enterobacteriaceae. ConclusãoA partir deste trabalho conseguimos ver que diferentes espécies podem apresentar morfologia e metabolismo idênticos. Após a análise morfológica sumária conseguimos observar, no teste do citrato, que não houve nem mudança de cor nem formação de gás em nenhum dos 4 tubos mostrando então a ausência de glícidos fermentáveis. No teste IMViC, nos dois tubos, houve a alteração da cor dos reagentes para rosa (resultado negativo), ou seja, não houve produção de indol. Na fermentação de glícidos, na glucose obtivemos resultados positivos (alteração da cor para amarelo e formação de gás no microorganismo 1), na lactose os resultados também deram positivo ao contrário da sacarose que a cor não se alterou. Na produção de sulfureto de hidrogénio apenas um de entre os outros apresentou respiração anaeróbia. No teste da catalase todos os resultados deram positivos (bactérias aeróbias 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 11/12 obrigatórias ou anaeróbias facultativas). No teste da citrocromo-oxidase, obteve-se o género Enterobacteriaceae, pois o resultado deu negativo. Na hidrólise do amido apenas uma das 4 apresenta um resultado positivo da atividade hidrolítica (presença de uma zona clara em torno da cultura). No teste da hidrólise de caseína obtivemos dois resultados positivos (presença de uma zona transparente em redor) proveniente do crescimento da hidrólise da caseína. Conclui-se então que cada bactéria tem características específicas e únicas que possibilitam a sua identificação. Referências: [1]. JANDA, M e ABBOTT, S.L. Bacterial Identification for Publication: When Is Enough Enough? Journal of clinical microbiology. Vol. 40, No. 6 June 2002, p. 1887–1891. Disponível em: https://jcm.asm.org/content/jcm/40/6/1887.full.pdf [2]. JANDA, M e ABBOTT, S.L. Bacterial Identification for Publication: When Is Enough Enough? Journal of clinical microbiology. Vol. 40, No. 6 June 2002, p. 1887–1891. Disponível em: https://jcm.asm.org/content/jcm/40/6/1887.full.pdf 23/05/2019 Relatório Microbiologia TP2 - Documentos Google https://docs.google.com/document/d/1CdP8AfsDSHwYeuolfYb8Kdqh-iU-8R46XEWsE5ENiwc/edit 12/12
Compartilhar