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RESUMO - A MAÇA

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RESUMO - A MAÇA (1999) - DE SAMIRA MAKHMALBAF
O cérebro de uma criança não nasce pronto. Ele se desenvolve desde sua concepção esse modifica ao longo da vida. Isso acontece por causa da neuroplasticidade, que é a capacidade que os neurônios têm de fazer novas sinapses e conexões cerebrais. Os estímulos recebidos durante os primeiros anos de vida é que vão fazer com que novas e mais conexões se estabeleçam. Quanto mais estímulos, mais conexões e, consequentemente, maior possibilidade do cérebro criar condições para realizar determinadas habilidades.
O filme “A Maçã” narra a história de duas crianças que vivem isoladas da sociedade e do mundo externo, não recebem estímulos nos primeiros anos de vida, e, por isso, não apresentam um desenvolvimento cerebral esperado. Por falta de interação com o meio e com outras pessoas, algumas áreas foram comprometidas como a motricidade e a linguagem. As meninas não adquiriram conhecimento e agiam a partir de repetições. Limitava-se a executar tarefas domésticas: lavar roupa, varrer o chão... e tinham atitudes rotineiras: ver-se no espelho, desenhar o Sol... Essas ações, que elas realizaram sem terem tido essas experiências anteriores de aprendizagem, podem ser explicadas pela plasticidade cerebral, que é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões a partir das necessidades e dos fatores do meio ambiente. 
O sistema nervoso central é capaz de modificar sua organização estrutural própria e funcionamento em resposta à experiência, e como adaptação a estímulos repetidos. O atraso cognitivo pode ser explicado, como apresenta a neurociência, pela falta de estímulo, principalmente, no hemisfério esquerdo do cérebro, que é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa dos seres humanos. Em alguns casos tal ambiente pode contribuir para o desenvolvimento de algum tipo de deficiência ou retardo mental. 
Por quê? Os estímulos são tão importantes para modelar o cérebro que, muito antes de os sentidos começarem a funcionar, o cérebro dá seu “jeitinho” de já ir se entretendo. 
Sem as sinapses, os neurônios ficam silenciosos, incapazes de transmitir sinais, ou seja, é preciso que as sinapses funcionem para que os neurônios sejam mantidos. Caso isso não aconteça, os neurônios sem função, suicidam, morrem. Quando não temos experiências variadas e contato com o mundo externo, agimos, muitas vezes, por impulso ou instinto em diversas situações não vivenciadas, no lugar de ações refletidas ou planejadas. Situações simples e corriqueiras como estabelecer um diálogo, tomar um sorvete, demonstrar vontades, desejos, carinho ou decepção passam a ter um grande grau de dificuldade. Toda essa situação retratada veio ainda cercada por um contexto familiar conturbado. 
Outros assuntos como o machismo, a condição da mulher sob esse prisma, as relações afetivas familiares, a pobreza, a falta de alimentação adequada e a falta de higiene contribuem para o enredo e desenrolar da história. 
O filme retrata como atitudes tão rotineiras na vida de uma criança: acordar, estudar, divertir-se, dormir, falar, brincar é necessário para o desenvolvimento cerebral.
Desde o primeiro instante, percebe-se a debilidade física e mental das crianças por conta dos anos em que viveram como prisioneiras. Os depoimentos da comunidade reforçam o absurdo da situação, servindo de contraponto à visão extrema do pai e a displicência da mãe, cuja cegueira desponta também como metáfora para a condição das meninas. Voltando para casa, a primeira coisa que uma das gêmeas é ensinada pelo pai é a cozinhar, ao passo que a assistente social lhe deu lápis e papel para observar sua capacidade de coordenação algumas cenas antes. No encontro de cenas como essas se percebe o contraponto entre os “de fora” e “de dentro” da casa acerca do que é adequado às crianças.

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