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Tutela e Curatela

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE DIREITO
Bacharelado em Direito
Direito Civil V
Gustavo Henrique Velasco Boyadjian
TUTELA E CURATELA 
Adryelly Regina Luiza Moura
Ana Carolina Soares Teixeira
Gabriela Bueno de Andrade
Laura Caetano Candido
Turma 69º - J
Uberlândia – MG
2017
TUTELA E CURATELA
Trace um paralelo entre os institutos protetivos da tutela e curatela, apontando as semelhanças, objetivos e diferenças entre ambos, explicando também os reflexos provocados no último pelo Estatuto da pessoa com deficiência.
INTRODUÇÃO
Após a superação da visão institucional da família – Onde se preservava mais a instituição do que as pessoas – a perspectiva instrumental vem juntamente com a norma jurídica para a proteção da pessoa humana, conservando a sua dignidade. Nessa linha, os institutos familiares são valorizados à defesa da dignidade do homem, postos aqui a tutela e a curatela.
No primeiro momento, mesmo que a tutela e a curatela sejam vistas como designados à proteção de pessoas sem condições de gerir a própria vida ou administrar seus bens. Além disso, ambos prestam relevantes serviços na defesa da pessoa humana e seus valores existenciais. Na definição de Stolfi, tutela “é a instituição jurídica criada por lei, visando à proteção daqueles que, não estando submetidos ao poder paternal, são incapazes de governar a si próprios”.
A tutela e a curatela são apenas dois dos três institutos de proteção do incapaz. O terceiro trata-se do poder familiar, e assim, proporcionam assistência pessoal, administração dos bens e representação ou assistência, conforme a incapacidade absoluta ou relativa. Enquanto a tutela preenche a lacuna do poder familiar, a curatela supre a incapacidade da pessoa natural, decorrente de alguma incapacidade física.
A importância decorrente da proteção advinda da tutela e curatela é tamanha que, a Emenda Constitucional 64/10 inclui como direito social a proteção à infância e aos desamparados, que certifica um novo texto ao artigo 6 da Carta Magna.
Art. 6º, Constituição Federal:
“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
Por fim, tem-se como fundamento de ambos institutos, o dever de solidariedade atribuído ao Estado, a sociedade e aos parentes, que são os primeiros a serem requisitados. No que tange ao dever do Estado, regular as respectivas garantias e assegurar o direito dos interessados. Em relação a sociedade, qualquer indivíduo poderá ser encarregado desta obrigação, desde que preenchidos os requisitos legais.
TUTELA
Quando uma pessoa capaz cuida do menor e administra seus bens, tendo este encargo sido conferido a ela por Lei, exerce tutela. Assim dispõe o artigo 1.728 do Código Civil de 2002:
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
A tutela sucede o poder familiar, assim, se os pais o recuperarem, ou se houver adoção e reconhecimento do filho havido fora do casamento, cessará o ônus tutelar. Por conseguinte, só poderá ser nomeado tutor após a destituição dos pais do encargo do poder familiar. Isto pode acontecer ante o falecimento ou ausência de ambos os pais, ou se ambos dacairem do poder familiar, pois se tais fatos ocorrem com apenas um deles, o poder familiar se concentra no outro.
Três são as formas de tutela civil:
Testamentária ou documental: 
Regulada nos artigos 1729 e 1730 do Código Civil, no qual é nomeado pelos pais, em conjunto, o tutor. Tal nomeação deve constar de testamento ou qualquer outro documento autêntico. Documento autêntico é qualquer documento público ou particular com assinaturas reconhecidas por tabelião.
Tutela legítima:
Ocorre quando não há nomeação do tutor por testamento ou outro documento autêntico. Assim, a tutela incumbe aos parentes consanguíneos do menor, observando a ordem preferencial do artigo 1731 do Código Civil de 2002.
Importante ressaltar que não é absoluta a ordem preferencial estabelecida no artigo supracitado, pois o juiz pode alterá-la, e até não nomear nenhum deles, escolhendo pessoa idônea estranha a família, desde que prevalecido o interesse do incapaz.
Tutela dativa:
Decorre de deliberação judicial, após a oitiva do Ministério Público, quando não há tutor testamentário, nem a possibilidade de nomeação de tutor legítimo ou quanto estes forem excluídos, escusados ou quando forem removidos por não serem idôneos.
A tutela dativa tem caráter subsidiário e está disposta no artigo 1732 do Código Civil.
Além das três formas mencionadas, existem: A tutela de fato ou irregular, a qual ocorre quando alguém zela do menor e seus bens, sem ter sido nomeada. Os seus atos não têm validade, sendo o tutor mero gestor de negócios. A tutela ad hoc também chamada de provisória ou especial, ocorre quando uma pessoa é nomeada tutora sem destituição dos pais do poder familiar. Geralmente é nomeada para a prática de determinado ato, como por exemplo para consentir no seu casamento, ou permitir que o tutor inscreva o menor como seu beneficiário para caráter previdenciário.
INCAPACIDADE PARA TUTELA
O impedimento para tutela está disposto no artigo 1735:
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Tais pessoas não podem ser tutores pois, não tem a livre administração de seus bens, ou cujo os interesses colidam com os do menor, ou que tenham sido condenadas por crimes de natureza patrimonial e não sejam probas e honestas, ou ainda que exerçam função pública incompatível com a administração da tutela.
São hipóteses proibitivas do exercício da tutela, não dizendo respeito aos atributos para atos da vida civil.
ESCUSA DOS TUTORES
A tutela é uma imposição legal e delegação do Estado, sendo, de cumprimento obrigatório na condição de dever público. Entretanto, admitem-se algumas escusas previstas no artigo 1736 do Código Civil:
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas;
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.
A incapacidade importa proibição absoluta para se exercer a tutela, a escusa, entretanto, é dispensa concedida por justa causa ao que poderia ser tutor, se quisesse. Enquanto a proibição é legal, a escusa por sua vez é voluntária.
Importante observar o disposto no artigo 1738 do Código Civil, o qual traz que a escusa deve ser apresentada em 10 dias, contados da data em que ocorreu a designação pelo juiz, sob pena de renúncia do direito de alegá-la, pois, não parece conveniente forçar alguém a exercer, contra a sua vontade, a tutela, se implicar em prejuízo a criança ou adolescente. Entretanto, tal prazo é relativizado de acordo com o princípio da proteção integral que autoriza a admissibilidade do motivo mesmo fora de prazo.
O juiz apreciará a alegação e decidirá de plano o pedido da escusa, examinando os motivos invocados,podendo julgar improcedente o motivo. Se o pedido de escusa foi rejeitado na sentença, cabe recurso de apelação. Mas se improvido em decisão interlocutória, caberá agravo de instrumento.
GARANTIA DA TUTELA
Com o objetivo de resguardar os interesses do tutelado, o artigo 1745 determina que os bens do menor sejam “ entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado. ” O parágrafo único aduz que, “ Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz condicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de reconhecida idoneidade.”.
Conclui-se da interpretação deste artigo, que ao assumir o encargo, o tutor receberá os bens minuciosamente descritos e avaliados, sendo de sua responsabilidade a boa gestão. Pode ser requerido do tutor uma caução. 
Além das responsabilidades do tutor, foi mantido o dever do magistrado de priorizar o interesse do menor, sendo subsidiariamente responsável pelos prejuízos que sofra o menor. O juiz também autorizado a nomear um protutor que seria aquele que, sem se investir na posição de tutor, é posto para intervir ou fiscalizar as funções da tutela.
EXERCÍCIO DA TUTELA
A tutela é assemelhada ao poder familiar, não se equiparando a esta, pois sofre algumas limitações. Necessita o tutor da autorização do juiz para, por exemplo, pagar as dívidas do menor, aceitar legados, ou heranças, transigir, vender-lhe bens imóveis e móveis, entre outros.
O exercício da tutela, é, em relação à pessoa e aos bens do menor. Primeiramente quanto à pessoa, é atribuição ao tutor o proclamado no artigo 1.740 do Código Civil, dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição; reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção e adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade.
Quanto aos bens do tutelado o tutor não exerce uma livre administração, pois o juiz participa indiretamente dos negócios, como dispõe o artigo 1741 do Código. Além disso, os atos que se revestem de maior complexidade e risco e que podem repercutir negativamente no patrimônio do pupilo, dependem de autorização judicial. Nesse sentido, o artigo 1748 do Código Civil: 
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
I - pagar as dívidas do menor;
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
III - transigir;
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos em que for permitido;
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do juiz.
Existem requisitos, assim, para a venda de bens imóveis de menor sob tutela: a)Que haja manifesta vantagem na operação; b) Prévia avaliação judicial; c) Aprovação do Juiz. Portanto, havendo vantagem do negócio para o tutelado, o juiz determinará a avaliação do imóvel e autorizará a venda, após a manifestação favorável do Ministério Público, por valor não inferior ao apurado, cabendo ao tutor prestar as respectivas contas.
Importante, também, é o disposto no artigo 1749 do Código Civil, em que são dispostas as ações que não podem ser praticadas pelo tutor, mesmo com autorização judicial: 
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor;
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.
Tais ações proibidas pela lei se justificam por se tratar de aquisições suspeitas de desonestidade; disposição de coisa ou patrimônio de outrem sem ser de sua propriedade, entre invocações justificadas para evitar abusos e explorações pelo tutor do que é do tutelado.
RESPONSABILIDADE E REMUNERAÇÃO DO TUTOR
O tutor tem a responsabilidade de administrar os bens do menor com responsabilidade e responde pelas perdas e danos que resultarem de uma má gestão. Entretanto, o tutor só responde quando age com dolo ou culpa, não podendo ser responsabilizado se o prejuízo resultou de caso fortuito ou força maior.
Mesmo não tendo direito ao usufruto dos bens do tutelado, como os pais tem sobre os bens dos filhos menores, o tutor pode ser reembolsado pelas despesas que fizer no seu exercício; exceto no caso de menores abandonados. Além do reembolso, os tutores fazem jus à remuneração proporcional à importância dos bens administrados.
Assim dispõe o art. 1.752 do Código Civil:
Art. 1.752: O tutor responde pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela, salvo no caso do art. 1.734, e a perceber remuneração proporcional à importância dos bens administrados.
BENS DO TUTELADO
Importante tecer comentários aos artigos 1.753 e 1.754. Tais dispositivos tem o condão de impedir o tutor de se aproveitar do dinheiro do pupilo, utilizando-o para benefício próprio. Assim, o tutor deve conservar em seu poder somente o necessário em dinheiro para atender às despesas essenciais do tutelado, devendo utilizá-lo desde logo.
Necessário é, de acordo com a lei, que o dinheiro do tutelado que esteja em seu poder, esteja em conta corrente que renda juros e correção monetária, para o tutor se precaver contra suspeitas de enriquecimentos ilícito ou indevido.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
O tutor é pessoa que administra bens alheios. Assim, tem ele a obrigação de prestar contas. Ele é obrigado a de dois em dois anos, apresentar balanços judiciais e prestações de contas em juízo sobre a sua administração. Sendo instado pelo juiz, o tutor pode ter que prestar contas não exatamente dentro desse prazo, mas toda vez que o magistrado entender necessário à preservação do interesse do menor.
Se o tutor faltar com a prestação de contas voluntária, qualquer legitimado poderá propor ação autônoma para exigi-la.
CESSAÇÃO DA TUTELA
Quando não é mais necessário o amparo á pessoa, pois, emancipada ou maior, e, também, nos casos de cair o menor sobre o poder familiar, cessa a tutela. Nesse sentido o artigo 1.763 do Código Civil:
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:
I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção.
O artigo 1.764 do Código Civil estabelece, por sua vez, as hipóteses em que cessam as funções do tutor, sem que cesse a tutela:
Art. 1.764. Cessam as funções do tutor:
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
II - ao sobrevir escusa legítima;
III - ao ser removido.
Nas hipóteses dos incisos II e III do artigo 1.764 do Código Civil, deve o juiz nomear substituto, para que a pessoa e bens do menor não fiquem desprotegidos. As escusas permitidas e a forma de apresentá-las encontram-se explanadas anteriormente no tópico "escusa dos tutores".
CURATELA
Com relação a curatela, tem-se um seguimento mais amplo que a tutela, pelo fato de englobar os demais incapazes, tanto absolutos quanto relativos, maiores de dezoito anos e ainda o nascituro na figura do ausente. Sendo assim, podemos definir a curatela como situação acometida a pessoa natural que deve proteger e cuidar de uma pessoa maior de idade e de seus bens em razão de sua incapacidade física ou mental. 
Nesse instituto, tem-se dois sujeitos: O curador e o curatelado. Curador, é o indivíduo determinado pelo magistrado para exercer a curatela favorável ao incapaz. O incapaz, por sua vez, é o curatelado. 
Segundo o artigo 1767 do Código Civil, curatelados são aqueles que por motivo transitório ou permanente, não podem exprimir a sua vontade ou ainda aqueles que por causa duradoura não puderem decidir de formaconsciente a exemplo de pessoa viciadas em tóxicos e alcoólatras.
Nesse sentido, daremos ênfase a dois tipos de pessoas sujeitas a curatela. A primeira são os pródigos que, conforme a legislação brasileira, são aqueles que gastam seu patrimônio dilapidando-o de modo comprometedor a sua existência. A doutrina predominante afirma que a prodigalidade é um desvio comportamental que se reflete no patrimônio individual terminando por prejudicar, em consequência, a estrutura familiar e social. É certo que esse instituto não se limita somente ao volume de gastos de alguém e sim causa de incapacidade.
 Outra categoria importante de curatelados são os excepcionais resguardados pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. São os casos que abrangem pessoas que por alguma anomalia não apresentam desenvolvimento mental completo. Esses indivíduos são acometidos de deficiências ou de retardamento mental em grau médio, sem, no entanto, serem totalmente desprovidas de discernimento, de algum modo mantendo relativo controle de si próprio e de seus atos. Tem-se por exemplo o caso dos portadores da síndrome de Down, que tem comprometida sua compreensão plena da vida.
A CURATELA ESPECIAL DO NASCITURO
O código civil em seu art. 1779 disciplina sobre a curatela especial para o nascituro, onde tem-se “dar-se-á curador ao nascituro se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar”.
Muitos doutrinadores consideram tal dispositivo ilógico por uma série de motivos. Predominantemente, podemos ressaltar a pouca incidência prática, estando condicionada à uma combinação de fatores. 
A mulher estar grávida;
O genitor ser falecido;
O nascituro ter sido beneficiado por herança ou doação; 
A mãe estar afastada do poder familiar;
Nestas condições, sua aplicação prática é extremamente limitada, onde a única hipótese considerável a da interdição, sendo a mãe declarada incapaz, logicamente seu curador será também dáo nascituro.
A CURATELA DOS ENFERMOS E DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA
Nesse tópico por força da lei Federal 13.146/2015, que alterou o art. 1768 do Código Civil, sofreu profundas modificações. A primeira diz respeito a significativa alteração da teoria das incapacidades. É importante salientar em relação à inclusão dos legitimados à interdição a própria pessoa trazendo à tona no Brasil a chamada autointerdição. Onde o próprio incapaz pode requerer ser curatelado. 
O art. 1769, CC, também foi alterado pela mesma lei. A partir dela o Ministério Público, no processo de interdição, só terá legitimidade ativa nos casos de deficiência mental ou intelectual; abstendo-se os pais, tutores, cônjuges, ou parentes do interditado a promoverem o processo ou forem menores.
O enunciado 574 da VI Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal afirma que “a decisão judicial de interdição deverá fixar os limites da curatela para todas as pessoas a elas sujeitas, sem distinção, afim de resguardar os direitos fundamentais e a dignidade do interdito. ” Esse posicionamento é agora positivado pelo art. 1772 do CC.
Por fim, a sentença de interdição tem natureza declaratória pois o juiz apenas declara a incapacidade já existente, podendo invalidar eventuais atos pretéritos. Além disso, uma vez declarada a interdição não é correto falar em intermitência na incapacidade, razão pela qual todos os atos praticados pelo interditado são considerados inválidos.
ORDEM DE CURADORES
Além da ordem preferencial e subsidiária que traz o art. 1775 do CC, o Estatuto da Pessoa com Deficiência passou a possibilitar a chamada curatela compartilhada na qual o juiz poderá estabelecer a curatela compartilhada a mais de uma pessoa.
TRANSITORIEDADE DA CURATELA 
A curatela tem o intuito de ser transitória na medida que quando o interditando restabelecer sua saúde psíquica poderá retomar a gestão própria de seu patrimônio.
TOMADA DE DECISÃO APOIADA
Uma das novidades trazidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, trata-se do instituto criado para passar a integrar o direito de assistência das famílias: trata-se da tomada de decisão apoiada (art. 1783- A, CC).
É o processo judicial no qual a pessoa com deficiência seleciona duas ou mais pessoas as quais mantenha vínculo e confiança além de dotadas de idoneidade com objetivo de que estas prestem-lhe apoio na tomada de decisões sobre atos da vida civil dando-lhe informações e condições essenciais para que possa exercer plenamente a sua capacidade. Esse pedido deve ser formulado pela própria pessoa, já com a indicação expressa das quais ele deseja que lhe prestem o apoio previsto.
Em casos de negócios jurídicos que possam causar prejuízos ou riscos relevantes havendo divergências entre o apoiado e um dos apoiadores tendo sido ouvido o Ministério Público deverá o juiz decidir sobre a questão. Além disso, a pessoa apoiada pode solicitar a qualquer tempo o término do acordo de tomada de decisão apoiada.
SEMELHANÇAS ENTRE TUTELA E CURATELA
Se prestam ao papel fundamental de proteger pessoas incapazes que necessitam do auxílio de outrem para agir em seu nome e tomar decisões.
Múnus público, atribuído pela lei.
Tutor e curador podem se eximir do encargo antes da nomeação e devem prestar compromisso.
O legislador determina que se apliquem à curatela os princípios da tutela, com algumas ressalvas, de acordo com o artigo 1.774
A curatela também é chamada de “tutela dos maiores”
São deveres de ambos os institutos prover alimentação, saúde e educação de acordo com suas condições, assim como administrar os bens do tutelado/curatelado
Em caso de falecimento do tutor ou curador, o fato deve ser informado imediatamente e solicitada a substituição do falecido por outra pessoa, junto ao Juiz onde foi feito o processo.
O tutor e curador podem ser substituídos se não cumprirem com as atribuições legais e judicialmente determinadas decorrentes do compromisso assumido na Justiça para com o tutelado e curatelado, seja por incapacidade, ineficiência ou por negligência.
No caso em que o tutelado ou curatelado cometa algum ato que cause dano a terceiro o tutor ou o curador será responsabilizado financeiramente pelo prejuízo.
DIFERENÇAS ENTRE TUTELA E CURATELA – QUADRO COMPARATIVO
	TUTELA
	CURATELA
	Cuida dos menores não protegidos pelo poder familiar
	Protege pessoas maiores ou emancipadas
	Incapacidade decorre de fato natural
	Incapacidade advém de uma condição anômala, que atinge a pessoa maior
	Incapacidade presumida
	Pressupõe procedimento de interdição
	Tutor pode ser qualquer pessoa qualquer pessoa próxima à criança ou adolescente, desde que seja idônea
	Curador pode ser as pessoas que tenham relação direta com o curatelado, tal como seus pais, irmãos, cônjuge e filhos. Na ausência deles, o Ministério Público poderá suprir a ausência
	Sem reflexos com a criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência
	Com reflexos com a criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência

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