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Trabalho de Conclusão de Curso - Gustavo Pereira da Silva - Após Apresentação

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FACULDADE SANTO AGOSTINHO 
UNIDADE SETE LAGOAS 
 
 
GUSTAVO PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DOS ASPECTOS LEGAIS DA NÃO APLICAÇÃO DA 
SÚMULA VINCULANTE 13 AOS AGENTES POLÍTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sete Lagoas - MG 
2019 
 
 
 
GUSTAVO PEREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DOS ASPECTOS LEGAIS DA NÃO APLICAÇÃO DA 
SÚMULA VINCULANTE 13 AOS AGENTES POLÍTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade 
Santo Agostinho de Sete Lagoas 
(FASASETE), como requisito parcial 
para obtenção do título de Bacharel em 
Direito. 
 
Orientador: Profª Me. Carolina Rodrigues 
Schettino Valente 
 
 
 
 
 
Sete Lagoas/MG 
2019 
 
 
FACULDADE SANTO AGOSTINHO DE SETE LAGOAS- FASASETE 
 
 
GUSTAVO PEREIRA DA SILVA 
 
 
ANÁLISE DOS ASPECTOS LEGAIS DA NÃO APLICAÇÃO DA SÚMULA 
VINCULANTE 13 AOS AGENTES POLÍTICOS 
 
 
Banca Examinadora de Trabalho de Curso, apresentada ao Curso de Direito da 
Faculdade Santo Agostinho de Sete Lagoas, FASASETE, como requisito parcial 
para obtenção de Grau de Bacharel em Direito. 
 
 
 
ORIENTADOR – Inserir o nome do Orientador 
 (FASASETE) 
 
 
 
2°EXAMINADOR 
 
 
 
3° EXAMINADOR 
 
 
 
 
 
Sete Lagoas, _______ de_____ de 2019. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Os caminhos que traçamos até chegarmos a nossos propósitos muitas vezes 
são tortuosos e com vários obstáculos, tornando essa trajetória árdua e difícil. 
Quando nos deparamos com as maiores dificuldades, devemos encará-las 
fortemente para que vençamos mais uma etapa de uma grande batalha. Mas como 
poderíamos vencê-las sem um porto seguro? Creio que sem eles não chegaríamos 
a lugar nenhum. E esse porto seguro para mim tem um enorme significado, o qual é 
equivalente a família. 
A família é um mix de sentimentos que não conseguiria conceituar para ter 
uma explicação sucinta e completa, mas a definição mais próxima disso é AMOR! 
Não posso deixar de agradecer imensamente a minha mãe, Ivanete, por sempre se 
esforçar e viver basicamente por seus filhos, e que sempre com seu amor 
incondicional nunca desistiu de ver até onde eu conseguiria chegar, com muito 
entusiasmo, apoio e alegria. Não poderia deixar de cumprimentar e dar um enorme 
obrigado a minha segunda mãe, minha Tia Kênia, que com todo carinho me fez dela 
o seu filho e sempre foi uma das que mais me auxiliava nessa jornada. 
Agradeço também a todos os meus amigos e demais familiares que 
caminharam comigo nesse período da minha vida, me entendendo nos meus 
devaneios e sonhos, muitas vezes meio sem nexo, mas sempre tentando me 
compreender e ajudar para que eu conseguisse o que eu almejava. 
Venho também cumprimentar meus companheiros na seara profissional e 
agradecer a cada ensinamento pessoal e profissional de todos com quem tive o 
prazer de trabalhar. 
Agradeço também imensamente a minha orientadora, Mestra Carolina 
Schettinno, que me auxiliou, e muito, na construção dessa monografia e com o seu 
saber me ajudou a aprimorar o meu, me apresentando um vasto conteúdo da 
disciplina como também um conteúdo para a vida profissional. 
Dessa forma, e com uma enorme alegria e energia positiva, venho agradecer 
a Deus por me dar tanta força de vontade e garra para a realização de um sonho. 
Assim, venho comunicar-lhe, minha amada mãe, que nós conseguimos. Finalizo 
esse agradecimento com uma citação do ilustre filósofo Friedrich Nietzsche: “Quanto 
mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar. ” 
A todos, o meu muito OBRIGADO! 
 
 
RESUMO 
 
 
 
O presente trabalho de conclusão de curso aborda a Análise dos Aspectos Legais 
da Não Aplicação da Súmula Vinculante 13 aos Agentes Políticos, um assunto que 
ainda é muito recorrente no cenário político do Brasil. A Súmula Vinculante 13 
dispõe sobre o nepotismo, uma prática ilegal que acontece nos modelos 
patrimonialistas de administração. A administração patrimonialista acontece quando 
o gestor confunde o interesse público com o privado e, assim, ele usa a máquina 
estatal para benefício próprio. Exemplo disso acontece quando ele emprega 
familiares e amigos, ou então quando faz a pavimentação de uma estrada onde 
possui uma fazenda. A análise que pretendemos apresentar é o porquê da não 
aplicação dessa norma legal aos agentes políticos, sendo que a prática do 
nepotismo é vedada. Neste caso, existe um conflito de normas e de interpretação 
destas que veremos em alguns julgados do nosso Supremo Tribunal Federal para a 
criação da Súmula Vinculante. Não devemos esquecer de que com esse tipo de 
política e entendimento há um prejuízo enorme para o setor público, pois muitas 
vezes essas contratações são feitas sem que a pessoa tenha uma capacidade 
mínima para o exercício da função, sendo nada mais que um cabide de emprego 
para apadrinhados eleitorais e um desfalque aos cofres públicos por gastar dinheiro 
remunerando pessoas desqualificadas. 
 
Palavras – Chave: Nepotismo. agentes públicos. agentes políticos. princípios. 
súmula vinculante 13. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
The topic we are going to go over is the legal aspects of non-application of the 
Binding Precedent 13 to political agents a really recurrent theme in the political 
scenario in Brazil. The Binding Precedent 13 provides for nepotism an illegal practice 
that occurs in Patrimonialism administration, in which the responsible person 
misunderstands the public interest with the private one, and starts using the relation 
between the society and the state in his or her advantage. A good example of this is 
when that person employs someone of his/her family or even a friend, or when that 
person in power covers with asphalt a rural road where the same has a property. The 
analysis we intend to present is the reason why the non-application of this legal rule 
to political agents despite the fact that nepotism is prohibited. In that case, there is a 
conflict of rules and on the interpretation of them, that is possible to notice in some 
judgments of The Extraordinary Appeal 579 951-4 of Federal Supreme Court that 
occurred right before the Binding Precedent 13. We must not forget that with this kind 
of politics and arrangement there is a huge waste in the public sector, that is because 
of most of the time all those people who have been employed are not capable of 
doing what they were supposed to do, turning themselves into something well-known 
as "featherbedding" who have benefits which are provided by some specific 
politicians and causing embezzle of the public funds this way. 
 
Keywords: Nepotism. public agents. political agents .principles .binding summary 13. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ART. Artigo 
CF Constituição Federal 
CNJ Conselho Nacional de Justiça 
EC Emenda Constitucional 
RES. Resolução 
REXT Recurso Extraordinário 
STF Supremo Tribunal Federal 
S.V. Súmula Vinculante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................8 
2. AGENTES PÚBLICOS...........................................................................................10 
2.1DIFERENÇAS ENTRE AGENTES PÚBLICOS E AGENTES POLÍTICOS...........12 
3. PRINCÍPIOS...........................................................................................................163.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE..............................................................................17 
3.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE....................................................................19 
3.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE............................................................................20 
3.4 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO................................23 
3.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA................................................................................25 
4. ANÁLISE QUE EXCLUI OS AGENTES POLÍTICOS A NÃO APLICAÇÃO DA 
SÚMULA VINCULANTE 13..........................................................27 
4.1 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E A SUA APLICAÇÃO NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 579.951-4.................................................................................31 
5. CONCLUSÃO........................................................................................................39 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................42 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O nepotismo é uma prática muito antiga nos modelos patrimonialistas de 
administração, onde os detentores do poder misturavam os interesses da 
administração pública com seus interesses particulares, usando assim da máquina 
estatal para garantir riquezas e para empregar seus parentes e amigos em troca de 
favores ou de conchavos políticos. 
O conceito de nepotismo, segundo o portal do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ), é o favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações de trabalho ou 
emprego, ou seja, quando se contrata uma pessoa utilizando-se dessa prática 
ignorando-se se aquela detém aptidão para desempenhar a função pública, 
valorizando-se apenas os laços de parentesco. 
 O nepotismo foi vedado de forma expressa após a promulgação da Súmula 
Vinculante (SV) 13 do Supremo Tribunal Federal, entretanto na mesma há uma 
ressalva para os agentes políticos após o julgamento do REXT 579.951, segundo a 
qual esses podem contratar parentes até 3º grau em linha reta ou colateral. 
No decorrer deste trabalho analisa-se a não aplicação do nepotismo aos 
agentes políticos. Mais especificamente, o julgado no Recurso Extraordinário 
579.951, o qual deu origem ao enunciado na Súmula Vinculante 13, a luz dos 
princípios constitucionais dispostos no artigo 37 da Carta Maior. 
A Constituição Federal, no seu artigo 37, II diz que para a investidura em 
cargo ou emprego público é necessária a aprovação em concurso de provas e 
títulos, na forma prevista na lei, ressalvados os cargos em comissão de livre 
nomeação e exoneração; notadamente podendo-se observar que a indagação já 
começa nos cargos comissionados. A Súmula Vinculante 13 discorre que a 
nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da 
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, 
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função 
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste 
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
9 
 
A questão é que o julgado no REXT 579.951 obteve o entendimento de que 
essa vedação não abrangesse os agentes políticos, afirmando que ela atingia 
apenas os cargos e funções administrativas e não os cargos políticos; mas essa 
vedação contraria não apenas a Constituição Federal como também alguns dos 
princípios que regem a administração pública brasileira. 
O problema em questão é que a decisão do julgado citado acima desprezou 
os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da supremacia do 
interesse público e o da eficiência. 
Neste contexto vem-se buscar as respostas devidas a não aplicação do 
nepotismo aos agentes políticos, visando identificar qual diretriz foi tomada para se 
chegar ao que foi decidido no Recurso Especial (REXT) 579.951, além de que 
verifica-se que poderia ter ocorrido uma turbulência referente ao positivado na 
Súmula, podendo os julgadores terem interpretado os dizeres ao pé da letra. 
O que se discute é a interpretação de forma literal que os ministros do STF 
dão a S.V 13 em relação à inserção de parentes de até 3º grau de autoridade 
nomeante nos quadros da administração pública. Pode-se observar que a Súmula 
em questão não diferencia agentes públicos de agentes políticos, ela apenas proíbe 
as contratações dessas pessoas para cargos de comissão e confiança. 
Como se discutirá normas já positivadas, parti-se do método dedutivo para 
obter-se respostas à luz de uma particularidade dessa determinada norma. No caso 
em específico é: A Não Aplicação da Súmula Vinculante 13 aos Agentes Políticos. 
Para dissertar-se sobre esse assunto não se pode ficar preso apenas à Súmula, 
mas deve-se atentar a um emaranhado de institutos jurídicos e na decisão que 
gerou a não aplicação da Súmula Vinculante. Com isso, usar-se também o método 
comparativo para entender o porquê de esse determinado grupo ter tal vantagem, já 
que considerar-se isso como um tratamento privilegiado, que é vedado a 
administração. 
Assim, ao final deste trabalho, compreende-se, se a Súmula Vinculante 13 
viola ou não os princípios constitucionais e o porquê desta afirmação. 
 
 
 
 
 
10 
 
2. AGENTES PÚBLICOS 
 
Ao Estado são atribuídas inúmeras tarefas e obrigações que devem ser 
cumpridas, mas como o Estado não se trata de pessoa física, possuindo apenas 
capacidade jurídica, necessita de colaboradores para que se faça cumprir essas 
tarefas. Esses são os agentes públicos, “pessoas físicas que trabalham nos órgãos 
públicos, ou seja, são aquelas que são incumbidas de desempenharem alguma 
função estatal” (MEIRELLES, 2016). 
Os agentes públicos, dessa forma, quando agem no exercício da função 
desfrutam de uma força estatal, por agirem em nome da administração pública. De 
acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, “quem desempenhe alguma função 
estatal é considerado agente público, independentemente do cargo que ocupa ou 
como foi admitido na vaga” (MELLO, 2009). Assim, qualquer pessoa que 
desempenhe funções estatais, enquanto as exercita é um agente público. Seguindo 
tal raciocínio temos o colacionado abaixo: 
 
 
Quem quer que desempenhe funções estatais, enquanto as exercita, é um 
agente público. Por isso, a noção abarca tanto o Chefe do Poder Executivo 
(em quaisquer das esferas) como os senadores, deputados e vereadores, 
os ocupantes de cargos ou empregos públicos da Administração direta dos 
três Poderes, os servidores das autarquias, das fundações governamentais, 
das empresas públicas e sociedades de economia mista nas distintas 
órbitas de governo, os concessionários e permissionários de serviço 
público, os delegados de função ou ofício público, os requisitados, os 
contratados sob locação civil de serviços e os gestores de negócios 
públicos. (MELLO, pag. 244, 2009) 
 
 
Dessa forma, entende-se que, segundo ensinamento de Bandeira de Mello, 
o agente público é toda aquela pessoa que presta um serviço para que sejam 
cumpridas as obrigações do Estado com a sociedade, podendo ser desde um Chefe 
do Executivo, a um servidor de alguma autarquia. 
O autor Rafael Carvalho Rezende Oliveira, em sua obra Curso de Direito 
Administrativo do ano de 2018, subdivide os agentes públicos, em agentes públicos 
de direito e agentes públicos de fato, como se demonstra abaixo: 
 
 
Agentes públicos de direito: são os agentes que possuem vínculos jurídicosformais e legítimos com o Estado, regularmente investidos nos cargos, 
empregos e funções públicas. 
11 
 
Agentes públicos de fato: são os particulares que, sem vínculos formais e 
legítimos com o Estado, exercem, de boa-fé, a função pública com o 
objetivo de atender o interesse público, inexistindo investidura prévia nos 
cargos, empregos e funções públicas. (OLIVEIRA, pág. 731,2018) 
 
 
Desta maneira, o autor acredita que os agentes público são classificados de 
acordo com os vínculos jurídicos que cada um detém com o Estado, sendo os 
agentes públicos de direito aqueles que são inseridos em cargos públicos e os 
agentes públicos de fato são aqueles que exercem de boa-fé a função pública com 
fim de atender o interesse público, não existindo vinculo jurídico , nem investidura 
em cargos. 
A doutrinadora Di Pietro já tem um pensamento um pouco diferenciado à luz 
de agentes públicos, ela, em seu livro Direito Administrativo, não os subdivide, 
apenas elenca quem são eles: “agentes políticos, servidores públicos, militares e 
particulares em contribuição com o Poder Público” (DI PIETRO,2018). 
José dos Santos Carvalho Filho, em Manual do Direito Administrativo, tem 
um ponto de vista mais amplo relacionado ao assunto, afirmando que: “os agentes 
públicos são o elemento físico da administração” (CARVALHO FILHO, 2018). Dessa 
forma, ele os conceitua da seguinte maneira, “agentes públicos são todos aqueles 
que, a qualquer título, executam uma função pública como prepostos do Estado, são 
integrantes dos órgãos públicos, cuja vontade é imputada à pessoa jurídica” 
(CARVALHO FILHO, 2018). 
A expressão agente público é usada nos diplomas legais que lecionam sobre 
atos de abuso de autoridade e improbidade administrativa. As sanções nelas 
contidas são para os agentes públicos, ou seja, acarretam todas as classificações de 
agentes públicos, como discriminaremos mais adiante. 
A doutrina majoritária apresenta a ideia de que agentes públicos são aqueles 
que prestam de alguma forma, remunerada ou não, um serviço para a administração 
pública. A classificação que ocorre a respeito dos agentes públicos é meramente 
sobre a forma com que eles foram investidos no erário público. Abaixo se vê de 
forma sucinta as categorias dos agentes públicos, baseados nos dizeres de 
Meirelles em Direito Administrativo Brasileiro e Bandeira de Mello na obra Curso de 
Direito Administrativo: 
 
 
Agente político: são aqueles que são eleitos, exercem atividades típicas de 
governo e cumprem mandato, são os chefes do executivo, vereadores, 
12 
 
ministros, secretários, Magistrados, Promotores e membros do Tribunal de 
Contas. Em relação aos dois últimos alguma parte da doutrina considera 
que muitos representantes do judiciário exercem com grande autonomia 
parcelas de soberania do Estado em virtude de previsão constitucional. 
(MEIRELLES, pag. 82,2016) 
Servidores públicos: são os titulares de cargo público efetivo e em 
comissão, com regime jurídico estatutário geral ou peculiar e integrantes da 
Administração direta, das autarquias e das fundações públicas com 
personalidade de Direito Público. Tratando-se de cargo efetivo, seus 
titulares podem adquirir estabilidade e estarão sujeitos a regime peculiar de 
previdência social. (MEIRELLES, pág. 518, 2016) 
Empregados públicos: são todos os titulares de emprego público (não de 
cargo público) da Administração direta e indireta, sujeitos ao regime jurídico 
da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT; daí serem chamados também 
de "celetistas". Não ocupando cargo público e sendo celetistas, não têm 
condição de adquirir a estabilidade constitucional (CF, art. 41), nem podem 
ser submetidos ao regime de previdência peculiar, como os titulares de 
cargo efetivo e os agentes políticos, sendo obrigatoriamente enquadrados 
no regime geral de previdência social, a exemplo dos titulares de cargo em 
comissão ou temporário. Salvo para as funções de confiança e de direção, 
chefia e assessoramento, a serem previstas à luz dos princípios de 
eficiência e razoabilidade nos respectivos quadros de pessoal das pessoas 
jurídicas da Administração indireta (na Administração direta, autárquica e 
fundacional as funções de confiança só podem ser exercidas por ocupantes 
de cargo efetivo - art. 3 7, V), os empregados públicos devem ser admiti, 
dos mediante concurso ou processo seletivo público, de modo a assegurar 
a todos a possibilidade de participação. (MEIRELLES, pág. 519, 2016) 
Militares: foram inseridos nos agentes públicos após a promulgação da 
Emenda Constitucional 18/98, antes eram tratados como servidores 
militares. Os militares são aqueles taxados no art. 144 da CF. (MEIRELLES, 
pág. 517, 2016) 
Particulares em colaboração com o Poder Público: são aqueles que mesmo 
exercendo funções públicas não deixam de ser particulares, nessa categoria 
temos os requisitados que são aqueles que o poder público requisita para a 
prestação de um serviço, exemplos jurados, mesários. Também 
observamos aqui os sponte própria que são aqueles que assumem a gestão 
pública da coisa, para que ajudar perante as necessidades públicas; os 
contratados por locação civil de serviços e os concessionários e 
permissionários de serviço público esses últimos são dotados de força 
jurídica oficial, ou seja, fé pública. (MELLO, pág. 250, 2009) 
 
 
Neste diapasão, concluí-se que os agentes públicos são todos aqueles que 
de alguma maneira prestam serviços à máquina estatal, inclusive os agentes 
políticos. Dessa maneira não se poderia afirmar que o nepotismo não se aplica aos 
agentes políticos, sendo eles uma subcategoria dos agentes públicos. Não se pode 
esquecer que nas leis de abuso de autoridade e de improbidade administrativa as 
sanções são para os agentes públicos, conforme texto constitucional. Sendo assim, 
ve-se que a interpretação dos julgadores do REXT 579.951-4, fora inadequada nos 
termos em que declararam que a vedação do nepotismo que traz a S.V 13 aplica-se 
apenas aos agentes públicos, pois nos termos demonstrados acima entende-se que 
os agentes políticos são uma subclasse dos agentes públicos. Assim nota-se a 
13 
 
forma maliciosa e equivocada que aplicou-se a hermenêutica e interpretação jurídica 
no entendimento da Súmula Vinculante 13; utilizando-se uma técnica de 
interpretação para o benefício próprio em relações futuras e não em benefício do 
interesse público e da coletividade. 
 
 
2.1 DIFERENÇAS ENTRE AGENTES PÚBLICOS E AGENTES POLÍTICOS 
 
 
A palavra agente se deriva do latim agens, que quer dizer o sujeito da ação, 
ou seja, à pessoa que atua, opera, faz. Quando usa-se o termo agente no contexto 
da administração pública, ele tem-se algumas diferenças que apresenta-se agora. 
Os agentes políticos “são aqueles que se inserem na administração 
mediante uma eleição, que assumem um mandato determinado e executam as 
diretrizes traçadas pelo poder público. Eles desenham os destinos fundamentais do 
Estado e criam as estratégias políticas que consideram necessárias e convenientes 
para atingir seus fins” (CARVALHO FILHO, 2018). 
Alguns doutrinadores, como Di Pietro e Rafael Carvalho Rezende Oliveira, 
incluem os magistrados, representantes do Ministério Público e do Tribunal de 
Contas entre os agentes políticos. 
Na visão do autor Carvalho Filho, acredita-se que para ser considerado 
agente político, a inserção no cargo político seja por meio de uma eleição e que 
tenha mandato temporário. O autor também discrimina em sua obra quem são os 
agentes políticos, quais sejam: “eles são os Chefes do Executivo (Presidente, 
Governadores e Prefeitos), seus auxiliares (Ministros e Secretários Estaduais e 
Municipais) e os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados Federais, 
Deputados Estaduaise Vereadores)” (CARVALHO FILHO, 2018). 
Já os agentes políticos têm a seguinte classificação para Hely Lopes 
Meirelles “agentes políticos são os componentes do Governo nos seus primeiros 
escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação, 
eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais” 
(MEIRELLES, 2016). Ele inclui nessa categoria tanto os Chefes do Poder Executivo 
federal, estadual e municipal, e seus auxiliares diretos, os membros do Poder 
Legislativo, como também os da Magistratura, Ministério Público, Tribunais de 
14 
 
Contas, representantes diplomáticos e demais autoridades que atuem com 
independência funcional no desempenho das atribuições governamentais, judiciais 
ou quase judiciais. 
Nessa visão, mesmo os magistrados, representantes do Ministério Público e 
do Tribunal de Contas não sendo investidos em cargos que constituem mandato, 
são enquadrados como agentes políticos. Os magistrados, devido à referência a 
eles no Recurso Extraordinário 228.977/SP julgado pelo STF com relatoria do 
Ministro Neri da Silveira, que dizia que: 
 
 
agentes políticos, investidos para o exercício de atribuições constitucionais, 
sendo dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas 
funções, com prerrogativas próprias e legislação específica 
(BRASIL,STF,2002). 
 
 
Assim seu vínculo com o poder público se estabelece devido a Lei Orgânica 
da Magistratura. 
Os membros do Ministério Público foram inseridos na categoria de agentes 
políticos pelo artigo 129 da CF, “com a justificativa de zelar pelos Poderes Públicos e 
pelos serviços de relevância pública, garantindo os direitos assegurados nela” 
(PIETRO, 2018). 
A doutrina majoritária concorda que as diferenças entre esses dois agentes 
são mínimas e que os agentes políticos são uma das parcelas dos agentes públicos. 
Nota-se que as diferenças são que os agentes políticos seguem um mandato e são 
inseridos na atividade estatal por eleição, como por exemplo o Chefe do Executivo,já 
os secretários e ministros também usufruem de suas funções durante o mandato do 
chefe do executivo, só que esses cargos anteriormente citados são de livre 
nomeação e exoneração, ou seja, eles podem durar do início ao fim do mandato ou 
então até o superior hierárquico deles demiti-los a qualquer momento. 
Ademais também deve-se atentar que os agentes políticos não se sujeitam 
ao processo administrativo disciplinar. 
Além dos doutrinadores manterem a tese de que os agentes políticos são 
uma das classes dos agentes públicos, a Lei da Improbidade Administrativa Lei nº 
8429/1992 também conceitua com base nesses dizeres os agentes públicos, como 
demonstra-se abaixo: 
15 
 
 
 
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que 
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, 
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura 
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas 
no artigo anterior. (BRASIL.,Lei n. 8429, de 2 de junho de 1992. Lei da 
Improbidade Administrativa, Brasília, DF, jun 1992) 
 
 
Dessa forma não pode se falar que os agentes políticos não são alcançados 
pela S.V 13, sendo que os mesmos são sim, agentes públicos, e mesmo que 
transitoriamente e por tempo determinado compõem o erário estatal, devendo seguir 
as normas e leis sem distinção, mesmo sua função sendo de primeiro escalão nos 
órgãos públicos. A diferenciação é apenas na forma como os agentes políticos se 
inserem nas suas funções mediante eleição ; já as outras parcelas dos agentes 
públicos, como servidores públicos e empregados públicos, se inserem no erário 
mediante concurso de provas e títulos. Neste sentido, observamos que os agentes 
políticos não são apenas aqueles que se inserem no cargo por eleição, com tempo 
de mandato; mas sim aqueles que estão no mais alto escalão de suas atribuições e 
que tem livre liberdade de suas funções. Ademais atentamos que, mais uma vez, os 
agentes políticos são uma categoria dos agentes públicos que se diferencia em 
alguns casos apenas na forma como se inseriram nos seus cargos. 
Como pode-se observar, não há muita diferença entre os agentes públicos e 
agentes políticos. Os agentes políticos são uma subclasse dos agentes públicos e 
esses adentram na máquina estatal por meio de eleições, permanecendo até o fim 
de seu mandato e os agentes públicos são todas aquelas pessoas que prestam 
algum tipo de serviço ao Estado, que exerce funções públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3. PRINCÍPIOS 
 
No Direito Administrativo temos os princípios como normas constitucionais 
de grande força Rafael Rezende Oliveira traduz em sua obra que os princípios são 
considerados formas basilares ao Direito Administrativo, ou seja, os princípios tem 
força de norma jurídica, como vê-se adiante: 
 
 
 (...) os princípios são considerados mandamentos de otimização que 
determinam a realização de algo na maior medida possível dentro das 
possibilidades jurídicas e fáticas existentes, admitindo aplicação gradativa. 
(OLIVEIRA,pág. 80, 2018) 
 
 
Celso Antônio Bandeira de Mello em sua obra Curso de Direito 
Administrativo Completo do ano de 2009, relata que os princípios são componentes 
do regime jurídico-administrativo no Direito brasileiro, deste modo ele ainda reforça 
que eles não têm uma forma sistemática de arrolamento, apenas precisam ser 
arrolados, assim apresenta-se um trecho de sua obra que reforça essa tese: 
 
 
O art. 37 reportou de modo expresso à Administração Pública (direta e 
indireta) apenas cinco princípios: da legalidade, da impessoalidade, da 
moralidade, da publicidade e da eficiência (este último acrescentado pela 
EC 19/98). Fácil é ver-se, entretanto, que inúmeros outros mereceram 
igualmente consagração constitucional: uns, por constarem expressamente 
da Lei Maior, conquanto não mencionados no art. 37, caput; outros, por nele 
estarem abrigados logicamente, isto é, como consequências irrefragáveis 
evidentes do próprio Estado de Direito e, pois, do sistema constitucional 
como um todo. (MELLO, pág. 95, 2009) 
 
 
Os princípios podem ser implícitos (não positivados) e explícitos 
(positivados), a última forma mencionada é encontrada no artigo 37 da Constituição 
de 1988. Neste contexto vamos dar uma maior atenção a estes: Princípio da 
Legalidade, Princípio da Impessoalidade, Princípio da Moralidade, Princípio da 
Supremacia do Interesse Público e Princípio da Eficiência. Para Bandeira de Mello, 
violar um princípio é mais grave do que transgredir uma norma qualquer. 
 
 
(...) violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma 
qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um 
específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos. É a 
mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o 
17 
 
escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o 
sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a 
seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com 
ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda estrutura nelas 
esforçada. (MELLO, pág. 943, 2008) 
 
 
A administração pública é vinculada a lei, não podendo ir contra ela; a 
legalidade em si gira em torno desse pensamento, onde os atos da administração 
pública devem ser de acordo com a lei. Nesse caso já encontramos um dos 
questionamentos a serem feitos com o disposto na Súmula Vinculante 13 que não 
abrange os agentes políticos, sendo que esta veda o nepotismo em todos os órgãos 
da administração pública diretae indireta. Seguindo esse mesmo raciocínio, 
encontramos também uma impessoalidade na nomeação de pessoal para cargos 
em comissão, pois se apenas amigos e familiares do nomeante têm a chance de 
conseguirem a vaga, este mesmo nomeante não está sendo imparcial nos seus atos 
administrativos, sendo contra os fundamentos do princípio da impessoalidade. 
Existe um fator muito importante que foi desprezado, a moralidade. É 
considerado imoral usar a máquina estatal para se auto beneficiar. O nepotismo é 
um caso de uso do bem público em benefício próprio em que a norma proibitiva vale 
para apenas alguns dos servidores da administração e para os gestores não. Sendo 
assim esse entendimento da norma não os alcança, portanto não deixa de ser uma 
manobra para que atos imorais iguais a esse ainda aconteçam no nosso cenário 
político atual, mais uma vez há um desequilíbrio e uma contrariedade a um princípio. 
Além dos princípios, a Constituição de 1988, que é a grande guardiã da 
justiça e dos direitos, veda essa prática patrimonialista de obtenção vantajosa sobre 
a máquina estatal. 
Desta maneira vemos que os princípios são bases importantes no Direito 
Administrativo e junto deles também temos a CF, ambos proíbem a prática do 
nepotismo, assim como a Súmula Vinculante 13. Nesse caso não podemos afirmar 
que essa vedação não cabe aos agentes políticos sendo ela proibida. 
 
3.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O princípio da legalidade pressupõe que a administração pública pode fazer 
apenas aquilo que a lei permite, os seus atos devem ser atos legais, ou seja, de 
acordo com a lei, assim a luz dos dizeres de Meirelles sobre o princípio da 
18 
 
legalidade têm-se que: “enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o 
que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei 
autoriza” (MEIRELLES, 2016). O conceito de legalidade para Hely Lopes Meirelles 
pode ser observado no colacionado abaixo, que deixa bem claro o conceito do 
referido princípio: 
 
 
A legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37, caput), significa 
que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito 
aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se 
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a 
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (MEIRELLES, 
2016, pag. 93). 
 
 
 No pensamento de Rafael Carvalho Rezende Oliveira, “a administração não 
deve ser pautada apenas pelo cumprimento da lei, mas também pelo respeito aos 
princípios constitucionais” (OLIVEIRA, pág. 82,2018). No trecho que colaciona-se 
abaixo , o autor explica o chamado”bloco da legalidade” 
 
 
Desta forma, a legalidade não é o único parâmetro da ação estatal que deve 
se conformar às demais normas consagradas no ordenamento jurídico. A 
legalidade encontra-se inserida no denominado princípio da juridicidade que 
exige a submissão da atuação administrativa à lei e ao Direito (art. 2.º, 
parágrafo único, I, da Lei 9.784/1999). Em vez de simples adequação da 
atuação administrativa a uma lei específica, exige-se a compatibilidade 
dessa atuação com o chamado “bloco de legalidade” (OLIVEIRA, pág. 
82,2018) 
 
 
José dos Santos Carvalho Filho, no livro Manual de Direito Administrativo 
tem a visão de que o princípio da legalidade “implica subordinação completa do 
administrador à lei” (CARVALO FILHO, pág. 74, 2018). Outrossim entende-se 
Meirelles que “todos os agentes públicos, desde o que lhe ocupe a cúspide até o 
mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das 
finalidades normativas” (MEIRELLES, pág.517, 2016). Aqui ele quis dizer que a lei 
vale para todo e qualquer funcionário da administração e não apenas ao 
administrador, nota-se que o princípio da legalidade é um dos mais ofendidos em 
relação a vedação da Súmula Vinculante 13 aos agentes políticos, sendo que só se 
pode fazer aquilo que a lei permite, e, a ela veda a prática de nepotismo. Com base 
19 
 
nos que se disse acima , independente do cargo ou escalão em que se encontra o 
agente , ele deve respeitar a lei e fazer apenas o que ela permite.Percebe-se dessa 
maneira que quando a S.V 13 não é aplicada aos agentes políticos existe, além de 
uma inobservância ao referido princípio, também uma ilegalidade nessa ação. 
A administração pública é vinculada a lei, não podendo ir contra ela; a 
legalidade em si gira em torno desse pensamento, em que os atos da administração 
pública devem ser de acordo com a lei. Neste caso questiona-se como o disposto na 
Súmula Vinculante 13 não atingiria os agentes políticos? Sendo que a própria 
Súmula Vinculante 13 cumulado com os princípios constitucionais vedam o 
nepotismo em todos os órgãos da administração pública direta e indireta? 
 Para essas perguntas tem-se as seguintes respostas respectivamente: De 
acordo com o princípio da legalidade a administração pública deve fazer apenas o 
que a lei permite. Assim as contratações de parentes de até 3º grau em linha reta ou 
colateral, a qual dispõe a S.V. 13, para trabalharem em órgãos públicos da 
administração direta e indireta são vedadas apenas aos agentes públicos, os 
diferenciando dos agentes políticos. Nessas condições, fez-se com que a 
positivasse na Súmula a premissa da não aplicação do nepotismo aos agentes 
políticos , considerando que o ato fosse legal e não cabível de anulação. Entretanto 
não existe a distinção entre agentes públicos e agentes políticos, a qual é a 
justificativa para que essa vedação não alcance a esses agentes políticos, e a 
Súmula e os princípios constitucionais vedam a prática do nepotismo, portanto e de 
acordo com o principio da legalidade o qual diz que a lei deve ser aplicada a todos e 
que a Administração Pública pode fazer apenas aquilo que a lei permite , o 
nepotismo deve ser aplicado aos agentes políticos. Sendo assim, o princípio da 
legalidade, previsto no artigo 37 da CF dispõe que a administração pública pode 
fazer apenas aquilo que a lei permite, e no aludido caso, a prática do nepotismo na 
administração pública é vedada. 
 
3.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 
 
O princípio da impessoalidade versa sobre o tratamento da administração 
pública sobre os seus administrados, não devendo ela fazer distinção de tratamento 
deles. Neste assunto, para o autor José dos Santos Carvalho Filho, “impessoal é 
aquilo que não pertence a uma pessoa em especial”, ele diz também que: 
20 
 
 
 
Para que haja verdadeira impessoalidade, deve a Administração voltar-se 
exclusivamente para o interesse público, e não para o privado, vedando-se, 
em consequência, sejam favorecidos alguns indivíduos em detrimento de 
outros e prejudicados alguns para favorecimento de outros. (CARVALHO 
FILHO, 2018, pag. 76) 
 
 
Partem dessa mesma linha de pensamento Maria Silvia Di Piero e Rafael 
Carvalho Rezende Oliveira. A Carta Magna em seu artigo 5º dispõe que devemos 
tratar os desiguais na medida de sua desigualdade, o que não se aplica ao 
tratamento da administração pública caso eles estejam na mesma situação jurídica, 
pois todos são iguais. Contudo, em se tratar do tema em questão, observamos mais 
uma vez que a decisão do REXT 579.951 desobedece aos ensinamentos dos 
princípios positivados no artigo 37 da Constituição, e assim podemos notar outro ato 
ilegal praticado pela decisão prolatada. 
O consagrado doutrinador Hely Lopes considera que “o princípio da 
impessoalidade pode ser sinônimo do princípio da finalidade e da igualdade pois o 
administrador público deve praticar o ato para o seu fim legal”. Ele também enfatiza 
que esse princípio evita que sejam dadas promoções pessoais pelas realizaçõesadministrativas de autoridades e servidores públicos, conforme colacionado abaixo: 
 
Esse princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal 
de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações 
administrativas (CF, art. 37, § 12). (MEIRELLES, pág. 97, 2015) 
 
 
Seguindo esse mesmo raciocínio, encontramos também uma 
impessoalidade na nomeação de pessoal para cargos em comissão, pois se apenas 
amigos e familiares do nomeante têm a chance de conseguir a vaga, este mesmo 
nomeante não está sendo imparcial nos seus atos administrativos, sendo contra os 
fundamentos do princípio da impessoalidade. 
 
 
Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre 
com finalidade pública, o administrador fica impedido de buscar outro 
objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros. Pode, 
entretanto, o interesse público coincidir com o de particulares, como ocorre 
normalmente nos atos administrativos negociais e nos contratos públicos, 
casos em que é lícito conjugar a pretensão do particular com o interesse 
coletivo. (MEIRELLES, pág. 98, 2015) 
 
 
21 
 
Atentamos para o princípio da igualdade, o qual o mesmo doutrinador aferiu 
que “impõe a Administração Pública o dever de tratar igualmente a todos que 
estejam na mesma situação” (MEIRELLES, 2016). Neste quesito, vemos o quão há 
desigualdade no tratamento dos agentes públicos, onde agentes políticos têm uma 
parcela muito vantajosa perante o servidor público, sendo eles da mesma classe, 
distintas apenas o modo como se inserem como funcionários do Estado. Portanto, 
vemos a grande jogada dos membros do alto escalão dos três poderes, qual sejam o 
legislativo, executivo e judiciário, para que possam manter suas regalias e cabides 
de emprego quando não são sujeitos a Súmula Vinculante 13 que dispõe e veda a 
prática do nepotismo. 
 
3.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE 
 
O princípio da moralidade ensina que todos devem ser morais e na forma da 
lei. Na verdade, o administrador público deve ser probo, ele não deve ignorar os 
preceitos éticos para gerir a máquina estatal. Esse mandamento chama atenção 
para a honestidade dos chefes do executivo, buscando o fim da imoralidade no setor 
público. Segundo José dos Santos Carvalho Filho, “não (se) deve apenas averiguar 
os critérios de conveniência e oportunidade, mas também o que é honesto e 
desonesto”. 
Tratando do mesmo princípio, o doutrinador Rafael Carvalho Rezende 
Oliveira já discorre de forma mais aplicada ao tema em estudo, segundo ele “a 
atuação administrativa além de respeitar a lei deve ser ética, leal e assim ela dá o 
seguinte exemplo no caso do nepotismo: vedação do nepotismo constante da 
Súmula Vinculante 13 do STF” (OLIVEIRA, 2018). Ressalte-se, no entanto, que o 
STF afasta a aplicação da referida súmula para os cargos políticos, o que não nos 
parece apropriado, uma vez que o princípio da moralidade é um princípio geral 
aplicável, indistintamente, a toda a Administração Pública, alcançando, inclusive, os 
cargos de natureza política. 
A moralidade, um fator bem importante que foi desprezado, segundo o qual 
considera-se imoral usar a máquina estatal para se auto beneficiar, o nepotismo é 
um caso de uso do bem público em benefício próprio em que a norma proibitiva vale 
para apenas alguns dos servidores da administração e para os gestores não, sendo 
assim, esse entendimento da norma não os alcançar não deixa de ser uma manobra 
22 
 
para que atos imorais iguais a esse ainda aconteçam no nosso cenário político atual, 
portanto, mais uma vez há um desequilíbrio e uma contrariedade a um princípio . 
 Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles em sua obra Direito Administrativo 
Brasileiro “a moralidade administrativa está ligada ao conceito do bom 
administrador” (MEIRELLES, 2016). Ou seja, se o gestor público administra bem a 
cidade, nota-se que ele seja probo, que seus atos administrativos são conforme a 
legalidade e a moralidade. O referido autor também discorre em sua obra que “o 
administrador público tem por obrigação saber diferenciar o ato imoral do moral, o 
ato ilegal do legal, o ato justo e o injusto, o ato conveniente e o inconveniente, o ato 
oportuno do inoportuno e principalmente o ato honesto do desonesto”. 
 A Ministra do STF Carmem Lúcia tem o seguinte entendimento sobre o 
princípio em questão: 
 
 
O princípio da moralidade administrativa tem uma primazia sobre os outros 
princípios constitucionalmente formulados, por constituir-se, em sua 
exigência, de elemento interno a fornecer a substância válida do 
comportamento público. Toda atuação administrativa parte deste princípio e 
a ele se volta. Os demais princípios constitucionais, expressos ou implícitos, 
somente podem ter a sua leitura correta no sentido de admitir a moralidade 
como parte integrante do seu conteúdo. Assim, o que se exige, no sistema 
de Estado Democrático de Direito no presente, é a legalidade moral, vale 
dizer, a legalidade legítima da conduta administrativa. (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
 
Todos os atos dos agentes públicos devem ser probos, ou seja, devem ser 
morais, devido aos ensinamentos do princípio da moralidade. Devido a isso foi 
sancionada a Lei 8429/1992, Lei da Improbidade Administrativa, que dispõe sobre 
as sanções para os agentes públicos que forem ímprobos. A citação da referida lei 
nos ajuda a visualizar a importância do princípio da moralidade na administração 
pública, pois caso qualquer dos agentes públicos sejam ímprobos, esses quitarão 
suas dívidas e sanarão os rombos deixados nos cofres públicos, pois não se deve 
confundir o interesse público, bem comum, com interesse pessoal. 
 Ademais temos ainda que o Ministro Lewandowski no RE 579.951/ RN, 
no qual foi relator, dispõe veemente sobre a moralidade administrativa e a 
nomeação de parentes para cargos e funções que não exigem concurso, em que 
relata que prevalece ainda o “quem indica ou QI”, desrespeitando o princípio da 
moralidade. 
 
23 
 
 
Além de ofensiva à moralidade administrativa, a nomeação de parentes 
para cargos e funções que não exigem concurso público, como já se viu 
acima, fere o princípio da impessoalidade e, por extensão, o basilar 
princípio da isonomia, porque prevalece o nefasto "QI", o popular "quem 
indica”, mencionado pelo Ministro Marco Aurélio em seu voto pioneiro sobre 
o nepotismo, na ADI 1.521/RS, em que o Plenário indeferiu pedido de 
medida cautelar para suspender a eficácia de dispositivos da Constituição 
do Estado do Rio Grande do Sul, que traziam normas vedando a 
contratação de parentes de autoridades públicas. (BRASIL, STF, 2008). 
 
 
Vale ressaltar que na decisão da ADI 2.661/MA em que o relator foi o 
Ministro Celso de Mello, o referido senhor fala que a moralidade condiciona a 
legitimidade e a validade dos atos estatais. 
 
 
O PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA - ENQUANTO VALOR 
CONSTITUCIONAL REVESTIDO DE CARÁTER ÉTICO-JURÍDICO - 
CONDICIONA A LEGITIMIDADE E A VALIDADE DOS ATOS ESTATAIS - A 
atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência 
está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-
jurídicos que se refletem na consagração constitucional do princípio da 
moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação 
do Poder Público, confere substância e dá expressão a uma pauta de 
valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado.- O 
princípio constitucional da moralidade administrativa, ao impor limitações ao 
exercício do poder estatal, legitima o controle jurisdicional de todos os atos 
do Poder Público que transgridam os valores éticos que devem pautar o 
comportamento dos agentes e órgãos governamentais (grifos no original).(BRASIL, STF, 2002) 
 
 
E também se reproduz aqui um trecho do voto do Ilustre Ministro Joaquim 
Barbosa na ADC 12-MC/DF, o qual diz que o direito não pode se dissociar da moral. 
 
 
O Direito não pode dissociar-se da Moral, isto é, de uma moral coletiva, pois 
ele reflete um conjunto de crenças e valores profundamente arraigados, que 
emanam da autoridade soberana, ou seja, do povo. Quando, em 
determinada sociedade, há sinais de dissociação entre esses valores 
comunitários e certos padrões de conduta de alguns segmentos do aparelho 
estatal, tem-se grave sintoma de anomalia, a requerer a intervenção da 
justiça constitucional como força intermediadora e corretiva" (grifos no 
original). (BRASIL, STF, 2006) 
 
 
Portanto, o princípio da moralidade é importantíssimo na administração 
pública e certos disso constata-se que mesmo a não aplicação do nepotismo aos 
agentes políticos ser positivada na Súmula, ela é imoral, pois sabe-se que a 
contratação para o cargo político simplesmente foi feita pelo grau de parentesco e 
não pela análise da eficiência do agente; e assim mais uma vez encontra-se mais 
24 
 
um desequilíbrio entre a premissa disposta na S.V. ao que concerne aos agentes 
políticos com os princípios constitucionais. 
 
3.4 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO 
 
A supremacia do interesse público também é um princípio que não é 
explícito na Constituição Federal, mas que mesmo assim tem a mesma força de 
atuação. Ele trata do interesse da coletividade, ou seja, quando falamos em 
supremacia do interesse público estamos falando do coletivo que sobrepõe o 
privado. Alguns doutrinadores subdividem esse princípio em primário e secundário, 
sendo o primário a satisfação de necessidades coletivas por meio de prestações de 
serviços, e o secundário sendo o interesse do Estado enquanto sujeito de direitos e 
obrigações. A atuação da administração deve ser voltada ao interesse público, para 
que não haja desvio de finalidade o interesse privado não pode sobrepor o interesse 
público. Sendo assim, a contratação de alguém que caia na vedação do nepotismo é 
uma demonstração de quando o interesse particular tem a preferência. 
É de Celso Antônio Bandeira de Mello a premissa de que esse princípio “é o 
mais importante da Administração Pública e dessa maneira não precisa estar 
positivado na Constituição, pois este é o pressuposto lógico do convívio social”. 
Assim vemos no trecho abaixo do livro de sua autoria: 
 
 
O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é 
princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. É a própria 
condição de sua existência. Assim, não se radica em dispositivo especifico 
algum da Constituição, ainda que inúmeros aludam ou impliquem 
manifestações concretas dele, como, por exemplo, os princípios da função 
social da propriedade, da defesa do consumidor ou do meio ambiente (art. 
170, III, V e VI), ou tantos outros, afinal, o principio em causa é um 
pressuposto lógico do convívio social. Para o Direito Administrativo 
interessam apenas os aspectos de sua expressão na esfera administrativa, 
para não deixar sem referência constitucional algumas aplicações concretas 
especificamente dispostas na Lei Maior e pertinentes ao Direito 
Administrativo, basta referir os institutos da desapropriação e da requisição 
(art. 5º, XXIV e XXV), nos quais é evidente a supremacia do interesse 
público sobre o interesse privado. (BANDEIRA DE MELLO, pág. 96,2009) 
 
 
Hely Lopes Meireles tem a mesma linha de pensamento de Bandeira de 
Mello e acrescenta algumas informações na contextualização do referido princípio 
administrativo, quais sejam: 
25 
 
 
 
A primazia do interesse público sobre o privado é inerente à atuação estatal 
e domina-a, na medida em que a existência do Estado justifica-se pela 
busca do interesse geral, ou seja, da coletividade; não do Estado ou do 
aparelhamento do Estado. (MEIRELLES, pág. 113,2015) 
 
 
 
Neste diapasão, esse princípio é ignorado nos casos de não aplicação da 
Súmula Vinculante 13 aos agentes políticos, pois tal princípio preza que o interesse 
da coletividade sobreponha o interesse individual, e nesses casos o interesse 
individual está se sobrepondo ao coletivo, fazendo com que o privado use a máquina 
pública em benefício próprio. 
Pode-se claramente notar que com a prática do nepotismo os interesses 
pessoais dos administradores sobrepõem-se aos coletivos, o que geram os cabides 
de empregos nos órgãos públicos, com excessos de gastos nos cofres públicos, ou 
seja, mais débitos e menos receita. A partir daí aponta-se o “X” da questão, que é a 
não aplicação do nepotismo aos agentes políticos, que servem para que os cargos 
de grande escalão continuem a fazer o que sempre fizeram, criando um abismo de 
desigualdade com os demais agentes públicos. Voltamos a atenção para a 
afirmação de que, se a vedação é para os agentes públicos, não há motivo para que 
a mesma não se aplique aos agentes políticos, que fazem parte dos agentes 
públicos, sendo deles uma subclasse. 
 
3.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 
 
A Emenda Constitucional (EC) 19/1998 inseriu ao rol dos princípios 
tipificados na Constituição esse princípio que preza pelo funcionamento aplicado da 
máquina pública e o bom desempenho de seus empregados, que busca tornar a 
administração pública menos burocrática. Porém,a doutrina majoritária critica esse 
princípio por não saberem dizer quando o agente público é eficiente ou não, nestes 
termos José dos Santos Carvalho Filho acredita que: 
 
 
 (...) a valia do referido princípio se dará quando os governantes buscarem 
os reais interesses coletivos e afastarem seus interesses pessoais e assim 
melhorar a gestão da coisa pública e os interesses da sociedade. 
(CARVALHO FILHO, pág. 84 , 2018) 
26 
 
O conceito do princípio da eficiência para Meirelles é aquele que exige que a 
atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento 
funcional. 
 
 
O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida 
com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio 
da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada 
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público 
e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus 
membros. (MEIRELLES, pág. 105,2015) 
 
 
O Ministro Lewandowski, em seu voto no RE 579.951/RN, destaca que o 
princípio da eficiência adveio para se ter a chamada “reforma administrativa”. 
 
 
Nesse contexto, verifica-se que o legislador constituinte originário, bem 
assim o derivado, especialmente a partir do advento da Emenda 
Constitucional 19/1998, que levou a cabo a chamada "Reforma 
Administrativa", instituiu balizas de natureza cogente para coibir quaisquer 
práticas, por parte dos administradores públicos que, de alguma forma, 
pudessem buscar finalidade diversa do interesse público. Uma dessas 
práticas, não é demais repisar, consiste na nomeação de parentes para 
cargos em comissão ou de confiança, segundo uma interpretação 
equivocada ou, até mesmo, abusiva dos incisos II e V, do art. 37 da 
Constituição. (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
 
E assim completa com os dizeres abaixo colacionados: 
 
 
Convém notar que o constituinte de um modo geral, sobretudo a partir da 
EC 19/1998, procurou reduzir ao máximo a discricionariedade do 
administrador público no tocante ao preenchimento dos cargos em 
comissão e de confiança, restringindo o provimento destes últimos 
exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo. Quanto aos 
primeiros, estabeleceu que eles se destinam apenas a "atribuições de 
chefia, assessoramento e direção”, determinando, ainda,que um percentual 
deles fosse preenchido por servidores de carreira. (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
Portanto, a eficiência é essencial no serviço público que muitas vezes deixa 
a desejar por ter agentes de um modo geral incompetentes, contratados por mero 
acordo político, interesse pessoal e conveniência. 
Não devemos esquecer de que com esse tipo de política causa um prejuízo 
enorme para o setor público, pois muitas vezes essas contratações são feitas sem 
que a pessoa tenha uma capacidade mínima para o exercício da função, 
27 
 
caracterizando um cabide de emprego para apadrinhados eleitorais e um desfalque 
aos cofres públicos por gastar dinheiro remunerando pessoas desqualificadas. 
Assim sendo, podemos verificar que as contratações muitas vezes não acontecem 
porque as pessoas são eficientes como muitas vezes esses agentes justificam nas 
contratações de seus parentes, e sim para dar uma maior vantagem para eles, como 
um cargo de chefia, que é de livre nomeação, usando desta forma a máquina 
pública para um enriquecimento indevido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
4. ANÁLISE QUE EXCLUI OS AGENTES POLÍTICOS A NÃO 
APLICAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE 13 
 
O termo nepotismo não é um termo novo em nosso cotidiano, sendo esta 
prática muito antiga. Nepotismo vem do latim nepos, que significa descente, esse 
termo era muito utilizado nas relações dos papas e seus parentes de onde veio a 
palavra nepote cujo significado é “sobrinho do sumo pontífice ou conselheiro papal”1. 
Atualmente, o nepotismo é entendido como o favorecimento de parentes ou amigos 
próximos em detrimento de pessoas mais qualificadas, geralmente no que diz 
respeito à nomeação ou elevação de cargos públicos e políticos. 
Como essa prática tornou-se habitual, criou-se a a Resolução 7/2005 do 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que proibia a contratação de parentes de 
servidores do Judiciário, de até terceiro grau em linha reta e colateral para que 
trabalhassem nesse órgão sem que tenham prestado concurso de provas e títulos, a 
fim de cessar essa conduta no Poder Judiciário. Mesmo antes da criação da 
Resolução a Constituição Federal em sede de seu artigo 37 já vedava essa prática, 
mas não era respeitada efetivamente. 
Com a criação da resolução, o Judiciário começou a ser acionado para que 
se anulassem as nomeações de servidores que foram contratados sem prestar 
concurso público e que caracterizavam nepotismo. Muitas das premissas que os 
procuradores dos requeridos debatiam nas Ações Declaratórias de Nulidade de Ato 
Administrativo era que a Resolução 7/2005 abrangia apenas ao Poder Judiciário,não 
estendendo-se aos demais poderes ,não podendo essa ser aplicada em casos que 
não eram da esfera judiciária. 
Segundo o STF, no julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) 
12 foi reconhecida a legitimidade da Resolução nº 7/2005 do Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ), que impede o emprego, nos tribunais, de cônjuges, companheiros e 
parentes de magistrados, se estes não forem aprovados em concurso público. 
 
 
Decisão: Acolhida questão de ordem proposta pelo Senhor Ministro Marco 
Aurélio no sentido de fazer constar a rejeição da preliminar de inadequação 
da ação declaratória de constitucionalidade que suscitou quando do 
julgamento da cautelar, ocasião em que Sua Excelência restou vencido. 
Prosseguindo no julgamento, o Tribunal, por unanimidade, julgou 
procedente a ação declaratória de constitucionalidade e, por maioria, 
 
1 Disponível em: <https://www.significados.com.br/nepotismo/> Acesso em 09 de abril de 2019. 
29 
 
emprestou interpretação conforme a Constituição para deduzir a função de 
chefia do substantivo "direção", constante dos incisos II, III, IV e V do artigo 
2° da Resolução n° 07, de 18/10/2005, do Conselho Nacional de Justiça, 
nos termos do voto do Relator, vencidos os Senhores Ministros Menezes 
Direito e Marco Aurélio. Decisão dotada de efeito vinculante, nos termos da 
Lei n° 9.868/1999. (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
No Recurso Extraordinário 579.951-4, o STF julga se havia a prática de 
nepotismo em dois cargos distintos, o de motorista e o de secretário de saúde, 
sendo que quem ocupavam esses cargos respectivamente eram o irmão do vice-
prefeito da cidade de Água Nova, no Estado do Rio Grande do Norte, e o irmão de 
um vereador da mesma cidade. 
Os advogados dos recorrentes levaram a discussão até o Supremo, sendo 
julgada parcialmente procedente, reconhecendo-se o nepotismo ao contratar o irmão 
do vice-prefeito para motorista, e não reconhecendo a fim do cargo de secretário de 
saúde, pois alegaram que, como ele era agente político e não cargo em comissão, a 
sua contratação era permitida por lei. Vale ressaltar que, na medida em que os 
Ministros foram votando, eles não deixavam de citar que esses casos deviam ser 
analisados de acordo com suas especificidades e também atentaram para quem era 
a autoridade nomeante, neste caso o prefeito da cidade nomeou o irmão do 
vereador para assumir a secretaria de saúde. Assim, segue abaixo um trecho da ata 
de julgamento do R.E.: 
 
 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu e deu parcial provimento 
ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator. Votou o 
Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, a Senhora 
Ministra Ellen Gracie e o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 
20.08,2008” (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
O Ministro relator do recurso, Ricardo Lewandowski, deu parcial provimento 
ao recurso em relação a não anulação do cargo de Secretário de Saúde que era 
ocupado por irmão de vereador do Município de Água Nova, por se tratar de um 
cargo político e que a autoridade nomeante em questão, que era o prefeito, não 
tinha nenhum parentesco com o então secretário. No decorrer de seu voto, o que 
nos chama a atenção é o trecho em que o senhor ministro-relator dispõe que: 
 
 
[…] as restrições constantes do ato normativo do CNJ são, no rigor dos 
termos, as mesmas restrições já dedutíveis dos princípios republicanos da 
30 
 
impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade". (BRASIL, 
STF, 2008) 
 
 
A partir dessa citação do Ministro Lewandowski, conclui-se que mesmo 
antes da criação da Resolução do CNJ o nepotismo já era vedado pelos princípios 
constitucionais, o que já bastava para que nesses casos fossem anulados atos que 
fossem contrários a estes princípios. Para tanto, em seu voto o mesmo apresentou 
um julgado sobre o mesmo tema que é o Mandado de Segurança 23.780/MA, cujo 
conteúdo segue: 
 
 
MANDADO DE SEGURANÇA. NEPOTISMO. CARGO EM COMISSÃO. 
IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. 
Servidora pública da Secretaria de Educação nomeada para cargo em 
comissão no Tribunal Regional do Trabalho da 16a Região à época em que 
o vice-presidente do Tribunal era parente seu. Impossibilidade. A proibição 
do preenchimento de cargos em comissão por cônjuges e parentes de 
servidores públicos é medida que homenageia e concretiza o princípio da 
moralidade administrativa, o qual deve nortear toda a Administração 
Pública, em qualquer esfera do poder. Mandado de segurança denegado 
(grifei). (BRASIL, STF, 2005) 
 
 
Ao final do seu voto, o referido Ministro deu a seguinte decisão: 
 
 
Por todo o exposto, pelo meu voto, conheço do recurso extraordinário, 
dando-lhe parcial provimento, declarando nulo o ato de nomeação de 
Francisco Souza do Nascimento. Considero hígida a nomeação do agente 
político Elias Raimundo de Souza, em especial por não ter ficado 
evidenciada a prática do nepotismo cruzado, acompanhando,nesse 
aspecto, o entendimento da douta maioria. (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
Deve-se atentar ao trecho em que se considera válida a nomeação de Elias 
Raimundo de Souza por se tratar de agente político e por não ter ficado evidenciada 
a prática do nepotismo cruzado. Chama-se a atenção para a justificativa da não 
invalidação da nomeação – por ele ser um agente político; não existindo distinção 
entre agentes públicos e agentes políticos, sendo que o último é uma das 
subclasses dos agentes públicos. Em si tratando sobre o possível nepotismo 
cruzado, é a prática onde a autoridade nomeante nomeia parentes de agentes 
políticos de outro órgão público, como o que ocorreu no caso do REXT 579.951-4, 
em que o Prefeito nomeou o irmão do Vereador para o cargo de Secretário de Saúde 
,se for feita uma boa analise veremos que essa nomeação seria nitidamente uma 
31 
 
troca ou prestação de favor do prefeito, o que configuraria em sentido fático em 
nepotismo cruzado. 
Os Ministros César Peluso, Celso de Mello, Eros Grau, Menezes Direito, 
Carlos Britto, Marco Aurélio, a Ministra Carmem Lúcia e o Ministro Gilmar Mendes,n 
a época do julgamento sendo ele o Presidente da Suprema Corte, acompanharam o 
voto do Ministro relator Lewandowski, dando parcial provimento ao recurso, com a 
tese de que não há nepotismo na nomeação de irmão de vereador para secretário 
municipal. 
Relataram que a discussão era a respeito de cargos em comissão, diretoria 
e assessoramento e não de cargos de membros do poder, mas se assim o fosse o 
irmão do vice-prefeito também não deveria ter sido exonerado, pois o cargo de 
motorista não tem compatibilidade com o cargo de chefia. 
Após esse julgamento, foi editada a Súmula Vinculante 13, que proíbe a 
prática do nepotismo, e essa foi promulgada nos moldes do julgamento desse 
recurso. Devido a esse julgamento é que hoje em dia é autorizada a nomeação de 
familiares para cargos de agentes políticos, mas como citado analisando assim cada 
caso concreto onde se comprove a eficiência e alguns outros atributos. O que não 
deve prosperar, a fim de que a Súmula Vinculante 13 seja respeitada e seja válida a 
todos independente dessa distinção mínima entre agente público e agente político. 
Assim a Súmula Vinculante 13 do STF diz: 
 
 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou 
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de 
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou 
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança 
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta 
em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, 
viola a Constituição Federal. (BRASIL, STF, 2008) 
 
 
Não se deve esquecer de que com esse tipo de política e entendimento há 
um prejuízo enorme para o setor público, pois muitas vezes essas contratações são 
feitas sem que a pessoa tenha uma capacidade mínima para o exercício da função 
sendo nada mais que um cabide de emprego para apadrinhados eleitorais e um 
desfalque aos cofres públicos por gastar dinheiro remunerando pessoas 
desqualificadas. 
32 
 
Deste modo faz- se que com essa análise dos aspectos legais da não 
aplicação dessa norma a esse grupo específico de pessoas, vemos que há uma 
enorme distinção entre as classes dos agentes públicos, ou seja, aqueles quais são 
membros de cargos do poder obtêm mais vantagens sobre os demais agentes 
públicos; sendo assim desrespeitados nitidamente os princípios da isonomia, 
moralidade, legalidade e eficiência. Pois, como afirma Celso de Mello no REXT 
579.951-4/2008, “é por essa razão que o princípio constitucional da moralidade 
administrativa, ao impor limitações ao exercício do poder estatal, legitima o controle 
de todos os atos do poder público que transgridam os valores éticos que devem 
pautar o comportamento dos órgãos e dos agentes governamentais, não importando 
em que instância de poder eles se situem.” 
O Ministro Celso de Mello no julgamento da ADI 1.521/RS esclarece que 
quem tem o poder e a força do Estado em suas mãos, não tem o direito de exercer 
em benefício próprio, ou seja, o interesse privado não pode prevalecer sobre o 
interesse público. Assim colacionamos abaixo um trecho de seu julgamento: 
 
 
[…] quem tem o poder e a força do Estado em suas mãos, não tem o direito 
de exercer, em seu próprio benefício, a autoridade que lhe é conferida pelas 
leis da República. O nepotismo, além de refletir um gesto ilegítimo de 
dominação patrimonial do Estado, desrespeita os postulados republicanos 
da igualdade, da impessoalidade e da moralidade administrativa. (BRASIL, 
STF, 1997) 
 
 
Portanto inserem-se ideias e questões com o finco de uma compreensão 
mais extensa sobre esse assunto tão atual no nosso cenário político brasileiro que 
clama por mudanças para um bem maior de todos, ou seja, para que prevaleça o 
interesse coletivo, o bem comum e não o individual, pois esse último que gera a 
desigualdade e a corrupção. 
 
4.1 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E A SUA APLICAÇÃO NO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 579.951-4 
 
 
Como vimos anteriormente, a decisão no REXT 579.951-4 foi julgada 
parcialmente procedente, mas pelo apresentado em todo o decorrer da pesquisa 
33 
 
observa-se algumas contradições entre a Súmula Vinculante 13 e os princípios 
constitucionais, pelas razões que apresentaremos a seguir: 
 A administração pública pode fazer apenas aquilo que a lei permite, 
conforme disciplinado no art. 37 da CF e no conceito do princípio da legalidade 
como apresentado no capítulo 2, item 2.1 dessa monografia. Ademais também 
podemos apresentar os dizeres do doutrinador Hely Lopes Meirelles que deixam 
claro o conceito desse princípio: 
 
 
A legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37, caput), significa 
que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito 
aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se 
pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a 
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (MEIRELLES, 
2016, pag. 93). 
 
 
O que se nota sobre a legalidade administrativa e a interpretação desse 
princípio no referido julgamento é que após a Resolução 7/2005 do CNJ ser 
declarada constitucional e para que os agentes políticos não perdessem a sua 
máquina de aliados e de votos, a Súmula Vinculante 13 do STF usou de uma lacuna 
de nomenclatura diferenciada para driblar o princípio da legalidade e fazer com que 
as contratações de parentes de 3º grau de linha reta e colateral não fossem ilegais, 
cabíveis de anulação. Só que o mesmo principio da legalidade declara que as leis 
são válidas para todos independente do cargo ou grau que o agente ocupa no erário 
, assim a não aplicação do nepotismo aos agentes políticos pode-se ser considerada 
inconstitucional. 
Mais uma vez, chamo-lhes a atenção para essa afirmação de Hely Lopes 
Meirelles, “Todos os agentes públicos, desde o que lhe ocupe a cúspide até o mais 
modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades 
normativas” (MEIRELLES,2016), ou seja, independente de qual cargo, o agente 
público, em qualquer de suas classificações, deve ser submetido a lei, o que não 
ocorre no caso da não aplicação do nepotismo aos agentes políticos, sendo essa 
brecha alcançada pelos Ministros Julgadores ilegal. 
Ao se dizer sobre o princípio da impessoalidade atenta-se que nesse 
contexto a decisão a qual estamos analisando despreza veemente a ele, pois o 
referido princípio preza pelo tratamentoigualitário que a administração pública deve 
dar aos seus administrados, o que não ocorre nesta ocasião. É vedada a 
34 
 
contratação de parentes até 3º grau em linha reta ou colateral para exercerem 
cargos na administração pública, salvo aos agentes políticos que tem essa premissa 
garantida pela Súmula Vinculante 13 do STF; nestes termos existe uma antítese 
enorme sendo que se o tratamento deve ser igualitário a todos, por qual motivo não 
há a aplicação do nepotismo aos agentes políticos a não ser por mera conveniência 
destes. Assim voltamos a apresentar os dizeres do autor José dos Santos Carvalho 
Filho, o qual afirma: 
 
 
Para que haja verdadeira impessoalidade, deve a Administração voltar-se 
exclusivamente para o interesse público, e não para o privado, vedando-se, 
em consequência, sejam favorecidos alguns indivíduos em detrimento de 
outros e prejudicados alguns para favorecimento de outros. (Carvalho Filho, 
2018, pag. 76). 
 
 
Além do que, com essa prática apenas algumas pessoas obterão vantagens 
para ocuparem cargos públicos, e também entende-se que o administrador público 
além de desrespeitar o referido princípio constitucional, ainda pratica atos sem a 
devida finalidade pública, buscando alcançar objetivos próprios. Dessa maneira, o 
entendimento dos julgadores no recurso extraordinário em questão, ao afirmarem 
que não houve a prática do nepotismo em relação ao secretário de saúde, não pode 
prosperar, pois concluí-se que houve um tratamento desigual entre os agentes 
públicos concedendo-se uma vantagem àquele que tem um cargo de maior 
relevância no âmbito da administração pública. 
O julgamento parcial da decisão, restringe e desrespeita o princípio da 
moralidade que em si tratando de administração pública é um dos mais importantes, 
sendo que o administrador deve ser ético, seus atos devem ser probos e 
respeitarem o interesse comum. O princípio da moralidade deve ser aplicado a todos 
os cidadãos independente do cargo que esses ocupam no erário, o que não 
acontece devido ao disposto na S.V 13 em relação aos agentes políticos. 
O direito e a moral não andam juntos, sendo antiga a distinção entre os dois, 
e essa diferenciação é um dos pontos cruciais dos administradores públicos, pois 
nem tudo que é legal é moral e mesmo a lei sendo conivente com tal ato o 
administrador deve usar da conveniência e oportunidade para agir de maneira legal 
e moral, o que não acontece. 
 
35 
 
Em seu voto no REXT 579.951-4, a Ministra Carmem Lúcia entende que o 
princípio da moralidade tem uma primazia sobre os outros princípios formulados, 
pois toda atuação administrativa se volta a esse princípio. Então, de acordo com 
essa síntese do voto da ministra, o qual foi colacionado no item 2.3, chega-se ao 
entendimento que se toda atuação administrativa se volta a esse princípio temos 
que a não aplicação do nepotismo aos agentes políticos é escancaradamente 
imoral. 
O princípio da supremacia do interesse público, princípio esse conhecido 
como o princípio que rege a administração pública, que disciplina que o interesse 
público, ou seja, o interesse da coletividade, bem comum não pode ser sobreposto, 
ou seja, nenhum outro interesse deve estar acima deste. Quando ve-se que o 
julgado foi parcialmente procedente a não anulação da contratação do irmão do 
vereador para o cargo de secretário de Saúde da cidade de Água Nova, obtem-se 
que o interesse particular se sobrepôs ao interesse público, sendo o referido caso 
uma forma de troca de favores o que é comum no nosso atual cenário político no 
país. Atenta-se também que o nepotismo nada mais é do que uma troca de favores 
entre os chefes do poder executivo para com os seus aliados, fazendo com que 
assim seus interesses e o de terceiros prevaleçam. 
 
 
O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é 
princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. É a própria 
condição de sua existência. Assim, não se radica em dispositivo específico 
algum da Constituição, ainda que inúmeros aludam ou impliquem 
manifestações concretas dele, como, por exemplo, os princípios da função 
social da propriedade, da defesa do consumidor ou do meio ambiente (art. 
170, III, V e VI), ou tantos outros. Afinal, o princípio em causa é um 
pressuposto lógico do convívio social. Para o Direito Administrativo 
interessam apenas os aspectos de sua expressão na esfera administrativa, 
para não deixar sem referência constitucional algumas aplicações concretas 
especificamente dispostas na Lei Maior e pertinentes ao Direito 
Administrativo, basta referir os institutos da desapropriação e da requisição 
(art. 5º, XXIV e XXV), nos quais é evidente a supremacia do interesse 
público sobre o interesse privado. (BANDEIRA DE MELLO, pág. 96,2009) 
 
 
 
Não pode-se esquecer que o princípio da eficiência, o qual foi incluído por 
meio da Emenda Constitucional 19/1998, o qual preza pelo bom funcionamento da 
administração pública e neste caso em epígrafe podemos notar que a eficiência dos 
que ocupam esses cargos que não são alcançados mediante concurso público, não 
é demonstrada. 
36 
 
Não há uma avaliação técnica para que seja comprovada a aptidão para 
ocuparem cargos de enorme importância no erário. Na decisão do recurso não é 
mencionada a capacidade técnica do irmão do vereador, sendo feita apenas a 
análise se o ato de contratação desse era cabível de anulação devido à prática do 
nepotismo. Posto isso, conclui-se que os princípios constitucionais que regem a 
administração pública no país não foram devidamente estudados e aplicados neste 
caso, sendo que foi excluída a primazia da legalidade administrativa, não houve 
impessoalidade na contratação do secretário de saúde, o que torna o ato 
notoriamente imoral com finco de usar a máquina estatal em benefício próprio, o 
interesse particular sobrepondo o interesse público, e tem-se que com a não 
comprovação da eficiência dos que ocupam esses cargos comissionados, não se 
justifica as contratações dessas pessoas que não preenchem nenhum dos 
requisitos. 
O ministro Luiz Fux defende que independente do cargo que o agente tem 
na administração pública tem que considerar também a sua capacidade técnica. 
 
 Nessa seara, tem-se que a nomeação de agente para exercício de cargo 
na administração pública, em qualquer nível, fundada apenas e tão somente 
no grau de parentesco com a autoridade nomeante, sem levar em conta a 
capacidade técnica para o seu desempenho de forma eficiente, além de 
violar o interesse público, mostra-se contrária ao princípio republicano. 
(BRASIL, STF, 2014) 
 
Ultimamente, devido a particularidade da aplicação do nepotismo aos 
agentes político tem-se analisado se o agente detentor do cargo político tem aptidão 
para ocupar o mesmo, e caso não seja comprovada a capacidade técnica do agente 
, a ele será aplicada a Súmula Vinculante 13 ; considerando sua contratação ilegal 
pois foi feita pelo favorecimento do grau de parentesco, ou seja, usou-se do 
nepotismo. 
Cola-se abaixo a decisão do Agravo Regimental na Reclamação 28.024 DE 
São Paulo, com relatoria do Ministro Roberto Barroso, que dispõe: 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECLAMAÇÃO. 
NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTE 13. 1. O Supremo Tribunal Federal 
tem afastado a aplicação da Súmula Vinculante 13 a cargos públicos de 
37 
 
natureza política, ressalvados os casos de inequívoca falta de 
razoabilidade, por manifesta ausência de qualificação técnica ou 
inidoneidade moral. Precedentes. 2. Não há nos autos qualquer elemento 
que demonstre a ausência de razoabilidade da nomeação. 3. Agravo interno 
a que se nega provimento. 
 
Tal decisão teve proferido acórdão que negou

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