Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Relações Internacionais Desafios de Aprofundamento do Mercosul sob a Perspectiva Logística. Projeto de Pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso em Relações Internacionais supervisionado pelo Professor André Sena. Realizadores: Camille Martins Caldas Sousa Gabriela Ribeiro Francisco Juliana Melo Calixto da Silva 2018 APRESENTAÇÃO: Os desafios de integração regional do Mercosul a partir do viés da logística vem sendo acompanhados desde a criação deste bloco econômico em 1991 e se desdobraram ao longo dos anos como barreiras à integração regional dos países membros deste bloco. Sendo assim, o presente trabalho torna-se relevante tendo em vista a importância da logística para a promoção da integração regional do Mercosul. A logística afeta a dinâmica do comércio proposta pelo MERCOSUL, acarretando bilhões de produtos com dificuldade de locomoção e entrada nos países do bloco, anualmente. Com isso, o presente trabalho busca entender como os países do bloco reagem ao problema, levando em consideração as suas políticas e especificidades. OBJETIVO: Objetivo geral: Examinar como os Estados membros do MERCOSUL respondem aos desafios logísticos da Integração Regional, no Cone Sul, a partir de: 1- Analisar os desafios logísticos ao comércio do MERCOSUL 2- Examinar os prejuízos e os aspectos negativos feitos por esses desafios 3- Identificar como os Estados reagem a esses desafios HIPÓTESE: Tendo a pesquisa analisando os problemas da logística no MERCOSUL, pode-se observar que a questão logística é o principal problema para o aprofundamento do bloco. A hipótese levantada por essa pesquisa é que: Os membros do MERCOSUL respondem aos desafios logísticos da integração regional, a existência de barreiras alfandegárias e problemas com meios de transporte, visando à redução da sua vulnerabilidade frente aos problemas tênues ligados à logística e à manutenção dos problemas políticos e econômicos da integração. REFERENCIAL TEÓRICO: Criada como uma alternativa às teorias existentes, a teoria da Interdependência tem como objetivo compreender o contexto político mundial e sua interferência nas políticas estatais. “We live in an era of interdependence”1 (Keohane & Nye, 1989, p. 3). Esta frase inicia o livro Power and Interdependence, escrito pelos teóricos da relações internacionais e pensadores iniciais da teoria da interdependência, Joseph Nye e Robert Keohane e exala o que é a teoria no século XX e XXI segundo a ótica dos autores. Esta teoria aborda a cooperação recíproca, que seria a dependência mútua e contempla a interferência de forças externas que influenciam atores em diversos países. Com base na Teoria da Interdependência, o poder se manifesta de duas formas, as quais são descritas como sensibilidade e vulnerabilidade. Ambas as dimensões influenciam tanto no contexto interno, quanto no contexto externo, de modo que a sensibilidade se refere ao impacto interno que as alterações em âmbito internacional causam; e a vulnerabilidade se demonstra a partir da capacidade de um ator de enfrentar as mudanças no cenário internacional. Esta dimensão se destaca como um elemento importante para a política internacional, pois no momento em que o ator em questão for menos vulnerável e possuir maior poder de barganha e ao mesmo tempo grande possibilidade de estratégias nas relações internacionais, mais essa influência acarretará riscos (ALVES, 2003, p.356). METODOLOGIA Para o desenvolvimento do projeto será utilizado a metodologia qualitativa, do tipo exploratória pela qual será possível realizar o método da revisão bibliográfica das mais variadas fontes construídas em volta dos Desafios Logísticos no Mercosul no período entre 1991 à 2018. Sendo assim, serão realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisas documentais em bibliotecas como a Biblioteca Nacional a fim de encontrar livros elaborados com o propósito de elucidar e consolidar o conhecimento a respeito dos desafios logísticos no Mercosul. Da mesma forma essa busca se estenderá também ao referencial teórico proposto neste projeto. Assim sendo, há a extensão da busca em pretensão de encontrar uma solidez maior frente a obra matriz do referencial teórico. Ponderando a era moderna em que o assunto se mostra inserido e observando a maior rotatividade dos artigos em periódicos tendo em vista a atualidade do assunto aludido no projeto, outro meio para a realização do mesmo são os artigos científicos. Perpassando entre questões políticas e logísticas os artigos científicos aludidos por este projeto apresentam-se inseridos no meio informativo de conhecimento a respeito do tema em questão. Deste modo serão utilizados portais de artigos como o Scholar Google, SciELO e etc. Por fim, a análise de Estudo de Caso permitirá que, a partir das metodologias mencionadas será possível percorrer a hipótese do projeto com o objetivo, permitindo lançar um olhar logístico sobre a dinâmica do Mercosul. BIBLIOGRAFIA COMENTADA: LIVROS: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Desafios para a integração logística na América do Sul, 2015. Brasília. Desde os anos de 1980 ocorreram avanços importantes na agenda econômica desta integração, que estiveram por trás do forte aumento do comércio brasileiro com os outros países da região nesse período. Mesmo com a redução das barreiras tarifárias às importações de outros países da região, o Mercosul permanece uma zona de livre comércio; e a má qualidade da infraestrutura, que possui importância relativa tem aumentado conforme se avança na diminuição das barreiras tarifárias e não tarifárias aos fluxos de comércio intrarregional. NYE, Joseph; KEOHANE, Robert. Power and Interdependence. Quarta edição, 1977. A teoria da Interdependência é de extrema importância para explicar as questões, seja a influência dos atores internacionais ou o processo de negociação dentro das suas esferas, considerando a atuação das mesmas e a eficácia das organizações internacionais, ocorrendo ou não relevância no cenário global. Keohane e Nye enfatizam o fato de que sempre é possível haver guerra entre os Estados soberanos sobre a barganha de poder, devido a perspectiva realista. NETO, Walter Antônio Desiderá. O Brasil e Novas Dimensões da Integração Regional. IPEA. 2014. Específica que desde o ano de 1990, o regionalismo sul-americanofoi marcado por um aspecto que privilegiava na redução das barreiras aos fluxos comerciais e de investimentos, contribuindo assim com a formação de uniões aduaneiras e de mercados comuns. A partir do século XXI, começa a ocorrer o regionalismo multidimensional, que tem o foco para novos temas como a questão social, a diminuição das assimetrias estruturais, a cooperação em defesa, os investimentos em infraestrutura de transportes, energia e comunicações. LUDOVICO, Nelson. Logística Internacional – Um Enfoque em Comércio Exterior. Editora Saraiva, 2013. O Brasil é considerado um dos grandes parceiros comerciais para muitos países, e para isso as atividades como logística e comércio exterior se tornam fundamentais para as empresas que necessitam se destacar devido a globalização. Apresentando um breve histórico da logística no país e destacando qual a sua importância deste setor, incluindo as características tanto dos transportes aéreos e marítimos. GADELHA, Regina Maria A. F. Mercosul a Unasul – Avanços do Processo de Integração. Editoras FAPESP e EDUC, 2013. O livro baseia-se na pergunta “Há futuro para o pequeno bloco Mercosul? ”, partindo da necessidade de efetuar um balanço do processo de integração do bloco durante os 20 anos de existência. Unindo com o pensamento de que o bloco irá ou não resistir a mais um projeto da Unasul, e se também sobreviverá sobre as investidas dos países centrais, analisando também o impacto vivido pelas populações dos países do bloco. NOVO, Benigno Nuñez; NASCIMENTO, João Paulo Lima. Os Desafios do Mercosul. Edição: 1,2017. Os autores enfatizam que o Mercosul possui uma visão estratégica, explicando que sem o bloco seria um modo mais fatal de adquirir suas fragilidades. Com o bloco em questão será possível dialogar com blocos mais fortes em todo o mundo, e isso faz com que o Mercosul seja o grande expoente brasileiro no cenário internacional, nas relações políticas e econômicas; promovendo assim uma maior estruturação no status do bloco econômico. FREITAS JÚNIOR, Antônio. Manual do Mercosul – Globalização e Integração Regional. Editora BH, 2006. O livro apresenta que os elementos mais representativos do momento atual são os processos de integração regional e a globalização. A nova configuração de política econômica possui uma expressão mais visível a regionalização e multilateralização de relações entre os Estados; estes ainda se mantêm como atores internacionais no contexto de relações internacionais. A integração regional no contexto do livro se direciona a uma possível resposta à fragmentação do sistema internacional e a globalização. ARTIGOS: SILVEIRA, Marcos Rogério. Infraestruturas e Logística de Transportes no Processo de Integração Econômica e Territorial. Editora Mercator, 2002. O artigo busca analisar a evolução da integração territorial por meio da ampliação de uma sequência de infraestruturas de transporte, de armazenamento e da logística que possui a capacidade de estabelecer uma rede de fluxos para o desenvolvimento brasileiro e também para a integração da América do Sul. A construção de obras de integração não ampara apenas na ampliação e reorganização da abundância econômica, mas também na flexibilidade populacional e na criação de um efeito multiplicador via geração de emprego e renda. DE SOUZA, Victor Hélio Pereira. Integração Territorial no Mercosul: o caso da IIRSA/COSIPLAN. Santa Catarina, 2014 Ao fim do século XX, os países passam a expandir suas devidas participações no comércio exterior, utilizando do regionalismo como forma de competitividade internacional. Ampliou a busca por novos mercados, diversificando assim seus parceiros comerciais, visando à diminuição dos riscos originados das crises de demanda A partir disso, iniciou-se os projetos que dariam ao começo do bloco Mercosul. BALBÉ, Fabiane Frois; MACHADO, Taise Andrade. O Mercosul como experiência de Integração Econômica: Avaliações e Perspectivas. II Encontro de Economia Catarinense – Artigos Científicos. Chapecó, 2008. O artigo aborda as principais evoluções do bloco Mercosul, pois com o Tratado de Assunção, a União Aduaneira do bloco é considerada como imperfeita. Mesmo com o crescimento bastante significativo do fluxo comercial entre os países membros, são necessárias políticas que reduzam as assimetrias entre os membros, formem uma identidade regional e implementem políticas macroeconômicas convergentes; para que assim, o processo integracionista evolua. VIZENTINI, Paulo G. F.Dez anos do Mercosul: a crise da integração e o desafio da ALCA. Rio Grande do Sul. Com dez anos de sua existência, o Mercosul começa a passar por uma crise no quesito das negociações no estabelecimento da Área de Livre-Comércio das Américas. Começa-se então as visões pessimistas diante do futuro do bloco. O artigo busca analisar os debates da Cone Sul, e explica que a crise é um projeto neoliberalista de inserção internacional, assim como o sistema internacional. BARBIERO, Alan; CHALOUT, Yves. Desafios, estratégias e alianças das centrais sindicais do Mercosul. Civitas Revistas de Ciências Sociais. Ano 1. Número 1, 2000. Durante os anos de 1990, o procedimento de regionalização e consolidação de blocos econômicos foi se fortalecendo e iniciando o interesse em diferentes atores sociais. Em primeiro lugar, a integração regional Mercosul chamou pouca atenção da maior parte das centrais sindicais do Cone Sul. Entretanto, de modo que os governos do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai aprofundavam as negociações, as mesmas transformavam sua estratégia de inserção no processo. 6. RESULTADOS: 6.1. Desafios logísticos ao comércio no MERCOSUL Os desafios enfrentados pelo Mercosul na esfera logística vão além de problemas na integração física, e perpetuam na esfera político e burocrática. A falta ou baixos investimentos no setor acarreta em rodovias má estruturadas, pouco desenvolvimento rodoviário e alto índice de uso de transporte marítimo nas trocas comerciais. Os Estados do bloco desenvolvem mais os meios de transporte de longas distâncias, para o comércio com terceiros, do que investem na região, isso faz com que as condições físicas sejam precárias e o valor que seria vantajoso no comércio, devido à proximidade geográfica, se torna elevado e menos competitivo internacionalmente. Para além deste fato, as questões burocráticas que mesmo após 25 anos da criação do bloco, segundo a Confederação Nacional do Transporte Brasileira, traz prejuízos às transportadoras e acaba deixando até 5 dias presos nas aduanas caminhões que precisam circular nos países latino-americano, segundo o coordenador do capítulo do Brasil na CIT (Câmara Interamericana dos Transportes) “(...) Os países que fazem parte do bloco têmlegislações diferentes, o que torna o tempo de espera no transporte de mercadorias elevado”. As questões políticas internas refletidas no âmbito externo também se mostram presentes no bloco, as visões dos países membros, a respeito da política econômica internacional, se mostram diferentes, algumas dessas visões políticas resultam das dificuldades econômicas objetivas das partes. 6.2. Danos Causados pelos desafios logísticos As relações comerciais entre os países do bloco não conseguem atingir seu total potencial, entre outros problemas estruturais do bloco, devido aos problemas logísticos. As vantagens na integração de países vizinhos, com proximidades físicas se deterioram a medida que os meios de transporte não recebem os investimentos necessários e se encontram em seu pleno potencial de uso. Precariedade de estradas, pouco desenvolvimento de ferrovias e uso excessivo de meios aquáticos, encarecem as transações. Segundo Marcio Stewar, diretor da empresa InfoAmericas' Transportation & Logistics Practice em análise publicada no Forum LatinAsia Business em 2006; A falta de investimentos no setor nos últimos 15 anos fez com que a atual explosão de exportações empurrasse a infra-estrutura de transporte ao seu limite e representasse um obstáculo para o aumento expressivo das exportações na região, disse o diretor da empresa. 6.3. Reação dos membros do MERCOSUL aos desafios logísticos Dada as circunstâncias das estruturas logísticas, os membros do MERCOSUL criam o FOCEM, que é o fundo para convergência estrutural do Mercosul. A partir do financiamento dos países do bloco, o fundo busca melhoria física na integração, melhorando assim as assimetrias do bloco. Segundo o Mercosul, o investimento gerado por cada parte diz respeito ao tamanho das economias, tendo assim o Brasil como principal investidor, cerca de 70% do montante e o Paraguai responsável por aproximadamente 1%. Até 2015, 49 projetos fizeram parte da história do FOCEM, e cerca de 45 projetos foram aprovados, tendo uma contribuição de mais de 1 bilhão de dólares. 7. ANÁLISE: 7.1. Desafios logísticos ao comércio no MERCOSUL Tendo em vista os desafios logísticos ao comércio no Mercosul, observando pela ótica da teoria da interdependência complexa, e observando os problemas que estes desafios geram pode-se analisar a situação de que os Estados são considerados sensíveis, e devido aos atuais desafios logísticos expostos neste trabalho, terá como consequência um aumento nos custos, os tornando assim Estados vulneráveis. 7.2. Danos Causados pelos desafios logísticos Os danos causados pelos desafios logísticos podem ser analisados de acordo com a dimensão da vulnerabilidade presente no redigir de Nye e Keohane (1989, p.227-8.) como a responsabilidade de um ator em sofrer custos impostos por eventos externos, mesmo depois de as políticas terem sido alteradas. Sendo assim, os danos causados pelos desafios logísticos podem promover custos aos Estados membros. 7.3. Reação dos membros do MERCOSUL aos desafios logísticos Mediante ao resultado apresentado, ao lançar um olhar sob esta perspectiva, a teoria da interdependência complexa associa-se ao fato em questão através da dimensão da vulnerabilidade, evidenciando o potencial de resposta dos países em relação a problemas que possam afetar tanto a integração quanto a política interna dos países. Concluindo assim que a FOCEM e a integração nos âmbitos logísticos produzirão uma redução da vulnerabilidade. CONCLUSÃO Tendo em vista os estudos realizados no presente projeto, conclui-se primeiramente que o argumento central apresentado inicialmente foi confirmado. Ou seja, os Estados membros visam sim reduzir a vulnerabilidade apresentada nos problemas existentes do bloco, de modo que primeiramente o Mercosul era identificado no conceito de sensibilidade, e ao decorrer do tempo em que os desafios foram apresentados, o bloco se tornou vulnerável. Visando abordar ainda mais o tema apresentado neste projeto, futuramente será necessário a pesquisa de possíveis superações dos desafios apresentados neste trabalho, se houve ou não o fim da vulnerabilidade do Mercosul, além de analisar os futuros andamentos de maneira geral do bloco econômico. Atualmente o Mercosul têm desenvolvido meios, internos e externos, para solucionar tais desafios mencionados no presente trabalho. Segundo o Mercosul, alguns meios internos como os projetos de Iniciativas Facilitadoras de Comércio e Protocolo de Coerência Regulatória, promovidas pelo Brasil, e a aprovação do Protocolo de Cooperação e Facilitação de Investimentos esclarecem a tentativa, rescente, de desenvolvimento do bloco. 1 No âmbito externo, um exemplo desse desenvolvimento do Mercosul é, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do governo brasileiro; o início das negociações entre o Canadá e o Mercosul visando um acordo de livre comércio. Evidenciam o notório incentivo ao desenvolvimento do bloco na tentativa de solucionar as questões burocrática, físicas e políticas que auxiliavam o caráter vulnerável do bloco. 1 Protocolo aprovado em 2017 no Mercosul. Este protocolo amplia a segurança jurídica e aprimora o ambiente para atração de novos investimentos na região.
Compartilhar