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TÉCNICAS DE REDAÇÃO JURÍDICA

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Prévia do material em texto

CURSO DE DIREITO – 3º SEMESTRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS DE REDAÇÃO JURÍDICA 
 
 
Material didático elaborado e 
organizado pelos professores 
Alice Yoko Horikawa, 
Márcia Sanches e 
Sérgio Simões 
 
 
 
 
 
Com a colaboração das professoras 
Roseli Lombardi, Renata Cristina dos Reis e Magda Gardelli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2014/1 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
2 
SUMÁRIO 
 
 
PLANO DE ENSINO…………..…………………………………………………………….3 
PARA INÍCIO DE CONVERSA…………………………………………………………….5 
REFLEXÕES SOBRE A ESCRITA JURÍDICA…………………………………………..6 
 LINGUAGEM DO DIREITO…………………………………………………………………….9 
 Juridiquês…………………………………………………………………………………11 
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM JURÍDICA……………………………………19 
 PRECISÃO……………………………………………………………………………….19 
 TERMOS ANÁLOGOS……………………………………………………………………..20 
 TERMOS EQUÍVOCOS……………………………………………………………………21 
 TERMOS UNÍVOCOS……………………………………………………………………..22 
 CONCISÃO………………………………………………………………………………27 
 FORMALIDADE…………………………………………………………………………29 
PETIÇÃO INICIAL………………………………………………………………………….34 
CONCEITO………………………………………………………………………………….34 
 REQUISITOS FORMAIS..……………………………………………………………………34 
ASPECTOS FORMAIS……………………………………………………………………….36 
ASPECTOS FORMAIS E GRAMATICAIS……………………………………………………...38 
COERÊNCIA TEXTUAL: A ESTRUTURA FRASAL…………………………………..42 
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO JURÍDICA………………………………………..49 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM……………………………………………………………..51 
ARGUMENTAÇÃO: OPERADORES ARGUMENTATIVOS…….……………………61 
ATIVIDADES COMPLEMENTARES.……………………………………………………66 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
3 
CURSO: Direito 
DISCIPLINA: Técnicas de Redação Jurídica 
Plano de ensino 
 
DATAS IMPORTANTES: 
 1ª avaliação – data limite: _______________ 
 2ª avaliação – data limite: _______________ 
 3ª avaliação - data limite: _______________ 
 
EMENTA: Linguagem técnica jurídica com enfoque nas características precisão, concisão e 
formalidade. A linguagem no Direito mantém um vocabulário clássico e erudito e seu bom uso adquire 
maior relevância de estilo em comparação com outras ciências, cabendo ao aplicador do Direito não 
apenas conhecer a linguagem técnico-jurídica, mas também utilizá-la corretamente. 
 
OBJETIVOS: a) oferecer uma introdução à sistemática da linguagem do Direito; b) desenvolver no 
aluno o domínio da linguagem jurídica; c) desenvolver no aluno as competências necessárias para 
escrever um texto jurídico de boa qualidade; d) auxiliar o aluno a argumentar com propriedade 
 
CRONOGRAMA 
Apresentação do curso e orientações gerais 
Linguagem jurídica: juridiquês, brocardo, jargão 
Linguagem jurídica: Análise de textos 
Características do texto jurídico: precisão e adequação 
Características do texto jurídico: precisão (sinonímia, paronímia, homonímia, antonímia, ambiguidade, 
tautologia) 
Características do texto jurídico: concisão 
Características do texto jurídico: análise (precisão, concisão) 
Características do texto jurídico: formalidade (vícios de linguagem) 
Características do texto jurídico: formalidade (aspectos gramaticais relevantes para o texto jurídico) 
Características do texto jurídico: análise (formalidade). 
AV1 – Questões dissertativas 
Devolutiva da AV1 
Processo de comunicação: funções da linguagem (referencial, expressiva, poética, conativa, fática e 
metalinguística) e sua importância para o discurso jurídico 
Texto jurídico: impessoalidade, objetividade, subjetividade 
Texto jurídico: pressuposto, inferência 
AVALIAÇÃO INTEGRADA – múltipla escolha com justificativa 
Argumentação: modalizador, operadores argumentativos 
AVALIAÇÃO INTEGRADA – múltipla escolha 
Argumentação: análise de textos jurídicos 
Argumentação: devolutiva da análise de textos jurídicos 
 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
4 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
HENRIQUES, Antonio e DAMIÃO, Regina. Curso de Português Jurídico. 10ªa ed. São Paulo: Atlas, 
2008. 
 
MORENO, Cláudio; MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em 
direito. São Paulo: Ática, 2006. 
 
XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. 15a ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
MACEDO, Iraelcio Ferreira, et. al. Lições de gramática aplicadas ao texto jurídico. Rio de Janeiro, 
Forense, 2007. 
 
MEDEIROS, João Bosco, TOMASI, Carolina. Português forense: a produção do sentido. São Paulo: 
Atlas, 2004. 
 
SIMÕES, Sérgio. Escrever corretamente sem segredo. Série Palavra Final, v. 5. São Paulo: Uninove, 
2010. 
 
_______. Redação jurídica sem segredo I. Série Palavra Final, v.6. São Paulo: Uninove, 2010. 
 
_______. Redação jurídica sem segredo II. Série Palavra Final, v.7. São Paulo: Uninove, 2012. 
 
_______. Língua: a prática sem segredo. Série Palavra Final, v.10. São Paulo: Uninove, 2012. 
 
METODOLOGIA DE ENSINO 
1. Exposição dos temas pelo professor em sala com participação da plateia discente e com suporte 
em roteiro escrito, com ou sem recurso a equipamentos audiovisuais; 
2. Exploração da matéria sob forma de atividades práticas (individual ou em grupo e correção em 
sala de aula); 
3. Pesquisa, nos veículos de comunicação social, para discussão em sala, de eventos reais 
relacionados com o da disciplina. 
4. Pesquisa e discussão conjunta sobre questões que abordam a linguagem jurídica. 
 
SISTEMA DE AVALIAÇÃO 
 A Av1 deve ser individual, de natureza dissertativa. A consulta ao material (doutrina) é prerrogativa 
do professor. A Av2 será uma avaliação integrada contemplando questões de múltipla escolha com 
justificativa. O aluno poderá consultar a doutrina. A Av3 será uma avaliação integrada (sem 
consulta) com questões de múltipla escolha. A média final corresponde à divisão do total da soma 
entre as duas maiores notas. 
 
 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
5 
PARA INÍCIO DE CONVERSA... 
Leia o texto 
O ato de produzir textos, principalmente na modalidade escrita, é um drama constante 
naqueles que se predispõem a isso. Ledo engano imaginar que escrever de acordo com a 
norma   culta   é   um   “dom”,   porque   tal   ação   exige   muito   treino,   muita   pesquisa   e,  
principalmente, a releitura de tudo o que se produz por meio da escrita. 
Em semestres anteriores, estudaram-se as estruturas da frase, a organização dos 
períodos, para levar os alunos à produção de textos coerentes e coesos. Escrever textos claros, 
concisos,  de  maneira  “precisa”,   formal,  utilizando   termos jurídicos, não é tarefa fácil. Além 
disso,   não   há   “receitas”   prontas”,   que   transformem   o   aluno   em   um   excelente   operador   do  
Direito. Pensando nisso, esta disciplina tem por objetivo capacitá-lo a compreender as 
diferenças existentes entre a linguagem informal (muito associada à fala) e a formal (muito 
apreciada no judiciário). Aqui, haverá apenas alguns instrumentos e orientações que 
direcionarão o aluno a uma conduta autônoma de pesquisas e de estudos em outras fontes 
bibliográficas, que o auxiliará nos momentos em que a escrita formal se fizer necessária. O 
domínio da norma culta pode permitir ao estudante o acesso a uma variante da língua 
portuguesa pertencente às classes sociais mais privilegiadas, muito utilizada no meio jurídico. 
 A redação jurídica, em determinados usos, difere da literária, por exemplo, que é mais 
livre.   Enquantoa   linguagem   literária   possui   uma   espécie   de   “licença   poética”   pois,   em  
determinados gêneros, podem-se utilizar termos coloquiais (gírias, variações regionais etc.); a 
jurídica, por ser um dos instrumentos de trabalho dos operadores do direito (juízes, 
promotores, servidores da Justiça, advogados), segue os ditames normativos da língua 
portuguesa. Portanto, o discurso, em boa linguagem, é fator decisivo para o sucesso do 
operador do Direito. 
 
AGORA,  antes  de  “mergulharmos”  no  estudo  da  Redação  Jurídica,  queremos  convidá-
lo a ler, com atenção, o texto que segue, apontando as inconsistências sintático-semânticas 
que comprometem o discurso. No decorrer desta atividade de revisão e reescrita textual, 
trataremos de alguns aspectos (precisão, concisão, coerência, coesão e correção) que devem 
ser observados na linguagem forense e que serão abordados em nossas aulas de TRJ. 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
6 
Vivemos em uma sociedade, em que a maioria das vagas dos vestibulares são 
preenchidas por alunos de escolas particulares, enquanto os alunos da rede pública detêm uma 
porcentagem muito inferior. Mas este quadro mudará com a extinção dos vestibulares, pois irá 
proporcionar oportunidades a aqueles que provêm de escolas públicas e incentivo para 
continuarem estudando. 
 As péssimas condições de ensino e a falta de compromisso dos governantes para com 
as escolas públicas, fazem com que os alunos apresentem dificuldades na hora do vestibular e 
não conseguindo competir com alunos de escolas particulares acabam se prejudicando. Mas 
com a extinção deste e a avaliação da vida escolar dos alunos, estes terão chances de 
ingressarem no ensino superior, que nos dias de hoje isto se torna quase impossível e também 
tem a questão do nervosismo em que acaba prejudicando os candidatos, em que avaliam 
apenas naquele momento, sem contarem a sua preparação, os seus conhecimentos que naquele 
instante devido a circunstâncias ficaram esquecidos. 
 Além de propiciar oportunidades, esta mudança incentivará os alunos a obter um 
número de freqüência maior nas escolas, pois terão como objetivo apresentar resultados nas 
entidades escolares, e os que já nelas se encontram participar mais das atividades realizadas 
por estas. Começarão a cobrar mais dos professores e também de si mesmo. Em conseqüência 
disto o ensino irá melhorar, todos terão oportunidades de mostrar o seu conhecimento não só 
em um momento, mas no decorrer de sua passagem pela escola. 
 Em suma, os fatos já mencionados poderão contribuir e tornarão propício a igualdade 
para todos que pensam cursar uma universidade, tanto para aqueles de escolas públicas como 
particulares, o que diferenciará será os resultados que cada um apresentarem no processo 
ensino-aprendizagem. (Jornal Folha de S.Paulo). 
 
 
Reflexões sobre a escrita jurídica 
 
 
Questões para reflexão: 
 
1. Ao produzir um texto (oral ou escrito), em contexto jurídico, quais aspectos da linguagem 
você observaria para obter sucesso na interlocução? 
 
2. Você considera importante que o Direito faça uso de uma linguagem própria, específica? 
 
3. Você considera a linguagem jurídica acessível? 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
7 
4. Agora, leia o texto abaixo e responda: Como você avalia o uso que o juiz, mencionado na 
notícia transcrita, faz da linguagem? 
 
Juiz chama "BBBs" de "gostosas" em sentença (FSP, 3.2.2009) 
 
Ao justificar indenização por televisor quebrado, magistrado do RJ citou as 
participantes do programa 
DA SUCURSAL DO RIO 
 Assistir às "gostosas" do "Big Brother Brasil" foi uma das justificativas de um juiz do 
Rio para dar ganho de causa a um homem que ficou meses sem poder ver televisão. O juiz 
Cláudio Ferreira Rodrigues, 39, titular da Vara Cível de Campos dos Goytacazes (278 km do 
Rio), justificou sua sentença dizendo que procura "ser sempre o mais informal possível". 
 Ao determinar o pagamento de indenização de R$ 6.000 por defeito em um aparelho 
de TV, o juiz afirmou na sentença: "Na vida moderna, não há como negar que um aparelho 
televisor, presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como 
o autor poderia assistir às gostosas do "Big Brother'?". 
 O magistrado disse que procura ser direto para que o autor da ação entenda por que 
ganhou ou perdeu. Para ele, quem reclama na Justiça é quem mais deve ser respeitado, porque 
"é o cara que paga o tributo". "Não adianta ficar falando só o que os advogados sabem sem 
chegar à cognição do jurisdicionado. Fiz aquela folha de brincadeira para deixar informal." 
 Ele argumenta que a expressão foi usada para fundamentar o autor da ação, um senhor 
que contou ter ficado por seis meses sem assistir ao "BBB", ao "Jornal Nacional" e a jogos de 
futebol, por um defeito da TV. O juiz diz que não se arrepende. 
 "[As garotas que participam do "BBB'] Não são escolhidas pelo padrão de beleza? 
90% das mulheres que vão para lá são bonitas realmente. Talvez eu tenha pecado pela 
linguagem. Poderia ter falado: "Deixando de observar as meninas com um padrão físico'", 
ironizou. 
 Na sentença, ele ainda faz piada com dois times cariocas. Assim como o autor da ação, 
que contou ser flamenguista, ele brinca com a situação do Fluminense e do Vasco, que foi 
rebaixado no ano passado. "Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria 
a necessidade de haver TV, já que para sofrer não se precisa de TV", diz, na sentença. 
 "Eu sou flamenguista, mas todo mundo sabe disso. Tem um outro processo em que eu 
sacaneio o meu próprio time. E não provocou nenhuma celeuma. Eu podia ser criticado se eu 
fosse moroso demais. Estou fazendo o que meu antecessor não fez." (MALU TOLEDO) 
 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
8 
Leia a íntegra da sentença 
 "Foi aberta a audiência do processo acima referido na presença do Dr. Cláudio Ferreira 
Rodrigues, Juiz de Direito. Ao pregão responderam as partes assistidas por seus patronos. 
Proposta a conciliação, esta foi recusada. 
 Pela parte ré foi oferecida contestação escrita, acrescida oralmente pelo advogado da 
Casas Bahia para arguir a preliminar de incompetência deste Juizado pela necessidade de 
prova pericial, cuja vista foi franqueada à parte contrária, que se reportou aos termos do 
pedido, alegando ser impertinente a citada preliminar. 
 Pelo MM. Dr. Juiz foi prolatada a seguinte sentença: Dispensado o relatório da forma 
do art. 38 da Lei 9.099/95, passo a decidir. Rejeito a preliminar de incompetência deste 
Juizado em razão de necessidade de prova pericial. Se quisessem, ambos os réus, na forma do 
art. 35 da Lei 9.099/95, fazer juntar à presente relação processual laudo do assistente técnico 
comprovando a inexistência do defeito ou fato exclusivo do consumidor. Não o fizeram, agora 
somente a si próprias podem se imputar. Rejeito também a preliminar de ilegitimidade da ré 
Casas Bahia. 
 Tão logo foi este fornecedor notificado do defeito, deveria o mesmo ter, na forma do 
art. 28, § 1º, da Lei 8078/90, ter solucionado o problema do consumidor. Registre-se que se 
discute no caso concreto a evolução do vício para fato do produto fornecido pelos réus. No 
mérito, por omissão da atividade instrutória dos fornecedores, não foi produzida nenhuma 
prova em sentido contrário ao alegado pelo autor-consumidor. 
 Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor, presente na quase 
totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como o autorpoderia assistir as 
gostosas do Big Brother, ou o Jornal Nacional, ou um jogo do Americano x Macaé, ou 
principalmente jogo do Flamengo, do qual o autor se declarou torcedor? 
 Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade de 
haver televisor, já que para sofrer não se precisa de televisão. Este Juizado, com endosso do 
Conselho, tem entendido que, excedido prazo razoável para a entrega de produto adquirido no 
mercado de consumo, há lesão de sentimento. 
 Considerando a extensão da lesão, a situação pessoal das partes neste conflito, a 
pujança econômica do réu, o cuidado de se afastar o enriquecimento sem causa e a decisão 
judicial que em nada repercute na esfera jurídica da entidade agressora, justo e lícito parece 
que os danos morais sejam compensados com a quantia de R$ 6.000,00. 
 Posto isto, na forma do art. 269, I, julgo parcialmente procedente o pedido, resolvendo 
seu mérito, para condenar a empresa ré a pagar ao autor, pelos danos morais experimentados, 
a quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais), monetariamente corrigida a partir da publicação 
deste julgado e com juros moratórios a contar da data do evento danoso, tendo em vista a 
natureza absoluta do ilícito civil. Publicada e intimadas as partes em audiência. Registre-se. 
Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Nada mais havendo, mandou 
encerrar. Eu, Secretário, o digitei. E eu, , Resp. p/ Exp., subscrevo. 
(Sentença extraída do site www.espacovital.com.br) 
 
Para nos auxiliar nessa reflexão, vejamos o que diz Adalberto Kaspary em seu artigo de 
opinião que analisa a linguagem jurídica: 
 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
9 
LINGUAGEM DO DIREITO1 
(Espaço Vital Artigos - 30.06.2003) Adalberto J. Kaspary 2 
O Direito é uma profissão de palavras. (D. Mellinkoff) 
 Em toda profissão a palavra pode ser útil, inclusive necessária. No mundo do Direito, 
ela é indispensável. Nossas ferramentas não são mais que palavras, disse o jurista italiano 
Carnelutti. Todos empregam palavras para trabalhar, mas, para o jurista, elas são 
precisamente a matéria-prima de sua atividade. As leis são feitas com palavras, como as casas 
são feitas com tijolos. O jurista, em última análise, não lida com fatos, diretamente, mas com 
palavras que denotam ou pretendem denotar esses fatos. Há, portanto, uma parceria essencial 
entre o Direito e a Linguagem. 
Quando o advogado recebe o cliente e escuta sua consulta, responde com palavras. Se 
precisa elaborar um contrato ou estabelecer um acordo, é com palavras que o faz. O mesmo 
sucede quando atua em defesa de seus clientes, nas diversas instâncias do Judiciário. 
Os juízes e os tribunais, em suas sentenças, acórdãos e arestos, decidem mediante 
palavras. E a coação, ou a força, que se poderão empregar na execução desses atos terão de 
ajustar-se aos estritos termos do que neles se disse. 
O órgão do Ministério Público, em seus pareceres, em suas intervenções na sessão do 
júri e em suas demais formas de atuação, procura, mediante palavras, demonstrar que, no caso 
sob exame, cumpre adotar a solução por ele alvitrada e defendida. 
De tais considerações cabe deduzir que todo jurista deve ser um bom gramático, 
porquanto a arte de falar e escrever com propriedade é noção elementar de gramática. 
Claro que da gramática não se cairá na gramatiquice. A linguagem deve ser viva e 
dinâmica, funcional e palpitante de realidade. As questões técnicas não podem fazer esquecer 
que a luta pelo Direito gira em torno de problemas humanos. A linguagem do jurista deve ser 
instrumento a serviço da eficaz prestação jurisdicional. Ela visa a fins utilitários, antes de 
mais nada, e não a fins artísticos. 
Ao redigir, ordenam-se idéias e acontecimentos. Quanto melhor conhecermos o 
necessário instrumento para isso – as palavras –, com maior precisão nos expressaremos e 
comunicaremos. A palavra está, aqui, entendida em tudo que lhe diz respeito: seu significado 
preciso, sua forma correta e sua apropriada inserção em estruturas sintáticas simples e 
complexas. 
O conhecimento das palavras supõe a consciência de seu caráter relativo. É sabido que 
o significado das palavras é convencional e emotivo; vago e ambíguo; que são imprecisos os 
conceitos; que as palavras assumem acepções distintas nas diferentes áreas do conhecimento, 
e até dentro da mesma área, nos diversos segmentos desta. E é bem sabido que palavras como 
Liberdade, Democracia, Nacionalismo, Bem Público se empregam, muitas vezes, de forma 
contraditória e encoberta. 
 
1 (**) Artigo originalmentre inserido no saite www.fesmp.org.br 
2 (*) Formado em Letras Clássicas (Latim, Português e Grego) e em Direito, ambos pela UFRGS, advogado e professor 
do Curso de Preparação da Língua Portuguesa para Concursos da ESMP (a 5ª edição terá início em 4 de agosto). Autor 
de diversas obras, entre elas, Habeas Verba – Português para Juristas, O verbo na Linguagem Jurídica – Acepções e 
Regimes. 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
10 
A missão principal do jurista é contribuir para a realização da justiça. E a este 
propósito não somente não se opõem, antes para ele contribuem, os meios empregados e as 
formas desses meios. Fundo e forma vão tão intimamente ligados como espírito e corpo. O 
fundo – o sentido de justiça de uma decisão, por exemplo – pode vir determinado, ou mais 
exatamente fixado, pela forma sob a qual se apresenta. Na decisão, a realidade da justiça está 
objetivada nas palavras do magistrado. 
Afirma-se – e é comumente aceito – que a linguagem jurídica é uma linguagem 
tradicional, ao contrário daquela das ciências aplicadas, uma linguagem revolucionária, 
inovadora, que constantemente incorpora novos termos e expressões. 
Ocorre que o nosso Direito basicamente foi escrito em latim, língua precisa e sintética. 
O Direito, pela sua própria origem, tem, assim, uma linguagem tradicional; mas ele tem, ao 
mesmo tempo, uma linguagem revolucionária, em constante evolução, conseqüência da 
necessidade urgente de acudir a novas realidades e a soluções adequadas a estas. O acesso 
universal à justiça, a judicialização de um universo ilimitado de fatos, questões e situações 
que antes passavam ao largo do tratamento judicial, a comunicação instantânea e abrangente 
são algumas de outras tantas realidades que implicam a incorporação, ao Direito, de novos 
termos, somando-se aos já existentes. 
O desenvolvimento da técnica jurídica fez com que surgissem termos não-usuais para 
os leigos. A linguagem jurídica, no entanto, não é mais hermética, para o leigo, que qualquer 
outra linguagem científica ou técnica. Aí estão, apenas para exemplificar, a Medicina, a 
Matemática e a Informática com seus termos tão peculiares e tão esotéricos quanto os do 
Direito. 
Ocorre que o desenvolvimento da ciência jurídica se cristalizou em instrumentos e 
instituições cujo uso reiterado e cuja precisão exigiam termos próprios: servidão, novação, 
sub-rogação, enfiteuse, fideicomisso, retrovenda, evicção, distrato, curatela, concussão, 
litispendência, aquestos (esta a forma oficial), etc. são termos sintéticos que traduzem um 
amplo conteúdo jurídico, de emprego forçado para um entendimento rápido e uniforme. 
O que se critica, e com razão, é o rebuscamento gratuito, oco, balofo, expediente 
muitas vezes providencial para disfarçar a pobreza das idéias e a inconsistência dos 
argumentos. O Direito deve sempre ser expresso num idioma bem-feito; conceitualmente 
preciso, formalmente elegante, discreto e funcional. A arte do jurista é declarar 
cristalinamente o Direito.E o Direito tem dado, lá fora e aqui, mostras de que pode ser declarado numa 
linguagem paradigmática. Stendhal, romancista francês, aconselhava aos escritores o estudo 
do Código Napoleônico, de sua linguagem sóbria e funcional, para aperfeiçoar o estilo. Nosso 
Código Civil de 1916, um monumento de linguagem simples, precisa e elegante, há de – ou 
deveria, ao menos – servir sempre de inspiração e modelo aos que lidam com o Direito, em 
suas mais diversas modalidades de atuação. (O atual Código Civil, de 2002, lamentavelmente, 
deixa, em vários momentos, a desejar em matéria de linguagem correta, clara e precisa.). 
Quem lida com o Direito, em suas diferentes concretizações, deve aspirar a expor o 
conteúdo mais exato na expressão mais adequada. E isso implica uma convivência definitiva 
– harmônica e amorosa – com a Linguagem. Direito e Linguagem constituem um par 
indissociável. Sem a qualidade desta, aquele faz má figura. 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
11 
No entanto, modernamente, o exagero na linguagem jurídica tem sido condenado, mais 
especificamente o juridiquês”.  Para  melhor  compreender  essa  temática,  leia  o  artigo  extraído  
da Revista Língua Portuguesa: [http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=10951, pesquisado em 
28/01/2010] 
 
Juridiquês no banco dos réus 
 
Campanha da Associação dos Magistrados para simplificar a linguagem jurídica reacende o debate sobre a prática da Justiça no país 
 
 
Por Bias Arrudão 
Aberta a temporada de caça a um antigo inimigo da Justiça, que a corrói por dentro tanto quanto a 
morosidade nas sentenças e a estrutura arcaica dos tribunais. É o juridiquês, o uso de um português 
arrevesado, palavrório cheio de raciocínios labirínticos e expressões pedantes. 
- O vetusto vernáculo manejado no âmbito dos excelsos pretórios, inaugurado a partir da peça ab 
ovo, contaminando as súplicas do petitório, não repercute na cognoscência dos freqüentadores do 
átrio forense. 
É nesse juridiquês, digamos, castiço que o desembargador Rodrigo Collaço, presidente da 
Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) resume a Campanha Nacional pela Simplificação da 
Linguagem Jurídica, que a entidade presidida por ele patrocina. O exemplo de fina ironia está na 
Tribuna do Direito, e ilustra a iniciativa dirigida a operadores do Direito, estudantes e faculdades de 
Direito, juízes e jornalistas. 
A proposta da entidade é promover um vocabulário mais simples, direto e objetivo para aproximar a 
sociedade da Justiça e da prestação jurisdicional. Para isso, a AMB programa uma série de ações. 
Pretende realizar concursos para estudantes, que premiarão os melhores projetos de simplificação 
da linguagem, e para os magistrados que desenvolvem em suas peças jurídicas formas mais 
simplificadas de linguagem. A entidade também promove palestras com o pro fessor Pasquale 
Cipro Neto em todo o país e, para os profissionais de imprensa, editou um livreto com glossário de 
expressões jurídicas e explicações sobre o funcionamento da Justiça brasileira. 
 
 
 
 
 
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Redoma legal 
A idéia da campanha surgiu após a AMB ter encomendado uma pesquisa ao Ibope em 2003, para 
avaliar a opinião da sociedade sobre o Judiciário. 
- O trabalho revelou que, além da morosidade nos processos, o que incomoda a população é a 
linguagem jurídica usada por magistrados, advogados, promotores e demais operadores do Direito - 
conta Collaço. 
A campanha tem a adesão integral de Hélide Santos Campos, professora da Unip de Sorocaba, que 
leciona linguagem jurídica há sete anos. Ela busca mostrar aos alunos a diferença entre o que é 
técnico e o que é desnecessário, rebuscado, arcaico e não traz contribuição ao texto em si. 
- Dou exemplos de textos rebuscados e prolixos, apresento aos alunos sinônimos, palavras que 
transmitem o mesmo significado, porém de um modo mais acessível a eles e ao cidadão comum, 
que não pertence à área do Direito - explica. 
A didática de Hélide não tem segredos. 
- Parágrafos são eliminados, repetições desnecessárias dão lugar à ênfase, mas com palavras mais 
fáceis. O texto fica enxuto, sem que seu sentido seja prejudicado e os termos técnicos sejam 
deixados de lado. 
 
 
 
Português hostil 
O português enviesado faz da Justiça um território hostil ao leigo. 
- Decisões incompreensíveis são como o câncer: ninguém pode ser a favor. Os advogados, 
principalmente, poderiam desistir de entupir suas petições de argumentos inúteis e sintetizar seus 
pedidos - brinca Márcio Chaer, advogado, jornalista e diretor de redação do site Consultor Jurídico 
(www.conjur.com.br). 
Chaer observa que o veredicto contra o juridiquês não deveria valer para todos os casos e, portanto, 
a regra da simplificação não pode ser inflexível. 
- Há ministros no STF que fazem de seus votos capítulos enciclopédicos. Contudo, esses votos são 
tão preciosos que acabam por nortear o Direito no país todo - exemplifica. 
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A necessidade de tornar a linguagem jurídica mais acessível não chega a ser um consenso no meio. 
Gente como Eduardo Ferreira Jardim, advogado e professor da Universidade Mackenzie, de São 
Paulo, faz questão de cultivar o que considera uma riqueza do vernáculo. 
- Caminho na contramão dos que cogitam simplificar a linguagem dos utentes do Direito. A bem 
ver, não merece prosperar o argumento contrário à linguagem jurídica tradicional, a qual, embora 
permeada de erudição, bem assim de expressões latinas e técnicas, é induvidosamente o meio de 
comunicação estabelecido entre os operadores do Direito, a exemplo de advogados, procuradores, 
promotores e magistrados. 
Jardim é voz quase solitária: a opinião corrente é que a simplificação da linguagem jurídica não só 
é útil, como aconselhável. O busílis é como saber o ponto de equilíbrio entre simplicidade e 
precisão. O lingüista, dicionarista e professor da Unesp de Araraquara Francisco da Silva Borba 
acredita que não há como escapar do tecnicismo. 
- A linguagem técnica tem de ser exata. Ela não pode ser ambígua nem conotativa. O jargão jurídico 
é opaco para o leigo, mas não para o profissional - ensina o autor do Dicionário Unesp do Português 
Contemporâneo. 
 
Borba lembra que a dificuldade de entendimento do cidadão comum não se restringe à área do 
Direito, a exemplo da Medicina, cujo jargão muitas vezes é incompreensível para quem não é do 
ramo. 
 
- Toda profissão e atividade tem seu jargão. Isso é inevitável. O que é nocivo é o uso de palavras ou 
expressões rebuscadas quando há outras que dizem a mesma coisa - concorda Márcio Chaer. 
 
Riscos na simplificação 
O advogado Sabatini Giampietro Netto acha perfeitamente possível combinar rigor técnico e 
concisão. 
- O profissional pode referir-se, em sua petição, aos "fundamentos adotados pela respeitável 
sentença de primeira instância", para isso gastando oito palavras, ou simplesmente escrever "tese 
monocrática", que diz a mesma coisa com duas. A locução é muito técnica? É. Mas a técnica, usada 
corretamente, torna as coisas mais rápidas e mais compreensíveis para os operadores envolvidos - 
diz Netto. 
A ser considerado tal ponto de vista, nem todo juridiquês é ruim. "Ruim é o pernosticismo", diz 
Giampietro Netto. E a rigidez. 
 
 
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- Não gostaria, como profissional do Direito, de ter de seguir algo como um Manual de Redaçãoao 
redigir petições. Não apoiaria uma tentativa de instaurar uma espécie de 'politicamente correto' nos 
textos jurídicos, a institucionalização de um Index Verborum Prohibitorum para sentenças e 
petições. A essência do trabalho na nossa área é a liberdade de escolha: das teses, dos argumentos... 
e dos vocábulos. 
O perigo da simplificação da linguagem é exceder na dose, alerta Márcio Chaer. 
 
- Não é desejável que conceitos jurídicos construídos e aperfeiçoados ao longo de séculos sejam 
simplificados, como faz a imprensa quando noticia que o STF mandou a CPI do Mensalão obedecer 
ao princípio que desobriga o cidadão de incriminar-se. A tradução de que 'a Justiça autorizou o 
acusado a mentir' traiu o sentido original do conceito e enganou o cidadão. 
No entanto, mesmo um defensor do uso habitual do vocabulário dos tribunais, como Eduardo 
Jardim, entende que a linguagem jurídica precisa ser acessível a quem não é do ramo. 
- Se é verdade que o profissional pode e deve adotar uma linguagem própria, não menos verdade é 
também que deve recorrer à linguagem comum sempre que se relacionar com o cliente ou o público 
em geral - reconhece. 
Viés de brasileiro 
A proliferação do juridiquês no Brasil pode ter uma explicação sociológica. Para Giampietro Netto, 
por exemplo, o texto jurídico ilegível é um uso tipicamente brasileiro da língua. 
- Compare trabalhos, nas mesmas áreas (e não especialmente em Direito), em italiano, inglês e 
mesmo em espanhol ou português de Portugal produzidos após a queda do franquismo e do 
salazarismo. Todo o mundo se exprime com clareza, os conceitos expostos são de fácil 
entendimento, a linguagem é objetiva e a mensagem é transmitida com a nítida preocupação de 
chegar à mais ampla quantidade de destinatários - assegura. 
 
 
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Democratização 
A isso, Giampietro Netto chama de 'democratização da palavra', que coincidiu com a 
redemocratização de Espanha e Portugal e, nos países de mais forte tradição democrática, "com o 
despontar de uma consciência acadêmica desejosa de fazer contato com o resto da população". Esse 
desejo de contato torna a cultura bacharelesca um risco à cidadania e dá sentido à campanha da 
AMB. 
 
- Muitas vezes, após uma audiência, as pessoas cercam o advogado com olhar de interrogação, 
perguntando se ganharam ou perderam a causa. Para a AMB, o cidadão precisa compreender 
exatamente o significado de uma decisão em que ele esteja envolvido - conta o presidente da 
entidade. 
 
O esforço de professores de português como Hélide Campos é o de separar o joio do trigo do 
discurso de futuros advogados, promotores, juízes e desembargadores. 
- Os termos técnicos têm de ser mantidos, pois têm significados próprios, singulares. Já os 
vocábulos rebuscados, os arcaísmos, podem ser substituídos por palavras mais simples, sem 
prejuízo do significado do texto. 
Se ela não estiver pregando no deserto, seus alunos terão ao menos uma das ferramentas necessárias 
para reviver uma vertente pouco valorizada e quase esquecida do Direito pátrio. 
- Tobias Barreto, em pleno século 19, Sampaio Dória, Orlando Gomes, Arruda Campos e Santiago 
Dantas escreveram com leveza sobre os mais sorumbáticos temas, produzindo textos ao mesmo 
tempo iluminadores e inteligíveis - lembra Giampietro Netto. 
O advogado esclarece, no entanto, que esse time pertence a uma corrente que não 'vingou' na 
tradição jurídica brasileira. A todos era comum uma visão progressista do Direito, que tampouco 
prevaleceu. 
 
- Tanto os autores mais permanentes, como Clóvis Bevilacqua e Pontes de Miranda, quanto os mais 
recentes inclinam- se por uma linguagem enviesada, calibrada com idéias aos borbotões no mesmo 
parágrafo, dando nó no cérebro do pobre leitor - lamenta. 
Os defensores do juridiquês acreditam que simplificar a linguagem jurídica é uma falsa questão, 
alegando que quem mantém relações com a Justiça é o advogado, não seu cliente. O argumento traz 
para o centro da discussão um elemento essencial para entender o modo como o mundo do Direito 
brasileiro manuseia o idioma: a estrutura judiciária que permite uma atuação corporativa. 
 
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O artigo 133 da Constituição Federal diz que "o advogado é indispensável à administração da 
justiça". Para advogados como Giampietro Netto, tal redação criou, na prática, uma reserva de 
mercado. 
 
- Com uma frasezinha assim curta, o advogado é colocado como o interlocutor obrigatório entre o 
cidadão e o Poder Judiciário. Ninguém pode ir direto ao juiz e reclamar, só o advogado. Com isso, o 
jargão jurídico se radicaliza e assume ares estapafúrdios, até por necessidade de legitimação. Atacar 
o juridiquês é, portanto, um modo torto de atacar a dislexia básica do sistema. 
 
Expressão do sistema 
 
A linguagem seria uma das expressões do sistema. Até a metade do século 20, avalia Giampietro 
Netto, considerável quantidade de bacharéis ocupava posições de mando do país. Da mais modesta 
repartição até a Presidência da República, pensar, organizar e executar era quase um monopólio da 
classe advocatícia. 
- Uma visão hierarquizante, típica da Idade Média, mandava que o poderoso não só se vestisse e se 
alimentasse diferentemente dos demais, mas que também falasse e escrevesse diferente - diz 
Giampietro Netto. 
Teria sido, portanto, uma mistura de corporativismo, bacharelismo e o pedantismo mais 
conservador que teria gerado o juridiquês, discurso, terminologia e expressão do poder. 
Por esse ponto de vista, pouco adiantaria mudar a linguagem se o sistema permanecer igual. Na 
prática, avalia Giampietro Netto, a campanha da AMB atira no alvo errado. 
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Para a professora Hélide, o alvo está certo, sim, senhor. 
- É inegável que o mundo tem caminhado para uma comunicação rápida e eficaz, mas para muitos a 
linguagem jurídica parou no tempo. É necessário buscar um caminho divisor, um meio de campo, 
para evitar a tendência à preguiça de pensar ou de escrever, que cerca a comunicação informatizada, 
rápida. 
 
O professor Borba se inclui entre os céticos. 
- Deve-se combater o rebuscamento. Mas ele depende do usuário da língua, não está ligado ao fato 
de a linguagem ser jurídica. Faz parte do discurso de cada pessoa, está no uso do idioma. A meu 
ver, a campanha é inócua. 
 A adoção de uma linguagem mais coloquial pelos profissionais da advocacia parece diretamente 
relacionada à qualidade da produção do Direito e à velocidade no atendimento à população. 
O risco de vincular a reforma do jargão à do Judiciário em seu conjunto, no entanto, é o de um 
objetivo virar pretexto para a paralisia do outro. Assim, a adiada quando não enterrada reforma do 
Judiciário pode se revelar não só um obstáculo ao alerta da AMB como um motivo para tornar 
ainda mais remota a comunicação entre a sociedade e os advogados brasileiros. 
 
Para  finalizar  o  assunto  “juridiquês”,  leia  os  dois  textos  seguintes: 
 
 
 Veja qual a decisão da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) com relação ao 
hermetismo da linguagem jurídica: 
Linguagem comum 
AMB  lança  campanha  pela  simplificação  do  “juridiquês” 
por Adriana Aguiar 
 
Com o objetivo de aproximar o judiciário da sociedade, a AMB — Associação dos 
Magistrados Brasileiros - vai lançar a Campanha pela Simplificação da Linguagem Jurídica - 
o  chamado  “juridiquês”.  O  ato  ocorre  no  dia  do  advogado,  11  de  agosto,  às  11h,  na  Faculdade  
de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Riode Janeiro. 
Para o juiz e presidente da AMB, Rodrigo Collaço, é necessário reunir os estudantes 
de direito e os jornalistas para difundir a simplificação dessa linguagem e promover a 
aproximação da sociedade com o meio jurídico. Como o uso da linguagem tradicional do 
Direito, que começa a ser aprendida já na faculdade, os estudantes serão o alvo inicial da 
campanha. 
Segundo a AMB, que reúne 15 mil juizes, é clara a noção de quanto mais distante a 
linguagem usada nos atos judiciais, menos compreendida é atuação do Judiciário pelo 
cidadão. E por isso, a campanha quer modificar essa cultura lingüística do Direito, para que a 
atuação da justiça seja compreendida por todos os cidadãos. (Revista Consultor Jurídico, 10 
de agosto de 2005) 
 
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 Observe também como se posiciona um profissional e estudioso da área do Direito: 
 
FOLHA DE S.PAULO 01 de janeiro de 2013. 
Fábio Ulhoa Coelho (52, advogado, doutor em direito, é professor titular de direito da PUC-
SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) 
Objetividade, concisão e comedimento 
Há em nossa Justiça excesso de argumentos desimportantes, de linguagem redundante e com 
adjetivos demais e de mesuras desmedidas – e isso é recente 
Não poderia ter sido mais feliz a receita para o aperfeiçoamento da Justiça brasileira 
formulada pelo ministro Joaquim Barbosa, em seu objetivo, conciso e comedido discurso de 
posse na presidência do Supremo Tribunal Federal. Para o novo presidente da Corte Suprema, 
precisamos de uma Justiça "sem firulas, sem floreios e sem rapapés". 
Firulas são argumentos artificialmente complexos, usados como expediente 
diversionista, para impedir ou retardar a apreciação da essência das questões em julgamento 
(o mérito da causa). Apegos a detalhes formais sem importância é um exemplo de firula. 
Floreios são exageros no uso da linguagem, oral ou escrita. Expediente empregado em 
geral no disfarce da falta de conteúdo do discurso, preenche-o de redundâncias, hipérboles e 
adjetivações. 
E rapapés são mesuras desmedidas que mal escondem um servilismo anacrônico. 
Todos devemos nos tratar com respeito e cordialidade, dentro e fora dos ambientes 
judiciários, mas sempre com o virtuoso comedimento. 
Firulas, floreios e rapapés são perniciosos porque redundam em inevitável desperdício 
de tempo, energia e recursos. Combater esses vícios de linguagem, por isso, tem todo o 
sentido no contexto do aprimoramento da Justiça. 
O oposto da firula é a objetividade; o contrário dos floreios é a concisão; a negação 
dos rapapés é o comedimento. A salutar receita do ministro Barbosa recomenda discursos 
objetivos, concisos e comedidos. São discursos que, aliás, costumam primar pela elegância. 
É uma recomendação dirigida a todos os profissionais jurídicos: magistrados, 
promotores e advogados. Precisam todos escrever e falar menos, para dizerem mais. 
Arrazoados jurídicos e decisões longas são relativamente recentes. 
Nas primeiras décadas do século passado, elas ainda eram escritas à mão. Isso por si 
só já estabelecia um limite (por assim dizer, físico) aos arroubos. Os pareceres de Clóvis 
Beviláqua, o autor do anteprojeto do Código Civil de 1916, tinham cerca de cinco ou seis 
laudas. 
Depois, veio a máquina de escrever. Embora tenha tornado a confecção de textos 
menos cansativa, ela também impunha limites físicos à extensão. No tempo do manuscrito e 
da datilografia, o tamanho do texto era sempre proporcional ao tempo gasto na produção do 
papel. 
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O computador rompeu decididamente este limite. Com o "recorta e cola" dos 
programas informatizados de redação, produzem-se textos de extraordinárias dimensões em 
alguns poucos segundos. 
Os profissionais do direito não têm conseguido resistir à tentação de fabricar alentados 
escritos abusando dos recursos da informática. Clientes incautos ainda são impressionáveis e 
ficam orgulhosos com a robustez das peças de seu advogado. 
Claro, há questões de grande complexidade, que exigem dos profissionais do direito 
maiores digressões e fundamentações, gerando inevitavelmente textos mais extensos. 
Tamanho exagerado nem sempre, assim, é sinônimo de firula, floreio ou rapapé. Mas é um 
bom indicativo destes vícios, porque os casos realmente difíceis correspondem à minoria e 
são facilmente reconhecidos pelos profissionais da área. Não se justifica grande gasto de 
papel e tinta na significativa maioria dos processos em curso. 
Pois bem. Se a receita do ministro Barbosa melhora a Justiça, então a questão passa a 
ser a identificação de medidas de incentivo ao discurso objetivo, conciso e comedido. A 
renovação da linguagem jurídica necessita de vigorosos estímulos. 
Alegar que estimular maior objetividade fere o direito de acesso ao Judiciário ou à 
ampla defesa é firula. Lamentar que a concisão importa perda de certo tempero literário das 
peças processuais é floreio. Objurgar que o comedimento agride a tradição é rapapé. 
Se a exortação do ministro Barbosa desencadear, como se espera, a renovação da 
linguagem jurídica, a sua posse na presidência do Supremo Tribunal Federal se tornará ainda 
mais histórica. 
 
 
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM JURÍDICA 
 
 Para redigir um texto jurídico, o autor deve considerar aspectos como precisão, 
concisão, clareza, formalidade, coesão e coerência. Considerando que coesão e coerência 
são tópicos a serem abordados em nossas próximas aulas, centremo-nos nas noções de 
precisão, concisão, clareza e formalidade. 
 
A) PRECISÃO: deve-se evitar o uso de expressões polissêmicas (que permitem muitos 
sentidos). Elas serão tão mais polissêmicas quanto mais ensejarem abstrações e 
generalizações. Segundo Othon Garcia (1982: 169)3: 
 
A linguagem é tanto mais clara, precisa e pitoresca quanto mais específica e 
concreta. Generalizações e abstrações tornam confusas as ideias, traduzem 
conceitos vagos e imprecisos. Que é que expressamos realmente com o adjetivo 
‘belo’,   de   sentido  geral   e   abstrato,   aplicável   a   uma   infinidade  de   seres  ou   coisas,  
quando dizemos uma bela mulher, um belo dia, um belo caráter, um belo quadro, 
um belo filme, uma bela notícia, um belo exemplo, uma bela cabeleira? É possível 
 
3 GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 10. ed. 
Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1982. 
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que   a   idéia   geral   e   vaga   de   ‘beleza’   lhes   seja   comum,   mas   não   suficiente   para  
distingui-los, para caracterizá-los de maneira inconfundível. (...) 
As palavras abstratas apelam menos para os sentidos do que para a inteligência. Por 
traduzirem idéias ou conceitos dissociados da experiência sensível, seu teor se nos 
afigura esmaecido ou impreciso, exigindo do espírito maior esforço para lhes 
apreender a integral significação. 
 
 
 
Obs.: As palavras (signos linguísticos) são, por natureza, polissêmicas, ou seja, podem alterar 
o sentido de acordo com o contexto em que se fizerem presentes. Observe: 
 
 
Exemplo: (Verbo) 
a) O advogado anda preocupado com aquela causa extremamente complexa. 
b) A advogada vendeu o carro, por isso anda muitas quadras até o escritório. 
c) — O processo não anda! Reclamou o cliente sobre a sua ação trabalhista. 
 
A adequação: 
a) O advogado está preocupado com aquela causa extremamente complexa. 
b) A advogada vendeu o carro, por isso caminha muitas quadras até o escritório.c) — O processo não prossegue! Reclamou o cliente sobre a sua ação trabalhista. 
 
 
A precisão relaciona-se também com o uso adequado da palavra, considerando-se o 
contexto em que é inserida. Por exemplo, trata-se de um equívoco o uso da palavra 
“pensamento”, na oração: “O juiz demonstrou um pensamento machista, ao considerar a Lei 
Maria da Penha inconstitucional”. O adequado seria postura, mentalidade, posicionamento. 
 
A clareza e a precisão, no Direito, são fundamentais para que não haja dupla 
interpretação. O sentido atribuído às palavras precisa ser meticulosamente analisado, pois, 
somente assim, o sistema jurídico atinge os objetivos propostos. Segundo Schocair (2008, p. 
41-44) 4, o vocabulário jurídico divide-se basicamente em três: 
 
1. TERMOS ANÁLOGOS – São vocábulos que, ao pertencerem a um mesmo conceito 
ideológico, são considerados como iguais ou semelhantes. Exemplos de termos utilizados 
na extinção de um negócio jurídico: 
 
Resolução — Dissolução de um contrato, acordo ou ato jurídico quando ocorre 
inadimplemento absoluto (art. 475 do CC). 
Rescisão – dissolução por lesão do contrato por vício na contratação; evicção parcial, 
vício redibitório, vício do produto ou do serviço (arts. 18 e 35 do CPDC). 
Resilição – dissolução pela vontade comum dos contraentes, que pode ser bilateral e 
ocorrerá  por  “distrato”  (art. 472 do CC) ou unilateral, quando uma das partes decide pôr 
fim  ao  negócio  por  meio  de  “denúncia do  contrato”  (art.  473  do  CC). 
 
 
4 SCHOCAIR, Nelson Maia. Português jurídico. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 
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2. TERMOS EQUÍVOCOS – São palavras polissêmicas, isto é, possuem mais de um 
sentido: 
 
2.1 Audiência 
 
Direito: sessão solene por determinação de juízes ou tribunais, para a realização de atos 
processuais; julgamento. 
Publicidade: índice de medição de popularidade. 
 
2.2 Sequestrar 
 
Direito Processual: apreender judicialmente bem em litígio. 
Direito Penal: privar alguém de sua liberdade de locomoção. 
 
2.3 Lavrar 
 
Direito: exarar por escrito; escrever, redigir; escrever uma sentença, uma ata; emitir; 
expressar. 
Linguagem usual: sulcar a terra com arado; arar, cultivar. 
 
2.4 Instrução 
 
Direito: fase processual concretizada em uma audiência, em que o juiz ouve as partes e 
faz perguntas para deixar claros os pontos que serão objeto de julgamento. Na Justiça do 
Trabalho, a audiência de instrução começa com a tentativa de conciliação entre as partes. 
Caso não seja possível, passa-se à instrução propriamente dita. 
Linguagem usual: conhecimento; cultura, saber, erudição. 
 
2.5 Seduzir 
 
Direito Penal: manter conjunção carnal com mulher virgem, menor de dezoito anos e 
maior de catorze, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança. 
Linguagem usual: exercer fascínio sobre alguém para benefício próprio. 
 
2.6 Processo 
 
Direito 
I. atividade por meio da qual se exerce concretamente, em relação a determinado 
caso, função jurisdicional, e que é instrumento de composição das lides; 
II. pleito judicial; litígio; 
III. conjunto de peças que documentam o exercício da atividade jurisdicional em um 
caso concreto; autos. 
 
Física: sequência de estados de um sistema que se transforma; evolução. 
Linguagem usual: ato de proceder, de ir por diante; seguimento, curso, marcha. 
 
 
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3. TERMOS UNÍVOCOS – São termos que possuem um único sentido. Servem para 
descrever delitos e assegurar direitos: 
 
3.1. comodato – art. 579 do CC – empréstimo gratuito de coisas fungíveis; 
3.2. difamação – art. 139 do CP – difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua 
reputação; 
3.3. injúria – art. 140 do CP – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro; 
3.3. violação de correspondência – art. 151 do CP – devassar indevidamente o conteúdo 
de correspondência fechada, dirigida a outrem. 
Outros termos unívocos que podem gerar dúvidas: 
 
ab-rogar – revogar totalmente uma lei; 
ad-rogar – aceitar maior de idade por adoção; 
derrogar – revogar parcialmente uma lei; 
ob-rogar – contrapor uma lei a outra (anulando-a); 
repristinar – revogar uma lei revogadora [ Nota do autor: A repristinação não é 
automática, por ter a lei revogadora perdido a vigência nos termos do art. 20, § 30, da 
LIDE. 
 
DÚVIDAS MAIS FREQUENTES 
 
Liminar e Efeito Suspensivo 
 
“O advogado entrou com uma liminar.”  Liminar  se pede, o juiz poderá concedê-la ou 
não. 
 
Palmeiras entrou com um efeito suspensivo. “Efeito” é consequência, não se entra com 
efeito, concede-se um. 
 
 Parecer ou Decisão 
 
Parecer é emitido por promotor, perito, consultor e procurador. Ao juiz cabe 
prolatar a sentença. 
 
Estupro 
Art. 213 do CP – de acordo com a lei, só ocorre com as mulheres; homens são 
violentados, sodomizados [atentado violento ao pudor, art. 214 do CP]. [CANCELADO 
ESTE ITEM. HOUVE MUDANÇA NO ART. 213 DO CP] 
 
DECISÃO 
Após mudança no CP, estupro e atentado violento ao pudor contra uma mesma vítima 
em um mesmo contexto são crime único 
 
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A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu como crime único as 
condutas de estupro e atentado violento ao pudor realizadas contra uma mesma vítima, na 
mesma circunstância. Dessa forma, a Turma anulou a sentença condenatória no que se 
refere à dosimetria da pena, determinando que nova reprimenda seja fixada pelo juiz das 
execuções. 
 
No caso, o agressor foi denunciado porque, em 31/8/1999, teria constrangido, mediante 
grave ameaça, certa pessoa às práticas de conjunção carnal e coito anal. Condenado à pena 
de oito anos e oito meses de reclusão, a ser cumprida, inicialmente, no regime fechado, a 
pena foi fixada, para cada um dos delitos, em seis anos e seis meses de reclusão, diminuída 
em um terço em razão da sua semi-imputabilidade. 
 
No STJ, a defesa pediu o reconhecimento do crime continuado entre as condutas de estupro 
e atentado violento ao pudor, com o consequente redimensionamento das penas. 
Ao votar, o relator, ministro Og Fernandes, destacou que, antes das inovações trazidas pela 
Lei n. 12.015/09, havia fértil discussão acerca da possibilidade, ou não, de se reconhecer a 
existência de crime continuado entre os delitos de estupro e atentado violento ao pudor. 
 
Segundo o ministro, para uns, por serem crimes de espécies diferentes, descaberia falar em 
continuidade delitiva. A outra corrente defendia ser possível o reconhecimento do crime 
continuado quando o ato libidinoso constituísse preparação à prática do delito de estupro, 
por caracterizar o chamado prelúdio do coito. 
 
“A  questão,   tenho  eu,   foi  sensivelmente abalada com a nova redação dada à Lei Penal no 
título   referente   aos   hoje   denominados   ‘Crimes   contra   a   Dignidade   Sexual’.   Tenho   que   o  
embate antes existente perdeu sentido. Digo isso porque agora não há mais crimes de 
espécies diferentes. Mais que isso.  Agora  o  crime  é  único”,  afirmou  o  ministro. 
 
Ele destacou que, com a nova lei, houve a revogação do artigo 214 do Código Penal, 
passando as condutas ali tipificadas a fazer parte do artigo 213 – que trata do crime de 
estupro. Em razão disso, quando forem praticados, num mesmo contexto, contra a mesma 
vítima, atos que caracterizariam estupro e atentado violento ao pudor, não mais se falaria em 
concurso material ou crime continuado, mas, sim, em crimeúnico. 
 
O relator ainda destacou que caberia ao magistrado, ao aplicar a pena, estabelecer, com base 
nas diretrizes do artigo 59 do Código Penal, reprimendas diferentes a agentes que pratiquem 
mais de um ato libidinoso. 
 
Para o relator, no caso, aplicando-se retroativamente a lei mais favorável, o apenamento 
referente ao atentado violento ao pudor não há de subsistir. Isso porque o réu foi condenado 
pela prática de estupro e atentado violento ao pudor por ter praticado, respectivamente, 
conjunção carnal e coito anal dentro do mesmo contexto, com a mesma vítima. 
 
Quanto à dosimetria da pena, o ministro Og Fernandes entendeu que o processo deve ser 
devolvido  ao  juiz  das  execuções.  “A  meu  juízo,  haveria  um  inconveniente  na  definição  da  
sanção por esta Corte. É que, em caso de eventual irresignação por parte do acusado, outro 
caminho não lhe sobraria a não ser dirigir-se ao Supremo Tribunal. Ser-lhe-ia tolhido o 
acesso à rediscussão nas instâncias ordinárias. Estar-se-ia, assim, a suprimir graus de 
jurisdição”,  afirmou  o  ministro. 
 
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2014/1. 
 
24 
Denúncia ou Acusação 
 
Aos cidadãos comuns cabe a acusação. Os operadores do direito e outras autoridades 
procedem à denúncia. 
 
OUTROS EXEMPLOS 
 
“O  contratado  amorteceu a  dívida  junto  à  CEF  (Caixa  Econômica  Federal).” 
 
Dívida se amortiza. 
 
“...  pelos  motivos  expostos,  o  réu  não  deve  ser  considerado um prescrito, pois há dois anos 
ele comparece às cessões para as quais é  convocado.” 
Será que o réu tem prazo de validade? 
Parece-nos que estas cessões estão equivocadas, pois significam transferir a outrem um 
direito 
 
Atividade 1: Transforme as frases, dando maior precisão ao sentido: 
 
a) O depoimento da testemunha foi pouco esclarecedor. 
b) Nos ensinos fundamental e médio, não aprendi nada nas aulas de Português. 
c) O juiz foi arbitrário ao prolatar a sentença. 
 
Atividade 2: Continue o texto, considerando uma elaboração que dê maior precisão ao 
trecho: 
 
A acusação afirma que o réu deve ser responsabilizado pelo homicídio, admitindo que 
sua participação foi apenas a de vender a arma ao verdadeiro executor. Afirma que pouco 
importa se conhecia o motivo para o qual a arma seria usada, já que a venda era ilegal. Para 
tanto, apresenta o artigo 13 do Código Penal, considera-se causa a ação ou omissão sem a 
qual o resultado não teria ocorrido. Sustenta a acusação, então, que se a arma não fosse 
vendida ao executor, ele não poderia matar a vítima, e portanto o resultado não teria ocorrido. 
 A regra que a acusação pretende fazer valer não é aceitável. 
___________________________________________________________________________
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25 
Atividade 3: Substitua as expressões destacadas por outras mais adequadas: 
*Não teríamos como cumprir a tarefa; por bem o diretor nos desincumbiu dela. ___________ 
 ___________________ 
*Os procuradores agiram dentro da lei. ___________________________ 
*O texto retrata uma situação bastante comum nas cidade grandes. __________________ 
*A auditoria precisa estar mais atenta porque o pessoal da contabilidade costuma fazer muitos 
erros. ______________ 
*O advogado entrou com recurso junto ao tribunal. _______________________ 
*Eu, advogado, requeiro, através deste documento, a desistência da ação. ______________ 
*Ao invés de confessar o crime, o acusado fugiu. __________________________________ 
*Não o condene mais, ele já foi suficientemente penalizado. __________________________ 
*Do meu modo de vista, o colega falhou na defesa do réu. ___________________________ 
*Ao contrário do que foi divulgado pela imprensa, foram 16 e não 15 os procuradores que 
votaram pela permanência de Thales Ferri nos quadros do Ministério Público de São Paulo. 
______________________ 
*Intimam-se as partes para que compareçam à audiência. ____________________________ 
*Doutor Marques, o juiz quer falar consigo. _______________________________________ 
*Não se observam divergências entre os depoimentos; eles são incontestes._______________ 
*Espera-se que se realize a costumeira justiça. _____________________________________ 
*Haveremos de reverter a sentença guerreada. ____________________________________ 
*O advogado da suplicante Maria da Silva recorre da sentença. ________________________ 
*Pagaremos nossos fornecedores numa parcela única. ________________________ 
*O juiz antecipou a audiência em função de uma folga na pauta. _______________________ 
*O policial o prendeu por conta de suas ofensas. ________________________________ 
*A nível de esclarecimento, liminar do TJ suspendeu a lei que proíbe o uso de amianto em 
São Paulo. ____________________________ 
*A pesquisa da FGV mostrou estabilidade nos preços tanto a nível de atacado quanto no 
varejo. ___________________ 
*A defesa dos direitos tem se ampliado às custas de muita luta. ________________________ 
*A assessoria de comunicações deve dar maior destaque às aparições do presidente desta 
empresa. ___________________________ 
*Através da presente, solicitamos as devidas providências quanto ao uso do 
estacionamento.___________________ 
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2014/1. 
 
26 
*Se caso não for possível atender ao nosso pedido, contate-nos imediatamente. __________ 
 _____________________________ 
*Tudo leva a crer que a sentença será favorável ao meu cliente, inclusive seus familiares já 
planejaram uma festa. ______________________________________________________ 
*Toda a sociedade partilhou da dor da mãe que teve sua filha jogada pela janela. 
_____________________________________ 
*Esta norma está calcada na constituição. ________________________________ 
*O juiz julgou procedente o pedido, eis que se provou a dívida do réu. __________________ 
*O advogado elidiu com maestria a argumentação do promotor. _______________________ 
*Embora tivesse vínculo com o caso, a pergunta feita pelo advogado foi impertinente. _____ 
 ____________________________ 
*A reação da vítima foi intempestiva. Um pouco mais de tranquilidade e ter-se-ia evitado a 
sua morte. _________________________ 
*O réu será libertado, posto que foi absolvido no julgamento. _________________________ 
*O motorista sofreu lesão na vista esquerda. ______________________________________ 
*Consideramos demasiadamente caros os preços dos acessórios. ______________________ 
*As críticas do presidente da OAB não foram bem colocadas. _________________________ 
*O sindicato dos empregados optou pela continuidade da greve. ______________________ 
*O fato prova que as mudanças econômicas passaram desapercebidas pelos nossos analistas. 
______________________ 
*Vestibulandos de descendência oriental demonstraram melhor desempenho._____________ 
*Só a princípio todos são iguais perante a lei. __________________ 
*Seu desempenho, enquanto profissional do Direito, é bastante questionável. ____________ 
_________________________________ 
*Tivemos insucesso em mais de 60% das reclamações trabalhistas propostas. Precisamos 
reverter esse quadro.____________________________ 
*A tendência dos fornecedores é aumentar de 30 para 45 dias o prazo de entrega das 
mercadorias. ______________________ 
*O progenitor chamou o filho para defender seu álibi. ______________/________________ 
*Maria da Silva requer recuperação dos prejuízos por danos morais. __________________ 
*Ontem infelizmente houve um acidente com mais uma vítima fatal.________________ 
*Muitos ainda correm risco de vida. ___________________________ 
*Aproveitamos para registrar que, no último mês de março, as vendas aumentaram 
sensivelmente. ________________________ 
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27 
B) CONCISÃO: refere-se à qualidade de dizer o máximo possível com o mínimo de 
palavras (comunica-se apenas o essencial). Ideia antônima à concisão é a prolixidade, 
manifestada no exagero, nas redundâncias desnecessárias, nas repetições exaustivas. Deve-se 
utilizar uma linguagem direta, sem rebuscamentos e excesso de adjetivações. 
Alguns exemplos de concisão: 
 Em  “Aquele  rio  tem  uma  água  muito clara.”,  o advérbio  “muito”  pode  ser  substituído  por  
um adjetivo, o que torna a frase mais enxuta: “Aquele  rio  tem  uma  água  límpida.” 
 "O acusado foi citado por edital, por não ter sido encontrado pessoalmente". Procedendo ao 
devido enxugamento frasal, temos: "O acusado foi citado por edital, por não ter sido 
encontrado." 
Atividade 1 
 
 Identifique os equívocos encontrados nos textos abaixo, considerando as noções de 
precisão e concisão: 
 
 “A violência em nosso país é fruto de diversos fatores. Entre eles, o mal investimento 
na educação. Este é um dos fatores que afetam diretamente nos altos índices de violência. O 
segundo é a má distribuição de renda, ou seja, a desigualdade social. Juntos, precisamos 
melhorar cada vez mais para mudar os altos índices de violência no Brasil, um simples gesto 
de cada um será o Brasil um país melhor.” 
 
 “Segundo a OMS já foram contaminadas com o vírus da gripe Influenza A cerca de 
210 mil pessoas no mundo, totalizando um total de 60mil vítimas fatais, sendo 61 somente no 
Brasil. Vários países do mundo se encontram em uma situação delicada no que diz respeito à 
saúde pública. O Ministério da Saúde criou novas peças publicitárias de apoio ao controle da 
epidemia da Influenza A (H1N1). As peças estão disponíveis em alta qualidade e prontas para 
impressão. Formato dos arquivos: cartaz: 46 x 64 cm; panfleto perguntas e respostas: 15 x 21 
cm; e panfleto trilíngue: 15 x 21 cm.” 
Para encerrar este tópico, observe a prolixidade presente em uma petição e, em seguida, 
resolva a atividade 2 
 
“É  totalmente ilegal a decisão agravada, uma vez que não traz fundamentação, quer de fato, 
quer de direito, desobedecendo, assim, elementar regra incerta em nossa Carta Magna (art. 
93,  inciso  IX  da  Constituição  Federal)”  (inserta = inserida, com “s”  seria o correto). 
 
Reduzindo  o  texto  ao  essencial,  teremos:  “A  decisão  agravada  não  contém  fundamentação  e  
viola,  assim,  o  disposto  no  art.  93,  IX  da  Constituição  Federal”. 
 
 
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Atividade 2 
Retire das expressões abaixo os elementos desnecessários (redundâncias): 
 
Monopólio exclusivo 
Principal protagonista 
Manusear com as mãos 
Preparar de antemão 
Prosseguir adiante 
Prever antes 
Prevenir antecipadamente 
Repetir de novo 
Boato falso 
Elo de ligação 
Acabamento final 
Certeza absoluta 
Quantia exata 
Nos dias 8, 9 e 10, inclusive 
Juntamente com 
Expressamente proibido 
Em duas metades iguais 
Sintomas indicativos 
Há anos atrás 
Vereador da cidade 
Outra alternativa 
Detalhes minuciosos 
A razão é porque 
Anexo junto à carta 
De sua livre escolha 
Superávit positivo 
Todos foram unânimes 
Espaço físico 
No mês de janeiro 
breve alocução 
Multidão de pessoas 
Erário público 
Sua própria 
Criação nova 
Retornar de novo 
Empréstimo temporário 
Surpresa inesperada 
Escolha opcional 
Planejar antecipadamente 
Abertura inaugural 
Continua a permanecer ainda 
Possivelmente poderá ocorrer 
Comparecer em pessoa 
Gritar bem alto 
Propriedade característica 
Demasiadamente excessivo 
A seu critério pessoal 
Exceder em muito 
Fato real 
Repetir a mesma ladainha 
Receber das mãos 
A última versão definitiva 
Criar novas leis 
Vida útil 
Consenso geral 
Prefeitura municipal 
Grande maioria 
Tempo hábil 
Conviver juntos 
Encarar de frente 
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29 
C) FORMALIDADE: relaciona-se com a observância dos aspectos gramaticais. O 
autor busca alcançar alto grau de correção na elaboração de seu texto. Refere-se também ao 
uso de um vocabulário pouco usual e sofisticado e à formulação complexa das orações. 
Dessa forma, a linguagem jurídica prima pela normatividade, isto é, pelo uso do padrão culto. 
As frases devem ter uma razoável extensão – nem tão curtas que nada acrescentem, nem tão 
longas, que contemplem a prolixidade. 
 
O QUE SE DEVE EVITAR 
 
Vícios de Linguagem: são defeitos, problemas que surgem no emprego da língua. São eles: 
 
a. Barbarismo: grafia ou pronúncia de uma palavra em desacordo com a normatividade 
da língua portuguesa: 
 
Grafia: previlégio por privilégio; ítens por itens; excessão por exceção; desinteria 
por disenteria; 
 
Pronúncia: adevogado por advogado; interim por ínterim; indiguino-me por 
indigno-me 
 
b. Solecismo: Desvio da norma em relação à sintaxe – problemas de regência, 
concordância, colocação pronominal, entre outros. 
 
Incorreto: Fazem dois anos que não a vejo. Correto: Faz dois anos que não a vejo. 
Incorreto: João é o sentinela do quartel. Correto: João é a sentinela do quartel. 
Incorreto: Vamos na audiência. Correto: Vamos à audiência. 
Incorreto: Não deixe-me sozinha. Correto: Não me deixe sozinha. 
Incorreto: Deixe eu ver ela. Correto: Deixe-me vê-la. 
 
c. Ambiguidade ou anfibologia: emprego de frases com duplo sentido. 
*Aquele homem viu o incêndio de seu escritório. 
Aquele homem viu, em seu escritório, o incêndio, ou ele viu o incêndio do escritório 
em que trabalhava? 
 
*José disse a Paulo que encontrara seu pai na feira. 
Pai de quem? 
De José que se encontrara com o próprio pai na feira e relatou esse fato a Paulo, ou de 
Paulo com cujo pai José se encontrara na feira? 
 
d. Cacófato: Significa  “caco”,  ou  seja,  “som  esquisito”, decorrente da junção de certas 
palavras: 
 
O funcionário, que se apaixonara por sua chefe, foi demitido por ter beijado a boca 
dela. 
O advogado não tem a menor pretensão a cerca do caso dela. 
 
Ele me havia dado o dinheiro. 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
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e. Pleonasmo vicioso: é o emprego de palavras redundantes, com a intenção de 
reforçar ou enfatizar a expressão. Não se deve confundir pleonasmos viciosos com os 
estilísticos ou eruditos: 
 
Exemplo de pleonasmo estilístico: “Que   me importa a mim a   glória?”   (Eurico, 
Alexandre  Herculano).  /  “Sorriu para Holanda um sorriso ainda marcado de pavor.”  
(Viana Moog) 
 
 
Os viciosos enfeiam o texto: 
 
Inadequada: A audiência ainda ocorrerá daqui a mais de um mês. 
Adequada: A audiência ocorrerá daqui a um mês. 
 
Inadequada: O juiz vai manter o mesmo veredicto. (Só é possível manter o que se tem; por 
isso,deve-se omitir o “mesmo”.) 
Adequada: O juiz vai manter o veredicto. 
 
f. Arcaísmo: Uso de palavras, expressões antigas ou inusitadas, esquisitas, rebuscadas, 
de forma que o pensamento se torne de difícil compreensão: 
 
Exemplos: 
 
Lídimo:  sentido  de  legítimo.  “Filho  lídimo.”  “Casamento  lídimo”  etc. 
Pertenças: benfeitorias. 
Usança: equivale a uso, é termo frequente no Direito Comercial. 
Defeso: significa proibido. Forma arcaica e acepção usada até o séc. XVI, mantém-se 
ainda no Direito. 
 
Atividade 1 
Substitua as expressões destacadas, observando o aspecto formal da linguagem: 
 
O erro dos procuradores 
Erro triste cometeu o Ministério Público de São Paulo na semana passada ao decidir pela 
vitaliciedade no cargo do promotor Thales Ferri Schoedl, que disse ter matado um homem em 
2004. Na época, o promotor disse ter agido em legítima defesa, pois ele e sua namorada 
teriam sido provocados e ameaçados em um luau em Bertioga, litoral norte do Estado. Desde 
então, espera julgamento em liberdade – até lá, pela Constituição, não pode ser considerado 
culpado. 
A votação a favor de Schoedl aconteceu na última quarta-feira, quando o promotor passou 
pela avaliação obrigatória do final de seus dois primeiros anos no cargo. Concluído esse 
estágio, o Órgão Especial do Colégio de Procuradores tem que analisar se o jovem promotor 
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
31 
é dono de capacitação profissional e condições psicológicas para ser mantido na função e 
ganhar estabilidade. 
Por 16 votos a 15, o órgão concluiu que Schoedl tem os requisitos que seu cargo merece, que 
tem a ver com a capacidade de tomar decisões em momentos difíceis, prudência e 
serenidade. A morte em Bertioga mostra o contrário, que falta equilíbrio emocional ao 
promotor. – ele foi armado a uma festa na praia e, ao colocar-se em uma situação de conflito, 
disparou seu revólver 12 vezes. 
Além de garantir a manutenção do promotor no cargo, o erro administrativo do Ministério 
Público alterou o foro do julgamento de Schoedl. Seu destino não será mais definido por um 
júri popular mas também pelo Tribunal de Justiça. 
Talvez a família da vítima recorra da decisão no Conselho Nacional do Ministério Público. 
Caberá ao CNMP reverter a decisão do Colégio de Procuradores a fim de minimizar o dano 
causado à imagem da instituição. (FSP, 3/9/2007 – texto adaptado para o exercício) 
 
Atividade 2 
 
Substitua as expressões destacadas por outras mais formais: 
 
 
São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2011 
 
Justiça por e-mail 
 
Desde a aprovação da Reforma do Judiciário, em 2004, diversas medidas têm sido 
tomadas no intuito de apressar os processos. De mudanças na legislação processual a um 
forte movimento de informatização, os esforços, embora poucos, dão resultados nada 
desprezíveis, como a diminuição de 70% no número de recursos ao Supremo Tribunal 
Federal. 
O Tribunal de Justiça de São Paulo - responsável, segundo os cálculos do Conselho 
Nacional de Justiça, por cerca de metade dos processos de segunda instância no Brasil- é 
frequentemente criticado por não estar à frente da modernização judiciária. 
Assim, deve-se saudar a introdução de uma norma do TJ-SP que possibilita o 
julgamento de recursos por e-mail. O modelo a ser modernizado, o dos julgamentos 
necessariamente presenciais, obriga os desembargadores a passarem horas lendo casos muito 
parecidos, criando um limitador na quantidade de demandas que podem ser julgadas numa 
sessão. 
A Ordem dos Advogados do Brasil, contudo, criticou a iniciativa. Trata-se de mais um 
exemplo de posicionamento confuso da entidade diante das propostas de modernização do 
Judiciário. Enquanto cobra mais agilidade dos juízes, opõe-se a algumas novidades que 
perseguem tal objetivo. 
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2014/1. 
 
32 
Para a Ordem a resolução é inconstitucional, pois o julgamento deve ser público, 
possibilitando a participação oral do advogado. A crítica não é razoável, uma vez que a 
medida do TJ permite solicitar sessão presencial, com dez dias de antecedência, a todo 
advogado que queira intervir de viva voz. 
Além disso, é importante lembrar que o próprio STF julga por meio do chamado 
"plenário virtual". Nesse módulo, os ministros discutem certas questões sem estarem reunidos 
no mesmo espaço. 
Um dos desafios do Judiciário brasileiro é perceber que, diante da missão de decidir 
milhões de processos por ano, não faz sentido manter, sobretudo nas esferas recursais, o 
trabalho artesanal do magistrado. Métodos que possam resolver um conjunto de processos a 
cada vez devem ser feitos, desde que não desrespeitem o direito à ampla defesa e ao 
contraditório. 
A resolução do tribunal paulista vai exatamente nesse sentido, ao permitir que se 
utilize uma ferramenta ágil sem arranhar a possibilidade de as partes se colocarem no 
processo. Trata-se apenas, vale lembrar, de uma entre várias inovações -tecnológicas ou 
organizacionais- que, se adotadas, produziriam saltos de produtividade na nossa Justiça. 
 
Atividade 3 
 
Identifique no trecho da sentença abaixo transcrita incorreções gramaticais e de 
precisão. Mencione também sinônimos que poderiam substituir as expressões destacadas: 
 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS 
16ª VARA CÍVEL DE BRASÍLIA 
 
 
 
Processo nº 2001.01.1.059223-0 
Ação: REPARAÇÃO DE DANOS 
Requerente: CLAUDIO HUMBERTO DE OLIVEIRA ROSA E SILVA 
Requeridos: CORREIO DA CIDADANIA LTDA e 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP 
 
SENTENÇA 
 
 CLAUDIO HUMBERTO DE OLIVEIRA ROSA E SILVA propôs ação de REPARAÇÃO 
DE DANOS MORAIS em desfavor de CORREIO DA CIDADANIA LTDA e 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP, em virtude dos requeridos 
haverem veiculado, em seus canais de comunicação, matéria ofensiva à honra do demandante. 
 Segundo aduziu em sua exordial, o primeiro réu publicou, na página 6 da sua edição 
nº 242, relativa à semana de 28 de abril a 5 de maio de 2001, a coluna intitulada 
‘ENTRELINHAS",   assinada   pelo   jornalista   Luiz   Antônio   Magalhães,   uma   matéria   sob   o  
Material de apoio destinado exclusivamente aos alunos do curso de Direito da Universidade Nove de Julho (Uninove). TRJ 
2014/1. 
 
33 
título "Mais marrom, impossível", onde há ofensas explícitas à honra do autor, com calúnias, 
difamações e injúrias contra a sua pessoa. 
 Conforme narrou, esta matéria foi adaptada de uma outra veiculada no Observatório 
da Imprensa, órgão virtual do qual o colunista Luiz Antônio Magalhães é editor-assistente. O 
Observatório da Imprensa é um projeto do Laboratório de Estudos Avançados em jornalismo 
da UNICAMP, donde o autor apontou a responsabilidade da segunda ré em indeniza-lo, em 
razão do conteúdo ofensivo à sua honra. 
 Argumentou que as matérias veiculadas atingiram a sua honra ao referirem-se a ele 
como sendo um "picareta renomado", que se presta apenas à "picaretagem" e que publicou 
"anúncios publicitários" na Folha de São Paulo, de caráter difamatório ao casal Eduardo e 
Marta Suplicy. 
 Ao final, pediu a condenação dos réus em 1.500 salários mínimos, a título de 
indenização pelos danos morais, bem como fosse determinada aos réus a publicação da 
sentença condenatório, em órgão de real circulação e expressão, a critério e escolha do autor, 
às expensas dos réus, consoante prescreve o artigo 75 da Lei 5.250/67. 
 A exordial veio instruída com os documentos de fls 13/30. 
 A UNICAMP, regularmente citada, apresentou a contestação de fls 58/106. 
 Em sede preliminar, arguiu: a) a sua legitimidade passiva, em razão de não explorar, 
por meio do "Observatório

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