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Reitoria Resenha do livro “Meu pé de laranja lima” Meu Pé de Laranja Lima retrata a comovente história do travesso Zezé, um menino de família muito pobre, que conversa com o pé de laranja lima e estabelece uma bonita amizade com o solitário velho português, Manuel Valadares, mais conhecido como “Portuga”. Trata-se da história de um garotinho que está começando a descobrir o mundo. Ele percebe que a vida pode ser marcada por decepções provocadas até pelas pessoas mais próximas e queridas. Sente de perto a falta de compreensão e a brutalidade do próprio pai. Compreende que viver, em alguns momentos, pode ser sinônimo de imensa dor, como na ocasião da perda de alguém especial. Mas, percebe que, ainda assim, é possível experimentar momentos únicos, de muita alegria – e a conquista de amigos verdadeiros é, sem dúvida, um dos mais marcantes. Já tinha lido “Meu Pé de Laranja Lima” quando estava na escola, quando o escolhi em uma das minhas mil idas à biblioteca, mas não me lembrava muito da história. Quando surgiu a oportunidade de resenhar esse clássico aqui pro site eu não hesitei, mas agora sinto dificuldade de achar palavras que façam justiça a essa incrível obra. Meu Pé de Laranja Lima conta a história do menino Zezé, uma criança de 5 anos que tem uma imaginação incrível, uma curiosidade insaciável e um coração do tamanho do mundo. Zezé vem de uma família simples, ele tem muitos irmãos e a família é obrigada a se mudar da casa onde moram no começo do livro pois devem aluguel e o pai de Zezé está desempregado. Apesar de ter toda essa paixão pelo conhecimento e pela vida, o personagem é muito levado e gostava de pregar peças nas pessoas da rua. Por causa dessas traquinagens Zezé acabava sempre sendo castigado com surras – por muitas vezes cruéis – não somente pelos pais, mas também por seus irmãos mais velhos. Me dava uma enorme dor no coração nas passagens em que Zezé levava as surras pois fica claro que todos acabam descontando os dissabores pessoais da vida no pobre menino. Sabemos que é super normal um garoto entre 5 e 6 anos ser levado, ainda mais quando a figura materna não é tão presente – a mãe de Zezé precisava trabalhar para sustentar a família. De tanto apanhar, Zezé acabou acreditando que era realmente malvado, uma criança que não tinha mais jeito de se acertar. “O pensamento cresce, cresce e toma conta de toda a nossa cabeça e nosso coração. Vive em nossos olhos e em tudo que é pedaço da vida da gente.” – p. 65 São poucos os personagens que despertam o lado carinhoso do personagem principal, um deles é seu irmão mais novo, Luís, a quem Zezé sempre se refere como “o rei Luís”. Como em toda família pobre e numerosa, os irmãos mais velhos são responsáveis por cuidar dos mais novos, então quem tomava conta de Luís era Zezé. Ele leva o irmão em viagens pela imaginação, mostrando a inocência de ambos: visitas ao zoológico e à Europa, quando na verdade os meninos andavam pelo quintal da casa, imaginando, por exemplo, na velha galinha preta uma majestosa pantera. Ao mudarem de casa, Zezé encontra em seu novo quintal da sua nova moradia um pequeno pé de laranja lima. A princípio, ele despreza a pequena árvore, mas acaba criando um vínculo enorme com ela, que se torna um grande amigo para dele, um dos poucos com quem Zezé pode conversar abertamente. Outra amizade que surge na vida de Zezé, a mais importante de sua vida, é o português Manuel Valadares, o Portuga. A amizade dos dois começa de forma estranha, mas aos poucos vai crescendo e Zezé conquista o Portuga com seu jeito simples, sagaz e sincero. Os dois acabam criando um grande vínculo de amizade e cumplicidade, com o mais velho virando a verdadeira figura paterna e amorosa que tanto faz falta na vida de Zezé. É impossível não se emocionar com o jovem garoto e seus pensamentos que são tão simples e verdadeiros. “Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazem bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.” – p. 144 Uma história simples, porém belíssima, sobre ser criança e crescer, perdendo a inocência no processo. Zezé, infelizmente, tem que deixar de ser criança muito cedo. A história também serve para nos lembrar de que as crianças têm muito a nos ensinar com sua visão descomplicada do mundo. Derramei lágrimas nos capítulos finais e mal posso esperar para ver a mais nova adaptação desse clássico para o cinema. Uma leitura gostosa e obrigatória para quebrar os preconceitos que muita gente, infelizmente, ainda tem com a literatura nacional.