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Referência Bibliográfica: Luís Roberto Barroso, A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional Contemporâneo: Natureza Jurídica, Conteúdos Mínimos e Critérios de Aplicação. Versão provisória para debate público. Mimeografado, dezembro de 2010. Informações dos autores: LUÍS ROBERTO BARROSO Breve Resumo da Obra: O respectivo estudo fala sobre a dignidade da pessoa humana, o autor, ministro Luís Roberto Barroso, começa dando diversos exemplos de sentido e alcance da dignidade humana ao redor do mundo. A dignidade humana, nas últimas décadas, se tornou muito mencionada em documentos internacionais, leis, decisões judiciais e em Constituições, tornando um dos grandes consensos éticos do mundo ocidental. Porém, há dificuldades na utilização de relevância de interpretação jurídica, por cada pessoa ter uma subjetividade do que é dignidade humana. No mundo atual, ela é recorrida em alguns temas como: aborto, eutanásia, suicídio assistido, uniões homoafetivas, prostituição, pena de morte, descriminalização das drogas, uso de detector de mentiras e entre outros. No primeiro propósito do respectivo artigo, registra-se a importância que a dignidade humana assume no direito contemporâneo, no plano internacional, doméstico e no discurso transnacional. O segundo é a necessidade da natureza jurídica da dignidade humana. O terceiro objetivo é o de definir conteúdos mínimos pra dignidade humana, libertando de estigmas de ideias vagas e sem consistência, sendo capaz de legitimas soluções. E o quarto e último objetivo visa estabelecer critérios para a aplicação, de modo que ela sirva pra estruturar o raciocínio jurídico no processo de decisão e para ajudar a executar ponderações e escolhas fundamentadas. O objetivo geral do estudo da dignidade humana, é tornar a dignidade humana um conceito mais claro e objetivo, passando a ser um elemento relevante no âmbito jurídico, de modo que os aplicadores do direito encontrarão nela uma ferramenta importante na busca da melhor interpretação jurídica e realização adequada da justiça. A dignidade humana só começou a aparecer em documentos jurídicos no final da segunda década do século XX. Antes somente esteve presente em textos com pouca relevância democrática. Porém, após a Segunda Guerra Mundial, a dignidade humana foi incorporada nos principais documentos, na Carta da ONU, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, entre outros pactos internacionais, passando a desempenhar uma função central ao discurso dos direitos humanos. Já no âmbito constitucional, no pós-guerra, inúmeras Constituições incluíram a proteção da mesma em seus textos. As cortes de diferentes países iniciam um diálogo transnacional, no qual se valem de precedentes e argumentos utilizados pelas outras cortes, compartilham um sentido comum para a dignidade, assim há uma integração. Em países como Alemanha e Estados Unidos, a dignidade tem sido crescentemente utilizada na argumentação jurídica dos tribunais, como em casos de descriminalização do aborto, declaração de inconstitucionalidade. No mundo afora, há complexidade moral no alcance e sentido da dignidade humana, dando uma dimensão transnacional ao discurso de dignidade humana. A noção de dignidade varia conforme o tempo e o espaço, sofrendo impacto cultural e histórico de cada povo, e também no contexto político e ideológica. Muitos autores já sustentaram a inutilidade do conceito de Dignidade Humana, em razão da ambiguidade da mesma. A natureza jurídica da dignidade humana vem da filosofia, sendo constituído em primeiro lugar, um valor, ligado à ideia de bom, justo e virtuoso. Sendo situada ao lado de outros valores, como justiça, segurança e solidariedade no Direito. Por isso, seguindo esse plano ético, a dignidade se torna a justificação moral dos direitos humanos e fundamentais. Depois da era política, a dignidade passou a integrar documentos internacionais e constitucionais, sendo considerada um dos principais fundamentos dos Estados Democráticos. Ela torna-se conceito jurídico nas décadas finais do século XX – indo além de apenas moral ou político, e tornando expressão de dever-ser normativo – e, também ganhando status de princípio jurídico. Na sua trajetória, a dignidade se beneficiou de uma cultura jurídica pós-positivismo, porém, antes mesmo de ser positivada, ela já desempenhava papéis importantes capazes de influenciar o processo interpretativo. Logo, a dignidade é um valor fundamental convertido em princípio jurídico na estatura constitucional; servindo como justificação moral e fundamento normativo para direitos fundamentais. Além disso, produz consequências importantes em relação à determinação de conteúdo e estrutura normativa, modo de aplicação e seu papel no sistema constitucional. Do princípio de dignidade humana retiram regras específicas e objetivas, como as que vedam o trabalho escravo ou penas cruéis, logo, significando que o princípio da dignidade humana aumentou pelo constituinte ou legislador. Segundo o ministro, “nesses casos, como intuitivo, o intérprete aplicará a regra específica, sem necessidade de recondução ao valor ou princípio mais elevado. Mas, por exemplo, à falta de uma norma específica que discipline a revista íntima em presídio, será possível extrair da dignidade humana a exigência de que mulheres não sejam revistadas por agentes penitenciários masculinos.” A eficácia no sentido interpretativo dos princípios constitucionais significa que os valores e fins que estão abrigados neles condicionam o sentido e alcance das normas jurídicas em geral. Logo, a dignidade, vira um critério para valoração de situações e atribuição de peso em caso que envolva ponderação. A dignidade da pessoa humana é parte do conteúdo dos direitos fundamentais, porém, não se confunde com eles. Além disso, não é a dignidade um direito fundamental em si, ponderável com os demais. Ela é totalmente o contrário, é o parâmetro da ponderação, apenas em casos de concorrências entre direitos fundamentais. A dignidade humana não possui caráter absoluto, portanto deve ter precedência na maior parte das situações em que haja colisão com outros princípios, porém, em outros contextos, poderá ser sacrificados em prol de outros valores individuais/sociais. Kant foi um dos filósofos influentes do Iluminismo, sendo referência central na filosofia moral e jurídica, especialmente acerca da dignidade humana. Na visão kantiana, a dignidade tem por fundamento a autonomia. Segundo ele, “Em um mundo no qual todos pautem a sua conduta pelo imperativo categórico – no reino dos fins como escreveu –, tudo tem um preço ou uma dignidade. As coisas que têm preço podem ser substituídas por outras equivalentes. Mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e não pode ser substituída por outra equivalente, ela tem dignidade. Tal é a situação singular da pessoa humana. Portanto, as coisas têm preço, mas as pessoas têm dignidade.” A dignidade deve ser pensada como um conceito aberto, levando em consideração sua plasticidade e universalidade, sendo algo subjetivo em cada espaço diferente. A dignidade no pós- guerra, foi a ideia unificadora contra o nazismo, assim, se consolidando o consenso dela ser o grande fundamento dos direitos humanos, da igualdade, símbolo inerente da pessoa humana. Entretanto, no mundo atual, passou a ser utilizada em cenários complexos, desde a bioética até a proteção do meio ambiente. Além disso, para criar um conceito transnacional de dignidade humana, é necessário lidar com circunstâncias históricas, religiosas e políticas de diferentes países, sendo assim, dificulta uma única concepção de dignidade. Portanto, é necessário afastada de doutrinas abrangentes, que expressam apenas uma visão, e aproximá-la de conteúdos mínimos da dignidade, delineá-la com máximode neutralidade política possível, de modo que conservadores, liberais e socialistas possam compartilhar elementos. Além disso, é importante a existência de um regime democrático, sendo os conteúdos da dignidade humana multiculturais e compartilhados e desejados por toda a família humana, assim, afasta-se a ambição civilizatória, opressão e costumes de violência. Em caso de valor intrínseco da pessoa humana se impõe a inviolabilidade da dignidade, pois está na origem de uma série de direitos fundamentais. Por exemplo, o direito à vida, o direito à igualdade. Todas as pessoas têm o mesmo valor, portanto, merecem igual respeito e consideração. Um dos elementos éticos da dignidade é a autonomia. A dignidade como autonomia envolve, a capacidade de autodeterminação, o direito do indivíduo de decidir os rumos da própria vida e desenvolver livremente sua personalidade, podendo portanto, fazer valorações morais e escolhas existenciais sem imposições externas indevidas. A autonomia como elemento da dignidade é a principal ideia subjacente às declarações de direito em geral, tendo dimensão privada e pública. Citações literais do texto: A citação literal é a reprodução fiel da idéia do autor, que deve estar “entre aspas” com indicação precisa de página ou páginas. Na citação que não é contínua, não esquecer de colocar reticências entre colchetes no lugar do trecho que foi suprimido [...] Cópia literal do texto: Palavra-chave P. 28 “A dignidade como valor comunitário destina-se a promover objetivos diversos, dentre os quais se destacam: a) a proteção do próprio indivíduo contra atos autorreferentes; b) a proteção de direitos de terceiros; e c) a proteção de valores sociais, inclusive a solidariedade.” Dignidade; valor comunitário; valores sociais; solidariedade. P. 33 “[...] verifica-se que raramente a dignidade é o fundamento central do argumento e, menos ainda, tem o seu conteúdo explorado ou explicitado.” Conteúdo; explorado; explicitado. P. 34 “Pois bem: no plano da dignidade como valor intrínseco, o direito de igual respeito e consideração pesaria a favor do reconhecimento da legitimidade de tais uniões. Não há qualquer aspecto envolvendo o valor intrínseco de uma terceira pessoa que pudesse ser contraposto nas circunstâncias.” Legitimidade; uniões; consideração. P. 21 “A dignidade, como assinalado, é um conceito cujo sentido e alcance sofrem influências históricas, religiosas e políticas, sendo suscetível de variação nas diferentes jurisdições. Nada obstante, a ambição do presente estudo é a de dar a ela um sentido mínimo universalizável, aplicável a qualquer ser humano, onde quer que se encontre.” Históricas; religiosas; universalizável; aplicável. P. 12 “A identificação da dignidade humana como um princípio jurídico produz conseqüências relevantes no que diz respeito à determinação de seu conteúdo e estrutura normativa, seu modo de aplicação e seu papel no sistema constitucional. Princípios são normas jurídicas com certa carga axiológica, que consagram valores ou indicam fins a serem realizados, sem explicitar comportamentos específicos.” Normativa; normas jurídicas; comportamentos específicos. Comentários pessoais: Em virtude do que foi visto no respectivo estudo, é possível observar a grande importância da dignidade humana ao longo de toda a vida humana, no mundo contemporâneo, na natureza jurídica, é interessante a forma na qual ela serve pra estruturar o raciocínio jurídico nos problemas reais em todo o mundo. A dignidade é importante no âmbito jurídico, pois nela é que os aplicadores do direito encontrarão maneiras de solucionar os casos através da interpretação jurídica e realização da justiça. O contexto histórico da dignidade relata todo seu processo de evolução até os dias de hoje, é interessante a maneira a qual o autor retrata, pois de certa forma, é algo de extrema importância no mundo atual, mas podemos ver o quanto a dignidade foi importante, por ter sido uma reação contra o nazismo e após a Segunda Guerra Mundial, ter se tornado um importante consenso ético mundial, que serve de fundamento para a formação de uma cultura fundada na centralidade dos direitos humanos e dos direitos fundamentais, passando a desempenhar uma função central ao discurso dos direitos humanos, contribuindo para a crescente formação de uma massa crítica na jurisprudência, e além disso, integrando países no direito transnacional, no qual cada país se beneficiam de experiência do outro. A dignidade da pessoa humana é de extrema importância no mundo atual, pois além de ser um conceito muito plastificado, a dignidade se adequa a cada espaço e tempo, sendo assim, no mundo atual, no qual há desconstrução de muitas coisas, a dignidade se torna totalmente importante para proteger os direitos de cada cidadão, evitando assim, a opressão, violência e etc. Sendo assim, a dignidade se tornou um valor de estado democrático geral, passando a ser reconhecido como princípio jurídico. O Ministro ainda explica: “De sua natureza de princípio jurídico decorrem três tipos de eficácia, isto é, de efeitos capazes de influenciar decisivamente a solução de casos concretos. A eficácia direta significa a possibilidade de se extrair uma regra do núcleo essencial do princípio, permitindo a sua aplicação mediante subsunção. A eficácia interpretativa significa que as normas jurídicas devem ter o seu sentido e alcance determinados da maneira que melhor realize a dignidade humana, que servirá, ademais, como critério de ponderação na hipótese de colisão de normas. Por fim, a eficácia negativa paralisa, em caráter geral ou particular, a incidência de regra jurídica que seja incompatível – ou produza, no caso concreto, resultado incompatível – com a dignidade humana.” A dignidade possui elementos, como valores intrínseco, a autonomia. O valor intrínseco é o elemento no qual diz que todas pessoas são um fim em si mesmas, e não meios para a realização de metas coletivas ou propósitos de outrem. Desse valor, decorrem direitos fundamentais como: direito à vida, à igualdade e à integridade física e psíquica. A autonomia, por sua vez, é o elemento ético da dignidade humana, associado à capacidade de autodeterminação. Logo, o indivíduo tem o direito de poder escolher. Visto isso, é possível perceber que além disso, os conteúdos mínimos da dignidade – valor intrínseco, autonomia – não eliminam a total subjetividade do intérprete, mas auxiliam a estruturar o raciocínio para dar maior transparência, quando há colisões de direitos ou desacordos morais. Nome do aluno: Larissa de Oliveira Chagas
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