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Atlas de Mineralogia

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Prévia do material em texto

Tradução direta da primeira edição espanhola pelo Professor 
NEYDE PEREIRA COUTINHO 
da Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras da U. R. J. 
 
EDIÇÃO ESPECIAL REVISADA PARA 
LIVRO IBERO-AMERICANO, LTDA. 
RIO DE JANEIRO 
 
ISBN: 84-7093-172-5 
Depósito Legal; B-20857-80 EDICIONES JOVER, S. A 
5.ª edição portuguêsa 1980 
G. Renacimiento - Avda. Cataluña, 31 - Sta. Coloma de Gramanet. 
PRÓLOGO 
Ao iniciar a redação deste Atlas de Mineralogia, tivemos o firme 
propósito de não publicar unicamente uma coleção mais ou menos 
repleta de fotografias de minerais, sem outro interesse que o 
meramente expositivo, e sim que o seu conteúdo correspondesse às 
necessidades de uma obra elementar, porém moderna, de 
Mineralogia. Por outra parte, procuramos substituir o errado 
conceito de que uma obra deste tipo deve ser mera descrição, sem 
muitos detalhes, de um conjunto mais ou menos numeroso de 
minerais, pela idéia, na qual cremos totalmente, de que um livro 
elementar deve ser compreensivo, pois está destinado a mentes não 
versadas no seu conteúdo, embora tenha que ser, ao mesmo tempo, 
atual e exato nos seus conceitos fundamentais. Não existe pior 
inimigo do estudante ou do leigo interessado em conhecer, do que a 
exposição de idéias antiquadas, as quais posteriormente terão que 
ser rejeitadas com a desagradável sensação de ter-se perdido um 
tempo precioso no estudo das mesmas. É por todas estas razões, e 
seguindo as conclusões da reunião de Professores americanos de 
Mineralogia (1956): «um livro elementar deve ser exato, moderno, 
compreensivo, escrito claramente e de custo razoável...», que 
introduzimos aqui a visão da construção íntima do mineral, a sua 
estrutura cristalina e a sua posição geológica, sua maneira de jazer, 
ou seja, as características de seus depósitos ou jazidas. Ao mesmo 
tempo, fixamos o limite máximo de lâminas de que poderíamos 
dispor, tendo constituído laborioso trabalho a empresa de reduzir o 
texto e as gravuras ao volume preciso. 
Estando destinada esta obra ao estudante do último ciclo 
ginasial, a qual lhe servirá também de ajuda nos seus primeiros 
estudos universitários, bem como ao público ávido de conhecer as 
pilastras elementares que constituem a crosta de nosso planeta, 
decidimos reduzir a Cristalografia ao mínimo indispensável, com a 
finalidade de não sobrecarregar o livro de conceitos áridos e 
difíceis, um tanto impossíveis de se simplificar. O resto da obra tem 
se distribuído de acordo com a classificação mineralógica adotada 
no «Tratado de Mineralogia» de Klocmann e Ramdhor, traduzido ao 
espanhol pelo saudoso e inesquecível Mestre, D. Francisco Pardillo. 
Tudo que foi dito teria sido impossível realizar sem a entusiasta 
ajuda de D. Joaquín Folch Girona, permitindo-nos fotografar os 
exemplares de sua magnífica coleção de minerais, e do Prof. San 
Miguel, que nos autorizou a reprodução daqueles minerais que 
enriquecem o Museo Municipal de Geologia de Barcelona, assim 
como a eficaz colaboração de D. José M." 'Thomas Doménech, 
durante a preparação da obra. A todos eles expresso o meu mais 
profundo agradecimento. 
O Autor 
QUE É UM MINERAL? 
Denominam-se minerais os seres naturais de 
composição química definida e de estrutura cristalina 
determinada, que às vezes se apresentam em formas 
geométricas mais ou menos regulares. 
Todo mineral deve reunir três qualidades: unidade 
material, origem natural e pertencer à parte sólida da 
crosta terrestre. 
A matéria de que constam os minerais está formada 
pela ordenação sistemática das partículas elementais 
que a constituem, iontes átomos e moléculas, dando 
origem a um meio periodicamente homogêneo, 
denominado matéria cristalina que se tem forma 
poliédrica forma un' cristal. 
Quando se rompe uma massa de calcita os 
fragmentos resultantes têm forma poliédrica, 
romboedros neste caso; dos cristais pseudohexagonais 
de mica podem-se separar lâminas finíssimas que 
conservam a forma do cristal; os diamantes se 
lapidam aproveitando determinadas superfícies de 
fácil esfoliação. 
Isto obedece à estrutura interna da matéria 
cristalina. 
ESTRUTURA INTERNA DA MATÉRIA 
CRISTALINA 
É do conhecimento geral que o cloreto de sódio 
está integrado pelos iontes dos elementos cloro e 
sódio, porém o que já não é tão conhecido é que cada 
um dos citados iontes que em dissolução circulam 
livremente pela massa líquida, no momento da 
cristalização unem-se ocupando posições 
determinadas, de modo que cada ionte sódio esteja 
rodeado por seis iontes cloro, e inversamente, que 
cada ionte cloro esteja, por sua vez, rodeado por seis 
iontes sódio. 
Admitindo-se que cada ionte é uma esfera de 
tamanho determinado, que depende do número de 
eléctrons orbitais, carregada positiva ou 
negativamente, os iontes de sódio e cloro que 
integram o cristal de cloreto de sódio serão uma série 
de esferas que permanecerão unidas entre si pela força 
de atração entre cargas de diferente sinal, e portanto, 
cada uma destas esferas terá, circundando-a e 
tangentes a ela, o máximo número possível de outras 
carregadas com sinal contrário. 
Esta disposição, que depende unicamente do 
tamanho relativo de ambos iontes, determina que 
cada ionte adote uma posição particular. Sirvamo-nos 
de um cubo de aresta igual a 5,628 unidades 
arbitrárias, e em cada vértice e centro 
das faces coloquemos esferas de raio igual a 0,98; 
teremos o esquema que repetindo-se indefinidamente 
constitui o cristal do cloreto de sódio. Esta unidade 
cuja repetição dá a matéria cristalina, é denomina cela 
fundamental. 
A figura 1, da lâmina A/l representa o cubo descrito 
no paráfrago anterior; as esferas de cor verde são os 
cloriontes, enquanto que as de cor parda são os 
sodiontes. A figura 2 é exatamente o mesmo esquema, 
porém somente se acham representados os centros dos 
iontes; as linhas que os unem, de traço mais forte, 
marcam o limite da cela fundamental. Na figura 3 tem 
se desenhado uma série de celas fundamentais dentro 
de um cristal de cloreto de sódio. 
As dimensões desta unidade elemental, da ordem de 
uns poucos Armstrongs (1A=10-8 cm.), não permitem 
distingui-las nem sequer com o microscópio 
petrográfico, nem ainda com o eletrônico, sendo 
Cinicamente os raios X os que nos informam sobre a 
sua existência, uma vez que ao ser sua longitude de 
onda da mesma magnitude que as dimensões da cela 
fundamental, sofrem o fenômeno da difração. Este 
fenômeno foi descoberto por von Lane em 1912, e Sir 
William Bragg em 1913 deduz uma fórmula simples 
que proporcionou um imenso campo para a 
investigação dos cristais. 
Existem outros tipos de estrutura cristalina 
diferentes do descrito para o cloreto de sódio. Se 
consideramos o cristal de quartzo, nele os átomos de 
silício e oxigênio dispõem-se de modo que cada silício 
está situado no centro de um tetraedro cujos vértices 
ocupam quatro oxigênio. Cada tetraedro se une com 
seus vizinhos pelos vértices, formando um arcabouço 
tridimensional que origina o cristal de quartzo. O 
esquema do mesmo pode ser observado na figura 4. 
As estruturas que possuem estes agrupamentos 
discretos, tais como os carbonatos, sulfatos, etc., se 
distinguem das tipicamente iônicas em que o tamanho 
relativo de seus átomos não influi de maneira 
preponderante, sendo mais importante as direções em 
que se unem os átomos entre si. 
Como exemplo mineralógico típico de estruturas 
cristalinas com agrupamentos definidos no seu 
interior, citaremos o cristal de mica, 
esquematicamente desenhado na figura 5. 
 
 
 
______________________________ 
Cores convencionais adotadas internacionalmente para 
representação dos iontes: H, cor creme; H2O, alaranjado; O, 
vermelho; S, amarelo; N, azul ultramar; P, púrpura; Halógenos, 
verde; OH, azul celeste; e Metais, pardo ou cinzento. 
 
 
SIMETRIACRISTALINA 
A ordenação sistemática que adotam as partículas 
que formam a matéria cristalina faz com que nela 
apareçam elementos geométricos de simetria, tais 
como eixos, planos e centro de simetria. 
Na cela fundamental do cloreto de sódio, figura 1, 
observa-se que, ao efetuar rotações de 90º em redor 
das retas que unem os centros das faces, AA', todos os 
elementos materiais incidem em posições ocupadas 
por elementos similares antes da rotação, 
conservando-se a disposição relativa de todos eles. 
Exatamente ocorre ao girar 120º ao redor de BB', ou 
180" em volta de CC’. Isto determina a existência do 
eixo quaternário segundo AA', ternário segundo BB' 
ou binário segundo CC. 
Por outro lado, o plano ACACA'CAA' CA divide a 
cela em duas partes iguais, que são como o objeto e 
sua imagem; nesta posição existe um plano de 
simetria. 
Nos cristais aparecem estes elementos de simetria 
regulamentando' a disposição de seus elementos reais 
(faces, arestas e vértices), de modo que o estudo de 
estes últimos nos indica a simetria que possui o 
cristal. 
Os elementos de simetria que, sozinhos ou 
combinados entre si, podem aparecer nos cristais, são 
sete: 5 eixos de simetria de ordem binária, ternária, 
quaternária e senária, plano de simetria e centro de 
simetria. 
SISTEMAS CRISTALINOS 
A associação dos elementos de simetria 
cristalográfica entre si dá origem as 32 classes 
cristalinas. 
Reunindo-se em grupos de maneira que em cada 
um estejam aquelas que possuem eixos de simetria da 
mesma ordem, formam-se 6 sistemas cristalinos, cuja 
característica simétrica é o eixo comum. 
CONSTANTES CRISTALOGRÁFICAS 
A simetria interna da matéria cristalina se traduz na 
relação constante que observam entre si os elementos 
reais 
do cristal, ficando a posição de uma face qualquer 
determinada pelos ângulos que formam com outras 
que se tomam como planos de referência. 
Se no cristal de cloreto de sódio consideramos o 
ponto O como origem de coordenadas (fig. 3), as retas 
OA, OB e OC serão os três eixos de um sistema 
coordenado e formarão entre si três ângulos: a, b e g. 
que são as constantes angulares do cristal. A estes 
eixos denomina-se-lhes eixos cristalográficos. O 
plano ABC, paralelo à uma face de octaedro, corta os 
três eixos anteriores à distâncias fixas, a, b, c, que 
neste caso são iguais; a relação existente entre estes 
três parâmetros, a:b:c, denomina-se relação 
paramétrica, e com os ângulos anteriores constitui as 
constantes cristalográficas do cristal. 
Alterando a relação destas constantes entre si, se 
deduzem 7 formas fundamentais, que correspondem 
às sete singonias cristalinas, nas que podem também 
agrupar-se as 32 classes cristalinas. Na figura 4 
podemos observar as constantes cristalográficas e o 
poliedro fundamental para cada singonia, assim como 
a relação destas com os sistemas. 
FORMAS CRISTALINAS 
O cristal está formado por um conjunto de faces, 
arestas e vértices, que se dispõem segundo a simetria 
que possui a matéria cristalina que o integra. De 
acordo com esta simetria, uma face, que 
denominaremos face geradora, gerará um número 
determinado de faces, todas equivalentes a ela e cujo 
conjunto é uma forma cristalina simples. Assim, o 
cubo de cloreto de sódio será uma forma simples. Se 
várias destas formas se combinam num mesmo cristal, 
se gerará uma forma composta; por exemplo, um cubo 
de galena com faces de octaedro nos vértices. Na 
Natureza, os cristais se apresentam como formas 
compostas, salvo raras ocasiões. 
Quando uma forma simples limita uma porção de 
espaço, caso do cubo, diz-se que é forma fechada, 
enquanto que se não fecha um espaço determinado, 
como acontece com os prismas, denomina-se forma 
aberta. 
 
 
SISTEMA REGULAR 
Denominado também cúbico, está formado por 
cinco classes cristalinas, cuja característica é a de 
possuir quatro eixos ternários equidistantes entre si, 
que dão origem a três eixos binários normais entre si 
e equidistantes dos ternários e que passam a 
quaternários nas duas classes de maior simetria do 
sistema. 
O poliedro fundamental é o cubo, forma simples e 
fechada, como todas as deste sistema, integrada por 
seis faces equivalentes e normais aos eixos 
quaternários; suas arestas são os eixos cristalográficos 
do sistema, formando ângulos retos, ou seja: 
a = b = g = 90º. 
A forma que determina a relação paramétrica é o 
octaedro, cujas faces, normais aos eixos ternários, 
formam ângulos iguais com as do cubo, sendo seus 
parâmetros iguais, e a relação paramédica 
a:b:c:=1:1:1=1. 
A classe de superioridade simétrica é a holoédrica 
regular, que possui: três eixos quaternários, normais 
entre si e equivalentes; quatro eixos ternários 
equidistantes dos anteriores; seis eixos binários, que 
são bissetriz dos ângulos que formam os quaternários; 
três planos de simetria normais aos eixos 
quaternários; seis planos de simetria normais aos 
eixos binários, e centro de simetria (figs. 2, 3 e 4). 
Este conjunto de elementos de simetria produz a 
forma simples de maior número de faces, o 
hexaoctaedro ou hexaquisoectaedro, com 48 faces 
triangulares iguais. 
Além das indicadas, as formas holoédricas deste 
sistema são o rombododecaedro, com doze faces 
rombóides normais aos eixos binários, e o 
trapezoedro, com 24 laces trapézios isósceles, que são 
encontrados com grande freqüência nas granadas; o 
tetrahexaedro ou cubo piramidal, com 24 faces 
triângulos isósceles, e o trioctaedro ou octaedro 
piramidal. 
As quatro classes restantes do sistema possuem 
menor grau de simetria, existindo três hemiedrias: a 
enantiomórfica, a hemimórfica e a paramórfica, c a 
tetartoedria, que somente possui os elementos de 
simetria da característica simétrica. 
Entre as formas hemiédricas mais freqüentes, 
existem as paramórficas, o dodecaedro pentagonal ou 
piritoedro, formado por doze faces pentágonos 
irregulares, que como o seu nome indica apresenta-se 
com grande freqüência nos cristais de pirita; o 
icositetraedro trapezoidal ou diploedro, com 24 faces 
trape-zóides, que se acham nos cristais de leucita. 
Entre as hemimórficas, temos o tetraedro com quatro 
faces triângulos equiláteros, todas elas normais aos 
eixos ternários, e o tritetraedro ou tetraedro 
piramidal, com doze laces triângulos isósceles, que, 
combinados com o cubo, apresentam-se na blenda, 
principalmente nas variedades de blenda em forma de 
caramelo. 
A única forma tetartoédrica nova é o dodecaedro 
pentagonal tetartoédrico, do que muito raramente 
se encontram cristais naturais. 
SISTEMA REGULAR: 
HOLOEDRIA. — Cubo, octaedro, rombododecaedro, tetrahexaedro, trapezoedro, trioctaedro, 
hexaoctaedro. 
 Enantiomórfica. — Icositetraedro pentagonal. 
HEMIEDRIAS Hemimórfica. — Tetraedro, tritetraedro, dodecaedro trapezoidal, hexatetraedro. 
 Paramórfica. — Dodecaedro pentagonal, icositetraedro trapezoidal. 
 
{
 
TETARTOEDRIA. — Dodecaedro pentagonal tetartoédrico. 
 
 
SISTEMA TETRAGONAL 
Está formado por sete classes cristalinas, cuja 
característica simétrica é a de possuir um eixo 
quaternário, que em duas delas apresenta condições 
especiais, motivo pelo qual denomina-se 2.ª espécie. 
O poliedro fundamental é o prisma tetragonal, 
fechado em suas extremidades por faces de pinacóide 
básico, sendo forma composta integrada por quatro 
faces equivalentes e paralelas ao eixo quaternário, e 
duas faces, a superior e a inferior, normais ao citado 
eixo. Os eixos cristalográficos do sistema são as 
arestas desta forma composta, formando entre si três 
ângulos: a = b = g = 90º. 
A forma que determina a relação paramétrica é a 
bipirâmide tetragonal, com oito faces que formam 
ângulos iguais com as do prisma anterior, porém 
diferentes do que formam com o pinacóide.Os 
parâmetros com que estas faces cortam os eixos 
horizontais são iguais e distintos do parâmetro sobre o 
eixo vertical: a = b ≠ c. 
A classe de maior simetria é a holoédrica 
tetragonal, com um eixo quaternário vertical, quatro 
eixos binários normais ao quaternário e formando 
ângulos de 45°; um plano de simetria normal ao eixo 
quaternário, quatro planos de simetria que cortam 
segundo este eixo, formam entre si ângulos de 45° e 
são perpendiculares aos eixos binários, e centro de 
simetria. 
Além das três formas já citadas aparecem, na 
holoedria, o prisma ditetragonal, com oito faces 
verticais, que formam ângulos iguais dois a dois, e a 
bipirâmide ditetragonal, com dezesseis faces, oito 
superiores e oito inferiores, que convergem em dois 
vértices culminantes, superior e inferior 
respectivamente. Nesta classe cristalizam a casiterita e 
o rutilo, com formas compostas de prismas e 
bipirâmides. 
As formas hemiédricas mais importantes são: o 
trapezoedro tetragonal, integrado por oito faces 
trapezóides, que se cortam segundo arestas em forma 
de ziguezague; as pirâmides tetragonais e 
ditetragonal, verdadeiras hemiformas holoédricas; e 
os esfenoedros e escalenoedro tetragonais, de forma 
semelhante à do tetraedro, sendo suas faces triângulos 
isósceles em vez de equiláteros. Os cristais de 
calcopirita apresentam a combinação destas últimas 
formas. 
SISTEMA HEXACONAL. 
Como o sistema tetragonal, está formado por sete 
classes cristalinas, cuja característica simétrica é a de 
possuir um eixo senário; em duas delas, apresenta 
condições especiais que o fazem equivalente a um 
eixo ternário e um plano, motivo pelo qual alguns 
autores agrupam-nas com as cinco classes 
romboédricas, para formar um sistema de sete classes 
que denominam trigonal. 
O poliedro fundamental é o prisma hexagonal, 
fechado em suas extremidades pelo pinacóide básico, 
sendo forma composta integrada por seis faces 
equivalentes e paralelas ao eixo senário, e duas faces, 
a superior e inferior, normais ao mencionado eixo. Os 
eixos cristalográficos do sistema são três arestas deste 
poliedro, formando entre si os ângulos seguintes: 
a = b = 90º≠ g = 120°. 
A forma que determina a relação paramétrica é a 
bipirâmide hexagonal provida de doze faces que 
formam ângulos iguais com as faces do prisma, porém 
diferentes do que formam com o pinacóide. Os 
parâmetros com que estas faces cortam os eixos 
horizontais são iguais e distintos do parâmetro sobre o 
eixo vertical: a = b≠ c. 
A classe de maior simetria, holoedria hexagonal, 
possui um eixo senário vertical ; seis eixos binários 
horizontais formando ângulos de 30"; um plano de 
simetria normal ao eixo senário; seis planos contidos 
neste eixo e normais aos binários, e centro de simetria. 
A semelhança entre este sistema e o tetragonal 
incide na denominação das formas simples; assim, 
além das três formas citadas, aparecem, na holoedria, 
o prisma dihexagonal e a bipirâmide dihexagonal de 
características idênticas às tetragonais, exceto o 
número de faces, que será maior. Cristaliza nesta 
classe, mineral tão importante com seja o berilo. 
As formas hemiédricas são o trapezoedro 
hexagonal, com as arestas em ziguezague, as 
pirâmides hexagonais e dihexagonal, e os prismas e 
bipirâmides trigonais, que aparecem nas duas últimas 
classes do sistema e são de natureza totalmente 
diferente daqueles que temos visto no sistema 
tetragonal. Estas últimas formas, as encontraremos no 
sistema romboédrico, dando ocasião a que este tenha 
sido considerado como uma hemiedria do sistema 
hexagonal. 
 
 
SISTEMA ROMBOÉDRICO 
Incluído por uma série de autores dentro do 
sistema hexagonal, torna-se independente deste 
devido à aparecer em todas suas classes o romboedro, 
forma fundamental do sistema, que pode considerar-
se derivado do cubo com somente deformar este 
último homogeneamente; está integrado por seis 
faces, rombos, e doze arestas, seis delas culminantes 
três a três nos vértices superior e inferior. 
Os eixos cristalográficos relacionais deste sistema 
são as três arestas culminantes do romboedro, que 
formam ângulos iguais entre si e diferentes de 90º: 
a = b = g≠ 90º. A face fundamental é o pinacóide 
básico que trunca este vértice e corta os três eixos 
segundo parâmetros iguais entre si: a = b = c. 
Não obstante, devido à aparecerem neste sistema 
formas hexagonais, e com a finalidade de não orientar 
a mesma forma cristalina de modo diferente, adotam-
se, para o estudo morfológico, os eixos do sistema 
hexagonal. 
As cinco classes cristalinas do sistema carecem de 
plano principal de simetria, possuindo a holoedria um 
eixo ternário vertical; três eixos binários, normais ao 
ternário e formando ângulos de 60° entre si; três 
planos de simetria verticais e normais aos eixos 
binários, e centro de simetria. 
As formas simples mais importantes, além do 
romboedro já citado, são o escalenoedro ditrigonal, 
formado por doze faces triângulos escalenos, seis 
superiores e seis inferiores, com as arestas médias em 
ziguezague; os trapezoedros trigonais, com seis faces 
trapezoidais, três superiores e três inferiores, 
enantiomorfos entre si e cujas faces determinam a 
natureza dextrógira ou levógira do cristal de quartzo; 
as pirâmides trigonais também denominadas 
hemiromboedros; e os prismas e bipirâmides 
hexagonais, exatamente iguais aos que vimos no 
sistema hexagonal. 
Minerais tão importantes como a calcita, quartzo, 
cinábrio, oligisto, coríndon, etc, cristalizam neste 
sistema, sendo típicos os escalenoedros ditrigonais de 
calcita e os quartzos formados por prisma hexagonal, 
romboedros positivo e negativo, faces pequenas de 
bipirâmides trigonais, e as características facetas do 
trapezóide trigonal. 
SISTEMA DIGONAL 
Está formado pelas singonias rômbica e 
monoclínica, caracterizando-se suas classes cristalinas 
por terem um eixo binário principal. 
a) SINGONIA RÔMBICA. — O poliedro 
fundamental é um paralelepípedo retangular, forma 
composta pelos três pinacóides básicos. As arestas do 
poliedro fundamental são os eixos cristalográficos da 
singonia, formando três ângulos retos : 
a = b = g = 90º . 
A bipirâmide rômbica, formada por oito faces 
triângulos escalenos, quatro superiores e quatro 
inferiores, determina a relação paramétrica, cortando 
os três eixos segundo parâmetros desiguais: a≠ b≠ c. 
A holoedria rômbica possui três eixos binários 
normais entre si e não equivalentes; três planos de 
simetria, perpendiculares aos eixos binários, e centro 
de simetria. 
As formas desta singonia, além das já citadas, são 
prismas rômbicos, pirâmide rômbica e esfenoedro 
rômbico. 
O aragonito, a baritita, etc, cristalizam nesta 
singonia, com formas geralmente tabuláres, 
proporcionando magníficos agregados. 
b) SINGONIA MONOCLÍNICA. — O poliedro 
fundamental é um paralelepípedo inclinado, forma 
composta pelos três pinacóides monoclínicos. As 
arestas do poliedro são os eixos cristalográficos da 
singonia, formando dois ângulos retos e um terceiro 
ângulo de valor diferente: a = g = 90º≠ b. O prisma 
monoclínico de 4.ª espécie, formado por quatro faces 
que cortam os eixos cristalográficos à distâncias 
desiguais, determina a relação paramétrica: a≠ b≠ c. 
A holoedria monoclínica possui: um eixo binário, 
um plano de simetria, normal a ele, e o centro de 
simetria. 
As formas mais importantes desta singonia são os 
prismas monoclínicos, com as diversas posições que 
podem adotar: os domos monoclínicos, e os 
esfenóides. 
Na holoedria monoclínica cristalizam um número 
muito importante de substâncias orgânicas, sendo uma 
das classes cristalinas que maior número de 
compostos contém. 
SISTEMA TRICLÍNICO 
A característica das classes deste sistema consiste na 
sua falta de simetria. Opoliedro fundamental é um 
paralelepípedo inclinado sobre seus três lados, forma 
composta pelos três pinacóides triclínicos. Os eixos 
cristalográficos são as arestas do poliedro, não 
possuindo nenhum ângulo igual, nem entre si nem a 
90º: [a≠ b≠ g]≠ 90º. A face fundamental secciona os 
três eixos à distâncias desiguais, sendo a relação 
paramétrica: a≠ b≠ c. As formas simples desta 
singonia são unicamente pinacóides e pediones, 
formados respectivamente por pares de faces paralelas 
ou por uma só face. 
Os plagioclásios cristalizam neste sistema. 
 
 
 
 
AGREGADOS CRISTALINOS 
No momento da cristalização, os cristais têm 
tendência a unir-se, formando associações que se 
denominam agregados cristalinos. Estes podem estar 
integrados por uma só espécie mineral, agregados 
homogêneos, ou por várias espécies, agregados 
heterogêneos. Destes últimos, temos bons exemplos 
nas rochas, verdadeiras associações de diversas 
espécies minerais, como sejam o granito, agregado 
granulado heterogêneo de quartzo, feldspato e mica; 
individualmente, a cristalização de zircão sobre 
monasita constitui um caso típico de agregado 
heterogêneo regular. 
Nos agregados homogêneos, ao associarem-se dois 
ou vários cristais de uma mesma espécie mineral, 
podem efetuá-lo de forma casual ou de maneira que 
seus elementos mantenham uma relação fixa que 
obedece a: determinadas leis. No primeiro caso, 
produzem-se os agregados irregulares, como 
conseqüência das condições do meio ambiente durante 
o crescimento cristalino, constituindo bons exemplos 
as formações estalactíticas, os geodes, os crescimentos 
arborescentes do gelo, etc. 
No segundo caso, o motivo da associação reside no 
crescimento interno do cristal, formando-se os 
agregados regulares, entre os quais devemos distinguir 
os agregados holoáxicos, uniáxicos e biáxicos ou 
macias. 
Se as faces e arestas análogas dos diversos cristais 
que formam o agregado mantém-se paralelas entre si, 
com o máximo grau de regularidade na orientação dos 
distintos elementos, terá se formado um agregado 
holoáxico ou crescimento em paralelo; o quartzo em 
centro, a calcita em forma de cabeça de prego, e o 
crescimento em paralelo dos octaedros do alúmen de 
potássio são uma prova destes exemplos raros. 
Vários cristais podem associarem-se de modo que 
todos eles possuam um elemento real, já seja aresta ou 
face, comum ou paralelo, determinando um agregado 
uniáxico. Este é o caso dos cristais tabulares de 
baritina, que unindo-se por uma aresta comum, 
apresentam o aspecto de um livro aberto. 
Os agregados regulares mais importantes são os 
biáxicos. Quando dois ou mais cristais se unem de 
forma que dois de seus elementos coincidam ou sejam 
paralelos, sendo a simetria do conjunto 
superior à de cada indivíduo, ter-se-á formado uma 
macia. 
Suponhamos que um cristal de gesso se reflete 
sobre um plano paralelo às faces do primeiro 
pinacóide: unindo-se o cristal e sua imagem, 
formar-se-á a macia em forma de lança do gesso, 
passando o plano de reflexão a ser plano de simetria 
do conjunto. A este novo plano de simetria 
denomina-se plano de macia. Se a um dos dois 
indivíduos desta macia lhe imprimimos uma rotação 
de 180" em redor da reta normal ao plano de macia, 
se formará o cristal de gesso. Esta reta se denomina 
eixo de macia, e pode ser aresta de cristal como 
acontece na macia das espinelas. As faces do 
segundo pinacóide dos dois cristais maclados, 
formam um plano comum sem solução de 
continuidade; as faces que apresentam esta 
propriedade denominam-se plano de união. 
As macias podem ser bigeminadas, quando estão 
formadas por dois indivíduos, ou poligeminadas, se 
contêm vários cristais. Entre as primeiras, 
distinguiremos as macias por justaposição, nas que 
o plano de macia separa os dois cristais (macias da 
cassiterita, gesso em forma de lança e das espinelas) 
e as macias de compenetração, quando os dois 
indivíduos crescem a ambos lados do plano de 
macia, sendo impossível deslindá-los em duas 
metades rigorosamente simétricas (macia de 
Carlsbad do ortósio e macia em forma de Cruz de 
Ferro da pirita). 
As poligeminadas podem ser macias múltiplas, 
quando vários cristais se maclam um depois do 
outro do mesmo modo, fornecendo conjuntos 
fechados, como a coroa de rutilo, ou abertos, como 
a macia em ziguezague do aragonito. Se uma série 
de cristais se maclam compenetrando-se de modo 
que o seu conjunto pareça ter uma simetria que em 
realidade não possui, falsa simetria ou 
pseudosimetria, formam as macias miméticas, cujo 
exemplo mais clássico acha-se constituído pelas 
«pequenas torres» do aragonito. Finalmente, as 
macias polissintéticas são o resultado da 
justaposição de uma série de finíssimas lâminas 
proporcionando um conjunto no qual não se 
distinguem os indivíduos que o formam; os 
plagioclásios apresentam uma macia deste tipo, nos 
quais estas finíssimas lâminas somente são 
observadas por meio do microscópio petrográfico. 
 
 
 
 
 
PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS 
CRISTAIS 
Se um raio de luz atravessa um cristal de sal gema, 
o efeito que se observa é o mesmo que quando passa 
através de uma massa de água: se a incidência é reta, 
não sofre desvio, e se é inclinada, desvia-se de acordo 
com seu índice de refração, que tem o mesmo valor 
em todas as direções do espaço. O fenômeno 
denomina-se refração simples e o sal gema é 
opticamente isótropo. Todos os cristais deste tipo 
cristalizam no sistema regular. 
Se o mesmo raio atravessa um romboedro de 
calcita, tanto se a incidência é reta como inclinada, 
divide-se em dois raios, um dos quais se comporta 
como se o cristal fosse isótropo, entretanto o outro se 
desvia segundo as leis próprias. Este fenômeno 
denomina-se refração dupla, e dizemos que a calcita é 
opticamente anisótropa; o primeiro raio é ordinário e 
o segundo é extraordinário. 
A velocidade de propagação do raio ordinário é 
constante em todas as direções do cristal, enquanto a 
do extraordinário varia dentro de certos limites, ao 
variar a direção da trajetória, propagando-se segundo 
um elipsóide. A luz de ambos raios está polarizada em 
dois planos perpendiculares entre si, de maneira que 
se os interceptamos quando saem do romboedro de 
espato de Islândia, mediante uma lâmina cristalina 
que somente deixe passar a luz que vibra em uma 
direção, um cristal de turmalina lapidado 
paralelamente ao eixo ternário, existem duas posições 
da lâmina em que somente se observa um dos dois 
raios. Não obstante, há no romboedro uma direção 
paralela ao eixo ternário, em que a luz passa através 
do cristal sem que se produza o fenômeno da dupla 
refração; esta direção de monorefringência denomina-
se eixo óptico. Os cristais anisótropos possuem, para 
cada lâmina, dois índices de refração, correspondentes 
aos dois raios; se desenhamos, se- 
gundo as direções de vibração de ambos raios, 
segmentos retilíneos proporcionais aos seus índices de 
refração, o lugar comum de todos eles será um 
elipsóide, obedecendo a variação dos índices de 
refração à lei do elipsóide. Este elipsóide é chamado 
indicador óptico.' 
A calcita possui uma direção de monorefringência, 
o eixo óptico, que coincide com o eixo de maior 
simetria da classe em que cristaliza. Os cristais que, 
como a calcita, possuem um só eixo óptico 
denominam-se uniáxicos; seu indicador é um 
elipsóide de revolução cujo eixo de revolução 
coincide com o eixo óptico, e a seção normal a ele é 
um círculo. Todos eles cristalizam nos sistemas 
tetragonal, hexagonal e romboédrico. 
Existe ainda uma outra classe de cristais que têm 
dois eixos ópticos, como o aragonito, denominando-se 
biáxicos; seu indicador é um elipsóide escaleno ou de 
três eixos desiguais, com duas seções cíclicas cujos 
raios normais coincidem com os eixos ópticos. Este 
elipsóidetem, como máxima simetria, três eixos 
binários normais entre si devendo pertencer os cristais 
biáxicos às singonias rômbica, monoclínica c 
triclínica. Nestes cristais, o ângulo que formam os 
eixos ópticos é uma constante óptica do cristal. 
SINAL ÓPTICO 
É necessário distinguir o sinal óptico dos cristais 
uniáxicos do dos biáxicos. 
Nos primeiros, o cristal é positivo ou negativo 
segundo o índice de refração do raio extraordinário, e, 
seja maior ou menor do que o do raio ordinário, w. O 
quartzo é opticamente positivo, uma vez que e > w, 
enquanto que a calcita é opticamente negativa, porque 
w - e. O sinal que tem a diferença e - w é o sinal 
óptico do cristal. 
Nos cristais biáxicos, o conceito de sinal óptico 
acha-se ligado ao valor do ângulo dos eixos ópticos. 
Quando é menor de 90º, o cristal é positivo, porém se 
é maior de 90º, o cristal será negativo. 
 
 
MICROSCÓPIO POLARIZANTE 
O estudo das propriedades ópticas dos cristais, em 
seções delgadas de minerais e de rochas, efetua-se 
mediante um tipo especial de microscópio denominado 
microscópio petrográfico ou de polarização. Consta de 
todas as partes do microscópio ordinário, e além disso 
tem um sistema de polarização formado pelo 
polarizador, que transforma a luz natural em 
polarizada e o analisador, que analisa a luz que sai da 
lâmina cristalina. O primeiro situa-se antes do 
condensador, e o segundo, entre a objetiva e o ocular. 
O condensador, neste tipo de microscópios, é móvel 
podendo se interpor à vontade; as objetivas são de 
construção especial, livres de tensões, não sendo 
aconselhável empregar as objetivas comuns; as 
oculares costumam levar um retículo formado por dois 
fios muito finos que se cortam em ângulo reto. O 
polarizador e o analisador, que constam de um prisma 
de Nicol formado por um romboedro de esfoliação de 
espato de Islândia cortado de modo que o raio 
ordinário sofra a reflexão total e somente se observe o 
extraordinário, estão montados de maneira que possam 
girar sobre si próprios de acordo com o ângulo que se 
deseje, sendo além disso intercaláveis 'à vontade no 
sistema óptico. Os microscópios modernos levam 
lâminas de «polarização» em vez dos prismas de Nicol, 
obtendo-se deste modo maior luminosidade e além 
disso não têm limitação no seu tamanho. 
Existe uma lente que se interpõe à vontade, 
denominada lente de Bertrand, que permite a 
observação das figuras de interferência. Neste caso, 
deve estar no sistema óptico o condensador, chegando 
à lâmina cristalina um feixe de raios convergentes; 
este dispositivo denomina-se conoscópico. Quando o 
feixe de raios que chega à placa cristalina é 
aproximadamente paralelo, e não há condensador nem 
lente de Bertrand, o dispositivo se chama ortoscópica. 
A platina destes microscópios deve ser giratória, 
graduada nos bordos em graus, com dois nónios que 
permitem apreciar meios graus nos modelos de ensino 
e décimos de grau nos destinados à investigação. O ato 
de focalizar verifica-se por meio de um movimento 
rápido que eleva ou abaixa o tubo do microscópio e 
um outro movimento lento para o ato de localizar com 
precisão a imagem, que atua sobre a platina. 
Os grandes modelos modernos possuem um sistema 
de prismas que lhes permite construir o tubo do 
microscópio inclinado, podendo-se adatar um bi- 
nocular para evitar o cansaço derivado do desigual 
esforço dos dois olhos. 
Na figura 1 podemos observar o microscópio de 
investigação Zeiss, modelo Standard GFL 666; esta 
casa construtora tem o modelo Standard Junior KFT 
para estudantes e os Ultraphot II Pol e Standard WL 
Pol, de alta investigação. As figuras 2 e 3 são o corte 
transversal do microscópio, com a trajetória dos raios 
no caso de montagem ortoscópica e conoscópica. 
Com ambas montagens efetuam-se as seguintes 
observações que resumimos no quadro n." 2 a seguir. 
MOMAGEM DO MICROSCÓPIO 
COM DISPOSITIVO ORTOSCÓPICO 
A) Sem polarizador nem analisador. 
Medida dos ângulos planos entre 
linhas existentes na lâmina cristalina 
(linhas de esfoliação, etc). 
Determinação da espessura da placa 
cristalina. 
Determinação de índices de refração de 
cristais microscópicos. 
B) Com polarizador. Observação do 
pleocroismo. 
C) Com polarizador e analisador. 
Determinação das direções de extinção 
(direções em que vibram os dois raios 
polarizados). 
Determinação da birrefringência e da cor de 
polarização. 
Determinação do sinal da extinção. 
COM DISPOSITIVO CONOSCÓPICO 
Observação das figuras de interferência. 
Determinação do sinal óptico. 
Medida do ângulo dos eixos ópticos nos 
cristais biáxicos. 
POLARIZAÇÃO ROTATÓRIA 
Quando um raio de luz polarizada atravessa um 
cristal na direção do eixo óptico, continua vibrando 
segundo o mesmo plano sem sofrer variação alguma. 
Existem cristais, como o quartzo, que nas condições 
anteriores possuem a propriedade de fazer girar o 
plano de vibração da luz. O ângulo girado depende 
da espessura do cristal, embora seja constante para 
uma mesma espécie mineral sob grossuras iguais. 
Esta propriedade denomina-se polarização rotatória. 
Os cristais que a possuem cristalizam nas hemiedrias 
enantiomórficas e é conseqüência da distribuição 
atômica destes compostos (fig. 4). 
 
 
Classe I. — ELEMENTOS 
Compreende os elementos químicos que se acham 
livres na Natureza e que à temperatura ambiente são 
sólidos ou líquidos, ao igual que suas misturas 
homogêneas. Para seu estudo mineralógico os 
dividiremos em Metais e Não Metais (ametais). 
METAIS 
Os elementos metálicos naturais cristalizam quase 
que todos no sistema cúbico, caracterizando-se por 
serem maleáveis, terem peso específico elevado e 
brilho metálico. Todos eles têm conexão metálica, 
formada pelos centros dos átomos que estão unidos 
entre si por uma espécie de nuvem eletrônica, na qual 
os elétrons podem viajar livremente. 
Se pudéssemos observar um cristal de cobre nos 
seus mais íntimos detalhes, veríamos que ao 
cristalizar, seus átomos dispõem-se do mesmo modo 
que o fariam uma série de bolas de igual tamanho que 
quisessem ocupar o menor espaço possível. 
Esta disposição se consegue numa única camada de 
esferas quando seus centros formam triângulos 
eqüiláteros de modo que cada uma fique rodeada por 
outras seis, tal e como indicam as bolas 1 da figura n.º 
1. Colocando uma segunda camada, cada esfera terá 
contacto com três da camada inferior, estando seus 
centros nas posições 2 (fig. 1). Se situamos uma 
terceira camada, as esferas podem estar sobrepostas 
ortogonalmente às da primeira camada, de modo que 
seus centros se projetem nas posições 1, produzindo 
uma distribuição denominada empacotamento 
hexagonal compacto; sua simetria é hexagonal e 
possui um eixo senário normal às camadas de esferas 
(fig. 1). 
Se as esferas desta última camada não se 
superpõem ortogonalmente com as da primeira, senão 
que seus centros situam-se nas posições' da figura n.º 
2, produz-se um empacotamento cúbico compacto; 
sua simetria é cúbica e normalmente às camadas de 
esferas existem os eixos ternários. A distribuição é a 
mesma que se conseguiria se num cubo colocássemos 
esferas nos vértices e na metade das faces, 
denominando-se por esta razão também rede cúbica 
compacta de faces centralizadas. 
Existe ainda uma outra disposição estrutural que 
apresentam alguns metais, é o empacotamento cúbico 
centralizado ou rede cúbica centralizada no interior 
(fig. 3). As esferas situam-se nos vértices e no centro 
de um cubo ocupando mais espaço do que nos 
empacotamentos compactos. 
Grupo do Cobre 
São os metais naturais mais representativos, 
abrangendo o cobre e os metais nobres: prata e ouro. 
Cristalizam na holoedria regular, em forma de 
octaedros, cubos e rombododecaedros. Se maclam do 
mesmo modo que as espinelas e têm grandetendência 
a formarem crescimentos paralelos de tipo dendrítico. 
São moles, motivo pelo qual seus cristais perdem 
rapidamente as arestas passando a formas redondas; 
leves, frágeis e pesados, com brilho intenso; bons 
condutores do calor e da eletricidade. Não se 
encontram puros senão contendo pequenas 
quantidades dos outros dois, em forma de dissoluções 
sólidas. 
OURO. — De cor amarela típica, com risco da 
mesma cor, em lâminas muito finas tem tonalidades 
azul-esverdeadas por transparência. Apresenta-se em 
jazidas de dois tipos: o ouro de minas, contido em 
filões unidos à rochas de tipo granítico, acompanhando 
ao quartzo, e, o ouro de parcel, concentração de 
partículas auríferas, transportadas pelas águas e 
acumuladas em lugares onde a corrente diminui sua 
força. Entre os primeiros, citaremos o riquíssimo de 
Witwatersrand na região de Transwaal, e entre os 
segundos, os de Califórnia e Alaska que produziram as 
«febres do ouro» dos anos 1849 e 1896 
respectivamente. Até o ano de 1890, foram os Estados 
Unidos o maior país produtor de ouro, porém nesta 
época África do Sul sobrepassou sua produção devido 
ao descobrimento das minas do «Rand», e tem se 
mantido em posição predominante até o dia de hoje. 
PRATA. — De cor branca típica, com risco da 
mesma cor, em lâminas finíssimas é azul por 
transparência. Apresenta-se com alteração superficial 
de óxido, fornecendo uma pátina de cor cinzenta-
negra. A prata nativa tem pouca importância como 
minério do metal, apresentando-se em jazidas do 
mesmo tipo que as auríferas; são famosas as jazidas 
de Potosí (Bolívia). 
COBRE. — De cor vermelha típica, com risco da 
mesma cor, apresenta-se sempre alterado, com pátina 
de cor verde ou azul devido aos carbonatos básicos de 
cobre que se formam. Em lâminas muito delgadas é 
verde por transparência. Não tem importância como 
minério de cobre. Mencionaremos as jazidas do Lago 
Superior, mais do que pela sua importância 
econômica, pelos belíssimos cristais que nelas são 
encontrados. 
 
 
NÃO METAIS 
Os elementos reunidos neste parágrafo possuem 
propriedades que podem ser discriminadas entre as 
manifestamente metálicas, caso do bismuto, até as 
especificamente não metálicas, caso do enxofre e 
diamante, segundo que a junção entre seus átomos 
seja metálica ou covalente. A maior parte deles são 
polimorfos, achando-se na Natureza a modificação 
mais estável nas condições do meio ambiente. 
ENXOFRE. — O enxofre nativo é a forma 
polimorfa a, estável à temperatura ambiente e na que 
se transformam lentamente as b e g que se encontram 
em estado natural em algumas localidades. 
O a-enxofre cristaliza em belos cristais da 
holoedria rômbica, de forma bipiramidal ou 
esfenóide, cor amarela limão, transparentes ou 
translúcidos e brilho adamantino. Risco branco. 
Sua estrutura, formada por empacotamento na cela 
fundamentai de 16 anéis de 8 átomos de enxofre, é 
tipicamente molecular. Os átomos dos anéis estão 
unidos fortemente entre si, dando verdadeiras 
moléculas, que, pela sua vez, se juntam com enlace 
mais débil. Esta estrutura corresponde às 
propriedades do enxofre ao aquecê-lo: a 119ºC funde 
em líquido limpo e fluido, que se torna viscoso a 
200ºC, mudando sua cor para o vermelho; na 
primeira fusão conservam-se os anéis S8 circulando 
livremente pela massa fluida, enquanto que a 200ºC 
rompem-se, fornecendo cadeias que são as causantes 
da viscosidade do meio. 
Opticamente, os cristais de enxofre são 
pleocróicos, biaxiais positivos, com birrefringência 
muito forte (diretamente apreciáveis em alguns 
casos); maus condutores do calor e da eletricidade, 
eletrizam-se negativamente por fricção. 
As jazidas de enxofre se apresentam: 1) Em redor 
dos vulcões (Japão, México, Chile); 2) Em casquetes 
sobre os domos de sal (Costa do Golfo, Texas, 
Luisiana); e 3) Em forma de camadas sedimentares 
(Rússia, Sicília, Espanha). 
O enxofre nativo, relativamente inerte, arde a 
247ºC, transformando-se em SO2, que se utiliza para 
a obtenção de ácido sulfúrico, seja pelo método de 
contacto, seja nas câmaras de chumbo. Têm 
propriedades anticriptogâmicas e edafológicas como 
corretor de terrenos alcalinos, e emprega-se em 
Farmácia como medicamento externo. Por sua vez, o 
ácido sulfúrico é matéria prima na obtenção de 
superfosfatos, importantes adubos. 
A produção mundial de enxofre bruto é de uns 4 
milhões de toneladas, das quais 92 % correspondem 
aos Estados 
Unidos da América do Norte. Itália, Japão, Chile, 
Espanha, México, França e a Indonésia produzem o 
restante. Rússia tem uma produção elevada, embora 
desconhecida. 
GRAFITA. — Mineral constituído por carbono 
puro, é sua variedade polimorfa mais estável. Os 
átomos dispõem-se em camadas formadas por 
hexágonos quase coplanos de modo que cada C está 
rodeado por outros três a 1,42 A, distância 
interatômica igual a que separa os átomos de carbono 
da benzina; isto faz supor a existência de enlaces 
duplos entre eles. Estas camadas, que se acham a 
3,40 A umas das outras, unem-se entre si por meio de 
enlaces ou junções débeis do tipo de van der Waals, 
sendo esta a causa da fácil esfoliação que apresenta 
este mineral paralelamente a elas, assim como de sua 
pouca dureza e seu hábito tabular. 
Os cristais em forma de tábuas hexagonais são 
raros, sendo encontrados em forma de massas 
prismáticas bastante folhadas. Tem cor cinzenta de 
aço, com brilho metálico e risco cinzento puro. É 
transparente em lâminas muito finas, com 
tonalidades azul profundo; fortemente pleocróico e 
uniaxial negativo. Flexível, porém não elástico, tem 
tato suave e suja os dedos. É bom condutor da 
eletricidade e amplamente transparente às radiações 
infravermelhas. Infusível ao maçarico (funde a 
3.000°C) e inatacável pelos ácidos; aquecido ao 
rubro com ácido nítrico concentrado sobre lâmina de 
platina, se incha (grafitita) e, acrescentando-se 
ClO4K, se descompõe, dando o ácido grafítico. 
Embora as jazidas de grafita se apresentem em 
rochas eruptivas e sedimentares, são características 
das rochas metamórficas. Os processos de 
metasomatismo de contacto e metamorfismo regional 
tem produzido os criadoiros mais importantes, tais 
como os da Sibéria, Madagascar e México. O 
mineral procedente do Ceilão é muito apreciado pela 
sua pureza e estado de cristalização, apresentando-se 
em filões hidrotermais. 
A produção anual de grafita é de 250.000 
toneladas, aproximadamente, sendo a Rússia, Coréia, 
Áustria, Ceilão, Madagascar e México os países 
produtores, embora também se extraia, em escala 
muito menor, na Itália, Estados Unidos da América 
do Norte e na Espanha. 
Sua variedade folhada emprega-se na fabricação 
de crisóis industriais e para o revestimento de fornos 
de fundição e como lubrificante. 
A variedade terrosa, de textura microcristalina, 
utiliza-se em pinturas antioxidantes e para a 
fabricação de grafite para lápis. 
 
DIAMANTE. — É a pedra preciosa mais apreciada 
e a substância natural mais dura que se conhece. Está 
formado por carbono puro, é inatacável pelos meios 
ordinários, e seu elevado índice de refração e dispersão 
proporcionam-lhe um brilho e reflexo de impossível 
superação. 
Parece que o descobrimento do primeiro diamante 
aconteceu na índia, aproximadamente 800 anos a. J.C., 
e, embora conhecido e apreciado por gregos e 
romanos, não alcançou todo o seu valor até que, na 
Idade Média, achou-se o modo de lapidá-lo. A partir 
deste momento, o seu valor tem ido em aumento 
continuamente, de tal maneira, que a quantidade de 
diamantes equivalentes ao preço de 12 toneladas de 
ouro poderia se ocultar numa só pessoa. 
O diamante cristaliza no sistema regular, existindo 
opiniões dispares sobre a classe cristalina a que 
pertence, já que os dados experimentais favorecem, 
tanto a sua inclusão na holoedriacomo na hemiedria 
hemimórfica. 
Na sua estrutura existem dois tipos de átomos de 
carbono (fig. 1), marcados A e B. Os primeiros, 
dispõem-se nos vértices e centros das faces de um 
cubo, fornecendo uma rede cúbica de faces 
centralizadas, e os segundos, acham-se entre 4 átomos 
de carbono em coordenação tetraédrica com eles. A 
união verifica-se entre os átomos de carbono A e B, 
que estão separados por 1,54 Å , e formam um ângulo 
de 108º 54', que é exatamente a distância e o ângulo de 
enlace dos compostos alifáticos. 
Apresenta-se em cristais octaédricos, algumas vezes 
dodecaédricos, muito raro cúbicos, de grande 
perfeição, desenvolvidos em todo seu contorno e 
isolados ou em cristais deformados, irregulares, com 
fenômenos de corrosão e arredondamento de suas 
faces. 
Tem esfoliação perfeita segundo as faces do 
octaedro, propriedades que são aproveitadas para a sua 
talha ou lapidação; é muito frágil, rompendo-se por 
percusão e podendo ser reduzido a pó no morteiro de 
aço. 
Tem brilho adamantino característico, forte refração 
e elevada dispersão, podendo ser transparente e claro, 
como a água, ou bem turvo e opaco. Incolor, 
apresenta-se em tonalidades difíceis de serem 
observadas e raras vezes de cor intensa e azul. Ao o 
lapidar, aproveitam-se suas propriedades ópticas para 
produzir no seu interior o fenômeno da 
refração total, obtendo-se a pedra preciosa conhecida 
com o nome de brilhante (figura 2). É fortemente 
fluorescente à luz ultravioleta, bom condutor do calor 
e triboelétrico. 
No diamante podemos distinguir as variedades: 
diamante, cristais isolados e muito puros, pedra 
preciosa; esferas de bort ou balas, massas densas, 
irregulares, fibrosorradiadas; carbonado, pedras 
rodadas do tamanho de uma ervilha e aspecto de 
coque. As duas últimas variedades constituem os 
diamantes industriais. 
Acham-se em jazidas primárias (fig. 3), na África 
do Sul, em chaminés verticais cheias de uma rocha 
ultrabásica, rica em olivina, e denominada kimberlita, 
na que os diamantes estão disseminados; em jazidas 
secundárias, em forma de parcéis diamantíferos, de 
grande difusão, acompanhados de quartzo e de outras 
pedras preciosas. 
Os diamantes antigos procediam principalmente da 
índia, até que com o descobrimento das minas 
sudafricanas, que acrescentaram grandemente a 
produção de diamantes, a Costa de Ouro, e 
posteriormente, a União Sudafricana passaram a serem 
os primeiros países produtores. Calcula-se que a 
metade da produção anual de diamantes é bort; uma 
quarta parte deles tem imperfeições e não tem a cor 
adequada, porém podem se lapidar, e somente a quarta 
parte é material precioso, embora pequeno a maior 
parte do mesmo. Só um 5 por 100 são pedras preciosas 
de 2 quilates (1 quilate = 0,2 gramas) em bruto, que, 
lapidadas, dão brilhantes de 1 quilate. 
No preço dos diamantes intervêm grande número 
de fatores; assim, entre duas pedras do mesmo peso, 
sendo uma delas de um branco puríssimo e a outra 
ligeiramente amarelenta, existe grande diferença de 
valor. 
As pedras mais famosas procedem das Índias 
Orientais, o antigo país dos diamantes, hoje esgotado, 
entre as que merecem ser destacadas: o Koh-i-noor, 
pertencente à Coroa Inglesa, de 106 q.; o Florentino 
ou Toscano, de 139 q.; o Grande Mogol, que pesava 
793 q., hoje em dia dividido. Da África do Sul tem se 
extraído pedras enormes, como o Excelsior, de 971,75 
q., e o Cullinan, que pesou 3.024,75 q., presenteado ao 
rei Eduardo de Inglaterra, e que foi dividido em 105 
peças, duas das quais, de 516 e 309 quilates, são os 
maiores diamantes lapidados que se conservam. 
 
Classe II. — SULFURETOS 
Reunem-se nesta classe aqueles minerais cuja 
composição é a combinação não oxigenada de metais 
e metalóides com S, As, Sb, Bi, Se e Te; compreende 
os sulfuretos simples e duplos e os sulfosais. 
Fisicamente, caracterizam-se por seu aspecto 
metálico, peso específico elevado e pela sua 
opacidade. Economicamente, é muito importante, pois 
nesta classe encontram-se os minérios metálicos mais 
úteis. 
Grupo Argentita-Calcosina 
Os minerais deste grupo são sulfuretos, teluretos e 
seleniuretos de prata e cobre. Todos eles são dimorfos, 
com uma forma cúbica de alta temperatura, estável 
acima dos 180º-200ºC, de estrutura simples, e uma 
outra rômbica, estável a temperatura ambiente, de 
estrutura muito complexa e não conhecida muito 
perfeitamente. Os cristais cúbicos formados acima dos 
200°C, passam a rômbicos ao descer a temperatura, 
conservando a forma cúbica. Esta propriedade tem 
motivado que se tenha descrito estes minerais como 
pertencentes ao sistema cúbico, embora com marcada 
anisotropia óptica. 
ARGENTITA, SAg2. — Apresenta-se em 
octaedros ou em grupos de agregados holoaxiais; 
também pode encontrar-se em formas reticuladas, 
arborescentes, etc. Cor cinzenta de chumbo escuro e 
brilho metálico, que passa a mate ao oxidar-se; risco 
das mesmas características. Os cristais rômbicos, de 
ângulos muito semelhantes aos cúbicos, formam a 
acantita. É o mineral primário mais importante da 
prata, encontrando-se-lhe principalmente no México, 
e, belamente cristalizado, na Saxônia (fig. 1). 
CALCOSINA ou CALCOCITA. SCu2. — 
Reunem-se sob este nome uma série de minerais que 
respondem a fórmula anterior, podendo agrupar-se em 
três tipos claramente definidos; I) Calcocita rômbica, 
formada por baixo de 103ºC; II) Calcocita formada 
acima de 103ºC, como a SCu2-a e invertida à forma 
rômbica ao cair a temperatura; e III) Calcocita cúbica, 
formada por SCu2, estabilizada devido à ter em 
suspensão SCu, opticamente isótropa e de cor azul 
típica. A mais freqüente é a calcocita rômbica que 
apresenta-se em forma de cristais pseudohexagonais, 
formando uma macia múltipla de 3 cristais, muito 
típica. É minério de cobre, achando-se entre outros 
minerais de cobre, nas minas de Rio Tinto (Espanha) 
(fig. 2). 
Grupo Blenda-Wurtzita 
Este grupo, igual ao do grupo anterior, apresenta-
nos um exemplo bem patente de dimorfismo: a blenda 
e a wurtzita têm idêntica composição química, SZn, 
porém, a primeira cristaliza no sistema regular, e a 
segunda, no hexagonal. 
A blenda possui estrutura tipo diamante, na que os 
átomos de Zn estão ordenados segundo uma rede 
cúbica de faces centralizadas, posições A do diamante 
(Lâmina B/3, fig. 1), e os S, dispostos segundo uma 
outra rede idêntica, estão situados entre 4 átomos de 
Zn, em coordenação tetraédrica com eles, posições B 
do diamante. Cada átomo Zn, em relação com os S, 
está no centro de um tetraedro cujos vértices ocupam 
estes últimos, e cada átomo de S está, por sua vez, no 
centro de outro tetraedro em cujos vértices estão os Zn 
(fig. 3). Esta estrutura é tipicamente hemiédrica, de 
modo que os cristais de blenda apresentam-se em 
tetraedros ou em formas tetraédricas, como o 
tritetraedro e hexatetraedro, ou na combinação deles 
com o cubo. 
A wurtzita, forma polimorfa mais rara, tem uma 
estrutura (fig. 4) na que se conserva a disposição 
relativa dos átomos de Zn com respeito aos de S. 
estando relacionada com a blenda, ao igual de como o 
estão os empacotamentos cúbico e hexagonal 
compactos (Lâmina B/1), um dos eixos ternários da 
blenda tem passado a senário, desaparecendo os 
restantes eixos e ficando os planos. Do mesmo modo, 
os raríssimos cristais de wurtzita são hemiédricos. 
BLENDA. — Apresenta-se em cristais deformados 
e em macias de tipo espinela; em agregados 
granulosos e como material fossilizante. Geralmente, 
de cor parda escura a negra, brilho adamantino, opaco, 
com risco pardo de fígado a branco amarelento (fig. 
5). Em cristais bem conformados, de cor amarela do 
mel, brilho adamantino e translúcido ou mesmo 
transparente, dando a variedade de blenda 
acaramelada ou melada. É isótropa, algumas vezes 
com anomalias devido à conter wurtzita.Apresenta os 
fenômenos da triboluminiscência e fluorescência, 
sendo piroelétrica e diatérmica. Minério muito 
importante de Zn, encontra-se em inumeráveis 
localidades e em jazidas as mais diversas, quase 
sempre acompanhando a galena, da que é separada 
mediante o método de flutuação. É muito abundante 
na Espanha, onde, nos Picos de Europa, acham-se 
magníficos cristais de blenda acaramelada (fig. 6). 67 
por 100 da produção mundial de Zn procede da 
blenda. 
 
Grupo Calcopirita 
Minerais de composição química complexa e 
estrutura quase idêntica a da blenda, da que se 
diferenciam pelo fato de que os átomos de Zn estão 
substituídos por átomos de Fe e Cu, no caso da 
calcopirita, e de Cu, Ag, Fe, Zn ou Hg, no caso da 
série das tetraedritas. Na calcopirita, os átomos de Fe 
e Cu alternam em suas posições, de forma que a cela 
fundamental é dupla e tem uma de suas arestas maior 
do que as outras duas, possuindo simetria tetragonal; 
na tetraedrita, os átomos de metal estão distribuídos ao 
azar, produzindo-se toda uma série de substituições e 
sendo, a cela fundamental, do mesmo tamanho 
aproximado do que a da blenda, o que motiva a 
simetria cúbica do mineral. 
CALCOPIRITA, S2FeCu. — Cristais tetragonais, 
pequenos, deformados, do tipo esfenoédrico e reunidos 
em drusas; em agregados massivos e compactos. O 
esfenoedro deste mineral é quase um tetraedro regular, 
motivo este pelo qual, durante muito tempo, pensou-se 
que a calcopirita fosse de simetria regular. Apresenta 
macias de compenetração de dois esfenoedros. Cor 
amarela latão, com tintura esverdeada, a miúdo 
iridiscente e algumas vezes heterogênea e negra por 
alteração superficial. Brilho metálico e risco negro 
esverdeado. Constitui um dos minerais mais freqüentes 
e é minério de cobre dos mais difundidos, embora não 
o mais importante; apresenta-se em mui diversos tipos 
de jazidas. Acha-se em grandes quantidades no 
complexo cuprífero de Arizona (U.S.A.) e no do Chile; 
em Espanha não existem jazidas de calcopirita 
propriamente ditas, porém é abundante acompanhando 
outros minerais, principalmente a pirita. Em 
Cornualles (Inglaterra) são encontrados belíssimos 
cristais sobre quartzo. 
TETRAEDRITA,S6(Sb,As,Bi)2(Cu2,Ag2,Fe,Zn,Hg)3, 
— Cristais de bela conformação, grande número de 
faces e tipicamente hemiédricos; seu nome deriva-se 
da forma tetraédrica em que se apresentam. Grande 
número de macias de compenetração, via de regra do 
tipo espinela. Cor que varia segundo a sua 
composição do mesmo modo que as restantes 
propriedades físicas; cinzenta de aço, com tintura 
olivácea, nas variedades com Sb e Cu; com tendência 
ao negro do ferro, naquelas que contém Fe e Zn; 
branca amarela, se há Hg e Bi; e azulada, se existe As. 
Brilho metálico em superfícies recentes, que passam a 
cor mate ao se oxidarem. Risco negro, que se 
transforma em pardo avermelhado por fricção. Toda a 
série são 
essencialmente minerais de cobre de grande difusão e 
de origem hidrotermal; os cobres cinzentos são 
minérios importantes de cobre e prata. 
Grupo da Niquelita 
Os minerais deste grupo se caracterizam pelas suas 
estruturas semelhantes, caráter fortemente metálico, 
peso específico elevado e a inconstância em sua 
composição química, que, por sua vez, é simples. 
A estrutura de tipo para todos eles é a da niquelita, 
AsNi; nela, os átomos de As acham-se ordenados em 
duas redes hexagonais, que lembram o 
empacotamento compacto, con seis átomos de Ni 
coordenados com cada um deles. Pela sua vez, os 
átomos de Ni estão rodeados por seis átomos de As, 
porém têm dois de Ni à distâncias tão próximas, que 
deve considerar-se que coordenam com eles. 
Na pirrotita, SFe, também denominada pirita 
magnética, existe sempre uma quantidade de S 
superior à relação S:Fe=l:l, sendo a verdadeira de 7:6 
ou de 12:11. Não obstante, sua estrutura é idêntica à 
descrita, substituindo-se o As por S e o Ni por Fe. Esta 
variação da relação S/Fe deve-se a que existem na 
estrutura da pirrotita uma série de posições 
correspondentes à átomos metálicos que estão vazias; 
isto é, existe uma falta ou ausência de Fe no mineral, 
apesar do qual a estrutura é perfeitamente estável. 
NIQUELITA, AsNi. — Cristais raros, de cor 
vermelha de cobre claro, que passa a cinzenta por 
alteração. Brilho metálico em fratura recente; risco 
negro azulado. À luz reflexa, é fortemente anisótropo 
e pleocróico. E minério de Ni, existindo em grandes 
quantidades em Ontário (U.S.A.); na Espanha, 
encontra-se nos Pirineus aragoneses é em Málaga. 
MILLERITA, SNi. — Apresenta-se em cristais 
aciculados, pertencentes ao sistema romboédrico, 
formando agrupamentos alongados e radiados que têm 
a aparência de um filtro capilar. 
Cor amarela latão e brilho metálico, os cristais 
muito finos são cinzento-esverdeados, pardos e 
mesmo negros. Não é encontrado em grandes 
quantidades e quase sempre provém de outros 
minerais de níquel, achando-se-lhe nas jazidas de 
níquel das mais variadas espécies. 
 
Grupo Galeno 
A galena, SPb, cristaliza no sistema regular, com 
estrutura tipo cloreto de sódio, em cristais de 
magnífica conformação, quase sempre implantados e 
de considerável magnitude, integrados principalmente 
pelo cubo e o octaedro, sozinhos ou em combinação. 
Algumas vezes estão deformados na direção do eixo 
quaternário, ou apresentam faces curvas e dispostas 
em forma de escalões de bordos dentados. Macias 
freqüentes, semelhantes à da espinela. Tem esfolição 
perfeita e característica, segundo as faces do cubo; 
fratura subconcóide; dureza, 2 1/2; ponto de fusão, 
1.115°C. 
Cor cinzenta de chumbo claro, forte brilho 
metálico, sobretudo, nas superfícies de esfoliação, 
que se torna mate por oxidação. Risco negro cinzento, 
mate. O mineral é opaco e isótropo à luz reflexa. 
De composição química muito constante, sempre 
contém uma pequena quantidade de prata (entre 0,01 
e 0,03 por 100) que pode chegar a ser um 1 por 100, 
ou mais, nas galenas argentíferas. Devido à produção 
mundial de galena, a pequena quantidade de prata que 
leva é um dos minérios mais importantes deste metal 
precioso. 
As jazidas deste mineral caracterizam-se por terem 
em sua superfície numerosos produtos de 
meteorização, belamente cristalizados, tais como a 
cerusita, anglesita e piromorfita. São de origem 
hidrotermal, as de maior difusão, embora também 
existam jazidas de origem metasomática e sedimentar. 
Neles, a galena vai sempre acompanhada de blenda, 
em íntima concreção com ela, e quartzo como ganga, 
com algo de carbonatos e de baritita. 
A produção mundial de chumbo procede de três 
minerais: galena, cerusita (SO3Pb) e anglesita 
(SO4Pb), sendo os dois últimos, produtos de 
transformação da galena e achando-se associados às 
jazidas deste mineral. Apesar da grande difusão da 
galena, o mineral produtor do chumbo procede de 
poucas regiões, devendo ser citada em primeiro lugar 
a do vale do Mississípi, centralizada em Tri-State, que 
é onde existe a maior concentração mundial de 
minerais de zinco-chumbo; no México, existe, no 
centro do país, uma rica região que estende-se por 
Chihuahua e Coahuila; também América do Sul 
contém importantes depósitos deste mineral. Quase 
que a metade do chumbo e zinco do mundo procede 
do continente americano. 
Na Europa, existe a província mediterrânea com as 
ricas jazidas espanholas, exploradas pelos romanos 
faz 3.000 anos, sendo as mais importantes as de Serra 
Morena, no distrito de Linares-Carolina (Espanha). 
Na península Ibérica, na região de Cartagena e 
Almeria extrairam-se durante o século XIX, grandes 
quantidades de galena argentífera que proporcionaram 
grande prosperidade ao país e que atualmente 
encontram-se praticamente esgotadas. 
Grupo Cinábrio 
O cinábrio, SHg, tem a mesma simetria que o 
quartzo, cristalizando na classeenantiomórfica 
romboédrica, com estrutura tipo ClNa deformada 
homogeneamente, de maneira que o cubo que 
constitui a cela fundamental do cloreto de sódio, se 
transforma num romboedro com átomos de Hg nos 
vértices e na metade das faces, e de S na metade das 
arestas; a distorção é de tal natureza que produzem-se 
formas enantiomórficas opticamente ativas. 
Apresenta-se em cristais pouco freqüentes, de 
hábito tabular ou cubóide, formados pelo romboedro, 
de ângulos muito próximos ao cubo, e pelo pinacóide 
básico; via de regra informe, em agregados 
granulosos, disseminado e em eflorescência. Cor e 
risco vermelho tirando a carmin, variando, nos 
agregados, do vermelho escarlate ao vermelho escuro; 
brilho adamantino. Opaco, embora transparente em 
seção delgada. Opticamente uniaxial positivo, notável 
pelo alto valor de seus índices de refração, grande 
birrefringência, e forte dispersão; tem poder rotatório 
quinze vezes superior ao do quartzo. 
Mineral de grande importância econômica, é 
minério do mercúrio. Suas jazidas são de origem 
hidrotermal e tem se formado a baixas temperaturas, 
bem seja por reemprazamento (Almadén), ou bem por 
reenchimento de fissuras (Itália). 
As minas de Almadén, em exploração há mais de 
2.000 anos, são as mais ricas do mundo. Esta jazida 
acha-se situada sobre piçarras e quartzitos silúricos, 
sendo sua riqueza média de 5 a 8 por 100 de mercúrio 
e, em alguns lugares, até de 20 por 100. Jazidas de 
importância são as de Toscana e Trieste (Itália) e as 
de Califórnia (U.S.A.), embora a riqueza média seja 
bem inferior à de Almadén. Depósitos de menor 
importância existem no México e no Peru. 
 
Grupo Antimonita 
Os minerais deste grupo, antimonita ou estibinita, 
S3Sb2 e bismutina, S3Bi2, caracterizam-se por sua 
estrutura formada por cadeias de átomos de S e Sb ou 
Bi, estreitamente unidos por meio de enlace 
covalente, situadas paralelamente ao eixo c; as 
cadeias unem-se entre si mediante junções residuais. 
Esta estrutura determina a perfeita esfoliação e o 
hábito comprido paralelamente à direção das cadeias. 
Os cristais rômbicos, ricos em facetas, apresentam-
se freqüentemente ondulados e ainda curvos, com boa 
conformação nas suas extremidades. Mineral brando 
(D=2), é o primeiro da escala de fusibilidade, 
fundindo-se somente com a chama de um fósforo. Cor 
cinzenta de chumbo e brilho metálico que se torna 
mate. 
É o minério mais importante de antimônio, sendo a 
China, com seus depósitos de Hunán, o principal país 
produtor. México, Bolívia, e sobretudo o Peru, numa 
região que se estende desde o lago Titicaca até 
Atocha, possuem grandes reservas deste mineral. 
Grupo das Pratas Vermelhas 
Formam um grupo muito homogêneo, integrado 
essencialmente pela proustita, S3AsAg3, e a pirargita, 
S3SbAg3. Cristalizam na classe hemimórfica 
romboédrica, em cristais de numerosas facetas. Nas 
fendas apresenta-se informe, disseminado e como 
eflorescência. 
Cor vermelha escarlate tirando a vermelha cinábrio, 
na proustita, e vermelha escura para cinzenta de 
chumbo, na pirargirita. A distinção entre ambas 
efetua-se melhor com o risco: vermelho 
 
escarlate, na primeira, e vermelho cereja, na segunda. 
São minério de prata importante e muito freqüente, 
podendo ser achadas associadas com outros minerais 
de prata e galena. São importantes as jazidas de 
Zacatecas e Guanajuato (México), Chañarcillo 
(Chile), Colquijirca (Peru) e Huanchaca (Bolívia). Em 
Espanha encontram-se em Hiendelaencina 
(Guadalajara). 
Grupo Realgar - Orpimento 
Minerais de aspecto marcadamente não metálico, 
constituem um grupo bastante heterogêneo. 
REALGAR. — Cristais monoclínicos bem 
formados, via de regra pequenos, prismáticos, com 
estrias verticais, de cor vermelha (o chamado 
vermelho aurora) e risco amarelo alaranjado, brilho 
adamantino, e brandos (D = 1'5 — 2). Opticamente 
biaxiais negativos, com forte dispersão. Encontra-se-
lhe em magníficos cristais em Binnental, Nagyág, 
Felsobánya e Nevada; quase sempre como mineral 
subordinado na jazida. 
ORPIMENTO, S3As2. — Cristais monoclínicos 
raros e pequenos, freqüentemente lenticulados. Cor 
amarela de limão, translúcida, com risco amarelo e 
brilho grasso semelhante ao da blenda. Opticamente 
biaxial positivo, pleocróico e forte birrefringência. 
Encontra-se-lhe nas mesmas localizações que o 
realgar, do qual procede por alteração. São dignos de 
serem citados os cristais de Tajowa (Hungria) e de 
Anatólia (Turquia). Na Espanha, acha-se em Pola de 
Lena, em Almadén e em Serra Almagrera. 
 
Grupo Pirita - Marcassita 
Os minerais que integram este grupo respondem a 
fórmula X2A, sendo A Fe, Co ou Ni, e X2 S2, → →
AS2, ou SAs. Podem diferenciar-se em duas séries: a 
daqueles que tem simetria cúbica, série da pirita, e a 
daqueles que possuem simetria diagonal, série da 
marcassita. Dentro dos primeiros, são paramórficos 
os bissulfuretos, pirita, S2Fe, e os biarsenietos, 
sperrylita, As2Pt, enquanto que os sulfoarsenietos, 
cobaltina, SAsCo, são tetartoédricos; do mesmo 
modo, entre os segundos, é holoédrica rômbica a 
marcassita, S2Fe, enquanto o mispiquel, SAsFe, é 
holoédrico monoclínico. Esta diminuição de simetria 
deve-se à perda do centro de simetria ao não serem 
iguais os dois átomos do grupo X2. Não existe neles 
mais caso de dimorfismo do que o que apresentam a 
pirita e a marcassita. 
PIRITA, S2Fe. — A estrutura deste mineral tem 
como característica o aparecimento de grupos 
moleculares perfeitamente definidos e que atuam 
como se fossem um ionte simples. Os dois átomos de 
S que formam o grupo X» acham-se unidos por 
enlace covalente muito forte, sendo verdadeiras 
moléculas, coordenando cada uma delas com seis 
átomos de Fe, de maneira que cada S é tangente à 
três Fe. A ordenação das partículas na estrutura é 
exatamente a do cloreto de sódio, estando os Fe nos 
vértices e metade das faces de um cubo e os S2 em 
metade das arestas. A direção do eixo das moléculas 
S2 com respeito às arestas do cubo é constante e 
determina o aparecimento da série de estrias que 
apresentam as faces do cubo em alguns cristais de 
pirita, e é a causa do paramorfismo deste mineral. 
Magnifícamente cristalizado em cubos ou em 
dodecaedros pentagonais, denominados piritoedros 
devido à abundância ou freqüência de seu 
aparecimento; algumas vezes, cristais com grande 
número de faces, outras, apresentando fortes 
deformações; também, em agregados granulosos ou 
fibrosorradiados, informe, em massas, etc. Macias de 
complemento características, denominadas cruz de 
ferro, formadas pelos piritoedros que se compenetram. 
Freqüentemente nos encontramos com agregados 
heterogêneos, de pirita e marcassita. 
Cor amarela latão, algumas vezes com superfície 
heterogênea, ou bem parda por alteração superficial 
em limonita. Brilho metálico. Risco negro 
esverdeado. Opaco, à luz reflexa tem coloração 
branca creme. Dureza entre 6 e 6'5; por percussão 
produz faíscas e odor a enxofre. 
É paramagnético, bom condutor e termoelétrico. 
Algumas vezes contem calcopirita interposta, 
proporcionando as mal denominadas piritas 
cupríferas. É o mais universal e abundante de todos os 
sulfuretos; apresenta-se sob todas as condições de 
deposição mineralógica, sendo um exemplo de 
mineral persistente. Na província de Huelva 
(Espanha), onde existem as massas de pirita mais 
importantes do mundo (Rio Tinto e Tharsis), são de 
origem hidrotermal; como segregação magmática, em 
Sulitjelma; em Clifton (Arizona), acham-se grandes 
núcleos produzidos por metasomatismo de contacto; 
no Vesúvio, tem se achado como produto de 
sublimação; é constituinte comum de leitos 
sedimentares, dos cristais disseminados em margas e 
dos depósitos fossilíferos. É praticamente impossível 
citar todas as formas de apresentação da pirita; 
somente insistiremosem que aparece em quase que 
todos os tipos de jazida conhecidos. 
Os agentes atmosféricos meteorizam-na 
rapidamente, convertendo-a em limonita; nas jazidas 
deste mineral, acha-se quase que sempre hematita 
parda em sua parte superior, constituindo a carapuça 
ou capacete de ferro do depósito. A pirita é matéria 
prima para a obtenção do ácido sulfúrico. 
MARCASSITA, S2Fe. — Cristais rômbicos, não 
muito freqüentes, de formas variadas ; apresenta-se 
mais a miúdo em macias múltiplas, muito 
características, denominadas cristas de galo, que, 
quando se reúnem em associação cíclica, produzem o 
ferro em forma de lança. Algumas vezes se apresenta 
em forma compacta (pirita hepática), e em multidão de 
formas variadíssimas. Propriedades iguais às da pirita, 
com cor ligeiramente esverdeada e menos amarela; 
alteram-se com maior facilidade do que a pirita, sendo 
este o motivo pelo que com freqüência se apresenta 
com cortiça de meteorição cor de ferrugem. 
Mineral muito abundante, quase sempre apresenta-
se acompanhando a pirita. 
MISPIQUEL, SAsFe. — Cristais monoclínicos, 
pseudorrômbicos, que se unem dando uma macia de 
compenetração de dois indivíduos. Cor branca, de 
estanho a cinzenta de aço, freqüentemente com 
alteração superficial; risco negro e brilho metálico. É 
mineral comum, embora não tenha tanta difusão como 
os dois anteriores. Emprega-se para a obtenção do 
anidrido arsenioso, e, algumas variedades, pelo seu 
conteúdo em metais preciosos. 
 
Classe III. —SAIS HALÓIDES 
Minerais na sua maioria, de composição química 
simples, incoloros ou tintos acidentalmente, de pouca 
dureza, quase sempre solúveis na água e de aspecto 
salino característico. Formados por cristalização em 
mares ou lagos salgados, como formações secundárias 
modernas ou como produtos de sublimação dos 
vulcões. 
SAL GEMA, ClNa. — A estrutura deste mineral 
tem sido amplamente descrita nas primeiras lâminas 
deste manual. Cristaliza na holoedria regular, 
principalmente em cubos que, excepcionalmente, 
podem chegar a serem de um metro de aresta (Allertal 
superior e Detroit, U.S.A.), e raras vezes em 
octaedros. Se apresenta em agregados granulosos e 
fibrosos e em eflorescências formando estalactites. Os 
cristais são incoloros e transparentes, deformados ou 
arredondados por dissolução, algumas vezes com 
colorações vermelhas ou amarelas por conter óxido de 
ferro, ou irregularmente tintos de azul, devido ao 
sódio metálico coloidal interposto na rede, segundo o 
parecer de alguns autores; de brilho vítreo; com 
esfoliação facilíssima, conforme as faces do cubo. 
Muito solúvel na água (35'91 % a 12ºC), não varia sua 
solubilidade ao aumentar a temperatura; não é 
higroscópico, e tem sabor salgado típico. Costuma 
conter inclusões de água mãe, motivo pelo qual ao 
esquentá-lo crepita; funde a 800º sem decomposição. 
Opticamente isótropo, pode apresentar anomalias 
ópticas (birrefringência) por pressão; é fortemente 
diatérmico. 
É o mineral mais universalmente conhecido e 
empregado. Devido à que é de necessidade básica para 
o homem, já desde os inícios da humanidade sua 
possessão tem sido motivo de intercâmbios comerciais 
e de guerras. De todos é conhecido o imposto do sal, 
que durante a Idade Média foi causa de opressão e de 
revoluções na maioria dos países europeus. Apesar de 
sua importância como alimento, a principal demanda 
deste mineral é para usos industriais, como matéria 
prima básica da moderna indústria química. 
Produzem-se uns 35 milhões de toneladas de sal 
anualmente, sendo os Estados Unidos da América do 
Norte o maior país produtor. 
SILVITA, ClK.— Mineral com a maioria das 
características descritas para o sal gema, parece que 
em lugar de cristalizar na holoedria regular o faz na 
hemiedria enantiomórfica, de acordo com a inclinação 
que apresentam as figuras de corrosão sobre a face do 
cubo. 
Diferencia-se do sal comum pelo seu sabor salgado 
amargo, intermédio entre o dos sais sódicos e o dos 
sais magnésicos. Facilmente solúvel na água, aumenta 
a sua solubilidade com a temperatura, o que aproveita-
se para o separar industrialmente do sal gema. 
CARNALITA, Cl2Mg.ClK.6H20 — Apresenta-se 
disseminado juntamente com o sal gema e a silvita ou 
em cristais holoédricos rômbicos raros, de hábito 
hexagonal, incoloros, ou de cor vermelha por 
interposição de grande quantidade de escamas de 
oligisto que lhe comunicam brilho metálico. 
Opticamente biáxico positivo, tem brilho vítreo, que 
se apaga rapidamente devido à higroscopicidade deste 
mineral. Possui forte fosforescência. 
Estes dois últimos minerais são as principais fontes 
naturais a partir das quais obtêm-se os sais potássicos, 
de tão grande aplicação na agricultura como 
fertilizantes e na moderna indústria química. A 
produção mundial é aproximadamente de 3 a 4 
milhões de toneladas, expressados em OK», 
anualmente; Alemanha, Espanha e os Estados Unidos 
da América do Norte são os principais países 
produtores; este último país, a partir da primeira 
guerra mundial. 
JAZIDAS SALINAS. Os minerais salinos tem se 
formado pela evaporação, em climas cálidos e áridos, 
de grandes massas de água marinha que ficaram 
aprisionadas nos continentes por fenômenos 
orogênicos ou transgressivos. O mecanismo foi 
exatamente igual ao que se emprega atualmente nas 
salinas, grandes lagos artificiais de água salgada, dos 
que procede a maior parte do sal que utilizamos como 
alimento. A deposição dos compostos dissolvidos nas 
águas mães opera-se de acordo com a sua 
solubilidade. Ao iniciar-se a evaporação, deposita-se, 
numa primeira fase, o sulfato de cálcio em forma de 
gesso e de anidrita; em seguida o sal comum em quase 
a sua totalidade, e na última fase, quando a evaporação 
é quase total, assentam-se os sais de potássio e 
magnésio, misturados sempre com o sal gema. 
As jazidas de sal comum estão formadas por 
camadas lenticulares, de espessuras que podem variar 
entre uns centímetros e chegarem até vários metros, 
podendo mesmo chegar a alcançar potências 
superiores aos 400 metros. Nos grandes depósitos 
salinos existem os chamados «domos de sal», em 
forma de cúpula (fig. 5), que são camadas profundas, 
aplanadas e impelidas para cima, e que, devido à 
elasticidade do mineral, tem se fundido numa massa 
homogênea. Exemplo deste fenômeno e a montanha 
de sal de Cardona (Espanha). As maiores jazidas 
salinas do mundo em que se beneficiam sais de 
potássio são as existentes na bacia de Stassfurt 
(Alemanha) e a navarro-catalã (Espanha), com as 
jazidas da Catalunha em exploração: de Súria, 
Cardona, Balsareny e Sallent. A imensa maioria do 
mineral é sal gema, e dentro dela existem zonas com 
grandes concentrações de carnalita, na primeira, e 
silvita, na segunda. 
 
FLUORITA, F2Ca. — Apresenta-se em cristais 
perfeitos pertencentes a holoedria regular, quase 
sempre com combinações de cubo e octaedro o 
rombododecaedro. Mineral de estrutura simples dentro 
dos compostos X2A, os iontes cálcio dispõem-se 
segundo uma rede cúbica de faces centralizadas, 
enquanto que os iontes flúor situam-se no centro dos 
oito pequenos cubos em que pode dividir-se a cela 
fundamental (fig. 1); cada flúor está rodeado por 
quatro cálcios em disposição tetraédrica, e cada cálcio 
o está por oito flúor, sendo a coordenação de 4:8. 
Freqüentemente, apresenta macias de compenetração 
integradas por dois cubos, podendo também 
apresentar-se informe em agregados granulosos. 
Esfolia-se perfeitamente segundo as faces do cubo; 
poucas vezes é incolor, senão que, via de regra, está 
tinto com as colorações mais diversas, prevalecendo a 
cor violeta; transparente a translúcido e de brilho 
vítreo. 
Opticamente é isótropo com índice de refração 
baixo e pouca dispersão, motivo pelo qual emprega-se 
para fabricação de objetivas apocromáticas de 
microscópio.

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