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2017 MAPAS CONCEITUAIS Produzido pelo Núcleo de Ensino a Distância do Centro Universitário de Jaguariúna. COORDENADOR SILVIO PETROLI NETO CONTEÚDO BEATRIZ ZANARELLA ANALISTA RESPONSÁVEL TIAGO NOGUEIRA DE SOUZA Sumário Mapa conceitual ................................................................. 2 Introdução .......................................................................... 2 O que são mapas conceituais e como podem ser usados ................................................................................... 3 Referencial teórico: a aprendizagem significativa e os mapas conceituais ................................................................ 9 Mapas Conceituais na avaliação da aprendizagem significativa. ........................................................................ 20 Conclusão .......................................................................... 33 Referências Bibliográficas ................................................. 36 2 Mapa conceitual Introdução Talvez o tema mapa conceitual nunca tenha sido tão discutido e abordado como nos dias atuais, principalmente na área acadêmica. Dentro deste contexto, o mapa conceitual tem sido utilizado por muitos educadores como estratégia facilitadora de aprendizagem significativa, pois possibilita ao aluno estruturar o conceito aprendido em sala de aula na medida em que permite, por meio de uma representação visual, mostrar como determinado assunto está organizado e hierarquizado e, assim, entender as relações entre os conceitos enunciados. Os mapas conceituais têm como base a teoria da Aprendizagem Significativa proposta por Ausubel, a qual propõe reflexões aos educadores sobre o processo de ensino- aprendizado ocorrer de forma significativa ao sujeito. Ausubel destaca em seus estudos informações acerca da estrutura cognitiva do sujeito (subsunçores), diferenças entre a aprendizagem significativa e mecânica, processos de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa, predisposição do aluno para aprender e afirma que os organizadores prévios facilitam a interação entre a nova e o conhecimento já existente na estrutura cognitiva do sujeito. Portanto, vamos aprender o que são mapas conceituais e compreender como esta estratégia pode ser utilizada por 3 professores com a finalidade de tornar a aprendizagem dos estudantes mais significativa. Ainda, refletir como este recurso instrucional pode ser utilizado de forma não convencional no processo de avaliação do aprendiz. O que são mapas conceituais e como podem ser usados Segundo Tavares (2007), o mapa conceitual tem por objetivo representar um conjunto de conceitos imersos numa rede de proposições. A relação que se estabelece entre os conceitos é organizada por cada pessoa, a seu modo. A elaboração de um mapa conceitual não segue regras formais quanto ao uso de figuras geométricas, linhas e setas. Por esta razão, diferencia-se dos fluxogramas e organogramas organizacionais que apresentam características próprias e regras fixas. Existem diferentes formas de se organizar um mapa conceitual. Não existe certo ou errado, não existe “o mapa conceitual” ou “um mapa correto”. A construção do mapa de conceitos é pessoal e dinâmica. Basta solicitar a dois alunos que tracem um mapa conceitual para certo conteúdo. Com certeza visualizaremos dois mapas que apresentam semelhança em relação a natureza do conteúdo, mas diferenças quanto a organização e estruturação dos conceitos. E isso não significa 4 que um está certo e o outro errado, mas que os mapas conceituais possuem significados pessoais, idiossincráticos (Moreira, 1999). Os mapas conceituais são considerados recursos potenciais ao professor, pois enriquecem e transformam significativamente o processo de ensinar, aprender e avaliar o aluno. Quando este constrói um mapa conceitual, está aplicando conceitos e relações entre conceitos no contexto de um corpo de conhecimentos, de uma matéria de estudo, de uma disciplina. No entanto, não basta apenas relacionar os conceitos aprendidos por meio de setas ou linhas. O aluno deve ser capaz de explicar o significado da relação que vê entre esses conceitos (Moreira, 1998). Quando o aprendiz utiliza uma linguagem sinônima (oral ou escrita) para expressar este novo conteúdo informacional, estamos dizendo que ele consegue externalizar o conhecimento aprendido, demonstrado com isso a ocorrência de uma aprendizagem significativa (Moreira, 1998). Moreira (1998, p. 5) expressa que Mapas conceituais podem ser usados para se obter uma visualização da organização conceitual que o aprendiz atribui a um dado conhecimento. Trata-se basicamente de uma técnica não tradicional de avaliação que busca 5 informações sobre significados e relações significativas entre conceitos-chave da matéria de ensino segundo o ponto de vista do aluno. É mais apropriada para uma avaliação qualitativa, formativa, da aprendizagem. A seguir, o leitor encontrará três mapas conceituais (Figuras 1, 2 e 3), elaborados por um estudante de Psicologia, nas disciplinas Psicologia do Desenvolvimento - I, Psicologia do Desenvolvimento – II e Entrevista Psicológica. O objetivo de expor o material elaborado pelo aluno é mostrar ao leitor a possibilidade de utilizar esta ferramenta como estratégia instrucional no processo de ensino- aprendizagem, além de ser possível perceber o caráter idiossincrático do aprendiz no momento da organização, elaboração e externalização do conhecimento usando o mapa conceitual. Para a realização destes mapas o aluno utilizou o software denominado CmapTools (http://cmap.ihmc.us), que auxilia na elaboração de mapas conceituais facilitando a representação do conhecimento. 6 Figura 1: Mapa conceitual elaborado por um estudante de psicologia na disciplina Psicologia do Desenvolvimento - I, sobre a Teoria de Piaget. 7 Figura 2: Mapa conceitual elaborado por um estudante de psicologia na disciplina Psicologia do Desenvolvimento - II, sobre o tema adolescência. 8 Figura 3: Mapa conceitual elaborado por um estudante de psicologia na disciplina Entrevista Psicológica. 9 Referencial teórico: a aprendizagem significativa e os mapas conceituais Na década de 70, Joseph Donald Novak desenvolveu seu trabalho sobre mapas conceituais como instrumento de aprendizagem. Para tanto, tomou como base a Teoria da Aprendizagem Significativa escrita por David Paul Ausubel (FILHO, FREITAS, FREITAS & TAVARES, 2013). Filho de imigrantes judeus, Ausubel nasceu em 25 de outubro de 1918, no Brooklin, New York, Estados Unidos. Seu interesse pela educação teve início a partir da insatisfação com a educação que recebera. Julgava-a um tanto punitiva, reacionária e violenta. Esse histórico leva Ausubel na direção da educação. Ausubel focalizou seus estudos na aprendizagem cognitiva que “explica como o conhecimento é adquirido e em que forma este fica armazenado na estrutura cognitiva do aluno” (FREITAS FILHO, 2007, p.86). Por sua vez, Novak (2002), citado por Freitas Filho, (2007, p. 86 e 87) “desenvolveu a metodologia de mapas conceituais, procurando representar como o conhecimento é armazenado na estrutura cognitiva de um estudante”. A estrutura cognitiva é extremamente organizada e hierarquizada no sentido de que várias ideias interagem de acordo com a relação que se estabelece entre elas. Segundo Ausubel (1982) citado por Freitas Filho (2017, p. 86), 10 Suateoria da aprendizagem significativa tem como base o princípio de que o armazenamento de informações ocorre a partir da organização dos conceitos e suas relações, hierarquicamente dos mais gerais para os mais específicos. Darroz e Cortez (2015) explica que na estrutura cognitiva se ancoram e se reordenam novos conceitos, ideias ou proposições que uma pessoa vai progressivamente internalizando. Nesse sentido, a aprendizagem adquire significado para o sujeito quando este é capaz de relacionar uma nova informação com o conhecimento já existente em sua estrutura cognitiva, denominado “subsunçor”. Subsunçor é uma ideia, conceito ou proposição já existente na estrutura cognitiva do aprendiz que serve de ponto de ancoragem para uma nova informação, permitindo ao indivíduo atribuir-lhe significado. Essa relação de interação entre o novo conhecimento e o já existente retrata que o conhecimento prévio serve de base para a atribuição de significados à nova informação (DARROZ & CORTEZ, 2015). No entanto, esta interação não é estática, mas sim dinâmica, pois a estrutura cognitiva está constantemente se reestruturando. O conhecimento vai sendo construído, os subsunçores vão interagindo entre si. À medida que o novo conhecimento se relaciona com o conhecimento já existente, ambos se modificam, visto que os subsunçores vão adquirindo 11 novos significados e se tornando mais diferenciados e estáveis (VALADARES, 2011). A medida que aprendemos ampliamos nossa estrutura cognitiva e isto acontece por meio da incorporação de novas ideias, conceitos e proposições à estrutura de conhecimento já existente. Portanto, aprendizagem significativa é o processo em que uma nova informação vai interagir com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Esse aspecto relevante permite que esta nova informação seja incluída na estrutura cognitiva. Assim, a aprendizagem significativa acontece quando estas novas ideias se relacionam de uma forma lógica, explícita e substantiva com as ideias já existentes (TAVARES, 2007). Essa modalidade lógica e não arbitrária de aprendizado dá ao sujeito a capacidade de explicar o que aprendeu com suas próprias palavras, isto é, de externalizar o conhecimento aprendido em uma linguagem sinônima (oral ou escrita), demonstrando a ocorrência da aprendizagem significativa. Por outro lado, se a informação foi incorporada à estrutura cognitiva de forma arbitrária, decorada ou mecânica, esta não garante flexibilidade e nem longevidade no seu uso (DARROZ & CORTEZ, 2015). A aprendizagem significativa contrapõe-se, fundamentalmente, à aprendizagem mecânica, na medida em que, na primeira, a nova informação interage com algum subsunçor 12 existente na estrutura cognitiva. Na segunda, a nova informação é armazenada de maneira arbitrária e literal, não interagindo com informações prévias e, assim, pouco ou nada contribui para sua elaboração e diferenciação (DARROZ & CORTEZ, 2015, p. 56). Cabe destacar que estes dois tipos de aprendizagem ocorrem dentro de um contínuo, ora nós aprendemos de forma significativa ora aprendemos de forma mecânica (TAVARES, 2007). Moreira (1998) destaca que o tipo de relacionamento que o sujeito faz entre a nova informação com as já existentes na estrutura cognitiva pode ter uma aprendizagem que varia do mecânico ao significativo. Na aprendizagem significativa o novo conhecimento nunca é internalizado de maneira literal, por que no momento em que passa a ter significado para o aprendiz entra em cena o componente idiossincrático da significação. Aprender significativamente implica atribuir significados e estes têm sempre componentes pessoais. Aprendizagem sem atribuição de significados pessoais, sem relação com o conhecimento preexistente, é mecânica, não significativa. Na aprendizagem mecânica, o novo conhecimento é armazenado de maneira 13 arbitrária e literal na mente do indivíduo. O que não significa que esse conhecimento seja armazenado em um vácuo cognitivo, mas sim que ele não interage significativamente com a estrutura cognitiva preexistente, não adquire significados. Durante um certo período de tempo, a pessoa é inclusive capaz de reproduzir o que foi aprendido mecanicamente, mas não significa nada para ela (MOREIRA, p. 6, 1998). Darroz e Cortez (2015, p. 56) expressam que: Existem algumas condições para que a aprendizagem significativa ocorra. A primeira é que, para ser considerado potencialmente significativo, o material a ser aprendido tenha estruturação lógica e possa se relacionar com a estrutura cognitiva do estudante, de maneira não arbitrária e não literal. Também é necessário que o aprendiz apresente uma disposição para aprender significativamente, de modo que ele não pode ter a intenção de memorizar ou decorar o material, sendo essa a segunda condição para a ocorrência da aprendizagem significativa. Por sua vez, ao contrário do que se pensa, Ausubel destaca que a aprendizagem significativa e mecânica se complementam, pois a segunda pode levar à primeira. Isso acontece porque nem 14 sempre temos informações prévias que sirvam de âncora para a nova informação. Assim, pode ocorrer de um indivíduo assimilar um novo conteúdo de forma mecânica e arbitrária e, somente mais tarde, perceber que essa informação se relaciona com algum conhecimento anterior (DARROZ & CORTEZ, 2015; TAVARES, 2007). Podemos tomar como exemplo um aluno matriculado no primeiro semestre do curso de Psicologia e que nunca teve contato com a disciplina Psicanálise. Nesta situação, o aluno não teria conhecimento prévio para ancorar a nova informação e, por isso, o aprendizado ocorreria de forma mecânica e arbitrária. Com o passar do tempo, à medida que o aluno se deparasse com novas informações relacionadas à Psicanálise, ele utilizaria o conhecimento inicialmente existente na estrutura cognitiva, como ponto de ancoragem. No entanto, à medida que os subsunçores se tornassem cada vez mais estáveis e diferenciados, eles permitiriam ao sujeito relacionar diferentes subsunçores, gerando uma reorganização da estrutura cognitiva, que daria ao aprendiz a possibilidade de ampliar o conhecimento em sua estrutura cognitiva como, por exemplo, conhecer a psicanálise a partir de Jung, Melanie Klein e Winnicott. Outro ponto importante citado por Ausubel para facilitar a aprendizagem significativa são os organizadores prévios. Estes se referem a materiais introdutórios apresentados ao sujeito antes do material de aprendizagem propriamente dito, servindo de 15 ponte entre o conhecimento prévio e os assuntos que se pretende ensinar, entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber (TAVARES, 2007). A Figura 4 trata-se de uma representação visual do organizador prévio “frutas” servindo de ponte entre o conhecimento prévio e os assuntos que se pretende ensinar ao aprendiz. Figura 4: Organizador prévio “frutas”. Processos Psicológicos Básicos Escolha do Organizador Prévio Frutas Sensação e Percepção 16 Na imagem acima verifica-se que o organizador prévio “frutas” pode ser utilizado para ensinar o conceito de sensação e percepção na disciplina de processos psicológicos básicos. Neste caso, pode-se primeiramente colocar o aluno em contato com as frutas. Em seguida, solicitar que as experimente e, posteriormente, pedir que descreva a experiência tida ao saborear e tocar cada fruta. Ao descrever a experiência, o aprendiz relataria os processos sensoriais utilizados durante o contato com as frutas (visão, gustação, olfato e tato) e, concomitantemente, estaria interpretando e significando a experiência vivida, processo estedenominado de percepção. Neste exemplo, o educador está utilizando o elemento “frutas” como um organizador prévio e facilitador da aprendizagem significativa. Este conceito, preexistente na estrutura cognitiva do aprendiz, servirá de ancoradouro provisório para o aprendizado da nova informação, neste caso para os conceitos de sensação e percepção. Para o professor, a interação cognitiva ocorre quando o aluno perceber que a fruta em si é um elemento que gera alterações sensoriais e ao mesmo tempo perceptivas. Quando o aluno compreender com clareza o que é sensação e o que é percepção (características, diferenças conceituais e etc.), não precisará mais do organizador prévio, visto que agora possui o conhecimento. Este conhecimento, por sua vez, passará a ser um subsunçor. 17 No curso da aprendizagem significativa dois processos estão relacionados, a saber: diferenciação progressiva e reconciliação integrativa (VALADARES, 2011; DARROZ & CORTEZ, 2015). O processo de diferenciação progressiva ocorre quando o conhecimento já existente na estrutura cognitiva interage com a nova informação e serve de ancoradouro para a atribuição de novos significados. Em função dessa interação, os conceitos subsunçores vão se modificando, vão adquirindo novos significados e se diferenciando progressivamente (VALADARES, 2011; DARROZ & CORTEZ, 2015). No entanto, por estarem mais diferenciados e enriquecidos, estas relações vão, ao mesmo tempo, encontrando cada vez mais relações entre os conceitos. Quando estas relações são estabelecidas entre conceitos separados, dão origem a conceitos mais abrangentes do que aqueles que se relacionaram. Esse processo, que conduz a conceitos superordenados, é denominado de reconciliação integrativa (VALADARES, 2011; DARROZ & CORTEZ, 2015). Conforme expressa Moreira (1998, p.6) A reconciliação integrativa e a diferenciação progressiva são dois processos relacionados que ocorrem no curso da aprendizagem significativa. Toda aprendizagem que resultar em reconciliação integrativa 18 resultará também em diferenciação progressiva adicional de conceitos e proposições. A reconciliação integrativa é uma forma de diferenciação progressiva da estrutura cognitiva. É um processo cujo resultado é o explícito delineamento de diferenças e similaridades entre ideias relacionadas. Segundo Moreira (1998), os mapas conceituais foram desenvolvidos e fundamentados na teoria de Ausubel com a finalidade de servir como uma estratégia potencial para promover a aprendizagem significativa, isto é, promover integração, reconciliação e diferenciação de significados dos conceitos aprendidos. Nas palavras de Moreira (1998, p. 8), Mapas conceituais foram desenvolvidos para promover a aprendizagem significativa. A análise do currículo e o ensino sob uma abordagem ausebeliana, em termos de significados, implicam: 1) identificara estrutura de significados aceita no contexto da matéria de ensino; 2) identificar os conceitos subsunçores (significados) necessários para a aprendizagem significativa na matéria de ensino; 3) identificar os significados preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz; 4) organizar sequencialmente o conteúdo e selecionar 19 materiais curriculares, usando as ideias de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa como princípios programáticos; 5) ensinar usando organizadores prévios, para fazer pontes entre os significados que o aluno já tem e os que ele precisaria ter para aprender significativamente a matéria de ensino, bem como para o estabelecimento de relações explícitas entre o novo conhecimento e aquele já existente e adequado para dar significados aos novos materiais de aprendizagem. Dessa forma, os mapas conceituais são recursos que podem ser utilizados pelo educador em todas essas etapas de ensino aprendizado bem como na verificação da aprendizagem significativa por parte do aprendiz. A Figura 5, retirada do artigo escrito por Moreira (1998), retrata com clareza os conceitos expressos por Ausubel e, ao mesmo tempo, disponibiliza ao leitor um mapa conceitual para a compreensão da informação e estruturação do que foi explanado até o momento. 20 Figura 5: Alguns conceitos básicos da teoria de Ausubel (MOREIRA E BUCHWEITZ, 1993 apud MOREIRA, 1998, p. 7). Mapas Conceituais na avaliação da aprendizagem significativa. O mapa conceitual ajuda na dinâmica do estudar, deixando tudo organizado... O nosso cérebro trabalha melhor e de forma mais eficiente quando o material está dividido, separado, cada 21 assunto em seu lugar. O mapa conceitual ajuda, e muito. Melhor que utilizar um mapa de conceitos, é construí-lo. Durante o processo de construção é que vamos memorizando. Esse é o segredo! Depois de pronto, quando olhamos para ele, tudo está relacionado no nosso córtex...então fica mais fácil de acessar as informações, associar, manipular, etc. Interessante, quando acabo de construir o mapa conceitual de algum assunto, tenho a sensação que não precisaria ter feito, pois tudo ficou simples e memorizado. Entretanto, ficou gravado e entendido devido a dinâmica da construção do mapa conceitual. Eu gosto da velocidade do meu pensamento. Então, quando finalizo e vejo como ficou a figura, todo o material vem à tona imediatamente. Gosto disso! Mas tudo fácil assim? Não. Requer paciência, dedicação, pesquisar, refazer e tempo. Fonte: Relato pessoal de um aluno que utilizou o mapa conceitual como ferramenta para a aprendizagem significativa durante o curso de Psicologia. Segundo Ausubel, para que ocorra uma aprendizagem significativa, duas condições devem estar presentes: (1) material relacionável e (2) disposição para relacionar o novo material à estrutura cognitiva. Ou seja, o material aprendido precisa ser relacionável e incorporável a estrutura cognitiva do aprendiz de maneira não arbitrária e com subsunçores adequados; e o mesmo deve manifestar disposição para relacionar o novo material à sua estrutura cognitiva, pois se a intenção for simplesmente de memorizar material, o produto da aprendizagem será mecânico (MOREIRA, 1998). 22 Mas como sabemos que o sujeito aprendeu, ou melhor, que teve uma aprendizagem significativa? A compreensão genuína de um conceito implica quatro aspectos que demonstram que o sujeito tomou posse de significados e, portanto, obteve uma aprendizagem significativa: clareza, precisão, diferenciação e transferência. Ou seja, o sujeito precisa ter clareza e precisão do conteúdo aprendido, saber diferenciar este conceito de outros e conseguir transferir esta informação em uma linguagem sinônima (por meio da fala ou da escrita) (MOREIRA, 1998; TAVARES, 2007). Os mapas conceituais, por sua vez, são ferramentas utilizadas pelo aprendiz como forma de expressar, a partir de uma representação visual e esquemática, os significados que ele atribuiu aos conceitos e quais relações foram significativas para ele, ou seja, implica atribuição de significados idiossincráticos, pessoais (MOREIRA, 1998). As Figuras 6 e 7 retratam a questão da pessoalidade na elaboração de mapas conceituais. Estes foram desenvolvidos por dois grupos de alunos (A e B) de uma mesma sala, na disciplina Tópicos Especiais I, sobre o assunto Avaliação Psicológica. 23 Figura 6: Mapa conceitual elaborado por alunos do grupo “A” na disciplina Tópicos Especiais I Figura 7: Mapa conceitual elaborado por alunos do grupo “B” na disciplina Tópicos Especiais I 25 Com base nas figuras 7 e 8 é possível constatar que não existe um mapa conceitual “correto”ou “o mapa conceitual”. Para Moreira (1998, p. 7 e 8): Um professor nunca deve apresentar aos alunos o mapa conceitual de um certo conteúdo e sim um mapa conceitual para esse conteúdo segundo os significados que ele atribui aos conceitos e às relações significativas entre eles. De maneira análoga, nunca se deve esperar que o aluno apresente na avaliação o mapa conceitual “correto” de um certo conteúdo. Isso não existe. O que o aluno apresenta é o seu mapa e o importante não é se esse mapa está certo ou não, mas sim se ele dá evidências de que o aluno está aprendendo significativamente o conteúdo. Para este mesmo autor: No momento em que um professor apresentar para o aluno um mapa conceitual como sendo o mapa correto de um certo conteúdo, ou no momento e que ele exigir do aluno um mapa correto, está promovendo (como muitos outros 26 recursos instrucionais) a aprendizagem mecânica em detrimento da significativa (MOREIRA, 1998, p. 8). Com base no que foi exposto nesta seção, podemos compreender que mapas conceituais são idiossincráticos, isto é, possuem significados pessoais. Estas representações visuais refletem o aprendizado significativo feito por cada pessoa a seu modo. Não existe mapa conceitual certo ou errado, mas sim um mapa de conceitos que possibilita a outro compreender como determinada pessoa relaciona, organiza e compartilha tais significados (MOREIRA, 1998). Os mapas conceituais dão liberdade e flexibilidade ao aprendiz no momento da estruturação e esquematização das informações, visto não exigir regras fixas e preestabelecidas para a sua elaboração. No entanto, vale frisar que o fato de não existir um modelo específico de mapa conceitual, nem tudo pode ser considerado válido, pois definitivamente alguns mapas revelam pobreza em sua estrutura e aparentam falta de compreensão do aluno sobre o assunto (MOREIRA, 1998). Segundo Moreira (1998), o mapa conceitual é um recurso instrucional que favorece ao professor desenvolver o conteúdo de 27 aula a partir de uma estratégia diferenciada de ensino e permite avaliar o estudante de forma qualitativa. Diferente dos testes de múltipla escolha, os quais permitem quantificar o conhecimento obtido, o mapa conceitual visa entender como cada aluno, dentro da sua individualidade, interpreta, relaciona, organiza e transmite a informação aprendida, e é diante desta situação que o professor consegue obter evidências de que aluno aprendeu significativamente (MOREIRA, 1998). De tudo isso, depreende-se facilmente que o professor deve preocupar-se em avaliar a representação visual traçada pelo aprendiz de forma qualitativa e não quantitativa. Os mapas conceituais são organizados e estruturados pelo sujeito a partir da sua compreensão sobre o assunto, portanto, o professor deve avaliá-lo da mesma forma, ou seja, deve estar atento em verificar se o aprendiz apresenta clareza e precisão do conteúdo, se realiza diferenciação entre os conceitos aprendidos e se consegue, a partir de uma linguagem sinônima, transferir o que aprendeu (MOREIRA, 1998). Seguramente, embora o uso de mapas conceituais seja extremamente atraente no processo de ensino-aprendizagem, tanto professor como alunos podem enfrentar dificuldades. 28 Como os mapas conceituais refletem a externalização de significados idiossincráticos, estes exigem do professor uma avaliação muito mais qualitativa do que quantitativa, pois requer que o profissional compreenda como o aluno organizou o conhecimento em sua estrutura cognitiva. Por sua vez, para os alunos, principalmente àqueles que geralmente estão habituados a memorizar conteúdos, transferir o conhecimento aprendido será muito mais difícil, visto que o processo de “decorar a matéria” não permitirá ao sujeito flexibilidade e longevidade em seu uso, refletindo dessa forma uma aprendizagem mecânica (MOREIRA, 1998). Moreira pontua que: Mapas conceituais são instrumentos que podem levar a profundas modificações na maneira de ensinar, de avaliar e de aprender. Procuram promover a aprendizagem significativa e entram em choque com técnicas voltadas para aprendizagem mecânica. Utilizá-los em toda sua potencialidade implica atribuir novos significados aos conceitos de ensino, aprendizagem e avaliação (MOREIRA, 1998, p. 8 e 9). 29 Para concluir, provendo ao leitor mais três exemplos de mapas conceituais, a Figura 8 mostra um mapa a respeito do tema “Clareza Instrucional”, a Figura 9 um bom modelo de mapa envolvendo conceitos predeterminados e a Figura 10 um modelo de mapa conceitual pobre. Os mapas conceituais foram retirados do artigo “Construindo mapas conceituais” escrito por Tavares (2007). 30 Figura 8: Mapa conceitual do tipo teia de aranha sobre o assunto Clareza Instrucional. Fonte: Novak, Mintzes e Wandersee (2000, p. 303) citado por Tavares (2007, p. 75). 31 Figura 9: Modelo de um bom mapa conceitual envolvendo conceitos predeterminados. Fonte: Tavares (2007, p. 79). 32 Figura 10: Modelo de mapa conceitual pobre. Fonte: Novak e Gowin (1999) citado por Tavares (2007, p. 80). 33 Conclusão Os mapas conceituais foram desenvolvidos por Novak com base na teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel. Os mapas conceituais são idiossincráticos e não possuem regras fixas e preestabelecidas. Por esta razão se diferenciam de fluxogramas e organogramas organizacionais. No entanto, ao elaborar um mapa de conceitos deve se atentar para não cair no relativismo, em que tudo pode e tudo está correto, pois alguns mapas são pobres e sugerem falta de compreensão. Na área educacional, o mapa conceitual pode ser utilizado como recurso instrucional pelo professor durante o processo de ensino-aprendizagem e para a realização da avaliação do estudante. Entretanto, em razão dos mapas conceituais se apresentarem como um recurso diferente das estratégias tradicionais de ensino até então utilizadas, estes podem gerar certo desconforto ao professor que prefere formas mais conservadoras de ensino e de avaliações que mais quantificam do que evidenciam o aprendizado obtido pelo aluno. Avaliar o aluno a partir de mapas conceituais exige do professor um “olhar” especial, já que este deverá buscar por evidências de que o aluno obteve uma aprendizagem significativa. 34 Por sua vez, o aluno acostumado a “decorar” conceitos e habituado a uma aprendizagem mecânica, o uso de mapas conceituais em sala de aula pode gerar certo mal-estar, já que exigirão do sujeito uma aprendizagem significativa, isto é, flexível, substantiva e não-arbitrária. A aprendizagem significativa resulta em um novo conhecimento e, por isso, diferencia-se da aprendizagem mecânica que não possui longevidade e flexibilidade em seu uso. Para que a aprendizagem ocorra de forma significativa, dois processos são importantes: (1) predisposição do sujeito para aprender e (2) presença de subsunçores, que se trata de informações, ideias, conceitos e proposições já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Quando o indivíduo recebe uma nova informação, esta interage com os subsunçores preexistentes em sua estrutura cognitiva e daí decorrem dois processos: diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa. Quando o subsunçor interage com a nova informação, ambos se modificam, adquirem novos significados e diferenciam-se progressivamente. A medida que as informações vão se tornando cada vez mais diferenciadas e estáveis, ocorre o estabelecimento de relações entre conceitos subsunçores já formados na estrutura cognitiva. Esta recombinação é denominada de reconciliação integrativa.35 Por fim, para facilitar a aprendizagem, Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios, que servem de ponte entre o conhecimento prévio e os assuntos que se pretende ensinar, e ressalta que muitas vezes o aprendizado mecânico serve de base para a aprendizagem significativa, visto que nem sempre temos subsunçores já estabelecidos na estrutura cognitiva. 36 Referências Bibliográficas MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Cadernos de Aplicação, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 143-156, 1998. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/forprof- ciencias/crbst_0.html> Acesso em: 02 de jan. 2017. TAVARES, Romero. Construindo mapas conceituais. Ciência e cognição, Rio de Janeiro, v. 12, p. 72-85, nov. 2007. DARROZ, L. M. & CORTEZ, J. Mapas conceituais: um curso de capacitação para professores da educação básica. Experiência, Santa Maria, UFSM, v. 1, n. 2, p. 54-65, jul. /dez. 2015. FILHO, J. R. F. et al. Mapas conceituais: utilização no processo de avaliação da aprendizagem do conteúdo haletos. Experiências em Ensino de Ciências, v. 8, n. 3, p. 78-96, 2013. Freitas Filho, J. R. Mapas conceituais: estratégia pedagógica para construção de conceitos na disciplina Química Orgânica. Ciências & Cognição, 12, 86-95, 2007. 37 VALADARES, Jorge. A teoria da aprendizagem significativa como teoria construtivista. Aprendizagem Significativa em Revista, v. 1, (1), p. 36-57, 2011. 38 Anotações ________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ________________________ 39 Anotações ________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ________________________ CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JAGUARIÚNA 2017
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