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Conduta Cristã

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IGREJA O BRASIL PARA CRISTO 
 
 
 
 
 
 
CONDUTA CRISTÃ 
“UMA ABORDAGEM ESPECÍFICA NA PERSPECTIVA DO JOVEM CRISTÃO” 
 
 
 
LUCIANO DE MEDEIROS DANTAS 
 
 
 
 
 
PICUÍ-PB 
2019
 
 
Sumário 
Apresentação ..................................................................................................... 2 
Introdução .......................................................................................................... 2 
1 Princípios de conduta cristã ......................................................................... 5 
2 Família: conduta cristã no lar ..................................................................... 10 
3 Conduta fora do lar: amizade bíblica ......................................................... 18 
4 Conduta cristã na academia: Fé e Ciência ................................................ 23 
5 Evolucionismo, Criacionismo e TDI ........................................................... 30 
6 Teodiceia ................................................................................................... 41 
7 Aborto ........................................................................................................ 48 
8 Homossexualidade .................................................................................... 54 
9 Feminismo ................................................................................................. 61 
10 Bíblia: fato ou mito? ................................................................................... 70 
11 Conduta Cristã no Trabalho ....................................................................... 81 
12 O cristão, a moda e a internet .................................................................... 90 
13 Conduta cristã no culto .............................................................................. 99 
14 Sexo ......................................................................................................... 106 
15 Namoro, noivado e casamento ................................................................ 115 
16 Vocação ................................................................................................... 122 
Referências .................................................................................................... 134 
 
 
Luciano de Medeiros Dantas 
(emaillucianodantas@gmail.com) 
Marido de Hévila e pai de Samara; membro da igreja O Brasil Para 
Cristo em Picuí-PB; Professor de Ciências Biológicas licenciado pela 
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG-CES) e seminarista 
do Instituto Teológico Superior de Missões (ITESMI). 
2 
 
Apresentação 
Muitos jovens cristãos (e até adultos) sofrem diante das pressões e influências 
sociais que enfrentam em seu dia a dia, e que opõem-se aos princípios de sua 
fé. Além disso, eles têm que lidar com as cargas hormonais, sentimentais e 
imaturas, próprias da idade, que os leva a uma busca por aceitação. 
Caracteristicamente, nessa busca, o jovem expõe-se a diversos grupos sociais 
que podem influenciá-lo de forma negativa, como Carlos Grzybowski afirma: "o 
desejo de ser aceito e reconhecido num grupo de iguais pode ser uma armadilha 
psicológica"1. Por isso, é fundamental que o cristão tenha condições de dar razão 
de sua fé (1Pe 3.15b), de maneira que possa ter um sólido alicerce para 
sobreviver e moldar o mundo a sua volta. Tal condição deve ser desenvolvida 
através do ensino e formação de um espírito cauteloso (Pv 1.4), onde é 
fundamental a participação da família e igreja. 
Nesse intuito é que nos propusemos a abordar temas que, por muitas vezes, são 
considerados tabus na igreja e no lar cristão. Entendendo que a igreja é co-
responsável (juntamente com a família) pelo dever de ensinar todo o evangelho 
(Mt 28.19-20a), de maneira que possa ser aplicado em todas as áreas da vida. 
Não temos a pretensão de abordar o tema geral desse estudo de maneira 
exaustiva, mas trabalha-lo de forma específica, elencando e discutindo os 
assuntos mais pertinentes e “complexos”, para os jovens cristãos, através de 
uma análise bíblica-teológica. Dessa forma, esperamos que os cristãos possam 
ter sua fé fortalecida pela plena compreensão do poderoso evangelho de Cristo 
e ser influentes em nossa sociedade. 
 
Introdução 
Diferente de tempos atrás, os cristãos atuais estão menos rígidos quanto aos 
seus padrões morais, abrindo-se para discussões e mudanças. Ao analisar 
nossa sociedade iremos perceber que essa disposição é o motivo do cristianismo 
 
1 GRZYBOWSKI, C. Macho e fêmea os criou: celebrando a sexualidade. 2. ed. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 
2013, p. 93. 
3 
 
ter se tornado egoísta e imediatista. Os catecismos e confissões oriundos da 
Reforma expuseram doutrina e ética, mas, sob influência da filosofia do séc. 
XVIII criou-se uma segregação entre essas duas áreas. Isso favoreceu a falha 
do cristianismo em desenvolver uma teologia satisfatória a vida cotidiana2. 
Diante dessa resiliência da igreja contemporânea nos questionamos se 
conseguiremos manter nossos pontos centrais de fé intocados. Isso porque, 
sabemos que “a ética [campo que rege a conduta cristã] é a prática do que 
cremos”3. O Cristianismo é mais do que a crença em um sistema de doutrinas 
sobre Deus. É uma forma de ver e entender toda a realidade que modela nossa 
maneira de viver4 (uma cosmovisão). Portanto, uma teologia deficiente causa 
uma conduta deficiente. Crer em verdades absolutas torna nossa ética firme. O 
relativismo, que domina nossa sociedade, forja uma ética flácida e situacional. 
A Ética Cristã é pautada nas Escrituras Sagradas, não é conformada aos ditames 
de uma sociedade secularizada. Ela é teocêntrica e dissonante à ética secular5. 
Ela consiste no conjunto de valores morais bíblicos pelo qual o homem deve 
trilhar sua conduta diante de Deus, do próximo e de si mesmo. É um estilo de 
vida em conformidade com a fé cristã revelada por Deus (1 Pe 1.18-19)6. 
Jesus Cristo é o verdadeiro padrão moral para a conduta dos cristãos (Jo 13.15)7 
e, como o próprio nome propõe, o cristão deve ser um imitador de Cristo. Ou 
seja, através de uma análise piedosa e sincera da Bíblia, podemos ser instruídos 
nos princípios de fé ensinados e exemplificados em Cristo, que nos conduzirão 
a responder as demandas de nossa sociedade, de maneira fiel à boa e perfeita 
vontade de Deus, revelada em seu Filho. 
 
 
2 TOKASHIKI, E. B. As características da ética cristã. Academia.edu (Website). Disponível em: 
<https://www.academia.edu/4460389/Princ%C3%ADpios_B%C3%A1sicos_da_%C3 
%89tica_Crist%C3%A3>. Acesso em: 14 fev. 2019, p. 4. 
3 Ética Cristã: o que é e onde está? Comunhão (website), 2014. Disponível em: <http://co 
munhao.com.br/etica-crista-o-que-e-e-onde-esta/>. Acesso em: 12 fev. 2019. 
4 TOKASHIKI, op. cit., p. 6. 
5 Ibidem. p. 12. 
6 Ibidem. p. 15. 
7 Ibidem. 
4 
 
Referências 
Ética Cristã: o que é e onde está? Comunhão (website), 2014. Disponível em: 
<http://comunhao.com.br/etica-crista-o-que-e-e-onde-esta/>. Acesso em: 12 fev. 
2019. 
GRZYBOWSKI, C. Macho e fêmea os criou: celebrando a sexualidade. 2. ed. 
Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2013. 
TOKASHIKI, E. B. As características da ética cristã. Academia.edu (Website). 
Disponível em: <https://www.academia.edu/4460389/Princ%C3%ADpios_B%C 
3%A1sicos_da_%C3 %89tica_Crist%C3%A3>. Acesso em: 14 fev. 2019. 
5 
 
1 Princípios de conduta cristã 
O homem foi criado à imagem de Deus (Gn 1.26-27), compartilhando, 
limitadamente, o caráter de seu Criador. Essa “imagem” é o conjunto das 
qualidades ou atributos que Ele reflete nos homens(justiça, santidade, 
imortalidade, etc), tornando possível os relacionamentos que estabelecemos 
com Deus e nosso próximo (Gn 1.26)1. Tais atributos, em nós comunicados, 
são exigidos em nossa vida prática, regendo nossa moralidade (Lv 19.2; 
20.26; Mt 5.48)2. Essa exigência se faz necessária diante do propósito 
supremo e principal do homem, que é glorificar a Deus e gozá-lo para 
sempre3 (Sl 73.24-26; Rm 11.36; 1Co 10.31), e uma das maneiras de realizar 
tal função é espalhar a imagem de Deus refletida em nossa conduta4 (Gn 
1.28). 
No Antigo Testamento (AT), a grande síntese da moralidade divina é 
inicialmente expressa no Decálogo (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21)5. Nele temos 
prescritos nossos deveres para com Deus e para com o próximo. De acordo 
com C. S. Lewis, essa moralidade, no que tange nossa relação horizontal, 
sempre esteve impressa no ser humano, desde a criação, e nunca foi 
alterada, renovada ou recriada, mesmo após o ministério de Cristo. Para 
Lewis, a Regra Áurea do Novo Testamento (NT) que nos ensina a fazer aos 
outros o que gostaríamos que fizessem conosco (Mt 7.12; 22.37-40), é o 
resumo do que todos sempre reconheceram como correto6, além de ser um 
resumo do próprio Decálogo. 
Quanto ao NT, uma das melhores passagens que sintetizam a ética de Jesus 
está contida no Sermão da Montanha (Mt 5-7), onde os cristãos são 
 
1 TOKASHIKI, E. B. As características da ética cristã. Academia.edu (Website). Disponível em: 
<https://www.academia.edu/4460389/Princ%C3%ADpios_B%C3%A1sicos_da_%C3%89tica_Crist%C3%
A3>. Acesso em: 14 fev. 2019, p. 10. 
2 Ética Cristã: o que é e onde está? Comunhão (website), 2014. Disponível em: 
<http://comunhao.com.br/etica-crista-o-que-e-e-onde-esta/>. Acesso em: 12 fev. 2019. 
3 Catecismo Maior de Westminster. Monergismo (Website). Disponível em: <http://www.mone 
rgismo.com/textos/catecismos/catecismomaior_westminster.htm>. Acesso em: 14 fev. 2019. 
4 MENDES, A.; MERKH, D. O namoro e o noivado que Deus sempre quis: resgatando princípios bíblicos na 
construção de relacionamentos duradouros. 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2013, p. 56. 
5 Ética Cristã, op. cit. 
6 LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. 3. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009, p. 108. 
6 
 
caracterizados pela humildade, mansidão, misericórdia, integridade, justiça, 
paz, perdão, verdade, generosidade e amor7; virtudes que são observadas 
em Cristo (Mt 7.28-29). Diante dessa conduta perfeita do Filho de Deus, 
somos constrangidos e compelidos a obedecer, e fundamentar nossa ética, 
ao princípio expresso no segundo grande mandamento, que resume todo o 
Sermão do Monte: “amar ao próximo como a nós mesmos”; o que implica 
em amar pessoas que não tem nada de amáveis, assim como nós mesmos 
nos amamos. Lembrar que é dessa forma que Deus nos ama, talvez nos 
ajude e faça com que amar o próximo se torne mais fácil8, porém, é inerente 
ao cristão a consciência de que tal amor é gerado e aperfeiçoado pela obra 
do Espírito Santo em nós. 
O Rev. Ewerton B. Tokashiki afirma acertadamente que a Ética Cristã “não 
se limita a atos externos, mas requer uma motivação e intenção interna”9. 
Partindo do princípio de que as pessoas são incapazes, por si mesmas, de 
aceitar a perfeita vontade de Deus, expressa na Escritura Sagrada, e muito 
menos de obedecê-la (Jo 6.63; Rm 7.18-19), concluímos que a dignidade do 
ser humano está nas virtudes produzidas pelo Espírito de Deus nele10. Pois, 
uma vez unidos a Cristo pela fé, nós podemos viver uma nova vida (2Co 
5.17; Gl 2.20), que nos impulsiona, em nossa conduta, a uma imitação de 
Cristo (Rm 15.5; Gl 2.20; Ef 5.1-2; Fp 2.5). Portanto, o viver ético da conduta 
cristã é sempre fruto dessa obra do Espírito Santo em nós (Gl 5.22-23), e é 
enfatizado no bem-estar do próximo ao qual Cristo morreu (Rm 12.5; 14.15; 
1Co 8.11; 12.27; Gl 3.28; Ef 4.25; 1Ts 4.6)11. 
1.1 Fruto do Espírito 
Em sua carta aos gálatas, o apóstolo Paulo, combatendo o ensino dos 
judaizantes que deturpavam a fé da igreja na Galácia, nos ensina que 
o cristão não leva uma vida de santidade por esforços próprios, mas 
 
7 Ética Cristã, op. cit. 
8 LEWIS, op. cit., p. 159-160. 
9 TOKASHIKI, op. cit., p. 3. 
10 Ibidem. p. 8. 
11 Ética Cristã, op. cit. 
7 
 
seu relacionamento com Deus e com o próximo12 se dá pelo poder e 
obra do Espírito Santo que em nós habita13. 
Em Gl 5.22-23, a Sagrada Escritura exemplifica essa transformação 
que o Espírito realiza em nossa ética através da metáfora do “fruto do 
Espírito”. Não iremos nos deter especificamente em cada elemento 
citado do fruto do Espírito, mas iremos expor como esse “fruto” é 
gerado e o que ele é. 
1.1.1 Obra vs Fruto 
Quando Paulo inicia o tema do “fruto do Espírito”, ele está, 
diretamente, criando um contraste deste com as “obras da 
carne”. Obra é algo realizado pela força humana. Fruto é 
produzido pelo ramo através da seiva que recebe da videira (Jo 
15.5)14. Ou seja, todas as virtudes de conduta e ética citadas na 
perícope (amor, alegria, longanimidade, benignidade, fidelidade, 
mansidão e domínio próprio) são oriundas da ação do Espírito 
Santo de Deus que “corre” como seiva dentro de nós, nos dando 
vida e energia para que frutifiquemos. Da mesma maneira como 
um ramo, que recebe da videira vida e nutrição, o crente em 
Cristo também recebe toda a sua força da verdadeira vida, 
sendo assim capaz de viver de forma frutífera15. 
1.1.2 O Fruto 
Perceba que a palavra “fruto” está no singular, enquanto que a 
palavra “obras” está no plural. Isso porque o Espírito produz um 
único tipo de fruto no cristão. Esse fruto é a “semelhança com 
 
12 BIBLIA, Português. Bíblia Sagrada Almeida Século 21: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João 
Ferreira de Almeida. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 1182. 
13 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 
2011, p. 584. 
14 Ibidem. p. 602. 
15 Ibidem. 
8 
 
Cristo”16. 
As virtudes listadas, no texto, pelo apóstolo Paulo são: 1) amor 
– o que Deus é e devemos ser; 2) alegria – que é satisfação em 
Deus (Jo 4.34); 3) paz – com Deus e entre os cristãos (Lc 8.22-
25); 4) longanimidade – paciência diante das aflições (Lc 23.34); 
5) benignidade – carinho (Mc 10.14); 6) fidelidade – ser digno de 
confiança; 7) mansidão – tomar lugar de humildade (Jo 13.1-17); 
e 8) domínio próprio – controle de si mesmo. Todas essas 
virtudes descrevem Cristo. Portanto, o Fruto do Espírito é nos 
transformar para sermos semelhantes a Cristo (2 Co 3.18)17. 
1.2 Conclusão 
Os princípios que devem reger nossa ética são: o amor ao próximo e 
as virtudes de Cristo em nós. Em cada tema que será tratado 
perceberemos que esses dois princípios irão nos guiar, como leis 
centrais, pois, o amor ao próximo será a nossa Regra Áurea, e as 
virtudes geradas pelo fruto do Espírito, nossas atitudes de resposta a 
esse mundo caído. 
 
Referências 
BIBLIA, Português. Bíblia Sagrada Almeida Século 21: Antigo e Novo 
Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª ed. São Paulo: Vida 
Nova, 2008. 
Catecismo Maior de Westminster. Monergismo (Website). Disponível em: 
<http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismomaior_westminster.h
tm>. Acesso em: 14 fev. 2019. 
Ética Cristã: o que é e onde está? Comunhão (website), 2014. Disponível em: 
 
16 MACDONALD, op. cit., p. 602. 
17 Ibidem. 
9 
 
<http://comunhao.com.br/etica-crista-o-que-e-e-onde-esta/>. Acesso em: 12 fev. 
2019. 
LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. 3. ed. SãoPaulo: Editora WMF 
Martins Fontes, 2009. 
MENDES, A.; MERKH, D. O namoro e o noivado que Deus sempre quis: 
resgatando princípios bíblicos na construção de relacionamentos duradouros. 1. 
ed. São Paulo: Hagnos, 2013. 
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São 
Paulo: Mundo Cristão, 2011. 
TOKASHIKI, E. B. As características da ética cristã. Academia.edu (Website). 
Disponível em: <https://www.academia.edu/4460389/Princ%C3%ADpios_B%C 
3%A1sicos_da_%C3 %89tica_Crist%C3%A3>. Acesso em: 14 fev. 2019. 
10 
 
2 Família: conduta cristã no lar 
Nessa parte de nosso estudo, iremos analisar os ensinamentos do AT e NT 
acerca dos papeis e responsabilidades dos pais, mães e, principalmente, 
filhos dentro do ambiente familiar. Isso se faz necessário devido dois fatores: 
1) nossos jovens futuramente serão pais e mães, que deverão saber portar-
se com seus filhos; e 2) é na adolescência e juventude que os filhos 
começam a se distanciar dos pais e, devido a filosofia secular, reivindicam 
independência indevida dentro da família, causando vários transtornos. 
Ao passo que formos entendendo os papeis de cada membro da família e 
aplicarmos os princípios de conduta cristã, pintaremos uma imagem bíblica 
para nossos relacionamentos familiares, tendo em vista que a família é uma 
instituição divina que precede a igreja, evidenciando sua importância 
máxima. Uma família desajustada tem maior probabilidade de promover uma 
igreja e sociedade desajustada. 
Antes de tudo, precisamos entender que o termo “família”, segundo 
Köstenberger e Jones, pode ser definida como, primeiramente, "um homem 
e uma mulher unidos em matrimônio, mais (em geral) filhos naturais ou 
adotivos e, de modo secundário, qualquer outra pessoa com parentesco 
consanguíneo"1. Essa definição segue o que, atualmente, nossa cultura 
ocidental moderna denomina de família nuclear (pai, mãe e filhos), porém, 
no período bíblico, as famílias eram extensas e viviam em lares amplos (pai, 
mãe, filhos solteiros e casados, escravos e suas famílias)2. Essa distinção 
cultural inicial é importante. 
2.1 A família no Antigo Israel 
Como já citado, diferente do conceito moderno de família nuclear, os 
lares israelitas antigos englobavam um grande número de indivíduos e 
tudo na comunidade girava em torno do pai (ou seja, a família era 
patricêntrica). Embora o pai fosse o líder do lar, o AT quase nunca 
 
1 KÖSTENBERGER, A. J.; JONES, D. W. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. 2. 
ed. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 91. 
2 Ibidem. p. 91. 
11 
 
focaliza seu poder, sendo ele, normalmente, uma inspiração de 
confiança e segurança na família (cf. Jó 29.12-17; Sl 68.5-6). Portanto, 
a ênfase não era sobre o poder e os privilégios associados à posição 
do pai, mais sobre as responsabilidades referentes à sua liderança3. 
2.2 O papel de cada membro 
2.2.1 O pai 
O AT nos apresenta algumas das principais responsabilidades 
dos pais4: 
• Viver como exemplo da fidelidade pessoal de Deus (Gn 
6.9; Js 24.15; 2Rs 18.1-3); 
• Liderar a família nos festivais e promover a memória da 
salvação; 
• Instruir a família nas tradições bíblicas (Dt 6.7-9, 20-25); 
• Suprir a família; 
• Defender a família (Jz 18.21-25); 
• Atuar como chefe e representante da família nas 
assembleias (Rt 4.1-11); 
• Preservar o bem-estar e unidade da família. 
Podemos resumir essas atribuições paternas como 
responsabilidades quanto a integridade espiritual e/ou moral, 
física e constitucional da família. 
Já no NT, mais precisamente em Ef 6.4, vemos que o pai possui 
a responsabilidade particular de disciplinar os filhos e educa-
los quanto a fé cristã. No que se refere a interpretação do termo 
“provocar a ira” (que consiste no modo em que deve ocorrer a 
disciplina), Köstenberger e Jones escrevem5: 
 
3 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 92. 
4 Ibidem. 
5Ibidem. p. 114-115. 
12 
 
[...] os pais não devem usar a posição de autoridade para irritar os 
filhos, mas sim, trata-los com bondade (1Co 4.15, 21; 1Ts 2.11; Cl 3.21; 
Ef 4.6). [...] Os filhos são pessoas com dignidade própria. Não são 
escravos pertencentes aos pais, mas sim, indivíduos confiados a eles 
por Deus como incumbência sagrada. [...] quando tratados de forma 
indevida, os filhos podem desanimar (Cl 3.21). 
Portanto, o pai deve evitar os extremos: nem ser o “incentivador” 
que não disciplina, nem um “disciplinador severo” (1Ts 2.11-12)6. 
Podemos dizer que um caráter semelhante ao de Cristo é o 
perfil exigido aqui. 
Perceba que, mesmo diante da cosmovisão patricêntrica, a 
autoridade masculina é caracterizada por liderança mediante o 
serviço, visando o bem-estar da família7, onde aplica-se o 
princípio de amor ao próximo que estudamos anteriormente. 
2.2.2 A mãe 
Esposa e mãe, no antigo Israel, possuíam uma posição elevada 
(Gn 1.27-28; 2.18, 22-25), ao mesmo tempo em que eram 
funcionalmente subordinadas ao marido e cabeça da família8. 
Quanto ao assunto da subordinação feminina ao homem, C. S. 
Lewis explica de modo brilhante a necessidade da subordinação 
e o porquê de o "cabeça" ser o homem. Lewis argumenta que a 
ideia de um "cabeça" no casamento preserva a permanência do 
contrato matrimonial, tendo em vista a necessidade de tomadas 
de decisões diante de desacordos dentro do lar. Para Lewis "não 
se pode ter uma associação permanente sem uma constituição". 
Respondendo ao porquê de ser o homem o "cabeça" do lar, o 
autor defende que o homem é mais justo em "políticas externas" 
à família, ou seja, em assuntos relacionados às pessoas de fora. 
Enquanto que a mulher possui um instinto natural de defender e 
lutar pelas causas de seus filhos e marido, sendo a "curadora 
 
6 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 115. 
7 Ibidem. p. 95. 
8 Ibidem. p. 94. 
13 
 
especial dos interesses da família", a função do marido é 
"garantir que essa predisposição natural da mulher não chegue 
a predominar"9. 
Köstenberger e Jones também elencam algumas das evidências 
de dignidade e influência da esposa e mãe da família no antigo 
Israel10: 
• Possuir uma relação complementar com o homem na 
vida sexual (Cânticos dos Cânticos); 
• Ser honradas pelos filhos (Êx 20.12); 
• Defender, juntamente com o marido, a honra das filhas; 
• Instruir, juntamente com o marido, os filhos (Pv 1.8; 
6.20); 
• Ter iniciativa, criatividade e energia (Pv 31); 
• Exercer influência positiva sobre o marido; 
• Quando necessário, exercer liderança. 
Semelhante ao marido, a mãe também possuía 
responsabilidades específicas para com os filhos que estão 
resumidas em Pv 31. Dentre essas responsabilidades estão a 
de treinar as filhas para seus futuros papéis de esposa e mãe11. 
Entre os papéis de esposa e mãe, a atribuição principal da 
mulher no NT é a maternidade, ou seja, dar à luz, criar os filhos 
e administrar o lar (1Tm 2.15; cf. 5.14). A maternidade, no ensino 
bíblico, é enaltecida como “vocação suprema e privilégio da 
mulher”. Essa mensagem é difícil de ser ouvida em nossa cultura 
tão feminista. Porém, a Bíblia não restringe a mulher, mas 
determina a essência de sua vocação divina e as incentiva a 
viver essa vocação. Isso trará maior bênção e realização à 
 
9 LEWIS, op. cit., p. 149-150. 
10 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 94. 
11 Ibidem. p. 95. 
14 
 
mulher, marido e família12. 
2.2.3 Os filhos 
A procriação é parte do plano de Deus para o casamento (Gn 
1.28 cf. 9.1, 7; 35.11), sendo a expressão visívelde sua união 
conjugal em “uma só carne” (Gn 2.24). No AT a expectativa geral 
para um homem e uma mulher era a de que se casassem e 
tivessem filhos13. 
As principais responsabilidades dos filhos eram14: 
• Honrar os pais (Êx 20.12; Dt 5.16); 
• Respeitar outros adultos mais velhos; 
• Suprir as necessidades dos pais na velhice; 
• Ajudar de várias maneiras dentro e ao redor da casa dos 
pais, assim que tivessem idade para fazê-lo. 
O contexto bíblico e cultural mais amplo em relação aos filhos, 
que resume suas atribuições, é o de honrar pai e mãe. Rebelar-
se contra os pais equivale a desonrar o Senhor (cf. p. ex., Êx 
21.15, 17; Lv 19.3; 20.9; Dt 21.18-21; 27.16). No NT a 
desobediência aos pais é uma característica do final dos tempos 
(Mc 13.12; 2Tm 3.1-2; cf. 1Tm 1.8-9), e provoca a ira divina (Rm 
1.30, 32)15. Por isso devemos nos conscientizar das graves 
consequências desse pecado e começar a trata-lo com maior 
atenção na igreja. 
Paulo nos apresenta alguns motivos para que os filhos 
obedeçam a seus pais em Ef 6.1-3. Segundo o apóstolo, um dos 
motivos pelo qual devemos obedecer a nossos pais é “porque é 
justo”; pois um princípio básico da vida familiar é que os imaturos 
 
12 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 115. 
13 Ibidem. p. 95. 
14 Ibidem. p. 96-97. 
15 Ibidem. p. 112. 
15 
 
se submetam às autoridades mais sábias. Outro motivo é que 
essa submissão é para o nosso bem-estar (“para que te vá 
bem”)16. 
O mesmo texto demonstra que essa atitude de honrar deve ser 
exercida “no Senhor”, que equivale a “como ao Senhor” (cf. Ef 
5.22; 6.5), indicando que a obediência aos pais faz parte de 
nossa submissão a Cristo17. O termo também significa 
obediência em tudo que estiver “de acordo com a vontade de 
Deus”. Em situações de desobediência a ordens que ferem a 
santidade de Deus, devemos, educadamente, recusá-las e, 
humildemente, sofrer as consequências sem retaliar. A 
submissão aos pais existe independentemente de serem crentes 
ou não. A relação pai-filho é ordenada à toda a humanidade, não 
só aos cristãos18. 
No Decálogo temos tal mandamento, justamente, logo após os 
mandamentos referentes à santidade de Deus, sendo o primeiro 
mandamento a tratar dos relacionamentos horizontais. Fica 
evidente que honrar aos pais é o princípio pedagógico para que 
os filhos aprendam a honrar a Deus e aos outros. Essa 
responsabilidade também se estende à velhice (1Tm 5.8) como 
um modo de retribuir a criação que receberam (1Tm 5.4)19. 
Entenda, aposentadoria não é bíblico (risos)! 
Paulo também mostra que a submissão aos pais é resultante da 
obra do Espírito Santo em nós (Ef 6.1; cf. 5.18, 21). Estar cheio 
do Espírito resulta em submissão aos outros20 (Ef 5.18, 21). 
Portanto, somente filhos regenerados são capazes de praticar 
tal padrão de sujeição de forma continuada e deliberada, sendo 
 
16 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 
2011, p. 649. 
17 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 113. 
18 MACDONALD, op. cit., p. 649. 
19 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 113. 
20 MACDONALD, op. cit., p. 649. 
16 
 
o resultado de um compromisso de fé em Jesus e do poder do 
Espírito Santo21. 
2.3 Ensinamentos de Jesus acerca da família 
Não é o nosso objetivo tratar de toda a teologia bíblica sobre o lar 
cristão. Porém, é importante frisarmos que tal instituição é apenas para 
essa vida, assim como Cristo demonstrou. A família terrena não tem 
caráter eterno. Por isso, a família espiritual transcende os laços 
naturais de parentesco (Mt 4.18-22; 8.19-22; 10.34-36; 19.16-30; Mc 
1.16-30; 3.31-35; 10.17-32; Lc 2.49; 5.2-11; 9.58, 60, 62; 28.28-30; Jo 
2.4; 7.6-8)22. 
O casamento e a família, evidentemente, possuem lugar de grande 
importância nos planos de Deus para o homem, mas não é uma 
prioridade. Os laços de parentesco são situados em um contexto mais 
amplo por Jesus. Se o compromisso com a verdade do evangelho 
resulta em divisão, e não paz, no ambiente familiar (Mt 10.34), seguir a 
Jesus deve ser a nossa primeira opção (Lc 9.57-62). Mas isso não deve 
ser usado como justificativa para a negligência das responsabilidades 
dentro do lar (1Tm 5.8)23. 
2.4 Conclusão 
De acordo com os ensinos prescritos no AT e NT, entendemos que as 
responsabilidades familiares dos pais consistem em preservar a 
integridade espiritual, física e constitucional da família; disciplinando e 
educando sem abusos, mas, semelhantemente a Cristo, em amor 
buscando o bem-estar dos seus. Quanto às mulheres, necessitam 
entender que sua posição no lar é elevadíssima. Estas estão sob os 
cuidados de seu marido, devendo ser honradas e ter seus direitos 
conjugais preservados. Suas atribuições consistem em instruir e 
defender seu lar, juntamente com o marido, e, especificamente, treinar 
 
21 KÖSTENBERGER & JONES. op. cit., p. 113. 
22 Ibidem, p. 108. 
23 Ibidem, p. 109. 
17 
 
as filhas para a vida como esposa e mãe. 
Já os filhos devem como princípio básico honrar os pais. Entendemos 
que isso implica em obedecer, respeitar, ajudar e cuidar (até na velhice) 
dos pais como parte da submissão a Cristo. Tal submissão é uma obra 
do Espírito em nós, que nos torna capazes de manter o padrão de 
Cristo. 
Por último, a família natural não tem efeito eterno. Os laços espirituais 
sempre devem ser priorizados em uma situação infeliz de escolha. 
Mesmo assim, somos orientados a zelar pelos nossos parentes. 
 
Referências 
KÖSTENBERGER, A. J.; JONES, D. W. Deus, casamento e família: 
reconstruindo o fundamento bíblico. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2015. 
LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. 3. ed. São Paulo: Editora WMF 
Martins Fontes, 2009. 
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São 
Paulo: Mundo Cristão, 201. 
18 
 
3 Conduta fora do lar: amizade bíblica 
A amizade é algo de fundamental importância para o homem. Desde a 
criação Deus nos mostra a necessidade do companheirismo na vida humana 
(Gn 2.18a). As Escrituras Sagradas nos orientam acerca do valor de bons 
amigos e adverte-nos sobre os perigos das más companhias. Toda essa 
ênfase dada ao tema ocorre devido à grande influência que amigos exercem 
em nossas vidas (Pv 12.26; 13.20). Amizades prejudiciais podem ter 
consequências eternas (Tg 4.4), por isso, devemos escolher bons amigos 
que nos ajudarão, especialmente em termos espirituais1. 
Para jovens, que ainda estão em uma jornada para escolher seu rumo, tais 
instruções são essenciais. Principalmente pelo risco que correm de serem 
influenciados por más amizades. Carlos “Catito” Grzybowski, de maneira 
brilhante, argumenta sobre tal risco decorrente da grande busca por 
aceitação e comunicação com os outros que ocorre durante a juventude2. 
Além de sabermos escolher amizades, também precisamos entender que 
devemos ser bons amigos. Portanto, veremos agora os princípios bíblicos 
para a escolha e tratamento de amigos. 
3.1 Princípios para a escolha da amizade 
Não é difícil tomarmos decisões erradas. Quantos jovens, hoje, estão 
envolvidos com coisas da qual arrependem-se por influência de 
"amigos"? Por isso, algumas “amizades” precisam ser evitadas. Abaixo 
segue-se alguns princípios para a escolha de uma boa amizade. 
3.1.1 Uma amizade não se influencia pelo exterior (aparência) 
Mendes e Merkh acertadamente enfatizam que a amizade 
bíblica não é influenciada pelo que é “externo”, como bens e 
 
1 ALLAN, D. Amizades. Estudos da Bíblia (website). Disponívelem: <https://www.estudosdabibl 
ia.net/d109.htm>. Acesso em: 10 mar. 2019. 
2 GRZYBOWSKI, C. Macho e fêmea os criou: celebrando a sexualidade. 2. ed. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 
2013, p. 93. 
19 
 
aparência3. Uma amizade por aparência é uma amizade de 
aparência (Pv 19.4, 6-7); diferentemente disso, uma amizade 
sincera traz alegria ao nosso coração (Pv 14.20-21). Lembre-se 
que bens e aparência podem nos trazer muitos amigos, mas a 
Bíblia valoriza a qualidade da amizade e não a quantidade de 
amigos (Pv 18.24)4. 
3.1.2 Um bom amigo é aquele que também é amigo de Deus 
Diversas pessoas, não piedosas, nos oferecem companhia. A 
princípio não é errado relacionar-se com não cristãos, e não 
estou dizendo que você não tenha qualquer relacionamento que 
não seja com um cristão verdadeiro. Isso seria impossível (1 Co 
5.9-10)5. O próprio Jesus fez questão de ter contato com 
pecadores (Lc 15.1). Porém, devemos entender que nosso 
relacionamento com não cristãos concentra-se em nosso alvo 
evangelístico (Mt 9.10-13), para que assim tenham comunhão 
conosco (1 Jo 1.3). 
De acordo com J. C. Ryle, é impossível descrever o prejuízo 
causado pela associação com pessoas ímpias, pois todos nós 
somos criaturas tendentes a imitação. Para Ryle, nós "podemos 
aprender com os ensinamentos; porém, o exemplo de vida é o 
que nos atrai". Ele continua: “infelizmente a saúde não é 
contagiosa, mas a doença sim”. É muito mais fácil assimilar as 
atitudes negativas do que positivas6. 
Portanto, o perigo em uma amizade com não cristãos está em 
que, na maioria das vezes, não somos influenciadores de tais 
pessoas. Ao invés de conduzi-las a Cristo, somos corrompidos 
 
3 MERKH, D. J.; MENDES, A. Perguntas e respostas sobre o namoro e o noivado (que Deus sempre quis). 
São Paulo: Hagnos, 2015, p. 199. 
4 ALLAN, op. cit. 
5 RYLE, J. C. Uma palavra aos moços. São José dos Campos, SP: Fiel, 19??, p. 50-51. 
6 Ibidem. p. 51-52. 
20 
 
pelas suas influências negativas (Sl 1.1; Pv 1.10-16)7. 
Entendemos assim, que devemos escolher amigos respeitáveis, 
que amam a Bíblia e que não temem falar sobre ela (Sl 119.63)8. 
3.1.3 O amigo deve nos afasta de erros 
Um dos sinais de uma boa amizade é quando ela não nos 
conduz ao erro (Pv 14.7-9, 16). Pessoas que sempre nos 
orientam com fins benéficos são ótimas para desenvolver laços 
de amizade. Conselheiros que nos colocam contra nossa família 
ou em caminhos diferentes dos que Deus tem para nós não 
devem ser considerados. Roboão, filho de Salomão, ao tornar-
se rei, não seguiu esse princípio e deu ouvidos ao conselho 
egoísta daqueles que haviam crescido com ele (1 Rs 12.7-11), 
com isso seu fim foi trágico. 
Consequentemente a isso vem o próximo tópico. 
3.1.4 O amigo fiel aponta nossos erros 
Pessoas que sempre concordam conosco não são boas 
indicações para uma amizade (Ec 7.5). Uma amizade verdadeira 
nos corrige, e uma pessoa sábia procura amigos que 
demonstrem essa coragem e convicção, quando necessário9 (Pv 
15.12, 14). Sei que não é agradável sermos corrigidos, mas 
devemos estar cientes da necessidade de termos pessoas que 
nos amam a ponto de nos mostrar onde estamos errados (Pv 
27.5-6). 
Na Bíblia temos um péssimo exemplo de negligência em 
correção. Jonadabe, primo e “amigo” de Amnon, filho de Davi, 
foi confidente do sentimento incestuoso de seu primo. Ao invés 
de usar da oportunidade para repreendê-lo e orientar seus 
 
7 ALLAN, op. cit. 
8 RYLE, op. cit., p. 53. 
9 ALLAN, op. cit. 
21 
 
sentimentos, acabou ajudando-o a pecar e sendo sócio em tudo 
de mal que ocorreu a Amnon e sua família (2 Sm 13.3-36). 
3.2 Princípios para o tratamento da amizade 
Uma vez que temos bons amigos, devemos ser bons amigos! Temos 
responsabilidades bíblicas de companheirismo. Além das que já foram 
citadas, segue abaixo algumas outras. 
3.2.1 Constância 
Amigos contam com a presença uns dos outros, independente 
da situação (Pv 15.30; 17.17). Porém, sempre é bom usar o bom 
senso, pois não devemos abusar da amizade, causando 
aborrecimentos (Pv 25.17). Você deve ser presente, não 
inconveniente. 
3.2.2 Lealdade 
Não devemos trair ou abandonar nossos amigos (Pv 27.10), nem 
sermos interesseiros (ponto 3.1.1) (Ex.: Davi e Jônatas – que 
seria rei e mesmo assim esteve do lado de Davi, este, mesmo 
após a morte de Jônatas, mostrou sua fidelidade). Tal fidelidade 
e falta de interesse torna a amizade um espaço de mútuo 
benefício (Pv 27.17). 
3.2.3 Compromisso 
Em Pv 17.17 vemos o compromisso da amizade bíblica no bem-
estar alheio, não medindo esforços para promover o caráter do 
outro (Pv 27.17; cf. 27.5-6). Esse compromisso de se dar é muito 
raro em nossos dias10 e deriva-se da Regra Áurea da conduta 
cristã (Mt 22.39). 
Uma última observação importante de se fazer é que não é porque alguém 
 
10 MERKH & MENDES, op. cit., p. 199. 
22 
 
é religioso que temos garantia de uma boa influência. Até mesmo entre 
cristãos é necessário evitar as más amizades (1 Co 15.33). Muitos hereges 
utilizam a amizade para induzir outros a aceitar doutrinas e religiões falsas 
(Dt 13.6-8). Devemos ter o hábito de julgar tudo (Mt 7.15-20; At 17.11) afim 
de retermos o que é bom (1 Ts 5.21-22). 
 
Referências 
ALLAN, D. Amizades. Estudos da Bíblia (website). Disponível em: 
<https://www.estudosdabiblia.net/d109.htm>. Acesso em: 10 mar. 2019. 
GRZYBOWSKI, C. Macho e fêmea os criou: celebrando a sexualidade. 2. ed. 
Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2013. 
MERKH, D. J.; MENDES, A. Perguntas e respostas sobre o namoro e o 
noivado (que Deus sempre quis). São Paulo: Hagnos, 2015. 
RYLE, J. C. Uma palavra aos moços. São José dos Campos, SP: Fiel, 19??. 
23 
 
4 Conduta cristã na academia: Fé e Ciência 
O jovem passa 20% do seu dia na escola convencional. Hoje em dia com as 
escolas integrais (com aulas durante os turnos da manhã e tarde) essa 
porcentagem dobra. Considerando que em 1/3 do nosso dia nós dormimos 
(pelo menos uma pessoa normal), podemos afirmar que os jovens passam 
mais tempo na escola/universidade que em casa, com a família. Isso pode 
causar diversos problemas, mas, por enquanto, queremos enfatizar o quanto 
de tempo nossos jovens passam sendo influenciados por amigos, e ainda, 
por professores que exercem posição de prestígio na academia e nas 
escolas. 
Muitas das vezes, na escola/universidade, os jovens se deparam com 
cosmovisões que entram em conflito com a sua fé. Diante de tais ideias ele 
podem assumir 3 posturas distintas em feedback a essas novas 
informações: 1) rejeita tudo o que confronte a sua fé (ou seja, aquele 
alienado que diz que tudo é do demônio); 2) tentam encontrar alguma forma 
de moldar seu cristianismo com as teorias e hipóteses científicas, ou vice e 
versa (posição intermediária); ou 3) acabam sucumbindo as ideias de 
cosmovisão secular e, consequentemente, seguem em direção ao ateísmo. 
Antes de mais nada, já adianto que nenhuma das 3 posições, por mais 
frequentes que ocorram, são saudáveis para a fé de um jovem cristão. Tais 
posicionamentos ocorrem com frequência devido a confusão que o jovem 
sofre diante dos embates acadêmicos por lhe faltar instrução. Algo que é de 
responsabilidade da igreja. 
Nessa etapa de nosso estudo iremos ver como o jovem deve se portar diante 
de tanta perseguição filosófica dentro das escolas e universidades, de 
maneira que possa ter certeza de sua fé e não ser enganado por utopias 
travestidas de ciência, muito menos chegar ao ponto de afirmar que ciência, 
estudo, conhecimento é coisado “capiroto” ou “esfria a fé”. Portanto, esse 
capítulo se dividirá em 3 partes: 1) a relação entre fé e ciência; 2) a fé e a 
ciência na história; e 3) conselhos aos jovens cristãos que vivem em 
ambientes acadêmicos. 
24 
 
4.1 Relação entre fé e ciência 
Com certeza você já ouviu que a fé e a ciência estão em conflito. Que 
uma anula a outra, etc. Comentários como esses fazem com que 
muitos jovens sofram e evitem ter uma vida brilhante de estudos no 
ramo das ciências. Porém, todos esses comentários são falácias. Não 
podemos rejeitar a pesquisa e o estudo da natureza por causa de 
cientistas que fazem mau uso da ciência, nos fazendo desacreditar 
dela. A própria Bíblia nos ensina que o estudo da natureza nos faz 
contemplar o Criador (Rm 1.20), chegando ao entendimento de que há 
algo maior que a criação. Claro que esse equívoco ocorre devido aos 
erros cometidos pelo Romanismo na história. Criou-se a ideia de que a 
opinião da igreja Católica refletia a opinião da Bíblia. Mas, se 
abandonarmos dogmas religiosos e nos determos apenas nas 
Sagradas Escrituras, perceberemos sua harmonia com o que é 
investigado na natureza1. 
Atualmente o que ocorre não é um conflito entre fé e ciência, mas 
discordâncias entre religiosos e cientistas2; entre a cosmovisão cristã e 
a naturalista/materialista. Ambos fazendo mau uso de cada área. Para 
início de conversa vamos colocar cada um em seu devido lugar. 
4.1.1 Cada um no seu “quadrado”! 
A ciência nos fornece conhecimento e informação. Ela possui 
um perfil investigativo e descritivo. E, mesmo que, por muitas 
vezes ela é usada para explicar a natureza, a ciência é impotente 
para conferir sentido a criação3. A ciência é incapaz de oferecer 
respostas para as “questões últimas” (as grandes questões da 
vida). Forçar a ciência a responder algo que vai além de seu 
escopo é abuso e falta de respeito a identidade e limites da 
 
1 FERNANDES, R. T. Evolucionismo: a pseudociência mais aceita em defesa da heresia. [???]. p. 12. 
2 Ibidem. p. 12. 
3 MCGRANTH, A. E. Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e como conseguimos que as coisas façam 
sentido. São Paulo: Hagnos, 2015. p. 14. 
25 
 
ciência. Isso a faz ser desacreditada. 
As questões da ciência são empíricas e não metafísicas. Sir 
Peter Medawar afirma que quando os limites da ciência não são 
respeitados, a ciência é prejudicada e explorada por indivíduos 
com agendas ideológicas4. Isso é o que vemos hoje. A ciência, 
por si só, é neutra, por isso pode ser interpretada de modo teísta, 
ateísta, deísta, etc.5 
A fé, ou a cosmovisão cristã, por usa vez, intensifica nossa 
capacidade de visão6. Ela, diferentemente da ciência, dá sentido 
aos enigmas e mistérios de nossa existência7. A ciência levanta 
questões às quais não consegue responder, forçando-nos a 
fazer perguntas mais profundas8, das quais as convicções 
religiosas são importantes para respondê-las9. E, segundo 
Stephen Jay Gould, essas questões (a existência e natureza de 
Deus) são inalcançáveis para a ciência10. 
Portanto, a ciência e a teologia são disciplinas que se ocupam 
de fenômenos de domínios específico. Cada uma delas oferece 
explicações apropriadas para seu nível. No caso da ciência, ela 
questiona o meio pelo qual o processo ocorre. No caso da 
teologia, ela questiona o propósito ou sentido do processo11. 
Não existe nada intrinsecamente errado com a ciência. O 
problema diz respeito a como nós, os seres humanos, 
escolhemos usá-la12 ou interpretá-la. 
4.1.2 Bíblia, um livro científico? 
 
4 MCGRANTH, op. cit. p. 12. 
5 Ibidem. p. 77. 
6 Ibidem. p. 14. 
7 Ibidem. p. 18. 
8 Ibidem. p. 60. 
9 Ibidem cit. p. 67. 
10 Ibidem. p. 69. 
11 Ibidem. p. 71-72. 
12 Ibidem. p. 138. 
26 
 
A Bíblia não é um livro que se preocupa em descrever ou 
explicar os processos naturais, porém, como já dito, se 
estudarmos a Palavra de Deus, perceberemos uma harmonia 
entre ela e os fatos científicos. Cito abaixo alguns exemplos de 
leis e teorias científicas “modernas” que já eram comentadas na 
Bíblia, mesmo antes de seus “descobridores” ou formuladores 
as apresentarem a sociedade. É evidente que a Bíblia não usa 
linguajar científico, mas cientificamente preciso para o povo da 
época em que foi escrita13. O intuito aqui é de mostrar que não 
há conflito entre a Bíblia e os fatos científicos, como alguns 
argumentam. 
• Terra redonda – Parmênides de Eléia foi o primeiro a 
deduzir a esfericidade da terra14 no séc. VI a.C., mas, o 
livro de Isaías, escrito 1 século antes, já afirmava que a 
terra é “redonda” (Is 40.22). 
• Circulação atmosférica – em Ec 1.6 vemos a descrição 
da circulação atmosférica. Só para constar, esse livro 
data do período entre 450 e 180 a.C. 
• Ciclo hidrológico – em Ec 1.7 vemos a descrição do 
ciclo hidrológico. 
• Segunda lei da termodinâmica – no Sl 102.25-27 vemos 
a lei do aumento da entropia. 
• Importância do sangue para a vida – em Lv 17.11 
vemos a suma importância do sangue para a vida. 
• Campo gravitacional – no livro de Jó, um dos mais 
antigos da Bíblia (escrito entre os séculos VII e IV a.C.) já 
mencionava algo sobre o campo gravitacional da terra (Jó 
26.7). 
4.2 Fé e ciência na história 
 
13 FERNANDES, op. cit. p. 12-13. 
14 NEVES, M. C. D. A Terra e sua posição no Universo: formas, dimensões e modelos orbitais. Rev. Bras. 
de Ens. de Fís., vol. 22, n. 4, dez. 2000. Disponível em: <http://citeseerx.ist.psu.edu/v 
iewdoc/download?doi=10.1.1.474.2822&rep=rep1&type=pdf>. Acesso em: 04 abr. 2019. 
27 
 
Richard Dawkins é um dos que afirmam que a ciência e a religião estão 
em conflito permanente. Historiadores da ciência consideram essa 
ideia inaceitável, ela é muito difícil de ser conciliada com os fatos da 
história15. Na verdade, até o final do séc. XIX, o Cristianismo era a 
influência intelectual predominante na maior parte das áreas da vida e 
da cultura do Ocidente. Várias figuras tiveram seus trabalhos 
impulsionados por suas ideias religiosas e filosóficas. A atual ciência 
foi moldada em grande parte por cristãos. Mesmo depois que o 
materialismo filosófico começou a se infiltrar no pensamento científico, 
as influências cristãs permanecem fortes16. 
Segue abaixo uma lista de grandes nomes da ciência que tiveram 
grande parte de suas pesquisas impulsionadas por suas crenças 
religiosas17. 
• Albert Einstein – “o mistério eterno do mundo é sua 
compreensibilidade”, “o fato do mundo ser compreensível é um 
milagre” 18. 
• Sir Isaac Newton – “A gravidade explica os movimentos dos 
planetas, mas não pode explicar quem colocou os planetas em 
movimento. Deus governa todas as coisas e sabe tudo que é 
ou que pode ser feito.” 
• Francis Bacon – (desenvolveu o método científico) dizia que 
preferiria crer em todas as lendas do que aceitar que a natureza 
não é o fruto de uma mente. 
• Johannes Kepler – (formulou as três leis fundamentais da 
mecânica celeste) “... o Criador que trouxe a existência todas 
as coisas do nada”. 
• James Prescott Joule – (estudou a natureza do calor, e 
descobriu relações com o trabalho mecânico) “o próximo passo 
 
15 MCGRANTH, op. cit. p. 54. 
16 PEARCEY, N. R.; THAXTON, C. B. A alma da ciência: fé cristã e filosofia natural. São Paulo: Cultura Cristã, 
2005. p. 10. 
17 LOURENÇO, A. J. B. A igreja e o Criacionismo. Limeira, SP: Universo Criacionista, 2009. p. 22-23. 
18 MCGRANTH, op. cit. p. 68. 
28 
 
após o conhecimento e a obediência à vontade de Deus, deve 
ser conhecer algo sobre os seus atributosde sabedoria, poder 
e bondade manifesto nas obras das Suas mãos”. 
• Werner von Braun – (líder do projeto aeroespacial americano 
durante a Corrida Espacial) “ao contemplar os vastos mistérios 
do universo, temos apenas a confirmação da nossa fé na 
certeza do Criador. Acho difícil compreender um cientista que 
não reconhece a presença de uma racionalidade superior por 
trás da existência do universo, tanto quanto seria difícil 
compreender um teólogo que negasse os fatos da ciência”. 
Nossa intenção em citar esses grandes nomes da ciência não é fazer 
uso da falácia de apelo à autoridade, mas tentar mostrar quem mais 
contribuiu para a ciência no decorrer da história, a cosmovisão cristã. 
4.3 Conselho aos jovens cristãos 
Espero que essas informações lhes façam entender que a ciência não 
é uma inimiga do cristianismo. Usada de maneira fiel, ela testifica o 
Criador, como afirma Werner von Braun. Mas queremos aqui lhe 
oferecer alguns conselhos que podem ser indispensáveis para uma boa 
apologética em meio acadêmico. 
• Ame os que lhe perseguem – é isso mesmo que você leu! Sei 
que em muitos embates, os que confrontam nossa fé tentam nos 
ridicularizar, mas lembre-se: você não deve ser igual a eles, nem 
deixar sua conduta cristã por isso. É melhor ser injustiçado por 
estar certo do que ser penalizado por um erro (Mt 7.12; 1 Pe 
3.17). 
• Você precisa estudar a Bíblia – sistematicamente e de forma 
devocional, o estudo bíblico lhe dará fé, convicção e sabedoria. 
Cristão que não estuda a Bíblia se torna uma presa fácil para o 
inimigo19. 
 
19 FILHO, J. P. Conspiração: uma saga anticristã. Campina Grande: VCP, 2014. p. 106. 
29 
 
• Estude todos os teóricos e teorias estudadas na academia 
– o cristão lida com a verdade. A ciência tem sido mal 
interpretada ou, pior ainda, usada para promover ideologias. 
Estude todos os teóricos e seus contrários para poder chegar a 
conclusões mais verdadeiras. 
• Fortaleça uns aos outros – formem grupos pequenos de 
estudo na escola ou universidade, até mesmo nas redes sociais. 
Promova campanhas contra leis anticristãs ou ensinos que vão 
contra nossa liberdade religiosa no mundo acadêmico, ou que 
promovam valores anticristãos20. 
 
Referências 
FERNANDES, R. T. Evolucionismo: a pseudociência mais aceita em defesa da 
heresia. [???]. 
FILHO, J. P. Conspiração: uma saga anticristã. Campina Grande: VCP, 2014. 
LOURENÇO, A. J. B. A igreja e o Criacionismo. Limeira, SP: Universo 
Criacionista, 2009. 
MCGRANTH, A. E. Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e como 
conseguimos que as coisas façam sentido. São Paulo: Hagnos, 2015. 
NEVES, M. C. D. A Terra e sua posição no Universo: formas, dimensões e 
modelos orbitais. Rev. Bras. de Ens. de Fís., vol. 22, n. 4, dez. 2000. Disponível 
em: <http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.474.2822&rep=r 
ep1&type=pdf>. Acesso em: 04 abr. 2019. 
PEARCEY, N. R.; THAXTON, C. B. A alma da ciência: fé cristã e filosofia 
natural. São Paulo: Cultura Cristã, 2005. 
 
20 FILHO, op. cit. p. 106-107. 
30 
 
5 Evolucionismo, Criacionismo e TDI 
Agora que entendemos o fato de que não há um conflito entre fé e ciência, 
e que a cosmovisão cristã não tem nada de “anticientífica”, mas o que ocorre 
é um mau uso da ciência para promover ideias materialistas, veremos nesse 
capítulo o principal assunto “problemático” da área de Ciências Naturais, que 
geralmente causa embates com os cristãos na escola/universidade. 
Falaremos sobre as teorias acerca das origens. 
Nosso objetivo é oferecer um entendimento superficial, mas preciso, para 
que possamos ter uma noção básica que nos sirva de orientação futura em 
uma pesquisa mais aprofundada para desenvolvimento de uma melhor 
apologética. Dessa maneira nossos jovens poderão ter condições de manter 
sua fé firme e não irão sofrer diante das contraposições que surgirem. 
Abordaremos nesse capítulo as principais teorias acerca das origens: a 
Teoria da Evolução (TE); a Teoria do Design Inteligente (TDI) e a Teoria da 
Criação Especial (Criacionismo). E também faremos uma defesa e 
exposição dos principais argumentos do Criacionismo Bíblico. 
5.1 Teoria da Evolução (TE) 
A TE entende que a origem de tudo se deu de modo natural e 
progressivo sem intervenção divina. Essa teoria se divide em três tipos 
distintos: a evolução do cosmos (Big Bang), a evolução química (da 
sopa primordial ao 1º organismo), e a evolução bioquímica (do 1º 
organismo ao homem)1. 
5.1.1 Big Bang 
Em 1848, Edgar Allan Poe, em seu livro Eureka, sugeriu que o 
universo havia sido criado, do nada, através de uma gigantesca 
explosão. Após algum tempo, Edwin Hubble afirmou que o 
universo está em expansão, com base no desvio espectrográfico 
 
1 EBERLIN, M. N. Fomos planejados: a maior descoberta científica de todos os tempos. 1. ed. São Paulo: 
Editora Mackenzie, 2018. p. 117 
31 
 
da luz das galáxias para o vermelho (redshift), sugerindo que um 
dia elas estiveram muito próximas. Mas, se realmente ouve uma 
explosão, segundo George Gamow, esse Big Bang deveria ter 
deixado um “rastro de calor". Esse “calor” foi descoberto em 
1965, por Arno Penzias e Robert W. Wilson. Eles encontraram 
uma radiação de fundo que ficou conhecido como o "eco do Big 
Bang"2. Segundo a teoria, essa explosão ocorreu a cerca de 13,8 
bilhões de anos, dando origem à matéria, tempo e energia, e, à 
medida que o universo esfriava, os elementos combinaram-se 
formando os corpos celestes que conhecemos hoje3. 
5.1.2 Evolução Química 
Formulada por Aleksandr Ivanovich Oparin e John B. S. 
Haldane, essa teoria supõe que, após um resfriamento do 
planeta, um primeiro ser vivo unicelular (LUCA - Last Universal 
Common Ancestor – Último Ancestral Comum Universal) surgiu 
em lagos geotérmicos, mediante o aparecimento e combinação 
de moléculas orgânicas. A população do LUCA, então, evoluiu 
por milhões de anos, dando origem a todos os seres vivos 
atuais4. 
5.1.3 Evolução Bioquímica 
A origem das espécies atuais, a partir do LUCA, segundo o 
neodarwinismo (síntese das teorias de Darwin e Mendel5), se 
deu por mudanças (na forma e comportamento) dos organismos 
de populações durante suas gerações6 que, em longos períodos 
 
2 LOURENÇO, A. J. B. Como tudo começou: uma introdução ao criacionismo. São José dos Campos, SP: 
Editora Fiel, 2007. p. 75. 
3 GOUVEIA, R. Teoria do Big Bang. Toda Matéria (website). Disponível em: <https://www.todamateria.co 
m.br/teoria-do-big-bang/>. Acesso em: 13 abr. 2019. 
4 Origem da vida: o que é LUCA, o antepassado comum dos seres vivos que habitam a Terra. BBC 
(website). 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-47283064>. Acesso em: 13 
abr. 2019. 
5 RIDLEY, M. Evolução. 3. ed. Porto Alegra: Artmed, 2007. p. 25. 
6 Ibidem. p. 28. 
32 
 
de tempo, ocasionou o surgimento de novas espécies7. Essas 
modificações são guiadas por um princípio de Seleção Natural, 
onde, se permitirem ao organismo sobreviver e reproduzir-se, o 
ambiente as manterá, do contrário, ocorre a extinção da 
população, eliminando essas “novidades”8. De acordo com a 
teoria, esse processo seria a principal causa da evolução9. 
5.2 Teoria do Design Inteligente (TDI) 
A Teoria do Design Inteligente (TDI) é o estudo científico de padrões 
na natureza que possam revelar, ou descartar, a ação de uma mente 
inteligente (Design – DI) por trás de sua origem. Essa teoria desenvolve 
pesquisas que estabelecem metodologias seguras de detecção de 
ações naturais ouinteligentes e aplicam essas metodologias na 
reavaliação de dados científicos10. Segundo a TDI, há evidências de 
padrões característicos e cientificamente detectáveis de uma ação 
inteligente na natureza, indicando a ação de um DI por trás de sua 
origem11. Essas características da ação de uma mente inteligente são 
detectadas usando-se três pilares básicos: complexidade irredutível 
(sistema onde várias partes distintas combinam-se, com exatidão e 
sincronia), informação arbitrária (que não é regida por leis ou padrões 
naturais), e antevidência genial (capacidade de antever entraves 
futuros)12. 
A ciência pode detectar design inteligente, e o faz diariamente, em 
várias de suas áreas: arqueologia, ciências forenses e na procura por 
sinais de ETs no espaço (SETI – Search for Extraterrestrial 
Intelligence). Sabemos detectá-la porque suas características únicas e 
inquestionáveis superam, em muito, as capacidades de ação de forças 
 
7 LOURENÇO, op. cit. p. 13. 
8 RIDLEY, op. cit. p. 29. 
9 LOURENÇO, op. cit. p. 13. 
10 EBERLIN, op. cit. p. 47. 
11 Ibidem. p. 50. 
12 Ibidem. p. 52, 54-55. 
33 
 
naturais13. 
5.3 Teoria da Criação Especial (Criacionismo) 
A Teoria da Criação Especial é conhecida como Criacionismo. Essa 
propõe que “a origem do universo e da vida são resultados de um ato 
criador intencional”14. Equipará-la com a TDI, é incorreto, mais ainda 
taxá-las de propostas religiosas. Tais teorias podem ter conclusões 
com implicações religiosas, mas não dependem de pressuposições 
religiosas15. 
O Criacionismo divide-se em 3 tipos distintos: o religioso (que estuda a 
criação descrita em todas as religiões existentes); o bíblico (que estuda 
a criação conforme descrita na Bíblia); e o científico (que propõe que a 
vida, na forma de tipos básicos, foi criada simultaneamente completa, 
complexa, com uma diversidade básica e com uma capacidade de 
adaptação limitada16). 
A partir de agora, faremos uma defesa e exposição de alguns argumentos do 
Criacionismo Bíblico utilizando-se da TDI e do Criacionismo Científico. 
Seguiremos a ordem progressiva das origens: origem do cosmos e origem da 
vida. 
5.4 Origem do cosmos 
Diferente da TE, a Bíblia afirma, de modo literal, que todo o cosmos foi 
criado sobrenaturalmente por Deus até o 4º dia (Gn 1.3-19). Hoje, até 
os naturalistas afirmam que o Universo possui um início. A discussão é 
se ele foi criado progressivamente, em bilhões de anos, como o Big 
Bang defende (defensores desse argumento são criacionistas da terra 
antiga, que entendem os dias de Gn 1 como sendo alegorias referentes 
à eras), ou foi criado imediatamente como é descrito na Bíblia 
 
13 EBERLIN, op. cit. p. 28. 
14 LOURENÇO, op. cit. p. 13. 
15 Ibidem. p. 15. 
16 Ibidem. p. 122. 
34 
 
(defensores desse argumento são criacionistas de terra jovem, que 
entendem os dias de Gn 1 como sendo de 24 h). O fato é que muitas 
evidências apontam para um Terra jovem, diferente do que a TE afirma. 
• A energia que mantém o campo magnético da Terra está em 
decaimento exponencial. O caimento dessa corrente elétrica no 
núcleo metálico do planeta (campo magnético) sugere que ele é 
extremamente jovem (com milhares de anos)17. 
• Sabemos que a Lua está se afastando da Terra ~3,82 cm/ano, 
resultante das forças gravitacionais entre os dois corpos. A 
distância atual entre a Terra e a Lua é de 384.400 km18. Se 
fizermos o caminho oposto, a Lua estaria muito próxima da Terra 
quando a vida teria surgido. Ou seja, seria impossível a 
existência de vida. 
A própria teoria do Big Bang possui pontos difíceis, pois sugere uma 
evolução progressiva do Universo (totalmente contrário a segunda lei 
da Termodinâmica). Segundo ela, em uma fração mínima de segundos 
após a explosão, teria ocorrido um segundo evento: uma inflação 
(causado por outra explosão). Segundo Marcos N. Eberlin, nessa 
segunda explosão é uma solução criada para salvar o Universo em 
formação, prevenindo-o de um colapso gravitacional de toda a sua 
matéria e energia, conferindo um mínimo de viabilidade a teoria19. O 
Big Bang também deveria ter criado quantidades iguais de matéria e 
antimatéria. Porém, não encontramos antimatéria no Universo20 
(graças a Deus!). Há também dificuldade em explicar a origem dos 
planetas gasosos, pois gases não se aglomeram em esferas de alta 
densidade21, muito menos o tamanho dos corpos celestes que não é 
aleatório nem resulta de algum processo seletivo progressivo22. 
 
17 LOURENÇO, op. cit. p. 97-98. 
18 Ibidem. p. 98. 
19 EBERLIN, op. cit. p. 122. 
20 Ibidem. p. 126. 
21 Ibidem. p. 134. 
22 MCGRANTH, A. E. Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e como conseguimos que as coisas façam 
35 
 
Além de tudo isso, não há explicação de como o Big Bang tenha criado 
leis naturais tão específicas para a manutenção da vida e cosmos. Por 
exemplo: sem a gravidade, na intensidade correta que temos, a Terra 
não teria sua atmosfera gasosa23, e sem a intensidade correta do 
magnetismo do planeta, não teríamos o nosso escudo protetor (campo 
magnético)24. O nosso planeta também é bastante específico e perfeito 
para manter a vida. Segue algumas singularidades do planeta Terra25: 
• Estamos a uma distância "milimetricamente" calibrada do Sol 
para que a vida se torne viável na Terra. 
• O nosso Sol é especial. Se fosse maior, a Terra seria um lugar 
insuportável; se fosse menor, ele seria apático e gélido; se sua 
radiação fosse diferente (a maioria na região do visível) a vida 
não seria possível. 
• Os outros planetas do sistema solar (principalmente Marte e 
Júpiter) funcionam como "escudos protetores", bloqueando ou 
desviando asteroides que poderiam aniquilar a vida aqui. 
• Nossa posição na Via Láctea também é especial. Se 
estivéssemos próximos dos "braços" de nossa galáxia, a vida 
aqui estaria aniquilada. Também estamos bastante afastados do 
centro da galáxia, onde há "explosões cósmicas" de grande 
intensidade. Além disso, temos a melhor vista e o melhor campo 
magnético. 
• A Lua dirige nossas marés e correntes marítimas, evitando a 
estagnação da água nos mares e oceanos. Se ela estivesse um 
pouco mais próxima ocorreria tsunamis; mais distante, a água 
"apodreceria". Curiosamente a distância Sol-Terra-Lua são 
finamente ajustadas para possibilitar eclipses solares perfeitos, 
onde o Sol é totalmente coberto pela Lua. 
• A rotação regular da Terra permite a exposição de 12 h do lado 
 
sentido. São Paulo: Hagnos, 2015. p. 93. 
23 EBERLIN, op. cit. p. 139. 
24 Ibidem. p. 140. 
25 Ibidem. p. 152-155. 
36 
 
do Sol escaldante, e 12 h do lado "congelante e escuro" do 
Cosmo. Com essa rotação precisa, a temperatura média da 
Terra (19 °C) sustenta a vida no planeta. Dias e noites mais 
longos provocariam um calor escaldante de dia e um frio 
congelante de madrugada. 
Todas essas evidências apontam para um Universo e Terra criados 
para manter a existência da vida26. Criados como a Bíblia afirma, em 
dias, não em bilhões de anos (embora Deus tenha poder para fazer de 
qualquer modo). 
5.5 Origem da vida 
Sabemos que a Bíblia mostra que todos os seres vivos foram criados 
sobrenaturalmente por Deus. Os vegetais no 3º dia (Gn 1.11-13), as 
aves e os animais aquáticos no 5º dia (Gn 1.20-23), e os animais 
terrestres e o homem no 6º dia (Gn 1.24-27, 31). Perceba que Deus 
usou uma ordem lógica: os vegetais que servem de alimento para os 
animais foram criados primeiro. Segundo as Escrituras a vida não 
surgiu de modo “simples” por processosquímicos aleatórios e 
desconhecidos, muito menos seguiu uma progressão evolutiva, como 
defende a TE. Inclusive tais propostas apresentam problemas graves: 
• A teoria de Oparin e Haldane tentou ser “replicada” em 
laboratório por Stanley Miller. Seu experimento é famoso, mas, 
o que não é divulgado é que, não foram formados aminoácidos 
proteinogênicos27 das bases (arginina, lisina e histidina), os 
quais são necessários para a formação do RNA e do DNA28. 
• Também sabemos que peptídeos29, espontaneamente, se 
desfazem em aminoácidos (por hidrólise), e não o contrário30. 
 
26 MCGRANTH, op. cit. p. 95. 
27 São aminoácidos precursores das proteínas e que são produzidos pelas células mediante o código 
genético de cada organismo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Amino%C3%A1cido_protei 
nog%C3%A9nico>. Acesso em: 13 abr. 2019. 
28 LOURENÇO, op. cit. p. 108. 
29 Compostos formados pela união de dois ou mais aminoácidos por intermédio de ligações peptídicas. 
30 LOURENÇO, op. cit. p. 109 
37 
 
• Qualquer proposta de origem química vai ter problemas com a 
grande questão: "quem veio primeiro?" Isso porque para que 
existam proteínas, deve existir RNA; para que exista RNA, deve 
existir proteínas! 
• Para finalizar, a ideia de vida surgindo espontaneamente, sem 
um organismo pré-existente já foi refutado na ciência por Louis 
Pasteur. Em seu experimento ele provou que a lei da Biogênese 
é o que ocorre na natureza, e a Teoria da Geração Espontânea 
(vida surgindo de matéria inanimada) não pode ser evidenciada. 
 
5.5.1 Origem das espécies 
A Bíblia não defende o Fixismo31, diferente do que muitos 
acham. Tal ideia existe por uma má interpretação de Gn 1.11-
12, 21, 24-25, onde é citado que as plantas e animais foram 
criados “cada um segundo/conforme a sua espécie”. Se o texto 
fosse sinônimo de Fixismo, a Bíblia não citaria mudanças nas 
espécies, como o faz. Em Gn 3.14 nos é exposto que as 
serpentes, antes da queda, não rastejavam e, após a queda, 
passaram a rastejar. Da mesma maneira em Gn 3.17-18 vemos 
que as plantas, antes da queda, não possuíam espinhos e 
passaram a possuir após a queda. Além do mais, todos os 
animais terrestres eram herbívoros antes da queda (Gn 1.30). 
Imagine só como seria o leão comendo pasto junto com o boi (Is 
65.25). Era assim no início, mas, como a Bíblia mostra, as 
espécies mudaram e, como vimos, essas mudanças de forma e 
comportamento são denominadas de evolução. Portanto, a 
Bíblia menciona casos de evolução nas espécies. 
Entretanto a evolução bíblica é distinta da macroevolução da TE. 
Dizemos que a bíblia narra microevoluções. Microevolução 
seriam as variações de caráteres gerados pela recombinação do 
 
31 Doutrina ou teoria filosófica do séc. XVIII que propunha que todas as espécies foram criadas 
divinalmente e permaneceram imutáveis até hoje. 
38 
 
material genético que sempre esteve presente, no sentido de 
características e organizações já existentes. Macroevolução 
seria a soma de todas as variações que supostamente 
transformaram, por exemplo, mamíferos terrestres (antílopes) 
em mamíferos aquáticos (baleias). Seria o surgimento de 
material genético qualitativamente novo32. As Sagradas 
Escrituras não descartam o surgimento de novas espécies 
(inclusive a especiação é um processo comprovado 
empiricamente e bem documentado através da história33), 
porém demonstra um limite nessas adaptações. Ou seja, um 
animal canino, pode dar origem a outras espécies (e 
consequentemente também raças) de caninos; felinos podem 
originar outras espécies de felinos, etc. O que não é observável 
são organismos de um tipo básico tornando-se seres de outro 
tipo básico (ex.: réptil tornando-se ave). 
Evidências genéticas mostram que quanto maior o grau de 
adaptação, menor o número de variações; e quanto menor o 
grau de adaptação, maior o número de variações. Portanto, a 
microevolução é observável. Existe uma variação do material 
genético. No entanto, esta variação segue o rumo do 
empobrecimento genético da população. Diferentemente do que 
Darwin propôs em sua teoria da evolução, a tendência natural 
da especiação é a extinção. A macroevolução não é científico e 
não pode ser considerado o resultado de várias microevoluções, 
sendo que através da especiação existe um empobrecimento do 
material genético e não um aprimoramento34. 
A hipótese de que os seres vivos foram evoluindo ao longo da 
história apresenta alguns problemas: 
• As evidências apresentadas de “elos perdidos” ou 
 
32 LOURENÇO, op. cit. p. 114. 
33 Ibidem. p. 115. 
34 Ibidem. p. 116. 
39 
 
“evidências” de tais evoluções na história, são 
fraudulentas. Por exemplo, as famosas imagens de Ernst 
Haeckel, uma conhecida sequência que mostra um 
suposto desenvolvimento de várias formas de vida num 
período embrionário, a famosa Teses Ontogênicas. Para 
Darwin e Haeckel, a sequência do desenvolvimento de 
um embrião era a repetição da "história evolutiva" daquela 
espécie. No entanto, foi demonstrado por um grande 
número de pesquisadores que a suposta prova era um 
grande equívoco35. 
• Em ciência há limites para a possibilidade de um 
fenômeno acontecer. Carl Sagan, Francis Crick e L. M. 
Muchin, por exemplo, calcularam a possibilidade de o 
homem ter evoluído. O resultado foi de 1 em 102.000.000.000. 
Segundo Emile Borel eventos com probabilidade de 1 em 
1050 simplesmente não ocorrem36. 
• Além de tudo isso, a ideia de mutações genéticas na 
evolução é utópica. Há uma lei que não se pode violar: 
“códigos não evoluem!” Códigos são arbitrariamente 
definidos e, após entrarem em operação, devem ser 
preservados a todo custo, se não será um caos 
completo37. Por isso os organismos possuem 
nanomáquinas que evitam, a todo custo, mudanças do 
código genético. 
 
5.6 Conclusão 
As verdades apresentadas nesse capítulo não devem ser vistas como 
“munição” para uma “metralhadora contra ateus”. O objetivo do cristão 
não é ganhar debates infrutíferos ou debochadamente humilhar 
aqueles que escarnecem de nossa fé. Devemos dar razão da nossa fé 
 
35 LOURENÇO, op. cit. p. 112. 
36 Ibidem. p. 33. 
37 EBERLIN, op. cit. p. 179. 
40 
 
sim, mas com mansidão e humildade (1 Pe 3.15-16). 
Espero que assimilar tais conhecimentos acerca dos fatos científicos 
possa melhorar sua conduta cristã, no que tange seu relacionamento 
com Deus, como Criador e Soberano absoluto, e com os outros seres 
da criação, criados para expressar a glória de Deus. Sem entendermos 
o valor da vida, jamais seremos capazes de zelar pelo próximo com o 
devido cuidado. 
 
Referências 
EBERLIN, M. N. Fomos planejados: a maior descoberta científica de todos os 
tempos. 1. ed. São Paulo: Editora Mackenzie, 2018. 
GOUVEIA, R. Teoria do Big Bang. Toda Matéria (website). Disponível em: 
<https://www.todamateria.com.br/teoria-do-big-bang/>. Acesso em: 13 abr. 
2019. 
LOURENÇO, A. J. B. Como tudo começou: uma introdução ao criacionismo. 
São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. 
MCGRANTH, A. E. Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e como 
conseguimos que as coisas façam sentido. São Paulo: Hagnos, 2015. 
Origem da vida: o que é LUCA, o antepassado comum dos seres vivos que 
habitam a Terra. BBC (website). 2019. Disponível em: 
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-47283064>. Acesso em: 13 abr. 2019. 
RIDLEY, M. Evolução. 3. ed. Porto Alegra: Artmed, 2007. 
 
41 
 
6 Teodiceia 
Embora existam diversas evidências e argumentos emfavor da existência 
de Deus, um incrédulo pode apresentar argumentos igualmente poderosos 
contra ela1. O mais sério desafio da cosmovisão cristã é o problema do mal. 
O ser humano possui uma compreensão inata de que as coisas não são o 
que deveriam ser2. Existe algo de errado no Universo. E esse é um dos 
assuntos mais fortes e frequentes contra o teísmo, tendo em vista que a 
existência do mal e do sofrimento no mundo, nas esferas religiosa, moral, 
social e natural3, é uma evidência em favor do ateísmo. Que o digam aqueles 
que contemplaram ou experimentaram o sofrimento de perto, para esses, 
pode haver uma inevitável dificuldade em conceber a existência de um Deus 
todo-poderoso e de amor4. Os próprios autores bíblicos não fogem dessa 
questão (Jz 6.13; Hc 1.13). Se Deus é soberano, bom e, providencialmente 
controla todas as coisas, por que então existe mal no mundo? Deus é o autor 
do mal? 5 Porque Deus permite mortes torturantes, lentas e sem sentido?6 
Essas são questão da “teodiceia”. 
A palavra “teodiceia” surgiu com Gottfried W. Leibniz7, e é derivada de dois 
termos gregos: Θεός (theos) = Deus; Δίκη (dike) = justiça. A teodiceia é 
entendida como o corpo de ideias que fazem uma justificativa da bondade e 
correção de Deus diante do mal no mundo. Algumas pessoas, para resolver 
essa problemática, preferem negar a existência do mal ou de Deus; outros 
limitam Deus, criando um deus com poder e inteligência limitados, incapaz, 
que não pode ser acusado pela existência do mal. Outros ainda discorrem 
em um dualismo no Universo entre o bem e o mal (zoroastrismo8 e 
 
1 CRAIG, W. L. Em guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão. São Paulo: Vida Nova, 2011. p. 162. 
2 MCGRANTH, A. E. Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e como conseguimos que as coisas façam 
sentido. São Paulo: Hagnos, 2015. p. 129. 
3 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2017. p. 1201. 
4 FLEW, A. Deus existe: as provas incontestáveis de um filósofo que não acreditava em nada. São Paulo: 
Ediouro, 2008. p. 23. 
5 CRAMPTON, W. G. Uma teodiceia bíblica. Monergismo (website). Disponível em: <http://www.moner 
gismo.com/textos/problema_do_mal/teodiceia_gary.htm>. Acesso em: 18 abr. 2019. 
6 CRAIG, op. cit. p. 169. 
7 Filósofo alemão. 
8 Antiga religião persa, que consiste na ideia principal do dualismo constante entre duas forças, 
representando a luta entre o bem e o mal. 
42 
 
maniqueísmo9), tratando-os como duas entidades co-eternas e rivais. É claro 
que todas essas teorias estão longe de uma teodiceia bíblica. A Escritura é 
clara em nos ensinar que 1) o pecado é real, 2) Deus é onipotente e 
onisciente, e 3) Ele é Criador e Sustentador de tudo, por isso não sofre 
concorrência10. Agora a questão inicial é se o mal surgiu de Deus ou não. 
6.1 A origem do mal 
Desde que Deus criou todas as coisas “boas” (Gn 1.31), o mal não 
poderia ter uma existência a partir dEle. O mal é resultado da criatura. 
No caso do homem, veio por meio de Adão (Gn 3), mas antes deste, 
por meio dos anjos. Na oração de arrependimento de Davi (Sl 51), ele 
entende que a culpa do pecado pertence a si mesmo. E esse 
reconhecimento é tão real que, se pararmos para analisar, muitos 
desastres do mundo estão entrelaçados com o pecado moral da 
humanidade. A América Latina é um exemplo disso, onde a grande 
massa é vitimizada por uma elite injusta e indiferente que, por sede de 
poder e riqueza, explora-os, tornando-os pobres e desamparados11. 
Portanto, os males do mundo são o resultado e um testemunho da 
depravação do homem. As Escrituras indicam que Deus entregou a 
humanidade ao pecado que ela livremente escolheu; permitindo que 
essa depravação corra seu próprio curso (Rm 1.24, 26, 28)12. 
Contudo, isso não resolve o problema por completo. Como um Deus 
bom não garantiu ao homem sempre escolher o bem? Já que Deus, 
tendo previsto e podendo evitar, permitiu que o homem pecasse, isso 
não o tornaria responsável pelo mal no mundo?13. 
6.2 Deus é soberano 
 
9 Filosofia religiosa fundada e propagada por Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III, que divide 
o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. 
10 CRAMPTON, op. cit. 
11 CRAIG, op. cit. p. 187. 
12 Ibidem. p. 184. 
13 CRAMPTON, op. cit. 
43 
 
Deus é onipotente e onisciente, Ele é soberano sobre todas as coisas. 
Por exemplo, Deus previu e ordenou a crucificação de Seu Filho (At 
2.23; 4.27-28). Agora responda, esses fatos poderiam ocorrer de modo 
diferente? Todas as escolhas e ações da humanidade são 
determinadas pelos decretos eternos de Deus. Esse princípio é 
aplicável ao homem antes e após a Queda. A principal diferença, hoje, 
é que o homem caído não é capaz de escolher aquilo que Deus requer 
(Rm 3.9-18)14. 
Quanto aos planos do Senhor, a Confissão de Fé de Westminster (3.1, 
5.2, 4) afirma15: 
“Desde toda a eternidade, Deus, pelo conselho sábio e 
santo de Sua própria vontade..., ordenou tudo o que 
venha a ocorrer: ainda assim, nem Deus é o autor do 
pecado, nem a vontade das criaturas é violentada... O 
poder ilimitado, a sabedoria insondável e a bondade 
infinita de Deus, manifestam-se na Sua providência, que 
inclui até mesmo a primeira Queda e todos os outros 
pecados de anjos e homens, não como uma simples 
permissão, mas de modo tal que reúne a sabedoria e o 
poder limitante de Deus, que os ordena e governa para os 
Seus objetivos sagrados; e ainda assim, a 
pecaminosidade do ato procede apenas da criatura e não 
de Deus, que..., nem pode ser o autor ou aprovador do 
pecado.” 
Mesmo que as ações livres dos anjos e homens tenham causado o mal 
ou o pecado, a causa soberana de Deus ocorre através delas (Is 45.7). 
Ele decreta o fim e os meios e ainda assim, Deus não é o autor do mal. 
Pois apenas as criaturas podem cometer pecado. Deus não comete 
erros e Seus decretos sempre são certos, simplesmente porque é Ele 
quem decreta16. Foi isso o que Jó aprendeu (Jó 33.12-13). Antes de 
continuarmos gostaria de arguir sobre a vontade de Deus. 
6.2.1 Vontade decretiva vs normativa 
Em Dt 29.29 vemos a distinção da vontade decretiva (“coisas 
encobertas”) e a vontade normativa de Deus (“as coisas 
 
14 CRAMPTON, op. cit. 
15 Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/credos/cfw.htm>. Acesso em: 18 abr. 2019. 
16 CRAMPTON, op. cit. 
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reveladas”). Resumindo, a vontade decretiva são os decretos de 
Deus e revelam o que vai acontecer; a vontade normativa são 
as prescrições ou mandamentos de Deus, da qual todo homem 
é obrigado a obedecer. A vontade decretiva é escondida em 
Deus e não cabe ao homem conhece-la, a não ser que Deus a 
revele, muito menos é possível não a cumprir. A vontade 
normativa, por sua vez, está inteiramente revelada aos homens 
pelas Escrituras, e é possível que o homem não a cumpra17. 
Quanto a questão do sofrimento, Deus pode ter razões preponderantes 
para permitir o sofrimento no mundo dentro de sua vontade decretiva. 
Todos nós conhecemos casos em que permitimos o sofrimento a fim 
de gerar algum bem maior18 (ex.: dentista, doação de sangue, injeção). 
Isso pode parecer improvável, pois muito desse sofrimento parece ser 
sem sentido. Porém, devemos lembrar que, como seres humanos, 
somos limitados em inteligência e visão. Só porque o sofrimento parece 
injustificado, isso não o torna injustificado19. Na visão de Deus, que é 
mais ampla, e dentro de sua vontade “escondida”, um sofrimento que, 
para nós, parece sem sentido, é algo justificavelmente permitido20, 
assim como coisas que são despercebidas causam consequências

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