Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SELEÇÃO DE QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES (1º ao 7º Exame de Residência da PGE-RJ) QUESTÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL: (RESIDÊNCIA PGE-RJ – VII EXAME) Discorra sobre os limites ao poder constituinte derivado decorrente dos Estados- membros. Boa questão de “Teoria da Constituição”, tratando dos limites ao chamado poder constituinte derivado decorrente. Inicialmente, fique atento, caro aluno: muitos candidatos, na penúltima prova, discorreram sobre os limites do poder constituinte derivado REFORMADOR, e automaticamente levaram 0 (zero) na questão. Para evitar que você confunda as coisas também, vamos fazer uma revisão geral sobre o chamado “Poder Constituinte”. O Poder Constituinte, de forma simplificada, trata-se do poder, titularizado pelo povo, de elaborar uma nova Constituição (ou de alterá-la). Como se classifica o poder constituinte? Inicialmente, o poder constituinte divide-se em Poder Constituinte ORIGINÁRIO e Poder Constituinte DERIVADO. O Poder Constituinte Originário, de forma simplificada, é aquele poder por meio do qual o seu titular (o povo) irá elaborar uma nova Constituição. Para Sieyes, o poder constituinte originário seria uma “energia que se encontra em estado de latência na sociedade e que se manifesta em momentos especiais de ruptura”. Como consequência, com o exercício do poder constituinte originário, há a criação ou a recriação do Estado e do direito, com o advento de uma nova ordem constitucional. Nem sempre essa ruptura será tão intensa, como houve com a Revolução Francesa. Em algumas situações, há muito mais a ideia de continuidade do que de ruptura. Por sua vez, o Poder Constituinte Derivado é comumente dividido em Poder Constituinte Derivado DECORRENTE e Poder Constituinte Derivado REFORMADOR. Enquanto o Poder Constituinte Derivado REFORMADOR se refere à possibilidade de alteração da Constituição Federal, o Poder Constituinte Derivado DECORRENTE se refere à possibilidade de elaboração de constituições estaduais, diante da autonomia dos entes federativos. OBSERVAÇÃO: De acordo com a doutrina majoritária, a elaboração das leis orgânicas pelos Municípios NÃO É manifestação do Poder Constituinte Derivado Decorrente! Passemos então a estudar o Poder Constituinte Derivado Decorrente, foco da questão: Inicialmente, destaca-se que o Poder Constituinte Derivado Decorrente não ostenta as principais características do Poder Constituinte Originário, quais sejam, o caráter inicial, incondicionado e ilimitado. Em verdade, o PCDD também está sujeito a uma série de limites, que podem ser assim classificados: 1 - Princípios Constitucionais Sensíveis 2 - Princípios Constitucionais Extensíveis 3 - Princípios Constitucionais Estabelecidos 1 - Os princípios constitucionais sensíveis estão previstos no Artigo 34, VII, da CRFB e, uma vez violados, permitem até mesmo a decretação de intervenção federal nos Estados. Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios (SENSÍVEIS) constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 2 – Os princípios constitucionais extensíveis, por sua vez, estão esparsos na Constituição, e se referem a limitações que foram dispostas para a União, mas que devem ser observadas por simetria pelos Estados. Vê-se, então, que os princípios constitucionais extensíveis estão relacionados ao chamado PRINCÍPIO DA SIMETRIA. Nesse ponto, o candidato poderia ter citado diversas limitações ao PCDD dos Estados, consagradas por simetria. Como exemplo, têm-se: - As normas sobre processo legislativo. - As matérias de iniciativa privativa do Chefe do Executivo. PODER CONSTITUINTE Originário Derivado Derivado DECORRENTE Derivado REFORMADOR Apenas para ilustrar, seguem alguns julgados do STF: “É da iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo lei de criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração, bem como que disponha sobre regime jurídico e provimento de cargos dos servidores públicos. Afronta, na espécie, ao disposto no art. 61, § 1º, II, a e c, da Constituição de 1988, o qual se aplica aos Estados-membros, em razão do princípio da simetria.” (ADI 2.192, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-6-2008, Plenário, DJE de 20-6-2008.) "Lei estadual que dispõe sobre a situação funcional de servidores públicos: iniciativa do chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, a e c, CR/1988). Princípio da simetria." (ADI 2.029, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-6-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007.) No mesmo sentido: ADI 3.791, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 16-6-2010, Plenário, DJE de 27-8-2010. “Lei que verse sobre a criação e estruturação de órgãos da administração pública é de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, e, da CF). Princípio da simetria. Afronta também ao princípio da separação dos Poderes (art. 2º da CF). Reconhecida a inconstitucionalidade de dispositivo de lei, de iniciativa parlamentar, que restringe matérias a serem publicadas no Diário Oficial do Estado por vício de natureza formal e material.” (ADI 2.294, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 27-8-2014, Plenário, DJE de 11-9-2014) 3 – Por fim, os princípios constitucionais estabelecidos (ou organizatórios) são limitações que foram estabelecidas diretamente aos Estados pela Constituição Federal, e que não poderiam ser alteradas pela Constituição Estadual. Segundo Uadi Lamego Bulos, tais princípios “podem ser extraídos da interpretação do conjunto de normas centrais, dispersas no Texto Supremo de 1988, que tratam, por exemplo, da repartição de competência, do sistema tributário nacional, da organização dos Poderes, dos direitos políticos, da nacionalidade, dos direitos e garantias individuais, dos direitos sociais, da ordem econômica, da educação, da saúde, do desporto, da família, da cultura etc.” O autor divide ainda esses princípios em: - limites explícitos vedatórios: proíbem os Estados de praticar atos ou procedimentos contrários ao fixado pelo poder constituinte originário. Um exemplo seria o art. 19 da CRFB. Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. - limites inerentes: são princípios implícitos ou tácitos, que vedam qualquer possibilidade de invasão de competência por parte dos Estados-membros; - limites decorrentes: são limites que decorrem de disposições expressas. Exemplos: necessidade de observância do princípio federativo, do Estado Democrático de Direito, do princípio republicano (art. 1.º, caput); da dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III); da igualdade (art. 5.º, caput); da legalidade (art. 5.º, II); da moralidade (art. 37), do combate a desigualdades regionais (art. 43) etc. Acreditamos que esta subclassificação não será exigida em sua prova. O importante é frisar que os princípios constitucionais estabelecidos não consistem propriamente em aplicaçãodo princípio da simetria, mas sim em limitações diretamente estabelecidas pela CRFB aos Estados. (RESIDÊNCIA PGE-RJ – VI EXAME) Analise a constitucionalidade de emenda à Constituição Estadual com o seguinte teor: “Serão de execução obrigatória os dispositivos de lei orçamentária anual introduzidos por emenda parlamentar ao respectivo projeto de lei que prevejam a destinação de créditos orçamentários”. Questão de Direito Financeiro, disciplina que pode ser cobrada em Constitucional e para a qual você precisa estar preparado, pois uma eventual nova questão do tipo certamente derrubaria muitos candidatos. Sendo assim, prepare-se, pois iremos aproveitar essa questão para revisar os principais pontos de Direito Financeiro na Constituição. A questão trata do tema “Orçamento Público”, em especial da problemática das emendas parlamentares e do chamado “Orçamento Impositivo”, que ganha importância diante de recentes alterações na Constituição, as quais comentaremos adiante. Qual a natureza jurídica do orçamento? Existem ao menos 5 teorias que buscam explicar a natureza jurídica do orçamento. No entanto, 3 delas destacam-se no Brasil: - Orçamento como ato administrativo. - Orçamento como lei meramente formal - Orçamento como lei em sentido material e formal. Inicialmente, destaca-se que a nossa Constituição rechaça a teoria do orçamento como ato administrativo, uma vez que prevê a existência de 3 LEIS ORÇAMENTÁRIAS: - Plano Plurianual (PPA) - Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - Lei Orçamentária Anual (LOA) Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. OBS: Há ainda o chamado “crédito adicional”, que será estudado adiante. No entanto, mesmo sendo o orçamento considerado LEI, uma segunda teoria entende que o orçamento seria uma lei em sentido meramente formal, pois materialmente seria, de fato, um ato administrativo (em outras palavras, seria uma “lei de efeitos concretos”). Isso porque o orçamento careceria do conteúdo de generalidade e abstração, de modo que não poderia gerar direitos subjetivos e não poderia ser objeto de controle de constitucionalidade. Essa teoria, ainda dominante na doutrina, foi relativizada pelo STF, que passou a admitir o controle de constitucionalidade de leis orçamentárias. No Informativo 502 (ADIn 4048/2008), por exemplo, o STF aceitou o controle de constitucionalidade de um crédito adicional que o governo havia feito sem urgência. Na mesma linha, o STF também já admitiu o controle de leis orçamentárias que apresentassem as chamadas caudas orçamentárias (ou “orçamento rabilongo”), entendidas como disposições totalmente alheias à previsão de receitas e despesas que eram inseridas no orçamento (como exemplo, já chegamos a ter a previsão do “desquite” em uma antiga lei orçamentária). O tema inclusive foi tratado de forma expressa na Constituição: Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. Por fim, de acordo com a teoria do orçamento como lei em sentido material, o orçamento possui o grau de abstração e generalidade necessários para gerar direitos adquiridos e controle concentrado de constitucionalidade. Não é a teoria que predomina na doutrina brasileira. No Brasil, quais são as leis orçamentárias? Como visto, temos 3 leis orçamentárias previstas na Constituição: - Plano Plurianual (PPA) - Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - Lei Orçamentária Anual (LOA) Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Como já mencionamos, existem também os chamados créditos adicionais, que também são considerados leis orçamentárias. 1) Plano plurianual (PPA): Citado e conceituado no artigo 165, §1º. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Duas grandes características / objetivos: - Redução de desigualdades regionais. - Preocupação com despesas de capital, especialmente. No primeiro caso, combina-se o §1º com o §7º, que liga o PPA à LOA. § 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. O plano plurianual vai condicionar a feitura da LOA, em uma visão de longo prazo. A cada ano elabora-se uma lei orçamentária, de acordo o PPA. O objetivo de ambos é reduzir desigualdades regionais. Qual a duração do PPA? Segundo o art. 35, §2º do ADCT, é de 4 anos. No primeiro ano de mandato, segue o último ano do PPA do presidente antecessor. Enquanto isso produz o seu PPA, o qual vai ser aplicado nos 3 últimos do mandato e no primeiro ano do mandato subsequente. 2) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): Sua principal função é orientar a elaboração da LOA. Art. 165, § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Por isso a LDO é votada no primeiro semestre (até o final da 1ª sessão legislativa), para que no segundo, com base nela, se oriente a feitura da LOA. A LDO tem que ser feita todo ano. Até 17 de julho aprova a LDO, e até 22 de dezembro tem que aprovar a LOA. A sessão legislativa não será interrompida se a LDO não for aprovada. Por expressa exigência constitucional, a LDO tem que ser aprovada para que o Congresso entre em recesso. Art. 57, § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Na LDO também há a previsão de metas das agências de financiamento (BNDES, FINEP etc). A LDO também se preocupa com despesas de CAPITAL. As bancas costumam transcrever o art. 165, §2º trocando “despesas de capital” por “despesas correntes”, fique atento! 3) Lei Orçamentária Anual (LOA): Prevista no artigo 165, §5º da CRFB. § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. O orçamento fiscal é aquele disposto para o gasto público. Há também o orçamento de investimento nas empresas estatais e o orçamento voltado para a seguridade social (que não se mistura com os demais gastos do governo). OBS: Lembre-se de que o conceito de “estatal dependente” está diretamente relacionado a essa classificação. “Estatal dependente” é aquela que nãoconsegue com seus próprios recursos pagar os gastos com pessoal ou despesas de custeio em geral, como salários, contas de água e luz etc. Essas estatais precisarão “morder” o orçamento fiscal do ente controlador, de modo a se tornar dependente financeiramente deste. O tema é de fundamental importância prática, pois as estatais dependentes, por exemplo, sujeitam-se ao teto remuneratório previsto na Constituição. 4) Créditos adicionais: Também previstos no artigo 166 da CRFB. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. A referência para estudar os créditos adicionais é a L4320, artigos 40 e 41. Eles servem para a autorização de despesas não computadas ou insuficiente dotadas na lei orçamentária. Como visto, a lei orçamentária é um exercício de previsão, que pode não se concretizar. Para esses casos de não concretização é possível criar créditos adicionais. Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL Orçamento Fiscal Orçamento de Investimento nas Estatais Orçamento da Seguridade Social Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública. Existem três tipos de créditos adicionais: - Créditos suplementares - Créditos especiais - Créditos extraordinários Os créditos suplementares são para o caso de ter uma previsão na LOA, mas que foi insuficiente. O crédito especial serve para quando não tinha previsão na LOA. Para evitar que se burle a atuação do legislativo com os créditos adicionais excessivos, o artigo 167, V da CF impõe que: Art. 167. São vedados: V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; Para criar um crédito suplementar ou especial, é preciso antes enviar um projeto de lei autorizativa para o Congresso, e indicar de onde vem o dinheiro. Mas como o crédito extraordinário é para situações de urgência, como guerras e calamidades públicas, o mesmo não se encontra incluído no dispositivo acima. Por isso, é a única lei orçamentária que pode nascer por medida provisória. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; Art. 167, § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62. No caso do crédito extraordinário não há necessidade nem de indicar de onde vem o dinheiro, pois trata-se de uma situação de urgência. Quanto à temporalidade, a regra é dizer que o crédito adicional é anual. Quando acaba a LOA, não pode criar mais crédito adicional à lei que passou, em respeito a princípio da anualidade das leis orçamentárias. Em outras palavras, só se pode criar crédito adicional no exercício financeiro da respectiva LOA. Porém, existem 2 créditos adicionais que podem ser exceção ao princípio da anualidade: § 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. O crédito adicional autorizado nos últimos 4 meses do exercício financeiro vai virar o ano e valer para o exercício seguinte. OBS: Esse dispositivo só vale para os créditos especiais e extraordinários, que criam receitas novas. Não valem para o crédito suplementar, que só complementa o orçamento! Como é o processo de elaboração das leis orçamentárias? Finalmente, estamos chegando ao ponto da questão. No processo de elaboração das leis orçamentárias temos uma peculiaridade, que é a comissão mista permanente de deputados e senadores. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. É uma comissão permanente para aprovação e acompanhamento da execução orçamentária. Mas de resto o processo de elaboração das leis orçamentárias, a princípio, vai seguir a regra geral do processo legislativo. Art. 166, § 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo. Em suma, no processo de elaboração das leis orçamentárias, há algumas peculiaridades, como a comissão mista permanente, mas no mais segue-se a regra geral. Destaque-se também que a competência para encaminhar o projeto é do poder executivo! Trata-se de iniciativa privativa, que não poderá ser delegada. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: CRÉDITOS ADICIONAIS Créditos Suplementares Créditos Especiais Créditos Extraordinários Podem ser criados por MP Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; E quanto ao poder judiciário? A magistratura ganhou autonomia financeira com o advento da CF88. Ela vai elaborar a proposta orçamentária, mas precisa encaminhar sua proposta para o executivo em um prazo que será previsto na LDO, que normalmente vai até 15 de agosto. Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. § 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. § 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valoresaprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo. Se o judiciário não encaminha, o executivo deve usar o orçamento vigente, fazendo as devidas adaptações. Até 31 de agosto é o prazo que o executivo tem para encaminhar a proposta para o legislativo. É o que define o artigo 35 do ADCT, §2º, III. Cabe emenda por parte do poder legislativo à proposta encaminhada pelo chefe do executivo? SIM. Mas para que uma emenda parlamentar seja aprovada, é necessário compatibilidade com o PPA e com a LDO. Ademais, é preciso indicar os recursos, com anulações de despesas (Ex: tirar verbas de programas do governo pra trazer o dinheiro para a sua emenda). Art. 166, § 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. No entanto, percebe-se que certos programas e projetos não podem ser anulados, tais como o pagamento de pessoal, o serviço da dívida e as transferências tributárias. É possível também que haja emendas de simples correção, na forma do art. 166, §3º, III e art. 166, §5º. Art. 166, § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. Cuidado com o art. 166, §5º: Ainda que já tenha começado a votação da lei orçamentária, o presidente pode sim propor alterações (a LOA costuma ser votada aos poucos). O que não pode ter começado é a votação da parte que se quer alterar. O orçamento no Brasil é “IMPOSITIVO” ou “AUTORIZATIVO”? As emendas parlamentares aprovadas nos moldes acima estudados devem ser obrigatoriamente executadas pelo Poder Executivo? Ainda prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que o orçamento tem caráter meramente AUTORIZATIVO, não vinculando o programa de execução de despesas pelo Poder Executivo. Não obstante, este entendimento vem sendo progressivamente mitigado, tendo em vista as recentes alterações legislativas sobre o tema, em especial com a publicação da Emenda Constitucional nº 86, que estudaremos adiante. "ORCAMENTO. VERBAS DESTINADAS A INSTITUIÇÃO ASSISTENCIAL. - A PREVISÃO DE DESPESA, EM LEI ORCAMENTARIA, NÃO GERA DIREITO SUBJETIVO A SER ASSEGURADO POR VIA JUDICIAL. - AÇÃO RESCISÓRIA IMPROCEDENTE. (AR 929, Relator(a): Min. RODRIGUES ALCKMIN, Tribunal Pleno, julgado em 25/02/1976, DJ 08-07-1976 PP-03086 EMENT VOL-01027-01 PP- 00055 RTJ VOL-00078-02 PP-00339)" "ORÇAMENTO. A PREVISÃO DE DESPESA, EM LEI ORÇAMENTÁRIA, NÃO GERA DIREITO SUBJETIVO A SER ASSEGURADO POR VIA JUDICIAL. Precedentes: RE 75.508 - PE - 1ª Turma, Relator Ministro Oswaldo Trigueiro. Recurso conhecido e provido. (RE 79111, Relator(a): Min. CORDEIRO GUERRA, Segunda Turma, julgado em 05/11/1974, DJ 14-03-1975 PP-01500 EMENT VOL-00977-01 PP-00232)" Como visto no início dos comentários da questão, entende a doutrina majoritária que a lei orçamentária, embora de fato seja uma lei, não é dotada de “DENSIDADE NORMATIVA”, de modo que não geraria direitos subjetivos, mas tão somente se destinaria a cuidar das receitas e despesas. Assim, eventuais emendas parlamentares propostas nos moldes acima estudados, ou até mesmo programas originariamente previstos pelo governo na LOA, gozariam apenas de expectativa de direito, não sendo exigíveis do poder executivo a efetiva realização de tais despesas. Em verdade, a efetiva realização da despesa fica condicionada à "execução orçamentária” por parte do Poder Executivo, que estabelecerá, através de decreto, a Programação Financeira e o Cronograma Mensal de Desembolso, a ser editado em até 30 dias após a publicação da LOA. LRF, Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. Ademais, ainda durante a execução orçamentária, é comum que ocorra o chamado "contingenciamento de despesas” (ou “limitação de empenho e movimentação financeira”), previsto na LRF: "Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. § 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas." Na prática, este contingenciamento tem ficado a cargo da discricionariedade do Poder Executivo (a quem cabe a execução do cronograma de despesas), o que reforça o caráter meramente autorizativo do orçamento (e não impositivo). Não obstante, parte da doutrina entende que o orçamento não seria autorizativo em relação a TODAS as despesas, existindo algumas exceções. Nesse sentido, a LRF, no § 2º do art. 9º, indica que não serão objeto de contingenciamento (limitação de empenho e movimentação financeira) as despesas que resultem de obrigação constitucional e legal do ente: "Art. 9º (...) § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias." Assim, existem algumas despesas em relação às quais o orçamento é sim impositivo. Não pode o ente, por exemplo, deliberadamente deixar de pagar os precatórios que deve ou deixar de repassar as receitas constitucionais que pertencem a outro ente federativo. Na mesma linha, recentíssimas alterações na Constituição passaram a estabelecer novas hipóteses que refletem um caráter impositivo ao orçamento. Sobre o tema, a Emenda Constitucional nº 86 de 2015 dispôs sobre a obrigatoriedade da execução orçamentária das emendas propostas pelo legislativo, até o limite de 1,2% da receite corrente líquida prevista no projeto de lei orçamentária. § 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º deste artigo, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, conforme os critériospara a execução equitativa da programação definidos na lei complementar prevista no § 9º do art. 165. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) Nesses casos, só não haverá o orçamento impositivo (de execução obrigatória), quando houver impedimento de ordem técnica, devidamente justificado pelo Poder Executivo, conforme destaca o §12º e seguintes: § 12. As programações orçamentárias previstas no § 9º deste artigo não serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 13. Quando a transferência obrigatória da União, para a execução da programação prevista no §11 deste artigo, for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de despesa que integre a programação, na forma do § 11 deste artigo, serão adotadas as seguintes medidas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) I - até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao Poder Legislativo as justificativas do impedimento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) II - até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo indicará ao Poder Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) III - até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder Executivo encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo impedimento seja insuperável; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) IV - se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso III, o Congresso Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementado por ato do Poder Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 15. Após o prazo previsto no inciso IV do § 14, as programações orçamentárias previstas no § 11 não serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados na notificação prevista no inciso I do § 14. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 16. Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira prevista no § 11 deste artigo, até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o montante previsto no § 11 deste artigo poderá ser reduzido em até a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) § 18. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015) É constitucional emenda à Constituição Estadual que prevê que “serão de execução obrigatória os dispositivos de lei orçamentária anual introduzidos por emenda parlamentar ao respectivo projeto de lei que prevejam a destinação de créditos orçamentários”? Finalmente, chegamos à questão. Diante de tudo o que foi estudado até aqui, a questão fica bem mais clara, não é? Diante da ideia de “orçamento autorizativo”, que ainda prevalece na doutrina e na jurisprudência, o candidato à época da prova deveria responder que a referida previsão seria inconstitucional, por estar impondo a execução de determinadas despesas ao cronograma de execução, que, como visto, fica a cargo do Poder Executivo. No entanto, diante da recente Emenda Constitucional nº 86 de 2015, o candidato deveria indicar a possibilidade de previsão de execução obrigatória de emendas parlamentares até o limite de 1,2% da receite corrente líquida prevista na LOA. Não se assuste, caro aluno. O tema de fato é muito difícil e derrubou muitos candidatos à época da prova. No entanto, se você reler com calma tudo o que foi aqui exposto, acreditamos que você poderá estar preparado para uma nova questão sobre o tema, que não seria nenhuma surpresa, diante da recente Emenda Constitucional nº 86. (RESIDÊNCIA PGE-RJ – IV EXAME) Existe hierarquia entre decreto presencial e resolução de agência reguladora federal? Mais uma difícil questão de Direito Constitucional que derrubou muitos candidatos à época, mas que também envolve temas de Direito Administrativo. A questão aborda o chamado poder normativo das agências reguladoras e o poder regulamentar do Chefe do Poder Executivo. Inicialmente, menciona-se que o poder regulamentar do Chefe do Poder Executivo consiste no poder de expedir decretos regulamentando a execução de leis (a exemplo do que ocorre, no âmbito federal, com o Decreto que regulamenta as licitações na modalidade Pregão). Estes são os chamados “decretos executivos”, destinados apenas a regulamentar e especificar as previsões legislativas, não possuindo força criadora. Sendo assim, não se admite no Brasil, como regra, o chamado “decreto autônomo”, por meio do qual o Chefe do Executivo estaria inovando na ordem jurídica, e não regulamentando uma legislação prévia. Nessa linha, o próprio art. 49 da CRFB prevê que o Congresso Nacional pode sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar. Trata-se do chamado “VETO LEGISLATIVO”: Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; Sobre o tema, assim leciona Gilmar Mendes: “Na ordem jurídica brasileira, os decretos e regulamentos não possuem valor normativo primário, de forma que têm função meramente regulamentar da lei. Assim, pode--se afirmar que no sistema constitucional brasileiro não são admitidos os regulamentos e decretos ditos autônomos ou independentes, mas apenas os de caráter executivo (art. 84, IV) e os de natureza organizatória (art. 84, VI), os quais possuem função normativa secundária ou subordinada à lei.” (MENDES, Gilmar. Curso de Direito Constitucional) Não obstante, parcela da doutrina passou a defender que a Emenda Constitucional nº 32 teria inserido no direito brasileiro a figura do decreto autônomo, ao permitir que determinadas matérias poderiam ser tratadas por decreto do Chefe do Executivo, independentemente de lei prévia: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Nessas matérias do art. 84, VI, autores como Alexandre Aragão apontam que teria havido uma verdadeira DESLEGALIZAÇÃO, de modo que tais assuntos só poderiam ser tratados por meio de decreto do poder legislativo, que prevaleceria inclusive sobre uma lei dispondo em sentidocontrário (em outras palavras, nesses casos, o decreto do poder executivo poderia até mesmo “revogar” uma lei). E quanto ao poder normativo das agências reguladoras? De acordo com a doutrina majoritária, as Agências Reguladoras também possuem poder normativo, podendo baixar normas para o setor regulado. Esse poder normativo é atribuído pela lei de criação da agência, o chamado “marco regulatório”. O marco regulatório (Ex: L9472 -> ANATEL) não define o conteúdo das normas que serão editadas pela agência, trazendo apenas parâmetros (os chamados “standards”). É a agência que vai estabelecer o conteúdo dessas normas, dentro da chamada “discricionariedade técnica”, respeitando-se os “standards” dispostos no marco regulatório. Isso ocorre para que não haja um “cheque em branco” para a edição de normas pelas agências reguladoras. Como exemplo de “standards”, temos a preservação do meio-ambiente, a universalização dos serviços etc. O poder normativo das agências é exercido através de atos administrativos normativos. No entanto, parcela da doutrina critica a forma como esse poder normativo é exercido, destacando-se 2 correntes: 1ª – Admite o poder normativo das Agências Reguladoras: de acordo com essa corrente, as Agências Reguladoras têm ampla liberdade para baixar suas normas, desde que respeitem os parâmetros (“standards”). Mais do que admitir o poder normativo, essa corrente diz que o seu fundamento é a chamada “DESLEGALIZACÃO” ou “DELEGIFICAÇÃO”, entendida como a retirada pelo próprio legislador de determinada matéria do domínio da lei, passando-a para o domínio do ato administrativo. Nesse processo de deslegalização, a matéria que era tratada por lei, passa a ser tratada agora por ato administrativo, à semelhança do que ocorreu com o art. 84, VI da Constituição. Por conta desse fenômeno, ocorreria a chamada DEGREDAÇÃO DA HIERARQUIA NORMATIVA. Essa corrente é defendida por Diogo de Figueiredo, Carvalhinho, Alexandre Aragão, dentre outros. 2ª – As Agências Reguladoras não podem baixar normas criando direitos e deveres. O máximo que elas podem fazer é baixar normas de organização interna, mas não normas externas, criando direitos e deveres para as pessoas em geral. Para a 2ª corrente, esse poder normativo violaria o princípio da legalidade e da separação de poderes, uma vez que o executivo não poderia inovar no ordenamento jurídico, salvo as exceções expressas (Ex: MP e lei delegada). Essa corrente é defendida por Celso Antonio, Marçal Justen Filho, Di Pietro, dentre outros. O que a 1º corrente sustenta, a rigor, é que todo ato do poder executivo tem alguma liberdade criativa, não podendo se limitar tão somente à regulamentação. Assim, a própria dicotomia entre “decreto executivo” e “decreto autônomo” deveria ser hoje relativizada. Do mesmo modo ocorreria com a dicotomia entre “ato discricionário” e “ato vinculado”, pois até mesmo no ato vinculado existiria uma margem de discricionariedade ao administrador. Isso porque, se os decretos fossem absolutamente executivos e os atos vinculados absolutamente vinculados, não faria sentido a existência da atividade administrativa, que não possuiria nenhuma liberdade de atuação, sendo meramente mecânica. Assim, defende-se que o administrador tem alguma liberdade de atuação em todos os atos. Um exemplo trazido por Gustavo Binenbojm: avançar o sinal vermelho gera uma multa => em termos tradicionais, é um ato vinculado. No entanto, ainda assim o administrador tem alguma liberdade para decidir, ponderando critérios de razoabilidade (Ex: uma ambulância que avança o sinal vermelho para salvar uma vida ou quando o sinal está quebrado no vermelho). Assim, todo ato depende de uma interpretação para ser encaixado à situação concreta. A própria atividade de interpretação é uma atividade criativa. Kelsen já dizia que a “interpretação é a criação do direito”. Assim, aplicar a lei ao caso concreto não é uma atividade mecânica; há sempre certa liberdade criativa. Essa discricionariedade irá variar de acordo com os graus de vinculação estabelecidos pelo legislador. Essa visão tem relação com a 1ª corrente que vimos, pois não faria sentido existir a norma se não houvesse margem criativa no poder normativo das agências reguladoras. No entanto, a atividade normativa não é absoluta, pois existem parâmetros genéricos, “standards”, estabelecidos pela lei para evitar arbitrariedades. Isso inclusive já era admitido no direito comparado (EUA), ao se estudar a “delegação por standards”. OBS: A 2ª corrente critica dizendo que o que a lei faz é praticamente dar um cheque em branco às agências. Seria uma “delegação em branco” pelo legislador. Alexandre Aragão traz um exemplo para esclarecer a questão. Ex: uma lei X, ao tratar do transporte público de passageiros, estabelece um limite de 100mg para a emissão de poluentes pelos veículos. Tempos depois, é promulgada uma lei Y que cria uma agência reguladora de transporte público naquele território, atribuindo poder normativo à entidade, com alguns standards (Ex: proteção do meio ambiente). No exercício desse poder normativo, a Agência Reguladora baixa uma norma diminuindo para 80mg o limite de emissão de poluentes. Qual norma irá prevalecer? A lei X ou o ato normativo da agência? Pela 2ª corrente, prevalece a lei X, pois a AR sequer poderia baixar uma norma criando direitos e deveres externos. Para a 1ª corrente, no entanto, prevaleceria o ato da agência. O ato administrativo da agência não revoga a lei, mas irá prevalecer por ser um instrumento utilizado pela lei deslegalizadora para, de forma diferida no tempo, revogar a lei anterior. Em outras palavras, quem vai revogar a lei X não é o ato da agência, mas sim a lei Y, de forma diferida no tempo. A norma da AR, complementando a lei Y, dá conteúdo e substância a ela, podendo contrariar a lei anterior; então, seria no dia da publicação do ato da agência que a lei Y revogaria a lei X. Uma situação semelhante ocorre no direito penal, no caso das normas penais em branco (Ex: definição das substâncias entorpecentes, em um momento posterior à edição da lei, por um ato normativo do poder executivo; é nesse dia da publicação do ato que há a aplicabilidade da norma penal em branco). Alexandre Aragão, nesse sentido, diz que a lei deslegalizadora seria uma LEI DE BAIXA DENSIDADE NORMATIVA (uma “lei em branco”, que basicamente estabelece competências e só ganhará substância com a edição do ato administrativo). Uma outra discussão sobre o poder normativo diz respeito à prevalência no conflito entre um ato regulatório (da agência) e um ato regulamentar (do chefe do executivo), tema objeto da questão. Para uma 1ª corrente (Di Pietro), prevalece sempre o ato regulamentar do chefe do executivo. Isso porque o decreto do chefe do executivo seria hierarquicamente superior ao ato da agência, em virtude da previsão do art. 84, II da CRFB (o chefe do executivo exerce a direção superior de toda a administração pública). Para uma 2ª corrente (Gustavo Binenbojm), nesse conflito deve prevalecer o ato da agência. Deve prevalecer o critério da especialidade, e não o critério hierárquico. Não haveria propriamente uma hierarquia entre os atos do chefe do executivo e os demais atos da Adm. Indireta. Ademais, o que existe entre adm. direta e indireta é uma relação de controle finalístico, e não de subordinação. O art. 84, II precisa ser interpretado em termos, pois a Constituição fala em órgãos e entidades em vários momentos, sendo que estas últimas, criadas pela técnica da descentralização, possuem maior autonomia, podendo inclusive gozar de poder normativo. Assim, quanto às agências reguladoras, deve ser usado o critério da especialidade: o ato regulamentardo chefe do executivo é um ato estritamente político e é genérico, fundado no art. 84, IV; já o ato regulatório é um ato técnico da agência reguladora, editado naquele setor especialmente delimitado, fundado no art. 174 da CRFB. Assim, para essa doutrina (prestigiada no âmbito da PGE-RJ), deveria prevalecer o ato da agência reguladora, editado no exercício de uma discricionariedade técnica e específica. (RESIDÊNCIA PGE-RJ – VI EXAME) É cabível controle de constitucionalidade abstrato de veto do Chefe do Executivo a projeto de lei? Em caso afirmativo, qual a ação cabível? O tema não é pacífico, sendo possível destacar 2 correntes na doutrina e na jurisprudência: Para uma 1ª corrente, tanto o veto político jurídico quanto o veto político são atos de natureza política e, portanto, não são passíveis de controle judicial. Eles revelam competências políticas, e, portanto, discricionárias do presidente da república, sendo insindicáveis pelo poder judiciário. Essa 1º corrente foi adotada pelo STF na ADPF nº 1, que foi proposta em face de um veto imotivado do ex-prefeito do Rio de Janeiro. Argüição de descumprimento de preceito fundamental. Lei nº 9882, de 3.12.1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da referida medida constitucional. (...) 8. No processo legislativo, o ato de vetar, por motivo de inconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse público, e a deliberação legislativa de manter ou recusar o veto, qualquer seja o motivo desse juízo, compõem procedimentos que se hão de reservar à esfera de independência dos Poderes Políticos em apreço. 9. Não é, assim, enquadrável, em princípio, o veto, devidamente fundamentado, pendente de deliberação política do Poder Legislativo - que pode, sempre, mantê-lo ou recusá-lo, - no conceito de "ato do Poder Público", para os fins do art. 1º, da Lei nº 9882/1999. Impossibilidade de intervenção antecipada do Judiciário, - eis que o projeto de lei, na parte vetada, não é lei, nem ato normativo, - poder que a ordem jurídica, na espécie, não confere ao Supremo Tribunal Federal, em via de controle concentrado. 10. Argüição de descumprimento de preceito fundamental não conhecida, porque não admissível, no caso concreto, em face da natureza do ato do Poder Público impugnado (STF - ADPF: 1 RJ, Relator: Min. NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 03/02/2000, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 07-11-2003 PP-00082 EMENT VOL-02131-01 PP-00001) Para uma 2ª corrente, capitaneada por Gustavo Binenbojm, seria passível de controle o veto jurídico, uma vez que neste são suscitados argumentos jurídicos passíveis de sindicabilidade pelo poder judiciário. Esse controle do veto jurídico poderia ser exercido pela via difusa, através de mandado de segurança (fundamentando-se na frustração ao devido processo legislativo) ou através de ADPF (se encaixando dentro do conceito genérico de ato do poder público do artigo 1º da L9882). Nessa linha, o Min. Celso de Melo, em decisão monocrática no julgamento da ADPF nº 45, chegou a suscitar a possibilidade de controle judicial das razões do veto. Contudo, essa arguição não chegou a ser julgada pelo Plenário, sendo possível concluir prevalece na jurisprudência o entendimento da insindicabilidade do veto, em uma atitude de autocontenção do STF. Dessa forma, só poderia ser feito o controle jurisdicional preventivo nas hipóteses taxativas estabelecidas pela CR (Ex: quando houver PEC que tenda a abolir cláusula pétrea e quando o processo legislativo violar o processo legislativo expressamente definido na constituição). Sobre o tema, importante trazer as lições de Luis Roberto Barroso, um dos poucos autores a expor a controvérsia: “A doutrina tem especulado se caberia controle judicial do veto aposto pelo Chefe do Executivo fundado em inconstitucionalidade, para aferir do acerto de seu juízo acerca da ilegitimidade constitucional do projeto. O entendimento mais tradicional é o de que se trataria de uma competência política discricionária, e, consequentemente, insuscetível de apreciação de mérito pelo Judiciário. Nada obstante, a literatura jurídica mais recente tem optado, com melhor razão, pela vinculação do Chefe do Executivo à Constituição e à realidade dos motivos que invoca para a prática de determinado ato. Por essa linha, representantes da maioria que aprovou o projeto deveriam ter reconhecido a possibilidade de suscitar a controvérsia, utilizando-se, por exemplo, de mandado de segurança.” (BARROSO, Luis Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 2011) (RESIDÊNCIA PGE-RJ – IV EXAME) É possível a instituição de isenção de tributo de competência estadual por: a) lei federal? b) tratado internacional, ratificado pelo Congresso Nacional e promulgado por decreto presidencial? A questão, apesar de constar na prova de Direito Constitucional, envolve conhecimentos de Direito Tributário (matéria que muitas vezes é indiretamente exigida na Residência da PGE-RJ). O tema em foco é o da “vedação às isenções heterônomas”, estudadas como limitações constitucionais ao poder de tributar. Isenção heterônoma é aquela que é concedida por quem não tem o poder de tributar. A regra é a de que quem isenta é quem tem competência tributária, ou seja, quem pode criar o tributo. Por isso, a isenção heterônoma é proibida. Não se pode conceder isenção de um tributo que não tem competência para instituir (Ex: União não tem competência para conceder isenção de IPTU, que é um tributo de competência do Município). Na constituição passada a União era o único ente que poderia conceder isenção heterônoma, por meio de lei complementar. A CF de 1988, no entanto, vedou a possibilidade de concessão de isenções heterônomas, tanto para a União quanto para os Estados e Municípios. Em função dessa mudança, todas as isenções concedidas pela União por meio de lei complementar não foram recepcionadas pela constituição. Existem exceções à regra da vedação às isenções heterônomas? Sim, há 3 exceções a essa regra: 1) Art. 155, §2º, XII, “e” da CF A lei complementar pode excluir a incidência do ICMS das exportações para o exterior de determinados produtos. Quem aprova essa lei é o Congresso Nacional, e o imposto é o ICMS (estadual). Por isso, diz-se que seria uma isenção heterônoma constitucionalmente permitida. No entanto, esse artigo não se aplica mais na prática, pois hoje as exportações gozam de imunidade tributária, não fazendo mais sentido a lei complementar conceder isenções. 2) Art 156, §3º, II da CF A hipótese também é de exclusão da incidência em exportações para o exterior, mas agora no caso de serviços (ISS). Também é uma LC aprovada pelo Congresso Nacional, sendo certo que o ISS é um tributo municipal. Assim, também teríamos um caso de isenção heterônoma constitucionalmente prevista. Com base nessa previsão, a LC 116 (que traz normas gerais sobre o ISS) concedeu isenção para todas as exportações de serviços. Aqui é isenção mesmo, pois não há previsão de imunidade para esse caso na Constituição. 3) Tratados internacionais: É uma exceção que não está expressa na CF. O STF entende que os tratados internacionais podem prever isenções de tributos dos Estados e Municípios, pois tecnicamente não é a União que está concedendo a isenção, mas sim a República Federativa do Brasil. O presidente, ao assinar um tratado, age como chefe de Estado, e não como chefe de governo. Nessa linha, é possível citar o acórdão proferido nos autos da ADI 1.600, em cuja Ementa expressamente se afirma que o “âmbito de aplicação do art. 151, CF, é o das relações das entidades federadas entre si. Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa” (STF, Tribunal Pleno, ADI 1.600/UF, Rel. Min. Sydney Sanches, rel.p/ acórdão Min. Nelson Jobim, j. 26.11.2001, DJ 20.06.2003, p. 56). O caso concreto mais importante sobre o tema foi o do GATT, tratado internacional multilateral subscrito pelo Brasil que prevê a equivalência de tratamento entre o produto nacional e o importado, o que eventualmente acaba por estender ao âmbito interno algumas isenções previstas internacionalmente. OBS: parcela da doutrina entende que esse caso não seria propriamente uma isenção heterônoma, justamente pelo fato de que não seria um ente federativo que a estaria concedendo, mas sim a República Federativa do Brasil, por intermédio do Presidente, na condição de chefe de Estado. QUESTÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO: (RESIDÊNCIA PGE-RJ – VII EXAME) É possível que a Administração aplique retroativamente uma nova interpretação sobre uma questão jurídica? Responda justificadamente. Questão tormentosa do penúltimo exame da Residência Jurídica, que causou enorme celeuma entre os candidatos. De início, já adiantamos que não houve resposta fechada para a questão, haja vista que tomamos ciência de pessoas que conseguiram o ponto cheio da questão respondendo tanto SIM quanto NÃO. Em questões abertas do tipo, recomendamos que o candidato, antes de dar uma resposta direta ao examinador (SIM ou NÃO), busque trazer argumentos que poderiam ser invocados em ambos os sentidos, para só ao final concluir com uma solução. Sobre o tema, muitos candidatos conseguiram pontuação alta invocando conceitos como os de “segurança jurídica”, “boa-fé”, “confiança legítima” e “autolimitações administrativas”. A segurança jurídica é um princípio clássico, inerente à própria ideia de Estado de Direito. Nesse sentido, de acordo com Canotilho, destacam-se dois sentidos para segurança jurídica: - Objetivo: a segurança jurídica significa estabilização das relações jurídicas. Foca-se no objeto da relação jurídica, e não nos sujeitos. Esse sentido objetivo é consagrado no art. 5º, XXXVI da CRFB (“a lei não poderá prejudicar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”). - Subjetivo: foca no sujeito da relação jurídica. A segurança jurídica pede a proteção da boa-fé do indivíduo. O Estado, quando atua, gera expectativas legítimas que merecem também uma proteção, ainda que não reflitam direitos adquiridos. Em outras palavras, o Estado não pode atuar com promessas mentirosas, frustrando as expectativas geradas nos indivíduos. Dessa confiança legítima e da boa-fé nós extraímos a aplicação do VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM no direito administrativo (TEORIA DO ATOS PRÓPRIOS). Ex: Em um concurso público, se a administração estipular vagas no edital, os candidatos aprovados dentro desse número de vagas, terão direito subjetivo à nomeação. -> os fundamentos para esses direitos são o princípio da boa-fé e da confiança legitima. No momento em que a administração estabelece o quantitativo de vagas, ela cria uma expectativa legítima nos candidatos, devendo essa expectativa ser protegida. A confiança legitima pode ser extraída do sentido subjetivo da segurança jurídica, mas hoje vem sendo tão importante que muitos autores vão estudá-la de forma autônoma, alinhada à chamada TEORIA DAS AUTOLIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS. Sobre o tema, importante transcrever as lições de Alexandre Aragão: “Uma das mais importantes expressões do Princípio da Segurança Jurídica é a Teoria das Autolimitações Administrativas, que constitui um conjunto de instrumentos diversos, mas complementares, que visam a assegurar a coerência e a igualdade no tratamento dado pela Administração aos cidadãos. Assim, protege-se a confiança legítima dos particulares em relação à Administração Pública e se proíbe que a Administração adote comportamentos contraditórios em relação a casos anteriores assemelhados.” (ARAGÃO, Alexandre. Curso de Direito Administrativo) O STJ, nesse sentido, já decidiu: “Loteamento. Município. Pretensão de anulação do contrato. Boa-fé. Atos próprios. Tendo o Município celebrado contrato de promessa de compra e venda de lote localizado em imóvel de sua propriedade, descabe o pedido de anulação dos atos, se possível a regularização do loteamento que ele mesmo está promovendo. Art. 40 da Lei n. 6766/79. A teoria dos atos próprios impede que a administração pública retorne sobre os próprios passos, prejudicando os terceiros que confiaram na regularidade do seu procedimento. Recurso não conhecido”. (REsp 141879 SP) No caso concreto, o candidato poderia invocar a ideia de “segurança jurídica” e de “proteção da confiança” para defender a impossibilidade de interpretação retroativa pela administração pública. Isso porque, se a Administração adota sistematicamente uma determinada posição, não poderia a mesma retroagir sua interpretação, o que poderia prejudicar legítimas expectativas dos cidadãos ou até mesmo direitos adquiridos. Nessa linha, a Lei nº 9784 estabelece de forma expressa a vedação à interpretação retroativa no âmbito do Processo Administrativo Federal: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. A lei do Processo Administrativo no RJ também traz redação semelhante: Art. 2º, §1º Nos processos administrativos serão observadas, entre outras, as seguintes normas: XII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação, desfavorável ao administrado, que se venha dar ao mesmo tema, ressalvada a hipótese de comprovada má-fé; O STJ e o TCU também têm seguido essa linha nos casos de devolução de valores recebidos de boa-fé por servidores públicos, em virtude de erro de interpretação pela Administração Pública (vide REsp 1.244.182-PB e Súmula 249 do TCU). Súmula 249 do TCU: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. Assim, adotando-se essa linha, ainda que a nova interpretação objetive atingir o interesse público, não poderia ser aplicada em detrimento do particular. Por outro lado, alguns candidatos também conseguiram pontuação máxima ao defender que seria sim possível a aplicação de nova interpretação pela Administração Pública, de forma retroativa. O principal argumento utilizado foi o PRINCÍPIO DA AUTOTELA, o qual pode ser conceituado como a prerrogativa da Administração de revogar atos por razões de interesse público ou anular atos ilegais. Tal princípio encontra-se consubstanciado na súmula 473 do STF: STF, Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Ademais, outro argumento que poderia ser utilizado pelos candidatos que seguiram essa linha é a possibilidade de retroação em caso de má-fé do beneficiário do ato. Nesse caso, como não haveria confiança legítima ase proteger, seria sim possível aplicar a nova interpretação de forma retroativa. Por fim, também poderia ser invocada a possibilidade de interpretação retroativa caso esta se desse para BENEFICIAR aquela pessoa afetada pelo ato. Ex: administração indefere um pedido de licença a um servidor, com o argumento de que esta seria inconveniente para o interesse público. No entanto, no exercício de sua autotutela, revê o ato e percebe que não haveria prejuízo em conceder a referida licença, concedendo-a ao servidor. Nessa linha, cita-se o próprio art. 2º da L5427/RJ (Lei do Processo Administrativo no âmbito do Estado do RJ). Conforme mencionamos, a sua redação é apenas semelhante àquela prevista na L9784, mas traz ressalvas quanto à vedação à interpretação retroativa, estabelecendo que esta é sim possível nos casos de má-fé e retroação favorável ao servidor. Art. 2º, §1º Nos processos administrativos serão observadas, entre outras, as seguintes normas: XII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação, desfavorável ao administrado, que se venha dar ao mesmo tema, ressalvada a hipótese de comprovada má-fé; Assim, conclui-se que o candidato poderia argumentar nos 2 sentidos, o que é muito comum em provas da PGE-RJ. (RESIDÊNCIA PGE-RJ – V EXAME) O Estado do Rio de Janeiro publicou edital de concorrência com vistas a delegar, por meio de concessão comum, serviço público estadual. Cláusula editalícia estabelecia que parcela da remuneração seria subsidiada pelo Poder Concedente. Determinado licitante impugnou o edital questionando que se trata de concessão patrocinada e não comum. Pergunta-se: procede a impugnação? Questão que trata de tema sempre muito cobrado em provas da PGE-RJ: Concessão e Permissão de Serviços Públicos. A concessão e a permissão são as 2 formas clássicas de delegação formal de serviços públicos, inclusive previstas na Constituição. Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Antigamente, afirmava-se que a concessão seria formalizada por CONTRATO e a permissão por meio de um ATO ADMINISTRATIVO precário e discricionário. Afirmava-se também que, por ser contrato, exigia-se licitação para a concessão de serviço público. Já para a permissão de serviço público não se trazia a exigência formal de licitação; também havia menor segurança ao particular, por ser precária e não prever qualquer indenização. Hoje, no entanto, essa diferença não é tão clara. Isso porque a Lei 8987 trouxe a CONTRATUALIZAÇÃO da permissão de serviço público. A permissão de serviço público hoje também é feita por meio de contrato. Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente. Mas mesmo com essas normas, alguns autores minoritários vão continuar distinguindo concessão e permissão da forma como se fazia antigamente. Para esses autores, o art. 40 da L8987 não define claramente a contratualização da permissão, por falar em “precariedade” e “revogabilidade”, características clássicas dos atos administrativos discricionários, e não de contratos. Nesse sentido, não se poderia falar em revogação de contrato, o qual não pode ser entendido como precário. É a corrente adotada por Marcos Juruena (PGE-RJ). Mas a tese majoritária, inclusive adota pelo STF, é a de que a permissão de serviço público foi contratualizada com o art. 175 da CRFB e o art. 40 da L8987. Assim, para fins de prova, permissão de serviço público deve ser entendida como CONTRATO. OBS: O que foi contratualizado foi a permissão de serviço público. Não houve contratualização das outras permissões do direito administrativo, como a “permissão de uso de bem público”. Hoje a licitação é obrigatória tanto para a permissão quanto para a concessão, em virtude da previsão do art. 175 da CRFB (“sempre precedido de licitação”). Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Quais seriam então as diferenças entre concessão e permissão? A partir de uma interpretação literal do art. 2º, seria possível estabelecer 2 diferenças entre concessão e permissão: 1 – Quanto ao delegatário do serviço público: na concessão, o concessionário tem que ser pessoa jurídica ou consórcio de empresas. Já na permissão, o permissionário pode ser PJ ou pessoa física. 2 – Modalidade de licitação: a concessão deve ser precedida de concorrência pública; já para a permissão não se definiu uma modalidade específica. L8987, Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Alguns autores, como Alexandre Aragão, Di Pietro e Marçal Justen Filho vão tentar ainda estabelecer uma 3ª diferença: na permissão haveria uma maior precariedade, de acordo com a previsão do art. 40. Como consequência, não haveria a previsão de “bens reversíveis” e nem de indenização ao particular, mesmo em caso de encampação. Trata-se de interpretação criticável, pois é complicado se falar em um “contrato precário”. Ademais, o art. 40, P.U da L8987 manda aplicar as mesmas normas a ambos os institutos. CONCESSÃO PERMISSÃO - O concessionário pode ser pessoa jurídica ou consórcio de empresas. - Licitação na modalidade concorrência - O permissionário pode ser pessoa jurídica ou pessoa física. - Licitação em qualquer modalidade Tudo o que estudamos até aqui refere-se às chamadas “Concessões Comuns”, que são regidas pela Lei nº 8987. No entanto, existem ainda as chamadas “CONCESSÕES ESPECIAIS”, que são as clássicas PPPs (Parcerias Público-Privadas). As concessões especiais (PPPs), regidas pela L11079, podem ser classificadas em: - Concessões Patrocinadas - Concessões Administrativas O grande diferencial das PPPs para as concessões comuns é a FORMA DE REMUNERAÇÃO do parceiro privado (particular). Enquanto nas concessões comuns a remuneração do parceiro- privado se dá através da tarifa paga pelo usuário, nas concessões especiais (PPPs) a Concessões de Serviços Públicos Concessões Comuns (L8987) Concessões Especiais (PPPs, L11079) Concessões Patrocinadas Concessões Administrativas remuneração do particular passa pelo orçamento do Estado, através de uma contraprestação por parte deste. A diferença entre essas 2 espécies de PPPs é que na concessão patrocinada também há o pagamento de tarifa pelo usuário, ao passo que na concessão administrativa o Estado é o próprio usuário do serviço público, não havendo que se falar em pagamento de tarifa, mas tão somente de uma contraprestação do poder público. Assim, podemos traçar o seguinte quadro: CONCESSÃO COMUM CONCESSÃO PATROCINADA CONCESSÃO ADMINISTRATIVA FORMA DE REMUNERAÇÃO DO PARTICULAR - Tarifa paga pelo usuário + eventuais receitasalternativas (art. 11 da L8987) - Tarifa paga pelo usuário + contraprestação do poder público - Contraprestação do poder público É possível a contraprestação do poder público nas concessões comuns, ao lado da tarifa paga pelo usuário? Como vimos, a regra é que a remuneração do contratado, nas concessões comuns, se dá através da TARIFA paga pelo usuário. Eventualmente é até possível a previsão de receitas alternativas (art. 11), mas a Lei nº 8987 nada fala sobre a possibilidade de contraprestação pelo poder público, tal como é previsto para as concessões patrocinadas (PPPs). L8987, Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei. Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato. No entanto, mesmo antes das PPPs, já se discutia a possibilidade de, além de receitas alternativas, haver compensações financeiras pelo poder público nas concessões COMUNS. O problema é que o projeto de lei que expressamente previa a possibilidade de o poder público injetar dinheiro do orçamento na concessão foi vetado pelo presidente. Mesmo assim, parte da doutrina ainda entende que é possível que o poder público injete dinheiro do orçamento para remunerar o concessionário, desde que isso seja previsto no edital de licitação e que seja uma forma para compensar o concessionário e proteger o usuário (evitando, por exemplo, aumentos de tarifa). “Discute-se se seria possível ao Estado complementar direta (mediante pecúnia) ou indiretamente (p. ex.: pela cessão de direitos sobre bens públicos) o valor arrecadado com as tarifas para viabilizar a prestação de serviços públicos pela iniciativa privada. MARÇAL JUSTEN FILHO, invocando os valores constitucionais da dignidade da pessoa humana, de cuja realização as concessões de serviços públicos são meros instrumentos, sustenta que “a Lei n. 8.987 não pretendia impedir a realização de valores consagrados constitucionalmente. A temática da colaboração estatal para a remuneração da concessionária tem de ser interpretada em face desses princípios constitucionais fundamentais. Bem por isso, será vedada a subvenção quando configurar uma forma de benefício injustificado para o concessionário. Não se admite, em face da própria Constituição, é o concessionário receber benesses do Poder concedente, com pagamentos destinados a eliminar de modo absoluto o risco intrínseco e inafastável. Mas não haverá inconstitucionalidade quando a contribuição estatal for instrumento para assegurar a modicidade da tarifa, valor fundamental para o cumprimento das destinações do serviço público, ou a realização das funções estatais inerentes à persecução do interesse coletivo”. Em outras palavras, se o apoio financeiro do Estado ao concessionário for a condição para que o serviço seja prestado de forma acessível à população, não se pode proscrevê-lo” (ARAGÃO. Alexandre Santos. Curso de Direito Administrativo)” Assim, no caso concreto, não causa espanto a insurgência do licitante contra a cláusula editalícia que previa a contraprestação pecuniária pelo Estado em uma concessão comum, uma vez que a Lei nº 8987 só prevê as tarifas pagas pelo usuário (mais receitas alternativas) e é da essência das PPPs que a remuneração do concessionário passe por recursos do orçamento do Estado, conforme prevê a L11079: Art. 2º, § 3o Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Não obstante, de acordo com a doutrina que mencionamos (muito prestigiada no âmbito do RJ), seria sim possível que nas concessões comuns também houvesse essa contraprestação pelo poder público, desde que presente uma justificativa para tanto (Ex: garantir a modicidade das tarifas). Desse modo, de acordo com esta visão, não procederia a alegação do particular acerca da ilegalidade da referida cláusula. (RESIDÊNCIA PGE-RJ – II EXAME) Ônibus da empresa XPTO, concessionária de serviço público, colide com um veículo particular, causando danos a pessoas que estavam dentro do ônibus e também no referido veículo. João, passageiro do ônibus, e Maria, motorista do carro particular, ajuízam ações indenizatórias em face da empresa CPTO. Analise a possibilidade de responsabilização civil da concessionária nas duas ações, abordando qual ou quais as teorias aplicáveis. A questão trata do tema “Responsabilidade Civil do Estado”, sempre muito exigido em provas de Procuradorias. Por sua importância, iremos aproveitar a questão para fazer uma revisão detalhada. Inicialmente, importante destacar que a responsabilidade civil objetiva do Estado está associada à evolução da Teoria do Risco Administrativo. Segundo esta concepção, o Estado deve arcar com o risco natural de sua posição e prerrogativas frente ao indivíduo, uma vez que é nítida uma posição de certa hipossuficiência do particular, o que tornaria injusto que ele tivesse que se empenhar demasiadamente para conquistar o seu direito à reparação do dano sofrido1. Nesse sentido, a Teoria do Risco Administrativo passou a fundamentar a responsabilidade civil objetiva do Estado, defendendo a dispensabilidade de verificação do fator culpa em relação ao evento danoso. Para pleitear a reparação, bastaria que o indivíduo comprovasse o nexo de causalidade entre o fato danoso imputado ao Estado e o dano efetivamente sofrido, sendo dispensáveis a verificação de culpa na conduta administrativa ou outros elementos 1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23 ed. Lumen Júris, 2010, pp. 596-597 acessórios, como a identificação do agente, a falta do serviço e a ilicitude da conduta estatal, podendo o Estado ser responsabilizado até mesmo por condutas lícitas que ocasionassem eventuais danos. No direito brasileiro, a Constituição de 1988, em seu artigo 37, §6º, acabou por referendar a Teoria do Risco Administrativo, possibilitando a responsabilização objetiva do Estado pelos atos de seus agentes. Art. 37, § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Esta responsabilidade do Estado NÃO dependeria da demonstração de culpa, mas tão somente da conduta do agente, do dano e do nexo de causalidade entre eles. A culpa só poderia ser aferida em eventual ação regressiva, proposta pelo Estado em face do agente público para fins de ressarcimento. Em que pese ser objetiva, tal responsabilidade admitiria certas excludentes, como o caso fortuito e a força maior e o fato de terceiro. Não obstante, parcela da doutrina sustenta ainda que o ordenamento jurídico, em determinadas hipóteses, teria adotada a chamada TEORIA DO RISCO INTEGRAL, que permitiria uma responsabilização do Estado ainda mais ampla, como nos casos de danos nucleares e danos ambientais. No recente Informativo 544, o STJ referendou a tese de que a responsabilidade por danos ambientais de fato seria INTEGRAL, não sendo aceitas as excludentes de fato de terceiro, de culpa da vítima e de
Compartilhar