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eBook_Prepare-se_para_uma_carreira_de_impacto_social

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ESPECIAL
PREPARE-SE PARA 
UMA CARREIRA DE 
IMPACTO SOCIAL 
Descubra onde e o que estudar para trabalhar 
com empreendedorismo social, no setor público 
ou terceiro setor.
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ÍNDICE
Por que as melhores universidades 
apostam em empreendedorismo social? .........................................2
Microcrédito: como ajudar os mais pobres a prosperar .............5
Cursos curtos vão do básico ao avançado na área social...........7
Cursos em espanhol tratam de 
desenvolvimento sustentável .............................................................9
Columbia inaugura mestrado focado 
em desafios de países emergentes ................................................. 11
Saúde e impacto social: como garantir 
 acesso pleno e combater desigualdades ......................................13
Mão na massa: universidades oferecem 
atividades práticas em áreas sociais ..............................................15
Inspire-se: transformar cidades 
é mais fácil que parece ........................................................................17
Inspire-se: Para trabalhar com impacto 
social em escala, o caminho é o governo......................................20
Inspire-se: Para trabalhar com impacto social, 
você não precisa mudar de carreira ...............................................22
1
No site estudarfora.org.br/especiais você 
tem acesso a guias exclusivos e gratuitos.
→
M 
uito se fala sobre o senso de propósito da Geração 
Millenials, que não deseja “apenas uma carreia”, e sim 
buscar enxergar de que forma o que você faz em pelo 
menos 50% do seu tempo acordado está impactando 
o mundo. A geração que se pergunta: qual é o legado 
que estamos deixando?
Há um grande perigo nesta definição de legado, porém, porque ela 
tende a apagar as diferenças que existem entre as pessoas. “Quer 
causar impacto? Vá fazer tal curso! Vá trabalhar em tal área!”. Sem 
considerar, porém, que as habilidades e interesses de cada um são 
únicas e podem ser aproveitadas de maneiras bastante específicas.
É o caso da mineira Daniela Soares Barone, uma das mais 
destacadas empreendedoras sociais do Reino Unido, cuja história 
encerra este e-book. Daniela trabalhava no mercado financeiro e 
é muito boa com números e análises de cenários, mas também 
gostava de fazer trabalho voluntário. Seu maior insight foi 
perceber que ela não precisava começar do zero para trabalhar 
com impacto social. “Eu vi que com as habilidades que eu já 
possuía, poderia contribuir para o setor”, explica.
Este e-book visa, justamente, incentivar este insight. Existem 
diversos cursos, nas melhores universidades, que visam aplicar 
habilidades e interesses múltiplos a conhecimentos específicos 
do setor social – seja na área da saúde, no governo, na política 
ou com empreendedorismo. Ao final, confira três histórias de 
personagens que fizeram a transição. E motive-se, você também, a 
pensar: qual vai ser o meu legado? 
SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR A Fundação Estudar, instituição 
sem fins lucrativos criada em 1991, investe na formação de 
jovens de alto potencial por meio de oportunidades de estudos 
e carreira. Para incentivar o aumento do número de brasileiros 
nas melhores universidades do mundo, a Estudar apoia o jovem 
com informação, orientação e preparação. Desde a sua criação, 
seleciona os jovens mais brilhantes do país, que sonham em 
deixar um legado, oferecendo bolsa de estudos por mérito para 
cursarem as melhores escolas do Brasil e do mundo.
SOBRE O ESTUDAR FORA O Estudar Fora, como o nome já diz, 
é a fonte de informação e preparação para quem deseja estudar 
fora do Brasil. No site, você encontra rankings das melhores 
faculdades e curiosidades sobre elas; detalhes sobre o processo 
de application (candidatura) para graduação e pós; e informações 
sobre oportunidades de intercâmbio e bolsas de estudos, além de 
histórias de estudantes que já estão nas melhores universidades 
do mundo. Tudo isso porque a gente acredita que estudar fora vai 
te ajudar a chegar mais longe!
 Voltar para o índice 
A
s universidades que encabeçam rankings 
como o QS e o Times Higher Education 
têm muito em comum. Em algumas delas, 
o foco em pesquisa faz a diferença. Em 
outras, a qualificação do corpo docente 
permite a subida ao pódio. Mas, recentemente, 
outro ponto também tem se destacado entre as 
bem avaliadas: a oferta cursos que se voltem para 
iniciativas de impacto social.
Em especial nas escolas de Negócios, Economia e 
Engenharia, essas instituições se debruçam sobre os 
desafios de realizar a mudança social e transformar 
a vida das pessoas. Os cursos oferecidos vão de 
empreendedorismo social, para quem pretende 
desenvolver ou aperfeiçoar projetos como start-ups, 
até gestão de organizações não-governamentais e 
sem fins lucrativos.
São propostas que têm tudo a ver com a forma como 
muitos jovens desejam conduzir a carreira. “A geração 
de hoje em dia não quer deixar seus valores de lado 
na hora de escolher uma carreira. Trabalhar com algo 
que esteja atrelado aos seus ideais é importante e 
POR QUE AS 
MELHORES 
UNIVERSIDADES 
APOSTAM EM 
EMPREENDEDO-
RISMO SOCIAL?
Entre as instituições de destaque 
surgem cada vez mais programas 
voltados para impacto social, em 
carreiras de negócios, engenharia 
e administração.
2
 Voltar para o índice 
as pessoas estão dispostas a renunciar aos salários 
mais altos para conseguir isso”, explica a diretora 
do Center for Social Innovation de Stanford, 
Bernadette Clavier.
Outro ponto essencial é a tendência, nessas 
universidades de prestígio, de se preocupar em 
trazer valores e métodos do empreendedorismo 
social para 
as formações 
tradicionais. É 
o caso do Skoll 
Centre for Social 
Entrepreneurship, 
na Universidade de 
Oxford, que ocupa 
o sexto lugar no 
ranking QS em 
nível mundial. 
“Nós também 
acreditamos na 
responsabilidade 
dentro da área 
de negócios, e no 
nosso compromisso 
em desenvolver 
líderes responsáveis, 
que percebam a 
necessidade de fazer 
a diferença”, destaca 
Andrea Warriner, que 
gerencia o programa 
de desenvolvimento 
de talentos do centro, dentro da Saïd Business 
School, da Universidade de Oxford.
Conheça alguns dos programas do tipo oferecidos 
nas universidades que lideram os rankings.
SKOLL CENTRE FOR SOCIAL 
ENTREPRENEURSHIP, EM OXFORD
Este centro da Saïd Business School concentra as 
iniciativas voltadas para impacto social, que vão 
desde matérias em inovação na área da saúde 
até social finance. Como Warriner destaca, o 
O que a 
universidade 
espera é que 
os estudantes 
exijam cada vez 
mais que as 
organizações 
onde trabalham 
repensem seu 
impacto social 
e ambiental 
— seja um 
banco, uma 
consultoria.
objetivo do centro é fazer com que, no futuro, o 
empreendedorismo social não precise ser estudado 
à parte e considerado um outro tipo de oportunidade, 
e sim que as empresas e outras instituições tenham 
arraigados valores positivos. “O que a universidade 
espera é que os estudantes exijam cada vez mais 
que as organizações onde trabalham repensem 
seu impacto social e ambiental — seja um banco, 
uma consultoria, o que for”, explica Andrea, que 
trabalhou em organizações como a Africa Health 
Placements, focando nos desafios na área de saúde 
no continente africano.
Entre as oportunidades oferecidas aos que se 
interessam pela área de empreendedorismo social 
dentro dos programas de mestrado e MBA está 
o Global Challenge. É uma iniciativa que permite 
aos estudantes e recém-formados da universidade 
escolher um tópico global e examinar o cenário por 
trás dele, para depois elaborar propostas de resolução.
Além disso, todos os estudantes de MBA na 
Saïd Business School participam do GOTO 
(Global Opportunities and Threats:Oxford), um 
programa que apresenta os principais desafios aos 
negócios nos próximos 25 anos. Entram na lista de 
temas o envelhecimento da população, escassez de 
recursos naturais e mudanças na força de trabalho 
de vários países.
CENTER FOR SOCIAL INNOVATION, 
EM STANFORD
A universidade americana ocupa o terceiro lugar 
no ranking QS e oferece diferentes oportunidades 
para quem quer focar a carreira em impacto 
social. A abordagem de Stanford adapta cursos de 
empreendedorismo mais tradicionais e recebe os 
estudantes focados na área social, além de dedicar 
várias matérias eletivas para empreendedores sociais.
Como a diretora do centro destaca, não é necessário 
ter liderado um mega projeto social antes para 
embarcar numa oportunidade dessas em Stanford — 
basta um interesse na área e, claro, uma boa 
application. Uma vez aceitos, no caso dos MBAs 
3
 Voltar para o índice POR QUE AS MELHORES UNIVERSIDADES APOSTAM 
EM EMPREENDEDORISMO SOCIAL?
com foco na área social, os estudantes passam por 
matérias básicas da área de empreendedorismo e 
podem participar de aulas voltadas para contextos 
sociais e análise de casos de sucesso, mas 
também têm aulas mais práticas, com foco em 
desenvolvimento de projetos.
Entre as disciplinas está a de “Entrepreneurial Design 
for Extreme Affordability”, que é voltada para a área 
de projetos e combina aspectos de engenharias 
e negócios. A ideia é que os alunos, divididos 
em grupos de trabalho, tenham contato com o 
desenvolvimento de protótipos, planos de negócio 
e tecnologias que sejam voltados para países em 
desenvolvimento e populações mais pobres.
CENTER FOR SOCIAL SECTOR LEADERSHIP, 
EM BERKELEY
Dentro da Haas Business School, em Berkeley, a 
proposta de pensar o empreendedorismo social 
já é bastante consolidada. O currículo oferecido 
contempla desde a micro até a macroeconomia, o 
reconhecimento de problemas e a elaboração de 
soluções e inovação aplicada.
A partir daí o aluno pode “desenhar” o próprio 
currículo com uma lista de matérias voltadas para 
a sua especialização. Pode ser a oportunidade 
de ouro para estudar os desafios ambientais, ou 
mesmo entender a relação da área social com 
políticas públicas. Com essa flexibilidade, é possível 
aprofundar o conhecimento nas áreas de interesse 
e aproveitar as atividades fora da sala de aula 
oferecidas pela universidade.
Um dos programas de destaque é a Global Social 
Venture Competition (GSVC), em que os alunos 
identificam problemas sociais e desenvolvem 
soluções específicas, depois de analisar o cenário. 
Os vencedores levam 50 mil dólares para tirar a 
proposta do papel e colocá-la em prática.
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4
 Voltar para o índice POR QUE AS MELHORES UNIVERSIDADES APOSTAM 
EM EMPREENDEDORISMO SOCIAL?
Q
uando o bengali Muhammad Yunus 
começou a oferecer pequenos 
empréstimos às pessoas mais pobres em 
Bangladesh, deu origem a um modelo 
conhecido como microcrédito. No caso de 
 Yunus, tudo começou com o banco 
Grameen (que significa “povoado”, na língua bengali) 
e com a aposta de que tal iniciativa poderia tirar 
muita gente da pobreza. Deu certo. 
Esse conceito, fundado pelo “banqueiro dos 
pobres”, envolve conceder às parcelas mais 
humildes da população o acesso ao crédito. 
As contrapartidas são menores e exigem que o 
receptor do dinheiro o aplique para fins que não 
sejam somente de consumo. 
Em outras palavras, em vez de gastar toda a quantia 
pagando as dívidas em um mercadinho, a pessoa 
deve utilizá-lo para abrir um pequeno negócio, por 
exemplo. Em geral, as políticas de juros também 
mudam e permitem que o microempreendedor 
desfrute de condições melhores. Na prática, isso 
significa dar a chance para que mais pessoas saiam 
MICROCRÉDITO: 
COMO AJUDAR 
OS MAIS POBRES 
A PROSPERAR
Pequenas quantias e condições 
acessíveis permitem que as 
parcelas mais vulneráveis da 
população empreendam e saiam 
da pobreza.
5
 Voltar para o índice 
da pobreza e consigam se sustentar, mesmo em 
países com renda per capita baixa, como Bangladesh. 
“O crédito também pode ajudar na variação da renda. 
As pessoas mais pobres não apenas ganham pouco, 
como também recebem em intervalos irregulares, e 
acabam ficando sem dinheiro, muitas vezes”, explica 
o professor de Microfinanças Michael Gordon, da 
Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. “Mas 
as oportunidades em microfinança não contemplam 
só a possibilidade de crédito, como também as 
‘micropoupanças’”, completa. Isso porque, com a 
possibilidade de guardar dinheiro, essas pessoas 
podem se preparar para emergências, planejar gastos 
com educação e, assim como acontece no crédito, 
criar e expandir pequenos negócios. 
Além de proporcionar a Muhammad Yunus um 
Prêmio Nobel em 2006, o conceito foi replicado em 
vários países, mesmo nos mais desenvolvidos. Hoje 
em dia, há instituições que oferecem cursos na área 
para os interessados em passar o legado adiante. 
UNIVERSITY OF MICHIGAN
O professor Gordon é responsável pelo primeiro curso 
oferecido pela universidade na área de microfinanças. 
Como parte da Ross School of Business, a disciplina 
eletiva “Introduction to Microfinance” dá as bases 
para quem se interessa pelo microcrédito tradicional, 
como o banco criado por Yunus, assim como novas 
oportunidades na área.
É o caso de iniciativas de microcrédito que 
ambicionam oferecer oportunidades educacionais 
para jovens, ou mesmo para as que focam em 
projetos pelo meio ambiente. “Na prática, as 
Na prática, as microfinanças 
são o exemplo mais antigo 
e mais bem sucedido de 
empreendimento social.
microfinanças são o exemplo mais antigo e mais 
bem sucedido de empreendimento social. Um 
exemplo disso está em como alcançou todas 
as regiões do globo, até mesmo os países 
desenvolvidos”, opina Gordon. 
OXFORD MICROFINANCE INITIATIVE
Essa é a consultoria criada por alunos de Oxford 
para auxiliar iniciativas que trabalham com 
microfinanças. Ao longo de nove meses, grupos 
de 10 alunos da universidade apoiam iniciativas 
ao redor do mundo que tenham demonstrado 
interesse em se aperfeiçoar. Por um lado, os 
estudantes devem manifestar interesse no tema 
e na área de ação de entidade. 
Atualmente, os projetos apoiados pela iniciativa 
incluem o crédito para pequenos agricultores na 
Armênia, oferecido através do banco ACBA, e a Sonas 
World Ltd., que dá instrução em negócios e apoio 
financeiro em comunidades rurais do Camboja. 
UNIVERSIDAD AUTÓNOMA DE MADRID
A universidade espanhola dedica um mestrado inteiro 
ao tema, dado em inglês. O aprendizado contempla 
tanto os princípios mais básicos das microfinanças, 
como também sua relação com o combate à pobreza. 
A partir daí, os conhecimentos são aprofundados 
e divididos em cenários diferentes: como o 
microfinanciamento funciona em países pobres, 
como acontece nos mais desenvolvidos, além de 
cases de sucesso. Durante o curso, ou nas férias 
de verão, os alunos devem trabalhar em uma 
instituição microfinanceira. 
Para os brasileiros que não têm condição de bancar 
os custos, a universidade destaca as bolsas de estudo 
da Fondación Carolina. 
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6
 Voltar para o índice MICROCRÉDITO: COMO AJUDAR OS MAIS POBRES A PROSPERAR
F
ocar a carreira na mudança social, e nos 
impactos positivos que a sua escolha 
profissional pode fazer, nem sempre exige 
uma formação longa. Em outras palavras, 
se a sua paixão é, por exemplo, agir em prol 
do meio ambiente, nem sempre é necessário - ou 
mesmo viável - dedicar anos para se formar na área. 
É possível condensar o aprendizado de habilidades 
na área em um curso de curta duração, “pegar o 
jeito”, sem dispor de tanto tempo. 
E as universidades mais bem avaliadas tambémapostam nisso. Ainda que muitas delas ofereçam 
cursos mais extensos, como MBAs full-time, essa 
está longe de ser a única opção. Com horários 
adaptáveis e períodos mais curtos, os cursos de 
curta duração permitem não apenas ter contato 
com os ensinamentos mais básicos, como também 
aprofundar e acelerar projetos já esboçados. 
Conheça algumas das iniciativas oferecidas por 
universidades de prestígio e que duram menos de 
um semestre. 
CURSOS CURTOS 
VÃO DO BÁSICO 
AO AVANÇADO 
NA ÁREA SOCIAL
Programas que vão de uma 
semana a dois meses tratam 
de conceitos iniciais e avançados 
da área.
7
 Voltar para o índice 
STANFORD IGNITE
A universidade americana trabalhou nos últimos 
quatro anos na expansão do projeto, que busca 
aprofundar o conhecimento dos participantes em 
empreendedorismo e dar o empurrãozinho para 
tirar as ideias do papel. Durante esse período, 
Stanford trouxe o programa também para países 
 em desenvolvimento, como a Índia, a China e, 
claro, o Brasil. 
“É um programa rigoroso com foco em prática, 
que traz uma abordagem adaptada para ensinar 
empreendedorismo e gestão para mudar agentes 
no mundo todo”, resume Bernadette Clavier, diretora 
do Center for Social Innovation, que oferece o curso. 
Em média, o curso exige dedicação de 100 horas em 
sala de aula, além de uma estimativa de mais 150 
horas para as tarefas extras e o desenvolvimento de 
projetos em grupo. 
A ideia é atrair gente interessada em empreender, 
independentemente da área de formação inicial - 
em vez de trazer para a sala de aula quem já é 
expert em negócios e administração. Ao longo do 
Ignite, os estudantes têm contato com ex-alunos, 
mentores e pessoas de destaque em diferentes 
setores, além de aprenderem sobre marketing, 
gestão e temas específicos. O objetivo do curso 
livre, no fim das contas, é que os grupos de alunos 
desenvolvam ou aperfeiçoem algum produto 
selecionado previamente. 
É um programa rigoroso 
com foco em prática, que 
traz uma abordagem 
adaptada para ensinar 
empreendedorismo e 
gestão para mudar agentes 
no mundo todo.
STRATEGIC PERSPECTIVES IN 
NON-PROFIT MANAGEMENT
Esse é um dos cursos e iniciativas oferecidos pela 
Universidade Harvard em sua Business School, a HBS. 
A área de empreendedorismo social já tem destaque 
por lá e existe uma concentração específica em 
Social Enterprise nos MBAs. Nos cursos mais longos, 
como o MBA, o primeiro ano é dedicado a princípios 
básicos do empreendedorismo em áreas sociais e, no 
segundo, o currículo do aluno é adaptado de acordo 
com os interesses dele. 
O Strategic Perspectives in Non-Profit Management, 
por sua vez, é um dos cursos livres oferecidos por 
Harvard para quem já está envolvido na área e 
quer se aperfeiçoar. Com custo de 6 mil dólares, 
o curso permite que os alunos analisem casos de 
organizações sem fins lucrativos, seus desafios 
e formas de resolução. Além disso, durante uma 
semana de curso, os estudantes têm contato com 
líderes de destaque em áreas de cunho social. 
Além desse programa, Harvard oferece outras 
oportunidades em empreendedorismo social e temas 
correlatos (elencados, no site da HBS, no Program 
Finder). O Governing for Nonprofit Excellence, que 
acontece em outubro deste ano, aborda temas 
ligados à liderança em entidades non-profit, além de 
planejamento e formas de garantir a sustentabilidade 
da organização. 
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8
 Voltar para o índice CURSOS CURTOS VÃO DO BÁSICO AO AVANÇADO NA ÁREA SOCIAL
P
ode deixar de lado a ideia de que a língua 
dos negócios - incluindo aí os negócios 
sociais - é o inglês. Apesar de muitas 
instituições consagradas oferecerem 
formação neste idioma, não faltam 
iniciativas disponíveis em espanhol. Além de ser o 
idioma principal dos nossos vizinhos latinos, o idioma 
ganha destaque entre os brasileiros que optam por 
aprender uma língua estrangeira. Para ter uma ideia, 
no mundo todo, cerca de 100 milhões de pessoas 
têm o espanhol como segunda língua, e 21 países 
têm o idioma como língua oficial. 
No caso dos cursos em áreas ligadas aos setores 
sociais, há ofertas tanto em mestrados e pós-
graduações de temas específicos, quanto centros 
de formação interdisciplinares. É uma oportunidade 
de não só explorar outro idioma, como também 
se deparar com novas abordagens sobre o tema e 
contextos específicos de mudança social. 
Saiba mais sobre os programas oferecidos em 
espanhol em países da América Latina e na Espanha.
CURSOS EM 
ESPANHOL 
TRATAM DE 
DESENVOLVI-
MENTO 
SUSTENTÁVEL
Na Europa ou América Latina, 
universidades oferecem programas 
sobre desenvolvimento e impacto 
social no idioma. Não é necessário 
ter uma formação específica em 
economia ou políticas públicas.
9
 Voltar para o índice 
CENTRO INTERDISCIPLINARIO DE ESTUDIOS 
SOBRE DESARROLLO, NA UNIVERSIDAD DE 
LOS ANDES
A universidade é a melhor avaliada pelo QS 
Ranking na Colômbia, e fica na capital, Bogotá, 
uma cidade que já chegou a ser apelidada de 
 tech hub na América Latina. Como o próprio 
nome sugere, o Centro Interdisciplinario de Estudios 
sobre Desarrollo se 
debruça há 40 
anos sobre questões 
complexas ligadas 
ao desenvolvimento 
– desde 
sustentabilidade até 
aspectos sociais do 
desenvolvimento 
econômico, como as 
questões de gênero. 
Com foco em 
pesquisa, uma vez 
que os estudantes 
precisam elaborar 
artigos sobre os 
temas de investigação, o centro se propõe a repensar 
o desenvolvimento com base em acertos e erros 
em países de diferentes perfis. Para a diretora dos 
programas acadêmicos do Cider, Ana Yudy Morán, 
o momento atual mostra a urgência de repensar o 
desenvolvimento. “Em um mundo em crise e com 
constantes mudanças de paradigma, é necessário 
um espaço na academia para propor soluções 
e intervenções para os problemas sociais locais 
e regionais, que afetam uma parcela grande da 
população”, destaca Yudy. 
É possível se candidatar a cursos como a Maestría en 
Estudios Interdisciplinarios sobre Desarrollo, que dura 
dois anos, para elaborar alternativas voltadas tanto 
para o terceiro setor quanto para os governos. Como 
o foco do centro é interdisciplinar, alunos de todos os 
backgrounds são bem-vindos. 
É necessário 
um espaço na 
academia para 
propor soluções 
e intervenções 
para os 
problemas 
sociais locais 
e regionais.
DESARROLLO SOCIAL, NA UNIVERSIDAD 
DE LA HABANA 
A ilha socialista começou a se abrir mais muito 
recentemente, depois de anos de embargo. Áreas 
como a medicina já são bastante conhecidas por 
aqui, e outros cursos na região ganham cada vez 
mais destaque. Um deles é o de Desenvolvimento 
Social, que abarca desde aspectos ligados à 
urbanização até comunidades rurais. 
Dentro do curso, o aluno tem contato com partes 
mais gerais, como as teorias de desenvolvimento, 
além de aprender sobre o contexto do país e da 
revolução cubana. Também entram em discussão 
questões de gênero e a elaboração de políticas 
públicas para um desenvolvimento sustentável.
Para os interessados nos programas de 
desenvolvimento social em Cuba, a candidatura 
acontece do dia 3 de outubro até dia 5 de dezembro. 
É necessário apresentar o diploma universitário, cartas 
de recomendação, bem como carta de motivação. 
UNIVERSIDAD COMPLUTENSE DE MADRID
Localizada na capital espanhola, a instituição fica 
em quarto lugar no QS ranking na Espanha. Por lá, 
é possível optar por ênfases em gestão ou em áreas 
como Trabalho Social, para aqueles que querem traçar 
uma carreira pautada nos impactos sociais positivos. 
Há cursos como o mestrado em “Trabajo Social 
Comunitario, Gestión y Evaluación de Servicios Sociales” 
que combinam ciências sociais e questões jurídicas, em 
que o aluno tem contato com exemplos de programas 
e intervençõesque deram certo. Para quem quer 
se focar em aspectos ambientais, o mestrado em 
Responsabilidad Social y Sostenibilidad contempla 
áreas de gestão, entendimento do meio ambiente, 
prevenção de contaminações e direitos humanos. 
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10
 Voltar para o índice CURSOS EM ESPANHOL TRATAM DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Q
uando a cientista social Clarissa Malinverni 
decidiu encarar um mestrado, já trabalhava 
na mesma organização há anos e não 
queria se distanciar do mercado. Graças à 
possibilidade de se manter trabalhando, 
 oferecida pelo recém-lançado Global 
Executive Master of Public Administration da 
Columbia, ela não precisou escolher entre um e 
outro. “Hoje, os mestrados mais tradicionais exigem 
demais de você e afastam as pessoas da academia”, 
opina Clarissa, que entregou neste semestre 
sua dissertação sobre o programa Juntos pelo 
Desenvolvimento Sustentável, que ela coordena 
no Brasil.
Esse, aliás, foi o ponto que a ajudou a chegar a 
Columbia. O programa Juntos, que oferece apoio à 
gestão pública, lançou bolsas para apoiar o mestrado 
de lideranças nas cidades onde atua – entre elas, 
São Paulo, Campinas, Santos e Parati. Elaborado por 
uma coalizão de líderes empresariais e capitaneado 
pela Comunitas, o programa apoiou quatro brasileiros 
aprovados em Columbia – entre eles, a paulistana. 
A oferta de bolsas é uma das frentes do grupo, com 
previsão de ampliação no ano que vem, e visa ao 
fortalecimento das lideranças públicas. “Não vamos 
COLUMBIA 
INAUGURA 
MESTRADO 
FOCADO EM 
DESAFIOS 
DE PAÍSES 
EMERGENTES
Mestrado em Administração 
Pública oferece aulas à distância, 
módulos em Nova York e destaque 
para a prática. Brasileiros podem 
se candidatar a bolsas de 
organização parceira.
11
 Voltar para o índice 
conseguir mudar a gestão pública sem quadros 
qualificados, sem líderes que tenham uma 
missão e que possuam os meios de executá-la”, 
explica Clarissa.
Aprovada por Columbia no processo de admissão 
padrão, e já com a bolsa garantida, Clarissa pôde 
cursar esse tipo diferente de mestrado, novidade 
dentro da instituição, e focado nos desafios dos 
países emergentes, como Brasil, Índia e China.
Em vez de durar dois anos e exigir dedicação full-
time, o Executive Master permite aulas à distância 
em boa parte do tempo. Semanalmente, os alunos 
devem assistir a dez vídeos por matéria e, uma vez 
ao mês, ter aulas no Global Center da universidade, 
na Candelária, no Rio de Janeiro. Os alunos também 
passam por dois módulos presenciais em Nova 
York, com duração de cinco semanas cada. Nesses 
momentos de contato mais direto com Columbia, os 
mestrandos têm acesso a atividades práticas. Para 
ver exemplos de gestões inovadoras, por exemplo, 
a turma de Clarissa foi recebida na Prefeitura de 
Nova York, onde conheceram os diferentes modelos 
diferentes de administração.
As adaptações oferecidas por Columbia não pararam 
aí. Para facilitar a validação do diploma em território 
brasileiro, a instituição mudou o modelo de avaliação 
dos estudantes que vinham do país. Era possível 
entregar uma dissertação aos moldes da ABNT 
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), em vez do 
tradicional project portfolio da Columbia. “No modelo 
americano, o aluno tem que se basear em um desafio 
de alguma instituição pública real e pensar soluções, 
fazer um planejamento para resolver o problema”, 
explica Clarissa. No caso dela, o tema do texto final 
tratou do Juntos e da proposta de uma governança 
colaborativa, envolvendo o setor público, privado e a 
sociedade civil.
Propostas como a da cientista social são bem-
vindas na Columbia. O campo de pesquisa voltado 
para democracia e formas inovadoras de governar 
está dando os primeiros passos por lá, e propostas 
que fogem do tradicional ganham destaque. “Em 
Columbia, mesmo as aulas sobre parcerias público-
privadas focavam nas mais tradicionais, que são 
feitas para resolver problemas muito pontuais de 
prestação de serviço, de gestão de equipamentos 
públicos. Quando eu apresentei a minha proposta, 
isso foi amplamente aceito”, conta Clarissa, que 
terminou o curso neste semestre, ao lado de mais 
dois bolsistas brasileiros.
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Não vamos conseguir 
mudar a gestão pública sem 
quadros qualificados, sem 
líderes que tenham uma 
missão e que possuam os 
meios de executá-la. 
12
 Voltar para o índice COLUMBIA INAUGURA MESTRADO FOCADO EM 
DESAFIOS DE PAÍSES EMERGENTES
N
ão é necessário se esforçar muito para 
pensar na parte humanizada da medicina. 
Tanto a “arte da cura” quanto carreiras 
próximas, como a da enfermagem e 
as políticas voltadas para saúde, estão 
intimamente ligadas a melhorar a qualidade de vida 
das pessoas. Extrapolar esse conceito para o campo 
das mudanças sociais, então, parece um caminho 
praticamente lógico. 
E, de certa forma, é. Não é à toa que tantas 
universidades já apostam em trazer os 
interessados em saúde para uma formação 
em mudança social. São tanto cursos de saúde 
pública, que traduzem alguns dos desafios de 
proporcionar esse direito às populações, quanto 
de saúde global, mirando as desigualdades no 
oferecimento de saúde em diferentes lugares. 
Intervenções, programas de conscientização e 
combate a doenças e elaboração de políticas públicas 
entram no currículo de cursos oferecidos por gigantes 
educacionais, como a Universidade da Califórnia 
Berkeley e a Duke University.
SAÚDE E 
IMPACTO SOCIAL: 
COMO GARANTIR 
ACESSO PLENO 
E COMBATER 
DESIGUALDADES
Programas tratam dos desafios 
do século e combinam áreas como 
Medicina e Políticas Públicas. 
Universidades promovem trabalho 
de campo em países 
em desenvolvimento.
13
 Voltar para o índice 
“Estudar saúde a nível global permite que nós nos 
enxerguemos como os outros nos veem, e que 
enxerguemos os outros como eles precisam ser 
vistos. A Saúde Global inclui desde intervenções 
de larga escala, como a Tabacco Convention, até 
ações menores, como assegurar que uma pessoa no 
Malauí tenha acesso a remédios para alívio da dor 
quando tem uma 
doença terminal”, 
explica Liz Grant, 
diretora da Global 
Health Academy, 
da Universidade 
de Edimburgo, na 
Escócia. A experiência 
de Liz, que 
também comanda 
o estabelecimento 
de parcerias com 
outras universidades, 
tem tudo a ver com 
impacto social. Por 
anos, ela trabalhou 
com saúde da família 
e educação sexual no 
Quênia, e acabou por 
concluir o doutorado 
na Serra Leoa.
Não faltam desafios para garantir o acesso a 
tratamentos e cuidados no mundo inteiro.
Saiba mais sobre os programas que tratam 
do assunto.
UNIVERSIDADE DE EDIMBURGO
Na universidade escocesa, o destaque fica para o 
mestrado em Global Health and
Public Policy. A proposta é unir ciências sociais, 
medicina, políticas públicas e relações internacionais, 
para que o estudante tenha uma formação completa 
e multidisciplinar. Ao fim do curso, o aluno deve estar 
preparado para encarar desafios no setor público, em 
ONGs ou mesmo em missões humanitárias.
Aqui, nós 
temos acesso 
a equipamento 
de ponta, com 
treinamento 
e assessoria 
para usar os 
espaços. Isso 
facilita muito 
a produção 
de projetos 
práticos.
“Falar de saúde não significa tratar só da saúde 
das pessoas ou dos animais, mas também do meio 
ambiente. Sem tratar desses múltiplos aspectos, 
nós não conseguiremos melhorar a saúde dos 
seres humanos”, resume Liz Grant. Somando as 
vivências fora de sala de aula com o curso formal, os 
estudantes focam na eliminação das desigualdades. 
O curso pode ser feito em duas versões: a fulltime, 
que dura um ano, e a part-time, que se estende por 
um período de dois a três anos, em que o estudante 
pode optar por teruma parcela das aulas online. 
Para arcar com os custos, é possível recorrer a bolsas 
como a Chevening, oferecida pelo governo britânico e 
acessível a brasileiros.
DUKE UNIVERSITY
O Master of Science em Global Health oferecido 
pela universidade americana une várias formas de 
aprendizado. As aulas teóricas ditam o tom dos 
primeiros meses de estudo, com assuntos de áreas 
como Ética, Estatística e Sistemas de Saúde dos 
países em desenvolvimento.
Depois, os alunos devem passar, no mínimo, 10 
semanas em campo, trabalhando na área de saúde, 
com a orientação de um mentor. Nesse processo, 
muitos deles escrevem para o blog da Duke e 
compartilham suas reflexões sobre a experiência. 
Por fim, desenvolvem uma dissertação sobre tema 
ligado ao curso. São três frentes para tratar de temas 
ligados à desigualdade e aos principais desafios do 
século. Entre os ex-alunos do curso, 18% segue para 
organizações nãogovernamentais.
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14
 Voltar para o índice SAÚDE E IMPACTO SOCIAL: COMO GARANTIR 
ACESSO PLENO E COMBATER DESIGUALDADES
A
lgumas instituições de ensino, em 
especial em países como os Estados 
Unidos, são mais pautadas em atividades 
práticas que outras. Mesmo que uma 
parcela das entidades aposte mais 
nesse aspecto, uma tendência prevalece em todas: 
oportunidades para colocar a mão na massa fazem 
bem no processo educativo. 
O contato com situações que chegam ao campo da 
realidade, em vez de estarem voltadas à teoria, pode 
vir nas abordagens caso-a-caso em um MBA, ou 
mesmo nos estágios oferecidos em organizações 
mais experientes em setores sociais. No caso de 
instituições de ensino como a Universidade da 
Califórnia, Berkeley, programas como o mestrado 
 em Development Practice motivam os alunos não 
 só a se dedicar às bases teóricas do 
desenvolvimento sustentável, como também a 
encarar atividades em campo. Isso inclui trabalhar 
durante o verão em organizações comunitárias no 
interior do México, ou mesmo desenvolver novas 
formas de empregabilidade para mulheres em um 
estado da Índia. 
MÃO NA MASSA: 
UNIVERSIDADES 
OFERECEM 
ATIVIDADES 
PRÁTICAS EM 
ÁREAS SOCIAIS
Universidades americanas concedem 
estágios e estimulam atividades 
em campo. Duke University permite 
que os estudantes se tornem board 
members por um ano em ONGs 
do país.
15
 Voltar para o índice 
É a chance de adquirir mais experiências no 
currículo, mas também de expor a desafios que 
não apareceriam espontaneamente em uma sala de 
aula. No caso de áreas de inovação ligadas a setores 
sociais, esses desafios representam a c 
hance de melhorar - ou mesmo resolver - 
um contexto problemático. 
Para a Duke 
University, ter a 
vivência de uma 
questão social vale 
pontos extras no 
processo educativo. 
Para a assistente de 
programas do Center 
for the Advancement 
of Social 
Entrepreneurship, 
Patricia Massard, 
o conjunto de 
atividades práticas 
e extra-classe que 
a instituição oferece 
é o tipo de projeto 
“win-win”. “Por um lado, os alunos ganham mais 
experiência na prática e, por outro, as entidades 
recebem novas contribuições de gente que está 
começando no setor”, explica Patricia. 
O CASE, que foca especificamente no 
empreendedorismo social, é uma das entidades 
que passou a oferecer os “loan forgiveness awards” 
(o perdão da dívida dos alunos), para quem se 
dedicasse a trabalhar em ONGs e determinadas 
agências governamentais. Além disso, faz parte das 
iniciativas oferecidas pelo CASE dar aconselhamento 
profissional aos alunos que trilham essa carreira, e 
indicar uma série de atividades para os que desejam 
“testar” o setor antes de apostar nele. 
O objetivo é fazer com que a paixão pela mudança 
social se converta em passos certeiros na trajetória 
acadêmica e profissional. “Os estudantes devem 
estar preparados para qualquer setor - eles podem 
“Os líderes que 
formamos têm 
de saber mirar 
os problemas 
globais e 
pensar em 
soluções com 
base nos 
princípios 
de negócios.
criar empreendimentos sociais próprios, podem 
optar por áreas de consultoria, ou mesmo trabalhar 
em organizações sem fins lucrativos. Os líderes que 
formamos têm de saber mirar os problemas globais 
e pensar em soluções com base nos princípios de 
negócios”, explica Massard. 
Na lista de iniciativas, está a Fuqua on Board, 
que encaminha os estudantes de MBA focados 
em empreendedorismo social para entidades em 
Durham, cidade onde fica a Duke University. Com 
o programa, eles se tornam “board members” nas 
reuniões dessas organizações e acompanham as 
atividades durante um ano. Nesse período, também 
participam de treinamentos na área e são orientados 
individualmente por outros membros da organização. 
Outros programas voltados para os estudantes em 
negócios como um todo, a exemplo do Fuqua Client 
Consulting Practicum (FCCP), também apresentam 
sua versão social. É possível, no caso do FCCP, 
trabalhar como consultor em organizações sem fins 
lucrativos (nos Estados Unidos ou fora do país) e 
ajudar a resolver os desafios que surgem. 
As vantagens para a carreira, obtidas na prática, não 
são o único ponto positivo. Por outro lado, o contato 
direto permite humanizar o conceito desenvolvido em 
um projeto social, em uma ONG ou em uma start-up. 
Afinal, uma coisa é pensar o passo-a-passo de uma 
iniciativa de dentro de um escritório, outra é ver com 
os próprios olhos os efeitos positivos dessa ação. 
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16
 Voltar para o índice MÃO NA MASSA: UNIVERSIDADES OFERECEM 
ATIVIDADES PRÁTICAS EM ÁREAS SOCIAIS
O 
engenheiro José Rodolfo Pfaffmann 
Fiori se inspirou na sua cidade natal, 
São Joaquim da Barra, para elaborar seu 
próprio negócio. Localizado no interior 
paulista, o lugar enfrentava problemas 
comuns em pequenos municípios brasileiros -- que 
viraram o foco da consultoria fundada por Pfaffmann. 
Prestes a concluir o mestrado em Desenvolvimento 
Econômico Local na London School of Economics, 
no Reino Unido, ele fala ao Estudar Fora sobre o 
potencial das pequenas e médias cidades no Brasil 
e sobre sua experiência na Muove. 
#1 QUANDO SURGIU A IDEIA DE 
CRIAR A MUOVE?
Ela nasceu de uma vontade de ajudar a minha 
cidade natal. Eu estava na carreira privada e queria 
ajudar a minha cidade. Comecei a ter uma interação 
com a prefeitura e percebi que a capacitação dos 
gestores era muito baixa. E aí, fui tentar achar 
alguma organização que poderia apoiá-los e só 
encontrei empresas com custo altíssimo. As empresas 
tradicionais de consultoria, de renome, são muito 
caras para um município com esse perfil, que tenha 
INSPIRE-SE: 
TRANSFORMAR 
CIDADES É 
MAIS FÁCIL 
QUE PARECE
Prestes a concluir seu mestrado 
na London School of Economics, 
engenheiro paulista criou consultoria 
que apoia municípios no 
seu desenvolvimento.
17
 Voltar para o índice 
seus 50 mil habitantes. E, naquele momento, eu 
percebi que havia espaço para um modelo 
de negócio que apoiasse esses municípios com 
um custo mais baixo e que fosse especializado 
em desenvolvimento. 
Isso aconteceu lá atrás, em 2013, e eu comecei 
a esboçar a ideia. Já em 2015, pedi demissão 
da empresa em que eu estava, e abri a Muove 
oficialmente. De início, fizemos um projeto em 
cinco cidades e nesse meio tempo eu decidi parar 
um pouco. Como eu não tenho um background 
de economia e desenvolvimento, resolvi ir para o 
mestrado acadêmico na London School of Economics, 
justamente para adquirir esses conceitos. Então, 
estou aqui aperfeiçoando os conceitos que quero 
levar para a empresa. 
#2 COMO FORAM ESSES PRIMEIROS PASSOS 
NAS CINCO CIDADES BRASILEIRAS?
Eu fui para Itirapina, São Carlos, Brotas, Limeira e 
Corumbataí, cidades no interior de São Paulo, para 
poder testar na práticao modelo de negócios que 
eu tinha no papel. O que eu queria descobrir era o 
tipo de problema que municípios tinham. Isso porque 
a tese de negócios da Muove é ser de baixo custo. 
Para fazer isso, tem que haver escala. Se o município 
tem problemas complexos, que dependem de muita 
coisa, de um consultor que vá lá e veja exatamente 
quais são os problemas, não dá para escalar esse 
produto. Cada caso será um caso. A ideia foi ir até 
esses municípios para entender os tipos de problema. 
Se eu tivesse problemas simples e que fossem 
comuns a todas as cidades, eu poderia criar produtos 
escaláveis e que serviriam para todas as cidades. 
Nessas cinco cidades, pude perceber que, sim, nós 
temos problemas complexos, que dependem de um 
consultor que vá até lá e fique por lá entendendo 
os mínimos detalhes, e que envolva muita gente 
no processo. Mas a maior parte dos problemas dos 
municípios hoje é simples, e pode ser resolvida 
com ações simples. Dada a baixa capacitação de 
servidores e a falta de vontade política, esses 
problemas não são resolvidos. 
#3 QUAIS SERIAM EXEMPLOS DESSES 
PROBLEMAS SIMPLES? 
Há problemas como o do município que diz não ter 
recursos para educação, por exemplo. Só que, na 
conta dele, há um valor que ele não conhece, porque 
ele não sabe exatamente como checá-lo e nem como 
falar com o setor responsável para checar. Esse é 
um problema: existe um desconhecimento de onde 
estão os recursos e de quais são os recursos de cada 
município. Para resolver isso, nós desenvolvemos 
um software que permitia ao município acessar via 
celular quais eram todos os recursos disponíveis para 
ele. Assim, ele conseguiria entender qual é a verba 
que ele tem e qual ele não tem. O outro problema 
que encontramos é o de municípios com dificuldade 
em fazer diagnóstico, a primeira parte de resolver 
qualquer problema. Não se pensava que, para 
melhorar a educação, era necessário olhar esse ou 
aquele indicador, e como cada um se conectava. 
Municípios também têm dificuldade em saber se 
a arrecadação de IPTU deles está certa ou errada. 
Então, a gente ajuda esse cara a entender se o IPTU 
dele está baixo ou alto e dá ferramentas para ele 
mudar isso. Para aumentar o IPTU, a lei tem que ser 
essa ou aquela, para fazer o mapeamento das casas, 
você pode usar essa ou aquela ferramenta. E aí ele 
consegue de maneira mais fácil fazer a mudança. 
#4 COMO FUNCIONA, NA PRÁTICA, 
A MUOVE? 
Somos uma equipe de três pessoas dedicadas à 
Muove e um grupo de 10 parceiros técnicos, que 
apoiam a gente com validações das ações que a gente 
faz. Eu não sou um especialista em educação, eu não 
sou um especialista em saúde, e nós não pretendemos 
ser. Então, eu poderia adquirir esse conhecimento 
de duas formas. Ou eu contratava as pessoas para 
trabalhar dentro da empresa, ou eu fazia parcerias 
com consultores técnicos para que, em caso de dúvida, 
ou eu conecte o município com ele, ou eu me conecte 
diretamente com ele. Esses 10 consultores vêm de 
acordo com alguma demanda que o município tenha e 
que nós não consigamos resolver. 
18
 Voltar para o índice INSPIRE-SE: TRANSFORMAR CIDADES É MAIS FÁCIL QUE PARECE
Se eu preciso fazer um plano de carreira para 
os professores, eu não sou especialista, mas vou 
conectar com um consultor que sabe muito disso. E 
ele vai me falar quantas horas vai ter para trabalhar 
nesse projeto, e a partir daí eu conecto os dois, 
consultor e município, para que eles possam resolver 
o problema com a minha intermediação. Isso fica 
muito mais barato, porque eu consigo fazer uma 
cobrança por hora. 
Muitas cidades não têm capacidade de identificar 
esses problemas. O corpo técnico deles não consegue 
analisar isso. Se você pensar que 95% dos municípios 
brasileiros têm menos de 50 mil habitantes e que 
nessas prefeituras há um quadro com uma capacidade 
técnica determinada, vai ver que para alguns 
problemas essa capacidade não é suficiente. Nem 
para entender o problema nem para resolvê-lo. Com 
certeza, é mais fácil e barato se eles procurarem essa 
capacidade fora da prefeitura, porque trazê-la para 
dentro, dada a burocracia de contratação e tudo mais, 
é super complexo. E não há tantos salários atrativos 
no setor público, principalmente em prefeituras de 
cidades pequenas. Se você for numa cidade pequena, 
vai ver que muitas das pessoas qualificadas saem dali 
em direção às maiores. E acaba que o setor público, 
que é a maior instituição, e que permanece ali, sofre 
essa falta de mão de obra qualificada. 
#5 NA ÁREA DE GESTÃO PÚBLICA, HÁ 
UMA TENDÊNCIA A BUSCAR SOLUÇÕES 
INOVADORAS?
Você vê gente estudando educação, vê gente que 
estuda a área da saúde. Só que os problemas das 
cidades estão interconectados, e não isolados. Hoje, 
não há muita gente estudando as cidades, não 
há uma tendência quanto a isso. Quem estudar 
o assunto, sem sombra de dúvidas, vai se dar 
bem. O que acontece é que os municípios estão 
quebrando, e que muitas vezes ficam sem recursos, 
ou simplesmente não sabem como gastá-los. Se há 
alguém que está atento, que está olhando para isso, 
buscando soluções para esse ambiente, vai ter muito 
espaço. As cidades vão precisar disso. 
Se pensarmos em termos práticos, as pessoas não 
“moram” no governo federal, nem no estadual. Elas 
moram nas cidades, onde está o governo municipal. 
Quem sente a pressão mais direta, no dia a dia, é 
o prefeito e a administração pública municipal. Se 
as coisas não estão bem, pode ter certeza de quem 
tem alguém na cidade se estressando bastante. Essa 
pessoa que está se estressando está procurando 
ajuda, mas há pouca gente disponível para colaborar. 
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19
 Voltar para o índice INSPIRE-SE: TRANSFORMAR CIDADES É MAIS FÁCIL QUE PARECE
Q
uando se começa a falar de governo, as 
primeiras impressões que vêm à mente 
estão ligadas à burocracia, à papelada 
sem fim e aos casos de corrupção que 
aparecem na TV. Só que, na vida real, 
 trabalhar no governo não se resume a 
tais clichês. “A gente sabe que existe muita corrupção, 
mas também existe muita coisa que funciona, muita 
gente séria, muita gente dedicada”, resume Joice 
Toyota, bolsista da Fundação Estudar em 2013 e 
co-criadora do Vetor Brasil. 
Antes de criar a organização, a engenheira de 
formação Joice decidiu estudar de perto as políticas 
em educação e a economia por trás delas. Ela 
embarcou para Stanford, onde combinou a formação 
no Mestrado em Educação e um MBA, enquanto 
o outro fundador da Vetor, José Frederico Lyra, ia 
para Harvard estudar políticas públicas. Juntos, eles 
elaboraram o projeto do que se tornaria o Vetor - 
inicialmente, com foco em consultoria e, depois, 
atuando na formação de jovens. 
A proposta da instituição é oferecer a jovens 
brasileiros a oportunidade de enveredar em carreiras 
dentro do governo, em secretarias distribuídas 
INSPIRE-SE: 
PARA 
TRABALHAR 
COM IMPACTO 
SOCIAL EM 
ESCALA, O 
CAMINHO É 
O GOVERNO
A especialista Joice Toyota, co-
fundadora da organização Vetor 
Brasil, que encaminha talentos para 
o setor público, mostra as vantagens 
de apostar na área..
20
 Voltar para o índice 
pelas cinco regiões brasileiras. Atualmente, são 50 
trainees que se dedicam ao longo de um período 
de um a dois anos nos órgãos governamentais. Os 
interessados podem, por exemplo, se debruçar sobre 
projetos na Secretaria de Educação de Salvador, na 
Bahia, ou se dedicar às iniciativas da Secretaria de 
Educação do Estado de São Paulo, na capital paulista. 
Atualmente, um dos planos do Vetor é ampliar a rede 
de instituições que recebem os trainees.
Por trás da criação de Joice, está a ideia de que 
não há apenas uma pessoa que possa consertar os 
problemas complexos que aparecem no setor público. 
É para isso que a equipe do Vetor selecionaquem 
queira colaborar com gestões inovadoras e que saiba 
que, nessa carreira, não há soluções “bala de prata”. 
“A longo prazo, o objetivo é que possamos criar juntos 
uma rede de profissionais altamente qualificados que 
tiveram experiência do lado de dentro do governo, pra 
saber quais são os desafios reais e fazer mudanças 
estruturantes no país”, explica Joice. 
No processo seletivo, não importa qual a sua formação 
acadêmica, nem onde sua graduação foi feita -- o que 
vale mesmo, segundo os fundadores, é ser alguém 
“com muita resiliência e motivação, e que esteja 
disposto a encarar novos desafios”. Para preparar os 
candidatos que são escolhidos, há uma série de aulas 
que contemplam conteúdos de Direito tributário, 
conceitos dentro da administração pública e, para 
completar, aspectos ligados à dinâmica entre pessoas. 
Mais do que saber o beabá técnico, quem opta pelo 
poder público deve saber como agir dentro de uma 
equipe e como lidar com problemas complexos.
MITOS SOBRE O SETOR PÚBLICO
Se as carreiras no setor público possibilitam tanto 
impacto social, por que muitos talentos não se 
aventuram no ramo? A resposta vem, em parte, dos 
mitos difundidos sobre o tema. A ideia de que todo 
político é corrupto, por exemplo, cria uma imagem 
negativa que afasta os jovens. “Quando eu saí da 
consultoria e fui para o governo, as pessoas falavam 
‘ah, mas dá pra trabalhar no governo e não ser 
corrupto?’”, conta Joice. 
O outro obstáculo comum é imaginar que só com 
mais burocracia seria possível solucionar problemas. 
Por um lado, é necessário ter uma estrutura eficiente 
em identificar desvios em órgãos públicos e ficar de 
olho em quem comete tais infrações. Por outro, o 
caminho deve estar livre para quem está disposto 
a inovar. “Nós precisamos ter mais flexibilidade e 
controle inteligente, pra que as pessoas que queiram 
fazer a mudança tenham espaço e não esbarrem em 
tanta burocracia”, explica a engenheira. 
O SETOR PÚBLICO É O LUGAR
“Hoje, o governo é um lugar que apresenta muitas 
dificuldades, mas tem uma tendência muito positiva 
de abertura à inovação”. Essa é a constatação da 
engenheira, que se inspirou em ONGs como a 
Teach For America, cuja proposta é alocar recém-
formados americanos para dar aulas no sistema 
público de educação. 
Oportunidades assim, que se voltam para o setor 
público, proporcionam uma escala bem maior nos 
impactos de cada ação. “Não há barreira entre setor 
público e setor social, é só uma separação por escala. 
E, se você quer trabalhar em escala, o caminho é o 
governo”, aponta Joice. Isso porque, além de ter certas 
prerrogativas enquanto governo para desenvolver ou 
adaptar ações, há mais recursos disponíveis. 
Para a criadora do Vetor, o país passa por um 
momento que deve se reverter em mais disposição 
à mudança. Para Joice, “as coisas só andam quando 
a sociedade quer” -- e as movimentações políticas 
dentro do Brasil, independentemente da orientação 
partidária, mostram que essa vontade existe. Outros 
fatores positivos entram no cálculo. “Nós, em termos 
de transparência de dados, somos um país entre 
os mais avançados que existem. Isso gera pressão 
e ainda mais engajamento da sociedade”, conclui. 
Para quem quer trilhar o caminho da gestão pública, 
talvez este seja o momento. 
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21
 Voltar para o índice INSPIRE-SE: PARA TRABALHAR COM IMPACTO 
SOCIAL EM ESCALA, O CAMINHO É O GOVERNO
A
mineira Daniela Barone Soares 
revolucionou o terceiro setor no Reino 
Unido. Por quase dez anos, Daniela 
liderou a Impetus Trust, organização que 
ensina a ONGs do Reino Unido princípios 
de administração, gerenciamento e formas de ser 
sustentável a longo prazo. Bolsista da Fundação 
Estudar durante o MBA em Harvard, hoje ela trabalha 
na área social e se divide entre projetos com o 
governo britânico, consultorias com organizações 
sem fins lucrativos e cargos como o de membro do 
Business Advisory Council da Saïd Business School, 
em Oxford.
Para ela, que já foi considerada uma das 
personalidades “que fazem o Reino Unido mais 
feliz”, do jornal The Independent, o seu ponto de 
virada não foi fazer um curso específico, voltado para 
impacto social. Ao contrário, o ‘insight’ foi ver que as 
habilidades que ela adquiriu no MBA ‘tradicional’ de 
Harvard e na sua carreira deprivate equity seriam 
muito relevantes para o terceiro setor.
Saiba mais sobre a trajetória dela e veja as dicas que 
ela oferece a quem deseja seguir carreira no terceiro 
setor e fazer a mudança acontecer.
INSPIRE-SE: 
PARA TRABALHAR 
COM IMPACTO 
SOCIAL, VOCÊ 
NÃO PRECISA 
MUDAR DE 
CARREIRA
Para uma das brasileiras mais 
destacadas do Reino Unido, o 
terceiro setor precisa de muitas 
habilidades presentes no setor 
privado. “Todo mundo que quer se 
envolver, pode”
22
 Voltar para o índice 
#1 COMO FOI MUDAR DO MERCADO 
FINANCEIRO PARA O TERCEIRO SETOR?
Desde os 12 anos, fiz voluntariado no Brasil, 
com crianças carentes, órfãos e pessoas com 
deficiências físicas, e continuei fazendo isso a vida 
toda. Eu sempre quis fazer algo voltado ao social, 
mas não sabia como. Mas eu sabia o que eu não 
queria ser: não queria, por exemplo, ser assistente 
social, já que não era esse o trabalho em que 
eu me sairia melhor. Eu percebi isso em um dos 
voluntariados, quando eu ajudei a CEO de uma 
pequena ONG em Nova York a fazer um plano de 
negócios e pensar na estratégia da organização. 
E, para mim, isso foi algo fácil de fazer, até instintivo, 
já que eu trabalhava na época com private equity 
e venture capital. Eu lia planos de negócio todos os 
dias, tinha contato direto com isso. Naturalmente, 
eu também tinha uma abordagem estratégica, e 
isso era uma coisa que faltava numa organização 
como aquela.
Eu vi que com as habilidades que eu já possuía, 
poderia contribuir para o setor. Foi daí que eu 
tomei a decisão de mudar. Demorei um pouco 
para fazer essa transição, mas vi que tinha outras 
possibilidades com o que eu tinha aprendido na 
área de negócios. Quando a oportunidade apareceu, 
eu fiz essa mudança, depois de quase dez anos na 
parte comercial.
#2 COMO A SUA FORMAÇÃO AJUDOU 
NA HORA DE MIGRAR PARA O SETOR?
Tudo sempre ajuda, a gente não perde nada. E, 
no meu caso, ajudou bastante porque o setor 
tem muitas pessoas apaixonadas e com muito 
compromisso, mas que na hora de administrar a 
entidade, não conseguem fazer uma boa gestão. 
Você tem que ter um processo, uma estratégia, uma 
estrutura pra isso, e é algo que a minha formação 
deu de sobra. Principalmente quando eu fui para a 
Impetus, já que nós dávamos essa estrutura para as 
ONGs em geral. A gente trazia eficiência e eficácia 
para essas organizações na Inglaterra, focadas em 
jovens de renda baixa e que não tinham preparação 
para o mercado de trabalho.
#3 QUAIS OUTRAS CARREIRAS 
MAIS PERMITEM CAUSAR IMPACTOS 
SOCIAIS POSITIVOS?
Existem milhões de formas de ajudar socialmente. 
Você não precisa mudar de trabalho. O terceiro setor 
precisa de inúmeras habilidades que o setor privado 
tem. Precisa de recursos, de aconselhamento, de uma 
série de coisas. Todo mundo que quer se envolver 
nisso pode fazer, não precisa mudar de carreira. Dá 
pra se envolver independentemente do seu trabalho, 
da sua experiência.
[Na Impetus], a gente selecionava as instituições, 
com uma série rigorosa de critérios e, uma 
vez firmado o compromisso, fazia nelas um 
investimento social. Nós não recebíamos nenhum 
retorno financeiro, mas havia um retorno social do 
que estávamos fazendo. Nós combinávamos isso 
previamente, e ajudávamos a organização 
a desenvolver uma estratégia e um plano de 
negócios para alcançar as metas. Essa combinação 
ajudava organização a se profissionalizar e a 
crescer, e em paralelo a isso nós tínhamos um 
trabalho na criação e no gerenciamentode impacto. 
Tudo para entender se o que se fazia ali estava 
realmente resolvendo um problema social, se 
realmente estava ajudando a população-alvo no 
longo prazo. Nós coletávamos dados e fazíamos 
análises deles.
#4 E DE QUAIS HABILIDADES O 
TERCEIRO SETOR AINDA PRECISA?
Cada organização tem a sua necessidade. Mas, 
em geral, tudo o que você precisa em uma 
companhia é o que vai precisar no terceiro setor, 
para administrar uma ONG. Na verdade, você precisa 
ainda mais. Comparado com private equity, por 
exemplo, o setor de ONGs é mais complexo. Isso 
não quer dizer que private equity seja fácil, mas 
que ele é simples de entender. A maior parte das 
decisões tem base no objetivo de lucro, isso é 
muito claro, é o objetivo primário. No setor social, 
você tem objetivos que competem entre si, e 
isso às vezes atrapalha nas decisões que você 
precisa tomar.
23
 Voltar para o índice INSPIRE-SE: PARA TRABALHAR COM IMPACTO SO-
CIAL, VOCÊ NÃO PRECISA MUDAR DE CARREIRA
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Por exemplo, quando eu estava na Save the Children, 
nós desenvolvíamos um trabalho importante na 
África, enquanto a unidade na Inglaterra também 
fazia um projeto com refugiados por aqui. As 
pessoas que doavam dinheiro para a iniciativa na 
África souberam que nós fazíamos um trabalho com 
refugiados na Inglaterra, e não gostaram disso. Eles 
falaram “ou vocês param esse projeto, ou a gente 
vai parar de doar e financiar o trabalho de vocês na 
África”. E aí, o que você faz? Se eu acho importante 
tanto o que desenvolvemos na África quanto na 
Inglaterra, como eu posso tomar uma decisão? Isso 
acontece no terceiro setor diariamente. Diariamente, 
você tem menos recursos do que o necessário pra 
fazer tudo o que precisa. Todo dia, você tem que 
priorizar e re-priorizar, rever e ver onde você pode 
dizer “não”, sem sair do seu foco estratégico.
#5 QUAIS AS PRINCIPAIS DIFICULDADES 
QUE UM PROFISSIONAL ENFRENTA NO 
TERCEIRO SETOR?
Primeiro, o retorno financeiro é muito menor do que 
o que a pessoa alcançaria no setor comercial. Essa 
realidade de ter menos recursos pra tudo também é 
muito presente e diária. Você quer fazer uma coisa, 
mas vai ter que fazer de outra forma, vai ter que ser 
mais criativo, vai ter de encontrar alternativas não tão 
óbvias. Também é preciso ter uma paciência maior, 
já que se lida com muita gente que fala linguagens 
diferentes da sua. Quem não tem base comercial, 
fala uma língua diferente da sua, e você ainda tem 
de lidar com o governo, com fundações, com centros 
de pesquisa. É uma variedade de agentes com quem 
temos de lidar. Esse tipo de decisão, em especial 
pensando nos interesses que podem competir, fica 
um pouco mais complicada.
#6 QUAIS OS CONSELHOS PARA QUEM 
TEM INTERESSE EM TRABALHAR NO 
TERCEIRO SETOR?
Antes de tudo, é essencial se informar. O terceiro 
setor é tão vasto quanto o comercial, e você 
precisa identificar qual área tem a ver com os seus 
interesses, com a sua formação, com o que você 
quer. Também é preciso saber que tipo de trabalho 
interessa mesmo. Uma coisa é fazer parte de 
campanhas populares, outra é trabalhar com políticas 
públicas, outra é ir a campo. Para mim, por mais que 
eu adorasse fazer trabalho voluntário com crianças 
carentes, essa experiência me afetava muito. Não 
dava para fazer isso todos os dias, no meu caso, mas 
tem gente que se dá bem e quer se dedicar a isso. 
Então, é necessário conhecer seu perfil. Também é 
bom “fazer a lição de casa”: falar com as pessoas 
do setor, se informar sobre ele, visitar organizações. 
Teste o campo em que você quer atuar, se engaje em 
trabalhos voluntários, testes as hipóteses na prática. 
Isso ajuda muito.
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CIAL, VOCÊ NÃO PRECISA MUDAR DE CARREIRA
Textos
Priscila Bellini
Edição
Nathalia Bustamante
 
Design 
Danilo de Paulo
Renata Monteiro 
 
Fundação Estudar, 2016

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