Buscar

Dossiê Superinteressante - Edição 404-A (2019-07)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O passado, 
o presente e 
o futuro da era 
espacial – e as 
histórias não 
contadas do 
maior passo que 
a humanidade 
já deu. 
PROJETO N-1
As tentativas 
secretas da URSS 
de pousar na Lua, 
um ano antes 
dos EUA. PÁG 16
PROGRAMA 
APOLLO
Hóstia, explosões 
e golfe: os 
detalhes técnicos, 
os imprevistos 
e os bastidores 
de todas as 17 
missões. PÁG. 20
ARTEMIS 
CONTRA SPACEX
Como a Nasa 
pretende voltar à 
Lua em 2024 – mas 
o setor privado 
pode chegar mais 
rápido. PÁG. 58
Capa-50anosHomemLua.indd 1 12/06/19 17:43
Grupo Unico PDF Passe@diante
CartaSumario.indd 2 12/06/19 16:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
CartaSumario.indd 3 12/06/19 16:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
O pequeno 
passo e 
o grande 
salto
C
COM SEUS 3.474 KM de diâme�o, a Lua 
representa um território de qua�o Bra-
sis e meio, localizado a pouco menos de 
400 mil quilôme�os de distância, num 
eterno balé ao redor da Terra. Seu visual 
estéril e sem vida é ao mesmo tempo 
um desafio e uma promessa – “magní-
fica desolação", nas palavras de Buzz 
Aldrin, segundo homem a caminhar 
por esse con�nente removido da Terra, 
ainda hoje largamente inexplorado.
Há exatos 50 anos, por razões ge-
opolí�cas peculiares, duas nações se 
lançaram a uma disputa em que quase 
nenhuma despesa era excessiva, quase 
nenhum risco era exagerado, para pro-
var que era possível levar humanos à 
Lua e �azê-los de volta à Terra. Com a 
alunissagem realizada pela Apollo 11, 
em 20 de julho de 1969, terminava a 
corrida espacial. Mas, ao mesmo tempo, 
começava a primeira era de exploração 
lunar �ipulada, concluída em 1972 e 
até hoje sem sucessora, embora planos 
para uma retomada não faltem, e eles 
estejam cada vez mais maduros.
A revista que está em suas mãos 
conta a espetacular história de como 
todos os as�os se alinharam, meio sé-
culo a�ás, para propiciar as primeiras 
andanças de 12 homens pela superfície 
lunar. Os primeiros passos, os projetos, 
as aven�ras e desven�ras, os riscos 
e as recompensas, numa jornada que, 
mais que ajudar a dar à luz o mundo ul-
�aconectado que nos cerca hoje, elevou 
a humanidade para além dos aparentes 
limites de seu próprio confinamento 
planetário. Uma vez derrubada essa 
barreira, as fronteiras do fu�ro são 
delimitadas apenas pela imaginação. 
Se na mitologia foi Prometeu quem 
deu o fogo aos humanos, na realidade 
foi Apolo quem os ensinou a usá-lo.
E D I T O R
Salvador Nogueira
c o r r i d a
 8 Sputnik, 
Laika e Gagarin
 10 Mercury 
e Vostok
 12 Gemini e 
Voskhod
 14 A invasão 
dos robôs
 16 Lua vermelha
1
CartaSumario.indd 4 12/06/19 16:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
h e r a n ç a a r t em i sa p o l l o
 20 O caminho para a Lua
 22 Apollo 1
 23 Apollo 7
 24 Apollo 8
 26 Apollo 9
 28 Apollo 10
 30 Apollo 11
 36 Apollo 12
 38 Apollo 13
 40 Apollo 14
 42 Apollo 15
 44 Apollo 16
 46 Apollo 17
 50 Das viagens 
à Lua, nasce o 
mundo moderno
 52 Os gigantes 
se encontram 
no espaço
 54 A era dos 
ônibus espaciais
 58 O novo caminho 
para a Lua
 60 A nova corrida 
espacial
 64 O futuro da Lua
3 42
CartaSumario.indd 5 12/06/19 16:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
CAP1.indd 6 12/06/19 17:07
Grupo Unico PDF Passe@diante
1
c o r r i d a
NUMA DISPUTA desenfreada para ver quem tinha 
maior poderio tecnológico (sem falar em foguetes 
capazes de transportar ogivas nucleares mais 
devastadoras), Estados Unidos e União Soviética 
disputaram palmo a palmo, voo a voo, os cerca 
de 384 mil quilômetros que separam nosso 
planeta de seu único satélite natural: a Lua.
T E X T O S S A LVA D O R N O G U E I R A
CAP1.indd 7 12/06/19 17:07
Grupo Unico PDF Passe@diante
1 2
Sputnik, 
Laika e 
Gagarin
Em apenas quatro 
anos, a União 
Soviética lançara 
o primeiro satélite, 
primeiro animal e 
primeiro humano ao 
espaço. Perdendo 
feio, os americanos 
se viram obrigados 
a mirar mais 
alto: a Lua.
1. Yuri Gagarin, o 
primeiro humano 
no espaço. 
2. A cadela Laika, 
que voou no 
satélite Sputnik 2.
Fo
to
s:
 G
et
ty
 Im
ag
es
CORRIDA
CAP1.indd 8 12/06/19 17:07
Grupo Unico PDF Passe@diante
Diante de tamanha comoção, o grupo de engenhei-
ros e cien�stas liderado por Sergei Korolev, o pai do 
programa espacial russo, não perdeu o �ming. Menos 
de um mês depois, em 3 de novembro daquele ano, 
voaria o Sputnik 2, �ansportando a bordo a cachorri-
nha Laika – era a sinalização de que a União Sovié�ca 
pretendia levar humanos ao espaço. E, de lá, poderia 
sobrevoar os Estados Unidos quanto quisesse. Sem 
falar que foguetes capazes de colocar espaçonaves em 
órbita também poderiam �ansportar com facilidade 
bombas nucleares até o ou�o lado do mundo, sem 
grande demora ou impedimento. 
O governo americano precisava responder. Por 
ordem do presidente Dwight Eisenhower, o programa 
de satélites foi acelerado, e a primeira tenta�va de 
responder ao Sputnik veio em 6 de dezembro de 1957. 
Diante das câmeras, o foguete Vanguard subiu por 
apenas dois segundos antes de despencar e explodir 
sobre a plataforma. Papelão.
E o que você faz quando seu foguete falha? Chama 
o Meirelles? Não, chama o Von Braun. Werhner von 
Braun, criador dos foguetes V-2 que bombardearam 
Londres para a Alemanha nazista durante a Segun-
da Guerra, havia sido �azido aos Estados Unidos e 
“desnazificado” pela Operação Clipe de Papel, junto 
com muitos ou�os cien�stas importantes, e estava 
�abalhando na Agência de Mísseis Balís�cos do Exér-
cito em Huntsville, Alabama. Ele preparou às pressas 
uma nova tenta�va de lançamento, com seu novo 
foguete Jupiter-C, e em 31 de janeiro de 1958, par�ndo 
de Cabo Canaveral, o satélite americano Explorer 1 
a�ngia sua órbita. Sob o governo Einsenhower, em 
29 de julho de 1958, era fundada a Adminis�ação 
Nacional de Aeronáu�ca e Espaço – hoje todo mundo 
só chama de Nasa. Sua principal missão: responder à 
União Sovié�ca e preparar as�onautas americanos 
para seus primeiros voos espaciais.
O preço polí�co de sair a�ás na corrida espacial 
foi alto. Em 1960, os republicanos perderam a eleição 
para um jovem senador democrata de Massachusetts, 
John F. Kennedy, sob o argumento de que havia um 
a�aso inaceitável na tecnologia americana de mísseis.
A União Sovié�ca, con�do, manteria a dianteira. 
Em 12 de abril de 1961, antes que qualquer america-
no a�ngisse o espaço, o piloto russo Yuri Gagarin, 
nascido numa fazenda comunal nos arredores de 
Moscou, completaria uma órbita ao redor da Terra 
a bordo da nave Vostok 1, tornando-se o primeiro 
humano a deixar seu planeta de origem – ainda que 
por pouco mais de uma hora e meia.
Kennedy então chamou ao pé do ouvido o admi-
nis�ador da Nasa, James Webb, e perguntou: qual 
meta seria tão difícil que teríamos chance de chegar-
mos primeiro que os russos? A resposta você pode 
imaginar qual foi. Estava aberta a corrida para a Lua.
QUATRO DE OUTUBRO de 1957 foi o dia 
em que a humanidade acordou para o 
espaço. Pela primeira vez, a Terra �nha 
um as�o companheiro em órbita de si 
que não era produto direto da na�reza 
– um satélite ar�ficial. O lançamento do 
Sputnik, conduzido pela an�ga União 
Sovié�ca, deu início à chamada corrida 
espacial. Ninguém sabia direito o que 
estava por vir, é verdade. Tanto que, 
na edição do dia seguinte do Pravda, 
o jornal oficial soviético, nem foi a 
manchete principal: só saiu no pé da 
primeira página.
Nem mesmo o premiê sovié�co, Ni-
kita Kruschev, se tocou da importância 
do negócio. Mais tarde, ele relembraria 
o episódio assim: “Quando o satélite foi 
lançado, eles me telefonaram dizendo 
que o foguete �nha tomado o curso 
correto e que o satélite já estava girando 
em torno da Terra.Eu parabenizei o 
grupo de engenheiros e técnicos nesse 
feito impressionante e calmamente fui 
para a cama.” 
Nos EUA, con�do, a reação foi muito 
diferente. O jornal The New York Times 
da mesma data estampou o lançamento 
com uma manchete de �ês linhas em 
le�as garrafais: Sovié�cos disparam 
satélite terres�e para o espaço; está 
circulando o globo a 18 mil milhas por 
hora; esfera é ras�eada em qua�o pas-
sagens sobre os EUA.
A reação foi de choque, no que ficou 
conhecido como “efeito Sputnik”. Pela 
primeira vez, desde o início da Guer-
ra Fria, os americanos se sen�am em 
inferioridade tecnológica (e militar) 
comparados aos sovié�cos.
Q
APESAR DA 
DIANTEIRA 
SOVIÉTICA, 
O SATÉLITE 
AMERICANO 
EXPLORER 1 
FOI O 
PRIMEIRO A 
DETECTAR OS 
CINTURÕES 
DE RADIAÇÃO 
QUE EXISTEM 
AO REDOR 
DA TERRA.
9DOSS I Ê SUPER 
CAP1.indd 9 12/06/19 17:07
Grupo Unico PDF Passe@diante
Mercury 
e Vostok
Entre 1961 
e 1963, as 
primeiras naves 
tripuladas de 
americanos 
e soviéticos 
demonstraram 
que seria 
possível ao 
ser humano 
sobreviver 
e trabalhar 
no espaço.
 VOSTOK 
 1961 - 1963 
Yuri Gagarin (1961)
Gherman Titov (1961)
Andriyan Nikolayev (1962)
Pavel Popovich (1962)
Valery Bykovsky (1963)
Valentina Tereshkova (1963)
 MERCURY-REDSTONE 
 1961 
Alan Shepard Jr. (1961)
Virgil "Gus" Grissom (1961)
 MERCURY-ATLAS 
 1962 - 1963 
John Glenn (1962)
Scott Carpenter (1962)
Walter Schirra (1962)
Gordon Cooper (1963)
o s 
f o g u e t e s
Após dois voos suborbitais 
com o Redstone, a Nasa 
adotou o Atlas, capaz de voo 
orbital, como o soviético R-7.
Im
ag
en
s:
 d
iv
ul
g
aç
ão
CORRIDA
CAP1.indd 10 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
Nessa, Gagarin chegou primeiro ao espaço, em 12 de 
abril. Shepard só deixaria a atmosfera em 5 de maio.
Quase um empate? Nada disso. O voo de Gagarin 
havia sido orbital – ele deu uma volta na Terra e 
desceu, em 1 hora e 48 minutos. Já o de Shepard foi 
subir e cair – uma escalada a 187 km de al��de e 
uma descida em queda livre. Tudo isso em 15 minutos.
Apenas 13 dias após essa “missão", em 25 de maio, 
o presidente John F. Kennedy discursaria diante do 
Congresso, ecoando os úl�mos eventos. “Se vamos 
vencer a batalha que agora se �ava ao redor do mundo 
en�e liberdade e �rania, as realizações dramá�cas no 
espaço que ocorreram em semanas recentes deveriam 
deixar claro para nós, como o Sputnik fez em 1957, 
o impacto dessa aven�ra nas mentes dos homens 
em toda parte", afirmou. “Eu acredito que esta nação 
deveria se comprometer a a�ngir a meta, antes que 
esta década termine, de pousar um homem na Lua e 
�azê-lo de volta em segurança para a Terra."
Em re�ospecto, a inicia�va chega a ser assustadora. 
Àquela al�ra, os programas Vostok (Oriente, em rus-
so) e Mercury (Mercúrio, o deus mensageiro romano) 
estavam só começando a determinar a viabilidade de 
humanos sobreviverem ao ambiente espacial, que 
dirá �abalharem nele a ponto de concluírem com 
sucesso uma jornada à Lua. E mesmo nesse quesito 
os sovié�cos estavam bem mais adiantados.
Impulsionada por um foguete mais potente, a 
Vostok era mais parruda e podia realizar voos mais 
longos. Para que se tenha uma ideia, a Vostok 2, com o 
cosmonauta Gherman Titov, decolou em 6 de agosto 
de 1961, e ele passou 1 dia, 1 hora e 18 minutos em voo.
A Mercury, por conta da menor capacidade do 
foguete Redstone, começou limitada a voos subor-
bitais, e realizou um segundo deles em 24 de julho, 
com Virgil Grissom a bordo. Mas a primeira missão 
orbital teria de esperar o lançador Atlas, e o primeiro 
americano a igualar Gagarin e orbitar a Terra só voaria 
em 20 de fevereiro de 1962 – John Glenn completaria 
�ês voltas ao redor da Terra, em 4 horas e 55 minutos.
Ao final, cada projeto realizaria seis voos, en�e 
1961 e 1963. En�e os sovié�cos, o mais duradouro 
foi o da Vostok 5, iniciado em 14 de junho de 1963, 
com o cosmonauta Valery Bykovsky a bordo: 4 dias, 
23 horas e 7 minutos. En�e os americanos, o mais 
duradouro foi o úl�mo voo da cápsula Mercury, em 
15 de maio de 1963, em que o as�onauta Gordon 
Cooper passou 1 dia e 10 horas em órbita. De quebra, 
os sovié�cos usaram a Vostok 6 para lançar Valen�na 
Tereshkova, a primeira mulher a ir ao espaço, dois 
dias após a decolagem de Bykovsky, em 16 de junho.
Concluída a primeira fase dos voos espaciais �i-
pulados, americanos e sovié�cos precisariam desen-
volver e testar as habilidades e tecnologias para dar 
o próximo passo: ir à Lua.
SE VIVÊSSEMOS no planeta dos macacos, 
a grande festa do voo espacial �ipulado 
não seria em 12 de abril, aniversário do 
lançamento de Yuri Gagarin, e sim em 
31 de janeiro. Nessa data, em 1961, foi 
ao espaço Ham – o primeiro chimpanzé 
as�onauta. E ele era americano.
Se �do �vesse corrido bem, essa 
teria sido a úl�ma missão de teste do 
projeto Mercury, des�nado a levar os 
primeiros americanos ao espaço. Só 
que não foi bem isso que aconteceu, 
e o nosso amigo Ham foi quem se deu 
mal. O foguete Redstone, projetado por 
Wernher von Braun, ofereceu potência 
maior que a esperada e o voo acabou 
sendo mais longo e ríspido. A cápsula 
caiu no mar longe do navio de resgate.
Foi des�no melhor que o de Laika, 
a cadela sovié�ca que havia voado ao 
espaço pouco mais de �ês anos antes 
num satélite sem capacidade de retorno 
seguro à Terra, e que morreu menos de 
sete horas depois do lançamento, por 
uma combinação de es�esse e hiper-
termia causada por falha na cápsula.
Apesar de ter sobrevivido, o chim-
panzé Ham ficou bem �auma�zado: 
durante o voo, ele experimentou a 
sensação de ter 14,7 vezes o próprio 
peso, conforme a aceleração brutal li-
teralmente o esmagava em seu assento.
Em plena corrida espacial, alguns nos 
Estados Unidos consideraram esse voo 
um sucesso e queriam que o próximo, 
a ser conduzido o mais rápido possível, 
levasse o as�onauta Alan Shepard Jr. 
Von Braun, con�do, advogava cautela 
e pediu mais um teste antes de embar-
car um humano numa cápsula Mercury. 
S
QUANDO 
JOHN F. 
KENNEDY 
PROPÔS A 
IDA À LUA, 
AINDA MAL 
SE SABIA SE 
HUMANOS 
PODERIAM 
DE FATO 
TRABALHAR 
DE FORMA 
EFETIVA NO 
ESPAÇO.
1 1DOSS I Ê SUPER 
CAP1.indd 11 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
1
2
MESMO ANTES de definir a arquite�ra 
de suas missões lunares, a Nasa sabia 
que precisaria demons�ar previamen-
te certas capacidades para ter alguma 
chance de sucesso. Por exemplo: o de-
senvolvimento de técnicas eficientes 
de encon�o e acoplagem em órbita, o 
Os soviéticos saíram na frente, com a 
primeira caminhada espacial; os americanos 
devolveram com a primeira acoplagem – ambas 
habilidades essenciais para a ida à Lua.
M
Fo
to
s:
 G
et
ty
 Im
ag
es
Gemini e 
Voskhod
CORRIDA
CAP1.indd 12 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
teve de parar os �abalhos e criar algo mais simples: 
a Voskhod (Nascente), nave capaz de – forçando a 
barra – levar �ês pessoas. Seu primeiro voo foi em 
12 de ou�bro de 1964, com Vladimir Komarov, Boris 
Yegorov e Konstan�n Feok�skov. A missão durou um 
dia e colocou a União Sovié�ca de novo na dianteira.
Não bastasse isso, menos de seis meses depois, a 
missão Voskhod 2 realizaria a primeira caminhada 
espacial da história. Foi em 18 de março de 1965. O 
cosmonauta Alexei Leonov passou 12 minutos fora 
da nave, protegido só por seu �aje espacial, enquanto 
seu colega Pavel Belyayev o esperava do lado de den-
�o. Os sovié�cos venderam o feito como mais um 
sucesso, mas a história real foi puro drama e perigo.
No espaço, o �aje de Leonov inflou demais e ele 
mal conseguia se mover. Sofreu para voltar à nave. 
Depois, o sistema automá�co de pouso falhou, e os 
cosmonautas só conseguiram acioná-lo na órbita se-
guinte,descendo numa floresta gélida e remota. Os 
dois passaram a noite espantando lobos, até serem 
resgatados. Segundo e úl�mo voo da Voskhod.
Cinco dias depois, em 23 de março de 1965, a Nasa 
lançaria o primeiro voo �ipulado do Projeto Gemini. 
A bordo da Gemini 3, os as�onautas Virgil “Gus” 
Grissom e John Young deram �ês voltas ao redor da 
Terra. Dali para a frente, os americanos finalmente 
começariam a tomar a dianteira na corrida para a Lua.
Na Gemini 4, em 3 de junho de 1965, Edward White 
II faria a primeira caminhada espacial americana. E, 
numa sequência de voos em rápida sucessão, a Nasa foi 
matando vários desafios para a fu�ra viagem lunar. 
As naves Gemini 6 e 7 fizeram um encon�o no espaço, 
e a Gemini 8 realizou a primeira acoplagem espacial 
da história, ao se conectar a um propulsor Agena.
A missão, conduzida em 16 de março de 1966, 
�nha como comandante um tal de Neil Arms�ong, 
e sua perícia como piloto foi essencial. Logo após 
a acoplagem, um propulsor lateral �avou a�vado e 
começou a rotacionar a cápsula, que chegou a girar 
a uma revolução por segundo. Arms�ong teve de 
usar o sistema de retorno para recuperar o con�ole 
antes que ele e seu colega David Scott desmaiassem, 
e aí não houve ou�a escolha senão abortar a missão.
Voos subsequentes fizeram acoplagens �anquilas 
e, na Gemini 11, Charles “Pete” Conrad Jr. e Richard 
Gordon Jr. usaram o Agena para elevar a nave a uma 
al��de de 1.374 km, cruzando um dos cin�rões de 
radiação gerados pelo campo magné�co terres�e e 
mos�ando que os as�onautas não teriam proble-
mas em cruzá-los, a caminho da Lua. Isso era uma 
incógnita e uma preocupação na época (temia-se pela 
saúde dos �ipulantes). O programa foi encerrado com 
a Gemini 12, num voo iniciado em 11 de novembro 
de 1966. Nele, a Nasa descobriu o seu mais hábil 
“caminhante espacial”: Edwin “Buzz” Aldrin.
teste de equipamentos des�nados às 
caminhadas espaciais e a realização de 
manobras orbitais sofis�cadas.
Para atender a essas demandas, ainda 
em 1961, a agência americana decidiu 
criar um projeto intermediário, Gemini 
(Gêmeos), usando os foguetes Titan II 
e uma cápsula para dois �ipulantes.
A União Sovié�ca estava surfando na 
onda espacial, e não havia qualquer in-
tenção de deixar os americanos saltarem 
adiante. Por isso, o líder sovié�co Nikita 
Kruschev requisitou que o proje�sta-
chefe Sergei Korolev criasse uma nave 
com capacidade para mais de um cos-
monauta e a lançasse antes da Gemini. 
Para Korolev, era um passo a�ás. Ele já 
estava �abalhando num modelo mais 
sofis�cado, a famosa Soyuz, cápsula que 
até hoje �ansporta gente ao espaço. Só 
que ela não ficaria pronta a tempo de 
bater a Gemini, de forma que Korolev 
1. Alexei Leonov 
em caminhada 
espacial, numa 
pintura de 
sua autoria.
2. Ed White, que 
realizou a primeira 
caminhada 
americana.
VOANDO A 
CADA DOIS 
OU TRÊS 
MESES, AS 
MISSÕES 
GEMINI 
AJUDARAM 
OS EUA A 
TOMAR A 
DIANTEIRA 
NA CORRIDA 
ESPACIAL.
13DOSS I Ê SUPER 
CAP1.indd 13 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
A invasão 
dos robôs
UMA BOA MEDIDA da temeridade que 
foi anunciar, em 1961, um projeto de 
levar gente à superfície da Lua é que 
pra�camente �do que cercava a viabi-
lidade da empreitada era desconhecido 
na época. Poderiam as�onautas lidar 
com a ausência de peso por vários dias 
durante a jornada? Seria possível tolerar 
o ambiente de radiação interplanetária 
sem ficar doente? O desconhecido era 
tão grande que não se sabia sequer se 
era mesmo possível pousar na Lua e 
Antes que astronautas pudessem andar na Lua, missões 
não tripuladas tiveram de abrir caminho, mapeando o solo e 
garantindo que nada que pousasse lá afundaria em seguida.
U
onde o terreno seria mais favorável para 
uma tenta�va.
Até então, a melhor forma de fazer 
reconhecimento do solo lunar era por 
telescópios, que só permi�am enxergar 
“detalhes” com pelo menos 300 me�os 
de comprimento. Para pousar uma na-
ve de poucos me�os, essa resolução 
era essencialmente inú�l. Além disso, 
não se sabia sequer a consistência do 
solo lunar. Havia quem pensasse que 
qualquer coisa que pousasse na Lua 
poderia simplesmente afundar, como 
se es�vesse sobre areia movediça.
Seria preciso, portanto, determinar 
que condições seriam encon�adas por 
lá antes de colocar humanos a caminho 
da superfície. E quem começou na fren-
te foi, para variar, a União Sovié�ca. A 
primeira sonda não �ipulada de sucesso 
a ser enviada para lá foi a Luna 2, que 
colidiu com o satélite na�ral em 14 de 
setembro de 1959. (Pois é, naquela épo-
ca colidir já era considerado sucesso.) 
Em seguida, veio a Luna 3, a primeira 
a fotografar o lado afastado da Lua, em 
7 de ou�bro de 1959.Fot
o:
 d
iv
u
lg
aç
ão
CORRIDA
CAP1.indd 14 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
A imagem não era grande coisa, mas impressio-
nava por ser a primeira vez que a humanidade �nha 
a chance de ver a metade da Lua que está sempre de 
costas para a Terra. Como nosso satélite na�ral tem 
rotação e �anslação sincronizados, vemos sempre a 
mesma face dele daqui. A Luna 3 revelou que a face 
oculta era bem diferente, mais marcada por crateras 
e quase totalmente desprovida de “mares”, as regiões 
mais planas e escuras que podemos ver até mesmo 
a olho nu no lado próximo.
En�e os americanos, o primeiro programa lunar 
não �ipulado foi o Ranger, conduzido pelo JPL (La-
boratório de Propulsão a Jato) da Nasa. O obje�vo 
era basicamente viajar na direção da Lua e ir �rando 
fotos, até �ombar com ela. Com a determinação de 
Kennedy de levar humanos ao solo lunar, seu princi-
pal obje�vo se tornou fazer imagens mais próximas 
de potenciais locais de pouso. Con�do, a primeira 
missão a enviar fotos desse �po foi a Ranger 7, que 
bateu na Lua em 31 de julho de 1964.
Esse contraste fazia parecer que os soviéticos 
estavam muito à frente. Mas o �uque aí é que, do 
lado de lá da Cor�na de Ferro, só eram anunciadas 
publicamente missões que �vessem algum sucesso. 
Antes da Luna 1 (que voou com sucesso, mas errou a 
Lua), os sovié�cos haviam feito �ês tenta�vas que ter-
minaram em falha no lançamento. Depois do sucesso 
da Luna 3, houve 13 fracassos (mas só cinco números) 
até a Luna 9, que em 3 de fevereiro de 1966 se tornou 
a primeira nave da história a pousar suavemente na 
Lua. Em seguida, em 31 de março de 1966, a Luna 10 
se tornaria o primeiro satélite ar�ficial lunar.
Os americanos, a essa al�ra, já estavam nos cal-
canhares dos russos. A Surveyor 1 alunissou com 
sucesso em 2 de junho de 1966, na primeira de uma 
série de sete missões (das quais cinco foram bem-
sucedidas). Chamou especial atenção a Surveyor 6, 
que em 10 de novembro de 1967 realizou a primeira 
decolagem na Lua – um salto de poucos me�os –, 
ou�o processo fundamental se as missões �ipuladas 
não quisessem acabar em �agédia.
Por ou�o lado, a Nasa �nha também o programa 
Lunar Orbiter, com cinco espaçonaves que, en�e 1966 
e 1967, mapearam 99% da superfície lunar com re-
solução de 1 me�o, permi�ndo assim a escolha de 
locais de pouso ideais para as missões Apollo.
Os sovié�cos prosseguiram com suas missões 
não �ipuladas Luna até 1976, realizando coletas de 
amos�as de solo (reenviadas de volta à Terra) e pe-
rambulando pela superfície com dois jipes robó�cos, 
Lunokhod 1 e 2. Mas, fora isso, passaram as déca-
das seguintes fingindo que jamais haviam tentado 
enviar seus cosmonautas à Lua e que, portanto, os 
americanos �avaram uma corrida con�a ninguém. 
Nada, con�do, poderia estar mais longe da verdade.
A Terra vista da 
Lua pela sonda 
Lunar Orbiter 1, 
em versão original 
e reprocessada 
digitalmente.
OS 
SOVIÉTICOS 
TIVERAM 
GRANDE 
SUCESSO 
COM SUAS 
MISSÕES 
NÃO 
TRIPULADAS, 
CHEGANDO 
A PILOTAR 
DOIS 
JIPINHOS 
NA LUA.
15DOSS I Ê SUPERCAP1.indd 15 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
Lua 
vermelha
Foi por muito pouco. 
Negado durante 
décadas, o programa 
lunar soviético quase 
conseguiu a primazia 
no envio das primeiras 
missões tripuladas ao 
nosso satélite natural.
S
SE TUDO TIVESSE corrido conforme os planos sovi-
é�cos, o primeiro homem a pisar na Lua teria sido 
o cosmonauta Alexei Leonov, no ano de 1968. Três 
anos antes, o proje�sta-chefe do programa espacial 
da União Sovié�ca, Sergei Korolev, havia recebido 
autorização oficial do governo para executar o projeto, 
que envolvia a cons�ução de um superfoguete e de 
espaçonaves capazes de levar um único �ipulante 
ao solo lunar.
Enquanto os americanos tocavam seu programa 
lunar diante dos olhos do mundo todo – com todas 
as tenta�vas frus�adas e dificuldades na�rais –, 
os sovié�cos man�veram o seu em total sigilo. Por 
décadas, chegaram até a negar que �vesse exis�do 
qualquer esforço para levar uma nave �ipulada à Lua. 
Mas os documentos da época, liberados após o fim 
da Guerra Fria, mos�am que não só a disputa exis�u 
como quase terminou em vitória para os vermelhos.
O programa ficou conhecido apenas pela sigla 
N-1/L-3. O N-1 era um foguete de alta capacidade 
igual, 
só que 
não
O programa 
soviético usaria 
estratégia similar 
à dos americanos, 
mas com 
capacidade menor.
 N-1 
 1969-1972 
Lançador de alta 
capacidade com 
três estágios e 
105 metros, o N-1 
seria capaz de 
impulsionar até 
23,5 toneladas até 
a Lua. Realizou 
quatro voos entre 
1969 e 1972, 
todos marcados 
por falhas no 
primeiro estágio. Im
ag
en
s:
 d
iv
ul
g
aç
ão
CORRIDA
CAP1.indd 16 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
Os planos previam os primeiros voos-teste para 1966, 
e as missões reais de órbita e pouso aconteceriam 
en�e 1967 e 1968.
Hoje, até os especialistas russos concordam que o 
plano sovié�co era cheio de falhas e muito arriscado. 
Mas até 1965 ninguém – den�o ou fora da União So-
vié�ca – pensava assim. A ideia por �ás do programa 
era apenas chegar lá primeiro, não chegar lá melhor, 
então qualquer esforço – e risco – estava valendo. 
Afinal, os sovié�cos permaneciam invictos na cor-
rida espacial, não tendo perdido um único marco 
importante para os americanos.
As coisas só foram se complicar mesmo no fim 
de 1965, quando Korolev teve diagnos�cado um cân-
cer de cólon. Foi internado, �atado e operado. Em 
janeiro de 1966, morreu sem ver um único teste de 
suas criações lunares.
O programa do foguete N-1 con�nuava em de-
senvolvimento, mas os avanços eram lentos. Já o L-1 
estava bem adiantado e diversos protó�pos chegaram 
a ser lançados. O mais in�igante deles, em setembro 
de 1968, promoveu a primeira visita às cercanias da 
Lua por habitantes da Terra – só que eram tartaru-
gas, moscas, bactérias, sementes e plantas. Detalhe: 
elas voltaram à Terra em segurança, pavimentando o 
caminho para um fu�ro voo circunlunar �ipulado. 
Provavelmente teria acontecido se os americanos 
não �vessem se antecipado e lançado a Apollo 8 na 
direção da Lua, em dezembro daquele ano (leia mais 
na pág. 24). Depois disso, só um pouso lunar �ipu-
lado poderia servir aos sovié�cos, e eles decidiram 
concen�ar os esforços no N-1.
A corrida en�ava em seu momento decisivo. No 
início de 1969, o gigante N-1 finalmente estava pronto 
para um voo-teste. Às 9h18 da manhã do dia 21 de 
fevereiro, o foguete se desprendeu da base e subiu, 
deixando a�ás de si uma elipse de fumaça branca. O 
sonho durou 68,7 segundos, até que vibrações anô-
malas e um incêndio fizeram o comando abortar a 
missão e explodir o N-1, a 30 quilôme�os de al��de.
Uma segunda tentativa ainda seria conduzida 
em 3 de julho daquele ano, mas os resultados não 
foram muito diferentes. Depois de 50 segundos de 
voo, o enorme N-1 ficou fora de con�ole e teve de 
ser des�uído no ar.
Apenas 13 dias depois, par�a do Cen�o Espacial 
Kennedy, na Flórida, a missão americana Apollo 11. 
Em 20 de julho, Neil Arms�ong e Edwin “Buzz” 
Aldrin fincariam a bandeira americana na superfície 
lunar, marcando a defini�va virada dos Estados Uni-
dos na corrida espacial (leia mais sobre ela na pág. 30). 
O N-1 ainda teve dois voos de teste, em 1971 e 1972, 
ambos fracassados, antes de o programa ser suspenso 
pelos sovié�cos em 1974 e cancelado sumariamente, 
de forma melancólica, dois anos depois.
capaz de impulsionar veículos �ipu-
lados à órbita lunar, era uma espécie 
de Sa�rn V russo. Já sob a designação 
L, havia �ês veículos-base, L-1, L-2 e 
L-3. O L-1 era uma nave �ipulada que 
apenas contornaria a Lua, enquanto as 
séries L-2 e L-3 seriam usadas para co-
locar cosmonautas na Lua. Tanto o L-1 
quanto o L-2 eram versões adaptadas 
do projeto básico da Soyuz, espaçonave 
desenvolvida por Korolev para opera-
ções orbitais que até hoje segue em uso.
As cápsulas do �po L-1 eram versões 
ligeiramente encolhidas da Soyuz, que 
podiam ser lançadas para a Lua com 
foguetes já disponíveis na União Sovi-
é�ca desde 1964, como o Proton. Mas 
as naves L-2 e L-3 precisariam esperar 
pelo desenvolvimento do gigante N-1.
A L-2 era uma espécie de Soyuz 
vitaminada, capaz de �ansportar dois 
cosmonautas até a órbita lunar, fazendo 
as vezes da cápsula Apollo americana. E 
o L-3 era um módulo de pouso com ca-
pacidade para apenas um cosmonauta, 
que teria de descer sozinho até a Lua. 
 L-3 
 1970-1971 
Módulo lunar soviético com capacidade 
para um único cosmonauta, ele chegou 
a ser testado numa órbita terrestre baixa 
em quatro lançamentos não tripulados.
LIMITADO, 
O MÓDULO 
LUNAR 
SOVIÉTICO 
L-3 TINHA 
UM TERÇO 
DA MASSA 
DE SEU 
EQUIVALENTE 
AMERICANO.
1 7DOSS I Ê SUPER 
CAP1.indd 17 12/06/19 17:08
Grupo Unico PDF Passe@diante
CAP2.indd 18 12/06/19 18:57
Grupo Unico PDF Passe@diante
2
a p o l l o
ENTENDA COMO A NASA desenhou as missões 
que levaram os primeiros humanos à Lua e 
como os americanos correram vários riscos para 
executar os ousados passos exigidos para deixar 
pegadas no solo lunar. Ao todo foram 11 voos 
tripulados, 6 pousos, 1 missão fracassada e 1 
tragédia fatal – isso sem falar nos “quases”.
T E X T O S S A LVA D O R N O G U E I R A
CAP2.indd 19 12/06/19 18:57
Grupo Unico PDF Passe@diante
O caminho 
para a Lua
UMA VEZ DEFINIDO o obje�vo de levar humanos à 
Lua, em 1961, a decisão mais importante a ser tomada 
pela Nasa era a de como executar a missão – e desen-
volver as espaçonaves e os foguetes necessários para 
isso. De todas as opções, a escolhida, ainda em 1962, 
foi a que envolvia o chamado “encon�o em órbita 
lunar" (lunar orbit rendezvous). Duas naves viajariam 
juntas até os arredores da Lua, mas apenas uma delas 
desceria à superfície com os as�onautas, retornando 
em seguida para um encon�o em órbita lunar, para 
que os �ipulantes se �ansferissem à ou�a nave, que 
por sua vez os levaria de volta para casa.
A missão exigiria a criação de um superfoguete e 
duas naves: o módulo de comando e serviço (CSM), 
para levar os as�onautas da Terra para a órbita da 
Lua e de volta, e o módulo de excursão lunar (LEM, 
mais tarde simplificado como LM, “módulo lunar"), 
para ir à superfície da Lua e de volta ao espaço.
Para realizar as primeiras viagens tripuladas ao satélite natural, a 
Nasa decidiu apostar em um superfoguete e duas espaçonaves.
U 1 . saturn VCriado por Wernher von Braun e sua equipe do Centro Marshall de Voo Espacial, este foguete de 110,6 metros foi o mais poderoso já produzido.
Im
ag
en
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o
 1 . PRIMEIRO ESTÁGIO 
 2 . SEGUNDO ESTÁGIO 
 6 . TORRE DE ESCAPE 
Ejetava o módulo de comando, 
em caso de emergência.
 4 . MÓDULO LUNAR (LM ) 
Encapsulado, ele era extraído 
do foguete após o lançamento. 
 5 . MÓDULO DECOMANDO 
E SERVIÇO (CSM ) 
Abrigava os astronautas em voo.
 3 . TERCEIRO ESTÁGIO 
O primeiro estágio era movido 
a querosene, e os outros dois, 
a hidrogênio líquido, com 
oxigênio como oxidante.
1
2
3
4
5
6APOLLO 6
CAP2.indd 20 12/06/19 18:57
Grupo Unico PDF Passe@diante
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3 . p a s s o a p a s s o
Confira todas as etapas que precisariam ser 
cumpridas na arquitetura Apollo para uma 
missão capaz de levar humanos à Lua. 
TRAJETO 
DE IDA
TRAJETO 
DE VOLTA
2 . a p o l l o
O sistema era composto por duas 
naves independentes. A primeira 
delas, dedicada ao voo entre a Terra 
e a Lua, era o módulo de comando 
e serviço. A segunda, focada 
apenas em pouso e decolagem 
na Lua, era o módulo lunar.
 1 . DECOLAGEM O Saturn V 
coloca o sistema Apollo em uma 
órbita baixa ao redor da Terra.
 2 . INJEÇÃO TRANSLUNAR Uma 
reativação do terceiro estágio do 
Saturn V coloca as naves a caminho.
 3 . SEPARAÇÃO O módulo 
de comando e serviço (CSM) 
se separa do foguete.
 4 . EXTRAÇÃO O CSM se 
vira e acopla ao LM (módulo 
lunar). O terceiro estágio 
do Saturn V é descartado.
 5 . AJUSTES DE CURSO A Apollo 
usa o propulsor do módulo de serviço 
para ajustar sua rota para a Lua.
 6 . INSERÇÃO ORBITAL O 
módulo de serviço dispara para 
colocar a Apollo em órbita lunar.
 7. POUSO Dois dos três 
astronautas se transferem 
para o LM e com ele descem 
até a superfície da Lua.
 8 . PARTIDA O estágio 
de ascensão do LM leva 
os astronautas de volta à 
órbita lunar com o CSM.
 CSM – MÓDULO 
 DE COMANDO E SERVIÇO 
Abrigava até três tripulantes. 
Ao fim da missão, era 
ejetado o módulo de serviço, 
responsável por propulsão, 
suporte de vida, oxigênio 
e água, e a única parte 
a retornar à Terra era 
a cápsula do módulo 
de comando, feita 
para resistir ao 
calor da reentrada 
atmosférica.
 MÓDULO LUNAR (LM ) 
Com capacidade para duas pessoas, 
servia para realizar o pouso na Lua. Era 
dividido em duas partes, o estágio de 
descida, que permitia o pouso, e o estágio 
de ascensão, que abrigava os astronautas 
durante sua estadia em solo lunar e era a 
única parte do sistema a retornar da Lua.
 9 . RETORNO 
O propulsor do CSM é 
disparado para colocar 
a nave num curso de 
volta para a Terra.
 10 . RETORNO 
O módulo de 
serviço é ejetado e a 
cápsula do módulo 
de comando viaja 
sozinha para a Terra.
 1 1 . REENTRADA 
O módulo de comando 
reentra na atmosfera. O 
atrito gera temperaturas 
superiores a 2.500 
graus Celsius.
 12 . POUSO NA ÁGUA 
Com a ajuda de paraquedas, 
o módulo de comando 
desce em segurança 
no oceano, onde é 
resgatado por um navio.
21DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 21 12/06/19 18:57
Grupo Unico PDF Passe@diante
O ÚLTIMO VOO do projeto Gemini foi concluído em 
novembro de 1966 e a Nasa estava pronta para iniciar 
as missões Apollo. Ou, pelo menos, ela achava que 
estava. O resultado foi a maior �agédia do programa, 
e a morte de �ês �ipulantes – sem que eles sequer 
deixassem o chão. A dura lição aprendida pela agên-
cia espacial americana foi que a pressa é inimiga do 
as�onauta.
En�e fevereiro e agosto de 1966, foram realizados 
dois voos de teste (AS-201 e AS-202), suborbitais e 
sem �ipulação, com módulos de comando e serviço 
Apollo. Um terceiro voo (AS-203), sem uma cápsula 
de verdade a bordo, em julho daquele ano, ajudou 
a qualificar o foguete Sa�rn IB (versão precursora 
do Sa�rn V, “modesta", des�nada apenas a voos em 
órbita terres�e), e os gerentes do programa sen�ram 
confiança em agendar o primeiro voo �ipulado, AS-
204, para 21 de fevereiro de 1967.
Foram escalados para a missão Virgil “Gus" Gris-
som, que já havia voado na Mercury e na Gemini, 
Edward H. White II, responsável pela primeira ca-
minhada espacial americana na Gemini, e o novato 
Roger B. Chaffee. No programa, era cos�meiro os 
as�onautas acompanharem a manufa�ra de suas 
espaçonaves, e nesse caso não foi diferente. O �io che-
gou a manifestar sua preocupação com a quan�dade 
de material inflamável den�o da cápsula, principal-
mente náilon e velcro, num veículo a ser pressurizado 
com oxigênio puro, potencializando incêndios.
Abandonando a an�pá�ca sigla AS-204, a �ipula-
ção estava �atando o voo como Apollo 1, e um ensaio 
para o lançamento estava marcado para 27 de janeiro 
de 1967. O chamado teste “plugs-out" consis�a em 
preparar a nave para lançamento, com os �ipulantes 
den�o, desconectar a nave dos sistemas de con�ole 
de solo e simular a contagem regressiva. O teste não 
era considerado perigoso, uma vez que nem o foguete, 
nem a cápsula seriam abastecidos com combustível.
Ainda assim, as coisas não iam bem. A comunica-
ção en�e a �ipulação e o cen�o de con�ole estava 
falhando, o que fez Grissom dizer: “Como vamos 
chegar à Lua se não conseguimos conversar en�e 
dois ou �ês prédios?"
Às 18h31 (hora local), uma faísca gerada por um 
fio desencapado den�o da cápsula iniciou um in-
cêndio. A cápsula só podia ser aberta por fora, num 
procedimento lento. A atmosfera de oxigênio sob alta 
pressão fez o fogo se alas�ar a enorme velocidade. Do 
primeiro grito de incêndio por Grissom à rup�ra da 
parede interna do módulo de comando, gerada pelo 
súbito aumento da pressão, se passaram 15 segundos. 
Os as�onautas pararam de gritar um pouco antes, 
mortos por asfixia antes de serem carbonizados.
O Projeto Apollo só iria realizar seu primeiro voo 
�ipulado dali a 20 meses, em 11 de ou�bro de 1968. Fo
to
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
A chamuscada 
cápsula da 
Apollo 1, após 
o incêndio que 
vitimou sua 
tripulação.
Apollo 
1 O desastre que quase colocou ponto final ao sonho de ir à Lua.
Não chegou 
a decolar.
Não. Um 
incêndio no 
interior da 
cápsula durante 
um teste em 
solo matou a 
tripulação.
 EMBLEMA 
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
Virgil I. Grissom
Edward White II
Roger B. Chaffee
APOLLO
CAP2.indd 22 12/06/19 18:57
Grupo Unico PDF Passe@diante
A TRAGÉDIA DA APOLLO 1 quase descarrilou por 
completo o programa lunar americano. Comissões de 
inves�gação foram ins��ídas, e o Congresso passou 
a ques�onar a viabilidade do projeto. O desenho da 
cápsula teria de ser totalmente reformulado, com es-
pecial atenção à segurança. Resultado: meses e meses 
de espera até que as�onautas americanos pudessem 
voltar ao espaço.
Poderia ter sido a opor�nidade ideal para a União 
Sovié�ca tomar a dianteira na corrida para a Lua, 
mas por lá a pressa também fazia das suas, e o pri-
meiro lançamento �ipulado da espaçonave Soyuz 
terminaria em �agédia. O cosmonauta Vladimir 
Komarov decolou a bordo da nave em 23 de abril de 
1967, naquele que seria seu segundo e úl�mo voo 
espacial. O voo durou um dia e o veículo apresentou 
uma tonelada de problemas. Na volta, o paraquedas 
da cápsula falhou em abrir, e Komarov morreu no 
impacto com o solo. A Soyuz 2 só poderia voar dali 
a 18 meses, em ou�bro de 1968. A disputa en�e as 
duas potências permanecia parelha.
A pedido das viúvas de Grissom, White e Chaffee, 
a Nasa dedicou a eles a designação oficial Apollo 1, e 
dali a numeração seguiu, contabilizando também dois 
lançamentos não �ipulados de 1966. Em novembro de 
1967, a missão Apollo 4 testa um módulo de comando 
e serviço no primeiro voo do poderoso Sa�rn V. Em 
janeiro de 1968, a Apollo 5 faz o primeiro voo do 
módulo lunar em órbita terres�e. Em abril, a mis-
são Apollo 6 tenta demons�ar a capacidade de voo 
�anslunar com um módulo de comando e serviço, 
mas o terceiro estágio do Sa�rn V tem problemas, 
em seu segundo voo. Tudo isso sem �ipulação.
Em 11 de ou�bro, finalmente, era a hora de voltar 
a levar as�onautas ao espaço. A Apollo 7 teve como 
comandante Wally Schirra,em seu terceiro e úl�mo 
voo, acompanhado pelos novatos Donn Eisele e R. 
Walter Cunningham. O lançamento seria propelido 
pelo Sa�rn IB, num voo de 11 dias em órbita terres�e.
Com o equipamento, �do funcionou. Con�do, a 
missão ajudou a descobrir algumas falhas de “siste-
mas" nos humanos. A bordo da Apollo, mais espaçosa 
que as cápsulas Mercury e Gemini, os as�onautas 
experimentaram pela primeira vez “enjoo espacial" – 
desorientação e náusea causada pela ausência de peso.
Além disso, Schirra ficou resfriado durante o voo, 
e o es�esse fez com que ele e seus colegas respon-
dessem de forma ríspida a pedidos do con�ole da 
missão. Eles brigaram pela hora de ligar a câmera de 
TV para a �ansmissão ao público, e Schirra estava 
determinado a realizar a reen�ada sem capacete, pre-
ocupado que a mudança de pressão pudesse estourar 
seus tímpanos. Apesar dos pesares, a missão foi um 
sucesso e pavimentou o caminho para voos maiores. 
Apollo estava de volta nos �ilhos.
Lançamento 
do Saturn 
IB, levando a 
Apollo 7, em 
11 de outubro 
de 1968.
Apollo 
7 De volta ao espaço, na primeira missão tripulada do programa lunar.
De 11 a 22 de 
outubro de 1968.
Sim. A missão 
testou com 
sucesso pela 
primeira vez 
o módulo de 
comando e 
serviço em 
órbita terrestre.
 EMBLEMA 
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
Walter M. Schirra
Donn E. Eisele
R. Cunningham
23DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 23 12/06/19 18:58
Grupo Unico PDF Passe@diante
Apollo 8 A primeira visita de seres humanos às imediações da Lua.
1. Jim Lovell, 
William Anders 
e Frank Borman 
em treinamento. 
2. O nascer da 
Terra visto da 
órbita da Lua 
pela Apollo 8. 
3. O primeiro 
lançamento 
tripulado do 
foguete Saturn V.
Fo
to
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
1
2
3
APOLLO
CAP2.indd 24 12/06/19 18:58
Grupo Unico PDF Passe@diante
Lua? Em agosto eles revisaram a sequência, criando 
a missão C' (C-linha), a ser executada pela Apollo 8. 
Além de ser espetacular por si mesma – a primeira 
viagem humana até os arredores da Lua –, ela tornava 
a an�ga missão E supérflua, permi�ndo manter o 
cronograma mais ou menos no lugar.
Se em agosto parecia a coisa certa a fazer, imagine 
em setembro, quando a União Sovié�ca lançou uma 
cápsula L-1 (missão Zond 5) com duas tartarugas e 
ou�os bichinhos a bordo, numa missão circunlu-
nar que retornou à Terra, sã e salva? Os sistemas da 
Apollo eram bem mais sofis�cados, mas num jogo 
que era tanto de aparências quanto de realizações, 
teria sido um golpe e tanto se os primeiros humanos 
a contornar a Lua fossem sovié�cos.
Para os americanos, a missão Apollo 8 seria a 
defini�va volta por cima. Mas os riscos não eram 
poucos. Era o primeiro voo �ipulado com um foguete 
Sa�rn V. E havia um detalhe ainda mais per�rba-
dor: dos dois únicos testes não �ipulados realizados, 
o lançador apresentou problemas consideráveis no 
segundo – e exatamente ao fazer a manobra que teria 
de ser conduzida agora, com �ipulação.
Wernher von Braun, chefe da equipe responsável 
pelo foguete, assegurou aos gerentes que os problemas 
enfrentados na Apollo 6 haviam sido todos corrigidos 
e que o veículo estava pronto.
No dia 21 de dezembro de 1968, o comandante 
Frank F. Borman II e seus colegas, James A. Lovell 
Jr. e William A. Anders, par�riam da plataforma 39A 
do Cen�o Espacial Kennedy, na Flórida, naquela que 
seria a primeira viagem �ipulada ao redor da Lua. 
Como prome�do por Von Braun, o foguete funcionou 
perfeitamente, e o �io usou o motor do módulo de 
comando e serviço para en�ar em órbita da Lua no dia 
24 de dezembro de 1968. Lá, eles foram os primeiros 
seres humanos a observar – e regis�ar – o nascer da 
Terra visto das imediações lunares.
Em órbita lunar, os as�onautas �ansmi�ram suas 
impressões do que podiam ver do solo. E, na véspera 
de Natal, eles leram para seus espectadores os dez 
primeiros versículos do Livro do Gênesis, da Bíblia. 
E concluíram: “Da �ipulação da Apollo 8, fechamos 
com boa noite, boa sorte, um feliz Natal e Deus os 
abençoe – todos vocês na boa Terra.” Foi a maior au-
diência televisiva da história na época – �ansmissão 
ao vivo para 64 países. Ou�os 30 também exibiram, 
mas numa veiculação a�asada, no mesmo dia.
Para os as�onautas, con�do, ainda havia um dra-
ma a ser vivido: o motor do módulo de comando e 
serviço teria de disparar corretamente para colocá-los 
no caminho de volta à Terra. Se não funcionasse, 
eles ficariam presos na órbita da Lua para sempre. 
Felizmente, deu �do certo, e a Apollo 8 fez um pouso 
suave no Pacífico no dia 27 de dezembro.
E
ELA FOI A MISSÃO mais corajosa e ar-
riscada de todo o Projeto Apollo – a 
primeira viagem de seres humanos para 
fora do poço gravitacional de seu plane-
ta de origem, rumo a seu único satélite 
na�ral. E nasceu parida de um a�aso.
Em setembro de 1967, na esteira da 
�agédia da Apollo 1, os gerentes do pro-
grama lunar formataram uma sequência 
de missões até o pouso, designadas por 
le�as. Eram elas:
 A Voo não �ipulado do módulo de co-
mando e serviço (CSM) com o Sa�rn V.
 B Voo não �ipulado do módulo lunar 
(LM) na órbita baixa da Terra.
 C Voo �ipulado do CSM na órbita 
baixa da Terra.
 D Voo �ipulado conjunto do CSM e 
do LM em órbita baixa da Terra.
 E Voo tripulado do CSM e do LM 
simulando uma missão lunar a uma 
órbita média de 6.500 km de al��de.
 F Voo tripulado do CSM e do LM 
até a Lua, demons�ando a técnica de 
encon�o em órbita lunar.
 G Primeiro pouso �ipulado na Lua.
As missões Apollo 4 e 6 cumpriram 
o obje�vo A, e a Apollo 5 deu conta 
do objetivo B. A meta C veio com a 
Apollo 7 e, em princípio, a Apollo 8 
seguiria o roteiro do obje�vo D. Só que 
o módulo lunar não estava pronto; o 
veículo ainda enfrentava problemas de 
desenvolvimento.
Como a necessidade faz a invenção, 
os gerentes pensaram fora da caixinha 
– e se a Apollo 8 fosse só com o módulo 
de comando e serviço até a órbita da 
De 21 a 27 de 
dezembro de 1968.
Sim. A tripulação 
se tornou a primeira 
a viajar até a órbita 
da Lua e voltar.
 EMBLEMA 
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
Frank F. Borman II
James A. Lovell Jr.
William A. Anders
25DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 25 12/06/19 18:58
Grupo Unico PDF Passe@diante
2
Apollo 
9 O último teste das naves lunares em órbita terrestre baixa.
A
ALÉM DE COLOCAR os Estados Unidos na dianteira 
da corrida para a Lua, a missão Apollo 8 ganhou o 
tempo necessário para que o módulo lunar ficasse 
pronto. Seguindo o planejamento da Nasa, esse pri-
meiro teste deveria acontecer com a missão �po D, 
em órbita terres�e baixa. E assim nasceu a Apollo 9, 
fazendo o que originalmente a 8 deveria ter feito.
O planejamento original era lançar a missão em 28 
de fevereiro de 1969, mas os �ês �ipulantes escalados 
– o comandante James McDivitt, o piloto do módulo 
de comando David Scott e o piloto do módulo lunar 
Rusty Schweickart – pegaram um resfriado. Como 
eles seriam bastante exigidos nos dez dias de voo, a 
Nasa optou por adiar o lançamento até que es�ves-
sem recuperados. Então o lançamento do Sa�rn V 
ocorreu às 11 horas, no dia 3 de março.
Era o �po de adiamento que só um voo em órbita 
terres�e podia sofrer; numa fu�ra viagem à Lua, �do 
teria de ser sincronizado com as posições da Lua, da 
Terra e do Sol para que os as�onautas encon�assem o 
lugar de pouso correto, no nível de iluminação exato.
Diversos procedimentos seriam conduzidos pela Fo
to
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
APOLLO
CAP2.indd 26 12/06/19 18:58
Grupo Unico PDF Passe@diante
3
1
primeira vez durante a Apollo 9. Além de promove-
rem vários testes do motor do módulo de serviço, os 
as�onautas fizeram pela primeira vez a ex�ação do 
módulo lunar, que subia ao espaçopreso ao terceiro 
estágio do Sa�rn V. Sem essa manobra, seria impos-
sível pousar na Lua. Cabia a Scott pilotar o módulo de 
comando durante o teste. Uma vez acopladas, as duas 
espaçonaves permaneceram em órbita baixa, enquanto 
o terceiro estágio do Sa�rn V seria disparado para, 
solitário, assumir uma órbita ao redor do Sol.
Diversos testes de propulsão com as duas naves 
conectadas foram conduzidos e, no terceiro dia de voo, 
o plano era que McDivitt e Schweickart se �ansferis-
sem para o módulo lunar para pilotá-lo pela primeira 
vez. Surgiu com essa missão a �adição de dar nomes 
diferentes a cada uma das naves. Quando estavam 
acopladas, as duas eram apenas “Apollo 9". Con�do, 
separados, o módulo de comando e serviço se tornava 
Gumdrop, e o módulo lunar virava o Spider.
Só que as coisas foram se complicando quando 
Schweickart começou a passar mal para valer – enjoo 
espacial dos brabos. Ele vomitou duas vezes, uma a 
bordo do Gumdrop, ou�a no Spider, e o comandante 
McDivitt chegou a solicitar um canal privado com 
os médicos em Houston para saber o que fazer. Mas, 
apesar do duro processo de adaptação, eles conse-
guiram iniciar os testes do módulo lunar e chegaram 
a disparar seu motor de descida, ainda acoplado ao 
módulo de comando e serviço.
No quarto dia, Schweickart fez uma caminhada 
espacial, usando o �aje desenvolvido para as fu�ras 
caminhadas lunares, num teste de �ansferência de 
�ipulação de emergência, a ser feito pelo lado de fora 
do veículo. Em circunstâncias normais, o método 
não deveria ser u�lizado, mas era uma das muitas 
con�ngências para as quais os responsáveis pelo 
programa queriam estar preparados.
No quinto dia, o Spider se separou do Gumdrop 
e os as�onautas realizaram os testes mais crí�cos 
para a missão: voo solo e a fu�ra reunião das duas 
naves, tentando simular com tanta fidelidade quanto 
possível como esse procedimento se daria em órbita 
lunar. Deu �do certo, e o único sistema que não pôde 
ser completamente testado foi o radar de pouso, já 
que ele não funcionaria à distância em que o módulo 
lunar orbitava a Terra.
Nos dias subsequentes, o teste se tornou basica-
mente de resistência – verificar o desempenho do 
módulo de comando e serviço durante todo o período 
em que ele seria exigido numa missão de pouso lunar. 
A cápsula retornou à Terra em 13 de março, abrindo 
caminho para o úl�mo ensaio antes das primeiras 
pegadas humanas na Lua. Ou será que a Apollo 10 já 
poderia realizar o primeiro pouso? A dúvida bateu 
en�e os gerentes do programa.
1. David Scott sai 
pela escotilha 
do módulo de 
comando Gumdrop. 
2. O módulo lunar 
Spider é testado 
em órbita terrestre. 
3. McDivitt, Scott 
e Schweickart 
a caminho da 
plataforma de 
lançamento 39A.
De 3 a 13 de 
março de 1968.
Sim. Todos os testes 
das naves feitos em 
órbita terrestre foram 
bem-sucedidos.
 EMBLEMA 
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
James A. McDivitt
David R. Scott
Russell L. Schweickart
27DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 27 12/06/19 18:58
Grupo Unico PDF Passe@diante
1 2
3
Apollo 10 O ensaio geral para a primeira alunissagem tripulada.
E
ENTRE 1966 E 1969, os planos na sequência das mis-
sões Apollo sofreram mudanças frené�cas, ditadas por 
um misto de aprendizagem, disponibilidade, lógica 
e pressa. O maior símbolo dessa metamorfose am-
bulante foi a bem-sucedida Apollo 8, concebida de 
improviso e responsável por colocar a 
Nasa na dianteira da corrida pela Lua. 
A agência espacial americana sabia que 
o pouso estaria en�e a 10 e a 11 – pro-
vavelmente a 11, mas e se surgisse um 
mo�vo para pressa, como um lança-
mento sovié�co iminente? Por via das 
dúvidas, Donald “Deke" Slayton, o chefe 
dos as�onautas, decidiu escalar duas 
equipes 100% compostas por veteranos 
para as ambas as missões.
Para a Apollo 10, os escolhidos foram 
o comandante Thomas P. Stafford, indo 
para seu terceiro voo espacial, o piloto 
do módulo de comando John W. Young, 
também indo para seu terceiro voo, e 
o piloto do módulo lunar Eugene A. 
Cernan, em sua segunda missão.
Quando esteve no Brasil, em 2010, Fo
to
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
 EMBLEMA 
APOLLO
CAP2.indd 28 12/06/19 18:58
Grupo Unico PDF Passe@diante
era questão de honra cumprir o prazo. Então, para 
não arriscar demais e não perder tempo, a Apollo 10 
foi a única missão do programa a par�r da plataforma 
39B do Cen�o Espacial Kennedy, na Flórida. Isso 
para que as preparações da Apollo 11 seguissem a 
galope na plataforma 39A, logo ali ao lado.
A Apollo 10 chegou à órbita lunar em 21 de maio, 
o módulo lunar Snoopy (pilotado por Stafford com 
apoio de Cernan) se separou do módulo de comando 
Charlie Brown (sim, uma homenagem dos as�onautas 
aos personagens de Charles Schulz) e iniciou a descida 
para a Lua, chegando a sobrevoar a região do Mar 
da Tranquilidade, escolhida para o primeiro pouso, 
a meros 15 km de al��de – pouco mais que a al�ra 
típica de cruzeiro de um avião de passageiros na Terra.
Imagine dois as�onautas �einados, a apenas um 
passo de iniciar um pouso lunar. Qual seria a tentação 
de, con�ariando ordens, ir adiante e alunissar? Depois 
de enfrentar a rebeldia dos irritadiços as�onautas da 
Apollo 7, a Nasa preferiu não arriscar, e nem abasteceu 
totalmente o estágio de ascensão do módulo lunar. 
Ele só �nha combustível suficiente para reencon�ar 
o módulo de comando a par�r de uma al��de de 
15 km. Se Stafford e Cernan procedessem com um 
pouso não autorizado, não poderiam deixar a Lua.
“Se eu gostaria de ter estado no primeiro pou-
so? Claro que sim”, disse Cernan. “Mas do jeito que 
aconteceu foi melhor, foi uma boa decisão, e para 
mim funcionou ainda melhor, porque �ve a chance 
de voltar e comandar a �ipulação que eu escolhi, no 
que acabou sendo o úl�mo voo até a Lua. Então, em 
re�ospecto, não me arrependo de nada.”
A Apollo 10 foi a missão que até hoje levou os 
as�onautas mais longe de casa – ao a�ngir a Lua 
perto do momento de máximo afastamento lunar em 
sua órbita ao redor da Terra, a nave chegou a estar a 
408.950 km da cidade de Houston, lar dos as�onau-
tas. A distância média Terra-Lua é de 384 mil km.
A missão permaneceu em órbita da Lua até a 
madrugada do dia 24, quando o módulo lunar se 
separou, realizou o ensaio para o pouso e tornou a 
subir para reencon�ar-se com o módulo de comando 
e serviço. O procedimento não foi sem emoção. Na 
hora de elevar sua al��de para o reencon�o, durante 
a separação do estágio de descida, o veículo começou 
a girar fora de con�ole, e Stafford e Cernan �ocaram 
vários palavrões até recobrarem o domínio sobre o 
veículo. A Nasa, na época, minimizou o incidente. 
Mas mais algumas piruetas e a missão se tornaria 
irrecuperável, condenando o módulo a uma indese-
jável colisão com a superfície lunar.
É uma boa medida de como os americanos arrisca-
ram um bocado para vencer a corrida espacial – mas 
todos os riscos estavam a apenas um passo de serem 
compensados.
1. Gene Cernan, 
Thomas Stafford 
e John Young. 
2. O módulo de 
comando e serviço 
Charlie Brown, 
em órbita da Lua. 
3. O estágio 
de ascensão 
do módulo 
lunar Snoopy 
no reencontro 
com o módulo 
de comando 
Charlie Brown.
Cernan contou assim a história: “Eles 
decidiram mandar a Apollo 8 para a 
Lua sem o módulo lunar. A Apollo 9 
teve o módulo lunar em órbita terres-
�e, e nos ocorreram duas coisas para 
a missão seguinte: se vamos enviar 
esses caras até a Lua, colocá-los nessa 
missão perigosa, por que não os dei-
xamos ir até o final e tentar pousar? 
Por que assumir o risco, ir tão longe e 
não deixá-los pousar? E ou�o grupo 
disse: bem, vamos deixá-los fazer �do 
menos pousar. Vamos aceitar os riscos, 
executar todos os passos que precedem 
o pouso e deixar só esse úl�mo passo 
para o próximovoo. E então essa foi a 
decisão, tomada antes de par�rmos.”
Com isso, a Apollo 10, realizada en�e 
18 e 26 de maio de 1969, foi o úl�mo 
passo, um “ensaio geral”, antes da tão 
sonhada alunissagem �ipulada, estabe-
lecida como meta pelo presidente John 
F. Kennedy oito anos antes. Àquela al�-
ra, faltavam menos de sete meses para 
expirar o prazo estabelecido pelo líder 
americano, assassinado em 1963, que 
indicava que a missão deveria ocorrer 
antes do final da década. Para a Nasa, 
De 18 a 26 de 
maio de 1969.
Sim. O ensaio geral 
abriu caminho para 
uma tentativa de 
pouso lunar na 
missão seguinte.
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
Thomas P. Stafford
John W. Young
Eugene A. Cernan
29DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 29 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
Apollo 
11 Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco 
para a humanidade.
N
NUNCA UMA VIAGEM espacial foi tão importante ou 
acompanhada tão de perto pelos olhos do mundo todo. 
Após pra�camente uma década de corrida acirrada 
en�e as duas grandes superpotências do século 20, 
a Apollo 11 tentaria realizar o sonho ances�al do ser 
humano de pisar na superfície da Lua.
A missão, claro, começava muito antes da deco-
lagem. Em 9 de janeiro de 1969, a Nasa anunciava 
formalmente a �ipulação escalada: como comandante, 
Neil A. Arms�ong; como piloto do módulo de coman-
do, Michael Collins; e como piloto do módulo lunar, 
Edwin “Buzz" Aldrin. A escolha de Arms�ong como 
comandante era sensata, mas o chefe dos as�onautas 
Deke Slayton �nha dúvidas quanto ao temperamento 
de Aldrin, que havia criado problemas com alguns de 
seus colegas. Slayton chegou a propor a Arms�ong 
que Aldrin fosse �ocado por James Lovell, da Apollo 
8, mas, após um dia de reflexão, o comandante de-
cidiu ficar com Aldrin, com quem �abalhava bem, Fo
to
: d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
APOLLO
CAP2.indd 30 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
acreditando que Lovell merecia mais tarde ter seu 
próprio comando – o que de fato ocorreu, na Apollo 13.
Ou�a decisão que precisaria ser tomada era ao mes-
mo tempo prosaica e de um simbolismo ímpar: após 
uma alunissagem bem-sucedida, quem desceria do 
módulo lunar para se tornar o primeiro homem a pisar 
na Lua? Até então, em toda a história do programa 
espacial americano, a caminhada espacial nunca era 
feita pelo comandante da missão. Havia expecta�va 
de que isso fosse man�do no programa Apollo e de 
saída chegou a ser dito que Aldrin seria o primeiro 
a sair. Versões iniciais da lista de eventos nos �ei-
namentos também previam a saída de Aldrin antes.
E então isso foi modificado. Por um lado, a própria 
es�u�ra interna do módulo lunar sugeria isso. Era 
mais fácil para o comandante sair primeiro do que 
para o piloto do módulo lunar, que teria que caminhar 
por �ás dele num espaço apertado para alcançar a 
esco�lha. De fato, Aldrin chegou a danificar o si-
mulador numa tenta�va de sair primeiro. Em abril, 
tornou-se oficial: Arms�ong sairia primeiro.
Em 2016, em en�evista a este jornalista, Aldrin 
diria, em tom de frus�ação: “Para todo sempre na 
história, eu serei conhecido, não como o primeiro 
homem ou o úl�mo homem, mas como o segundo 
homem. Bem, eu gosto de prata, mas..."
Apesar de não ter gostado, Aldrin reconheceu que 
a decisão da Nasa fora acertada. “Pensando nisso de-
pois, não havia absolutamente nenhum jeito de que 
aquela missão es�vesse correta com o Neil olhando 
pela janela e me vendo descer a escada e ser o pri-
meiro. Isso não teria feito ninguém feliz, realmente. 
Porque sempre teria a pergunta: 'Por que o Neil não 
foi antes?' E aquela era a resposta certa."
Na época, além das razões prá�cas que tornavam 
mais fácil o comandante sair primeiro, a agência espa-
cial americana estava preocupada em ter alguém com 
o perfil certo para um momento solene e histórico. 
Enquanto Arms�ong era compene�ado e de pou-
cas palavras, Aldrin era espalhafatoso e provocador. 
Além de �do, embora �vesse experiência militar, 
Arms�ong era civil, e Aldrin, oficial da Força Aérea.
Essa mesma solenidade foi solicitada dos as�o-
nautas na hora de ba�zar suas espaçonaves. Depois 
de Gumdrop, Spider, Charlie Brown e Snoopy, a Nasa 
queria uma sensibilidade maior na Apollo 11, o que 
levou Arms�ong, Collins e Aldrin a ba�zarem seu 
módulo de comando e serviço de Columbia e o mó-
dulo lunar de Eagle. O primeiro era uma referência 
ao Columbiad, canhão fictício que propiciava uma 
viagem à Lua no clássico de Jules Verne de 1865, Da 
Terra à Lua, além de se referir também ao explorador 
genovês Cristóvão Colombo. Já o segundo, a Águia, 
remetia ao animal símbolo dos Estados Unidos, 
representado também no emblema da missão. Os 
A decolagem 
da Apollo 11, 
na plataforma 
39A do Centro 
Espacial 
Kennedy.
De 16 a 24 de 
julho de 1969.
Sim! A alunissagem 
é um sucesso, e 
a Nasa valida sua 
estratégia para a 
conquista da Lua.
 EMBLEMA 
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
Neil A. Armstrong
Edwin 'Buzz' E. Aldrin Jr.
Michael Collins
31DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 31 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
as�onautas decidiram não colocar os 
próprios nomes na figura, com o in-
�ito de sinalizar que a humanidade 
toda estava representada pela Apollo 11.
Também coube à Nasa definir o lo-
cal de pouso designado para a missão, 
a partir de cinco sítios previamente 
selecionados com imagens de satélite 
cap�radas pelas missões não �ipula-
das. Da lista de possibilidades, acabou 
sendo escolhida a de número 2, no Mare 
Tranquilita�s, ou Mar da Tranquilidade, 
uma das bacias rela�vamente planas e 
pouco acidentadas do hemisfério pró-
ximo lunar. Em sua missão de “quase 
pouso", a Apollo 10 sobrevoou a região 
a apenas 15 km de al��de e considerou 
o local adequado para a tenta�va.
E então, às 9h32 (hora local) do dia 
16 de julho de 1969, o Sa�rn V decolou 
da plataforma 39A do Cen�o Espacial 
Kennedy, na Flórida, levando o �io de 
as�onautas e a Apollo 11 até uma órbita 
terres�e baixa. Após uma volta e meia 
ao redor da Terra, o terceiro estágio do 
foguete, ainda acoplado à nave, disparou 
por 5 minutos e 48 segundos, colocando 
o conjunto a caminho da Lua.
Por medida de segurança, e a exem-
plo das missões Apollo 8 e 10, a �aje-
tória inicial era de “retorno livre”. Ou 
seja, se algo desse errado no caminho e 
fosse impossível realizar qualquer ou�a 
manobra, a nave faria um oito ao redor 
da Lua e voltaria à Terra, por gravidade.
Uma vez na rota translunar, era 
preciso separar a nave do foguete. O 
módulo de comando e serviço Colum-
bia se desacoplou, virou 180 graus e se 
encaixou ao módulo lunar, para realizar 
sua ex�ação do terceiro estágio do fo-
guete, onde viajou protegido por qua�o 
painéis ejetáveis. (Poucas horas depois, 
a �ipulação viu um objeto distante apa-
rentemente acompanhando a Apollo 11 
a caminho da Lua. O tal “óvni” era quase 
com certeza um desses painéis.)
Era comum que todas as missões 
espaciais americanas levassem vários 
experimentos a ser realizados no in-
terior da cápsula pelos as�onautas no 
ambiente de microgravidade. Mas não 
na Apollo 11. “Não queríamos dis�ações 
para os �ês dias em que fomos para 
a Lua”, disse Aldrin. “Então pedimos 
para não ter experimentos durante a 
ida.” Salvo por dois ajustes de curso 
no caminho, o principal �abalho era 
se preparar para pousar na Lua.
Em 18 de julho, Arms�ong e Aldrin 
colocaram pela primeira vez seus �ajes 
espaciais e testaram os sistemas do mó-
dulo lunar. Em 19 de julho, iniciou-se 
a manobra de inserção orbital lunar. 
Um disparo do motor do módulo de 
serviço por 357,5 segundos colocou a 
nave numa órbita elíp�ca, e um segundo 
disparo de 17 segundos circularizou a 
órbita com al��de em torno de 110 km.
Em20 de julho, checagem final do 
Eagle e, 100 horas e 12 minutos após a 
par�da (4 dias, 4 horas e 12 minutos), 
ele se desacoplou do módulo de coman-
do Columbia. Na descida, Arms�ong e 
Aldrin; em órbita lunar, Collins.
O módulo lunar disparou seus moto-
res para frear e, com isso, guiar sua des-
cida até a Lua com a ajuda da gravidade 
n e i l 
a r m s t r o n g
 COMANDANTE 
 1930–2012 
O mais famoso astronauta da 
história da exploração espacial 
nasceu em Wapakoneta, Ohio, 
e formou-se em engenharia 
aeronáutica pela Universidade de 
Purdue. Armstrong passou algum 
tempo como aviador na Marinha 
americana antes de deixar a 
carreira militar e se tornar piloto 
de teste para a Naca, organização 
aeronáutica precursora da Nasa. 
Nessa função, ele pilotou o avião-
foguete X-15, capaz de realizar 
voos suborbitais, e foi selecionado 
para a Nasa na segunda turma 
de astronautas, em 1962.
Fo
to
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
APOLLO
CAP2.indd 32 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
lunar. Até aí, �do exatamente como executado na 
missão de ensaio, Apollo 10.
A etapa final da descida, con�do, seria bastante 
tensa. Após novas manobras e o uso do motor de des-
cida para um pouso con�olado, Arms�ong e Aldrin 
notaram que o terreno sob a nave estava passando 
alguns segundos antes do esperado – eles pousariam 
além do sí�o de pouso originalmente planejado.
Para ajudar, o limitado sistema de computador da 
nave estava sobrecarregado por dados e disparando 
alertas de falha constantes. Arms�ong teve de con-
�olar a descida final para evitar terreno pedregoso 
e consumiu 40 segundos a mais de combustível do 
que o previsto – e terminou com apenas mais 25 
segundos es�mados de reserva de combustível. Ele 
teve de evitar uma cratera para onde o sistema de 
pouso automá�co estava levando o Eagle, enquanto 
Aldrin frene�camente lia as informações do painel. E 
então, após alguns segundos de silêncio que parece-
ram uma eternidade no Cen�o de Con�ole, vieram as 
m i c h a e l c o l l i n s
 PILOTO DO MÓDULO DE COMANDO 
 1930- 
Nascido em Roma, 
Collins foi o segundo 
filho de um oficial do 
Exército americano 
estacionado na Itália. 
Interessado pela carreira 
militar, ele preferiu a 
Força Aérea para evitar 
acusações de nepotismo. 
Entrou para o grupo 
de astronautas com a 
terceira turma, de 1963. 
Chegou a ser escalado 
para a tripulação daquela 
que seria a Apollo 8, mas 
um problema cervical 
o tirou da missão.
1. Aldrin, na fotografia mais famosa da Apollo 11. 
2. O módulo Eagle retorna da superfície lunar. 
3. Uma das poucos fotos de Armstrong na Lua.
1 3
2
33DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 33 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
palavras de Arms�ong: “Houston, Base 
Tranquilidade aqui... o Eagle pousou.”
Às 16h17 (hora da Flórida) do dia 20 
de julho, com o pouso bem-sucedido, 
começava um período de a�vidades de 
pouco mais de 21 horas em solo lunar – 
mas, claro, de todo esse tempo, a maior 
parte gasta den�o do módulo mesmo.
Pouco depois do pouso, os as�onau-
tas �nham um período de descanso 
agendado, mas preferiram pular e ini-
ciar imediatamente os procedimentos 
para a primeira caminhada sobre a Lua. 
Duas horas e meia após a descida, Buzz 
Aldrin realizou uma comunhão – a pri-
meira cerimônia religiosa em solo lunar. 
Presbiteriano, o as�onauta solicitou ao 
pastor de sua igreja um kit com cálice 
e hós�a, mas realizou o ato de forma 
privada. Isso porque a Nasa ainda estava 
enfrentando um processo judicial por 
supostamente fazer apologia religiosa 
com a lei�ra do Gênesis na Apollo 8.
Pouco mais de qua�o horas após a 
alunissagem, Neil Arms�ong estava 
pronto para iniciar a saída do módu-
lo Eagle rumo à superfície da Lua. Às 
22h39 (na Flórida), o as�onauta abriu 
a esco�lha e vagarosamente iniciou a 
descida da escada à superfície. Dezes-
sete minutos depois, colocou sua bota 
esquerda sobre o solo lunar. “Um pe-
queno passo para um homem, um salto 
gigantesco para a humanidade.”
Transmi�da pela televisão, graças a 
uma câmera instalada no próprio módu-
lo lunar que Arms�ong a�vou ao des-
cer a escada, a imagem fantasmagórica 
em preto e branco do primeiro homem 
na Lua foi vista ao vivo por cerca de 
530 milhões de pessoas no mundo todo, 
batendo o recorde da �ansmissão da 
Apollo 8 na véspera de Natal de 1968.
Na superfície lunar, os as�onautas 
tinham como principal missão me-
ramente sobreviver. Dados os riscos 
envolvidos na primeira tentativa de 
pouso, o planejamento de experimentos 
na superfície da Lua para a Apollo 11 
foi bem limitado. De saída, Arms�ong 
teria de simplesmente reportar o que 
estava vendo ao redor, avaliar o estado 
do módulo lunar e colher uma “amos�a 
de con�ngência” – um punhado de pó, 
uma pedrinha ou ou�a, para �azer de 
volta caso uma emergência obrigasse 
a uma decolagem rápida.
Cerca de 20 minutos depois, Aldrin 
se juntou a Arms�ong na superfície. 
Eles colheram amos�as e instalaram 
um pacote de experimentos em solo, 
contendo poucos ins�umentos: um sis-
mógrafo que �ansmi�ria dados à Terra, 
um coletor de partículas de vento solar, 
�azido de volta com eles, e um re�or-
refletor projetado para rebater pulsos de 
laser e permi�r uma medição precisa 
da distância en�e a Terra e a Lua.
Durante os �abalhos, Arms�ong e 
Aldrin fincaram a bandeira americana 
no solo lunar e receberam um telefone-
ma do presidente Richard Nixon.
Além dos ins�umentos científicos, 
eles deixariam na Lua também meda-
lhas em homenagem aos as�onautas 
e cosmonautas que deram suas vidas 
pela conquista da Lua. Também foram 
levadas mensagens de boa-fé de 73 lí-
deres mundiais e um broche com um 
ramo de oliveira, um símbolo de paz.
b u z z a l d r i n
 PILOTO DO MÓDULO LUNAR 
 1930- 
Nascido em Nova Jersey, Edwin Eugene Aldrin Jr. se 
formou na Academia Militar de West Point em 1951, como 
engenheiro mecânico. Na Força Aérea, realizou 66 missões 
de combate durante a Guerra da Coreia. Entre 1959 e 1963, 
fez doutorado em astronáutica pelo Instituto de Tecnologia 
de Massachusetts, na esperança de virar astronauta. Seu 
apelido favorito sempre foi “Buzz”, modo como a irmã mais 
nova o chamava. Hoje, seu nome é oficialmente Buzz Aldrin.
OS 
PRIMEIROS 
PASSOS DO 
HOMEM NA 
LUA FORAM 
VISTOS AO 
VIVO POR 
CERCA DE 
530 MILHÕES 
DE PESSOAS 
EM TODO O 
MUNDO.
Fotos: divulgação/NASA
APOLLO
CAP2.indd 34 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
1
3
5
2
4
Aldrin foi o primeiro a retornar ao módulo lunar, 
seguido por Arms�ong cerca de 40 minutos depois. 
No total, as a�vidades ex�aveiculares duraram pou-
co mais de duas horas e meia. De volta ao módulo 
lunar, um período de descanso de sete horas, antes 
da decolagem. O módulo lunar era dividido em duas 
partes, os estágios de descida e ascensão, com o pri-
meiro servindo de plataforma de lançamento para o 
segundo, onde ficava a cabine para os as�onautas.
Mesmo depois do pouso bem-sucedido, ainda 
havia tensão para a inédita decolagem lunar. Nixon 
já �nha até um discurso preparado, caso houvesse 
fracasso na par�da. Felizmente não foi preciso ler a 
funesta mensagem. A decolagem se deu no dia 21 
de julho, e Aldrin notou pela janela que o jato de 
exaustão parecia ter derrubado a bandeira – o que 
de fato aconteceu e foi confirmado por imagens do 
local de pouso colhidas décadas mais tarde pela sonda 
Lunar Reconnaissance Orbiter.
Após a subida, o estágio de ascensão do Eagle 
tornou a acoplar com o Columbia. Com amos�as 
(21,5 kg de rochas lunares) e as�onautas �ansferidos 
ao módulo de comando, o Eagle é descartado, para 
cair no solo lunar, e o motor do módulo de serviço é 
acionado para colocar a nave no rumo de volta para a 
Terra. Em 24 de julho, a cápsula da Apollo11 reen�a 
na atmosfera terres�e, sendo recuperada no Oceano 
Pacífico pelo USS Hornet. Era o fim da mais ousada 
aven�ra já empreendida pelo ser humano. Mas a 
burocracia estava apenas no começo.
Os �ês as�onautas �veram de preencher formu-
lários aduaneiros para en�ar nos Estados Unidos 
e, antes de iniciarem uma �rnê pelo mundo, ainda 
passariam 21 dias em quarentena, para que os médicos 
se cer�ficassem de que eles não haviam sido conta-
minados por alguma infecção lunar (parece uma ideia 
maluca hoje, mas na época não dava para descartar).
As rochas �azidas pela Apollo 11 seriam cata-
logadas e estudadas num laboratório construído 
especialmente para esse fim, no Cen�o de Espaço-
naves Tripuladas (hoje Cen�o Espacial Johnson), em 
Houston, e os Estados Unidos declarariam vitória 
defini�va na corrida espacial, cumprindo o desafio 
lançado pelo presidente Kennedy oito anos antes. Mas, 
para o programa Apollo, as coisas estavam apenas 
esquentando. O próximo voo seria em qua�o meses.
1. O resgate do Columbia no Oceano Pacífico.
2. Rochas lunares trazidas pela Apollo 11. 
3. Célebre registro de uma pegada no solo lunar.
4. Buzz Aldrin descarrega equipamentos na Lua. 
5. Em quarentena a bordo do USS Hornet, os 
astronautas encontram o presidente Nixon.
35DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 35 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
Apollo 12
O primeiro pouso 
de alta precisão e a 
primeira expedição 
lunar de dois dias.
1. Alan Bean 
descendo do 
módulo lunar. 
2. Conrad, Gordon 
e Bean posam 
para foto antes 
do lançamento.
3. Um eclipse 
solar produzido 
pela Terra, visto 
pela Apollo 12 
na volta da Lua.
Fo
to
s:
 d
iv
ul
ga
çã
o/
N
A
S
A
1
3
2
APOLLO
CAP2.indd 36 12/06/19 18:59
Grupo Unico PDF Passe@diante
(já em seu terceiro voo espacial), o piloto do módulo 
de comando Richard F. Gordon Jr. (em seu segundo 
voo) e o novato piloto do módulo lunar Alan L. Be-
an. O �io formava uma equipe muito mais unida e 
descon�aída que a da Apollo 11, e dava para sen�r.
A decolagem do Sa�rn V aconteceu em 14 de 
novembro de 1969, a par�r da plataforma 39A do 
Cen�o Espacial Kennedy – em meio a uma baita 
chuva. O foguete chegou a ser a�ngido por um raio 
aos 36 segundos de voo, o que deu uma zoada na 
ins�umentação do módulo de comando e serviço 
Yankee Clipper. Como se não bastasse, um segundo 
raio golpeou o foguete aos 52 segundos, deixando 
pirado o indicador de a��de (orientação espacial) 
do módulo de comando. A teleme�ia também esta-
va chegando bagunçada ao con�ole da missão em 
Houston. A energia caiu a bordo. A sorte foi que o 
gerente responsável pela parte elé�ica se lembrou 
de um teste que teve falha de teleme�ia similar e 
sugeriu uma solução obscura e que por sua vez Alan 
Bean conseguiu lembrar do que se �atava, por ter 
par�cipado de um �einamento que simulou aquela 
falha. Não fosse isso, Conrad poderia ter optado por 
abortar a missão. Graças à intervenção, com a energia 
restaurada, o voo pôde prosseguir sem problemas.
Três dias e meio depois, a Apollo 12 a�ngiu a órbita 
lunar. A separação do In�epid se deu sem problemas, 
e Conrad e Bean rumaram para a superfície, enquanto 
Gordon permanecia sozinho no Yankee Clipper. E 
a manobra foi com toda a precisão desejada: a nave 
pousou a apenas 183 me�os da Surveyor 3. Ao descer 
a escada e colocar sua bota na superfície, Conrad 
proferiu as famosas palavras: “Whoopie! Cara, pode 
ter sido pequeno para o Neil, mas é grande para mim.”
Era �do parte de uma aposta que o as�onauta 
havia feito com uma jornalista para provar que a Nasa 
não havia ins�uído Arms�ong a dizer o que ele disse 
antes de se tornar o primeiro homem a pisar na Lua.
A Apollo 12 levou uma câmera colorida de televi-
são, mas a �ansmissão durou pouco. Infelizmente, ao 
reposicioná-la, Bean acabou apontando-a para o Sol 
por tempo suficiente para danificar o equipamento. 
E não seria a única �apalhada dele. Bean também 
esqueceria na Lua vários rolos de filme com as foto-
grafias �radas durante as duas caminhadas espaciais, 
ambas com pouco menos de qua�o horas cada. Ao 
todo, o In�epid passou cerca de 38 horas na Lua, antes 
de decolar para o reencon�o com o Yankee Clipper.
Em um retorno sem problemas, os as�onautas 
�veram o privilégio de observar um eclipse solar 
causado pela Terra, e foram resgatados no Oceano 
Pacífico em 24 de novembro de 1969. Era o fim de um 
ó�mo ano para o programa espacial americano. Mas, 
como a Nasa logo descobriria, confiança excessiva 
pode ser ex�emamente perigosa.
A
A APOLLO 11 PROVOU que era possível 
viajar até a Lua e retornar em segurança. 
Já a missão seguinte deveria mos�ar 
que o sistema Apollo era sofis�cado a 
ponto de permi�r uma alunissagem de 
alta precisão. Afinal, de que adiantaria 
obter imagens orbitais do globo lunar 
para escolher os locais cien�ficamente 
mais interessantes, se os as�onautas 
não podiam pousar onde se deseja para 
uma inves�gação mais detalhada?
Primeira missão de tipo H (pós-
-primeiro pouso) na lista da Nasa, a 
Apollo 12 tentaria essa descida de pre-
cisão, além de permi�r estadias de até 
dois dias na Lua, com duas sessões de 
caminhadas lunares. Ficou decidido que 
o módulo lunar In�epid deveria pousar 
nas proximidades do sí�o de pouso de 
uma das missões não �ipuladas da Na-
sa, a Surveyor 3. Se a missão pudesse 
descer à distância de uma caminhada de 
um marco tão claro quanto esse, estaria 
demons�ado que a Apollo podia enviar 
as�onautas a locais escolhidos de forma 
bastante criteriosa pelos cien�stas.
A má notícia é que o local em si, no 
Oceanus Procellarum, era muito similar 
ao que Neil Arms�ong e Buzz Aldrin 
viram no Mare Tranquilita�s, o que 
frus�ava quem estava interessado em 
ciência lunar. Em compensação, a boa 
notícia é que seria muito interessante 
ver em que estado estava a Surveyor 
3, depois de passar quase �ês anos na 
Lua. Partes da sonda poderiam ser �a-
zidas de volta para a Terra para análise 
mais de�da.
Os escolhidos para a missão foram o 
comandante Charles “Pete" Conrad Jr. 
De 14 a 24 de 
novembro de 1969.
Sim. O Intrepid 
pousou a apenas 183 
metros de seu alvo, 
a sonda Surveyor 3.
 EMBLEMA 
 DURAÇÃO 
 TRIPULANTES 
 DEU CERTO? 
Charles 'Pete' Conrad Jr.
Richard F. Gordon Jr.
Alan L. Bean
37DOSS I Ê SUPER 
CAP2.indd 37 12/06/19 19:00
Grupo Unico PDF Passe@diante
Apollo 
13 Uma potencial tragédia convertida num colossal triunfo.
N
NINGUÉM ENVOLVIDO com as missões 
Apollo se iludia quanto aos riscos. A 
Apollo 7 decolou com ventos desfa-
voráveis; se houvesse necessidade de 
abortar a missão durante a decolagem, 
a cápsula poderia ir parar em terra, em 
vez de no mar, ameaçando a sobrevivên-
cia da �ipulação. A Apollo 8 arriscou 
uma viagem jamais realizada antes. A 
1. Haise, 
Lovell e 
Swigert são 
resgatados 
pelo USS 
Iwo Jima.
2. A Lua 
vista da 
Apollo 13.
1
Apollo 10 quase perdeu o módulo lunar, 
com as�onautas den�o, na manobra de 
reencon�o com o módulo de comando. 
A Apollo 11 realizou uma alunissagem 
com pouco combustível, alarmes falsos 
do computador e uma manobra ma-
nual para escapar de uma cratera. A 
Apollo 12 decolou na chuva e tomou 
dois raios, que os engenheiros temiam 
ter danificado o sistema de acionamento 
dos paraquedas; �vesse sido esse o caso, 
os as�onautas estariam condenados à 
morte no retorno. Em cada uma dessas 
ocasiões, uma �agédia em potencial. E, 
no entanto, nada aconteceu. Isso cria 
uma falsa impressão de segurança. 
Quando chegou a hora de lançar a 
Apollo 13, a confiança da agência era 
total. Seria a primeira missão realmente 
dedicada à ciência, visitando um local 
de alto interesse dos es�diosos da Lua: 
a formação Fra Mauro, onde se espera-
vam encon�ar rochas ejetadas do im-
pacto violento

Continue navegando