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Direito Empresarial - Marcas e Patentes os Bens Industriais no Direito Brasileiro

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Marcas e Patentes: os Bens Industriais no Direito Brasileiro
taddeiventura.com.br/marcas-e-patentes-os-bens-industriais-no-direito-brasileiro/
Marcas e Patentes: os Bens Industriais no Direito Brasileiro.
Marcelo Gazzi Taddei
 Publicado na Revista Jurídica CONSULEX. Ano X, n° 223, p.26-33. Abril de 2006.
Brasília, DF.
1. Tratamento legal dos bens industriais: Lei n° 9.279/1996
Os bens industriais no país são disciplinados na Lei n° 9.279/1996, conhecida como
Lei da Propriedade Industrial (LPI) e que conta com 244 artigos. A Constituição
Federal de 1988, no art. 5°, XXIX, entre os direitos e garantias fundamentais prevê
que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para
sua utilização, assim como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, considerando o
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país.
A LPI aplica-se às invenções, modelos de utilidade, desenhos industriais, marcas,
indicações geográficas e à concorrência desleal, mas não trata do nome empresarial,
atualmente disciplinado nos arts. 1.155 à 1.168 do Código Civil de 2002 e nos arts. 33
e 34 da Lei n° 8.934/1994 (Lei de Registro Público de Empresa).
2. INPI: concessão de patentes e de registros
São bens industriais a invenção, o modelo de utilidade, o desenho industrial e a
marca. O direito ao uso exclusivo de um bem industrial decorre da concessão do
registro ou da patente pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior – MDIC e sediada no Rio de Janeiro), de acordo com a espécie de bem
industrial.
Marca e desenho industrial são objetos de registro no INPI, ao passo que invenção e
modelo de utilidade são objetos de patente no INPI. A patente não admite
prorrogações, ao passo que o registro, conforme será visto, admite. A concessão de
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patentes e de registros pelo INPI apresenta natureza constitutiva de direito, já que é
por meio dela que o empresário adquire o direito de explorar o respectivo bem
industrial com exclusividade.
Além da concessão de registros de marcas e desenhos industriais, patentes de
invenção e de modelo de utilidade, cabe ao INPI a responsabilidade pela averbação
dos contratos de transferência de tecnologia, contratos de franquia, registro de
programas de computador (possui a natureza de direito autoral) e de indicações
geográficas.
A exploração do bem industrial pode ser de forma direta ou indireta, que ocorre na
hipótese do titular do registro ou da patente autorizar um outro empresário a
explorar o bem industrial, mediante licença de uso. O empresário titular da patente
ou do registro também pode fazer a cessão do bem industrial a um outro
empresário, que passa a ter o direito exclusivo sobre ele.
3. Marcas
3.1. Definição: art. 122 (LPI)
Com base no art. 122 da LPI, marca é o sinal distintivo visualmente perceptível que
identifica, direta ou indiretamente, produtos e serviços.
3.2. Classificação das marcas
a) Legislativa: art. 123, LPI
De acordo com o art. 123 da LPI, as marcas classificam-se em:
– Marca de produto ou serviço: usada para distinguir diretamente produto ou serviço
de outro idêntico, semelhante ou afim. Exemplos: Coca-Cola, Suzuki, Skol, CCAA,
Mcdonald´s.
– Marca de certificação: usada para atestar (certificar) a conformidade de um produto
ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente
quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada.
Exemplos: Pró-espuma, ABIC, INMETRO.
– Marca coletiva: usada para identificar produtos ou serviços fornecidos por membros
de uma determinada entidade. Exemplos:Associação dos Cafeicultores da Região de
Ribeirão Preto, Associação de vinicultores de São Bento do Sul.
As marcas de certificação e as coletivas são marcas de identificação indireta. Elas
possuem um regulamento de uso registrado no INPI que estabelece as condições
para o uso da marca coletiva ou de certificação. É desnecessária a licença para o uso
dessas categorias de marcas, bastando o atendimento aos pressupostos previstos no
regulamento de uso, independentemente de qualquer registro no INPI.
b) Quanto à forma (âmbito administrativo no INPI):
Quanto à forma, as marcas são classificadas pela doutrina e pelo INPI em:
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– Nominativas: marcas formadas exclusivamente por palavras, que não possuem
uma preocupação estética ou visual, o interesse restringe-se ao nome. Exemplos:
Tony e Kleber.
– Figurativas: marcas constituídas por desenhos ou logotipos, figura ou um
emblema. Exemplos: quatro círculos da Audi, raio da Zoomp, símbolo da Nike.
– Mistas: apresentam as características das duas anteriores, constituindo-se de
palavras escritas com letras especiais ou inseridas em logotipos. São as mais
utilizadas. Exemplos: Coca-Cola, Fisk, Skol, Shell.
– Tridimensional: constituída por forma especial não funcional e incomum dada
diretamente ao produto ou a seu recipiente, sendo que a forma especial objetiva
identificar diretamente o produto. O registro da marca tridimensional é uma inovação
da Lei nº 9.279/96.Exemplos: tampa da caneta BIC, seta da caneta Parker.
3.3. Registro de marcas no INPI
a) Registro constitutivo de direito
O empresário adquire o direito ao uso exclusivo da marca com o certificado de
registro concedido pelo INPI, que é constitutivo de direito. O direito de exclusividade
será titularizado por quem requerer o registro em primeiro lugar, não interessando
quem tenha utilizado comercialmente a marca primeiro, ressalvando-se os casos de
boa-fé em que o interessado que utiliza marca pelo período mínimo de 6 meses pode
apresentar oposição no prazo de 60 dias da publicação do pedido de registro na
Revista de Propriedade Industrial de marca colidente com a sua.
b) Requisitos para o registro da marca: art. 124, LPI
O art. 124 da LPI elenca em 23 incisos os sinais que não podem ser registrados como
marca. Com base nesse dispositivo, a doutrina sintetiza 3 requisitos que devem ser
cumpridos para o registro de marcas: novidade relativa, não colidência com marca
registrada ou com marca notória e desimpedimento.
Novidade relativa: não é necessário criar uma palavra ou um signo novos, bastando
utilizar pela primeira vez para a identificação do produto ou do serviço uma palavra
ou signo já existentes. Cometa é uma palavra já existente, a novidade está no fato de
identificar pela primeira vez uma viação como Cometa. No caso da palha de aço, foi
criada uma expressão nova (Assolam). Quem adota a marca Arco-Írispara identificar
um refrigerante poderá obter a proteção do direito industrial apesar da expressão
não ter sido criada por ele, mas porque foi o primeiro a ter a idéia em chamar esses
produtos de Arco-Íris.
Não colidência com marca registrada ou com marca notória: a marca não pode ser
confundida com outras já existentes, não podendo apresentar colidências com a
marca registrada ou com marca notória. A reprodução de uma marca não é a forma
preferida dos usurpadores, que visando dissimular o ato indevido preferem a
imitação. Imitação é a semelhança capaz de causar confusão, enquanto na
reprodução cabe um juízo de constatação, na imitação cabe um juízo de apreciação.
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A identidade caracteriza a reprodução, a semelhança caracteriza a imitação. Na
imitação não se discute de reprodução total ou parcial de marca, mas da sua
simulação, do seu disfarce a fim de produzir confusão (Exemplos: Tuboar e Turbo-ar,
Bom-Bril e BomBrilho, Creolina e Criolinha).
Em relação à marca notória, o art. 126 da LPI atribui ao INPI poderes para indeferir de
ofício pedido de registro de marca, que reproduza, imite ou traduza, ainda que de
forma parcial, uma outra marca, que notoriamente não pertence ao solicitante. Trata-
se de disposição introduzida pela atual lei, pelaqual o Brasil cumpre compromisso
internacional assumido na Convenção de Paris, em 1884, pela qual os países
unionistas se comprometem a recusar ou invalidar o registro, assim como proibir o
uso de marca que constitua reprodução, imitação ou tradução de uma outra, que se
saiba pertencer a pessoa diversa, nascida ou domiciliada em país unionista, evitando-
se assim a pirataria internacional de marcas.
Desimpedimento: o art. 124 da LPI impede o registro de vários signos que não podem
ser registrados como marca. Exemplos: brasão, armas, medalha, bandeira, emblema,
distintivo e monumentos oficiais; expressão, desenho, figura ou qualquer outro sinal
que ofendam a moral e os bons costumes ou que ofendam a honra ou imagem de
pessoas ou atentem contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e
sentimento dignos de respeito e veneração; termo técnico usado para distinguir
produto ou serviço; sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou
simplesmente descritivo, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa
falsamente induzir indicação geográfica; obra literária, artística ou científica, assim
como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de
causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; sinal ou
expressão empregada apenas como meio de propaganda; além de outras vedações
previstas no art. 124, LPI..
c) Princípio da especialidade (especificidade)
A proteção da marca restringe-se à classe de produtos ou serviços em que é
registrada. O princípio da especialidade restringe o direito ao uso exclusivo da marca
à respectiva classe de atividade definida pelo INPI. Assim, no âmbito material a marca
apresenta uma proteção, em regra, relativa, já que podem existir produtos ou
serviços de classes diferentes utilizando denominações iguais ou semelhantes.
Exemplos: existe a marca Veja para a identificação de uma revista e a marca Veja para
a identificação de produtos de limpeza, isso é possível porque revistas e produtos de
limpeza estão em classes diferentes, não causando confusão junto aos consumidores.
O princípio da especialidade encontra uma exceção: a marca de alto renome, que
apresenta proteção especial em todas as classes de atividades, conforme assegura o
art. 125 da LPI. A doutrina destaca como exemplos de marcas de alto renome: Coca-
Cola, McDonald´s (COELHO, 2005, v.1, p.159).
d) Requerentes do registro da marca: art. 128, LPI
De acordo com o art. 128 da LPI podem requerer o registro de marca as pessoas
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físicas ou jurídicas de direito público (CC 2002, art. 41: União, Estados, DF, Territórios,
municípios, autarquias e demais entidades de caráter público criadas por lei) ou de
direito privado (CC 2002, art. 44: associações, sociedades, fundações). As pessoas de
direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que
exerçam efetiva e licitamente, de forma direta ou por meio de sociedades que
controlem direta ou indiretamente, declarando no próprio requerimento esta
condição. O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica
representativa de coletividade. O registro de marca de certificação só poderá ser
requerido por pessoa sem interesse comercial ou industrial direto no produto ou
serviço prestado.
e) Prazo de vigência do registro da marca: art. 133, LPI
O registro da marca tem a duração de 10 (dez) anos a partir da concessão do registro
(LPI, art. 133). Ao contrário do prazo da patente, é prorrogável por períodos iguais e
sucessivos, devendo o interessado realizar a prorrogação sempre no último ano de
vigência do registro. Se o prazo de prorrogação for perdido, admite-se que seja
apresentado nos 6 (seis) meses seguintes ao termo final do prazo de vigência,
mediante o pagamento de uma retribuição adicional.
f) Proteção territorial
O direito ao uso exclusivo da marca alcança todo o território nacional, já que o
registro da marca é realizado no INPI, autarquia federal, podendo alcançar proteção
internacional.
3.4. Marca de alto renome (art. 125, LPI) e marca notória (126, LPI)
As marcas de alto renome são as fortemente conhecidas no Brasil em toda a sua
extensão territorial, possuindo proteção em todas as classes de atividades. A
proteção territorial é nacional. O registro no INPI é essencial para assegurar o direito
exclusivo sobre o bem industrial. Segundo Ricardo Negrão (2003, v.1, p.146),
corresponde a uma inovação brasileira, trazida pelo art. 125 da LPI.
As marcas notórias são as notoriamente conhecidas em seu ramo de atividade e
possuem proteção especial, independentemente de estarem previamente registradas
no Brasil (o registro é dispensável para a proteção). Possuem proteção territorial
internacional, alcançando os países signatários da União de Paris (foram criadas e
estão previstas no art. 6 bis, inciso 1 da Convenção da União de Paris), mas a proteção
material é restrita à respectiva classe de atividade (princípio da especialidade). A
proteção da marca notória não depende de iniciativa da parte (oposição), podendo
ser determinada de ofício pelo INPI, ao justificar o indeferimento de concessão de
registro.
3.5. Repressão ao uso indevido da marca
O art. 130 da LPI assegura ao titular da marca ou ao depositante o direito de ceder o
seu registro ou pedido de registro, licenciar o seu uso e zelar pela sua integridade
material ou reputação. Para viabilizar a proteção da marca, a LPI disciplina algumas
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ações judiciais específicas:
– apreensão administrativa, de ofício ou a requerimento do interessado, pelas
autoridades alfandegárias de produtos com marcas falsificadas, alteradas ou
imitadas (art. 198, LPI);
– busca e apreensão na ocorrência de crime contra a propriedade industrial
(art.200, LPI);
– reparação de danos, que abrange os lucros cessantes por meio do critério
mais favorável ao prejudicado, considerando os benefícios que teria auferido se a
violação não tivesse ocorrido ou os benefícios que foram auferidos pelo autor da
infração, ou, ainda, a remuneração que o transgressor teria pago ao titular do direito
pela concessão de licenciamento (arts. 208 e 210, LPI).
Ricardo Negrão (2003, v.1, p.140) ressalta que além dessas medidas, o titular do
direito de propriedade industrial pode utilizar todas as ações de posse e de tutela
possessória, de abstenção de ato, indenizatórias, cautelares de busca e apreensão.
O art. 225 da LPI prevê o prazo de 5 anos de prescrição para a ação de reparação do
dano causado ao direito de propriedade industrial (nesse sentido a Súmula 143 do
Superior Tribunal de Justiça – Prescreve em 5 anos a ação de perdas e danos pelo uso
da marca comercial).
A ação para o titular de marca impedir a utilização de marca colidente com a sua por
terceiro é objeto de Súmula do STJ – Prescreve em 20 anos a ação para exigir a
abstenção do uso de marca comercial, mas devemos lembrar que o novo Código
Civil, no art. 205 reduziu para 10 anos o prazo prescricional na hipótese de omissão
legal.
 Além das sanções no âmbito civil, quem utiliza indevidamente uma marca registrada,
sujeita-se à persecução penal, prevista nos arts. 189 e 190 da LPI, que prevêem as
hipóteses caracterizadoras de crimes contra as marcas. Não viola o direito do titular
da marca o uso da marca por fabricante de acessório de outro produto para indicar a
destinação de seu produto; a citação da marca em obra sem conotação comercial,
como obra literária ou científica; a livre circulação do produto; o uso dos sinais
distintivos dos distribuidores juntamente com o uso da marca do produto, visando à
sua promoção ou comercialização.
3.6. Nulidade do registro da marca: arts. 165 a 175, LPI
O INPI pode, por equívoco, realizar o registro de marca colidente com uma já
registrada. Nesse caso, qualquer pessoa com legítimo interesse, pode no prazo de180 dias da expedição do certificado de registro requerer a instauração de um
processo administrativo de nulidade perante o INPI (art. 169, LPI). Verificada
irregularidade na concessão do registro pelo INPI, o processo administrativo poderá
ser instaurado de ofício pela autarquia.
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Não resolvida a questão no âmbito administrativo, poderá ser proposta pelo INPI ou
por qualquer pessoa com legítimo interesse ação de nulidade do registro da marca
(art. 173, LPI). O prazo para a propositura da ação prescreve em 5 anos a partir da
data da concessão do registro (art. 174, LPI). A ação de nulidade do registro será
ajuizada no foro da Justiça Federal, e quando o INPI não for o autor, deverá intervir
no feito (art. 175, LPI).
Como exemplo de registro de marca anulada por decisão judicial, destaca-se o caso
da Creolina, cujo titular da marca registrada conseguiu a nulidade do registro da
marca Criolinha, registrada pelo INPI na mesma classe de atividade da Creolina. A
nulidade foi justificada em razão da evidente confusão fonética.
3.7. Caducidade da marca: arts. 143 a 146, LPI
A caducidade da marca decorre da ausência de utilização da marca pelo prazo de 5
anos, sendo que a utilização com acentuadas diferenças à marca registrada equivale
ao desuso. O registro caduca com o requerimento de qualquer pessoa com legítimo
interesse.
3.8. Extinção do registro da marca: art. 142, LPI
O registro da marca extingue-se:
– pelo decurso do prazo de vigência do registro;
– pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou
serviços assinalados pela marca, ressalvado o direito de terceiro;
– pela caducidade;
– pela ausência de representante legal no Brasil se o titular é domiciliado em
outro País.
A possibilidade da nulidade da concessão do registro da marca constitui um fator
extintivo do direito industrial. Extinto o direito industrial por qualquer motivo, o
objeto cai em domínio público, podendo qualquer pessoa utilizá-lo. No caso de marca
coletiva ou de certificação cujos registros foram extintos, elas não poderão ser
registradas em nome de terceiro antes de expirado o prazo de 5 anos, contados da
extinção do registro (art. 154, LPI).
4. Desenho industrial (design)
4.1. Definição: art. 95, LPI
O art. 95 da LPI define desenho industrial como “a forma plástica ornamental de um
objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um
produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração
externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial”.
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Com base na definição legal, conclui-se que o desenho industrial é a alteração da
forma dos objetos que apresenta aplicação industrial sem ampliar a sua utilidade,
caracterizando-se pelo aspecto diferente atribuído ao objeto. A contribuição é apenas
estética, daí seu aspecto fútil, não melhora o funcionamento do objeto. São exemplos
de desenho industrial: a forma de uma luminária, de um móvel de decoração, de uma
jóia.
O art. 98 da LPI prevê que uma obra de caráter exclusivamente artístico não é
considerada desenho industrial, estando protegida pelo direito autoral. O desenho
industrial apresenta necessariamente utilidade, não se confundindo com a obra de
arte.
4.2. Registro do desenho industrial no INPI: arts. 98 e 100, LPI
O registro do desenho industrial no INPI encontra-se sujeito a três requisitos:
novidade, originalidade e desimpedimento.
De acordo com os arts. 98 e 100 da LPI, não pode ser registrado o desenho que:
– tem natureza puramente artística (obra-de-arte);
-ofende a moral e os bons costumes, a honra ou imagem de pessoas, ou atente
contra a liberdade de consciência, crença, culto religioso, ou contra idéias ou
sentimentos dignos de respeito e veneração;
-apresenta forma necessária, comum, vulgar ou determinada essencialmente por
considerações técnicas e funcionais.
O registro do desenho industrial do INPI submete-se ao regime da livre concessão, ao
contrário dos demais bens industriais, que exigem verificação prévia. Apenas a
existência dos impedimentos é checada pelo INPI no pedido de registro, antes da
expedição do certificado. Verificado o não atendimento aos requisitos da
registrabilidade, o INPI instaura de ofício o processo de nulidade do registro
concedido. O art. 113, §1°, da LPI, prevê que o processo de nulidade poderá ser
instaurado de ofício ou mediante requerimento de qualquer pessoa com legítimo
interesse, no prazo de 5 (cinco) anos contados da concessão do registro.
4.3. Prazo de vigência do registro: art. 108, LPI
O direito ao uso exclusivo do desenho industrial tem a duração de 10 anos a contar
do depósito do pedido, sendo admitidas até 3 prorrogações sucessivas de 5 anos
cada (prazo máximo de 25 anos a partir do depósito). Como ocorre com a
prorrogação do registro de marca, o pedido de prorrogação deve ser feito no último
ano de vigência do registro, sendo possível, se perdido o prazo, até 6 meses após o
término da vigência, desde que pague retribuição adicional.
4.4. Extinção do registro
De acordo com o art. 119 da LPI, o registro extingue-se:
– pela expiração do prazo de vigência;
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– pela renúncia do titular, ressalvado o direito de terceiros;
– pela falta de pagamento da retribuição devida ao INPI;
– pela ausência de representante legal no Brasil quando o titular é domiciliado
em outro país.
A possibilidade da nulidade da concessão do registro do desenho industrial também
constitui um fator extintivo do direito industrial. Como se observa, não existe
caducidade para o desenho industrial, ao contrário dos demais bens industriais.
4.5. Repressão ao uso indevido do desenho industrial
Os arts. 187 e 188 da LPI prevêem as hipóteses caracterizadoras de crime contra os
desenhos industriais. O uso indevido do desenho industrial, a exemplo do ocorre em
relação aos demais bens industriais, é sancionado no âmbito civil e penal, sendo que
as ações necessárias à proteção dos direitos decorrentes do registro (uso exclusivo,
cessão do registro ou do pedido de registro, licenciamento de seu uso, medidas de
proteção do bem industrial) já foram tratadas no item 3.5, supra.
5. Invenção
5.1. Definição
A invenção tradicionalmente não é definida na legislação. Com base na doutrina,
invenção corresponde à criação original do espírito humano que apresente os
requisitos da novidade (não compreendida no estado da técnica), inventividade (não
decorre de forma óbvia ou evidente do estado da técnica), industriabilidade (aplicação
industrial) e desimpedimento (conforme previsto nos arts. 10 e 18 da LPI).
5.2. Prazo de vigência da patente de invenção: art. 40, LPI
A patente de invenção tem a vigência de 20 anos contado do depósito do pedido,
assegurado o mínimo de 10 anos a contar da concessão da patente. Se houver
demora do INPI em conceder a patente, o prazo da concessão não poderá ser inferior
a 10 anos. Assim, se a patente é concedida após 8 anos da data do depósito do
pedido, o prazo é de 20 anos contado do depósito, mas se a patente é concedida
após 12 anos do depósito, assegura-se ao interessado a exploração da patente por
no mínimo 10 anos a contar da concessão, alcançando desde a data do depósito o
prazo total de 22 anos.
Patente não é prorrogável. Vencido o prazo a invenção cai em domínio público,
podendo ser explorada por qualquer pessoa, independentemente de licença.
6. Modelo de utilidade
6.1. Definição: art. 9°, LPI
O art. 9º da LPI define modelo de utilidade como o “objeto de uso prático, ou parte
deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição,
envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua
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fabricação”. Também chamado de pequena invenção, o modelo de utilidade é uma
espécie de aperfeiçoamento realizado em um objeto para facilitar, melhorar ou
ampliar a sua utilização.
Se o aperfeiçoamentonão apresenta avanço tecnológico que os técnicos da área
reputem engenhoso, sua natureza jurídica é de mera adição de invenção (art. 76, LPI).
Se existir dúvida em relação ao enquadramento da criação industrial como invenção
ou modelo de utilidade, não existindo critério técnico para eliminá-la, deve-se
considerar o objeto uma invenção.
6.2. Prazo de vigência da patente: art. 40, LPI
A patente de modelo de utilidade tem a vigência de 15 anos a contar do depósito do
pedido, sendo assegurado o mínimo de 7 anos a contar da concessão da patente. Da
mesma forma que a invenção, se houver demora do INPI em conceder a patente, o
prazo da concessão não poderá ser inferior a 7 anos. Não é permitida prorrogação,
vencido o prazo, o modelo de utilidade cai em domínio público e pode ser explorado
por qualquer pessoa.
7. Patenteabilidade: art. 8°, LPI
Para que a invenção e o modelo de utilidade sejam objeto de patente concedida pelo
INPI devem atender aos requisitos da:
a) Novidade: a invenção ou o modelo de utilidade não estão compreendidos no
estado da técnica (art. 11, LPI);
b) Inventividade: não decorre de maneira óbvia ou evidente do estado da técnica
(arts. 13 e 14, LPI);
c) Industriabilidade: deve ser suscetível de aplicação industrial, quando possam ser
utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria;
d) Desimpedimento: arts. 10 e 18, LPI.
O art. 10 da LPI prevê o que não é considerado invenção e modelo de utilidade:
descobertas; teorias científicas e métodos matemáticos; concepções puramente
abstratas; esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis,
financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; obras literárias,
arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética e programas de
computador; regras de jogo; técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos,
terapêuticos ou de diagnóstico; o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais
biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma
ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
O art. 18 da LPI prevê os impedimentos legais: invenções contrárias à moral, aos bons
costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; substâncias, matérias, misturas,
elementos ou produtos resultantes de transformação do núcleo atômico, assim como
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a modificação de suas propriedades e os processos respectivos; o todo ou parte dos
serres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos requisitos da
patenteabilidade e que não sejam mera descoberta.
8. A patenteabilidade de medicamentos
A atual lei não proíbe a concessão de patentes para medicamentos. As indústrias
farmacêuticas possuem a proteção legal, existindo aqui um conflito entre os
interesses das indústrias farmacêuticas e da saúde da população, existindo
mecanismos legais para buscar o equilíbrio.
9. Processo de nulidade de patentes: arts. 46 a 57 LPI
O procedimento administrativo para pleitear a nulidade da patente poderá ser
instaurado de ofício ou mediante requerimento de qualquer pessoa com legítimo
interesse no prazo de 6 meses da concessão da patente (art. 51, LPI). A ação de
nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo da vigência da patente (art. 56, LPI),
pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse. A ação de nulidade deve ser
ajuizada perante o foro da Justiça Federal e o INPI, quando não for o autor, intervirá
no feito (art. 57, LPI).
10. Licença compulsória da patente: arts. 68 a 74, LPI
A licença compulsória da patente ocorre nos casos previstos nos arts. 68 a 74 da LPI:
a) por abuso dos direitos de patente ou prática de abuso de poder econômico por
meio dela;
b) pela não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de
fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do
processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade econômica, quando será
admitida a importação;
c) pela comercialização que não satisfaz às necessidades do mercado;
d) por ficar caracterizada situação de dependência de uma patente a outra;
e) nos casos de emergência nacional ou de interesse público.
A licença compulsória só pode ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que
tenha capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto
da patente, que deverá destinar-se, predominantemente, ao mercado interno. A
concessão de licença obrigatória pelo INPI não constitui hipótese comum,
destacando-se o caso da vacina contra febre aftosa requerida pelo Laboratório Valée,
que foi concedida.
11. Caducidade da patente: arts. 80 a 83, LPI
A caducidade da patente, também conhecida como quebra de patente, ocorre de
ofício ou a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse quando,
decorridos 2 anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo não se
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mostrar suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou o desuso da patente,
ressalvando-se motivos justificáveis.
Assim, a quebra da patente exige como pressuposto a existência de uma licença
compulsória sobre ela e o abuso ou o desuso injustificáveis da patente. O INPI pode
requerer de ofício a iniciativa do processo de caducidade da patente, podendo
também qualquer pessoa com legítimo interesse requerer a caducidade, incluindo-se
aqui a indústria, o consumidor ou o fornecedor de produto que dependa da
distribuição do produto patenteado no mercado, cabendo esse pedido, segundo
Ricardo Negrão, às associações de consumidores, aos órgãos de defesa do
consumidor e ao Ministério Público (NEGRÃO, 2003, v.1, p.128).
12. Extinção da patente: art. 78, LPI
A patente da invenção ou do modelo de utilidade extingue-se em razão de:
– Decurso do prazo de duração
– Caducidade
– Renúncia do titular, ressalvado o direito de terceiro
– Ausência de representante legal no Brasil (art. 217, LPI)
– Ausência de pagamento da retribuição
Deve ser acrescentado ao rol legal previsto no art. 78 a possibilidade da nulidade da
concessão da patente como fator extintivo do direito industrial, hipótese que também
se verifica em relação aos bens industriais (marca e desenho industrial) registrados
no INPI. Vale lembrar que extinta a patente por qualquer razão, o objeto cai em
domínio público e qualquer pessoa pode fabricar o produto livremente.
13. Repressão ao uso indevido de patentes
O titular da patente tem assegurado o direito de obter indenização pelo seu uso
indevido, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do
pedido e a da concessão da patente (art. 44, LPI). Prescreve em 5 anos a ação para
reparação de dano causado ao direito de propriedade industrial (art. 225, LPI). Além
das sanções no âmbito civil, descritas acima (3.5, supra), a utilização indevida dos
bens industriais em estudo caracteriza crime contra as patentes (arts. 183 a 186, LPI).
Não obstante, o art. 45 da LPI prevê que “À pessoa de boa-fé que, antes da data de
depósito ou de prioridade de pedido de patente, explorava seu objeto no País, será
assegurado o direito de continuar a exploração, sem ônus, na forma e condição
anteriores”. Entretanto, se o pedido for depositado no prazo de até 12 meses após a
divulgação do objeto, quem o conheceu pela divulgação não terá direito à sua livre
exploração, já que a lei protege os inventos divulgados nos 12 meses anteriores à
realização do pedido de patente (é o chamado período de graça).
BIBLIOGRAFIA
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REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. v.1. 25 ed. São Paulo: Saraiva. 2003. 513
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	Marcas e Patentes: os Bens Industriais no Direito Brasileiro

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