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GONÇALVES, Leandro Pereira Plinio Salgado Um catolico integralista entre Portugal e Brasil (1895- 1975)

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00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 3
Leandro Pereira Gonçalves
Plínio Salgado
Um Católico Integralista 
entre Portugal e o Brasil
(1895-1975)
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 5
Capa: Thiara Speth
Concepção gráfica: João Segurado
Revisão: Soares de Almeida
Impressão e acabamento: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Lda. 
Depósito legal: 431549/17
1.ª edição: Outubro de 2017
Instituto de Ciências Sociais — Catalogação na Publicação
GONÇALVES , Leandro Pereira , 1979
Plínio Salgado : um católico integralista entre Portugal 
e o Brasil (1895-1975) / Leandro Pereira Gonçalves. - 
Lisboa : Imprensa de Ciências Sociais, 2017. - 
ISBN 978-972-671-398-2
CDU 94(469)
© Instituto de Ciências Sociais, 2017
Imprensa de Ciências Sociais
Instituto de Ciências Sociais
da Universidade de Lis
Av. Prof. Aníbal de Bettencourt, 9
1600-189 Lisboa – Portugal
Telef. 21 780 47 00 – Fax 21 794 02 74
www.ics.ulisboa.pt/imprensa
E-mail: imprensa@ics.ul.pt
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 6
Índice
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Hélgio Trindade
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
António Costa Pinto
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Capítulo 1
Plínio Salgado conhece Portugal: formação e desenvolvimento 39
 Relações familiares: gênese intelectual e moral . . . . . . . . . . . . . 43
 Entre materialismo e espiritualismo: mortes, marcos 
 de inquietações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
 São Paulo: momentos de consolidação intelectual e visibilidade 
 nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
 Plínio Salgado: matrizes e interlocuções num contexto 
 internacional, relação franco-luso-italiana . . . . . . . . . . . . . . 71
Capítulo 2
A «revolução legal» e o exílio em Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
 O Estado Novo: fim da AIB e prisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
 Em Portugal: busca de velhas solidariedades . . . . . . . . . . . . . . 121
 Solidariedade nazista em Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Capítulo 3
Plínio Salgado em Portugal: necessidade de um novo discurso 165 
 Quinto evangelista ou quinto colunista? . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 7
 Vida de Jesus: apostolado político, difusão e recepção 
 em Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
Capítulo 4
Conferencista e escritor luso-brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
 Propagação religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
 Nem a mulher-boneca nem a mulher-soldado: a mulher cristã . 242
 Propagação nacionalista cristã luso-brasileira . . . . . . . . . . . . . . 249
 Salvação da democracia pelo espírito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262
Capítulo 5
Retorno ao Brasil: um «Plínio Salazar?» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269
 Salazar e a democracia-cristã como elementos de inspiração . . 271
 Despedida de Portugal e volta ao Brasil: dupla lamentação . . . 284
 De profeta a político: à volta do exilado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
 O luso-brasileirismo no PRP e a defesa do colonialismo . . . . . 310
 Integralistas no poder? O golpe de 1964 e a ARENA na defesa
 de Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357
Fontes e bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 8
Índice de fotos
1 Plínio Salgado com os integralistas lusitanos da 1.ª geração
 Alberto Monsaraz, Hipólito Raposo, Pequito Rebelo 
 e Luís de Almeida Braga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
2 Plínio e Carmela Salgado nos anos 30 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
3 Alvarus: importador do «fascismo caboclo» . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4 Diário Carioca, Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5 A Hora, Porto Alegre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
6 Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
7 Foto-cartão de Plínio Salgado, chefe nacional da AIB . . . . . . . . . . . . 100
8 Plínio e Carmela Salgado com Hermes Malta Lins e Albuquerque . 139
9 Plínio e Carmela Salgado em Lisboa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
10 Plínio Salgado escrevendo a Vida de Jesus na Rua do Arco 
 a São Mamede, 95 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
11 Publicação Quinta Coluna e Integralismo, editada pela União Nacional 
 dos Estudantes (UNE) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
12 Plínio Salgado e o padre Moreira das Neves em gabinete 
 de trabalho em Lisboa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
13 Primeira página do jornal A Marcha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
14 Cardeal Gonçalves Cerejeira e Plínio Salgado em Lisboa . . . . . . . . . . 194
15 Conferência de Plínio Salgado no Teatro Nacional de D. Maria II . . 221
16 Plínio Salgado com os pais de Lúcia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
17 Conferência na Casa do Ribajeto, Lisboa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258
18 Plínio e Carmela Salgado para reportagem especial da revista 
 O Cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320
19 Cabeça de Plínio, 1959 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 326
20 O escritor Plínio Salgado foi recebido pelo Sr. Presidente 
 da República, O Século . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328
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21 Plínio Salgado diante de uma biblioteca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
22 Brasil: casa mal assombrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338
23 António de Oliveira Salazar e Plínio Salgado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342
24 Plínio Salgado para reportagem especial da revista Realidade . . . . . . . 354
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 10
Para Mariluci
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Todos aqueles que se têm mostrado curiosos 
em conhecer a minha biografia que leiam este 
livro e encontrarão subsídios não só para ela, 
mas para a própria história do integralismo brasileiro. 
O escritor não deve ter outra biografia senão as suas obras. 
O que interessa nele é o seu pensamento e o seu sentimento. 
E, quando um escritor exerce ação social e política, 
os seus livros adquirem um valor de «folha corrida».
Plínio Salgado 1
A história do Brasil, logicamente,como 
continuidade da vida de uma das mais 
cavalheirescas nações europeias, não começa 
com o descobrimento em 1500, mas, na realidade, 
tem o seu princípio na própria fundação 
da nacionalidade portuguesa.
Plínio Salgado 2
1 Plínio Salgado, Despertemos a Nação! (Rio de Janeiro: José Olympio, 1935), 9.
2 Id., Nosso Brasil, 4.ª ed. (São Paulo: Voz do Oeste, 1981), 29.
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Agradecimentos
Este estudo foi apresentado originalmente ao programa de pós-gra-
duação em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PPGH/PUC-SP). Com o título Entre Brasil e Portugal: Trajetória e Pensa-
mento de Plínio Salgado e a Influência do Conservadorismo Português, foi apro-
vado com nota máxima por todos os componentes do júri, ao qual con-
cedo os meus agradecimentos iniciais. À minha orientadora, Maria
Izilda Santos de Matos, figura excepcional, que transmitiu, além do co-
nhecimento, orientações e experiências sobre a vida acadêmica, promo-
vendo através da convivência o meu crescimento intelectual. Ao meu
orientador em Portugal, António Costa Pinto, os conselhos, incentivos,
apoio investigativo, os sábios comentários, além da atenção concedida,
foram fundamentais para o meu conhecimento e direcionamento da
pesquisa. Agradeço ao Francisco Carlos Palomanes Martinho, que, atra-
vés da experiência e conhecimento da política portuguesa, contribuiu
para a lapidação da investigação; ao Antônio Rago Filho, que, de forma
perspicaz, teceu inteligentes comentários, principalmente em relação à
base sociológica do movimento integralista, proporcionando o avanço
da pesquisa, e a Yvone Dias Avelino sinceros agradecimentos pelas re-
flexões literárias.
Defendida em 2012, foi indicada como a melhor tese de doutorado
do PPGH/PUC-SP e recebeu em 2014 menção honrosa na 1.ª edição
do Prêmio de Teses, promovido pelo GT Nacional de História Cultural
da Associação Nacional de História (ANPUH). É preciso um agradeci-
mento à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelas bolsas concedidas; sem elas o trabalho seria impossível
tanto no Brasil quanto em Portugal. Da mesma forma, ao Serviço de Bol-
sas da Fundação Calouste Gulbenkian pelo apoio concedido para a rea-
lização da investigação nos arquivos portugueses.
A realização do livro Plínio Salgado. Um Católico Integralista entre Portugal
e o Brasil (1895-1975) só foi possível com o apoio da Imprensa de Ciências
Sociais, editora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lis-
boa (ICS/UL). Um especial agradecimento à instituição que, com muito
15
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respeito, abriu as portas para a minha pesquisa em Portugal, concedendo
apoio institucional, acadêmico e investigativo.
Aos investigadores e amigos que em Lisboa contribuíram com a pes-
quisa: Maria Inácia Rezola, Riccardo Marchi, José Pedro Zúquete, Rita
Almeida de Carvalho, Paula Borges Santos e Duncan Simpson. Ao Au-
gusto Nascimento e à Eugénia Rodrigues agradeço especialmente por
terem sido o nosso «porto seguro» durante a estada em Lisboa. Agradeço
os sábios conselhos e conversas atenciosas dos investigadores José Bar-
reto, Paulo Archer de Carvalho, Xosé Manoel Núñez Seixas, António
Matos Ferreira e Paulo Fontes (agradecimento especial ao Centro de Es-
tudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa pelo
carinho com que sou sempre recebido).
A pesquisa não poderia ser realizada se não fossem os arquivos portu-
gueses. Através dos acervos, a investigação pôde ser construída. Dessa
forma, o meu agradecimento especial aos funcionários de todos os órgãos
de investigação que proporcionaram auxílios na busca documental e bi-
bliográfica. Agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para a
minha pesquisa em Portugal. Muitos ajudaram com poucas palavras, no
entanto, com suficiência acadêmica, os meus sinceros agradecimentos. 
No Brasil o processo investigativo só foi possível devido à existência
dos excelentes Arquivo Público e Histórico de Rio Claro, que é detentor
do fundo Plínio Salgado e do acervo documental Ação Integralista Bra-
sileira/Partido de Representação Popular – Espaço de Documentação e
Memória Cultural da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. Com os acervos, a pesquisa foi construída através do diálogo
com o material colhido nos diversos arquivos portugueses.
Um destaque aos companheiros de investigação, que puderam con-
tribuir com excelentes discussões. Agradeço igualmente a todos; no en-
tanto, o meu companheiro de pesquisa do Plínio Salgado no exílio, Gil-
berto Calil, com sábias colocações, ajudou sobremaneira as reflexões. 
O meu agradecimento aos pesquisadores e amigos Odilon Caldeira Neto,
Fábio Chang de Almeida, Maurício Parada, Rodrigo Christofoletti, Marly
Vianna, Érica Sarmiento, Janaína Martins Cordeiro, Mateus Fernandes
de Oliveira e Rodrigo Santos de Oliveira. Um especial agradecimento ao
precursor dos estudos sobre o integralismo, Hélgio Trindade, à minha
parceira de publicações Renata Duarte Simões e ao amigo Luís Henrique
Barros Honório Loures.
Para concretizar o livro, agradeço ao Conselho Nacional de Desen-
volvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e à Pontifícia Uni-
Plínio Salgado
16
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 16
versidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Através da possibi-
lidade de novas pesquisas e avanços foram realizados desdobramentos,
culminando com alguns ajustes da versão original estendida de 2012. 
O meu agradecimento aos colegas docentes pela parceria e aos bolsistas,
orientandos e discentes pelo interesse. O meu obrigado a todos que já
tive o prazer de ter como alunos, seja em Juiz de Fora ou em Porto Alegre.
Agradeço igualmente, pois o convívio e aprendizado é cada vez maior.
Há um número significativo de profissionais e amigos que passaram
pela minha vida e contribuíram para a realização do estudo, uma vez
que a pesquisa é resultado de uma vida acadêmica que teve início na li-
cenciatura. Com receio de deixar de fora alguma pessoa de notável im-
portância, não será possível citar todos os nomes; no entanto, destaco
José Eustáquio Romão, meu orientador na graduação e grande incenti-
vador, Mário Cleber Martins Lanna Júnior, pelo direcionamento da pes-
quisa, Gilberto Mendonça Teles, pela experiência única de ter um poeta
como orientador no mestrado, ao Gilberto Felisberto Vansconcellos,
pelas ótimas e hilárias conversas, a orientadora, incentivadora e amiga
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi. E um agradecimento especial à «culpada»
Rita Roque Schmith, pois, numa disciplina na graduação fui instigado a
pesquisar e a caminhar pelo estudo do integralismo e nele estou até hoje.
Por fim, mas não menos importante, pelo contrário, agradeço o apoio
incondicional da minha família, sem ela não seria possível a efetivação
dos meus sonhos e objetivos. Dessa forma agradeço aos meus pais, Nil-
ton e Sônia, que contribuíram com muito incentivo e constante carinho,
além de todo o restante da minha família, que compreendeu os momen-
tos de ausência, inclusive a Charlotte, minha fiel companheira de quatro
patas.
Não há como deixar de realizar um agradecimento mais do que espe-
cial ao meu grande amor. Com a Mariluci, a minha vida acadêmica e
pessoal foi construída. Ao meu lado em todos os momentos, no Brasil
ou em Portugal, foi o meu sustentáculo, o apoio mais sólido que eu po-
deria ter. Se não fosse a sua existência ao meu lado, não seria possível a
realização deste trabalho e de toda a minha carreira, pois o seu incentivo,
com palavras de carinho e amizade ou simplesmente um silêncio amo-
roso, fez com que eu acumulasse forças para dar continuidadenos mo-
mentos mais difíceis para depois comemorar as vitórias e alegrias. Obri-
gado por estar sempre ao meu lado!
Agradecimentos
17
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00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 18
Hélgio Trindade*
Apresentação
O leitor tem em mãos um livro que se propõe enfrentar um novo de-
safio: deslindar as complexas relações entre os integralismos lusitano e
brasileiro, tendo como foco a análise do itinerário doutrinário e político
de Plinio Salgado, «chefe supremo» da Ação Integralista Brasileira (AIB),
fundada em 1932. Ampliando significativamente as fontes de pesquisa
no Brasil e em Portugal, o autor vai além da sua tese de doutoramento,
defendida em 2012: Entre Brasil e Portugal: Trajetória e Pensamento de Plinio
Salgado e a Influência do Conservadorismo Português.1
Neste novo trabalho Leandro Pereira Gonçalves desdobra a sua pes-
quisa em duas fases principais: na primeira remonta à passagem de Sal-
gado, nas décadas de 20-30, da literatura à política, sob a influência do
movimento modernista de 1922, e as suas primeiras impregnações dou-
trinárias pelas leituras do Integralismo Lusitano; na segunda, uma década
mais tarde, com o fechamento da AIB (1938), exilado em Portugal, re-
toma a obra de António Sardinha no convívio intelectual com os seus
discípulos.
Convém recordar que na primeira tese sobre a AIB, elaborada num
enfoque filosófico pelo teuto-brasileiro Karl Heinrich Hunsche, na Uni-
versidade de Berlim, em 1933,2 há, pela primeira vez, uma referência ex-
plícita sobre a possível inspiração do integralismo brasileiro no seu ho-
mólogo português. Tal influência será, no entanto, relativizada pelo
próprio autor, empolgado com a ascensão de Hitler ao poder. Opta,
então, por aproximar, de forma questionável, a ideologia integralista com
a nazista, enfatizando apenas uma diferença essencial: o culto da raça
pura ariana versus a conceção multiétnica do movimento brasileiro. 
19
* Professor emérito da UFRGS, autor de Integralismo: O Fascismo Brasileiro da Década
de 30 (São Paulo: Difel, 1.ª ed., abril de 1974, e reed., em 3.ª ed., Integralismo: O Fascismo
Brasileiro na Década de 30, São Leopoldo, RS, Ed. Unisinos, 2016).
1 Leandro Pereira Gonçalves, Entre Brasil e Portugal: Trajetória e Pensamento de Plínio Sal-
gado e a Influência do Conservadorismo Português (tese de doutorado, São Paulo, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2012).
2 Carlos Henrique Hunsche., Der brasilianische Integralismus: Geschichte und Wesen der faschis-
tischen Bewegung Brasilien (tese de doutorado, Berlim, Friedrich-Wilhelms Universität, 1938).
00 Plínio Salgado Intro.qxp_Layout 1 19/09/17 11:45 Page 19
3 Hélgio Trindade, A Tentação Fascista no Brasil: O Imaginário de Dirigentes e Militantes
Integralistas (Porto Alegre: ed. da UFRGS, 2016), 837.
4 Plínio Salgado, Obras Completas (São Paulo: Américas, 1956).
5 Refiro-me à primeira tese do gênero, de José Chasin, O Integralismo de Plínio Salgado:
Forma de Regressividade do Capitalismo Hipertardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978,
e, mais recentemente, à tese de Alexandre Pinheiro Ramos, «Intelectuais e carisma: Ação
Integralista Brasileira na década de 30» (tese de doutorado, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013), mais sofisticada metodologicamente. 
Por outro lado, sabe-se pelos depoimentos de ex-integralistas 3 que o
ideário de Sardinha se difundiu no Brasil por meio do movimento mo-
narquista – Ação Imperial Patrionovista (1928) –, que aderiu à AIB e dela
se afastou quando Miguel Reale, secretário nacional da doutrina, estabe-
leceu que esta se definia pelo regime republicano. Nesta perspectiva, a
pesquisa de Leandro Pereira Gonçalves amplia o repertório documental
deste primeiro período, enriquecendo as suas bases analíticas.
Por sua vez, a ideologia integralista do Manifesto de Outubro de 1932
contém uma clara influência do fascismo italiano nos seus fundamentos
doutrinários, reconhecidos pelo autor: «o modelo do partido único e o
corporativismo de Estado», ainda que seja plausível a sua afirmação de
que «o pensamento de Plínio Salgado nasceu da influência do Integra-
lismo Lusitano». Trata-se de uma influência na fase pré-integralista ou no
período pós-integralismo? Na realidade ela foi mais relevante no período
do exílio, na medida em que este foi um tempo de reconversão doutri-
nária de Salgado, em que ele ajusta o seu pensamento ao retorno da de-
mocracia no Brasil, onde o seu projeto político era o de se adaptar à nova
conjuntura pós-derrota do nazifascismo em 1945. Este revisionismo dou-
trinário incorporou-se na edição das Obras Completas de Salgado, publi-
cadas em vinte volumes,4 em que foram substituídas as passagens de in-
fluência fascista dos livros originais por referências frequentemente
inspiradas nas encíclicas papais.
Todavia, em alguns estudos sobre o integralismo na sua fase clássica
(1932-1938) há uma tendência para isolar o pensamento de Salgado de
outras contribuições indissociáveis do universo ideológico da AIB. Os
escritos de Plínio Salgado, que buscavam dissimular as suas influências
ideológicas por meio de um estilo pretensamente original, fruto do seu
autodidatismo, geraram algumas interpretações equivocadas,5 na medida
em que as dissociavam dos outros teóricos do movimento. O estudo de
Leandro Pereira Gonçalves, embora tenha tido como foco a obra de Sal-
gado numa perspectiva luso-brasileira, não deixou de reconhecer outras
influências internacionais, especialmente a sua viagem à Itália, em 1930,
Plínio Salgado
20
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com a descoberta do fascismo italiano e da figura sedutora do Duce. 
O mérito do livro de Leandro Pereira Gonçalves é o de oferecer uma
análise compreensiva da obra de Salgado, não sucumbindo à tentação
de isolá-la da ideologia da AIB, sem incorporar, no entanto, as contri-
buições de inspiração fascista e nazista de Miguel Reale e Gustavo Bar-
roso, respectivamente, o que não era objeto do trabalho. A sua leitura,
por meio de exaustiva pesquisa apoiada em novas fontes documentais,
propicia ao leitor uma visão abrangente e inovadora do pensamento de
Plínio Salgado, mas não se esgota no seu retorno do exílio em Portugal.
O autor acompanha-o na sua tentativa fracassada, após fundar o Partido
de Representação Popular (PRP), de chegar à Presidência da República
em 1955 e o seu ocaso político como deputado federal da Aliança Re-
novadora Nacional (ARENA), partido instituído pela ditadura civil-mi-
litar, onde muitos ex-dirigentes e militantes integralistas encontraram es-
paço na expectativa de realização do seu projeto político-ideológico
frustrado da década de 30.
Referências
Chasin, José. O Integralismo de Plínio Salgado: Forma de Regressividade do Capitalismo Hiper-
tardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978. 
Gonçalves, Leandro Pereira. Entre Brasil e Portugal: Trajetória e Pensamento de Plínio Salgado
e a Influência do Conservadorismo Português. Tese de doutorado em História, São Paulo,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2012.
Hunsche, Carlos Henrique . Der brasilianische Integralismus: Geschichte und Wesen der faschis-
tischen Bewegung Brasilien. Tese de doutorado, Berlim, Friedrich-Wilhelms Universität,
1938.
Ramos, Alexandre Pinheiro. «Intelectuais e carisma: Ação Integralista Brasileira na década
de 30». Tese de doutorado em Sociologia, Rio de Janeiro, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2013.
Salgado, Plínio. Obras Completas. São Paulo: Américas, 1956.
Trindade, Hélgio. A Tentação Fascista no Brasil: O Imaginário de Dirigentes e Militantes Inte-
gralistas. Porto Alegre: ed. da UFRGS, 2016.
Apresentação
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António Costa Pinto*
Prefácio
Leandro Pereira Gonçalves, destacado historiador brasileiro já com
uma apreciável obra publicada sobre o Brasil e Portugal contemporâneos,
apresenta-nos neste livro um estudo exemplar sobre um dos mais impor-
tantes intelectuais e políticos brasileiros, Plínio Salgado.
Intelectual e político indissociável da «era do fascismo», do qual foi a
expressão mais visível no Brasil dos anos 30 do século XX, Plinio Salgado
teve uma longa vida política, tendo sobrevivido à Segundo Guerra Mun-
dial, criado e recriado partidos políticos na sequência da sua Ação Inte-
gralista Brasileira (AIB), até falecer em plena ditadura civil-militar, como
deputado da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o partido domi-
nante criado pelos militares brasileiros após o golpe de 1964.
A AIB foi o partido fascista com maior sucesso fora da Europa, cap-
tando segmentos importantes de uma jovem elite intelectual e conse-
guindo uma implantação política invejável, bem maior do que o seu ho-
mólogo português, o Nacional-Sindicalismo (N/S) de Rolão Preto. Mas
o movimento de Plínio Salgado acabaria por sucumbir de forma não
muito diferente do N/S: seria esmagado nos anos 30 por uma ditadura
de direita, dirigida por Getúlio Vargas, que se autodenominaria também
Estado Novo. Na sequência de um período de crescente tensão com o
novo poder, que passaria aliás por várias tentativas de golpe e movimen-
tações contra Vargas, também eles foram obrigados à dissolução. Os seus
chefes conheceram o exílio, entre os quais Plínio Salgado, que chegaria
a Lisboa em 1939, só regressando ao Brasil no fim da Segunda Guerra
Mundial. 
A AIB, enquanto movimento fascista, proveio da unificação de diver-
sos grupos fascizantes criados em inícios dos anos 30. Muito embora a
influência cultural do Integralismo Lusitano (IL) se tenha manifestado
inicialmente em movimentos de cariz monárquico, como a Ação Impe-
rial Patrianovista Brasileira (AIPB), criada em 1928, com os quais tinha
contactos diretos, a literatura autoritária portuguesa conheceu uma di-
fusão significativa no Brasil a partir dos anos 20. 
* Investigador coordenador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
(ICS-UL) e professor convidado no Instituto Universitário de Lisboa (IUL).
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Como salientaram vários dos seus estudiosos, a formação cultural de
Plínio Salgado aproximou-se do IL. Tal processo foi visível nas referências
aos seus teóricos, nomeadamente a António Sardinha, Hipólito Raposo,
Pequito Rebelo, Alberto Monsaraz e Luís de Almeida Braga. Por outro
lado, se o Nacional-Socialismo era visível em alguns dirigentes, como
Gustavo Barroso, e o fascismo italiano foi uma marca fundadora de ou -
tros, como Miguel Reale, o chefe integralista identificou-se mais com o
corporativismo tradicional e espiritualista do IL, a que associava uma
matriz católica comum aos seus congéneres lusitanos. O catolicismo foi,
no entanto, uma marca mais importante na AIB, a começar por Plínio
Salgado, do que no N/S português, cuja elite era mais secularizada. 
Plínio Salgado. Um Católico Integralista entre Portugal e o Brasil (1895-1975)
é um estudo pioneiro sobre os laços ideológicos transnacionais entre as
culturas autoritárias brasileira e portuguesa através do percurso intelectual
e político de Plínio Salgado. A sua grande inovação é que este livro segue
a evolução de Salgado, de intelectual modernista a construtor do fas-
cismo brasileiro, mas debruçando-se também sobre o seu exílio lisboeta
e na sua restante (e longa) vida política, sempre na sua relação com Por-
tugal. 
Assim, no capítulo 1, «Plínio Salgado conhece Portugal: formação e
desenvolvimento», analisa-se a sua maturação intelectual e a relação entre
a Action française, o IL e o fascismo. No capítulo 2, «A ‘revolução legal’ e
o exílio em Portugal«, e no capítulo 3, «Plínio Salgado em Portugal: ne-
cessidade de um novo discurso», trata-se de analisar as mudanças no seu
discurso político e na sua transmutação em intelectual católico em Lis-
boa, onde terminou a sua obra de maior difusão, Vida de Jesus. Em Por-
tugal, aliás, é associado ao mundo católico, e não ao do fascismo, pois
Plínio escreve e participa em inúmeras iniciativas e debates.
Plínio Salgado percorre Portugal, dando conferências presenciais ou
radiofónicas e escrevendo para a imprensa católica, cultivando a imagem
de um intelectual católico luso-brasileiro, inimigo do liberalismo e do
materialismo, ainda que mantenha sempre discretamente as suas relações
integralistas com o Brasil, como apresentado no capítulo 4, «Conferen-
cista e escritor luso-brasileiro».
Regressa então ao Brasil e funda o Partido de Representação
Popular (PRP), com um discurso político que abandona o discurso fas-
cista, substituído pelo democrata-cristão, ainda que muito marcado pelo
autoritarismo orgânico. Nesta fase, muito bem analisada no capítulo «Re-
torno ao Brasil: um ‘Plínio Salazar?’», nacionalismo e conservadorismo
autoritário católico marcam o seu programa político. Esta proposta na-
Plínio Salgado
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cionalista e católica é acompanhada por uma defesa do salazarismo, que
se estende até à sua morte. No último capítulo aliás Leandro Pereira Gon-
çalves analisa esta relação com detalhe, quando o PRP é extinto e uma
boa parte dos seus dirigentes se associa ao partido dominante da ditadura
civil-militar brasileira, a ARENA. Ao mesmo tempo que defende a guerra
colonial portuguesa dos anos 60, Plínio chega a propor que a ditadura
adopte uma representação corporativa semelhante à do Estado Novo
português.
Esta biografia intelectual e política de Plínio Salgado, nos seus cruza-
mentos com Portugal, representa não só um estudo pioneiro, como con-
tribui de forma exemplar para a história transnacional do fascismo e do
autoritarismo brasileiro e português.
Prefácio
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Introdução
Na década de 70, se alguém chegasse a algum centro investigativo e
dissesse que era um pesquisador do movimento integralista brasileiro,
sem dúvida, seria visto com um ar de desconfiança, principalmente por
ser um momento em que o historiador tinha uma preocupação exaustiva
com a história social e econômica. Não havia um olhar para a história
política, além do fato de estudar um pensamento voltado para a direita,
que não era comum, uma vez que o Brasil vivia uma fase ditatorial de
cunho direitista. Estudar o integralismo brasileiro é algo relativamente
novo, mas que possui uma origem investigativa peculiar. 
Ao falar do integralismo, pensa-se inicialmente em relações de práticas
autoritárias e ditatoriais com atrelamentos fascistas; no entanto, é possível
identificar diversas outras questões no movimento que pode ser consi-
derado um dos grandes objetos de estudos da política do século XX, prin-
cipalmente pelo forte crescimento nos anos 30, através da Ação Integra-
lista Brasileira (AIB). A continuidade da militância num momento em
que tais práticas não eram comuns após a Segunda Guerra Mundial com
o Partido de Representação Popular (PRP) é algo que merece atenção,
pois teve a capacidade de sobreviver na política por duas décadas. A con-
tinuidade da política integralista, no período do pós-guerra, encontra ex-
plicações numa mudança doutrinária estabelecida pelo líder do movi-
mento, Plínio Salgado, no período de 1939 a 1946, momento em que
ficou exilado em Portugal. Com a dissolução do PRP, pensou-se que de-
terminadas fontes políticas seriam extintas, mas a presença de um go-
verno ditatorial no Brasil e a manutenção dos componentes nacionalistas
de cunho autoritário permaneceram, influenciando, assim, o surgimento
dos denominados neointegralistas, quevem provar ao cidadão do século
XXI que ideias reacionárias e a semente da intolerância ainda estão pre-
sentes no nosso meio.
O integralismo não era visto como algo histórico, o que é estranho,
pois em plena década de 70, quase quarenta anos após a fundação da
AIB, os investigadores não visualizavam o tema como algo de impor-
tância para compreender o desenvolvimento político do século XX.
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Assim, tal função ficou a cargo das ciências sociais, que até hoje são re-
ferências para qualquer investigador do tema. Não há pesquisador que
não tenha esbarrado em nomes como Hélgio Trindade,1 José Chasin,2
Gilberto Felisberto Vasconcellos3 ou Marilena Chauí.4 Sem dúvida, o
ponto de partida para um pesquisador do integralismo está no estudo
realizado pelo cientista político Hélgio Trindade, nos anos de 1967 a
1971, na Université Paris-1 Panthéon-Sorbonne denominado L’action intégra-
liste brésilienne: un mouvement de type fasciste au Brésil.5 Com a conclusão, a
tese foi traduzida e publicada no Brasil, em 1974, sob o título Integralismo:
o Fascismo Brasileiro na Década de 30. Esse estudo promoveu a entrada da
temática no meio acadêmico, sendo responsável por tornar conhecido
o movimento, além de ter sido alvo de novas interpretações.6
Após o citado estudo houve o desenvolvimento de novas pesquisas
acerca do integralismo nas ciências sociais, trabalhos que tiveram como
aporte a crítica à tese de Hélgio Trindade. A primeira pesquisa a contrapor
foi o clássico estudo de José Chasin, que, no ano de 1977, sob a orienta-
ção do professor Maurício Tragtenberg, na Escola de Sociologia e Política
de São Paulo, defendeu a tese de doutoramento O Integralismo de Plínio
Salgado: Forma de Regressividade no Capitalismo Hipertardio. Nela criaram-
se novas concepções para analisar o integralismo de Plínio Salgado, ques-
tão que provocou diversos debates entre o autor e Trindade. A tese, que
foi publicada no ano de 1978 com o mesmo título, teve o intuito de ana-
lisar o pensamento de Plínio Salgado dentro de uma concepção dialética
lukacsiana. Ainda em 1977 ocorreu na Universidade de São Paulo a de-
fesa de doutorado intitulada Ideologia Curupira: Análise do Discurso Inte-
1 Hélgio Trindade, Integralismo: O Fascismo Brasileiro da Década de 30, 2.ª ed. (Porto Ale-
gre: Difel/UFRGS, 1979).
2 José Chasin, O Integralismo de Plínio Salgado: Forma de Regressividade no Capitalismo Hi-
pertardio, 2.ª ed. (Belo Horizonte: Una, 1999).
3 Gilberto Felisberto Vasconcellos, Ideologia Curupira: Análise do Discurso Integralista (São
Paulo: Brasiliense, 1979).
4 Marilena Chauí, «Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista Brasileira», in
Ideologia e Mobilização Popular, Marilena Chauí e Maria Sylvia Carvalho Franco (São
Paulo: Paz e Terra, 1985).
5 Resultou na publicação francesa: Hélgio Trindade, La tentation fasciste au Brésil dans
les années trente (Paris: Éditions de la Maison des sciences de l’homme, 1988).
6 Antes de Hélgio Trindade, alguns estudos foram realizados, mas sem impacto acadê-
mico, como: Carlos Henrique Hunsche, «Der brasilianische Integralismus: Geschichte
und Wesen der faschistischen Bewegung Brasilien» (tese de doutorado, Berlim, Friedrich-
Wilhelms-Universität, 1938); Nicolau de Flue Gut, «Plínio Salgado, o creador do inte-
gralismo na literatura brasileira» (tese de doutorado, Munique, Ludwig-Maximilians-Uni-
versität München, 1940) e Elmer R. Broxson, «Plínio Salgado and Brazilian integralism,
1932-1938» (tese de doutorado, Washington, The Catholic University of America, 1972).
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gralista, escrita pelo cientista social Gilberto Felisberto Vasconcellos. Pu-
blicada em 1979, criou, sob a orientação do Prof. Doutor Gabriel Cohen,
uma terceira via de análise do pensamento integralista, remetendo para
questões relacionadas com o movimento modernista, grupo a que per-
tenceu o líder da AIB, Plínio Salgado. Fechando as pesquisas e leituras
referentes ao integralismo na década de 70, tem-se o estudo da filósofa
Marilena Chauí, que, para o livro Ideologia e Mobilização Popular, datado
de 1978, escreveu o capítulo «Apontamentos para uma crítica da Ação
Integralista Brasileira». No artigo, a autora promoveu a continuidade da
criação de novos modelos interpretativos do integralismo e, embasada
no marxismo, elaborou um estudo em que faz referência às classes en-
volvidas no movimento.
A quadríade (Trindade, Chasin, Vasconcellos e Chauí) passou a ser
ponto de referência essencial para o estudo do movimento integralista,
influenciando de forma direta os estudos, mas ainda contidos nas ciên-
cias sociais e na filosofia. Somente em meados da década de 80 o inte-
gralismo passou a ser analisado, de forma tímida, dentro da academia
histórica. Crê-se que essa opção caminhava ao lado das fortes relações
do meio com o pensamento marxista e até mesmo pelos Annales, que
não viam a história política como algo necessário na ocasião, ainda mais
uma temática de cunho conservador. Com o início do novo século, so-
mente nos seis primeiros anos, foram realizadas 283 pesquisas sobre o
tema, um número superior ao somatório das produções das décadas de
80 e 90.7 Com a passagem do tempo e alterações metodológicas, a his-
tória política passou a ter importância nos diálogos e fez do integralismo
uma prática de pesquisa recorrente.
Percebe-se que o integralismo ainda é um objeto de grande relevância
e fertilidade, tanto é que o denominado «público leigo» possui uma série
de informações sobre o tema, principalmente através de revistas de
grande circulação no Brasil comercializadas em bancas de jornais.8 Exem-
plo claro é o destaque que a revista Caros Amigos concedeu ao estudo da
direita brasileira numa edição especial em dezembro de 2005. A justifi-
cativa emitida pela redação da Editora Casa Amarela, ao analisar a ne-
Introdução
29
7 João Fábio Bertonha. Bibliografia Orientativa sobre o Integralismo: 1932-2007 (Jabotica-
bal: Funep, 2010).
8 Notório exemplo ocorreu em outubro de 2010 no dossiê montado pela Revista de
História da Biblioteca Nacional com o título «Ameaça fascista? O integralismo ontem e
hoje». O lançamento da edição foi seguido de debate no auditório Machado de Assis,
na Biblioteca Nacional [cf. Revista de História da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro:
SABIN, 2010), 61].
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Plínio Salgado
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cessidade de conhecer e estudar o tema, foi estabelecida pela necessidade
de conhecimento do conservadorismo brasileiro: «A direita brasileira é
uma das mais espertas do mundo, porque entregou a pesquisa universi-
tária à esquerda, para que esta estudasse os movimentos populares e assim
ela ficaria bem informada – enquanto praticamente não há quem estude
a própria direita e as elites em geral».9
Não há dúvidas de que a principal composição política do movimento
integralista brasileiro esteve presente no pensamento do líder, Plínio Sal-
gado. Pertencente a uma família conservadora e tradicional, nasceu em
1895, na cidade de São Bento do Sapucaí. Ainda jovem foi para São
Paulo, onde se destacou, nos anos 20, no modernismo para posterior-
mente formar, na década seguinte, o primeiro movimento de massas do
Brasil: a AIB. Com matrizes múltiplas, Salgado tinha como propósito a
construção de uma doutrina política original; no entanto, a circularidade
de ideias do período fez com que o chefe sofresse influências considerá-
veis para a formação do seu pensamento. Buscou em Portugal o exemplo
doutrinário, o Integralismo Lusitano (IL):10 um movimento de cunho
nacionalista da direita radical com visível formação embasada na precur-
sora do conservadorismo, a Action française, que, assim como todos os
grupos políticos de princípios do século XX, estabeleceu uma resposta
práticapara a teoria proferida pelo Papa Leão XIII, em 1891, através da
Rerum Novarum. Após a influência lusitana na formação do pensamento
pliniano e a idealização do integralismo, novamente Portugal foi um des-
taque na organização doutrinária de Plínio Salgado, quando passou os
anos de 1939 a 1946 no exílio, durante o período do Estado Novo getu-
lista, momento que utilizou para reordenar o seu pensamento, ações e
articulações políticas, tendo a vertente do espiritualismo católico como
força central. Com o fim do período ditatorial varguista, retornou para
o Brasil com a afirmação de ser um luso-brasileiro, passando a ser um
defensor supremo da política de António de Oliveira Salazar, imagem
que seguiu até ao fim da vida.
9 Editorial, «Direita, eu?», Caros Amigos: Especial, dezembro de 2005, revista, 3.
10 Considerada uma fonte documental, a primeira investigação sobre a AIB, defendida
na Alemanha hitlerista, indica uma possível inspiração da AIB no IL, entretanto, o foco
estará na busca de relações com o nacional-socialismo (Hunsche, «Der brasilianische In-
tegralismus». Após a tese, o autor, um teuto-brasileiro, passou a atuar como locutor dos
programas de rádio que difundiam a propaganda nazista dirigida para o Brasil. Há uma
versão em português disponível no AIB/PRP-DELFOS-PUCRS: «O integralismo brasi-
leiro – história e caráter do movimento fascista no Brasil», tradução de Leandro Silva
Telles.
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Introdução
31
O estudo de investigação tem como uma das suas propostas a abor-
dagem do movimento integralista a partir de uma multiplicidade de pers-
pectivas, mas com um predomínio do viés transnacional com a política
conservadora portuguesa. Os objetivos propostos focalizarão a trajetória
de Plínio Salgado para a formação e desenvolvimento do integralismo
brasileiro nas suas mais variadas fases, buscando as múltiplas matrizes
discursivas e a circularidade cultural no campo das apropriações.
Ao verificar as relações existentes entre Portugal e o Brasil, analisa-se
principalmente a relação colonial e muito pouco no contexto do século
XX. As investigações que envolvem as relações entre os dois países são
inúmeras, com grande parte da produção intensificada no período colo-
nial, momento de importância para a formação das raízes que envolvem
os dois países. Com o passar dos séculos, mesmo após a independência
do Brasil, em 1822, percebe-se que não houve rompimento dos laços
entre as duas regiões e certamente ocorreram integrações através da imi-
gração portuguesa, fato de extrema importância para a formação e de-
senvolvimento da sociedade brasileira. 
O estudo Plínio Salgado. Um Católico Integralista entre Portugal e o Brasil
(1895-1975) 11 tem como proposta «rever» a relação Brasil-Portugal na
visão do líder integralista brasileiro e seus congêneres. As relações comu-
mente ignoradas no afã de construção da especificidade brasileira perpe-
tuam-se nas considerações mútuas que permanecem nas memórias das
antigas relações colônia-metrópole. Plínio Salgado é exemplo disto, uma
vez que, antes mesmo do movimento político, o contato com a literatura
lusitana já era estabelecido por Salgado e percebe-se que um dos pontos
motores dessa relação foi a aproximação de intensidade que havia entre
o Brasil e Portugal não só em aspectos culturais, mas políticos, uma vez
que o processo de implantação da república no Brasil e em Portugal ocor-
reu num mesmo contexto de heterogeneidade contra um tradicionalismo
monárquico. 
Partindo desse princípio baseado no conceito de cultura política, a in-
vestigação propôs a analise do pensamento evolutivo de Plínio Salgado.
O objetivo foi centrado nas produções do líder integralista e na forma
como foram produzidas num contexto de influência lusitana e basica-
mente católica, preceito que o acompanhou por toda a vida. Para a or-
11 O estudo foi apresentado originalmente com oito capítulos e reduzido por questões
editoriais: Leandro Pereira Gonçalves, «Entre Brasil e Portugal: trajetória e pensamento
de Plínio Salgado e a influência do conservadorismo português» (tese de doutorado, São
Paulo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2012).
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Plínio Salgado
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ganização da pesquisa buscou-se a leitura analítica das obras do autor
desde as primeiras produções na década de 10 até aos seus últimos escri-
tos, em 1975. A composição literária de Plínio Salgado foi intensa e a in-
vestigação buscou refletir a maior parte das obras que estivessem dentro
dos objetivos propostos. 
Com o estudo das produções doutrinárias, políticas, literárias e reli-
giosas, a pesquisa enxergou a necessidade de um aprofundamento; com
isso ressalta-se a cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, transformada
em «Meca» para o estudioso do integralismo brasileiro. O município re-
cebeu em 1985 a doação de todos os documentos pessoais e políticos
das mãos da viúva de Plínio Salgado, Carmela Patti Salgado, e assim
construiu o fundo Plínio Salgado no Arquivo Público e Histórico de Rio
Claro (APHRC/FPS). Na documentação verificaram-se manuscritos iné-
ditos, documentos pessoais, materiais do movimento integralista e várias
correspondências. Infelizmente, a biblioteca pessoal do autor não foi pre-
servada pela família, sendo vendida por preços irrisórios para alfarrabistas.
De qualquer forma, destaca-se a riqueza documental do acervo e a quan-
tidade de fontes para várias pesquisas acadêmicas. Ao lado desse arquivo
está o acervo documental Ação Integralista Brasileira/Partido de Repre-
sentação Popular – espaço de documentação e memória cultural da Pon-
tifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (AIB/PRP-DELFOS-
PUCRS), fundo constituído em Porto Alegre e que contém uma imensa
quantidade de documentos sobre a história do integralismo, sendo oriun-
dos do Centro de Documentação sobre a Ação Integralista Brasileira e o
Partido de Representação Popular (CD-AIB/PRP).
Foi utilizada uma quantidade significativa de fontes jornalísticas, bus-
cando na Biblioteca Nacional do Brasil referências a periódicos integra-
listas e produções da imprensa brasileira. Para complementação da pes-
quisa ocorreu a análise de documentos depositados na Fundação Casa
de Rui Barbosa e no Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV),
ambas no Rio de Janeiro.
Os estudos investigativos em Portugal apresentam uma relevância es-
pecial, principalmente pelas poucas produções acadêmicas até ao mo-
mento sobre o tema. Com investigações nos acervos portugueses bus-
cou-se uma possibilidade de entendimento das relações tão próximas de
Plínio Salgado com Portugal. Além de uma leitura especializada existente
na Europa, as investigações ocorreram principalmente na Hemeroteca
Municipal de Lisboa e na Biblioteca Nacional de Portugal para que, atra-
vés de uma análise da imprensa portuguesa, fosse possível compreender
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Introdução
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o exílio de Plínio Salgado, e para o sucesso da investigação foi localizada
uma série de jornais portugueses, tanto de Lisboa quanto do interior do
país, que ainda não haviam sido explorados de forma suficiente em tra-
balhos acadêmicos no que tange à estada do integralista em território lu-
sitano. Em relação ao período do exílio, estão concentradas nos mais va-
riados órgãos de imprensa do país informações de extrema importância
para a compreensão dos sete anos de Plínio Salgado em Portugal, o que
possibilitou um mapeamento dos anos de exílio.
Um apoio considerável na pesquisa foi encontrado no Arquivo Na-
cional da Torre do Tombo (ANTT), especificamente no arquivo Oliveira
Salazar (AOS), arquivo da PIDE/DGS, arquivo do Secretariado Nacio-
nal de Informação (SNI) e arquivo da Legião Portuguesa.O AOS cons-
tituiu peça fundamental para a investigação, pois, através do material
preservado por Salazar, é possível ter uma imagem do Estado Novo e,
consequentemente, das relações e diálogos com o Brasil no que tange ao
conservadorismo brasileiro de Plínio Salgado. Ainda no ANTT foi reali-
zada uma análise do arquivo da PIDE/DGS, que contém informações
sobre as ações da polícia política do Estado Novo, sendo que o material
é também constituído por documentos da antecessora, Polícia de Vigi-
lância e Defesa do Estado (PVDE). No fundo documental foi possível
identificar ações de Plínio Salgado no exílio, além de elementos que pos-
suíam ligações com o líder integralista. Foram realizadas investigações
no arquivo do SNI, além de uma pesquisa inédita na ocasião da investi-
gação, no acervo não aberto ao público, aos documentos da Legião Por-
tuguesa, milícia oficial do Estado Novo que tinha o propósito de orga-
nizar a moral da nação e cooperar na sua defesa contra os inimigos da
pátria. Neste vasto fundo documenta foram localizados dossiês sobre o
líder do integralismo brasileiro, Plínio Salgado, e o seu secretário parti-
cular, Hermes Malta Lins e Albuquerque, figura importante no exílio.
Ainda em Portugal foram estabelecidas investigações no Arquivo His-
tórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em que
foram analisados importantes documentos da Embaixada de Portugal
no Brasil. O Arquivo de História Social do Instituto de Ciências Sociais
da Universidade de Lisboa foi de grande valor na localização de docu-
mentos relativos ao IL, assim como o Arquivo Histórico Municipal da
Edilidade Sintrense, especificamente no espólio de Luís de Almeida
Braga. Outros espólios foram consultados, alguns com mais relevância
do que outros, entre eles Alfredo Pimenta, Rolão Preto, Hipólito Raposo
e Pequito Rebelo. Na Fundação António Quadros foram consultados os
espólios de António Ferro e esposa, Fernanda de Castro, e do filho An-
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Plínio Salgado
34
tónio Quadros. Na Biblioteca João Paulo II da Universidade Católica
Portuguesa foi identificado o espólio de António Sardinha e, depositados
na Biblioteca Nacional de Portugal, foram analisados os documentos de
João Ameal e Henrique Barrilaro Ruas.
As pesquisas em Portugal apresentam uma relevância especial para a
investigação, principalmente pelas poucas produções acadêmicas até ao
momento sobre o tema; dessa forma, ocorreu uma concentração consi-
derável nos trabalhos, que foram completados com atividades no arquivo
RTP (Rádio e Televisão de Portugal), Rádio Renascença, Círculo Eça de
Queirós, Embaixada da Alemanha em Portugal e no acervo depositado
no Patriarcado de Lisboa que constitui o arquivo pessoal do cardeal-pa-
triarca Manuel Gonçalves Cerejeira.
Há de se ressaltar a importância das bibliotecas portuguesas na inves-
tigação, pois, através de uma referência direcionada, foi possível estabe-
lecer paralelos e comparações analíticas entre o integralismo de Plínio
Salgado e os congêneres lusitanos. Além de textos em língua portuguesa,
foram usadas obras escritas noutros idiomas; dessa forma, optou-se por
apresentar o material com versões em português, assim como as referên-
cias de obras portuguesas e livros brasileiros escritos antes da reforma or-
tográfica de 2009. Uma das características dos textos de Plínio Salgado
foi a adoção de um estilo grandiloquente, com algumas palavras em
maiúsculas;12 o estudo não utilizou o exagero pliniano para a análise das
obras, mantendo a sobriedade, realizando adaptações para a melhor com-
preensão textual.
De acordo com investigações realizadas no Brasil e em Portugal, e na
intenção de responder a questionamentos sobre a relação de Plínio Sal-
gado com o conservadorismo português, o livro está dividido em cinco
capítulos. No primeiro, «Plínio Salgado conhece Portugal: formação e
desenvolvimento», a proposta está na análise da vida do autor e suas pro-
duções até a maturidade. A análise pauta a transição de São Bento do
Sapucaí para São Paulo, que gerou a inserção na intelectualidade paulis-
tana, culminando com a sua participação na Semana de Arte Moderna
de 1922, quando foi líder de um dos desdobramentos do movimento, o
grupo verde-amarelo e o posterior Anta. O momento marcou a passagem
de «gênio literário» para «gênio político», período estabelecido pelo pro-
cesso de interlocução internacional, compondo a relação franco-luso-ita-
liana, notadamente através da conexão existente entre a Action française
e IL com o integralismo brasileiro, grupos que podem ser colocados
12 Vasconcellos, Ideologia..., 31.
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Introdução
35
como foco de inspiração para a idealização da AIB num contexto de
avanço do catolicismo social. O lado italiano expressa a «sedução» que
Plínio Salgado passou a ter pelo fascismo de Mussolini e o estabeleci-
mento de um conceito autoritário.
No capítulo 2, «A ‘revolução legal’ e o exílio em Portugal», há uma re-
flexão em torno da mudança discursiva de Plínio Salgado como conse-
quência das alterações políticas no Brasil. O discurso revolucionário es-
piritualista foi sobreposto pelo discurso da legalidade, ou seja, houve
uma transformação da AIB em partido político, visando as frustradas
eleições presidenciais de 1938, que não ocorreram devido ao golpe de
1937 e à implantação do Estado Novo. Após uma série de articulações
políticas e, principalmente, após o ataque ao Palácio da Guanabara, o
líder dos integralistas foi preso em 1939, na Fortaleza de Santa Cruz, e
levado posteriormente para Portugal. Dessa forma, o objetivo está cen-
trado na passagem de Plínio para Portugal, dando início a uma nova, e
até então, desconhecida fase da sua vida. A presença no exílio pode ser
dividida em dois momentos. O primeiro correspondente ao período de
1939 a 1943. Nessa fase, o exilado iniciou uma série de organizações po-
líticas, tentativas de articulações golpistas, e concluiu a obra de maior re-
percussão da sua trajetória, Vida de Jesus. Após o lançamento do livro,
Plínio passou a ter uma presença significativa em Portugal no que tange
ao aspecto religioso; dessa forma, finaliza-se o primeiro momento de Plí-
nio fora do Brasil.
Em «Plínio Salgado em Portugal: necessidade de um novo discurso»
buscou-se verificar quem foi o Plínio de Portugal, um golpista de ações
fascistas ou um profeta? Após a Vida de Jesus, a imagem religiosa foi res-
saltada e a presença do autor foi notada por intelectuais, políticos e pela
sociedade em geral, uma vez que a obra foi um sucesso de vendas e cir-
culação. Foi o período mais fértil da vida intelectual do autor. Com inú-
meras conferências pelo país, publicações e aparições para a sociedade,
passou a ser uma referência no catolicismo lusitano. Adquiriu respeito,
credibilidade e admiração da sociedade portuguesa, que passou a adorá-
-lo como um profeta. O propósito está na análise e nas inspirações al-
cançadas em Portugal, além da necessidade de reordenar o seu discurso
no período de guerra. 
Como consequência da obra Vida de Jesus, Plínio Salgado passou a ser
requisitado em todo o país para proferir conferências de cunho religioso
e nacionalista, sendo esse caminho, em Portugal, analisado no capítulo
4, «Conferencista e escritor luso-brasileiro». O integralista evitava falar
publicamente sobre a política brasileira ou portuguesa, deixando essas
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ações para a clandestinidade. Nos microfones das rádios, nos grandes
teatros e salões do país ou em diversos artigos e entrevistas publicados
nos jornais do país foram exaltadas palavras cristãs com um preceito po-
lítico, pois os alvos de ataque das reflexões plinianas eram os inimigos já
conhecidos no tempo da AIB: o materialismo e o liberalismo. E após a
Segunda Guerra Mundiala novidade do discurso: o fascismo. 
Com atuação marcante e efetiva, passou a denominar-se luso-brasi-
leiro, que era nada mais do que um reflexo da habilidade pliniana no
sentido de alcançar apoio e aclamação. Dessa forma, a pesquisa preten-
deu analisar o máximo possível da permanência do integralista no exílio
para trazer ao leitor informações sobre esse momento e especialmente
verificar a importância de Portugal no sentido político do autor através
da reorientação doutrinária no retorno ao Brasil.
Em 1946 regressou ao Brasil; no entanto, trouxe a cultura portuguesa
como continuidade de inspiração. Como discurso político, passou a ser
um defensor da democracia-cristã, reflexo do momento e da habilidade
de Plínio. O integralista passou a defender com veemência uma proposta
democrática no novo ambiente que o Brasil vivia após o Estado Novo
getulista; no entanto, a antidemocracia foi a base desse novo pensamento
construído em Portugal através do modelo de sucesso que possuía no
poder de António de Oliveira Salazar, um ditador que sobreviveu à
queda do autoritarismo europeu e que não estava caracterizado no rol
do fascismo continental. Essa análise foi realizada no capítulo «Retorno
ao Brasil: um ‘Plínio Salazar’». Com uma proposta nacionalista e basica-
mente católica, Salazar inspirou Plínio, que passou a defender os inte-
resses lusitanos no Brasil, inclusive em relação às particularidades do país,
como nas guerras coloniais. O integralismo do pós-guerra no PRP buscou
a criação de uma política democrata-cristã inspirada na mensagem nata-
lina do Papa Pio XII, que discursou contra o fascismo e o comunismo,
passando, assim, a defender uma organização basicamente espiritual para
a sociedade. No capítulo final, a análise foi pautada nas relações de Plínio
Salgado com os conservadores portugueses, inclusive no período da di-
tadura civil-militar, quando o PRP foi extinto e o integralista entrou nas
fileiras da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), para continuar a sua
política nacionalista com práticas remanescentes do passado português,
proposta que seguiu até ao ano da sua morte, em 1975.
Plínio Salgado possui uma importância significativa para a história po-
lítica do século XX, e não só para o Brasil, pois as suas ações e os diálogos
estabelecidos com grupos lusitanos são fundamentais para a compreen-
são da política dos dois países. A proposta não consiste numa análise
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biográfica. Plínio Salgado. Um Católico Integralista entre Portugal e o Brasil
(1895-1975) lança um olhar profundo sobre o pensamento político do
líder num traçado ainda não trilhado, com o objetivo de compreender
o percurso do integralista e a importância de Portugal no decorrer da sua
trajetória, tendo como fundamentação central a hábil produção do autor
e as suas articulações políticas.
Introdução
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