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#03julho/ag
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verde?
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CoNCeItual
EDITORIAL 07
Amigos e parceiros,
É com a proposta de refletir sobre a sustentabilidade 
do planeta que apresentamos a terceira edição da ABD 
Conceitual. A cor verde é tema, meta, inspiração, refe-
rência, visão de futuro. Chegou o momento de assumir o 
ideal de vida sustentável e buscar um modelo de desen-
volvimento equilibrado. E a nossa revista mostra cami-
nhos possíveis, e pouco explorados, na imprensa brasilei-
ra. Mostramos que é possível mudar, avançar, transformar. 
Basta que cada um comece a pensar e agir de modo verde. 
No design de interiores, nas atitudes diárias, na vida. 
NOVA ABD
Desde que iniciamos o projeto “Nova ABD”, que pro-
põe a reestruturação completa da associação, ampliar 
atuações foi um dos principais desafios. Em um país 
grande como o Brasil, com tantas particularidades re-
gionais, requer atenção especial para o desenvolvimento 
de ações que atendam necessidades específicas. Reforça-
mos sempre que a meta é colaborar, acompanhar, formar 
e inspirar os designers de interiores no país. 
As mudanças promovidas pela ABD começaram em 
outubro de 2011, com a alteração do formato da estrutu-
ra de marketing, comunicação e divulgação, deixando de 
trabalhar com escritório terceirizado para criar organi-
zação própria e condizente aos interesses dos associados. 
Esse mapeamento começou com uma pesquisa inédita 
realizada no período de recadastramento dos associados. 
Cerca de mil e quinhentos associados responderam o que 
esperavam da ABD, dos rumos futuros da ABD. Surgia, 
então, a nova ABD, mais moderna e dinâmica, com mo-
delo de gestão descentralizado, apoio de prestadores de 
serviços, consultores e parceiros do mercado, além de es-
trutura interna para atendimento dos associados.
Essas parcerias agora se estendem a todo o Brasil, pro-
pondo ampliação da atuação da ABD em um momen-
to de crescimento do mercado e da economia nacional. 
Nesse contexto, agora são geradas ações para estudantes 
e professores, com benefícios e serviços voltados especi-
ficamente a eles. Cito aqui o mais importante concur-
so nacional promovido pela ABD: o 16º Prêmio ABD 
Novos Talentos 2012, que traz o objetivo de estimular 
estudantes do segmento. 
Pensando ainda no designer de interiores, passamos 
a oferecer suportes como consultorias jurídica e contá-
bil no novo portal (www.abd.org.br). Entre os benefí-
cios mais valorizados pelos associados, está o cadastro 
do portfólio de cada um no mini-site disponibilizado 
no portal da associação, criado para ajudar os milhares 
de consumidores que buscam contratar profissionais. 
Os eventos tiveram o formato alterado. Nossa grade 
de 2012 foi inspirada na pesquisa citada e desenvolvida 
para capacitar profissionais em temáticas sugeridas pe-
los associados. A pesquisa foi realizada pelo selo “Você 
pediu, a ABD cumpriu”, que acompanha serviços, 
eventos e ações executadas pela nova ABD. Outra ação 
importante é a criação da revista ABD Conceitual, já 
em sua terceira edição e definindo-se como canal que 
comunica ideias de mudança, cultura e referências aos 
profissionais associados.
Aproveito para comunicar que a ABD defende a re-
gulamentação da profissão. Como qualquer processo, o 
caminho envolve inúmeros detalhes e questões. Esta-
mos em movimento para trazer objetivos profissionais 
em comum. Por fim, muitas novidades estão em curso: 
site, newsletter quinzenal e redes sociais (Facebook e 
Twitter), os associados podem 
acompanhar ações e eventos. 
O nosso papel é colaborar, 
acompanhar, formar e, acima de 
tudo, inspirar os designers de 
interiores no Brasil. 
Carolina Szabó
Sinal verde
Fractais: a similaridade infinita na natureza, nas artes e no mundo digital
Assemelhai-vos 
uns aos outros
TEXTO ANDRÉ POLI
NATUREZA050
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ABD CONCEITUAL JUL/AGO 2012
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CONCEITUAL
#03JULHO/AG
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01
2
CAPA revista ABD Conceitual
terá cinco edições em 2012. 
A cada número, a publicação 
vai abordar uma cor e as 
incontáveis possibilidades 
que ela oferece. Na edição 03, 
o tema é o verde.
*
Publishers andré Poli e roberta Queiroz
Consultoria Editorial eduardo logullo | Marcos guinoza
Conselho Editorial Carolina szabó, renata amaral, jéthero Cardoso, 
roberto Negrete e alex lipszyc
Diretora Executiva ABD Maria Cecília giacaglia
Colaboradores amer Moussa, andré Bragança, daiane domingos, daniela Poli, 
Fabio galeazzo, Fernando Figueiredo, Frank siciliano, gustavo garcia 
(Papanapa), jéthero Cardoso, luan silva, Marcella aquila, roberto Negrete
Diretora de Arte Cinthia Behr
Editor de Fotografia renato elkis
Jornalista Responsável Marcos guinoza MtB 31683
Revisão ana Cecilia Chiesi
Pesquisa de Imagens Charly ho
Agradecimentos Harpia Oficina de Móveis (Marcelo Pardini – tel. 11 8710-6500)
Publicidade
Para anunciar comercial@velveteditora.com.br
VELVET EDITORA LTDA 11 3082 4275
www.velveteditora.com.br
ABD associação Brasileira dos designers de Interiores
www.abd.org.br
Presidente SP Carolina szabó, Vice Presidente SP renata duarte amaral, 
Diretora Financeira SP Márcia regina de souza Kalil, Diretora Nacional SP 
Maria luiza junqueira da Cunha (Malu), Diretora Nacional RJ Paula Neder de 
lima, Diretora Nacional PR Fabianne Nodari Brandalise, Diretor Nacional MG 
Carlos alexandre dumont (Carico), Membro Efet. Cons. Delib. SP alexander 
jonatan lipszyc, Membro Efet. Cons. Delib. SP Brunete Frahia Fraccaroli, 
Membro Efet. Cons. Delib. BA delma Morais Macedo, Membro Efet. Cons. 
Delib. SP Fernando Piva, Membro Efet. Cons. Delib. SP jhétero Cardoso de 
Miranda, Membro Efet. Cons. Delib. RJ luiz saldanha Marinho Filho, Membro 
Efet. Cons. Delib ES rita de Cássia Marques da silva (garajau), Membro Efet. 
Cons. Delib. SP roberto daniel Negrete, Suplente Cons. Deliberat. SP luciana 
teperman, Suplente Cons. Deliberat. SP Maria do Carmo Brandini, Suplente 
Cons. Deliberat. SP terezinha Nigri Basiches, Membro Efet. Cons. Fiscal DF 
denise Fátima de Faria Zuba, Membro Efet. Cons. Fiscal SP Marília Brunetti 
de Campos veiga, Membro Efet. Cons. Fiscal SP Maurício Peres Queiroz dos 
santos, Suplente Cons. Fiscal RJ ana Maria de siqueira Índio da Costa, 
Suplente Cons. Fiscal BA eneida Márcia da silva alves, Suplente Cons. Fiscal 
MG jaqueline Miranda Frauches
Sugestões
conteudo@abd.org.br
julho/agosto 2012
CoNCeItual
#03
Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade 
dos autores e não refletem a opinião da revista.
VER DE LONGE
Ler com oLho fóssiL
ou
Ler com oLho-míssiL
(WaLy saLomão, 1983)
TExTo Eduardo LoguLLo
DEsign papanapa
íconEs ThE noun projEcT / papanapa
cADERno InSIdE
Para quem se interessa por história, um lance de dados se joga ao acaso: 
na passagem dos últimos séculos, as mudanças importantes de cada perí-
odo só ocorreram a partir das terceiras décadas. houve exceção. mas bas-
ta olhar para trás e notar como as características sociais, culturais, econô-
micas, políticas e científicas, os fatos que inovaram o “tom” de um período, 
raramente começaram antes que as gerações nascidas vinte anos antes, 
em média, ganhassem voz e presença participativa. 
isso talvez ocorra porque as pessoas nascidas a partir dos anos 00 chegam 
à idade adulta exatamente no início da terceira década (que são as começa-
das em 20: 1820, 1920 e 2020). a partir daí, existirão pessoas representati-
vas do século, assim como existirão pessoas metade lá, metade cá. 
sabe-se que passagens de séculos sugerem possibilidades de mudanças 
e euforias coletivas. Acredita-se que a alteração numérica dos calendários 
trará mudanças reais. Qual o quê. as duas primeiras décadas conservam o 
“lastro”do século anterior, entre novidades e retrospectivas. Mesmo quan-
do surgem novos processos revolucionários (como a consolidação da in-
ternet e da cultura digital nos anos 00 do século atual), a mudança só se 
formatará por completo em, no mínimo, três décadas.
Vede! Nem tudo começa quando se espera. Nem tudo 
brota na hora certa. O tempo gera parábolas que preci-
sam ser apreendidas. O calendário existe oficialmente, 
mas o tempo se sobrepõe a números. Por isso, a cons-
tatação: os séculos não começam de modo cronológico. 
Séculos são abstrações. Vade!
Napoleão Bonaparte (1769-1821), por exem-
plo, o vulto ocidental dominante no princípio 
do século 19, era personagem essencialmen-
te do período anterior. homem pré-revolução 
industrial, pré-capitalista, regente imperialista, 
pré-Darwin. montado em seu cavalo, ele nun-
ca viu sequer uma locomotiva. e considerava 
as lunetas um imenso avanço da ciência. 
O fim da era napoleônica detém simbologias 
intensas: ali se “encerrava”, em 1821, o pen-
samento hegemônico do século anterior. o 
classicismo cedia seu posto ao romantismo. 
(Cito de modo iconográfico, simbólico, como 
marcos fixados num painel como pontos re-
ferenciais.) Tempo, tempo, tempo. Beethoven 
também se foi em 1827. Suas sinfonias são 
a trilha do interlúdio entre dois séculos toma-
dos por revoluções. a partir de 1825, um novo 
mundo se compôs, centralizado em Londres, 
cidade que se tornou epicentro do expansio-
nismo colonial, industrial e capitalista. 
agora pule cem anos. a chegada do século 
20 trouxe, na primeira década, a revolução 
do avião, do cinema como diversão popular, 
a consolidação da psicanálise, a extensão da 
eletricidade às cidades, os primeiros auto-
móveis, a urbanização das capitais. mas as 
pessoas ainda usavam cartolas, chapéus com 
pássaros empalhados e preferiam se deslocar 
em carruagens ou charretes de tração animal. 
Todo este primeiro período poderia ser con-
siderado um ‘rabicho’ comportamental do 
século anterior. outro dado simbólico: marcel 
Proust, o autor que extraiu miudezas do tem-
po e dos costumes de sua época, morreria em 
1922. com ele, com sua bronquite, suas po-
lainas, sua polidez aristocrática, encerrava-se 
o século 19. Pouco antes, Proust fora apre-
sentado a James Joyce, num encontro bizarro 
em que os dois se detestaram. Por traduzirem 
estéticas opostas? Talvez. Proust, memorialis-
ta do final novecentista; Joyce, revolucionário 
da linguagem do romance no século 20. 
A segunda década, 1910 em diante, foi 
política, com rupturas econômicas. o cza-
rismo é deposto na rússia, acontece a 
revolução soviética (1917), o império aus-
tro-húngaro se desfaz entre disputas de et-
nias, os aviões se transformam em armas, 
explode a Primeira Guerra mundial (1914-
1918), milhões sucumbem ao surto mundial 
da Gripe espanhola (1914), Viena assiste 
às primeiras perseguições da elite judaica, 
a espanha entra em guerra civil e, no Bra-
sil, os governantes ainda usavam casaca, 
monóculos, cartolas, bengalas, bigodões 
e carruagens. Vivia-se como no século 19. 
os quadros da pré-modernista anita mal-
fatti receberam críticas dos conservadores 
(ela abriu sua primeira mostra em 1916). 
Lobato escreveu que o modernismo seria 
uma “questão de patologia”. Os saraus do 
senador e colecionador freitas Valle era o 
que havia de mais avançado. 
OK, tudo isso acima foi um preâmbulo para 
justificar a “teoria” de que os fatos que 
deram uma nova narrativa ao século 20 ti-
veram start apenas na terceira década. a 
festa começaria nos anos 1920. Jazz, mu-
lheres de cabelos à la garçonne, voto fe-
minino, corridas de automóveis, a dança 
moderna (isadora Duncan, Diaghlev, os 
balés russos), a celebração de Picasso e 
da poesia fragmentária de Gertrude Stein, 
os arranha-céus de Nova york, a indústria 
automobilística em Detroit, chanel (que ti-
rava o posto de Poiret), Josephine Baker, 
Hemingway, Fitzgerald, o charleston, o fo-
nógrafo e estados coletivos de euforia, mu-
dança e aceleração. 
No Brasil, a semana de arte moderna (1922), o cinema, o samba, 
o maxixe, as melindrosas, Flávio de Carvalho, Oswald, Tarsila, Car-
men miranda, Pixinguinha, o cinema de mario Peixoto, os primeiros 
maiôs em copacabana, o carnaval como espetáculo das ruas, a 
lança-perfume, as primeiras empresas aéreas (a Varig foi fundada 
em 1926) e as novas maisons modas no rio de Janeiro. o design se 
despedia da Belle Époque, dos excessos do art-nouveau. e o auge 
do Bauhaus seria durante os anos 1920.
Ai, chega. Tá bom assim? Tempo, tempo, tempo. O verde brotará. 
O verde é o novo? Digamos que sim. E qual futuro nos aguarda? 
Ninguém pode prever. Que seja verde, muito verde. Pelo menos. 
abd conceitual jul/ago 2012
fOTOgRAfIA022
A série “Room Portraits”, do fotógrafo alemão Menno Aden, captura o olhar 
pela estranheza dos ângulos. Instalada no teto de diversos ambientes, a 
câmera de Aden registra espaços internos do alto – e o que era apenas 
um quarto transforma-se em composição bidimensional. Assim, as 
imagens retiram a objetividade do local e revelam uma realidade que 
sempre esteve lá, porém agora vista por perspectiva rara ao olho humano
X
Pé-DIREItO
texto mARCOS guINOzA | fotos mENNO ADEN
PlANtA 
BAIxA
abd conceitual jul/ago 2012
menno aden
Aden é especializado em fotografia de 
arquitetura e interiores. Nascido em Weener, 
cidade próxima da fronteira com a Holanda, 
ele estudou na Universidade de Bremen. Hoje, 
mora e trabalha em Berlim. mennoaden.com 
fOTOgRAfIA024
abd conceitual jul/ago 2012
e s Q u e ç a a s e s t r u t u r a s cinzas e frias 
dos campus universitários tradicionais. Em Bangkok, 
a capital da tailândia, a mais antiga universidade pri-
vada do país, construída em 1962, resolveu revolu-
cionar o ambiente de estudo, transformando uma 
de suas áreas em espaço lúdico e multicolorido.
Chamado Bangkok university student lounge 
(Bu lounge), o lugar foi idealizado pela agência 
Supermachine Studio – um dos mais conceituados 
escritórios de design do país – e tem como objetivo 
estimular a criatividade dos alunos, além de mantê-
-los por mais tempo na instituição – não apenas es-
tudando, mas também se divertindo. 
o espaço tem cerca de mil metros quadrados, di-
vididos entre o salão principal, o térreo e o mezanino, 
onde foram construídas instalações com ares futuris-
tas, como novas salas de estudo, ambientes para jo-
gos e karaokê, estúdio de música e locais adequados 
para leitura. O mobiliário e os espaços são flexíveis, po-
dendo ser modificados e reconfigurados pelos alunos 
de acordo com as suas necessidades.
Na universidade de Bangkok, o preceito do bió-
logo suíço jean Piaget parece que foi levado ao pé 
da letra: “a atividade lúdica é o berço obrigatório das 
atividades intelectuais das crianças, sendo, por isso, 
indispensável para a prática educativa.” n
supermachine.wordpress.com | www.bu.ac.th/th/inter
CORES VIBRANTES
O projeto do Bangkok University Creative Center 
faz parte dos planos do governo tailandês de 
transformar a economia do país, de origem agrícola 
e industrial, em uma economia criativa
texto Marcos guinoza
Em Bangkok, universidade 
transforma ambiente de 
estudo em espaço lúdico 
Bu louNge
IDEIAs quE fAzEm DIfEREnçA026
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abd conceitual jul/ago 2012
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PROjETO AMBIcIOSOE InOVADOR. e o legal é que não se trata 
apenas de uma ideia possível, mas já colocada em prática. O Bosco 
Verticale, em construção no bairro de Isola, em milão, faz 
parte do plano urbanístico Biomilano. A proposta é criar um 
cinturão verde ao redor da cidade italiana e restaurar 60 fa-
zendas, abandonadas na periferia, para uso da população.
o Bosco verticale tem duas torres residenciais: uma com 110 
metros de altura; outra com 76 metros. A maior diferença desse 
projeto (em relação a outros que têm a sustentabilidade como 
objetivo) são as varandas dos apartamentos com árvores e outras 
espécies de plantas. Segundo Stefano Boeri, arquiteto do projeto, 
será a primeira floresta vertical do planeta. 
“Essa proposta de reflorestamento metropolitano contribui 
para a regeneração do ambiente e da biodiversidade. As 900 
árvores e outros tipos de vegetação criam um microclima. A di-
versidade de plantas produz umidade, absorve Co2 e partículas 
sujas, e protege da radiação e da poluição acústica, promovendo 
melhor qualidade de vida e armazenamento de energia.”
IDEIAs quE fAzEm DIfEREnçA028
Em Milão, dois prédios residenciais 
têm árvores plantadas nas 
varandas dos apartamentos 
FlorESta vertical
no verão, as árvores sombreiam as janelas e filtram a poeira 
da cidade; no inverno, o sol brilha através dos ramos ressecados. 
os dois prédios contam com tecnologia que recupera e produz 
energia, ao mesmo tempo que filtra a poluição do ar. Também têm 
sistemas de energia eólica e fotovoltaica para aumentar o grau de 
autossuficiência energética, e a irrigação é feita com o reaprovei-
tamento da água produzida pelos edifícios. n
 
www.stefanoboeriarchitetti.net
modo de trazer o verde de volta 
às cidades, prédios com árvores e plantas 
são tendência na arquitetura. 
Só a vegetação do Bosco Verticale ocuparia 
uma área de 10 mil metros quadrados, 
o equivalente a um campo de futebol
VARANDAS VERDES
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Em Toronto, a prefeitura l
ocal planeja cobrir 
75% dos prédios da 
cidade com vegetação 
Pa r a r e d u Z I r o C a l o r nas grandes ci-
dades, combater o efeito estufa e minimizar prob-
lemas como enchentes e transbordamento de 
esgotos, uma ideia vem sendo implementada com 
sucesso em alguns lugares do mundo: os telhados 
verdes – ou Green Roofs. 
Basicamente, a ideia é plantar os mais diferentes 
tipos de vegetação na cobertura dos edifícios. 
os telhados verdes, segundo estudos, melhoram 
em 30% as condições térmicas no interior dos prédios, 
além de diminuir a poluição nos congestionados cen-
tros urbanos, ajudar a manter constante a umidade 
relativa do ar e formar um microclima no entorno.
e foi pensando nisso que a prefeitura de toronto, 
no Canadá, criou um plano de estímulo a essa téc-
nica. O objetivo é instalar telhados verdes em prédios 
já existentes e naqueles que serão construídos, com 
meta de alcançar de 50% a 75% de abrangência. Ini-
ciativas privadas que aderem à causa são contemp-
ladas com incentivos fiscais.
Para reforçar a iniciativa da prefeitura, funcionários 
municipais desenvolvem, em parceria com técnicos 
dos fundos atmosférico e hidráulico de toronto, um 
programa de reconhecimento dos benefícios causa-
dos pela implantação do sistema para a energia, a 
qualidade do ar e o clima na cidade. n
www.toronto.ca/greenroofs
IDEIAs quE fAzEm DIfEREnçA030
telhados 
verdes
FuTuRO plANEjADO
O objetivo da prefeitura 
da cidade canadense 
é, nos próximos anos, 
“esverdear” a cobertura 
de quase todos os 
edifícios, como mostra 
o gráfico elaborado pela 
Universidade de Toronto
HOJE
1 ANO
10 ANOS
Não apenas Toronto, mas várias cidades 
pelo mundo, como Sydney, na foto, 
estão adotando os telhados verdes para 
minimizar os seus problemas ambientais
ABd ConCeItuAl Jul/Ago 2012
abd conceitual jul/ago 2012
IDEIAs quE fAzEm DIfEREnçA032
o t e l h a d o v e r d e traz vários benefícios para 
a edificação e o seu entorno. Além do evidente as-
pecto estético, tem importantes vantagens práticas.
1. É poderoso isolante térmico, por proteger o 
pavimento inferior da insolação e criar um ambien-
te agradável. Também contribui na impermeabili-
zação da cobertura, ao evitar dilatações, retrações 
e vazamentos.
2. retarda a descida da água da chuva para as 
redes pluviais, evitando a sobrecarga e alagamen-
tos dos sistemas.
3. contribui para diminuir as “ilhas de calor” provo-
cadas pelo aumento da temperatura ambiente em 
regiões de pouca vegetação e muito pavimentadas.
tudo aquilo que você queria saber sobre telhados 
verdes e não tinha coragem de perguntar 
Sob medida
texto Frank siciliano
Importante saber que o telhado verde não eli-
mina a cobertura impermeabilizada, que deve ser 
apoiada em laje ou telhas. Essa execução pode ser 
feita de diversas formas: jardins suspensos, siste-
mas industrializados ou modulares.
os jardins suspensos são recomendados em 
obras onde ocorram maior sobrecarga na laje. Exi-
gem também mais altura para contemplar o sistema 
com drenagem sub-superficial, quantidade maior 
de terra e de vegetação. Essa modalidade apresenta 
a vantagem de manter espécies de maior porte.
os industrializados contam com tecnologia avan-
çada, rapidez na instalação e maior adaptabilidade 
na implantação de reformas, porque apresentam 
pouca sobrecarga à cobertura existente. São com-
postos por manta anti-raízes que protege a imper-
meabilização ou a cobertura, mais uma bandeja 
que armazena a água de chuva até que escoe pelo 
sistema de drenagem (ou que sejam utilizadas nas 
plantas). Sobre a plataforma é colocada a manta que 
serve de filtro e de suporte para o substrato em que 
será plantada a vegetação. Por fim, é instalada uma 
armação plástica para estruturar, além de reter terra 
e plantas em planos inclinados que evitem o piso-
teio. Todo este sistema tem apenas 5 cm de altura e 
pesa aproximadamente 60Kg/m2. A montagem de 
uma cobertura de 200m2, por exemplo, não demo-
ra mais do que um dia trabalho.
a manutenção desse sistema é fácil e depende das 
espécies escolhidas. Há plantas que sobrevivem com 
pouca água por muito tempo e utilizam a água das 
bandejas de retenção, apresentando crescimento li-
mitado pela quantidade reduzida de substrato.
o custo da instalação de telhados verdes varia de 
acordo com o modelo e as plantas escolhidas: de 
R$ 100 a R$ 200 o metro quadrado. Esses custos se 
tornam atraentes ao se considerar a eliminação de iso-
lantes térmicos na cobertura e a economia de energia 
por não-utilização de ar-condicionado nos ambientes. 
Frank Siciliano é arquiteto da Todescan 
Siciliano Arquitetura (tsarq.com)
BEIRuT WOnDER fOREsT
Beirute prova que projetos verdes 
são viáveis em qualquer cidade, 
mesmo as problemáticas. A imensa 
capital do líbano, em área verde, 
tem apenas 0,8 m2/pessoa, bem 
abaixo do índice recomendado pela 
OmS, que é de 12 m2/pessoa. mas 
um projeto de lei transformará a 
cidade, com cerca de 2,5 milhões de 
habitantes, na primeira do mundo 
com obrigatoriedade de plantar 
jardins nas coberturas de prédios 
–- como solução imediata para 
esse grave problema ambiental. As 
imagens, feitas pelo StudioInvisible, 
simulam a aparência de Beirute com 
os jardins. www.studioinvisible.org
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