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BAPTISTA, Patrícia; ACCIOLY, João Pedro A Administração Pública na Constituição de 1988 Trinta anos depois_ disputas, derrotas e conquistas

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Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
A administração pública na 
Constituição de 1988. Trinta 
anos depois: disputas, derrotas e 
conquistas*
Public administration’s ruling in 
the 1988 Brazilian Constitution. 
Thirty years by now: disputes, 
defeats and achievements
Patrícia Baptista**
João Pedro Accioly***
 Artigo recebido em 21 de maio de 2018 e aprovado em 8 de junho de 2018. DOI: hĴ™DZȦȦ¡ǯ˜’ǯ
org/10.12660/rda.v277.2018.76704.
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Janeiro.
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REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO46
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
RESUMO
Passados 30 anos de vigência do capítulo dedicado à disciplina da 
 administração pública na Constituição de 1988, o artigo passa em revista 
œžŠȱ›Š“Žà›’Šǯȱ�—ŸŽœ’ŠȱŠȱ˜›’Ž–ȱ‘’œà›’ŒŠȱ˜ȱŒŠ™Çž•˜ǰȱ˜ȱȱŒ˜—Ž¡˜ȱŽȱœžŠȱ
aplicação e alguns dos principais processos de disputa que o marcaram. 
�’œŒ˜››Žȱ œ˜‹›Žȱ ¹¡’˜œȱ Žȱ ›ŠŒŠœœ˜œȱ Ž–ȱ œžŠȱ ŽŽ’ŸŠ³¨˜ǰȱ Šȱ ™Š›’›ȱ Žȱ ž–Šȱ
 perspectiva realista e, ao mesmo tempo, critica o discurso retórico-
-normativista da Constituição, até aqui predominante na academia e nos 
tribunais.
PALAVRAS-CHAVE
Direito administrativo — direito constitucional — administração pública 
— Constituição de 1988
ABSTRACT
Thirty years after the promulgation of the 1988 Constitution, the article 
Ž¡Š–’—Žœȱ ‘Žȱ ›Š“ŽŒ˜›¢ȱ ˜ȱ ‘Žȱ Œ˜—œ’ž’˜—Š•ȱ Œ‘Š™Ž›ȱ Ž’ŒŠŽȱ ˜ȱ ›ž•Žȱ 
the Public Administration. It investigates the chapter’s historic origin, the 
Œ˜—Ž¡œȱ ’—ȱ ‘’Œ‘ȱ ’ȱ ’œȱ Š™™•’Žȱ Š—ȱ œ˜–Žȱ ˜ȱ ‘Žȱ–Š’—ȱ ’œ™žŽȱ Ž™’œ˜Žœȱ
concerning its application. At last, the article discusses the achievements 
and failures in its enforcement, from a realistic perspective and, at the same 
time, critical to the normative-rhetorical speech about the Constitution, 
 ‘’Œ‘ȱ‘Šœȱ‘’‘Ž›˜ȱ™›ŽŸŠ’•Žȱ’—ȱ‘ŽȱŠŒŠŽ–¢ȱŠ—ȱ’—ȱ‘ŽȱŒ˜ž›œǯ
KEYWORDS
�˜—œ’ž’˜—Š•ȱ•Š ȱȯȱŠ–’—’œ›Š’ŸŽȱ•Š ȱȯȱ™ž‹•’ŒȱŠ–’—’œ›Š’˜—ȱȯȱŗşŞŞȱ
Constitution
1. Três ciclos na vida da Constituição de 1988
Nos primeiros 10 anos de vigência da Constituição de 1988, todos os 
esforços se voltaram para torná-la efetiva. O que se queria, então, era afastar 
o risco de repetição da tragédia das Constituições brasileiras anteriores. Cada 
uma, a seu modo e a seu tempo, havia fracassado na missão de conformar 
˜ȱ Ž¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱ ›ŽŠ•ȱ ˜ȱ ™˜Ž›ȱ Žȱ Šȱ Ÿ’Šȱ Šœȱ ’—œ’ž’³äŽœȱ ¥œȱ œžŠœȱ ™›ŽœŒ›’³äŽœǰȱ
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47PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
contribuindo para a instabilidade institucional que marcou o Império e a 
República até aquele momento.1
No empenho para consolidar, entre nós, a força normativa da Constituição 
de 19882 — que veio basicamente da academia, do Judiciário e das demais 
corporações jurídicas —, um dos mais importantes movimentos foi a atração 
Žȱ ˜Šȱ Šȱ—˜›–Š’Ÿ’ŠŽȱ ’—›ŠŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ™Š›Šȱ Šȱ ŽœŽ›ŠȱŽȱ ’—Ěž¹—Œ’ŠȱŠȱ
˜›Ž–ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ�ŽȱŠ•ȱ˜›–ŠȱšžŽȱ˜ȱ˜›Ž—Š–Ž—˜ȱ“ž›Ç’Œ˜ȱŽ¡’œŽ—Žȱ—˜ȱ
país, a partir daquele momento, precisava ser relido e reinterpretado para se 
ajustar aos mandamentos da nova Carta. Aquilo que não pudesse se adequar 
haveria de se descartar; em bom “ž›’’šž¹œ, revogar.3
Essa, creia-nos o leitor, não foi missão fácil; demandou tempo, e, claro, 
encontrou resistências. Mas havia, àquela época, muita gente nova, ansiando 
por mudanças (na academia, nas instituições e nos tribunais) e com disposição 
para brigar pelo projeto constitucional a tão duras penas conquistado.
A ꕝ›ŠŽ– constitucional4 alcançou praticamente todos os ramos do 
direito, público e privado, relevando-se, no entanto, mais forte em relação 
Š˜œȱ™›’–Ž’›˜œǰȱ “¤ȱ—Šž›Š•–Ž—Žȱ™›à¡’–˜œȱ¥ȱ–Š·›’ŠȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ�Žœž•˜žȱ
daí um amplo e intenso processo de constitucionalização do direito no país, 
que, até hoje, é uma das marcas mais relevantes da ordem constitucional de 
1988, sobretudo quando comparada às que lhe antecederam (em que esse 
movimento não se operou).
Para garantir o sucesso do projeto, pode-se assim dizer que a primeira 
década de vigência da Constituição de 1988 foi uma época de louvação das 
suas virtudes e de sua capacidade de transformação das instituições, da vida 
™ø‹•’ŒŠȱŽǰȱŠ·ǰȱŠȱ™›’ŸŠŠǯȱ�ȱ’›Ž’˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǰȱŒ˜›™˜›’ęŒŠ˜ȱ—Šȱ�Š›ŠȱŽȱ
1ȱ �ȱ ›Žœ™Ž’˜ȱ Šȱ ›Š“Žà›’Šȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ ‹›Šœ’•Ž’›Šǰȱ Œ˜—ꛊ–ȬœŽȱ ������ǰȱ �Š’˜ǯȱ Constituições 
republicanasǯȱ�›ŠœÇ•’ŠDZȱ�Ž—Š˜ȱ�ŽŽ›Š•ǰȱŗşşşDzȱ�������ǰȱ�žÇœȱ�˜‹Ž›˜ǯȱO direito constitucional 
e a efetividade de suas Normas. 9. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. p. 7-45; SARMENTO, 
Daniel; PEREIRA NETO, Cláudio de Souza. Direito constitucional: teoria, história e métodos 
Žȱ›Š‹Š•‘˜ǯȱ�Ž•˜ȱ
˜›’£˜—ŽDZȱ�à›ž–ǰȱŘŖŗřǯȱ™ǯȱşśȬŗśŚDzȱŽȱ�����ǰȱ�Š›Œ˜ȱ�—â—’˜ǯȱA história das 
Constituições brasileirasǯȱ�¨˜ȱ�Šž•˜DZȱ�Ž¢ŠǰȱŘŖŗŘǯ
2 Teoria que também era um carro-chefe algo recente da teoria do direito constitucional na 
Europa, notadamente na Alemanha, com farta literatura em que os estudiosos do direito 
constitucional brasileiro foram se apoiar.
3 A categoria “revogação” é empregada aqui por ter sido acolhida reiteradas vezes pelo 
Supremo (v.g., ADI 02 e ADI 07) e pela literatura. A rigor, a incompatibilidade de normas 
pré-constitucionais com a nova Carta seria hipótese de inconstitucionalidade superveniente. 
Como o critério hierárquico prevalece sobre o cronológico, tecnicamente, as normas não 
seriam revogadas, mas invalidadas à luz da novel ordem constitucional.
4ȱ �ȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱ¤ȱÇž•˜ȱŠȱŒ˜—‘ŽŒ’˜ȱ›Š‹Š•‘˜ȱŽȱ��
���ǰȱ�Šž•˜ȱ�’ŒŠ›˜ǯȱFiltragem constitucional: 
construindo uma nova dogmática jurídica. Porto Alegre: Sérgio Fabris, 1999.
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1988, continha os elementos necessários para ser a força motriz da mudança 
do país. Foi o período da Constituição cidadã; do ufanismo constitucional.
Nos 10 anos seguintes, a consolidação dessas ideias resultou — em um 
™›˜ŒŽœœ˜ȱŒ’›Œž•Š›ȱšžŽȱœŽȱŠž˜Š•’–Ž—˜žȱȯȱ—Šȱ›Š—ŽȱŽ¡™Š—œ¨˜ǰȱ—ž–·›’ŒŠȱŽȱ
qualitativa, da jurisdição constitucional.5 Rápida consulta às estatísticas do 
Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que, entre 1990-98 (nove anos), foram 
™›˜™˜œŠœȱ Š™›˜¡’–ŠŠ–Ž—Žȱ ŗǯŖŞŖȱ Š³äŽœȱ ’›ŽŠœȱ Žȱ ’—Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•’ŠŽȱ
(ADIs).6 Nos nove anos seguintes, entre 1999 e 2007, esse número prati-
camente dobrou: foram 2.037 ADIs, sem computar as ações declaratórias 
de constitucionalidade, as ações de inconstitucionalidade por omissão, as 
arguições de descumprimento de preceito fundamental, todas instrumentos 
de jurisdição constitucional surgidos ou concretizados já nessa segunda 
·ŒŠŠȱŽȱšžŽȱœ˜ęœ’ŒŠ›Š–ȱŠœȱ™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱŽȱŒ˜—›˜•Žȱ¥ȱ’œ™˜œ’³¨˜ȱ˜ȱ���ǯ7
O número mais eloquente da centralidade que a ordem constitucional 
Ššž’›’žȱ—ŠȱŸ’Šȱ“ž›Ç’ŒŠȱ˜ȱ™ŠÇœǰȱ™˜›·–ǰȱŸŽ–ȱ˜œȱ›ŽŒž›œ˜œȱŽ¡›Š˜›’—¤›’˜œȱ
(RE): instrumentos vocacionados à defesa da ordem constitucional nos pro-
ŒŽœœ˜œȱ Œ˜–ž—œǰȱ ŸŽÇŒž•˜œȱ Žȱ Ž¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱ Žȱ Œ˜—›˜•Žȱ Žȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•’ŠŽȱ
difuso. De 1990a 1998, foram distribuídos 12.642 REs. Entre 1998 e 2007, 
˜‹œŽ›ŸŠȬœŽǰȱ™˜›·–ǰȱ˜ȱŽœ™Š—˜œ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱřŘŜǯŘŘśȱ›ŽŒž›œ˜œǯȱ�–ȱŒ›ŽœŒ’–Ž—˜ȱ
de cerca de 25 vezes em relação ao período anterior. Apenas em 2006, foram 
distribuídos 60.020 REs (sem contar os agravos de despacho denegatório, cujo 
quantitativo se mostra ainda mais avassalador).8-9
5ȱ �ȱŽ’³¨˜ȱŠœȱ�Ž’œȱ—os 9.868/1999 e 9.882/1999, dispondo sobre o julgamento das ações diretas 
perante o STF, foi um marco nesse processo de aperfeiçoamento e incremento dos instrumentos 
de jurisdição constitucional.
6 Os dados estatísticos disponíveis em rede partem de 1990.
7 Entre 2008 e 2017, foram ajuizadas 1.810 ADIs no STF, apontando um ligeiro declínio no 
—ø–Ž›˜ȱŽȱŠ³äŽœȱšžŠ—˜ȱŒ˜–™Š›Š˜ȱŒ˜–ȱŠȱ·ŒŠŠȱŠ—Ž›’˜›ǰȱ˜ȱšžŽȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŒ˜—œŽ—¦—Ž˜ȱœŽ“Šȱ
com uma leitura mais amadurecida do legislador federal e estadual em relação à Constituição, 
œŽ“Šȱ Œ˜–ȱ ŒŽ›˜ȱ ŽœŽ—ŒŠ—˜ȱ ˜œȱ •Ž’’–Š˜œȱ ’Š—Žȱ Šȱ •Ž—’¨˜ȱ ˜ȱ Ž¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱ Šȱ “ž›’œ’³¨˜ȱ
Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ ǻ™›ŽŽ›’—˜ȬœŽǰȱ ŽœœŠȱ ˜›–Šǰȱ ˜ȱ Ž‹ŠŽȱ Ž–ȱ ˜ž›Šœȱ ’—œ¦—Œ’ŠœǼǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱ Ž–DZȱ
<   ǯœǯ“žœǯ‹›Ȧ™˜›Š•ȦŒ–œȦŸŽ›�Ž¡˜ǯŠœ™ǵœŽ›Ÿ’Œ˜ƽŽœŠ’œ’ŒŠǭ™Š’—ŠƽŠ’ǁ. Acesso em: 29 
mar. 2018.
8 De 2008 a 2017, o número de REs distribuídos cai drasticamente para 126.778, em virtude 
Šȱ ’—›˜ž³¨˜ȱŠȱ Ž¡’¹—Œ’Šȱ Žȱ ›Ž™Ž›Œžœœ¨˜ȱ Ž›Š•ȱ Œ˜–˜ȱ ›Žšž’œ’˜ȱ ™Š›Šȱ œžŠȱ Š–’œœ’‹’•’ŠŽȱ
pela Emenda Constitucional noȱŚśȦŘŖŖŚǯȱ�ȱ™›ŽŽ—Œ‘’–Ž—˜ȱ˜ȱ›Žšž’œ’˜ȱ™Šœœ˜žȱŠȱœŽ›ȱŽ¡’’˜ȱ
™Ž•˜ȱ���ȱŠȱ™Š›’›ȱŽȱ–Š’˜ȱŽȱŘŖŖŝǰȱŠ™àœȱŠȱœžŠȱ›Žž•Š–Ž—Š³¨˜ȱ™Ž•Šȱ�Ž’ȱŽŽ›Š•ȱ—o 11.418/2006. 
Disponível em: <   ǯœǯ“žœǯ‹›Ȧ™˜›Š•ȦŒ–œȦŸŽ›�Ž¡˜ǯŠœ™ǵœŽ›Ÿ’Œ˜ƽŽœŠ’œ’ŒŠǭ™Š’—ŠƽŠ’ǁ. 
Acesso em: 29 mar. 2018.
9ȱ �Š›ŽŒŽȱ™˜œœÇŸŽ•ȱœžŽ›’›ȱšžŽȱ˜ȱŒ›ŽœŒ’–Ž—˜ȱŸŽ›’’—˜œ˜ȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱ›ŽŒž›œ˜œȱŽ¡›Š˜›’—¤›’˜œȱ
Š˜ȱ•˜—˜ȱ˜œȱŠ—˜œȱŗşşŖȬŘŖŖŖȱŽ—‘ŠȱœŽȱŠ˜ȱ–ž’˜ȱ–Š’œȱ™Ž•ŠȱŽ¡™•˜œ¨˜ȱ˜ȱŒ˜—Ž—Œ’˜œ˜ȱŽ–ȱ˜›—˜ȱ
do funcionalismo e da previdência pública do que propriamente pela difusão do discurso 
constitucional aos litígios comuns entre particulares (ver, a propósito, o item 3, infra). 
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
49PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
�œȱ—ø–Ž›˜œȱœ¨˜ȱŠȱŠŒŽȱŽ¡Ž›—ŠȱŠȱ™›ŽœŽ—³ŠȱŽȱŠȱ˜›³ŠȱšžŽȱ˜ȱŠ›ž–Ž—˜ȱ
constitucional ganhou no discurso jurídico do país no curso dos anos 2000. 
�ȱ™˜—˜ȱŽȱœŽȱ›ŽŒ˜—‘ŽŒŽ›ǰȱ—ŠȱŽ•’£ȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŽȱ�Š—’Ž•ȱ�Š›–Ž—˜ǰȱž–ŠȱŸŽ›ŠȬ
deira ubiquidade constitucional.10 Não apenas as grandes questões, os rele-
ŸŠ—ŽœȱŒ˜—Ě’˜œȱ™˜•Ç’Œ˜œȱŽȱœ˜Œ’Š’œȱŽœŠŸŠ–ȱœŽ—˜ȱŽ—›Ž—Š˜œȱ—˜›–Š’ŸŠ–Ž—Žȱ
a partir da Constituição, mas também as pequenas controvérsias, cotidianas e 
Š·ȱ›’Ÿ’Š’œǰȱ™ŠœœŠ›Š–ȱŠȱŽœŠęŠ›ȱ˜ȱŽ‹ŠŽȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ�›ŠȱŠȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱœŽȱ
introjetando por todo o canto da vida nacional.11
�œœŠȱ‘’œà›’Šǰȱ™˜›·–ǰȱŽ–ȱž–ȱ›ŽŸŽ›œ˜ǯȱ�¨˜ȱŠ›˜žȱ™Š›ŠȱšžŽȱ˜ȱŽ¡™Š—œ’Ȭ
vismo do discurso constitucional acabasse por trazer à tona seus defeitos e 
•’–’Žœǯȱ1ȱŠœœ’–ǰȱŒ˜–ȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŽȱž–Šȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱ–Š’œȱŒ›Ç’ŒŠȱŽ–ȱ
relação ao constitucionalismo praticado no país, que se ingressou na terceira 
década de vigência da Constituição. Saiu a Constituição “cidadã”, entrou a 
Constituição “chapa-branca”.12
�˜ȱ—˜Ÿ˜ȱŒ˜—Ž¡˜ȱȯȱŒ˜—Š—˜ȱ“¤ǰȱŽ—¨˜ǰȱŠȱ�Š›ŠȱŽȱŗşŞŞȱŒ˜–ȱšžŠœŽȱžŠœȱ
décadas de vigência —, surgiram apontamentos sobre o risco do subjetivismo 
—Šȱ ’—Ž›™›ŽŠ³¨˜ȱ Žȱ Š™•’ŒŠ³¨˜ȱ Žȱ ž–ȱ Ž¡˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ ’•ŠŠ˜ǰȱ šžŽȱ œŽȱ
notabiliza pela grande abertura de muitas de suas normas, especialmente as 
de natureza principiológica.13ȱ�’œŒ˜ȱšžŽȱ·ȱŠ–™•’ęŒŠ˜ȱ™Ž•˜ȱœ’œŽ–Šȱ’žœ˜ȱŽȱ
controle de constitucionalidade, que transforma cada um dos mais de 18 mil 
juízes do país em um juiz constitucional em potencial.
Dessa forma, teria havido uma apropriação do discurso normativo da Constituição pelos 
estamentos corporativos. A comprovação empírica desse argumento — ao menos no que 
›ŽŽ›ŽȱŠ˜œȱ›ŽŒž›œ˜œȱŽ¡›Š˜›’—¤›’˜œȱȯȱŽ™Ž—Ž›’ŠȱŠȱŽ¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱž–Šȱ’—Ž¡Š³¨˜ȱŽ–¤’ŒŠȱ
Žœ™ŽŒÇꌊǯȱ�˜ŠŸ’ŠǰȱŠȱ‹ŠœŽȱŽȱŠ˜œȱ˜ȱ���ȱ’œ™˜—ÇŸŽ•ȱ™Š›ŠȱŒ˜—œž•Šȱ™ø‹•’ŒŠȱŽ–ȱ›Ž•Š³¨˜ȱŠ˜ȱ
período não permite essa busca, de modo que a sugestão, embora plausível, carece de base de 
comprovação.
10ȱ ��������ǰȱ�Š—’Ž•ǯȱ�‹’šž’ŠŽȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•DZȱ˜œȱ˜’œȱ•Š˜œȱŠȱ–˜ŽŠǯȱRevista de Direito do 
Estado, n. 2, p. 83-118, abr./jun. 2006.
11ȱ �¡Š–’—Š—˜ȱ˜œȱ›ŽĚŽ¡˜œȱŽœœŠȱŽ¡™Š—œ¨˜ȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱ˜ȱ’›Ž’˜ȱŠ–’—’œ›Š’Ÿ˜ǰȱŽ–ȱŽ¡˜ȱŽœŒ›’˜ȱ
por ocasião do aniversário de 20 anos da Constituição, ver BAPTISTA, Patrícia. Retrospectiva 
2008. Revista de Direito do Estado, v. 13, p. 36-37, 2009.
12ȱ �œœŠȱ·ȱŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱŒž—‘ŠŠȱ™˜›ȱ�Š›•˜œȱ�›’ȱ�ž—Ž•ȱ™Š›ŠȱœžœŽ—Š›ȱšžŽȱ˜ȱŒ˜—Žø˜ȱŠȱ�Š›Šȱ
de 1988, mais do que garantir direitos dos cidadãos, voltou-se para assegurar a manutenção 
Šœȱ™˜œ’³äŽœȱŽȱ™˜Ž›ȱŠœȱŒ˜›™˜›Š³äŽœȱ™ø‹•’ŒŠœȱŽȱ™›’ŸŠŠœȱšžŽȱ’—ĚžŽ—Œ’Š›Š–ȱ—ŠȱœžŠȱŽ’³¨˜ǯȱ
O fenômeno constitucional e suas três forças. Revista de Direito do Estado, v. 3, n. 11, p. 209-216, 
jul./set. 2008. Em sentido analogamente crítico, o apelido de Constituição panprincipiológica, 
Žȱ �Ž—’˜ȱ �›ŽŒ”ǰȱ ™Š›Šȱ œŽȱ ›ŽŽ›’›ȱ ¥ȱ ž’•’£Š³¨˜ȱ Ž¡ŠŒŽ›‹ŠŠǰȱ Š·Œ—’ŒŠȱ Žȱ ›Žà›’ŒŠȱ ˜œȱ ™›’—ŒÇ™’˜œȱ
constitucionais. Verdade e consenso: Constituição, hermenêutica e teorias discursivas da 
™˜œœ’‹’•’ŠŽȱ ¥ȱ —ŽŒŽœœ’ŠŽȱŽȱ ›Žœ™˜œŠœȱ Œ˜››ŽŠœȱ Ž–ȱ’›Ž’˜ǯȱ�’˜ȱŽȱ �Š—Ž’›˜DZȱ �ž–Ž—ȱ �ž›’œǰȱ
2009.
13ȱ �����ǰȱ �’›Ç•’˜ȱ�˜—œ˜ȱ Šǯȱ �˜—Ž›Š³¨˜ȱ Žȱ ˜‹“Ž’Ÿ’ŠŽȱ —Šȱ ’—Ž›™›ŽŠ³¨˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ �—DZȱ
MACEDO JR., Ronaldo Porto; BARBIERI, Catarina Helena (Org.). Direito e interpretação: 
racionalidade e instituições. São Paulo: Saraiva, 2011.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO50
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
Na mesma toada, a conjunção de uma Constituição para lá de analítica 
Œ˜–ȱž–ȱ’œŒž›œ˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ‘’™Ž››˜ęŠ˜ȱŠŒŠ‹˜žȱ™˜›ȱœ˜‹›Ž“ž›’’Œ’£Š›ȱŠȱ
Ÿ’Šǰȱ Ž’¡Š—˜ȱ ™˜žŒ˜ȱ Žœ™Š³˜ȱ ™Š›Šȱ ŠžŠ³¨˜ȱ ˜œȱ–ŽŒŠ—’œ–˜œȱ ˜›’—¤›’˜œȱ Šȱ
Ž–˜Œ›ŠŒ’Šǯȱ�˜ȱŽ–™˜ȱšžŽȱœŽȱŽœŽ—Ÿ˜•ŸŽȱž–Šȱ’—ĚŠ–ŠŠȱ›Žà›’ŒŠȱŠ›Š—’œŠǰȱ
desconectada da realidade e das possibilidades de efetivação pelo Estado e 
pela sociedade, acaba-se por gerar uma permanente sensação de frustração 
constitucional.14 A euforia, natural dos primeiros anos, portanto, vem cedendo 
um lugar cada vez maior à crítica.15
�˜‹ȱŠ•ȱà’ŒŠȱŒ˜—Ž–™˜›¦—ŽŠȱȯȱ–Š’œȱŽȱŒ›Ç’ŒŠȱšžŽȱŽȱŠ™•Šžœ˜ȱȯȱ·ȱšžŽǰȱ
avizinhando-se o aniversário de 30 anos da Constituição de 1988, o presente 
Ž¡˜ȱœŽȱ™›˜™äŽȱŠȱ™ŠœœŠ›ȱŽ–ȱ›ŽŸ’œŠȱœŽžȱ�Š™Çž•˜ȱ���ȱ˜ȱ�ǝž•˜ȱ ���ǯȱ�›ŠŠȬœŽȱ
de capítulo inédito na história constitucional brasileira, dedicado à insti-
tucionalização da administração pública. Até ali tudo o que havia eram 
poucas e esparsas normas sobre o tema, cuidando sobretudo de funcionários 
públicos.16ȱ�˜ŠŸ’ŠǰȱŽ–‹˜›ŠȱŒ˜—ꐞ›Žȱ–Š›Œ˜ȱ›Ž•ŽŸŠ—Žȱ—˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ
do direito administrativo brasileiro — profundamente afetado pela consti-
tucionalização —, a história do artigo 37 e dos que a ele se seguem é não 
apenas acidentada, como evidencia as fragilidades do discurso constitucional 
Ž¡Œ•žœ’ŸŠ–Ž—Žȱ—˜›–Š’Ÿ’œŠǯ
Adverte-se o leitor que este estudo não pretende enfrentar o conteúdo 
˜ȱŒŠ™Çž•˜ȱŠȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱ™ø‹•’ŒŠȱœ˜‹ȱ˜ȱ¦—ž•˜ȱŠȱ˜–¤’ŒŠDZȱ—¨˜ȱšžŽ›ȱ
delimitar o alcance, nem o sentido de suas disposições. O enfoque aqui será 
outro, um tanto histórico, sociológico e de ciência política, buscando uma 
leitura interdisciplinar, bem ao gosto do que hoje se faz na academia.
O que se busca, antes de tudo, é a compreensão de por que o capítulo VII 
do Título III da Constituição, a par de ter impulsionado algumas conquistas 
relevantes para a vida da administração pública brasileira, contempla normas 
que, há 30 anos, são disputadas ou derrotadas (v.g., o inciso XI do art. 37, que 
14ȱ ���
���ǰȱ�œŒŠ›ȱ�’Ž’›Šǯȱ�ž™›Ž–˜Œ›ŠŒ’ŠǯȱRevista Direito GV, São Paulo, v. 8, p. 441-464, 2008. 
Disponível em: <   ǯœŒ’Ž•˜ǯ‹›Ȧ™Ȧ›ŸȦŸŚ—ŘȦŠŖśŸŚ—Řǯ™>.Acesso em: 30 mar. 2018; 
VERISSIMO, Marcos Paulo. A Constituição de 1988, vinte anos depois: Suprema Corte e 
ativismo judicial “à brasileira”. Revista Direito GV, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 407-440, jul./dez. 
2008.
15ȱ �Ž›ǰȱ —ŽœœŽȱ œŽ—’˜ǰȱ ����
ǰȱ �‘›’œ’Š—Dzȱ ������,�ǰȱ �˜œ·ȱ �’ŒŽ—Žǯȱ �˜›ȱ ž–Šȱ ‘’œà›’Šȱ
constitucional brasileira: uma crítica pontual à doutrina da efetividade. Revista Direito e Práxis, 
v. 8, p. 957-1007, 2017.
16ȱ �ȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱŽȱŗşŜŝǰȱ™˜›ȱŽ¡Ž–™•˜ǰȱœàȱŒ˜—’—‘Šȱž–ŠȱœŽ³¨˜ȱœ˜‹›Žȱȃž—Œ’˜—¤›’˜œȱ™ø‹•’Œ˜œȄȱ
(arts. 95 a 106). Ver BAPTISTA, Patrícia. Transformações do direito administrativo. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2003. p. 70-73.
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
51PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
ę¡Šȱ˜ȱ•’–’Žȱ›Ž–ž—Ž›Šà›’˜ȱ˜œȱœŽ›Ÿ’˜›Žœȱ™ø‹•’Œ˜œǰȱ“¤ȱŽ–ȱœžŠȱŽ›ŒŽ’›Šȱ›ŽŠ³¨˜ȱ
e, até aqui, sem perspectiva de se ver realmente observado).
Para esse diagnóstico — dos sucessos e fracassos de normas constitucio-
nais —, o discurso normativista, predominante no direito brasileiro, pouco 
Ž–ȱ Šȱ Œ˜—›’‹ž’›ǯȱ�ŠÇȱ ™˜›ȱ šžŽȱ ŸŠ•Žȱ ž–Šȱ ‹›ŽŸŽȱ ›Ž˜–ŠŠȱ‘’œà›’ŒŠȱ ˜ȱ Ž¡˜ȱ
Œ˜—œȱ’žŒ’˜—Š•ǰȱ™ŠœœŠ—˜ȬœŽǰȱ—ŠȱœŽšž¹—Œ’ŠǰȱŠ˜ȱŽ¡Š–ŽȱŽȱŽ—Š’ŸŠȱŽȱ’Š—àœ’Œ˜ȱ
de alguns dos problemas do capítulo sob a ótica mencionada anteriormente.
2. A história do estatuto constitucional da administração 
pública
2.1 A administração pública brasileira antes da Constituição de 
1988
Entre as disciplinas jurídicas, o direito administrativo talvez seja aquela 
šžŽȱ Š™›ŽœŽ—Žȱ Šœȱ –Š’œȱ ̞’Šœȱ ›˜—Ž’›Šœȱ Ž—›Žȱ —˜›–Šǰȱ ˜ž›’—Šȱ Žȱ ™›¤’ŒŠȱ
’—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ�œœŽȱŽ—â–Ž—˜ȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŽ¡™•’ŒŠ˜ȱ—¨˜ȱœàȱ™Ž•˜ȱ™Š™Ž•ȱŽȱŽœŠšžŽȱ
Ž¡Ž›Œ’˜ȱ ™Ž•Šȱ •’Ž›Šž›Šǰ17 como também pela ocupação de altos postos na 
burocracia estatal, desde o Império, por administrativistas, do que resulta sua 
’—Ěž¹—Œ’ŠȱŠ—˜ȱ—Šȱ™›˜ž³¨˜ȱ—˜›–Š’ŸŠȱŒ˜–˜ȱ—Šœȱ™›¤’ŒŠœȱŠȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱ
pública.18 Assim, doutrina, normas e práticas, partilhando formuladores 
Œ˜–ž—œǰȱŠ—Š›Š–ǰȱŒ˜–ȱ›Žšž¹—Œ’ŠǰȱŽ–ȱ—˜¤ŸŽ•ȱŒ˜—œ˜—¦—Œ’Šǯ
No período anterior à Constituição de 1988, o direito administrativo brasi-
leiro tinha no autoritarismo seu principal traço característico. Com poucas 
Ž¡ŒŽ³äŽœȱ Žȱ Œ›Ç’ŒŠœǰȱ Šȱ –Š·›’Šȱ Ž›Šȱ ˜–’—ŠŠȱ ™˜›ȱ ž–Šȱ Ÿ’œ¨˜ȱ ˜›Š—’Œ’œŠȱȯȱ 
que sobrepujava o Estado em detrimento do cidadão — e uma tradição 
17ȱ �–ȱ ’›Ž’˜ȱ Š–’—’œ›Š’Ÿ˜ǰȱ Šȱ ˜ž›’—Šȱ —¨˜ȱ œàȱ œŽȱ •’–’Šȱ Šȱ Ž¡Ž›ŒŽ›ȱ ŠŒŽ—žŠ˜ȱ ™Š™Ž•ȱ —˜›–˜Ȭ
genético, chegando a reclamar a função de paradigma da produção legislativa formal. 
������ǰȱ �ŠŒ’—‘˜ȱ�››žŠǯȱ�ž˜›’£Š³äŽœȱ Š–’—’œ›Š’ŸŠœȱ Ÿ’—Œž•ŠŠœDZȱ ˜ȱ Ž¡Ž–™•˜ȱ ˜ȱ œŽ˜›ȱ
Žȱ Ž•ŽŒ˜–ž—’ŒŠ³äŽœǯȱ �—DZȱ���	!�ǰȱ�•Ž¡Š—›Žȱ �Š—˜œȱ ŽDzȱ�������ȱ����ǰȱ �•˜›’Š—˜ȱ Žȱ
Azevedo (Coord.). Direito administrativo e seus novos paradigmas. Belo Horizonte: Fórum, 
2008. p. 622. Sobre o assunto, ver também: MENDONÇA, José Vicente Santos de. Direito 
administrativo e inovação: limites e possibilidades. A&C — Revista de Direito Administrativo & 
Constitucional, v. 17, p. 169-189, 2017.
18ȱ �Š›Šȱž–ŠȱŠ—¤•’œŽȱŠ™›˜ž—ŠŠȱ˜ȱŽ—â–Ž—˜ǰȱŸŽ“ŠȬœŽDZȱ��	������ǰȱ�ǯDzȱ�����ǰȱ�ǯȱ�ǯDzȱ�����ǰȱ
�ǯȱ�ǯȱ�˜ž›’—Š˜›Žœǰȱ™˜•Ç’Œ˜œȱŽȱȃ’›Ž’˜ȱŠ–’—’œ›Š’Ÿ˜Ȅȱ—˜ȱ�›Šœ’•ǯȱPolítica & Sociedade, v. 16, 
—ǯȱřŝǰȱ™ǯȱŘŞŜȬřŗŚǰȱŘŖŗŝǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱ Ž–DZȱǀ‘Ĵ™œDZȦȦ™Ž›’˜’Œ˜œǯžœŒǯ‹›Ȧ’—Ž¡ǯ™‘™Ȧ™˜•’’ŒŠȦŠ›’Œ•ŽȦ
Ÿ’Ž ȦŘŗŝśȬŝşŞŚǯŘŖŗŝŸŗŜ—řŝ™ŘŞŜȦřśşŝŞǁǯȱ�ŒŽœœ˜ȱŽ–DZȱŝȱ–Š›ǯȱŘŖŗŞǯ
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO52
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
ǻ›Ž˜›’ŒŠ–Ž—ŽǼȱ •ŽŠ•’œŠǰȱ šžŽȱ Œ˜—ŒŽ‹’Šȱ Šȱ �Ž’ȱ Œ˜–˜ȱ ™›’–Ž’›Šȱ Žȱ ø•’–Šȱ ˜—Žȱ
relevante da disciplina.19
�˜ȱ™•Š—˜ȱ—˜›–Š’Ÿ˜ǰȱŒ˜–˜ȱ“¤ȱœŽȱ’œœŽǰȱŒ˜–ȱŽ¡ŒŽ³¨˜ȱŽȱŠ•ž–Šœȱ™˜žȱšžÇœȬ
simas disposições relacionadas com os servidores públicos,20 as Constituições 
anteriores não se ocuparam da administração. Na ordem jurídica infralegal, 
institutos como a “verdade sabida”21 e a prisão civil do funcionário público22 
eram o espelho da fragilidade do estado democrático de direito no país.
�ȱ™›¤’ŒŠȱŠ–’—’œ›Š’ŸŠǰȱŠȱœŽžȱž›—˜ǰȱ’—‘ŠȱŠŒŽ—˜œȱŽ¡™•’Œ’Š–Ž—ŽȱŠ—’››ŽȬ
™ž‹•’ŒŠ—˜œDZȱŒ˜—Œž›œ˜œȱ™ø‹•’Œ˜œȱŽ›Š–ȱŽ¡ŒŽ™Œ’˜—Š’œDzȱ’—˜›–Š³äŽœȱ›Žœ™Ž’Š—Žœȱ
à coisa pública eram largamente inacessíveis; a administração não contava 
com instrumentos de consulta popular nem buscava meios menos intrusivos 
e verticais de atuação.
No que toca a seus teóricos no plano jurídico, a maior parte dos publicistas 
’—ĚžŽ—Žœȱ–Š—ŽŸŽȱ•’Š³äŽœȱŒ˜–ȱ˜ŸŽ›—˜œȱŠž˜›’¤›’˜œǯȱ�˜ȱ�–™·›’˜ǰȱŠȱꐞ›Šȱ
–Š’œȱ—˜¤ŸŽ•ȱ˜’ȱŠȱŽȱ�’œŒ˜—Žȱ˜ȱ�›žžŠ’ȱȯȱ˜ȱŠž˜›ȱŽȱEnsaio sobre o direito 
administrativo foi o principal formulador político do Partido Conservador 
Žȱ ž–Šȱ Šœȱ ꐞ›Šœȱ –Š’œȱ ŽœŠŒŠŠœȱ ˜ȱ �Žž—˜ȱ �–™·›’˜ǯȱ �Šȱ �Ž™ø‹•’ŒŠȱ
Velha, destacaram-se o ministro Viveiros de Castro, membro da associação 
—ŠŒ’˜—Š•’œŠȱ �’Šȱ Šȱ �ŽŽœŠȱ �ŠŒ’˜—Š•ǰȱ Žȱ �•Œ’Žœȱ �›ž£ǰȱ “ž›’œŠȱ ŠøŒ‘˜ȱ šžŽȱ
havia integrado a Guarda Nacional.
�˜ȱ™Ž›Ç˜˜ȱ�Š›ŠœȱŠ˜ȱ’—ÇŒ’˜ȱŠȱ�’Šž›Šȱ�’•’Š›ǰȱ˜œȱŽ¡™˜Ž—Žœȱ˜ȱ’›Ž’˜ȱ
público brasileiro foram Themistocles Brandão Cavalcanti e Francisco 
Campos. Themistocles ocupou diversos cargos proeminentes, como o de 
consultor-geral da República (1945-46) e o de procurador-geral da República 
(1946-47), antes de ser nomeado ministro do Supremo, pelo presidente Costa 
e Silva (1967). Francisco Campos, jurista mineiro, foi ministro da Justiça de 
Vargas, autor intelectual da Constituição de 1937. Ajudou ainda a elaborar 
19ȱ �’Š—ŽȱŠȱ˜›’Ž–ȱ“ž›’œ™›žŽ—Œ’Š•ȱŠȱ’œŒ’™•’—ŠȱŽȱ˜ȱ˜›Žȱ™Š™Ž•ȱŒ›’Š’Ÿ˜ȱŽ¡Ž›Œ’˜ȱ™Ž•Šȱ˜ž›’—Šǰȱ
o discurso do legalismo sempre foi falho ou insincero.
20 Todas as Constituições brasileiras contiveram artigos dedicados aos funcionários públicos: 
Constituição de 1824, art. 179, XIV e XXIX; Constituição de 1891, arts. 73 a 75; Constituição 
de 1937, arts. 156 a 159 (seção inumerada); Constituição de 1946 (Título VIII), arts. 184 a 194; 
Constituição de 1967 (Capítulo VII, Seção VII), arts. 95 a 106. 
21 Os estatutos do funcionalismo costumavam prever a possibilidade de aplicação de sanções 
disciplinares sem a instauração de processo administrativo. As penas administrativas eram 
impostas unilateralmente pelo superior hierárquico ou autoridade competente, com base em 
“fatos” notórios ou do conhecimento pessoal de tais agentes.
22ȱ �œœŽȱ ’—œ’ž˜ȱ Ž›Šȱ Š–’’˜ȱ ™Ž•Šȱ •Ž’œ•Š³¨˜ȱ ŽŽ›Š•ȱ Ÿ’Ž—Žȱ Š·ȱ Šȱ Ž’³¨˜ȱ Šȱ �Ž’ȱ ŽŽ›Š•ȱ 
no 8.112/1990.
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
53PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
˜œȱ Ž¡˜œȱ˜œȱ˜’œȱ™›’–Ž’›˜œȱ�˜œȱ �—œ’žŒ’˜—Š’œȱ‹Š’¡Š˜œȱž›Š—Žȱ˜ȱ ›Ž’–Žȱ
–’•’Š›ȱǻ��ȬŗȱŽȱ��ȬŘǼǰȱŠ•·–ȱŽȱŽ›ȱ’—̾Ǎ˜ȱ—Šȱ›ŽŠ³¨˜ȱŠȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱŽȱŗşŜŝǯ
Principal nome do direito administrativo brasileiro a partir da segunda 
–ŽŠŽȱ˜œȱŠ—˜œȱŗşŜŖȱŠ·ȱŠȱœžŠȱ–˜›ŽȱǻŽ–ȱŗşşŖǼǰȱ
Ž•¢ȱ�˜™Žœȱ�Ž’›Ž••ŽœǰȱŽ™˜’œȱ
de se aposentar da magistratura, foi, em São Paulo, secretário de Estado da 
Justiça (1969-71), de Segurança Pública (1968-69) e do Interior (1967-68). 
�ž¡’•’˜žȱ—ŠȱŽ•Š‹˜›Š³¨˜ȱŽȱ•Ž’œȱ’–™˜›Š—Žœȱ˜ȱ™Ž›Ç˜˜ȱǻŒ˜–˜ȱ˜ȱ�ŽŒ›Ž˜Ȭ�Ž’ȱ
no 2.300/1986).23
Em linhas gerais, assim se mostrava o direito administrativo brasileiro 
antes da promulgação da Constituição de 1988: em boa parte formalista, 
ŠęŠ—³Š˜›ȱ Žȱ Œ˜—œ›ž³äŽœȱ Šž˜›’¤›’Šœǰȱ ™›Ž˜Œž™Š˜ȱ Ž–ȱ Šę›–Š›ȱ ™˜Ž›Žœȱ
em favor de uma Administração autocentrada — dirigida a promover inte-
resses nomeadamente coletivos, que eram, a seu turno, concebidos como 
necessariamente antagônicos aos direitos individuais.
2.2 O ingresso da administração pública na Constituição: 
reconstituição de uma história acidentada e pouco conhecida
O Anteprojeto Afonso Arinos24 não continha um capítulo dedicado à 
administração pública. Seguindo a tradição constitucional brasileira, dispunha 
Š™Ž—Šœȱ Žȱ Ž¡Ž—œŠȱ œŽ³¨˜ǰȱ–Š’œȱ ™Š›Šȱ ˜ȱ ę–ȱ ˜ȱ Ž¡˜ǰȱ ŠŒŽ›ŒŠȱ ˜œȱ œŽ›Ÿ’˜›Žœȱ
públicos (artigos 252 a 266).
�‹Š—˜—Š˜ȱ ŠšžŽ•Žȱ�—Ž™›˜“Ž˜ǰȱ ˜ȱ Š™Š›ŽŒ’–Ž—˜ȱ˜ȱ ŒŠ™Çž•˜ȱ —˜ȱ Ž¡˜ȱ
elaborado pela Assembleia Constituinte parece ter sido de autoria intelectual 
Žȱ™ž‹•’Œ’œŠœȱ™Šž•’œŠœǰȱ—˜ŠŠ–Ž—Žȱ˜œȱ•’Š˜œȱ¥ȱ�˜—’ÇŒ’Šȱ�—’ŸŽ›œ’ŠŽȱ
23 Em conferência proferida na Escola Superior de Guerra, no dia 1o de julho de 1975, Hely 
œŽ—Ž—Œ’ŠŸŠǰȱ‹Ž–ȱŽ–ȱŒ˜—œ˜—¦—Œ’ŠȱŒ˜–ȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ™›Ž˜–’—Š—Žȱ—Šȱ·™˜ŒŠDZȱȃ˜ȱ™˜Ž›ȱŽȱ™˜•ÇŒ’Šȱ
é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública, para conter os abusos 
˜ȱ’›Ž’˜ȱ’—’Ÿ’žŠ•ǯȱǽdzǾȱ�˜ŠȱŠ’Ÿ’ŠŽȱŒ˜–™›˜–ŽŽ˜›Šȱ˜žȱŠŽ—Šà›’ŠȱŒ˜—›ŠȱŠȱœŽž›Š—Ȭ
ça nacio nal pode e deve ser contida pelo poder de polícia administrativa, embasado no 
™˜ȱŽ›ȱ —ŠȱŒ’˜ȱ—Š•ǰȱ šžŽȱ —Šȱ ˜ž›’—Šȱ ŽœŠȱ ŽœŒ˜•Šȱ ȁ·ȱ Šȱ Ž¡™›Žœœ¨˜ȱ ’—Ž›ŠŠȱ ˜œȱ–Ž’˜œȱ Žȱ ˜Šȱ
˜›Ž–ǰȱŽȱšžŽȱ’œ™äŽȱŽŽ’ŸŠ–Ž—ŽȱŠȱ�Š³¨˜ǰȱ™Š›ŠȱŠ•ŒŠ—³Š›ȱŽȱ–Š—Ž›ǰȱ’—Ž›—ŠȱŽȱŽ¡Ž›—Š–Ž—Žǰȱ
os objetivos nacionais’”. O poder de polícia, o desenvolvimento e a segurança nacional. Revista 
de Direito Administrativoǰȱ �’˜ȱ Žȱ �Š—Ž’›˜ǰȱ Ÿǯȱ ŗŘśǰȱ ™ǯȱ ŗȬŗŚǰȱ Ž£ǯȱ ŗşŝŜǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱ Ž–DZȱ ǀ‘Ĵ™DZȦȦ
‹’‹•’˜ŽŒŠ’’Š•ǯŸǯ‹›Ȧ˜“œȦ’—Ž¡ǯ™‘™Ȧ›ŠȦŠ›’Œ•ŽȦŸ’Ž ȦŚŗŞŘŜȦŚŖśŗşǁǯȱ�ŒŽœœ˜ȱŽ–DZȱŝȱ–Š›ǯȱŘŖŗŞǯȱ
Outro nome do período foi o de Marcelo Caetano, jurista português e sucessor político de 
�Š•Š£Š›ǰȱšžŽȱœŽȱŽ¡’•˜žȱ—˜ȱ�›Šœ’•ȱŠ™àœȱŠȱ�ŽŸ˜•ž³¨˜ȱ˜œȱ�›ŠŸ˜œǰȱŽ–ȱŗşŝŚǯ
24 Disponível em: <   ǯœŽ—Š˜ǯ•Žǯ‹›Ȧ™ž‹•’ŒŠŒ˜ŽœȦŠ—Š’œȦŒ˜—œ’ž’—ŽȦ�˜—œ˜�›’—˜œǯ™>. 
Aces so em: 2 fev. 2018.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO54
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
�Šà•’ŒŠȱ ǻ���Ȭ��Ǽǰȱ œ˜‹ȱ ’—Ěž¹—Œ’Šȱ Šœȱ �˜—œ’ž’³äŽœȱ Žȱ �˜›žŠ•25 e da 
Espanha.26 Durante a Constituinte, Celso Antônio Bandeira de Mello, Adilson 
�Š••Š›’ǰȱ	Ž›Š•˜ȱ�Š•’‹ŠȱŽȱ�›˜œȱ	›Šžȱ˜›Š–ȱŒ˜—Ÿ˜ŒŠ˜œȱ™˜›ȱ�›ŽœŽœȱ�ž·›Œ’Šȱ
para assessorar a bancada paulista. José Afonso da Silva era assessor de Mário 
Covas, que foi o líder do PMDB na Assembleia.27
Como bem nota Carlos Ari Sundfeld, discorrendo a respeito do capítulo 
’—Šžž›Š˜ȱ™Ž•˜ȱŠ›’˜ȱřŝǰȱ·ȱȃ™Ž›ŒŽ™ÇŸŽ•ȱ—˜ȱŽ¡˜ȱŠȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱŽȱŗşŞŞȱŠȱ
’—Ěž¹—Œ’ŠȱŠȱŽ›–’—˜•˜’Šȱ˜œȱ™ž‹•’Œ’œŠœǰȱŠœȱ’Ž’ŠœȱšžŽȱŸ’—‘Š–ȱŽŽ—Ž—˜ȱ
historicamente e dos debates em que se envolveram nas décadas anteriores”.28
Formalmente, o capítulo originou-se de emendas apresentadas pelo então 
constituinte Fernando Henrique Cardoso. A primeira proposta (Emenda 
noȱřŖŖşŝřȬřǼǰȱšžŽȱ˜’ȱ›Ž“Ž’ŠŠȱ™Ž•Šȱ�ž‹Œ˜–’œœ¨˜ȱ˜ȱ�˜Ž›ȱ�¡ŽŒž’Ÿ˜ǰȱŒ˜—’—‘Šȱ
a seguinte redação:
�›ǯȱȯȱ�ȱ–˜’ŸŠ³¨˜ȱœžęŒ’Ž—Žȱ·ȱ›Žšž’œ’˜ȱŽȱŸŠ•’ŠŽȱŽȱšžŠ’œšžŽ›ȱŠ˜œȱ
da administração direta ou indireta.
Art. — A razoabilidade é requisito de legitimidade dos atos praticados 
—˜ȱŽ¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱŽȱ’œŒ›’³¨˜ȱŠ–’—’œ›Š’ŸŠǯ
Art. — O administrado tem direito a publicidade e transparência dos 
atos da administração que estão sujeitos aos deveres de neutralidade, 
imparcialidade, lealdade e boa-fé.
Art. — A outorga de concessões, autorizações, permissões, licenças ou 
privilégios econômicos de qualquer natureza a entidade privada, por 
parte do Poder Público, será sempre instruída por processo público, 
com a audiência de todas as partes direta ou indiretamente interessadas.
Perante a Comissão de Organização dos Poderes e Sistema de Governo, 
Fernando Henrique apresentou proposta de emenda ao anteprojeto do 
25 A Constituição Portuguesa de 1974 dedica o seu Título IX, que compreende os artigos 226 a 
272, ao regramento constitucional da administração pública.
26 A Constituição Espanhola de 1978 dedica o seu Título IV, que compreende os artigos 97 a 107, 
ao regramento constitucional “del Gobierno y de la Administración”.
27ȱ �ǯȱ�—Ž•–Š——ǰȱ�ǯȱ�ǯȱ�Ž—˜ȱŽȱ�ǯȱ�ǯȱ�Ž——Šǰȱ�˜ž›’—Š˜›Žœǰȱ™˜•Ç’Œ˜œȱŽȱȃ’›Ž’˜ȱŠ–’—’œ›Š’Ÿ˜Ȅȱ—˜ȱ
Brasil, op. cit., p. 302.
28ȱ ��������ǰȱ�Š›•˜œȱ�›’ǯȱDireito administrativo para céticos. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2014. 
p. 104.
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
55PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
relator — já agregando noŸŠœȱ›Ž•Ž¡äŽœȱœ˜‹›ŽȱŠȱ–Š·›’Šǯȱ�ȱ�–Ž—Šȱř�ŖŜŝşȬŝǰ29 
Š˜ȱꗊ•ȱŠŒ˜•‘’Šȱ™Ž•˜ȱ›Ž•Š˜›ȱŠȱ�˜–’œœ¨˜ǰ30 continha a seguinte redação:
�—Œ•žŠȬœŽȱ˜ȱ�Š™Çž•˜DZȱȁ�ŠȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱ™ø‹•’ŒŠȂǰȱŒ˜–ȱ˜œȱœŽž’—ŽœȱŠ›’˜œDZ
Art. — A Administração Pública será organizada com obediência aos 
princípios da legalidade e da moralidade e atuará em estrito respeito 
aos direitos dos cidadãos.
�›ǯȱȯȱ�ȱ–˜’ŸŠ³¨˜ȱœžęŒ’Ž—Žȱ·ȱ›Žšž’œ’˜ȱŽȱŸŠ•’ŠŽȱŽȱšžŠ’œšžŽ›ȱŠ˜œȱ
da administração direta ou indireta.
Art. — A razoabilidade é requisito de legitimidade dos atos praticados 
—˜ȱŽ¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱŽȱ’œŒ›’³¨˜ȱŠ–’—’œ›Š’ŸŠǯ
Art. — O administrado tem direito à publicidade e à transparência dos 
atos da administração que estão sujeitos aos deveres de neutralidade, 
imparcialidade, lealdade e boa-fé.
Art. — Nenhum ato da Administração imporá limitações, restrições ou 
Œ˜—œ›Š—’–Ž—˜œȱ–Š’œȱ’—Ž—œ˜œȱ˜žȱ–Š’œȱŽ¡Ž—œ˜œȱšžŽȱ˜œȱ’—’œ™Ž—œ¤ŸŽ’œȱ
™Š›ŠȱŠŽ—Ž›ȱŠȱꗊ•’ŠŽȱ•ŽŠ•ȱŠȱšžŽȱŽŸŠȱœŽ›Ÿ’›ǯ
Art. — A outorga de concessões, autorizações, permissões, licenças ou 
privilégios econômicos de qualquer natureza à entidade privada, por 
parte do Poder Público, será sempre instruída por processo público, 
com a audiência de todas as partes direta ou indiretamente interessadas.
Durante a fase de sistematização, houve quatro versões diferentes para o 
capítulo: o Anteprojeto da Comissão de Sistematização,31 o Projeto de Consti-
tuição da Comissão de Sistematização,32 o Primeiro Substitutivo do Relator33 e 
o Segundo Substitutivo do Relator.34
29 Emendas oferecidas ao Substitutivo / III — Comissão da Organização dos Poderes e Sistema 
de Governo. p. 179-180. Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ
DocumentosAvulsos/vol-102.pdf>.
30ȱ �ȱ™Š›ŽŒŽ›ȱ ˜ȱ ›Ž•Š˜›ȱ ˜’ȱ ˜ȱ œŽž’—ŽDZȱ ȃ�™›˜ŸŠŠǰȱ ™Ž•Šȱ œ’—’ęŒ¦—Œ’Šȱ ˜ȱ ˜‹“Ž’Ÿ˜Ȅǯȱ �Š›ŽŒŽ›ȱ ¥œȱ
Emendas Apresentadas ao Substitutivo, p. 26. Comissão da Organização dos Poderes e Sistema 
Žȱ	˜ŸŽ›—˜ǯȱ�›Žœ’Ž—ŽDZȱ�˜—œ’ž’—Žȱ�œŒŠ›ȱ�˜››Ž’Šǯȱ�Ž•Š˜›DZȱ�˜—œ’ž’—Žȱ�Ç’˜ȱ�Ž››Ž’›Šȱ�’–Šȱ
Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
103.pdf>.
31 Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
219.pdf>.
32 Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
226.pdf>.
33 Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
235.pdf>.
34 Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
242.pdf>.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO56
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
Nas fases preliminar, de subcomissões temáticas, de comissões temáticas 
Žȱ Žȱ œ’œŽ–Š’£Š³¨˜ǰȱ Ž¡’œŽ–ȱ ™˜žŒ˜œȱ ›Ž’œ›˜œȱ šžŠ—˜ȱ ¥œȱ ’œŒžœœäŽœȱ Šœȱ
emendas. Muitas propostas foram objeto de discussões informais, algumas 
vezes ocorridas na casa do deputado Bernardo Cabral,35 e diretamente incor-
poradas pelos relatores respectivos.
�žŠ—³Šœȱ œ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱ ˜›Š–ȱ ’–™•Ž–Ž—ŠŠœȱ —Šȱ ŠœŽȱ Žȱ �•Ž—¤›’˜ǰȱ
em que foram discutidos três projetos: Projeto A,36 Projeto B37 e Projeto C.38 
�ȱŽ¡˜ȱ™›˜–ž•Š˜ȱŽšž’ŸŠ•ŽȱŠ˜ȱ�›˜“Ž˜ȱ�ǰ39 no qual se incorporaram apenas 
emendas redacionais.
Emendas apresentadas pelo “Centrão”,40 durante a fase de Plenário, 
Ž¡Œ•žÇ›Š–ȱ˜ȱŒŠ™Çž•˜ȱŠ•ž—œȱ˜œȱœŽžœȱ’œ™˜œ’’Ÿ˜œȱ–Š’œȱŸŠ—žŠ›’œŠœǯȱ�˜–ȱ
a Emenda 2P02039-9,41 que redesenhou boa parte do Título sobre Organização 
do Estado, subtraiu-se trecho relevante do embrião do artigo 37:
Art. 44. A administração pública, direta ou indireta, de qualquer dos 
Poderes obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
lidade publicidade, Ž¡’’—˜ȬœŽǰȱŒ˜–˜ȱŒ˜—’³¨˜ȱŽȱŸŠ•’ŠŽȱ˜œȱŠ˜œȱ
Š–’ȱ—’œ›Š’Ÿ˜œǰȱŠȱ–˜’ŸŠ³¨˜ȱœžęŒ’Ž—ŽȱŽǰȱŒ˜–˜ȱ›Žšž’œ’˜ȱŽȱœžŠȱ•Ž’’Ȭmidade, a razoabilidade. 
ȗȱŗķȱ�Ž—‘ž–ȱŠ˜ȱŠȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱ™ø‹•’ŒŠȱ’–™˜›¤ȱ•’–’Š³¨˜ǰȱ›Žœ›’³¨˜ȱ
˜žȱŒ˜—œ›Š—’–Ž—˜ǰȱœŠ•Ÿ˜ȱœŽȱ’—’œ™Ž—œ¤ŸŽ•ȱ™Š›ŠȱŠŽ—Ž›ȱŠȱꗊ•’ŠŽȱ
da lei.42
35ȱ ������
�ǰȱ �ž’£ȱ�Š”•˜žǯȱ 1988: segredos da Constituinte. Os vinte meses que agitaram e 
mudaram o Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2017. p. 313-314.
36 Disponível em: ǀ   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
253.pdf>.
37 Disponível em: ǀ   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
298.pdf>.
38 Disponível em: ǀ   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
314.pdf>.
39 Disponível em: ǀ   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
316.pdf>.
40 O “Centrão” foi um agrupamento parlamentar suprapartidário e circunstancial, essencialmente 
Œ˜—œŽ›ŸŠ˜›ǰȱšžŽȱ’—›˜ž£’žȱœ’—’ęŒŠ’ŸŠœȱ–˜’ęŒŠ³äŽœȱ—˜ȱŽ¡˜ȱ˜ȱ™›˜“Ž˜ȱ—ŠȱŠœŽȱ™•Ž—¤›’Šȱ
da Assembleia Nacional Constituinte. Sobre o tema, consulte-se: FREITAS, R.; MEDEIROS, D.; 
�����ǰȱ�ǯȱ�›˜Œž›Š—˜ȱ˜ȱ�Ž—›¨˜DZȱ’›Ž’ŠȱŽȱŽœšžŽ›Šȱ—Šȱ�œœŽ–‹•Ž’Šȱ�ŠŒ’˜—Š•ȱ�˜—œ’ž’—Žȱ
ǻŗşŞŝȬŗşŞŞǼǯȱ�—DZȱ������
�ǰȱ�Š›’Šȱ�•’ŒŽȱ�Ž£Ž—ŽȱŽDzȱ���q��ǰȱ�njŽ›˜Dzȱ���\��ǰȱ�ø•’˜ȱ�œœ’œȱ
(Org.). A Constituição de 1988: passado e futuro. São Paulo: Anpocsg, 2009. p. 101-135.
41 A proposta foi subscrita por 303 parlamentares e pode ser consultada em: ǀ   ŘǯŒŠ–Š›Šǯ•Žǯ
‹›ȦŠ’Ÿ’ŠŽȬ•Ž’œ•Š’ŸŠȦ•Ž’œ•ŠŒŠ˜Ȧ�˜—œ’ž’Œ˜Žœȏ�›Šœ’•Ž’›ŠœȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ȬŒ’ŠŠȦ˜Ȭ™›˜ŒŽœœ˜Ȭ
Œ˜—œ’ž’—ŽȦ™•Ž—Š›’˜ȦŸ˜•ŘśśȏŒŽ—›Š˜ȏŠ™›˜ŸŠŠœǯ™ǁ.
42ȱ �–ȱšžŽȱ™ŽœŽȱŠȱ–Ž—Œ’˜—ŠŠȱŽ–Ž—ŠȱŽ›ȱ’—›˜ž£’˜ȱ–˜’ęŒŠ³äŽœȱ’ŸŽ›œŠœǰȱ—¨˜ȱœŽȱŠ™›ŽœŽ—˜žȱ
šžŠ•šžŽ›ȱ“žœ’ęŒŠ’ŸŠȱ™Š›ŠȱŠȱœž‹›Š³¨˜ȱ˜ȱ›ŽŒ‘˜ȱŽœŠŒŠ˜ǯ
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57PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
A Emenda 2P00225-1, apresentada pelo constituinte Vinícius Cansanção 
ǻ���Ȭ��Ǽǰȱœž™›’–’žȱŠȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱ’œ™˜œ’’Ÿ˜ȱšžŽǰȱ¥šžŽ•ŠȱŠ•ž›Šǰȱ“¤ȱŸŽŠŸŠȱ
Ž¡™›ŽœœŠ–Ž—Žȱ˜ȱ—Ž™˜’œ–˜DZ
ȗȱşķȱ�Š•Ÿ˜ȱŽ–ȱŸ’›žŽȱŽȱŒ˜—Œž›œ˜ȱ™ø‹•’Œ˜ǰȱ˜ȱŒâ—“žŽȱŽȱ˜ȱ™Š›Ž—ŽȱŠ·ȱ
œŽž—˜ȱ›ŠžǰȱŽ–ȱ•’—‘Šȱ’›ŽŠȱ˜žȱŒ˜•ŠŽ›Š•ǰȱŒ˜—œŠ—žÇ—Ž˜ȱ˜žȱŠę–ǰȱŽȱ
šžŠ•šžŽ›ȱŠž˜›’ŠŽǰȱ—¨˜ȱ™˜Žȱ˜Œž™Š›ȱŒŠ›˜ȱ˜žȱž—³¨˜ȱŽȱŒ˜—ꊗ³Šǰȱ
ainda que sob contrato, em organismos a ela subordinados, na 
Administração Pública.
�Šȱ“žœ’ęŒŠ’ŸŠȱŠȱŽ–Ž—Šǰȱ˜ȱŽ™žŠ˜ȱŠ•Š˜Š—˜ȱŠ›ž–Ž—˜žDZȱȃǽ™ǾŠ›ŽŒŽȬ
nos iníqua a proibição. Não vemos nenhuma imoralidade ou aproveitamento 
ǽ—˜ȱ Š˜ȱ ŽǾȱ ™Š›Ž—Žœȱ Ž–ȱ •’—‘Šȱ ’›ŽŠȱ ˜žȱ Œ˜•ŠŽ›Š•ǰȱ Œ˜—œŠ—žÇ—Ž˜ȱ ˜žȱ Šę–ǰȱ
˜Œž™Š›Ž–ȱŒŠ›˜œȱ˜žȱž—³äŽœȱŽȱŒ˜—ꊗ³ŠȄǯ43
�œȱŽ¡Ž–™•˜œȱ—Š››Š˜œȱ–˜œ›Š–ȱšžŽȱ˜ȱŽ¡˜ȱꗊ•ǰȱŽ–‹˜›ŠȱŽ—‘Šȱ™›ŽœŽ›Ȭ
vado muitos avanços, acabou alijado de algumas das suas propostas mais 
modernas e incorporando dispositivos sobre funcionários públicos em 
Ž¡ŒŽœœ˜ǰȱ–ž’˜œȱ˜œȱšžŠ’œȱŽȱ—ǝ’˜ȱŸ’·œȱŒ˜›™˜›Š’Ÿ’œŠǯ
Assim, nasceu o estatuto constitucional da administração pública: uma 
concepção não planejada, que poderia ter sido mais do que foi, mas que, 
ainda assim, representou um marco para o processo de refundação do direito 
administrativo brasileiro.
2.2.1 Regramento para além do capítulo
A disciplina constitucional da administração pública não se esgota, 
contudo, no capítulo que lhe é dedicado. Há dispositivos pertinentes à matéria 
’œ™Ž›œ˜œȱ™˜›ȱ˜˜ȱ˜ȱ˜Œž–Ž—˜ǯȱ�•ž—œȱ˜œȱšžŠ’œȱœŽȱ’›’Ž–ȱŽœ™ŽŒ’ęŒŠ–Ž—Žȱ
a ela e outros que sobre ela repercutem de modo mais indireto, devido ao 
desenvolvimento da teoria constitucional.
�¡Ž–™•˜ȱŽȱ—˜›–ŠȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱšžŽȱŠŽŠȱ’—Ž—œŠ–Ž—ŽȱŠȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱ
™ø‹•’ŒŠȱ·ȱŠȱŠ›Š—’Šȱ˜ȱŽŸ’˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱ•ŽŠ•ǰȱ—˜ȱ’—Œ’œ˜ȱ��ǰȱ˜ȱŠ›ǯȱśo, da CF. 
A menção aos processos administrativos — que permitiu o assentamento 
43 Disponível em: <   ǯŒŠ–Š›Šǯ˜Ÿǯ‹›Ȧ’—Ž›—ŽȦŒ˜—œ’ž’ŒŠ˜ŘŖŠ—˜œȦ�˜Œž–Ž—˜œ�Ÿž•œ˜œȦŸ˜•Ȭ
254.pdf>.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO58
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
da teoria do devido processo legal administrativo no país — foi sugestão do 
professor Sérgio Ferraz, assessor direto do relator, deputado Bernardo Cabral, 
na Assembleia Constituinte.44
�ž›˜œȱ Ž¡Ž–™•˜œȱ ›Ž•ŽŸŠ—Žœȱ Žȱ —˜›–Šœȱ extraquadro voltadas à admi-
nistração podem ser encontrados nos artigos 173 a 178 da Constituição, que 
abordam temas como empresas estatais, planejamento econômico, serviços e 
monopólios públicos.45
2.3 O processo de constitucionalização do direito administrativo: 
as normas, as teorias e as instituições do Estado e da 
sociedade
A relação entre normas e realidade é de condicionamento mútuo. Embora 
o papel tudo aceite, a realidade condiciona materialmente a elaboração 
normativa. Se o legislador (inclusive constituinte) não está limitado a descre-
ver, em artigos e parágrafos, a realidade que lhe é subjacente, não pode 
desvincular-se completamente dela; sob pena de condenar sua produção 
—˜›–Š’ŸŠȱ¥ȱ’—ŽęŒ¤Œ’Šǯ46
O processo legislativo, mais ainda o constituinte, é um campo de batalhas 
— forças políticas antagônicas e movimentos sociais disputam o conteúdo da 
Carta. Ao serem editadas, as normas gozam somente de uma pretensão de 
Ÿ’¹—Œ’Šǯȱ�—’Œ’ŠȬœŽǰȱŽ—¨˜ǰȱ—˜Ÿ˜ȱŽœ™Š³˜ȱŽȱŒ˜—Ě’žŠ•’ŠŽǯ
A concretização e o sentido das normas constitucionais são 
™Ž›–Š—Ž—Ž–Ž—Žȱ’œ™žŠ˜œDZȱ™˜›ȱŠ˜›Žœȱ’—œ’žŒ’˜—Š’œȱǻ�¡ŽŒž’Ÿ˜ǰȱ�Ž’œ•Š’Ÿ˜ǰȱ
Judiciário), por atores sociais (sociedade civil organizada e imprensa) e por 
atores jurídicos (juristas, advogados e, sobretudo, constitucionalistas).
Em alguns casos, a burocracia estatal, muitas vezes a administração do 
balcão, resiste às inovações constitucionais. Noutros, juízes ou juristas driblam 
44ȱ �ž’£ȱ�Š”•˜žȱ�Š›ŸŠ•‘˜ǰȱ1988: segredos da Constituinte, op. cit., p. 315.
45ȱ 
¤ȱ–Š’œȱŽ¡Ž–™•˜œǯȱ�¤›’˜œȱ ’—Œ’œ˜œȱ˜ȱŠ›ǯȱŝoǰȱ™˜›ȱ’œ™˜œ’³¨˜ȱŽ¡™›ŽœœŠȱ˜ȱŠ›ǯȱřŝǰȱŠ™•’ŒŠ–ȬœŽȱ
aos servidores públicos, estendendo a eles proteção conferida aos trabalhadores em geral, 
Žȱ–˜˜ȱŠȱŠ–™•’Š›ȱŠȱŽœŽ›ŠȱŽȱ’›Ž’˜œȱšžŽȱ “¤ȱ •‘Žœȱ·ȱŽœ™ŽŒ’Š•–Ž—ŽȱŽŽ›’Šǯȱ1ȱŠȱ •à’ŒŠȱŠȱ
Constituição chapa-branca atuando.
46 Essa é, em essência, a tese defendida por Konrad Hesse, em oposição às ideias divulgadas 
™˜›ȱ�Ž›’—Š—ȱ�ŠœœŠ••Žȱœ˜‹›Žȱ˜ȱ™Š™Ž•ȱŽ¡Œ•žœ’ŸŠ–Ž—Žȱœ˜Œ’˜•à’Œ˜ȱŠȱ�˜—œ’ž’³¨˜ǯȱEscritos de 
derecho constitucional — selección. Madri: Centro de Estudios Constitucionales, 1983. p. 75.
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
59PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
as novas disposições, por meio de interpretações retrospectivas.47 Em tantas 
˜ž›ŠœȱŒ’›Œž—œ¦—Œ’Šœǰȱ’Š—ŽȱŽȱ—˜›–ŠœȱŽȱŽęŒ¤Œ’Šȱ•’–’ŠŠǰ48 é o legislador 
que se nega a concretizar o comando constitucional. A sociedade também 
desempenha papel relevante nesse jogo: ora tolera, ora festeja, ora se opõe ao 
descumprimento da Constituição.
O sentido das normas também é objeto de pelejas. Pela via hermenêutica, 
por meio de alterações formais e mesmo por mutações constitucionais indu-
£’Šœǰȱ˜œȱ’ŸŽ›œ˜œȱŠ˜›ŽœȱŽ—Š–ȱŽ–™›ŽœŠ›ȱŠ˜ȱŽ¡˜ȱŠȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱ˜ȱœŽ—’˜ȱ
que julgam mais conveniente.
�ŽœœŽȱŒ˜—Ž¡˜ȱŽȱ™Ž›–Š—Ž—Žȱ’œ™žŠǰȱŸŠ•ŽȱŽ¡Š–’—Š›ȱŒ˜–˜ǰȱŠę—Š•ǰȱ™ŠœȬ
œŠ˜œȱřŖȱŠ—˜œǰȱŸŽ–ȱœŽȱœŠ’—˜ȱ˜ȱŽ¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱŽȱŗşŞŞǰȱ™Š›’Œž•Š›–Ž—Žȱ
—˜ȱšžŽȱ›ŽŽ›ŽȱŠ˜ȱ›Ž›Š–Ž—˜ȱŒ˜—Ž›’˜ȱ¥ȱŠ–’—’œ›Š³¨˜ȱ™ø‹•’ŒŠǯȱ1ȱ˜ȱšžŽȱœŽȱ
passará a cuidar na sequência.
3. Até que ponto a Constituição administrativa realmente 
importa? Uma crônica de disputas, retumbantes fracassos e 
suadas conquistas
�–ȱ ˜•‘Š›ȱ œ˜‹›Žȱ ˜ȱ ŒŠ™Çž•˜ȱ Šȱ Š–’—’œ›Š³¨˜ȱ ™ø‹•’ŒŠȱ —Šȱ �˜—œ’ž’³¨˜ȱ
permite visualizar, talvez até com mais clareza do que em outros lados do 
Ž¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǰȱŠȱ’œ¦—Œ’ŠȱŽ¡’œŽ—ŽȱȯȱŽȱšžŽǰȱ—ŽœŽœȱřŖȱŠ—˜œǰȱ‹žœŒ˜žȬœŽȱ
reduzir — entre o otimismo constitucionalizante da Carta de 1988 e a realidade 
de um Estado patrimonialista, dominado por grupos políticos e corporações, 
e que ainda resiste à repúblicae à democracia.
Como visto, a ideia de institucionalizar a administração pública como 
personagem constitucional veio de juristas. Seus autores intelectuais perse-
guiam a instituição e a racionalização de um Estado burocrático moderno.49 
As normas editadas — ao menos as que conseguiram sobreviver — entraram 
—˜ȱŒŠ™Çž•˜ȱŒ˜–ȱŠȱ–’œœ¨˜ȱŽȱŠžŠ›ȱŒ˜–˜ȱŒŠŠ•’œŠ˜›ŠœȱǻŽ¡Ž›—Šœȱ¥ȱ›ŽŠ•’ŠŽȱ
47 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O poder judiciário e a efetividade da nova Constituição. In: 
Revista Forense, n. 304, p. 152, 1988.
48ȱ �����ǰȱ�˜œ·ȱ�˜—œ˜ȱŠǯȱAplicabilidade das normas constitucionais. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 
1999. p. 83-85. 
49 CORREIA, José Manuel Sérvulo. Os grandes traços do direito administrativo no século 
XXI. A&C — Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, a. 16, n. 63, 
p. 48, jan./mar. 2016. Disponível em: <   ǯ›ŽŸ’œŠŠŽŒǯŒ˜–Ȧ’—Ž¡ǯ™‘™Ȧ›ŽŸ’œŠŠŽŒȦŠ›’Œ•ŽȦ
Ÿ’Ž �’•ŽȦŚŘȦśŗŝǁDzȱ��������ǰȱ�Š›•˜œȱ�›’ǯȱDireito administrativo para céticos. 2. ed. rev. e ampl. 
São Paulo: Malheiros, 2014. p. 106.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO60
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
político-social vigente) do desenvolvimento de uma nova ordem constitucional 
administrativa.50 Outra leitura, porém, vislumbra, nesse processo de consti-
tucionalização voltado à consolidação de um Estado burocrático moderno, um 
interesse próprio dos juristas de obter seu reposicionamento na nova ordem. 
A juridicização da administração pública assegura aos juristas uma inserção 
privilegiada na burocracia estatal, pela apropriação da expertise de aplicação 
e interpretação das normas. Sem precisar atuar, assim, diretamente no campo 
™˜•Ç’Œ˜ǰȱ˜œȱ “ž›’œŠœȱŠšž’›Ž–ǰȱ—ŽœœŠȱŠ™›˜¡’–Š³¨˜ȱŒ˜–ȱ˜ȱ�œŠ˜ȱ‹ž›˜Œ›¤ȱ’Œ˜ȱ
ǻ˜‹’Šȱ ™Ž•Šȱ Ÿ’Šȱ Šȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•’£Š³¨˜Ǽǰȱ ž–ȱ ŒŠ™’Š•ȱ ™˜•Ç’Œ˜ȱ —˜Ÿ˜ǯȱ �–Šȱ
ŸŽ›ŠŽ’›Šȱ ›Ž’—ŸŽ—³¨˜ȱ ˜žȱ ›Ž•Ž’ž›Šȱ Œ˜—Ž–™˜›¦—ŽŠȱ ˜ȱ ŸŽ•‘˜ȱ ‹ŠŒ‘Š›Ž•’œ–˜ȱ
novecentista.51
No entanto, o grande processo de disputa que, desde o início, se instalou 
em torno de boa parte das normas do capítulo não apenas é evidência da 
ŽœŒ˜—Ž¡¨˜ȱ ˜ȱ œŽžȱ Œ˜—Žø˜ȱ Œ˜–ȱ Šȱ ˜›Ž–ȱ ¤’ŒŠȱ ˜–’—Š—Žǰȱ Œ˜–˜ȱ ˜’ȱ ˜ȱ
™›Ž—ø—Œ’˜ȱ ˜ȱ Ž—˜›–Žȱ ŽœŠę˜ȱ šžŽȱ œŽ›’Šȱ ŠœœŽž›Š›ȱ Šȱ ŽŽ’Ÿ’ŠŽȱ Žȱ œŽžœȱ
’œ™˜œ’’Ÿ˜œǯȱ�ŽœŠę˜ȱŽœœŽǰȱŠ·ȱŠšž’ǰȱ—¨˜ȱ’—Ž›Š•–Ž—Žȱœž™Ž›Š˜ǯ
�˜ȱꗊ•ȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ȱŒ˜—œ’ž’—Žȱ˜›’’—¤›’˜ǰȱ˜ȱ�Š™Çž•˜ȱ���ȱ˜ȱ�ǝž•˜ȱ���ȱ 
›Žœ˜žȱ Œ˜–ȱ œŽŽȱ Š›’˜œǰȱ Œ’—Œ˜ȱ Ž’ŒŠ˜œȱ Ž¡Œ•žœ’ŸŠ–Ž—Žȱ Š˜œȱ œŽ›Ÿ’˜›Žœȱ
públicos, seu regime funcional e previdenciário (os artigos 38 a 42). 
Incorporou-se verdadeiro estatuto constitucional da função pública (sem 
™Š›Š•Ž•˜ǰȱ™Ž•ŠȱŽ¡Ž—œ¨˜ȱŽȱŒ˜—Žø˜ǰȱ—˜œȱŽ¡˜œȱŠ—Ž›’˜›ŽœȱŽȱŽ–ȱ˜ž›Šœȱ�˜—œ’Ȭ
tuições). O maior artigo, porém, foi o de número 37, hoje com 22 incisos e 
12 parágrafos (muitos reformados ou incluídos posteriormente pela Emenda 
constitucional no 19/1998). Nele, destaca-se seu caput, com caráter de pauta 
geral, positivando valores com que se pretendia guiar toda a ação pública. 
�˜ȱ–Š’œǰȱ œ¨˜ȱ ’œ™˜œ’³äŽœȱ œ˜‹›Žȱ ˜ȱ ŠŒŽœœ˜ȱ Žȱ Ž¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱ Šȱ ž—³¨˜ȱ ™ø‹•’ŒŠǰȱ Š˜ȱ
menos seis incisos discorrendo sobre o regime remuneratório dos servidores 
e disposições sobre matérias esparsas de direito administrativo alçadas à 
condição constitucional.52 Em comum a quase todas, a falta de um conteúdo 
materialmente constitucional.
50ȱ 	������ǰȱ �Š›Œ˜Dzȱ ���
�����ǰȱ �’Œ‘ŠŽ•ȱ �ǯȱ �‘Žȱ –ŠŽ›’Š•ȱ �˜—œ’ž’˜—ǯȱ London School of 
Economics Working Papers, n. 20, p. 22, 2016.
51ȱ �ŽœœŽȱœŽ—’˜ǰȱŸŽ›ȱ�������ǰȱ�›ŽŽ›’Œ˜ȱŽǯȱ�œȱ“ž›’œŠœȱŽȱŠȱ™˜•Ç’ŒŠȱ—˜ȱ�›Šœ’•DZȱ™Ž›–Š—¹—Œ’ŠœȱŽȱ
reposicionamentos. Lua Nova. São Paulo, v. 97, p. 214-217, 2016. Veja-se, ainda, F. Engelmann, 
�ǯȱ�ǯȱ�Ž—˜ȱŽȱ�ǯȱ�ǯȱ�Ž——Šǰȱ�˜ž›’—Š˜›Žœǰȱ™˜•Ç’Œ˜œȱŽȱȃ’›Ž’˜ȱŠ–’—’œ›Š’Ÿ˜Ȅȱ—˜ȱ�›Šœ’•ǰȱ˜™ǯȱŒ’ǯǰȱ
p. 287.
52 O artigo 43 parece destoar do conteúdo geral do capítulo ao tratar de medidas de 
ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ›Ž’˜—Š•ȱšžŽȱ™˜Ž–ȱœŽ›ȱŠ˜ŠŠœȱ™Ž•Šȱ�—’¨˜ǯ
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
61PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
Por detrás da opção do constituinte em constitucionalizar o arsenal de 
miudezas do regime funcional e remuneratório dos servidores públicos, 
pode-se divisar, de um lado — sob a ótica da Constituição “chapa-branca” —, 
uma tentativa de “entrincheiramento de privilégios de determinados 
setores do funcionalismo público”.53 De outro, no que havia de pretensão de 
–˜Ž›—’£Š³¨˜ȱ Žȱ ›Ž™ž‹•’ŒŠ—’œ–˜ǰȱ ž–Šȱ “žœ’ęŒ¤ŸŽ•ȱ ŽœŒ˜—ꊗ³Šȱ Ž–ȱ ›Ž•Š³¨˜ȱ
ao legislador infraconstitucional, particularmente os legisladores locais, em 
regra mais permeáveis a pressões corporativas.
�˜‹ȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜œȱ˜’œȱ¦—ž•˜œǰȱ™˜›·–ǰȱŠȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•’£Š³¨˜ȱŠœȱšžŽœȬ
tões atinentes ao funcionalismo e ao funcionamento da máquina pública 
teve como pretensão blindar tais matérias do jogo político ordinário e, de 
algum modo, assegurar um padrão nacional no seu trato. Daí decorreram, 
contudo, duas consequências negativas: (i) a vulgarização da Constituição, 
cuja dignidade normativa é minada toda vez que a matéria conjuntural nela 
’—Œ•žÇŠȱœ˜›Žȱ™›Žœœ¨˜ȱŽȱ›Ž˜›–ŠȱŽȱǻ’’Ǽȱž–ȱ·ęŒ’ȱŽ–˜Œ›¤’Œ˜ȱŽȱŽŽ›Š’Ÿ˜ȱ
relevante, já que o entrincheiramento constitucional de decisões políticas 
˜›’—¤›’Šœȱ Žȱ ’—Ž›ŽœœŽœȱ Œ˜›™˜›Š’Ÿ˜œȱ ˜‹œ›ž’ȱ ’—“žœ’ęŒŠŠ–Ž—Žȱ ˜œȱ ŒŠ—Š’œȱ
infraconstitucionais de deliberação política majoritária.54
�ž›ŠȱŽ¡Ž›—Š•’ŠŽȱ ǻ—ŽŠ’ŸŠǼȱ ›Ž•ŠŒ’˜—ŠŠȱ ˜’ȱŠ•³Š›ȱ˜œȱŒ˜—Ě’˜œȱŽŒ˜›Ȭ
rentes do regime jurídico dos servidores públicos à natureza de conflitos 
constitucionais. Basta uma leitura despretensiosa dos repositórios de juris-
™›ž¹—Œ’Šȱ˜ȱ���ȱ™Š›ŠȱœŽȱŒ˜—œŠŠ›ȱŠȱ˜–’—¦—Œ’ŠȱšžŽȱŠœȱ–Š·›’ŠœȱŠ’—Ž—Žœȱ
ao funcionalismo e à administração pública em geral têm na sua pauta de 
julgamentos.55ȱ �œ™ŽŒ’Š•–Ž—Žǰȱ —˜ȱ ¦–‹’˜ȱ ˜ȱ Œ˜—›˜•Žȱ Œ˜—ŒŽ—›Š˜ǰȱ ŽœœŠȱ
ŒŽ—›Š•’£Š³¨˜ȱ Ž–¤’ŒŠȱ ™˜Žȱ œŽ›ȱ ›Žœž•Š˜ȱ ˜ȱ ™Ž›ę•ȱ ˜œȱ •Ž’’–Š˜œȱ ¥ȱ œžŠȱ
provocação,56 das restrições jurisprudencialmente erigidas para o manejo das 
53ȱ �ȱ’Š—àœ’Œ˜ȱŽȱŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱœ¨˜ȱŽȱ���������ǰȱ	žœŠŸ˜ǯȱ�ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•’£Š³¨˜ȱ˜ȱ’›Ž’˜ȱ
administrativo no Brasil: um inventário de avanços e retrocessos. Revista Eletrônica sobre a 
Reforma do Estado (Rere)ǰȱ�Š•ŸŠ˜›DZȱ—ǯȱŗřǰȱ™ǯȱřřǰȱ–Š›ǯȦŠ‹›ǯȦ–Š’˜ȱŘŖŖŞǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱŽ–DZȱǀ   ǯ
direitodoestado.com>. Acesso em: 28 mar. 2018.
54 Daniel Sarmento, Cláudio de Souza Pereira Neto, Direito constitucional, op. cit., p. 43.
55ȱ �˜ȱ–Žœ–˜ȱ œŽ—’˜ǰȱ ��������ǰȱ �Š›•˜œȱ�›’Dzȱ �����ǰȱ 
Ž—›’šžŽȱ�˜ĴŠǯȱ �›¹œȱ ŽœŠę˜œȱ ™Š›Šȱ
melhorar a jurisdição constitucional brasileira. In: VOJVODIC, Adriana et al. (Org.). Jurisdição 
constitucional no Brasil. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 19-52. Apud BRANDÃO, Rodrigo; 
�����ǰȱ�Š—’Ž•ȱ�Š™ŽŒŒ‘’ǯȱ�ȱ���ȱŽȱŠœȱŽ—’ŠŽœȱŽȱŒ•ŠœœŽȱŽȱ¦–‹’˜ȱ—ŠŒ’˜—Š•ǯȱRevista de Direito 
da CidadeǰȱŸǯȱŗŖǰȱ—ǯȱŗǰȱ™ǯȱŗŝşǰȱŘŖŗŞǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱŽ–DZȱǀ   ǯŽȬ™ž‹•’ŒŠŒ˜ŽœǯžŽ›“ǯ‹›Ȧ’—Ž¡ǯ™‘™Ȧ›ŒȦ
Š›’Œ•ŽȦŸ’Ž ȦŘşŝŝśǁǯȱ�ŒŽœœ˜ȱŽ–DZȱřŖȱŠ‹›ǯȱŘŖŗŞǯ
56ȱ �����ǰȱ�•Ž¡Š—›ŽDzȱ ��������ǰȱ �ž•’Š—˜ȱ�Š’Ž—ǰȱA quem interessa o controle concentrado de 
Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•’ŠŽǵ — o descompasso entre teoria e prática na defesa dos direitos fundamentais. 
�—’ŸŽ›œ’ŠŽȱ Žȱ �›ŠœÇ•’Šǰȱ ŘŖŗŚǯȱ ™ǯȱ ŝŝǯȱ �’œ™˜—ÇŸŽ•ȱ Ž–DZȱ ǀ‘Ĵ™DZȦȦœœ›—ǯŒ˜–ȦŠ‹œ›ŠŒƽŘśŖşśŚŗǁ. 
Acesso em: 7 fev. 2018.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO62
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
ações diretas e mesmo do background funcional dos ministros do Supremo — 
que, com frequência, já ocupavam cargos de relevo na burocracia jurídica do 
Estado.57
De janeiro de 2000 até 15 de abril de 2018, o Supremo emitiu decisões 
ꗊ’œȱŽ–ȱřǯŗŜŖȱŠ³äŽœȱŽȱŒ˜—›˜•ŽȱŠ‹œ›Š˜ȱŽȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•’ŠŽȱǻ���ǰȱ����ǰȱ
���ȱ Žȱ���Ǽǯȱ�Žȱ ŠŒ˜›˜ȱ Œ˜–ȱŠȱ ’—Ž¡Š³¨˜ȱ Ž–¤’ŒŠȱ˜ȱ™›à™›’˜ȱ�›’‹ž—Š•ǰ58 
ŗǯŞŝŞȱŽœœŠœȱŽŒ’œäŽœȱǻśşǰŚřƖȱ˜ȱ˜Š•Ǽȱ’£’Š–ȱ›Žœ™Ž’˜ȱŠȱ–Š·›’Šœȱ’™’ŒŠ–Ž—Žȱ
de direito administrativo,sendo a grande maioria concernente a interesses do 
funcionalismo público.59-60
Do processo de disputa instaurado em torno das normas do capítulo, 
Š—˜ȱŒ˜–˜ȱ˜ȱ™˜Ÿ˜Š–Ž—˜ȱ˜ȱŽ¡˜ȱŒ˜–ȱŠœȱ–’žŽ£ŠœȱŽȱŽŠ•‘ŽœȱŒ˜—“ž—ž›Š’œȱ
mencionados, resultaram nove emendas formais, alcançando, por vezes 
œž‹œŠ—Œ’Š•–Ž—Žǰȱž–ȱ—ø–Ž›˜ȱŽ¡™›Žœœ’Ÿ˜ȱŠœȱ—˜›–ŠœȱŠ•’ȱŒ˜—’Šœǯȱ�žŠœŽȱŗŖƖȱ
do total das emendas constitucionais aprovadas tiveram como alvo o capítulo 
dedicado à administração pública.61
3.1 Três exemplos que falam por si
Como o capítulo da administração pública não resultou do consenso dos 
grupos dominantes, mas de uma aposta dos juristas na atuação catalisadora do 
Ž¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǰȱŠȱ›Žœ’œ¹—Œ’Šȱ¥ȱŽŽ’Ÿ’ŠŽȱŠȱ–Š’˜›’ŠȱŽȱœžŠœȱ—˜›–ŠœȱœŽȱ
revelou grande desde o início. Mesmo porque o acatamento dos comandos ali 
contidos implicaria a mudança de padrões arraigados na sociedade brasileira.
Mirando apenas nas disposições do artigo 37 (um grupo variado de 
normas que inclui a enunciação de princípios e um amplo estatuto constitu-
Œ’˜—Š•ȱ ˜œȱ œŽ›Ÿ’˜›Žœȱ ™ø‹•’Œ˜œǼǰȱ ŠŒ‘Š–ȬœŽȱ ŒŠœ˜œȱ Žȱ ¹¡’˜œȱ ‹ŠŠ•‘Š˜œȱ Žȱ Žȱ
57ȱ �ŠȱŠžŠ•ȱŒ˜–™˜œ’³¨˜ȱŠȱ�˜›Žǰȱ˜˜œȱ˜œȱ–’—’œ›˜œȱŽ¡Ž›ŒŽ›Š–ǰȱ™Ž•˜ȱ–Ž—˜œȱŽ–ȱŠ•ž–ȱ–˜–Ž—˜ȱ
ŽȱœžŠœȱŸ’Šœȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œǰȱŒŠ›˜œȱ—Šȱ–Š’œ›Šž›Šǰȱ—˜ȱ–’—’œ·›’˜ȱ™ø‹•’Œ˜ȱ˜žȱ—ŠȱŠŸ˜ŒŠŒ’Šȱ
pública.
58ȱ �–ȱŸ’›žŽȱŠȱ’—Ž¡Š’¨˜ȱŽȱ–ž’˜œȱ˜œȱ›Ž’œ›˜œȱ˜ȱ���ǰȱ·ȱ™˜œœÇŸŽ•ȱšžŽȱ˜ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱŠ³äŽœȱ
diretas referentes a matérias administrativas seja ainda maior.
59 �ȱœ’œŽ–Šȱ Šȱ™Š›’›ȱ ˜ȱšžŠ•ȱ ˜œȱŠ˜œȱ ˜›Š–ȱŽ¡›ŠÇ˜œȱ™˜Žȱ œŽ›ȱ ŠŒŽœœŠ˜ȱ Ž–DZȱ ǀ‘Ĵ™DZȦȦ   ǯ
œǯ“žœǯ‹›ȦŠ›šž’Ÿ˜ȦŒ–œȦ™ž‹•’ŒŠŒŠ˜���—Ž›—ŽȦŠ—Ž¡˜ȦŽœŠ’œ’ŒŠȦ�˜—›˜•Ž�˜—ŒŽ—›Š˜	Ž›Š•Ȧ
��ȏ	Ž›Š•ǯ–‘–•>. 
60ȱ �Š›’—˜ȱ Žȱ Š˜œȱ ’ŸŽ›œ˜œǰȱ ŽœœŽȱ ’Š—àœ’Œ˜ȱ Š–‹·–ȱ ·ȱ Ž’˜ȱ ™˜›DZȱ ����!�ǰȱ �˜Ššž’–Dzȱ
��������ǰȱ �Š‹•˜Dzȱ ��	���
��ǰȱ �’Ž˜ǯȱ I Relatório Supremo em Números: O Múltiplo 
Supremo. FGV DIREITO RIO: 2011, p. 21. Disponível em: <bibliotecadigital.fgv.br/dspace/
‹’œ›ŽŠ–Ȧ‘Š—•ŽȦŗŖŚřŞȦŗŖřŗŘȦ�ƖŘŖ�Ž•Šà›’˜ƖŘŖ�ž™›Ž–˜ƖŘŖŽ–ƖŘŖ�ø–Ž›˜œƖŘŖȬƖŘŖ
�ƖŘŖ�ø•’™•˜ƖŘŖ�ž™›Ž–˜ǯ™ǵœŽšžŽ—ŒŽƽśǭ’œ�••˜ Žƽ¢ǁǯȱ
61 EC 88/2015; EC 77/2014; EC 47/2005; EC 41/2003; EC 34/2001; EC 19/1998; EC 18/1998; EC 03/1993. 
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
63PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
›ŠŒŠœœ˜œȱ ›Žž–‹Š—Žœȱ —Šȱ ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱ ˜ȱ ™›˜“Ž˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ �˜Ž¡’œŽ–ǰȱ
nesse capítulo, normas que, contrariando toda a euforia retórica dos primeiros 
anos de vigência da Carta, até aqui não saíram do papel,62 e outras que, após 
processos de disputa, alcançaram razoável sucesso em conformar a ordem 
jurídico-administrativa.63ȱ
¤ȱœ’žŠ³äŽœȱŽ–ȱšžŽȱŠȱ’—˜‹œŽ›Ÿ¦—Œ’ŠȱŠȱ—˜›–ŠȱœŽȱ
¤ȱŒ˜–ȱ˜ȱ‹Ž—Ž™•¤Œ’˜ȱ˜œȱ›¹œȱ™˜Ž›ŽœȱŽȱŠœȱ’—œ¦—Œ’ŠœȱŽȱŒ˜—›˜•ŽǰȱšžŽǰȱ—¨˜ȱ
›Š›˜ǰȱŽ–™›ŽœŠ–ȱŠ˜ȱŽ¡˜ȱœŽ—’˜œȱšžŽȱ™Ž›–’Ž–ȱŠȱ–Š—žŽ—³¨˜ȱ˜ȱstatus quo 
anterior à Constituição.64
Nesse caso situam-se precisamente algumas das normas que dispõem 
œ˜‹›Žȱ ›Ž’–Žȱ ›Ž–ž—Ž›Šà›’˜ǯȱ �ȱ ›Ž›Šȱ šžŽȱ ę¡Šȱ ˜ȱ •’–’Žȱ Žȱ ›Ž–ž—Ž›Š³¨˜ȱ 
ǻ˜ȱ Œ‘Šȱ–Š˜ȱȃŽ˜ȄǼȱ˜œȱ œŽ›Ÿ’˜›Žœȱ ·ȱ˜ȱ Ž¡Ž–™•˜ȱ–Š’œȱ Ž•˜šžŽ—ŽȱŠȱ’œ™žŠȱ
que se estabelece entre o projeto constitucional e as forças que atuam na 
socie dade.65 O art. 37, XI, jamais alcançou efetividade plena, mesmo após já 
ter sido duas vezes emendado, resultando em uma das piores redações do 
Ž¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ�ȱ—˜›–ŠǰȱŠ•ȱŒ˜–˜ȱœŽȱŠŒ‘Šǰȱ·ȱšžŠœŽȱ’—’—Ž•’ÇŸŽ•ȱ™Š›Šȱ—¨˜ȱ
iniciados nos seus meandros e na sua história acidentada.
O primeiro a miná-la foi o próprio STF, que, logo no ano seguinte à pro-
mulgação da Carta, interpretouȱšžŽǰȱŠȱŽ¡™›Žœœ¨˜ȱȃŸŠ•˜›Žœȱ™Ž›ŒŽ‹’˜œȱŒ˜–˜ȱ
›Ž–ž—Ž›Š³¨˜ǰȱ Ž–ȱŽœ™·Œ’Žǰȱ Šȱ šžŠ•šžŽ›ȱ Çž•˜Ȅȱ ǻŒ˜—œŠ—Žȱ˜ȱ Ž¡˜ȱ™ž‹•’ŒŠ˜ȱ
Ž–ȱŗşŞŞǼǰȱŽ¡Œ•žÇŠ–ȬœŽȱŠœȱvantagens de natureza pessoal.66 Portanto, tais vanta-
gens — quase tudo o que, de fato, suplantava o teto — não se submetiam ao 
62ȱ �Š›ŽŒŽȱŽȱŽęŒ¤Œ’Šȱ–Ç—’–Šǰȱ™˜›ȱŽ¡Ž–™•˜ǰȱ˜ȱ’—Œ’œ˜ȱ�ǰȱŒ˜–ȱŠȱ›ŽŠ³¨˜ȱŠȱ��ȱ—ǯķȱŗşȦşŞǰȱœ˜‹›ŽȱŠœȱ
•’–’Š³äŽœȱšžŠ—’Š’ŸŠœȱŽȱ—˜ȱ™›ŽŽ—Œ‘’–Ž—˜ȱŽȱŒŠ›˜œȱŽ–ȱŒ˜–’œœ¨˜ȱŽȱž—³äŽœȱŽȱŒ˜—ꊗ³Šǰȱ
até aqui dependente de regulamentação infraconstitucional. 
63 Nesse polo oposto, situa-se o inciso II, que determinou a universalização do concurso 
público como instrumento de acesso aos postos de trabalho na Administração Pública, direta 
e indireta. Embora a aplicação da regra seja frequentemente judicializada, a atuação dos 
�›’‹ž—Š’œȱŠœœŽž›˜žȱ˜ȱ¹¡’˜ȱ˜ȱŒ˜–Š—˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯȱ
64ȱ 
������ǰȱ�—›Ž’Dzȱ�������ǰȱ�ǐ’Šȱ�Š››˜œȱŽǯȱ�ȱ�ž™›Ž–˜ȱ—Šȱ�˜—œ’ž’—ŽȱŽȱŠȱ�˜—œ’ž’—Žȱ—˜ȱ
Supremo. Lua Nova, v. 88, p. 141-184, 2013.
65 Embora os limites deste trabalho não permitam uma enunciação mais minuciosa, é possível 
Š™˜—Š›ǰȱ —˜ȱ Š›ǯȱ řŝǰȱ ˜œȱ Ž¡Ž–™•˜œȱ ˜œȱ ’—Œ’œ˜œȱ ����ȱ ǻŸŽŠ³¨˜ȱ Žȱ Ÿ’—Œž•Š³äŽœȱ Žȱ Žšž’™Š›Š³äŽœȱ
de remuneração de servidores públicos) e XIV (vedação de percepção de acréscimos 
remuneratórios em cascata pelos servidores públicos). Instaurou-se grande disputa em torno de 
sua aplicação, do que resulta seu alto grau de inefetividade. Da mesma forma, controverteu-
se ao longo do tempo sobre a aplicação do inciso IX, sobre a possibilidade de contratação 
Žȱ™Žœœ˜Š•ǰȱ™˜›ȱ™›Š£˜ȱŽŽ›–’—Š˜ǰȱ™Š›ŠȱŠŽ—Ž›ȱ—ŽŒŽœœ’ŠŽœȱ Ž–™˜›¤›’ŠœȱŽȱŽ¡ŒŽ™Œ’˜—Š’œǯȱ
A atuação do Ministério Público e dos Tribunais acabou conduzindo a um grau razoável de 
sucesso dessa prescrição. Vejam-se, a propósito, as decisões do STF na ADI no 3.237, Tribunal 
Pleno, rel. min. Joaquim Barbosa, DJe 19/8/2014; e na ADI no 3.721, Tribunal Pleno, rel. min. 
�Ž˜›’ȱ�Š ŠœŒ”’ǰȱ�ž•ǯȱşȦŜȦŘŖŗŜǯ
66 Cf. STF, Tribunal Pleno, ADI no 14, rel. min. Célio Borja, DJ 1/12/1989.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO64
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
limite constitucional e, dessa forma, poderiam ser pagas sem qualquer corte 
ou redução.
A partir daí — a despeito de esforços, ao menos propagandeados, do 
�¡ŽŒž’Ÿ˜ȱŽȱ�Ž’œ•Š’Ÿ˜67 —, sucederam-se interpretações e argumentos jurí-
dicos de toda sorte para bloquear a efetividade da norma (irredutibilidade de 
vencimentos, verbas indenizatórias, subtetos e todo o tipo de especiosidade que 
˜ȱ’›Ž’˜ȱ·ȱ·›’•ȱŽ–ȱ™›˜ž£’›Ǽǯȱ�ȱ—ž—ŒŠȱ–Š’œȱœŽȱŒ˜—œŽž’žȱę¡Š›ȱž–ȱ•’–’Žȱ›ŽŠ•ȱ
de remuneração das carreiras públicas dos três Poderes, com a cumplicidade 
(ainda que dissimulada) de todos os atores institucionais relevantes.
Na verdade, talvez nunca se consiga fazê-lo, porque faltam ao trato do 
tema sinceridade normativa, realidade econômica e transparência. Prosseguir 
—˜ȱŽ¡Š–Žȱ˜ȱ™›˜‹•Ž–ŠȱŽ¡Œ•žœ’ŸŠ–Ž—Žȱ¥ȱ•ž£ȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ›Žà›’Œ˜Ȭ—˜›–Š’Ÿ˜ǰȱ
šžŽȱ˜–’—ŠȱŠȱŽ˜›’Šȱ˜ȱ’›Ž’˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǰȱ·ȱŽ’¡Š›ȱœ˜‹›ŽȱŽ•Žȱž–Šȱ™Ž›–ŠȬ
—Ž—Žȱ —žŸŽ–ȱŽȱ ž–Š³Šǯȱ �˜‹ȱ ˜ȱ ¦—ž•˜ȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ—˜›–Š’Ÿ˜ǰȱ ™Š›ŽŒŽȱ —¨˜ȱ
haver mais o que se possa fazer na matéria. Não há mudança de redação ou 
de interpretação capaz de alterar o cenário. Até porque, se o STF vier a fechar 
ŠǻœǼȱ™˜›ŠǻœǼȱ‘˜“ŽȱŽ¡’œŽ—ŽǻœǼǰȱŒŽ›Š–Ž—Žȱ˜ž›ŠȱœŽȱŠ‹›’›¤ȱ•˜˜ȱŠ’Š—Žǯ
�žŠ•šžŽ›ȱŠŸŠ—³˜ȱ—˜ȱŽ–Šǰȱ™˜›Š—˜ǰȱŽŸŽȱ’—Œ˜›™˜›Š›ȱŠ›ž–Ž—˜œȱŽ¡›Š“žȬ
rídicos como elementos de análise e decisão. Nesse sentido, em artigo recente-
mente publicado no jornal Folha de S.Paulo, o economista Bruno Carazza, 
valendo-se de contribuições da economia comportamental, aponta que os 
abusos remuneratórios no setor público brasileiro têm na sua gênese um 
processo de inveja, ciúme e competição institucional.68ȱ�ȱŽ¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱž–ȱŽ˜ȱ
67 As redações posteriores do dispositivo, dadas pelas Emendas Constitucionais nos 19/1998 
ŽȱŚŗȦŘŖŖřǰȱ˜›Š–ȱŠ’—Šȱ–Š’œȱ’—ŽšžÇŸ˜ŒŠœȱŽȱŒž’Š˜œŠœǰȱ™ŠœœŠ—˜ȱŠȱŠ•ž’›ȱŽ¡™›ŽœœŠ–Ž—Žȱ¥œȱ
ȃŸŠ—ŠŽ—œȱ™Žœœ˜Š’œȱ˜žȱŽȱšžŠ•šžŽ›ȱ˜ž›Šȱ—Šž›Ž£ŠȄǯȱ�¨˜ȱ˜‹œŠ—Žǰȱ•˜›˜žȬœŽȱŽ¡Œ•ž’›ȱ˜ȱŠ•ŒŠ—ŒŽȱ
do teto as chamadas verbas indenizatórias. Em sessão administrativa, realizada em 24/6/1998, 
o STF entendeu que as disposições da EC no 19/1998 relativas ao teto não seriam autoaplicá-veis, dependendo de lei de iniciativa conjunta dos três Poderes para produzir seus efeitos 
ǻ˜ȱšžŽȱ—ž—ŒŠȱ˜Œ˜››ŽžǰȱŠŠœȱŠœȱ’ęŒž•ŠŽœȱ™˜•Ç’ŒŠœȱŽȱę¡Š³¨˜ȱŽȱž–ȱŽ˜ȱø—’Œ˜ȱ™Š›Šȱ˜œȱ›¹œȱ
Poderes). Com a edição da EC noȱŚŗȦŘŖŖřǰȱšžŽȱ™›ŽŸ’ŠȱŽ¡™›ŽœœŠ–Ž—ŽȱœžŠȱŠž˜Š™•’ŒŠ‹’•’ŠŽȱ
šžŠ—˜ȱŠ˜ȱ™˜—˜ǰȱ˜ȱ�ž™›Ž–˜ǰȱŽ–ȱ–Š—Š˜ȱŽȱœŽž›Š—³Šȱ’–™Ž›Š˜ȱ™˜›ȱŽ¡Ȭ–’—’œ›˜œȱŠȱ�˜›Žǰȱ
acolheu o entendimento de que a garantia da irredutibilidade de vencimentos consistia em 
–˜Š•’ŠŽȱšžŠ•’ęŒŠŠȱŽȱ’›Ž’˜ȱŠšž’›’˜ǰȱŽȱ–˜˜ȱšžŽȱ˜œȱŸŽ—Œ’–Ž—˜œȱšžŽȱ Ž—‘Š–ȱœŽȱ
assentado em patamares nominais superiores ao teto, antes da promulgação da EC no 41/2003, 
não poderiam sofrer o corte correspondente. Em decisão recente, o STF entendeu que o limite 
remuneratório não incide nos casos de acumulação lícita de empregos, aposentadorias ou 
™Ž—œäŽœȱ™ø‹•’ŒŠœȱ ǻŸŽ›ȱ ˜ȱ “ž•Š–Ž—˜ȱ˜œȱ�ŽŒž›œ˜œȱ�¡›Š˜›’—¤›’˜œȱ —os 602043 e 612975, DJe 
8/9/2017). Sobre o ponto, veja-se também a análise de BRANDÃO, Rodrigo. �ž™›Ž–ŠŒ’Šȱ“ž’Œ’Š•ȱ
versus diálogos constitucionaisǯȱ�’˜ȱŽȱ�Š—Ž’›˜DZȱ�ž–Ž—ȱ�ž›’œǰȱŘŖŗŘǯȱ™ǯȱŘşŗȬŘşŘǯ
68ȱ �������ǰȱ�›ž—˜ǯȱ�ȱŠž¡Ç•’˜Ȭ–˜›Š’ŠǰȱŠȱ ’—ŸŽ“ŠȱŽȱ˜ž›Šœȱ–ž–ž—‘Šœȱ–Š’œǯȱFolha de S.Paulo, 
şȱŽŸǯȱŘŖŗŞǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱŽ–DZȱǀ‘Ĵ™DZȦȦ˜Žœ™’›’˜Šœ•Ž’œǯ‹•˜˜•‘Šǯž˜•ǯŒ˜–ǯ‹›ȦŘŖŗŞȦŖŘȦŖşȦ˜ȬŠž¡’•’˜Ȭ
–˜›Š’ŠȬŠȬ’—ŸŽ“ŠȬŽȬ˜ž›ŠœȬ–ž–ž—‘ŠœȬ–Š’œȦǵ•˜Ž™Š¢ Š••ǁǯȱ�ŒŽœœ˜ȱŽ–DZȱŘŜȱ–Š›ǯȱŘŖŗŞǯ
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
65PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
remuneratório gera, na realidade, uma competição das categorias por essa 
–ŽŠǰȱŽȱ–˜˜ȱšžŽȱŒŠŠȱž–ŠȱœŽ–™›ŽȱŠ•–Ž“ŠȱŠ•ŒŠ—³Š›ȱ˜ȱ•’–’Žȱ–¤¡’–˜ȱ•ŽŠ•ǯȱ
E todas buscam sempre a maior proteção possível e, assim, quanto maior o 
™˜Ž›ȱŽȱ™›Žœœ¨˜ǰȱ–Š’˜›ȱ˜ȱ›ŽŠ“žœŽǯȱ1ȱ™˜›ȱ’œœ˜ȱšžŽǰȱŒ˜–˜ȱœŽȱ’£ȱ™˜›ȱŠÇǰȱ˜ȱȃŽ˜ȱ
virou piso”, ao menos para uma parte das carreiras jurídicas.
�¡›Š’ȬœŽȱŠšž’ǰȱ—Šȱ ›ŽŠ•’ŠŽǰȱšžŽȱž–ȱ’Š—àœ’Œ˜ȱ–Š’œȱŠ™ž›Š˜ȱœ˜‹›Žȱ
Šœȱ›Š£äŽœȱŠȱ‹Š’¡Šȱ—˜›–Š’Ÿ’ŠŽȱ˜ȱ•’–’Žȱ›Ž–ž—Ž›Šà›’˜ȱ™Š›Šȱ˜œȱœŽ›Ÿ’˜›Žœȱ
públicos depende de uma compreensão interdisciplinar que o discurso 
“ž›Ç’Œ˜ȱ—¨˜ȱŽœ¤ȱ‘Š‹’žŠ˜ȱŠȱ’—Œ˜›™˜›Š›ǯȱ�ŽœœŽȱŒ˜—Ž¡˜ǰȱŠȱŠ›ž–Ž—Š³¨˜ȱ›ŠȬ
’Œ’˜—Š•ȱšžŽȱŠȱŽ˜›’Šȱ“ž›Ç’ŒŠȱŽ–ȱŠȱ˜Ž›ŽŒŽ›ǰȱŽ–ȱ˜›—˜ȱŽȱŽ–ŠœȱŒ˜–˜ȱŽęŒ¤Œ’ŠȱŽȱ
efetividade das normas constitucionais, contribui pouco para a compreensão 
do porquê determinados comandos normativos do art. 37 da Constituição 
simplesmente não se realizaram.69
�ž›˜ȱŽ¡Ž–™•˜ȱŽȱ’œ™žŠȱŽ–ȱ˜›—˜ȱ˜ȱŠ›’˜ȱřŝȱšžŽȱŸŠ•Žȱ›ŽŽ›’›ȱȯȱŠšž’ǰȱ
justamente, porque resultou na derrota completa da norma, que acabou emen-
dada — é o do seu inciso XVI, acerca da acumulação de cargos e empregos 
públicos.
�ȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱŽȱŗşŜŝȦŜşȱ™Ž›–’’ŠȱšžŽȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽȱœŠøŽȱŽ–ȱŽ›Š•ȱ
acumulassem cargos públicos. A Carta de 1988 (no art. 37, XVI, “c”) pretendeu 
Ž¡™›ŽœœŠ–Ž—Žȱ›Žœ›’—’›ȱŽœœŠȱŠŒž–ž•Š‹’•’ŠŽȱŠ™Ž—ŠœȱŠ˜œȱ–·’Œ˜œȱǻŽ’¡Š—˜ȱ
Žȱ ˜›Šȱ Šœȱ Ž–Š’œȱ ŒŠŽ˜›’Šœȱ Žȱ ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ Žȱ œŠøŽǼǯȱ �Šœȱ ’œ™˜œ’³äŽœȱ
transitórias, porém, assegurou a posição dos que já acumulassem cargos na 
˜ŒŠœ’¨˜ȱŠȱ™›˜–ž•Š³¨˜ȱ˜ȱ Ž¡˜ǯȱ�ȱŠ•ŒŠ—ŒŽȱŠȱ—˜›–Šǰȱ™˜›Š—˜ǰȱŽ›ŠȱŒ•Š›ŠȬ
mente prospectivo. Tratou-se, então, de uma opção política do legislador 
constituinte de restringir a acumulabilidade de cargos públicos, com o pro-
™àœ’˜ǰȱ Ž—›Žȱ ˜ž›˜œǰȱ Žȱ šžŽȱ–Š’œȱ ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱ ™žŽœœŽ–ȱ ˜‹Ž›ȱ Œ˜•˜ŒŠ³äŽœȱ
públicas.70
Pois bem. Vigente a Constituição, na vida real foi como se a norma jamais 
’ŸŽœœŽȱŽ¡’œ’˜ǯȱ�œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽȱœŠøŽȱǻšžŽȱ—¨˜ȱ˜œȱ–·’Œ˜œǼȱŒ˜—’—žŠŸŠ–ȱ
a prestar concursos e a tomar posse em mais de um cargo, mesmo após a 
Ÿ’¹—Œ’Šȱ˜ȱ—˜Ÿ˜ȱŽ¡˜ǯȱ�ȱ’—˜›¦—Œ’ŠȱŠȱ—˜›–Šȱ—Ž–ȱœŽ–™›ŽȱŽ›ŠȱŽȱ‹˜ŠȬ·ǯ
No momento, porém, em que os órgãos de controle da administração 
come çaram a apontar as ilicitudes e a instar os servidores a abandonar os 
69ȱ �ȱ™›˜™àœ’˜ǰȱŸŽ›ȱ���ǰȱ�ŠŸ’ȱ�ǯȱ�˜—œ’ž’˜—œǯȱ�—DZȱ����ǰȱ�ŽŽ›Dzȱ
������ǰȱ
Ž›‹Ž›ȱ�ǯȱǻ�›ǯǼǯȱ
The Oxford handbook of empirical legal researchǯȱ›Ž’–™›ǯȱ�¡˜›DZȱ�¡˜›ȱ�—’ŸŽ›œ’¢ȱ�›ŽœœǰȱŘŖŗřǯȱ
p. 380-384.
70 Embora não se deva menosprezar o lobby que, muito seguramente, as corporações dos médicos 
ę£Ž›Š–ȱ™Š›Šȱ™›ŽœŽ›ŸŠ›ȱ˜ȱœŽžȱstatus na matéria.
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cargos, as respectivas corporações viabilizaram a aprovação de uma emenda 
Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ™Š›Šȱ–žŠ›ȱŠȱ—˜›–Šǯȱ�ȱꗊ•’ŠŽȱŽ›Šȱ›Ž˜›—Š›ȱ¥ȱ›Ž›Šȱ™›·ȬŗşŞŞǰȱ
™Ž›–’œœ’ŸŠȱ¥œȱŠŒž–ž•Š³äŽœȱ˜œȱ™›˜ęœœ’˜—Š’œȱŽȱœŠøŽȱŽ–ȱŽ›Š•ǯȱ�ȱ�–Ž—Šȱ 
no 31 data de 2001 e veio após período de mais de 10 anos de disputa em torno 
do tema.
Algumas administrações públicas, inclusive, conferiram efeito retroativo 
à norma da emenda, convalidando acumulações que haviam se instituído 
ilicitamente à luz da redação constitucional original. As forças corpora-
’ŸŠœȱ šžŽȱ œŽȱ–˜‹’•’£Š›Š–ȱ Œ˜—›Šȱ ˜ȱ Ž¡˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ Œ˜—œŽž’›Š–ǰȱ —ŽœœŽȱ
caso, restaurar a disciplina do regime anterior.71 O projeto constitucional, de 
ampliação e racionalização do acesso aos postos públicos, restou frustrado. 
A aptidão da Constituição para efetivamente alterar a realidade depende, 
portanto, de mais do que apenas as boas intenções do legislador constituinte.
Nem só de frustrações, todavia, vive o art. 37. Seu caput, a despeito da 
›Š—ŽȱŠ‹Ž›ž›Šȱ˜œȱ™›ŽŒŽ’˜œȱšžŽȱŒ˜—·–ǰȱŠ•ŒŠ—³˜žȱ¹¡’˜ȱ›Š£˜¤ŸŽ•ȱ—ŠȱŒ˜—Ȭ
formação da ação administrativa.72 Caso emblemático, justamente pela 
resistência que lhe foi (e, de certa forma, continua sendo) oposta, foi o do 
nepotismo. Em outubro de 2005, o CNJ editou a Resolução no 7 proibindo 
ŠȱŒ˜—›ŠŠ³¨˜ȱŽȱ™Š›Ž—ŽœȱŽȱ “žÇ£ŽœȱŽȱŽœŽ–‹Š›Š˜›Žœȱ™Š›Šȱ˜ȱŽ¡Ž›ŒÇŒ’˜ȱŽȱ
ŒŠ›˜œȱŒ˜–’œœ’˜—Š˜œȱ˜žȱž—³äŽœȱ›Š’’ŒŠŠœȱ—˜ȱ¦–‹’˜ȱ˜ȱ�˜Ž›ȱ�ž’Œ’¤›’˜ǯȱ
Seguiu-se daí praticamente um motim, que levou Tribunais e Associa ções 
de classe da magistratura e de servidores ao Supremo Tribunal Federal. 
A Corte Constitucional, porém, no julgamento, em fevereiro de 2006, da medida 
cautelar na Ação Direta de Constitucionalidade no 12-6, reconheceu a força 
normativa e a aplicabilidade direta dos princípios constitucionais do caput 
do art. 37, notadamente o da impessoalidade. Declarou a constitucionalidade 
da norma do CNJ, que, antes de inovar na ordem jurídica, se limitava a dar 
aplicação aos comandos constitucionais.73 O tema rendeu, tempos depois, em 
71 Processo semelhante, porém um pouco mais longo e demorado, se deu com as acumulações de 
ŒŠ›˜œȱ™˜›ȱ–·’Œ˜œȱ–’•’Š›Žœǯȱ�˜›ȱŸŽŠ³¨˜ȱŽ¡™›ŽœœŠȱ˜ȱŠ›ǯȱŗŚŘǰȱȗřoǰȱ˜ȱŽ¡˜ȱŽȱŗşŞŞȱ™›˜’‹’žȱŠ˜œȱ
–·’Œ˜œȱ–’•’Š›ŽœȱŠȱ˜Œž™Š³¨˜ȱŽȱŒŠ›˜œȱ™ø‹•’Œ˜œȱŒ’Ÿ’œȱǻ™›˜’‹’³¨˜ȱŽœœŠǰȱŠ•’¤œǰȱŽ¡™Ž›’–Ž—ŠŠȱ
™˜›ȱ ˜˜ȱ –’•’Š›Ǽǯȱ �˜ŸŠ–Ž—Žȱ ˜ȱ Ž¡˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ ›ŽœœŠ•Ÿ˜žȱ Šœȱ ŠŒž–ž•Š³äŽœȱ Š—Ž›’˜›Žœȱ
ŠȱŗşŞŞȱǻŠ›ǯȱŗŝǰȱȗŗo, do ADCT). Após longo processo de disputa e centenas de acumulações 
declaradas ilícitas, algumas idas e vindas da jurisprudência (do STJ), o Congresso promulgou 
a Emenda Constitucional noȱŝŝǰȱŽȱŘŖŗŚǰȱŽ¡ŒŽžŠ—˜ȱ˜œȱ–·’Œ˜œȱ–’•’Š›ŽœȱŠȱŸŽŠ³¨˜ȱŽ›Š•ȱŽȱ
acumulação prevista para os militares e retornando à situação anterior a 1988.
72 Não obstante, para uma importante perspectiva crítica sobre o papel dos princípios 
constitucionais do direito administrativo, ver Carlos Ari Sundfeld, Direito administrativo para 
céticos, op. cit., p. 179 e ss.
73ȱ �ȱŸ˜˜ȱ˜ȱ–’—’œ›˜ȱ�˜Ššž’–ȱ�Š›‹˜œŠǰȱŽ¡Š›Š˜ȱ—Šȱ˜ŒŠœ’¨˜ǰȱŽ–˜—œ›Šȱž–ŠȱŠžŠȱ™Ž›ŒŽ™³¨˜ȱ
šžŠ—˜ȱ¥ȱ—Šž›Ž£Šȱ˜œȱ™›˜ŒŽœœ˜œȱŽȱ’œ™žŠȱ ’—œŠž›Š˜œȱ Ž–ȱ ˜›—˜ȱ˜ȱ Ž¡˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•DZȱ
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67PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
agosto de 2008, a edição da Súmula Vinculante no 13, em que a vedação ao 
—Ž™˜’œ–˜ȱ˜’ȱŽœŽ—’ŠȱŠ˜ȱ¦–‹’˜ȱ˜œȱ›¹œȱ�˜Ž›Žœǯ74
Aqui, diante do comprometimento e da incapacidade dos três Poderes 
da República para repudiar as contratações amparadasem relações pessoais, 
coube, portanto, à Corte Constitucional a imposição direta da norma. O STF 
se valeu, para isso, justamente, de fundamentos da teoria normativa da Cons-
’ž’³¨˜ǯȱ�˜–ȱšžŠœŽȱžŠœȱ·ŒŠŠœȱŽȱŠ›Šœ˜ǰȱŽ—ę–ȱž–ŠȱŸ’à›’Šȱ˜ȱŒ˜—œ’ȱžȬ
cionalismo normativista.
1ȱŠ››Š’Š˜ǰȱ˜ŠŸ’ŠǰȱŒ˜–˜ȱ“¤ȱ’˜ǰȱ˜ȱ™Š›’–˜—’Š•’œ–˜ȱ—˜ȱ™ŠÇœǯȱ�ȱŽœ™Ž’˜ȱ
Šȱœø–ž•ŠȱŸ’—Œž•Š—Žǰȱ˜ȱŠœœž—˜ȱ˜ȱ—Ž™˜’œ–˜ȱ“Š–Š’œȱŽ’¡˜žǰȱ—ŽœŽœȱø•’–˜œȱ
ŗŖȱŠ—˜œǰȱŽȱꐞ›Š›ȱ—Šȱ™ŠžŠȱ˜ȱ���ǯȱ�ȱ�˜›Žȱ�˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱŒ˜—’—žŠȱœŽ—˜ȱ
chamada a dirimir as mais diversas situações envolvendo a aplicação da 
Súmula Vinculante no 13. A possibilidade de contratação de parente como 
agente político ou de nomeação de parente ocupante de cargo de provimento 
ŽŽ’Ÿ˜ǰȱ Šȱ —ŽŒŽœœ’ŠŽȱ ˜žȱ —¨˜ȱ Žȱ Œ˜—ꐞ›Š³¨˜ȱ ˜‹“Ž’ŸŠȱ ˜ȱ —Ž™˜’œ–˜ȱ ǻ˜žȱ
œŽ“Šǰȱ œŽȱ˜ȱ™Š›Ž—Žȱ ŽŸŽȱ˜žȱ—¨˜ȱ Œ˜—’³¨˜ȱŽȱ ’—ĚžŽ—Œ’Š›ȱ Šȱ—˜–ŽŠ³¨˜ȱ˜ȱ œŽžǼȱ
etc. Tudo a evidenciar (i) que a impessoalidade não integra o padrão cultural 
nacional (contratar parentes parece ser algo naturalizado no país) e que (ii) a 
Œ˜Ž›Œ’‹’•’ŠŽȱŠȱ—˜›–ŠȱŽ–Š—ŠȱŽœ˜›³˜ȱŽȱŸ’’•¦—Œ’ŠȱŒ˜—œŠ—Žœǯ75
A revisão de casos de disputa em torno do capítulo da administração 
pública mostra que, embora tenha havido frustrações quase completas, 
Ž–ȱ šžŠœŽȱ ˜Šœȱ Šœȱ œ’žŠ³äŽœȱ —Š››ŠŠœȱ ˜ȱ Ž¡˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ ˜’ȱ ž–ȱ Š˜›ȱ
›Ž•ŽŸŠ—Žȱ˜ȱ™›˜ŒŽœœ˜ǯȱ�œȱŽ‹ŠŽœȱœŽȱ›ŠŸŠ›Š–ȱŽ–ȱ˜›—˜ȱ˜ȱŽ¡˜ǰȱ—¨˜ȱŠ˜ȱ•Š›˜ȱ
Ž•Žǯȱ�™Ž—Šœȱ™˜›ȱ ’œœ˜ȱ “¤ȱ œŽȱ ™˜Žȱ Šę›–Š›ȱ Šȱ Ž¡’œ¹—Œ’ŠȱŽȱž–Šȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱ
administrativa no país que — apesar de disputada — condiciona os debates, 
–Žœ–˜ȱšžŽǰȱ ¥œȱŸŽ£Žœǰȱ œŠ’Šȱ–ŠŽ›’Š•–Ž—ŽȱŽ››˜ŠŠǯȱ�ȱ Ž¡˜ȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ
importa, ainda que nem sempre com a força que a teoria normativa e a 
dogmática constitucional apregoam.
ȃǽ¥Ǿȱ�˜›Žȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ ŒŠ‹Žȱ˜ȱ™Š™Ž•ȱŽȱ Žœ›Ž’Š›ǰȱŽȱ Ž•’–’—Š›ȱ˜ȱ ˜œœ˜ȱšžŽȱ¥œȱŸŽ£Žœȱ Ž¡’œŽȱ
entre a sociedade e o microcosmo jurídico, o qual, como todos sabemos, às vezes forja as 
suas próprias realidades, fomenta as hipocrisias e, por que não dizê-lo, uma certa moralidade 
–Š—ŒŠǰȱŒ˜–˜ȱŒ˜’’Š—Š–Ž—ŽȱŽ–˜œȱ˜™˜›ž—’ŠŽȱŽȱŸŽ›’ęŒŠ›Ȅǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱŽ–DZȱǀ‘Ĵ™DZȦȦ›Ž’›ǯ
stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=372910>.
74ȱ ���ǰȱ��ȱśŝŖǯřşŘǰȱ›Ž•ǯȱ–’—ǯȱ�Š›–Ž—ȱ�øŒ’Šǰȱ�›’‹ž—Š•ȱ�•Ž—˜ǰȱ“ž•ǯȱŗŗȦŗŘȦŘŖŗŚǯ
75ȱ �ŽœœŽȱ œŽ—’˜ǰȱ Œ˜—ꛊ–ȬœŽȱ Šȱ �Œ•ȱ ŗŝǯŜŘŝȱ ��ǰȱ ›Ž•Š˜›ȱ –’—’œ›˜ȱ �˜‹Ž›˜ȱ �Š››˜œ˜ǰȱ �ŽŒ’œ¨˜ȱ
Monocrática, julgamento em 8/5/2014, DJe de 15/5/2014; e Rcl 26.303, RJ, rel. min. Marco 
Aurelio.
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4. Conclusão: a insuficiência da teoria normativa para os desafios 
da constitucionalização do direito administrativo no Brasil
O panorama que traçamos acerca das disputas travadas em torno de 
normas do capítulo da administração pública nas últimas três décadas parece 
Š™˜—Š›ȱ™Š›ŠȱŠȱ’—œžęŒ’¹—Œ’Šȱ˜ȱ’œŒž›œ˜ȱ“ž›Ç’Œ˜Ȭ—˜›–Š’Ÿ˜ȱ™Š›ŠȱŽŽ›–’—Š›ȱ
ŠȱŽŽ’Ÿ’ŠŽǰȱ˜žȱ—¨˜ǰȱ˜ȱŽ¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯ76 A força obrigatória da Cons-
tituição nasce, segundo Chris Thornill, “de práticas que se situam fora do 
direito e não pode ser estabelecida por uma análise meramente jurídica”.77 
O método jurídico, assim, não se mostra autossustentável para a concretização 
ŠœȱŽ¡™ŽŒŠ’ŸŠœȱ—˜›–Š’ŸŠœȱ˜ȱŽ¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯ78
O discurso normativo dominante desde 1988 no direito constitucional 
brasileiro dá sinais de fadiga (do que parece ser um sinal eloquente a inefeti-
vidade persistente de algumas normas, como visto).79ȱ�Žȱ˜ȱŽ¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ
se revela um espaço de permanente disputa — o que é particularmente 
verdadeiro no que toca ao capítulo da administração pública —, a realização 
do projeto constitucional não pode se escorar apenas no normativismo. 
�ȱ�˜—œ’ž’³¨˜ȱ·ȱ’–™˜›Š—ŽȱŽ–Š’œȱ™Š›ŠȱœŽ›ȱŽ’¡ŠŠȱœàȱ—Šȱ–¨˜ȱ˜œȱ“ž›’œŠœǯ
�ȱ Ž˜›’Šȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱ Œ˜—Ž–™˜›¦—ŽŠǰȱ Œ˜–ȱ ˜ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱ Žȱ
mo der nos estudos de sociologia e política constitucionais, tem apontado 
nessa direção. Há amplo reconhecimento de que a concretização do projeto 
consti tu cional depende de condições e compreensões que se encontram fora 
do direito: fatores políticos, econômicos, culturais e sociais.80 Defende-se o 
emprego de métodos e modelos de análise para além das quatro linhas do 
campo jurídico, na compreensão das causas e consequências da efetividade 
˜žȱ—¨˜ȱ˜ȱŽ¡˜ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ǯ81
76ȱ �ŽœœŽȱ œŽ—’˜ǰȱ ŸŽ›ȱ �
���
���ǰȱ �‘›’œǯȱ �‘Žȱ œ˜Œ’˜•˜¢ȱ ˜ȱ Œ˜—œ’ž’˜—œȱ ǻ˜Œ˜‹Ž›ȱ ŘŖŗŝǼǯȱ
Annual Review of Law and Social ScienceǰȱŸǯȱŗřǰȱ™ǯȱŚşśǰȱŘŖŗŝǯȱ�’œ™˜—ÇŸŽ•ȱŽ–DZȱǀ‘Ĵ™œDZȦȦœœ›—ǯŒ˜–Ȧ
Š‹œ›ŠŒƽřŖśşŜśŜȱ˜›ȱ‘Ĵ™DZȦȦ¡ǯ˜’ǯ˜›ȦŗŖǯŗŗŚŜȦŠ——ž›ŽŸȬ•Š œ˜ŒœŒ’ȬŗŗŖřŗŜȬŗŗřśŗŞ�
������ǁǯȱ
Acesso em: 10 mar. 2018.
77 Ibid.
78 NEVES, Marcelo. Constitucionalização simbólica e desconstitucionalização fática: mudança 
simbólica da Constituição e permanência das estruturas reais de poder. Revista de Informação 
Legislativa, v. 33, n. 132, p. 321-330, out./dez. 1996; Marco Goldoni e Michael A. Wilkinson, The 
material Constitution, op. cit., p. 2.
79 Ibid.
80 Chris Thornhill, The sociology of constitutions, op. cit., p. 495.
81ȱ �˜ȱ–Žœ–˜ȱœŽ—’˜ǰȱ�����	���ǰȱ�Š—’Ž•ȱ�ǯȱ�–’—’œ›Š’ŸŽȱ•Š ǯȱ�—DZȱ�
�����	���ǰȱ
Ž’‘ȱ
�ǯDzȱ 
������ǰȱ �ǯȱ �Š—’Ž•Dzȱ ��������ǰȱ 	›Ž˜›¢ȱ�ǯȱThe Oxford handbook of law and politics. 
›Ž’–™›ǯȱ�¡˜›DZȱ�¡˜›ȱ�—’ŸŽ›œ’¢ȱ�›ŽœœǰȱŘŖŗřǯȱ™ǯȱřśŜǯ
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
69PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
Nessa direção, destacam Goldoni e Wilkinson: “a teoria constitucional 
dominante (seja jurídica ou política) tem pouco a dizer sobre os mais impor-
Š—Žœȱ ŽœŠę˜œȱ Š˜œȱ ˜›Ž—Š–Ž—˜œȱ Œ˜—œ’žŒ’˜—Š’œȱ Ÿ’Ž—ŽœȄǯ82 Segundo os 
autores, o fenômeno constitucional — a que chamam de constituição mate-
›’Š•ȱȯȱœ˜–Ž—Žȱ™˜ŽȱœŽ›ȱŠŽšžŠŠ–Ž—ŽȱŒŠ™Š˜ȱ™Ž•ŠȱŠ™›ŽŽ—œ¨˜ȱ˜ȱŒ˜—Ž¡˜ȱ
social profundo em que se insere. Sem tração política e social, a constituição 
formal permanece letra morta, “uma lista de auspícios ou até uma farsa”.83 
�ȱ˜›Ž–ȱŒ˜—œ’žŒ’˜—Š•ȱŒ˜—Ž–™˜›¦—ŽŠǰȱ™˜›Š—˜ǰȱŽŸŽȱž—Œ’˜—Š›ȱŒ˜–˜ȱž–ȱ
elemento da ordem político-social e ser capaz de se relacionar com a sociedade 
por dentro.
Em linha de convergência, mas sob o enfoque da análise econômica 
˜ȱ’›Ž’˜ǰȱ�•‹Ž›ȱ�Š•œŠ–’•’Šȱ Š™˜—Šȱ Šȱ ŽęŒ’¹—Œ’Šȱ Œ˜–˜ȱž–ȱŸŠ•’˜œ˜ȱ Šž¡Ç•’˜ȱ
na superação do que chama de intuicionismo dos métodos jurídicos. Para o 
“žœę•àœ˜˜ȱŽœ™Š—‘˜•ǰȱŠȱŒ’¹—Œ’ŠȱŠȱ•Ž’œ•Š³¨˜ǰȱŠȱ™›ŽŽ¡˜ȱŠȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱŽȱž–ȱ
ideal de justiça, não se dá conta de que, “muitas vezes, os resultados da lei 
— a conduta social — não se ajustam aos objetivos da lei”. As reações do 
mundo real às leis podem ser distintas ou contraditórias àqueles objetivos, 
mas “ž–Šȱ‹˜Šȱ•Ž’ȱ—¨˜ȱ·ȱŠ™Ž—ŠœȱŠšžŽ•ŠȱšžŽȱŠœœ’—Š•Šȱ˜‹“Ž’Ÿ˜œȱ“žœ˜œǰȱ–ŠœȱŠšžŽ•ŠȱšžŽȱ
os consegue […]. A conduta social, a reação dos cidadãos pode invalidar as boas 
intenções do legislador. O importante de uma lei não é apenas o que pretende, mas o 
que consegue”.84
�ȱ ’››ŽŠ•’ŠŽȱ ˜žȱ ’››Ž•ŽŸ¦—Œ’Šȱ —˜›–Š’ŸŠȱ –˜œ›ŠȬœŽȱ Š’—Šȱ –Š’œȱ ›ŠŸŽȱ
quando se insere nos domínios da Constituição. Os juristas devem se ocupar 
também da criação dos incentivos corretos para que as normas se cumpram. 
Transcorridas três décadas de vigência da Constituição de 1988, está claro 
que não bastam as boas intenções do legislador constituinte e a retórica 
normativista para assegurar sua efetividade. O estudo do direito público 
precisa se (re)conectar com a política e com a economia.85
�˜—œ’ž’³äŽœǰȱ’£ȱ�ŠŸ’ȱ�ǯȱ�Š ǰȱœ¨˜ȱŽ—â–Ž—˜œȱŒ˜–™•Ž¡˜œǰȱŒ˜–ȱ–ø•’Ȭ
™•Šœȱ ŒŠžœŠœȱ Žȱ ŽŽ’˜œǯȱ �žŠȱ Œ˜–™›ŽŽ—œ¨˜ǰȱ ™˜›Š—˜ǰȱ ’–™äŽȱ ŽœŠę˜œȱ–Ž˜˜Ȭ
lógicos que vão além dos aportes que a teoria normativa tem sido capaz de 
dar. O capítulo da administração pública na Constituição brasileira de 1988 
˜›—ŽŒŽȱ‹˜—œȱŽ¡Ž–™•˜œȱ˜ȱŠ–Š—‘˜ȱŽœœŽœȱŽœŠę˜œǯȱ�ȱŒ˜–™›ŽŽ—œ¨˜ȱŽȱœžŠȱ
82 MarcoGoldoni e Michael A. Wilkinson, The material Constitution, op. cit., p. 3-4.
83ȱ �������	���ǰȱ�•‹Ž›ǯȱ�ꌒŽ—Œ’Šȱ¢ȱŽ›ŽŒ‘˜ǯȱDoxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, Alicante, 
n. 4, p. 267-287, 1987.
84 Ibid.
85 Marco Goldoni e Michael A. Wilkinson, The material Constitution, op. cit., p. 9.
REVISTA DE DIREITO ADMINISTRATIVO70
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio./ago. 2018.
evolução nestes últimos 30 anos e das perspectivas para seu futuro pressupõe 
que intérpretes e aplicadores se abram a leituras que o normativismo não 
™›˜Ÿ¹ǯȱ �Ž’ž›Šœȱ —Šž›Š•–Ž—Žȱ –ž•’’œŒ’™•’—Š›Žœǰȱ šžŽȱ ˜ȱ ’œŒž›œ˜ȱ “ž›Ç’Œ˜ȱ
precisa incorporar, embora essa incorporação não seja isenta de riscos.86 
O amadurecimento do constitucionalismo no Brasil e a sobrevivência do 
projeto de 1988 dependem do desbravamento desses caminhos.
Referências
�������ǰȱ�›ŽŽ›’Œ˜ȱŽǯȱ�œȱ “ž›’œŠœȱ Žȱ Šȱ™˜•Ç’ŒŠȱ—˜ȱ�›Šœ’•DZȱ ™Ž›–Š—¹—Œ’Šœȱ Žȱ
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��ǰȱ�ǯȱ�ǯDzȱ����ǰȱ�Ž›—Š—˜ȱ�ǯȱ�ǯȱ�ȱŠ›ž–Ž—˜ȱŠœȱŒŠ™ŠŒ’ŠŽœȱ
’—œ’žŒ’˜—Š’œȱŽ—›ŽȱŠȱ‹Š—Š•’ŠŽǰȱŠȱ›Žž—¦—Œ’ŠȱŽȱ˜ȱŠ‹œž›˜ǯȱDireito, Estado e 
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ǀ   ǯ’›Ž’˜˜ŽœŠ˜ǯŒ˜–ǁǯȱ�ŒŽœœ˜ȱŽ–DZȱŘŞȱ–Š›ǯȱŘŖŗŞǯ
86 A abertura do discurso jurídico a contribuições provenientes de outras ciências sociais, 
particularmente seu emprego como critério de decisão judicial, conquanto pareça inevitável 
¥ȱ •ž£ȱ ˜œȱ Žœž˜œȱ Œ˜—Ž–™˜›¦—Ž˜œǰȱ —Šȱ ™›¤’ŒŠȱ ™˜Žȱ œŽȱ –˜œ›Š›ȱ ‹ŠœŠ—Žȱ ™›˜‹•Ž–¤’ŒŠǯȱ 
Os processos jurídicos, por limitações temporais e cognitivas, nem sempre permitem incor-
porar adequadamente os elementos dessas outras ciências. Os limites do presente estudo, 
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ŽŒ˜—˜–’Œœǰȱ‹Šȱ•Š ǯȱVirginia Law Review, v. 60, n. 3, p. 483-492, mar. 1974.
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71PATRÍCIA BAPTISTA, JOÃO PEDRO ACCIOLY | A administração pública na Constituição de 1988....
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quem cabe a última palavra sobre o sentido da Constituição? Rio de Janeiro: 
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fática: mudança simbólica da Constituição e permanência das estruturas reais 
Rev. Direito Adm., Rio de Janeiro, v. 277, n. 2, p. 45-74, maio/ago. 2018.
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