Buscar

Apropriação cultural, preconceito racial e de gênero.

Prévia do material em texto

Apropriação cultural, preconceito racial e de gênero. A busca das mulheres 
por seus direitos. 
 
Apropriação Cultural tem sido entendida como a adoção de alguns elementos 
específicos de uma cultura por um grupo cultural diferente. Ela 
descreve aculturação ou assimilação, mas pode implicar uma visão negativa em relação 
a aculturação de uma cultura dominante por uma cultura minoritária. Ela pode incluir a 
introdução de formas de vestir ou adorno pessoal, música e arte, religião, língua, ou 
comportamento social. 
Pré-conceito é ter um conceito fixamente formado antes de conhece-lo, ou "juízo" 
preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante 
pessoas, culturas, lugares ou tradições consideradas diferentes ou "estranhos". As 
violências contra as mulheres e o preconceito racial e de gênero é ainda um dos 
principais assuntos e mais polêmicos do século qual vivemos, apesar de que as mulheres 
lutaram e ainda lutam para obter seus direitos dentro da sociedade em que vivemos. 
 
Dandara Pinho Advogada e presidente da Comissão Especial de Igualdade Racial da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) explica sobre as lutas feministas: 
“Tratar sobre a mulher ou o dia da mulher, é tratar sobre as lutas feministas, e ao 
identificar-se que é alguém humano na sociedade, traz todo o histórico do que foi a 
mulher na sociedade escravocrata, não é apenas vestir a roupa lilás ou se recordar das 
mulheres que queimaram os sutiãs nas fábricas e nas ruas, na Europa ou Brasil, é 
trazer à baila também a violência que as mulheres negras sofreram desde da época da 
escravidão. Sendo Amas de leite, não podiam ser amas de leite dos seus próprios filhos 
mas eram dos Senhores e Senhoras de Engenho. Sofrendo violência sexual dos seus 
senhores, e mulheres que não receberam a alforria mesmo depois de 1988, tratar sobre 
violência contra mulher negra é permanecer em luta contínua. O 8 de março é uma 
data brilhante e não podemos esquecer do 25 de julho que comemoramos o dia da 
mulher negra e da mulher Afro Caribenha. Falar sobre a mulher negra é trazer a luta 
que essa mulher negra teve, obteve e tem.” 
A sociedade Feminina ou “Feminista” vem conquistando seu espaço, nas ruas, nos 
ambientes de trabalho e até na forma de se expressar, muitas mulheres brancas utilizam 
de vestimentas, objetos ou costumas que são pré-formados ou mais utilizados pelas 
mulheres negras, como o turbante, por exemplo, onde é utilizado não só por quem tem o 
tom de pele mais escuro, isso nos leva a pensar sobre a apropriação cultural que vem se 
manifestando num país onde a mistura de raças e a liberdade de expressão é totalmente 
garantida. 
A Professora Jéssica Mello Pós-Graduada na Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e 
mestranda em estudos Literários, explica que a Apropriação cultural acontece quando 
elementos que são produzidos por uma cultura são utilizados e apoderados por outro 
grupo de outra região: 
“A partir do momento que uma mulher branca, usa o turbante ou elemento e objeto do 
comércio negro afro-brasileiro torna-se um enigma, pois uma coisa é usar 
rotineiramente o apetrecho ou objeto, outra coisa é usar apenas num dia especial, 
como por exemplo no dia da consciência negra, que é uma data e uma celebração. 
Fazer o uso daquelas roupas ou daquele estilo referindo-se a um negro ou minoria já é 
diferente, depende da utilização da pessoa a partir dos elementos, ambiente ou local 
juntamente a cultura. “Cada cultura tem sua comida, sua bebida, sua dança, sua 
linguagem, seu estilo de viver”.” 
No caso de uma mulher branca utilizar roupas ou estilos de cultura afrodescendente, não 
caberia uma ação judicial, pois ela não é uma vítima de racismo, é uma conciliação de 
não usar ou usar o elemento junto a sua manifestação de livre expressão, mas também 
utilizar frequentemente não cabe aos costumes, pois não é da mesma cultura que os 
europeus utilizar vestimentas afrodescendentes, na verdade o uso frequente pode ser até 
desnecessário, mas num dia comemorativo é cabível e apropriado. 
 
Gerinaldo Júnior 
Jornalista e escritor de assuntos culturais e científicos.

Continue navegando