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1 Expectativas do Reino no momento do nascimento de Jesus

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Uso Exclusivo do Seminário e Instituto Batista Bereiano 
 
Prof. Carlos Jr------------------------------Teologia Bíblica do NT, 2019.2------------------------------Curso Bacharel 
 
4 | P á g i n a 
EXPECTATIVAS DO REINO NO MOMENTO DO NASCIMENTO DE JESUS 
– Capítulo 15 – 
 
 À medida que a era do NT chega, uma nova página é aberta no programa do reino 
em desenvolvimento. Nas cenas iniciais de Mateus e Lucas, a antecipação é elétrica a respeito de 
um Salvador e Rei vindouro. Algo grande está prestes a acontecer e acontece. O Messias está 
prestes a entrar em cena. 
 Uma questão a ser discutida é se o NT afirma a expectativa literal dos profetas do 
AT, ou se transcende e redefine isso. O NT continua o enredo do reino ou o altera? A vinda de 
Jesus significa o cumprimento literal das promessas do AT ou a transcendência das promessas? 
Mateus 1–2 e Lucas 1–2 ajudam a responder essas perguntas. Quando a chegada do Messias está 
às portas, as expectativas a respeito dele são consistentes com a imagem apresentada pelos profe-
tas do AT. 
 
A LINHAGEM PARA SER REI 
 Gênesis 3:15 apresentava a esperança de uma semente vindoura que inverteria a mal-
dição e derrotaria o poder por trás da serpente (Satanás). Mateus 1 introduz o plano do reino 
mostrando que Jesus é a semente prometida. Ele é o “Messias” que tem a linhagem de sangue 
para ser o prometido rei davídico1. Como diz o v. 1 – “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho 
de Davi, filho de Abraão”. O fato de Davi ser mencionado primeiro mostra a importância de ligar 
Jesus a Davi, aquele a quem foi dada a aliança davídica. A menção de “Abraão” conecta Jesus 
com Abraão e a Aliança Abraâmica. Gênesis 17:6 prediz que reis viriam de Abraão e o último rei 
chegaria em breve. 
 Jesus está relacionado tanto a Abraão quanto a Davi. Ele atende aos requisitos do 
Messias prometido. Como diz J. Dwight Pentecost: “Jesus possui legal e fisicamente todos os 
direitos ao trono de Davi”2. Em meio a toda a oposição que Jesus enfrentou dos líderes religiosos 
de Israel, eles nunca desafiaram sua conexão biológica com Davi. Registros genealógicos foram 
preservados no templo e se Jesus não estivesse na linhagem de Davi, isso poderia ter sido apon-
tado pelos inimigos de Jesus. Mas nenhuma objeção foi feita3. Como o próprio Jesus declarou: 
“Eu sou a Raiz e a Geração de Davi” (Ap 22:16). 
 
A EXPECTATIVA DE MARIA 
 Várias pessoas entenderam a vinda de Jesus em relação às expectativas do AT. Suas 
visões são notavelmente consistentes com o que o AT previu. Uma das primeiras coisas que se 
disse sobre Jesus foi que Ele cumpriria a promessa de um reino para Israel. O anjo Gabriel decla-
rou a Maria: 
Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome 
de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o 
Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre 
a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim. (Lc 1.31-33) 
 A linguagem do “trono”, “casa” e “reino” é consistente com a discussão de 2Samuel 
7 sobre a Aliança Davídica. Quando Gabriel anunciou a vinda de Jesus, ele o vinculou explicita-
mente com a promessa do reino feita a Davi. A conexão é direta sem transcender o significado 
original. Como diz Saucy: “Maria só poderia ter entendido essas palavras como anunciando a 
vinda do reino profetizado”4. 
 Este reino que “governa” será estabelecido “sobre a casa de Jacó para sempre”. 
 
1 Ver Douglas R. Hare, Matthew (Louisville: John Knox, 1993), 8. 
2 Pentecost, Thy Kingdom Come, 153. 
3 Ibid., 154. 
4 Robert L. Saucy, The Case for Progressive Dispensationalism, 82. De acordo com A. B. Bruce, “O Mes-
sias é aqui concebido no espírito da expectativa judaica...” A. B. Bruce, “The Synoptic Gospels,” em The 
Expositor’s Greek New Testament, ed. W. Robertson Nicoll (Grand Rapids: Eerdmans, 1951), 1:464. 
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“Jacó” é uma referência a Israel. Jesus governará Israel e seu reinado não terminará. Não há re-
definição de Israel. A mensagem que ele deu e a mensagem que Maria entendeu era que Jesus 
reinaria sobre a nação de Israel. Esse entendimento é consistente com o famoso Magnificat de 
Maria (Lucas 1: 46–55), onde ela afirma que Deus está cumprindo a Aliança Abraâmica com 
Israel: 
Amparou a Israel, seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia a 
favor de Abraão e de sua descendência, para sempre, como prometera 
aos nossos pais (Lc 1.54-55) 
 De acordo com Maria, Deus está dando amparo a Israel com base em Sua misericór-
dia e em Suas promessas a Abraão. Isaías tinha muito a dizer sobre o conceito de “servo”. Em 
seus escritos, a nação de Israel era o servo de Deus – “Mas tu, Israel, meu servo” (41:8). Maria se 
baseia no conceito de Israel como servo de Deus para mostrar que a misericórdia de Deus está 
vindo sobre Israel. Esta misericórdia virá através de seu Filho, Jesus, o Israelita final, que restau-
rará a nação de Israel. Como Isaías 49:6 predisse: “Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para 
restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel”. 
 Maria confia no que Gabriel declarou e na compreensão do AT das alianças Abraâ-
mica e Davídica e como eles se relacionavam com Israel. Não há indicação de que a expectativa 
do AT foi transcendida ou redefinida. Como Robert Duncan Culver observou: “Aquela jovem 
sábia e gentil refletiu uma compreensão literal do anúncio de Gabriel em seu ‘Magnificat’ algu-
mas semanas depois (ver Lucas 1:46–55). Ela tomou o anúncio literalmente”5. 
 
A EXPECTATIVA DE ZACARIAS 
 Maria não foi a única com expectativas baseadas nos profetas do AT. O pai de João 
Batista, Zacarias, ficou cheio do Espírito e profetizou o seguinte: 
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu 
povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu 
servo, como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos 
profetas, para nos libertar DOS NOSSOS INIMIGOS e DAS MÃOS 
DE TODOS OS QUE NOS ODEIAM; para usar de misericórdia com 
os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que fez 
a Abraão, o nosso pai, de conceder-nos que, livres das mãos de inimi-
gos, o adorássemos sem temor (Lc 1.68-74) 
 Zacarias vincula a vinda de Jesus com o cumprimento das promessas feitas a Abraão 
e Davi. Ele fala de salvação e libertação para Israel de seus inimigos. Embora muitos reconheçam 
que Jesus ofereceu a salvação espiritual a Israel, poucos reconhecem que o plano de Deus também 
envolve a libertação nacional de seus inimigos de Israel - “Salvação DOS NOSSOS INIMIGOS e 
DA MÃO DE TODOS OS QUE NOS ODEIAM” (Lucas 1:71). Zacarias confia no Salmo 106, que 
fala da fidelidade de Deus para salvar e libertar a nação de Israel, mesmo que Israel não tenha 
sido fiel a Deus6. Além disso, Zacarias 14 previu a libertação nacional de Jerusalém e Israel como 
resultado da vinda e do reino do Messias. 
 Não há necessidade de espiritualizar essa promessa de libertação nacional para Is-
rael. Esta é uma promessa que Jesus cumprirá com Sua segunda vinda à terra. Zacarias, portanto, 
viu a vinda de Jesus como sendo ligada com a salvação e resgate de Israel. Visto que Zacarias 
está cheio do Espírito (ver Lucas 1:67), é difícil concluir que Zacarias estava errado em esperar 
libertação para a nação de Israel ou que ele estava apenas operando como um santo do AT que 
não estava ciente de que Deus estava transcendendo a expectativa do AT. As declarações de Ro-
bert Strimple de que tanto Maria como Zacarias “falam como fazem aqui porque são santos do 
 
5 Robert Duncan Culver, SystematicTheology: Biblical & Historical (Mentor: Great Britain, 2005), 625. 
6 Sua referência específica parece dependente do Salmo 106.10. 
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Antigo Testamento” e “não esperamos que falem na linguagem do apóstolo Paulo”7 são difíceis 
de aceitar. A melhor explicação é que Maria e Zacarias queriam dizer exatamente o que eles 
diziam, e que eles estavam afirmando o significado literal dos profetas do AT. Assim como o NT 
abre, o enredo no AT continua; não é reinterpretado ou transformado. 
 Com Lucas 1:68–74, Zacarias afirmou que a vinda do Messias significa salvação e 
libertação política para Israel. Concluir o contrário é ir ao contrário do que Zacarias declarou sob 
inspiração do Espírito Santo. Que esta libertação aguarda a segunda vinda de Jesus não torna o 
cumprimento das palavras de Zacarias menos verdadeiro ou certo. 
 
A EXPECTATIVA DOS MAGOS 
 Mateus também revela expectativas messiânicas que estavam girando na época do 
nascimento de Jesus. Com Mateus 2, a esperança do reino vem de um grupo surpreendente - 
astrólogos gentios do leste. Certos “magos do oriente” chegaram a Jerusalém (2:1) declarando: 
“Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para 
adorá-lo” (2:2). A maioria dos estudiosos acha que os “magos” pertenciam a uma casta sacerdotal 
de astrólogos provavelmente da Pérsia8. Há muitas perguntas sobre esse misterioso grupo, mas, 
significativamente, os gentios de um país distante estavam determinados a percorrer uma grande 
distância e encontrar Aquele que seria o Rei de Israel. Este é um indicador inicial de que a missão 
de Jesus se estenderia além de Israel para os gentios. Este Rei de Israel também será o Rei do 
mundo inteiro (veja Zc 14:9), incluindo este grupo de astrólogos da Pérsia. Essa verdade desafi-
aria muitos judeus que eram resistentes ao conceito de que o reino de Deus se estenderia aos 
gentios. Este relato dos magos atesta que os gentios farão parte do reino do Messias. Esses astró-
logos gentios de longe entenderam o que muitos dentro de Israel se recusavam a ver. 
 Além disso, Deus usou um sinal cósmico, uma estrela literal para conduzir os magos 
na direção deste Rei. Sinais cósmicos são frequentemente associados a grandes eventos na história 
bíblica. Assim como um corpo cósmico estava envolvido com a primeira vinda do Messias, cor-
pos cósmicos literais também darão evidência da proximidade do Rei e Seu reino com Sua se-
gunda vinda (ver Mateus 24:29–31). 
 
A EXPECTATIVA DOS LÍDERES RELIGIOSOS E DE HERODES 
 A busca dos magos pelo Rei cruzou com outro governante – Herodes – que se via 
como rei dos judeus. A chegada deles em Jerusalém indicou que eles esperavam encontrar o Rei 
na cidade de Davi. Quando Herodes ouviu falar da busca dos magos, ficou perturbado (2:3) e 
inquiriu mais informações dos principais sacerdotes e escribas. Baseando-se literalmente no pro-
feta do VT, Miquéias, somos informados: 
Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por 
intermédio do profeta: E TU, BELÉM, TERRA DE JUDÁ, NÃO ÉS DE 
MODO ALGUM A MENOR ENTRE AS PRINCIPAIS DE JUDÁ; PORQUE 
DE TI SAIRÁ O GUIA QUE HÁ DE APASCENTAR A MEU POVO, IS-
RAEL (Mt 2.5-6) 
 Os líderes religiosos de Israel viam o futuro Rei como um “governante” sobre “Is-
rael”. Herodes certamente tinha esse entendimento, encarando a chegada dessa criança-real como 
uma ameaça à sua posição política. Eles entenderam que o reino do Messias envolveria um go-
verno político sobre Israel. Não existe indicação de que os líderes religiosos judeus estivessem 
errados em seu entendimento. A percepção de que o Messias seria um governante político sobre 
Israel está correta. Isaías 9:6 predisse isto: “o governo está sobre os seus ombros”. É claro que 
Jesus seria mais do que um governante político. Ele também seria o Salvador do pecado. Mas 
 
7 Robert B. Strimple, “Amillennialism”, em Três visões do milênio e o além, 95. 
8 Craig S. Keener, The Gospel of Matthew: A Socio-Rhetorical Commentary (Grand Rapids: Eerdmans, 
1999), 99. 
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esses dois conceitos não são mutuamente exclusivos. Eles se harmonizam. Um salvador do pe-
cado também pode ser um governante político sobre as nações. Portanto, há uma dimensão polí-
tica na vinda do Messias. Do nosso ponto de vista na história, Jesus tornou-se um Salvador espi-
ritual para todos os que creram nEle com a sua primeira vinda, mas um governo político aguarda 
Sua segunda vinda (Ap 19:15). 
 
A EXPECTATIVA DE SIMEÃO E ANA 
 Maria e José apresentaram Jesus no oitavo dia para a circuncisão no templo (Lucas 
2:21ss). Na ocasião, havia presente um homem “justo e piedoso” chamado Simeão (Lucas 2:25a). 
Simeão “esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele”(2:25b). O Espírito 
Santo revelou a Simeão que ele veria o Messias antes de morrer. Significativamente, a expectativa 
de Simeão do Messias estava ligada à sua esperança pela “consolação de Israel”. Como o AT 
revelou em muitas ocasiões, a vinda do Messias também significava o conforto para Israel. Essa 
também era a expectativa de Simeão. 
 Cheio de gratidão e admiração por contemplar Jesus, o Messias, Simeão aceitou sua 
própria morte iminente (2:29) e declarou o seguinte: 
porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante 
de todos os povos: LUZ PARA REVELAÇÃO AOS GENTIOS, e para gló-
ria do teu povo de Israel (Lc 2.30-32) 
 Baseando-se em passagens como Isaías 42:6 e 49:6, Simeão expressou a verdade de 
que a salvação estava conectada com Aquele (Jesus) que traria a luz da salvação aos gentios e 
glória ao povo de Deus, Israel9. Isso mostra a continuidade com a expectativa AT. O Salvador 
não vem para tornar os gentios parte de Israel, mas para trazer salvação e luz a Israel e aos gentios. 
 A profetisa piedosa e idosa, Ana, segue esse encontro com Simeão. Lucas 2:38 diz 
que ela “falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” (2:38). 
Assim como Simeão estava esperando a “consolação de Israel”, Ana falou aos que esperavam “a 
redenção de Jerusalém”. Jerusalém carrega grande significado, já que é a capital de Israel. Tam-
bém será restaurada. 
 As expectativas judaicas de Maria, Zacarias, Simeão e Ana não devem ser encobertas 
ou descartadas. Nem deveríamos ver suas crenças como precisando ser transcendidas pela reve-
lação posterior. Essas pessoas, sob orientação ou inspiração divina, acreditavam que a vinda do 
Messias traria salvação e libertação nacional para Jerusalém e Israel. Sua compreensão é consis-
tente com a mensagem dos profetas do AT e um indicador importante de que o enredo iniciado 
no AT é o enredo sobre o qual o NT baseará. Sua expectativa se harmoniza bem com a dos magos 
que a salvação do Messias também se estenderia aos gentios. A esperança dos profetas do AT é 
também a esperança do povo de Deus no início dos evangelhos. 
 
JESUS COMO REPRESENTANTE DE ISRAEL (MATEUS 2) 
 Significativo para o programa do reino é a identificação de Jesus com Israel. De 
Israel virá um Servo e representante final de Israel. Esta é uma grande ênfase de Mateus 2. O 
profeta Isaías revelou que viria um verdadeiro israelita que restauraria a nação de Israel e traria 
bênçãos aos gentios. Por exemplo, Isaías 49:3, 6 declara: 
e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado. 
Sim, diz ele: Pouco é o seresmeu servo, para restaurares as tribos de 
Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como 
luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da 
terra 
 
9 Veja Luke Timothy Johnson, The Gospel of Luke, in Sacra Pagina, ed. Daniel J. Harrington, S. J. (Colle-
geville, MN: The Liturgical Press, 1991), 55. 
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 Um “Servo” vindouro restaurará Israel. Mateus revela que Jesus é o verdadeiro isra-
elita que fará isso. Mateus mostra isso ligando eventos na história de Israel com eventos na vida 
de Jesus. Tais paralelos não são meras coincidências, mas correspondências divinamente intenci-
onadas. Por exemplo, Mateus 2:13–14 afirma que Maria e José levaram Jesus ao Egito para esca-
par da tentativa de Herodes de matar a criança. Então o versículo 15 relaciona o retorno de Jesus 
do Egito com a jornada do êxodo de Israel séculos antes: 
e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito 
pelo Senhor, por intermédio do profeta: DO EGITO CHAMEI O MEU 
FILHO 
 O retorno de Jesus do Egito é dito como um cumprimento da jornada de Israel do 
Egito na época do êxodo. A questão natural é: “Como pode o retorno de Jesus do Egito ser um 
cumprimento de um evento histórico que aconteceu séculos antes”? Oséias 11:1 está se referindo 
ao evento passado do êxodo do Egito. Então, como pode uma referência a um evento histórico, 
centenas de anos antes, ser cumprida em Jesus? Alguns afirmam que este é um exemplo em que 
um escritor do NT usa o AT fora do contexto. Outros dizem que Mateus está reinterpretando 
Oséias 11:1 e mudando uma referência histórica em uma profecia sobre Cristo. Nenhuma dessas 
opções está correta. 
 Mateus não está usando Oséias 11:1 de maneira não-contextual ou imprudente. Ele 
sabe o que Oséias queria dizer e não está subvertendo o significado de Oséias 11:1. Em vez disso, 
Mateus está conectando um evento significativo na história de Israel com um evento na vida de 
Jesus para mostrar que Jesus está conectado com Israel. Isso mostra que Jesus é o verdadeiro 
representante de Israel. 
 Existe uma diferença entre interpretar uma passagem e mostrar como dois eventos 
correspondem um ao outro. Mateus não está visando explicar as palavras de Oséias 11:1, e sim 
mostrar uma correspondência entre Israel e Jesus. Os judeus entenderam o conceito de solidarie-
dade corporativa em que “um” pode representar “muitos” e a experiência de um pode se relacionar 
com muitos. Tal conexão não é tão familiar para uma audiência moderna, mas seria para os leito-
res judeus originais do evangelho de Mateus. Como observa Craig Blomberg: “para os judeus 
crentes, apenas discernir paralelos notáveis entre as ações de Deus na história, especialmente em 
momentos decisivos de revelação e redenção, poderiam convencê-los de ‘coincidência’ divina-
mente intencionadas”10. 
 Além disso, a conexão corporativa entre Israel e o Rei vindouro de Israel em relação 
ao Egito é ensinada no AT. Compare os seguintes oráculos de Balaão em Números 23 e 24: 
Deus os tirou [Israel] do Egito; as forças deles [Deus] são como as do 
boi selvagem (Nm 23.22) 
Deus tirou do Egito a Israel [o rei de Israel (veja Nm 24.7)], cujas forças 
são como as do boi selvagem; (Nm 24.8) 
 Números 23:22 refere-se a Israel, enquanto Números 24:8 refere-se ao rei de Israel. 
Note que Deus trouxe Israel e o rei de Israel para fora do Egito, mostrando uma conexão corpo-
rativa e tipológica entre Israel e o rei vindouro de Israel. Talvez Oséias tivesse essa conexão em 
mente quando escreveu Oséias 11:1. Se ele fez, então, Oséias teve mais em mente do que apenas 
o êxodo real de Israel séculos antes. Ele pode ter pensado no futuro Rei de Israel também. Quando 
Mateus cita Oséias 11:1, ele pode estar usando um tipo reconhecido do AT entre Israel e seu rei. 
 Em suma, a intenção de Mateus não é dar um novo significado a Oséias 11:1, mas 
conectar o êxodo de Israel do Egito com um evento na vida de Jesus sob o guarda-chuva da re-
presentação corporativa. Israel é filho de Deus e Jesus é o Filho de Deus. O fato de ambos terem 
 
10 Craig L. Blomberg, “Matthew,” em Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, eds. 
G. K. Beale and D. A. Carson (Grand Rapids: Baker, 2007), 8. 
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uma experiência de serem chamados do Egito não é coincidência, mas uma correspondência di-
vinamente pretendida. Este é um indicador de que Jesus é Aquele que pode salvar e restaurar 
Israel. 
 Mateus 2:17–18 é outro exemplo em que um evento na história de Israel corresponde 
a um evento na vida de Jesus para mostrar o relacionamento de Jesus com Israel. Mateus 2:16 
relata que Herodes ficou enfurecido e desencadeou um massacre em todas as crianças do sexo 
masculino em Belém para extinguir a ameaça de outro rei. Mateus, em seguida, liga este evento 
perverso com o que Jeremias discutiu em Jeremias 31:15. 
Assim diz o SENHOR: OUVIU-SE UM CLAMOR EM RAMÁ, PRANTO 
E GRANDE LAMENTO; ERA RAQUEL CHORANDO POR SEUS FILHOS 
E INCONSOLÁVEL POR CAUSA DELES, PORQUE JÁ NÃO EXISTEM 
 Jeremias 31 é um capítulo de grande esperança para Israel e vem dentro do contexto 
geral do Livro da Consolação em Jeremias 30–33, que detalha a Nova Aliança que será dada a 
Israel (ver Jer. 31:31–34). No entanto, imprensado no meio deste capítulo está o v. 15, que se 
refere à deportação dos filhos de Israel durante o cativeiro da Babilônia (586 a.C.). Ramá, ao norte 
de Jerusalém, era o lugar onde os exilados judeus estavam reunidos antes de partir para a Babilô-
nia. As mulheres de Jerusalém choraram pela deportação de seus jovens. 
 Mas certas questões surgem com o uso que Mateus faz de Jeremias 31.15: (1) Como 
um evento do século I a.C. pode ser o cumprimento de outro evento centenas de anos antes?; (2) 
Como a morte de bebês pode ser o cumprimento de uma deportação?; (3) Como um evento em 
Ramá pode ser o cumprimento de um evento em Belém? 
 Mateus não está dizendo que Ramá é realmente Belém ou que a deportação babilô-
nica é a matança de crianças no primeiro século. Como em Mateus 2:15, Mateus está mostrando 
uma correspondência entre um evento na história de Israel e um evento na vida de Jesus para 
mostrar a conexão entre Jesus e Israel. Deus planejou a deportação dos filhos de Israel nos dias 
de Jeremias para corresponder ao massacre de crianças nos dias de Jesus. O que aconteceu nos 
dias de Jesus aumenta o que Israel experimentou anteriormente. Ambos os eventos envolvem 
tristeza no meio da tragédia. Além disso, Jeremias 31:15 é um lamento no contexto da esperança 
futura. Assim também, com a vinda de Jesus, um evento doloroso (morte de crianças) está ocor-
rendo ao longo de um evento de grande esperança (vinda do Messias). Mateus pode estar cha-
mando a atenção para o elemento da esperança encontrado em Jeremias de maneira análoga à 
esperança de que Jesus traga Seu povo. Assim, vemos outro exemplo de correspondência divina 
entre Israel e Jesus. 
 Esses exemplos mostram que Jesus é o Servo de Deus que pode restaurar a nação de 
Israel e trazer bênçãos aos gentios. Ele está qualificado para apresentar o reino. Essa identificação 
de Jesus como o verdadeiro representante de Israel não significa a não-significância da nação de 
Israel. O oposto é realmente o caso. A presença de Jesus como o verdadeiro Israel significará a 
restauração da nação de Israel como o Chefe Corporativo (Jesus)que restaura o corpo (Israel) 
(ver Isaías 49:6). 
 
CONCLUSÃO 
 Os primeiros capítulos de Lucas e Mateus revelam expectativas importantes sobre o 
reino de Deus. Havia esperança quanto ao futuro rei que estava conectado com as promessas de 
Abraão e Davi. Este rei, cujo nome é Jesus, é o Filho de Davi que governará Israel. Ele cumprirá 
as promessas espirituais e nacionais das Alianças Abraâmica e Davídica e trará bênçãos aos gen-
tios. Essas eram as esperanças de Maria, Zacarias, os magos, os líderes religiosos judeus, Herodes, 
Simeão e Ana. Mateus também mostra que Jesus é o verdadeiro israelita que pode restaurar Israel 
e trazer bênçãos aos gentios. 
 Enquanto alguns afirmaram que o Novo Testamento transcende a expectativa do AT 
de um reino físico / nacional para um reino espiritual / pessoal, os primeiros capítulos de Mateus 
e Lucas não mostram tal ideia. Nesse ponto do desenvolvimento do programa do reino, não há 
indicação de que a expectativa do AT tenha sido transcendida ou espiritualizada. Em vez disso, 
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a expectativa literal de AT é afirmada. Esta expectativa define o cenário para as proclamações de 
João Batista e Jesus de que “o reino dos céus está próximo” (Mt 3:2; 4:17).

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