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PODER LOCAL E SOCIEDADE CARLA BARRÍGIO Contextualizando a América Latina e o Brasil O Brasil é um país em desenvolvimento, em um mundo repleto de mudanças políticas, econômicas e sociais. Tais mudanças influenciam diretamente no modo, na forma e no ritmo do desenvolvimento do nosso país. De modo muito sucinto podemos afirmar que o Neoliberalismo e a Globalização foram dois fenômenos mundiais que agiram diretamente no contexto brasileiro. Neste sentido, o Brasil enfrentou e ainda enfrenta um alto índice de analfabetismo, distorções evidentes na esfera do trabalho no que diz respeito às oportunidades e embora se tenha aumentado o investimento na melhor redistribuição de renda com programas específicos, como bolsa família, cartão família carioca — RJ —, renda cidadã – SP –, ainda existe uma desigualdade evidente de renda. Podemos constatar também que, no Brasil, há precárias condições habitacionais, incluindo saneamento básico e infraestrutura, bem como, altas taxas de mortalidade infantil e redução substancial nos direitos trabalhistas. Tais mudanças ocorridas, no Brasil, não aconteceram de uma hora para outra, entraram em cena a partir do avanço Neoliberal com o Consenso de Washington predominando assim que as nações periféricas se submetessem a programas de ampla abertura comercial e de desregulamentação de seus mercados financeiros e de trabalho, representando assim um retorcesso produtivo e social. Não podemos deixar de explicitar como se deu a entrada do Neoliberalismo na América Latina. Como expõe Mattoso (1995), com a crise da dívida externa em 1982, foram aplicadas condições pelos Organismos Internacionais como o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) e depois identificadas e ratificadas pelo Consenso de Washington. Assim, no decorrer das décadas de 1980 e 1990, o mundo foi afetado por políticas de corte neoliberal, que tem como característica a desregulamentação da economia e do Estado, além disso, ocorreu o abandono das políticas Keynesianas de pleno emprego e o corte das políticas sociais, em prol da regulação estabelecida pelo mercado. O que eram as políticas Keynesianas? O Pacto Fordismo–Keynesianismo criou, nos países de primeiro mundo, o Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social que provia a população de vários serviços sociais governamentais. O Keynesianismo, além do pleno emprego, garantia também um padrão salarial. O Estado viabilizava salários indiretos através de Políticas Sociais Públicas, de forma que sobrava parte da renda para o consumo. As políticas sociais do Estado de Bem- Estar Social se caracterizavam como universalistas, isto é, todos tinham acesso, independente de qualquer condição e não eram contributivas, assim se constituiam como um direito de cidadania. O Welfare State afirmava que o mercado, sem intervenções, gerava desigualdades sociais, devendo, portanto, o Estado intervir nesse mercado. Este processo ficou mundialmente conhecido como os 30 Anos Gloriosos. Como o Welfare State nasceu? O Welfare State foi constituído como uma resposta à crescente demanda por igualdade sociopolítica, através de movimentos sociais organizados que buscavam seus direitos. Por que o Welfare State não prosseguiu? O naufrágio desse sistema se deu pelo fato da mudança do paradigma produtivo, onde novas tecnologias se colocaram no cenário mundial, tais como a automação, a robótica, a microeletrônica, permitindo, como Ivo Lesbaupim (2000) afirma, uma flexibilização crescente dos processos de montagem, alterando a ideia de produção massificada e seriada. Introduzindo assim, novos métodos de gestão de organização nas empresas, exigindo-se um trabalhador mais qualificado e polivalente. O novo paradigma de produção flexível tinha que dar conta de resolver os problemas decorrentes do modelo Fordista. A então chamada Terceira Revolução Industrial diminui assim a demanda de trabalho vivo, apliando a população sobrante fazendo aumentar a exclusão social, econômica e política. O que foi a Globalização? A Globalização é outro fenômeno importante a ser entendido enquanto uma categoria de análise, porque não é algo novo. Conforme Moura (1998), a Globalização é tipicamente um produto comercial do fim da guerra fria e início da guerra econômica, que dividia o mundo entre países capitalistas e países socialistas. Há diversos conceitos de Globalização. Para Chenais (1996), a globalização é realmente a mundialização do capital. Mattoso (1995) chama o mesmo de financeirização. A financeirização tem como consequência a exclusão de países de terceiro mundo e continentes, o aumento da exclusão social nos países desenvolvidos e a desigualdade entre os países. De acordo com Ianni (1992), a Globalização é visível a partir dos anos 1980, um movimento complexo e de difícil definição caracterizado por mudanças em diferentes esferas da sociedade mundial e que altera substancialmente as relações, os processos e as estruturas sociais, econômicas e culturais, ainda que de modo desigual e contraditório. A Organização do Estado Brasileiro Nós, cidadãos, estamos incluidos em uma sociedade que está organizada assim: O Brasil quanto à forma de Estado é Federado que se constitui com a forma de governo republicana, com sistema de governo presidencialista, e vivemos um regime de governo como um Estado Democrático de Direito, através de uma democracia representativa. Vivemos em um Estado Democrático de direito conforme expressa nossa Constituição no caput do art. 1º. “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento...” Os Entes do Estado Brasileiro O Estado Brasileiro é composto por quatro esferas de poder, a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Nossa carta magna expõe, no Título III, que trata da Organização do Estado, no Capítulo I da Organização Político-administrativa: “Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” Podemos ressaltar ainda que os entes federativos são autônomos e isto lhes oferece mais abrangência de atuação e também não existe hierarquia entre eles, ou seja, nenhum é superior ao outro. A União abrange todo o território do país; os estados, por sua vez, possuem territórios menores que estão dentro da União; já os municípios têm territórios menores ainda inseridos dentro dos estados, ou seja, uma esfera está dentro da outra. As competências de cada um dos entes federativos estão dispostas na Constituição Federal. Entre os artigos 21 a 24 está à competência da União. Já as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais detalham as competências para as respectivas esferas. Importante dizer que a Constituição de 1988 não é muito detalhista quanto às competências dos estados, cabendo a Constituição Estadual defini-las, não podendo, de forma alguma, contradizer a Constituição Federal, sob o risco de se declarar uma inconstitucionalidade. Do mesmo modo, as Leis Orgânicas Municipais também podem ser declaradas inconstitucionais. A Reforma do Estado Brasileiro A reforma do Estado Brasileiro se configura a partir de uma série de fatos como a desestruturação e desestabilização da economia, através de reformas fiscais, que possibilitaram e favoreceram o endividamento interno e externo do país e com o desenvolvimento contínuo da inflação.Em 2010, muito se discutia sobre o Governo de Lula e Dilma ser uma alternativa de esquerda para a Mundialização. Teóricos, pesquisadores e otimistas viam uma saída para um novo rumo ao país que o distanciasse da crise global. Esses debates, na verdade, foram iniciados no Fórum Social Mundial de Belém, em janeiro de 2009. Nesse momento, no Brasil havia em evidência programas que visavam a essa estruturação tais como o Programa de Aceleração do Crescimento e o início do Minha Casa Minha Vida. Podemos afirmar, categoricamente, que o Brasil superou duas crises como o explica Alain Rouquié, em O Brasil no Século XXI: o nascimento de um novo grande: Na crise de 2002, o país viveu o enlouquecimento dos mercados financeiros o que conduziu à beira da bancarrota. O então presidente Lula compreendeu que a prioridade era a restauração da confiança, e seu Ministro das Finanças conseguiu uma recuperação. Três anos depois, o Brasil reembolsava, por antecipação, sua dívida com o FMI e anunciava que estava abrindo mão, dali em diante, dos altos custos de seus serviços; mais recentemente, emprestou dinheiro ao FMI. Na crise de 2008, o país resistiu particularmente bem e rapidamente dela saiu, retomando o ritmo depois de uma breve recessão, com um crescimento da ordem de 5%. Hoje, em 2015, vivemos nova crise, com inflação, aumento de alimentos pertencentes à cesta básica, aumento de luz, água, combustíveis e impostos. Vivemos para além de uma crise de preços altos, uma crise de sustentabilidade, onde recursos de primeira necessidade encontram-se beirando a indisponibilidade a curto e médio prazo. A natureza muito tem deixado o mundo e o país com grandes necessidades que cabe ao homem, aos governantes e a cada cidadão se conscientizar para o melhor aproveitamento. Segundo o IBGE, a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014, isto denota um resultado ruim considerando os últimos anos. Hoje, no Brasil, o que percebemos é o aumento gradativo de políticas privadas na área da Saúde, Previdência e Assistência. A reforma fiscal anunciada pelo novo governo Dilma, veio chancelar esses investimentos privados. Outras mudanças também vieram no final do primeiro governo Dilma. No mundo do trabalho, a Medida Provisória nº 665, de 30 de dezembro de 2014, alterou o seguro desemprego e o abono salarial. A medida provisória nº 664, também de 30 de dezembro de 2014, realizou alterações significativas no INSS, nas cooperativas e no funcionalismo público federal, e chocou a todos; mas era previsível frente às necessidades governamentais para a sustentabilidade das contas públicas. Muito se vem discutindo sobre a reforma previdenciária, e, dentro da proposta, o fim do fator previdenciário. Vale ressaltar que o fator foi instituído no governo de FHC. Embora a Constituição de 1988 assegure os direitos sociais e aponte a ideia de cidadania plena, o que vemos hoje é uma desconstrução dessa vertente, há uma quebra do modelo institucional-redistributivo que seria uma proteção social universalista e igualitária. É válido ainda citar que o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (Brasília, 1995) elaborado pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, sob a responsabilidade do então Luiz Carlos Bresser Pereira, previa duas áreas como estratégicas para serem alteradas: A Reforma Administrativa e a Reforma da Previdência Social. Curiosamente, o final do Governo Dilma 2014, deu start para as alterações da Previdência Social. O Governo FHC, que antecedeu o Governo Lula, de acordo com Ivo Lesbaupim (2000), promoveu um verdadeiro “Desmonte da Nação” na medida em que reduziu, sistematicamente, os investimentos nas áreas (Saúde, Educação, Habitação e Assistência). Assim, fazendo uma breve análise histórica percebemos que o Brasil encontra-se ainda buscando soluções para problemas que não são de hoje, mas que perpassam décadas e governos sem que consigam resolvê-los. E é, nesse contexto, que o Brasil vem enfrentando dilemas que figuram como pano de fundo de debates que tomam as mídias, o senso comum e o povo brasileiro como um todo. O Cenário das Principais Políticas Públicas Cada um dos três últimos governos sistematizaram seus planos de ação no que tange às políticas públicas em grandes programas como veremos a seguir. O Governo Fernando Henrique Cardoso e o Comunidade Solidária Este foi um programa criado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que assinou o Decreto n. 1.366, de 12 de janeiro de 1995 e esteve vinculado diretamente à Casa Civil da Presidência da República, presidido pela então primeira-dama do país, Ruth Cardoso. Fazia parte da Rede de Proteção Social. A Rede de Proteção Social consistiu na junção de diferentes programas de cunho social que coordenavam esforços voltados à assistência da classe brasileira mais carente, definida a partir de parâmetros de renda e constituição familiar. O primeiro programa a ser ajustado foi o Renda Mínima, a partir da ação dos Ministros Clovis Carvalho, Paulo Renato de Souza e o ex-governador do Estado de São Paulo, José Serra, por intermédio da lei n. 9.533/97, visando a tratar os menos favorecidos de forma diferenciada, a fim de reduzir as diferenças entre as classes sociais. A partir de então, outros programas, como o Vale Gás — vinculado ao Ministério de Minas e Energia, o Bolsa Alimentação e o Bolsa Escola — vinculado ao Ministério da Educação, começaram a surgir, dando início à rede, e somando, em 2002, os esforços de 12 programas que já beneficiavam mais de 5 milhões de famílias. O Governo Lula e o Programa Fome Zero O Comunidade Solidária foi encerrado em dezembro de 2002, sendo substituído pelo Programa Fome Zero. Esse programa foi criado com o compromisso de alterar situações agudas de miséria e de contribuir para a mudança de paradigmas de segurança alimentar que impediam o crescimento do país. Dentre os programas de políticas específicas estavam: o Cartão-Alimentação, Alimentos Emergenciais, Estoques de Alimentos de Segurança, Educação para o Consumo Alimentar, ampliação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), Combate à Desnutrição e ampliação da Alimentação Escolar. O programa brasileiro de cartão-alimentação tem como objetivo fornecer crédito que deve ser utilizado na compra de alimentos ou mediante comprovação posterior via recibos ou notas fiscais. O Governo Dilma e o Programa Bolsa Família O Bolsa Família é um programa de transferência de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e extrema pobreza em todo país. Ele integra o Plano Brasil Sem Miséria que tem como foco de atuação milhões de brasileiros com renda familiar per capita a R$77,00 mensais, e está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso a serviços públicos. O Bolsa Família possui três eixos: a transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza, as condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de Educação, Saúde e Assistência, e as ações e os programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade. (site: <www.mds.gov.br/bolsafamilia>) As Normas de Ordem Pública Normas de ordem pública são as constitucionais, processuais, as administrativas, as penais, as de organização judicária, as fiscais, as de polícia, as que deixam proteção daqueles que são incapazes relativamente e absolutamente; ainda se estabelece como normas de ordem pública aquelas que dispõem sobre organização familiar, e que colocam regras na organização econômica. Alguns exemplos de normas de ordem pública:A nossa Constituição Federal com os Princípios Constitucionais, o Código de Processo Civil, o Código Admnistrativo e seus correspondentes, o Código Penal. A exemplo de organização judiciária podemos citar o CODJERJ (Código de Organização Judiciária do Estado do Rio de Janeiro), no qual estão dispostas as normas que regem os Orgãos do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro. As fiscais podem citar o CTN (Código Tributário Nacional) e toda a legislação que o acompanha. As de Polícia as normas das polícias Federal, Rodoviária Federal, da Polícia Militar, Civil e dos Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro. Os relativamente e absolutamente incapazes estão previstos no Código Civil e ainda nos Estatutos da Criança e do Adolescente. As normas de ordem pública que tratam da família estão dispostas no Código Civil e em diversas legislações infraconstitucionais. As Políticas Públicas e a Participação Popular Podemos dizer que o Presidente Lula foi um grande propagador de políticas públicas e incentivador delas, impulsionando-as a outro patamar. Alguns pensadores afirmam que Lula efetivamente dirigiu o país de forma mais democrática e com mais participação popular quando incentivou a participação dos cidadãos nas decisões do Governo. Houve uma difusão das conferências de políticas públicas nos últimos anos. E, junto com elas, a consonância da participação e da vontade dos cidadãos em muitas decisões de cunho gerencial governamental. As conferências abrem espaços antes não contemplados de pessoas interessadas em participar ativamente das decisões que dizem respeito ao desenvolvimento político, econômico e social de suas cidades, de seus estados e de seu país. O número de conferências que ocorriam no governo FHC não se compara ao número de conferências que ocorreram nos dois governos Lula e no primeiro Governo Dilma. Tal incentivo muito agrega a concepção das políticas públicas que se buscam para implantação. Uma decisão vinda de cima para baixo sem nenhuma participação dos interessados provavelmente não será de todo satisfatória e não contemplará o maior número possível, mas sim poderá ser mais uma política pública sem o seu verdadeiro sentido prático e objetivo. As políticas públicas devem contribuir para a melhoria das condições de vida dos cidadãos, seja das classes mais populares, dos setores marginalizados ou das classes mais abastadas. No Brasil, as experiências inovadoras de participação popular e de gestão, voltadas para a esfera social, ocorreram na segunda metade dos anos 1970, na ditadura militar, conforme denota Ivo Lesbaupim no livro Poder Local x Exclusão Social, 2000. As cidades, nesse período, foram adquirindo um protagonismo cada vez mais evidente na vida política, econômica e social. Nos últimos anos, isso vem despontando cada vez mais e aumentando em progressão geométrica. A participação popular tem se tornado discussão, e um tema de aulas de educação moral e cívica nas escolas, incentivando desde cedo crianças e jovens a terem voz e uma presença nos debates de que tipo de bairros e cidades deseja ter agora e no seu futuro. Isso denota um estímulo aos futuros cidadãos para que suas condutas e atitudes sejam condignas. Alguns autores dizem que as cidades são motores do desenvolvimento econômico. E através de suas conferências de forma sistemática isso se torna viável. O Neoliberalismo, tratado anteriormente de forma exagerada, provocou um desemprego em massa e a queda da arrecadação de muitos governos locais. Desta forma, várias cidades, no Brasil, reagiram criando objetivos de crescimento econômico e visando ao seu desenvolvimento urbanístico, buscando mais igualdade social e segurança pública. Os Cidadãos e a Sociedade De modo geral, podemos conceituar competência como a capacidade de agregar conhecimentos, habilidades e atitudes para agir de determinado modo. Dentro da sociedade, nós, indivíduos/cidadãos de direitos, possuimos competências individuais e coletivas, que se colocam nas diversas esferas onde atuamos, sejam elas na vida familiar, na cotidiana e na vida profissional. Na vida social/familiar, temos competências tais como a responsabilidade para gerir nossa casa, administrar nossas finanças, cuidar e zelar pelos nossos filhos, agregar valores e virtudes para a construção de uma convivência harmoniosa e pacífica. Na vida profissional, nos cabe possuir qualidades para empreender, buscar conhecer do trabalho para aprimora-lo, saber conviver em grupo, trabalhar em equipe, possuir espírito de grupo, nos compete ainda somar esforços para tornar o ambiente de trabalho mais propício e agradável. Essas competências movem a vida em sociedade. Não obstante, nós, os homens, seres capazes de racionalizar, devemos criar normas, regras, leis que tornem nossa convivência, nossa permanência, nossa caminhada mais terna, justa e saudável. Na esfera jurídica, a competência é muito importante porque através dela é que podemos conhecer e definir o que cabe a cada um. A responsabilidade que caberá a cada um dos atores sociais. A nós, cidadãos de direitos, cabe a responsabilidade de cumprir com as leis e, conforme dispõe o art. 3º, do Decreto-lei 4657 de 1942, chamado antes de Lei de Introdução ao Código Civil, e desde a publicação da Lei nº 12.376, de 2010, chamada de Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: “Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.” Nesse artigo 3º, existe o princípio que ninguém pode alegar que desconhece a lei de modo que não se pode usar esse desconhecimento como uma desculpa. A relação do homem, em sociedade, perpassa por pensarmos nesse homem e seus direitos e deveres que vão desde os debatidos e aperfeiçoados como a Common Law, passando pelas leis promulgadas, legalmente previstas, escritas até aqueles direitos e deveres que advêm dos costumes, assim chamados direitos consuetudinários. A Common Law é o direito criado ou que passa por aperfeiçoamento e debates entre os juízes. Uma decisão aplicada em um caso anterior é aperfeiçoada e debatida para aplicação em casos posteriores. Assim, podemos dizer que são normas sancionadas pelos costumes, pelas jurisprudências. Tem origem no Direito medieval inglês. Esse sistema atualmente é o que está em voga no Reino Unido e em alguns países colonizados por eles. Expandindo o conhecimento acerca do direito consuetudinário, podemos dizer que é aquele baseado nos costumes falado anteriormente de forma sucinta que se define por ser uma norma moral que não precisa estar necessariamente escrita, e é uma prática de forma integral em países como Mongólia, Sri Lanka e Andorra. O Brasil constituiu seu ordenamento jurídico com base no direito positivado, ou seja, aquele direito escrito, previamente discutido e que se mantém através de uma norma que determina a conduta humana. Esse direito é votado, no Brasil, por um poder que possui competência para isso, no nosso caso o Legislativo, somente ele vota as leis. Mesmo as Medidas Provisórias, antigamente chamadas de Decreto Legislativo, advindas do Poder Executivo são submetidas ao Poder Legislativo e podem virar ou não leis promulgadas depois de votadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, no prazo estabelecido pela Constituição Federal de 45 dias, conforme explicita o Artigo 62, § 6º. O Direito, no Brasil, durante muito tempo ficou divido e foi discutido quanto à natureza jurídica entre matérias de ordem pública e matérias de ordem privada. No caso especificamente do direito de propriedade é válido dizer que,com o movimento chamado de Constitucionalização do direito privado ou Direito Civil Constitucional, várias questões que antes se resumiam a serem discutidas na esfera privada, nas relações interpessoais passaram a ter um debate mais ampliado e inserido dentro do campo de visão da Constituição Federal e dos princípios nelas explícitos e implícitos. Vale ressaltar que é possível ter normas constitucionais fora da própria Constituição Federal, tais como matérias tratadas no Código Tributário Nacional quando trata das imunidades, bem como no Código de Processo Penal quando aborda o Habeas Corpus e também a Lei 9507/97 que trata do Habeas Data. Esses são alguns exemplos de matérias constitucionais fora do texto da Constituição Federal. No caso da propriedade e do avanço de entendê-la, dentro dessa vertente do Direito Civil Constitucional, considerando ainda o aspecto da função social que é importantíssimo para a sociedade, pode-se afirmar que ela, hoje, se mantém nessa esfera ampliada, indo para além do simples debate de direito das coisas. Desse modo, o que acontece é que os interesses sociais prevalecem sobre os indivíduos, sem que sejam preteridos. A propriedade se insere dentro da sociedade e, desde a Constituição Federal de 1934, ela possui essa perspectiva da função social discutida anteriormente. A Constituição de 1988 fortaleceu esse entendimento. O que é a propriedade propriamente dita? A propriedade está inserida dentro do Direito das Coisas, também chamado de direitos reais. O Direito Real é aquele vinculado a uma coisa material cuja característica é a da perenidade, ou seja, que tem uma continuidade. O Direito de Propriedade não morre, ele perpassa de uma pessoa para outra, é um direito transmitido aos seus herdeiros ou legatários. Segundo o Código Civil, de 2002, no Título III, que trata da Propriedade, no Capítulo I da propriedade em geral, na seção geral, no artigo 1228, direito de propriedade é de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua ou detenha. De forma muito resumida, falaremos a seguir para melhor entendimento das formas de aquisição da propriedade e posteriormente das formas de perda da propriedade. Existem as propriedades móveis e imóveis. No caso específico desta aula, cujo tema central é a propriedade urbana, falaremos especificamente da propriedade imóvel e suas formas de aquisição que seguem: Formas de aquisição da propriedade Existem diversas formas de aquisição, mas aqui iremos somente pontuá-las: aquisição por registro de título, aquisição por acessão e aquisição por usucapião. Todas as formas de aquisição estão devidamente tratadas no Código Civil de 2002 a partir do artigo 1238 até o artigo 1274. Formas de perda de propriedade As formas de perda da propriedade imóvel estão dispostas, no Código Civil, no artigo 1275, que segue: “Art. 1275 — Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação.” A Regulamentação da Propriedade Urbana e da Segurança A propriedade urbana está vinculada à ideia do bem-estar social que, por sua vez, está atrelada ao princípio da função social da propriedade. Desta forma, o homem enquanto um ser social, que vive em sociedade, tem o direito de adquirir e possuir bens que são importantes para sua subsistência, para a sua viva e sua convivência em sociedade de modo que tenha mais qualidade de vida e qualidade no cuidado com sua família. A Constituição Federal, no artigo 5º, que trata dos direitos e das garantias fundamentais nos incisos XXII, XXIII, XXIV e XXV trata da propriedade conforme a seguir: “Art. 5º: (...) XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.” A propriedade urbana se constitui nas cidades sejam elas de pequeno ou grande porte. Do mesmo modo que o direito garante ao homem usar, gozar e usufruir da propriedade cabe ao homem também responsabilidades de manutenção dessa propriedade. Tais responsabilidades perpassam a manutenção preventiva do imóvel, o pagamento das obrigações tais quais, os aluguéis, os condomínios; o pagamento dos impostos, das taxas, das contribuições e das tarifas vinculadas a esta propriedade. Há impostos sobre a propriedade que são de competência da União e também de competência dos municípios. É de competência da União o ITR (imposto sobre a propriedade territorial rural), já os municípios são responsáveis pelo IPTU (Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana). O IPTU incide sobre a propriedade urbana, ele tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil, ou seja, a área onde está localizado ou a posse da propriedade imóvel na zona urbana ou de extensão urbana. Quem paga o IPTU é o proprietário ou aquele que mantém a posse. Alguns autores dizem que o IPTU tem o objetivo meramente fiscal, outros vão além desse entendimento e afirmam que também tem uma função social porque é utilizado como controle e mediação do preço da terra. Algumas taxas vinculadas ao imóvel são: a taxa de incêndio que é paga uma vez ao ano para o Corpo de Bombeiros; e a contribuição de iluminação pública que sua cobrança vem junto com a conta de luz. Ao adquirir um bem imóvel, uma propriedade urbana, o homem estabelece um vínculo legal com o estado, passando a ter responsabilidades permanentes e, quando não cumpridas, podem gerar um ônus a esse homem. No caso do contribuinte não arcar com suas responsabilidades perante o município e não pagar o seu IPTU esse contribuinte certamente irá ser inserido na dívida ativa do Município, sendo agora devedor do município com o nome e o CPF colocados na Dívida Ativa. Isso implica uma certidão positiva quanto a débitos fiscais diante do município onde aquela propriedade está inadimplente. A Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, estudada na aula anterior, que trata do Estatuto da Cidade também aborda questões envolvendo o IPTU que valem ser aprofundadas para um melhor entendimento sobre o tema. Vale dizer que as obrigações oriundas dos bens imóveis são chamadas de Propter rem, obrigações que advém da coisa, obrigações que se caracterizam pelo vínculo com a coisa. Um exemplo claro é o pagamento do condomínio, que caso o imóvel tenha dívidas com o condomínio no qual esteja situado e mesmo que este seja vendido, essa dívida acompanha o imóvel, sendo absorvida pelo novo proprietário mesmo que não tenha sido ele a contrai- la. Assim, podemos entender que existem normas no Direito brasileiro, que definem a forma como o homem fará uso, gozo e como irá usufruir dessa propriedade de tal modo, que qualquer rompimento com as regras predeterminadas causam algum ônus ou prejuízo a este homem. A desapropriação é uma medida adotada pelo Estado e pode ter o viés de punibilidade quando for por interesse social. O poder de expropriar é exclusivo do Estado. Como vimos anteriormente a Constituição Federal fala de três motivos que podem levar à desapropriação, que são eles: necessidade pública,a utilidade pública e o interesse social. Diz-se que quando é por interesse social tem um caráter punitivo pelo fato de que a propriedade descumpriu coma função social e por isso haverá a desapropriação com indenização de títulos da dívida pública. Exemplos de desapropriação por interesse público são a reforma agrária e para realização de políticas públicas. A reforma agrária tem como propósito a criação de uma igualdade entre as pessoas e a maior eficiência econômica. Toda a área que é desapropriada passa a pertencer ao Estado que, na reforma agrária, passa a propriedade e a posse a algum cidadão de modo que este possa ocupá-la e torná-la útil, explorando suas potencialidades e exercendo a função social da terra. O entendimento máximo da reforma agrária é de que quando o Estado repassa a terra ele estaria fazendo justiça social. A maior eficiência econômica se dá pelo fato da terra não permanecer ociosa e ter mais produtividade. O modelo capitalista de desenvolvimento atribuiu muita terra para poucos e alguns sem nenhuma terra. Este sistema é conhecido como latifundiário, onde se constituem duas classes sociais, a dos proprietários de terras e dos trabalhadores que recebem salários pelo trabalho e serviços prestados. A reforma agrária muda essa relação entre as duas classes. A reforma agrária não alcança terras que estejam produzindo. Ela atinge especificamente terras improdutivas. A propriedade urbana cumpre a função social quando segue rigorosamente tudo que está previsto no Plano Diretor do Município. Vale destacar a importância do Plano Diretor como um instrumento para a execução das políticas urbanas, para facilitação do trabalho dos gestores, administradores e fiscalizadores. O Plano Diretor direciona a forma de gestão atuando fortemente e dirigindo ações e políticas públicas. Para atuar de forma eficaz na fiscalização o Estado utiliza de meios legais. Assim, o Estado, através do seu poder fiscal que diz respeito ao poder de controlar as contas públicas, os seus gastos, as suas receitas e gerir o seu patrimônio, se guarda e se administra. Essa administração pressupõe ter órgãos e pessoas capazes de controlar, calcular e auditar as contas públicas. Esse controle se dá por meio das Procuradorias, das Secretarias de Fazenda, dos Tribunais de contas. O Estado atua ainda para atingir seus objetivos e o bem-comum como agente, através do poder de polícia. Podemos enfatizar que esse poder não se restringe literalmente à capacidade técnica operacional do Estado em manter a lei e a ordem por meio de policiamento extensivo nas cidades, mas sim ao poder de polícia de forma abrangente, ampliado, enquanto um Estado gerencial, administrador e fiscalizador, e mantenedor da ordem social, do controle público e do bem-estar social, coletivo. É fato que o tema segurança é importante em qualquer espaço público, é evidente a necessidade do Estado em suprir a lei e a ordem, isso é fundamental para todos os indivíduos inseridos na sociedade, bem como para o perfeito andamento da sociedade e das administrações públicas. Um Estado caótico, em crise, em estado de sítio, em guerra, sai da normalidade e modifica muitas vezes seu modus operandi trazendo incertezas, caos, conflitos internos e ônus político, social e financeiro a toda a sua população. A lei e a ordem, previstas constitucionalmente, devem ser preservadas, e cabe à União, aos estados e os municípios essa responsabilidade. A segurança está prevista na Constituição Federal, no artigo 144, conforme expressa a seguir: “Art. 144 A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.” A Competência dos Municípios A competência dos municípios está prevista na Constituição de 1988 no artigo 30 e incisos. O inciso I afirma que compete ao município legislar sobre os assuntos de interesse local e neste sentido é que a Lei Orgânica Municipal se apresenta. A Lei Orgânica Municipal Está prevista na Constituição Federal, no artigo 29, e esse artigo é muito importante porque define de que forma a Lei Orgânica Municipal será votada. Segue o texto constitucional: “Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos.” Diz-se que a Lei Orgânica, criada pelos municípios, é uma forma de auto-organização, é a forma legal que os muncípios têm de estabelecerem suas normas para melhor conduzir sua administração e gestão. Cada Município tem a competência de criar sua própria lei orgânica. Podemos ressaltar, conforme Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Junior sustentam que o poder constituinte decorrente não foi extendido aos municípios, enquanto os estados emitem suas próprias constituições os municípios criam leis orgânicas. Portato, importante dizer ainda que os municípios exercem função legislativa e executiva. As leis orgânicas, para serem elaboradas, seguem as regras dispostas na própria Constituição Federal nos artigos 29 e 29-A. Ou seja, a lei orgânica como já dito anteriormente deve seguir os preceitos da Constituição Federal e também das constituições estaduais sob a possiblidade de ser declarada uma inconstitucionalidade. Por isso é de suma importância que, no tocante à elaboração das leis orgânicas, os municípios tenham muita cautela para não realizarem nenhuma incongruência constitucional. A Lei Orgânica na Cidade do Rio de Janeiro A Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro data de 05 de abril de 1990. Esse texto já teve várias emendas. A História da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro “A partir de 1977 o Palácio Pedro Ernesto passou a abrigar a Câmara Municipal, com vereadores eleitos na cidade que se tornara capital do novo Estado do Rio de Janeiro. Finalmente, em 1990, foi promulgada a Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, observando os princípios estabelecidos na Constituição da República (1988) e na Constituição do Estado (1989). Esta regulamenta a política para os diversos setores, desde a agricultura à saúde, passando pela educação e assistência social, saneamento básico, transportes e meio ambiente da cidade.” Fonte: <http://www.camara.rj.gov.br/historia> O que podemos constatar é que muito avançamos no tempo e em tecnologias, e a sociedade muito evoluiu, tendo o povo carioca participado ativamente em decisões de suma importância para a cidade. Observamos pelas mídias, televisão e jornais a participação do povo em grandes debates nos últimos anos. Podemos exemplificar a importância da lei orgânica e das decisões que dela derivam como a isenção de pagamento de tarifas no transporte público para as crianças de 4 anos, 11 meses e 29 dias, desde que não ocupem poltronas. Outro exemplo significativo é a revitalização do porto, com o Projeto Porto Maravilha que tem os parâmetros de suas obras e de sua estrutura, daquilo que pode ou não ser feito dentro da Lei Orgânica. Desta forma, percebemos que a lei orgânica é muito importante para o pleno desenvolvimento das cidades porque nelas contém diversos assuntos pertinentes à boa conduçãopor parte dos gestores. A lei orgânica trata desde assuntos sobre pavimentação, gestão, organização, administração das regiões administrativas, sobre o recebimento das contas públicas, sobre quem e como se dará o controle dessas contas pelo Tribunal de Contas do Município, como um ator importante no controle externo. A Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro é considerada uma lei exemplar que, como dito anteriormente, possui algumas emendas e hoje é de competência da Procuradoria do Município manter sua publicidade. O Estatuto das Cidades A Constituição Federal prevê que haja o desenvolvimento urbano, e para tal há a necessidade de que as funções sociais das cidades estejam viabilizadas de modo a garantir o bem-estar e a cidadania dos seus habitantes. As funções sociais das cidades se estabelecem, desde as condições de moradia condignas, com saneamento básico, oferecendo condições básicas de água encanada e energia elétrica. O desenvolvimento urbano também corresponde a oferecer segurança pública de qualidade de modo manter a lei e a ordem nas cidades, bem como oferecer infraestrutura como pavimentação, urbanização, lazer constituído de praças e locais de convivência coletiva. A vida urbana ainda se constitui em oferecer o tripé constitucionalmente previsto da seguridade social, saúde qualificada, previdência e assistência social para amparar aqueles que não dispõem de meios de subsistência que de fato condizem com o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Não podemos esquecer a função social contida na área do trabalho, das empresas que possuem uma função social quando mantém milhares de empregos e sustentabilidade, fazendo gerar emprego e renda o que mantém as cidades equilibradas gerando maior crédito no mercado por fim fazendo girar a economia. “O Estatuto da Cidade sistematiza os vários instrumentos (administrativos, tributários, financeiros e jurídicos) de que o poder público e a sociedade dispõem para a perseguição desse fim. Dentre eles, sobressai o plano diretor, como um elemento estratégico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. Sua formulação, execução e acompanhamento estão previstos como esforço conjunto do governo local e da população.” Fonte: <http://www.senado.gov.br/senado/Programas/EstatutodaCidade/introdu%C3%A7%C3%A3o.htm> A base e o fundamento para participação popular também está presente no Estatuto da Cidade que prevê audiências públicas, consultas e debates sobre temas de amplo interesse local. Desse modo, inclui acertadamente a particiapação popular no processo decisório. Outro fato de máxima relevância é o orçamento participativo, ou seja, a votação do orçamento de forma conjunta com a participação popular, de modo que o povo também contribua e decida sobre a forma do uso dos gastos públicos e também ajudando na fiscalização desse gasto atráves de controle. Fonte: <http://www.senado.gov.br/senado/Programas/EstatutodaCidade/oquee.htm> As Guardas Municipais e as Últimas Mudanças Vale Ressaltar que a Guarda Municipal, na cidade do Rio de Janeiro, não tinha poder de polícia, mas sim possuia a natureza de agente de proteção ao bem e ao patrimônio público. As Guardas Municipais foram dispostas na Constituição da República de 1988, mais precisamente no artigo 144, parágrafo § 8, como uma organização para proteger bens, serviços e instalações conforme dispuser a lei. Em 2014, isso mudou após a Presidente Dilma sacionar a Lei 13.022/2014 projeto este apresentado pelo então Deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP). Essa lei foi aprovada pelo Congresso Nacional e gerou muitas divergências devido ao caráter histórico das guardas municipais. Depois dessa lei, as Guardas Municipais passaram a ter poder de polícia e podem atuar na proteção da população, no patrulhamento preventivo, no desenvolvimento de ações de prevenção à violência, em grandes eventos, e inclusive na proteção de autoridades e em ações conjuntas com demais orgãos de defesa civil. Entidades tais como aquelas ligadas aos direitos humanos e o Conselho de Comandantes Gerais das polícias militares e dos bombeiros militares foram contrários à lei. Está previsto na lei que os profissionais também deverão utilizar uniformes e equipamentos padronizados, incluindo armamento, os agentes poderão usar arma de fogo. A estrutura hierárquica não poderá ter denominação idêntica das forças militares. As guardas terão até 2 anos para adaptação às novas regras. Os Conselhos de Direitos na Cidade do Rio de Janeiro De forma mais pragmática, nas cidades, o que percebemos é o investimento para a criação dos conselhos permanentes nas áreas de Saúde, Educação, Assistência Social. É interessante aos governantes incentivar a população na formulação, implementação e fiscalização de políticas públicas porque para ele, gestor, sua governança tem mais aprovação e tem mais amplitude de ações. Percebemos, cada vez mais, cidades investindo na gestão participativa. No Rio de Janeiro, a prefeitura mantém, em sua sede, em caráter permanente, os Conselhos de Assistência Social, de Saúde, de Educação, dos Portadores de Necessidades Especiais, do Idoso e da Criança e do Adolescente. Todos funcionam diariamente com funcionários do quadro estatutário da prefeitura e também contratados, e realizam periodicamente as assembleias para discussão de medidas a serem adotadas. Tais encontros são de ampla divulgação e visam à participação do maior número de pessoas possível. O que é então Poder Local? Chamamos de Poder Local de forma ampla, quando há uma organização comunitária, um prefeito, um governador, conseguem atuar no seu município, estado estimulando a capacidade de autotrasnformação. O poder local está no centro do conjunto de transformações que envolvem a descentralização, a desburocratização e a participação, bem como as chamadas novas "tecnologias urbanas". Isto é, quando há um incentivo e uma participação popular, que acarreta no que chamamos de gestão participativa. A população, em conjunto com seu governante, atuando no mesmo ritmo, propondo ideias, um conjunto de ações que visem ao desenvolvimento de determinada política pública ou de determinado melhoramento ao seu bairro, a sua cidade, ao seu estado. É ser protagonista nas atitudes e no desembaraço delas. A internet é uma grande aliada nesse avanço e nessa comunicação entre o povo, os parlamentares e o prefeito. Isso sem dúvidas colabora muito para a gestão participativa nas cidades, representando muito bem o poder local enquanto uma forma de força e de organização da comunidade de modo a satisfazer necessidades e interesses da sociedade como um todo. Percebemos também ações permanentes sobre o poder local advindas de reivindicações dos movimentos sociais organizados, que têm grande importância na participação política porque atuam diretamente nas demandas específicas e que proporcionam uma interlocução permanente com o poder público. O Meio Ambiente Entendemos por meio ambiente a biosfera que nos cerca na qual estão incluídos o ar que respiramos; a água que nos mantém vivos; o solo e os seres vivos que habitam o solo e seus pertences. E, dentro do meio ambiente, também existem objetos feitos pelo homem, por isso dizemos que o meio ambiente é composto dos seres vivos e não vivos que existem na Terra. O homem, interagindo com a natureza, consegue alterá-la através das suas construções por meio das máquinas e da sua própria ação humana. Dentro da natureza tudo está harmonicamente organizado, o homem, quando aplica sua força, mexe com esse equilíbrio, um terreno desmatadopode alterar completamente um ecossistema, pode dizimar uma espécie, pode trazer prejuízos completamente irremediáveis. O estudo do meio ambiente hoje e o tema da sustentabilidade são de total importância para a manutenção da própria integridade do homem, para a coexistência entre o homem e o meio ambiente e para o equilíbrio estrutural da natureza. A Ecologia é a parte da ciência que estuda a integração entre o homem e a natureza; é por intermédio desse conhecimento que o homem avança conhecendo a natureza e retirando dela recursos indispensáveis para ele e para o seu desenvolvimento. O homem se constitui predominantemente de forma gregária, é um ser que tem a tendência de organizar-se em grupos, hoje constituímos famílias; na antiguidade, o homem se organizava em aldeias, dentro de cavernas, em casebres, palafitas, barracas, sempre reunido em grupos com uma divisão certa de funções. Podemos, de forma sucinta, entender como o homem se estabelece na natureza tendo de um lado sua predisposição urbana, quando ele se organiza nas cidades. E ainda sua predisposição rural quando ocupa as terras, os campos, conduzindo sua vida e sua manutenção através da agricultura e da pecuária. Quando o homem se estabelece, nas cidades, necessariamente está inserido em uma complexa organização cultural, estrutural, organizacional, com um estilo de vida mais agitado, dinâmico e que exige dele mais modificações perante a natureza. Exige deste homem mais recursos desenvolvidos por ele, mais construções. Quando falamos de meio ambiente vem a nossa cabeça, espaços como uma floresta, um deserto, os mares, contudo, podemos afirmar categoricamente que as cidades são um grande meio ambiente, um ecossistema humano, com grande fluxo, com grandes modificações e com grande interação. As cidades surgiram da própria necessidade dos homens, surgiram de modo a atender as necessidades e conveniências e não em consequência de mudanças climáticas como os desertos. A cidade é, portanto um ambiente antrópico palavra derivado do grego anthropos (homem). Vale destacar ainda a capacidade do homem de ser uma espécie com uma capacidade ímpar de se adaptar a ambientes distintos e com diferenças climáticas rigorosas. Nesse aspecto a espécie humana se destaca, somos absolutamente capazes de grandes adaptações e de grande interação em ambientes muitas vezes inabitáveis, com características inóspitas. Nas cidades, vive a espécie do homem urbano, um ecossistema completamente construído pelo homem, adaptado as suas necessidades mais comuns. Por isso, vale destacar que um ecossistema é um ambiente natural, capaz de sustentar-se, autossuficiente, onde se produz naturalmente tudo que se faz importante. Já as cidades necessitam de várias matérias- primas externas, e seus subprodutos gerados precisam ser eliminados, tais qual o lixo produzido, seus resíduos. Em um ecossistema natural tudo que é resíduo é reaproveitado naturalmente. Constantemente, nas cidades, discutem-se programas e projetos que pensem como eliminar esses subprodutos que geram a poluição e que são capazes de exterminar com cidades inteiras, capazes de contaminar os próprios cidadãos e causar problemas de saúde pública. Desta forma, entendemos mais facilmente a necessidade de ações eficientes e eficazes, dispostas em legislações, em um Plano Diretor, necessários para conduzir a melhor forma de gerenciar as cidades, trazendo a todos os seus integrantes, paz, tranquilidade, cidadania e boas condições de convivência. Logo, não se pode pensar hoje em um mundo evoluído, consciente, se não pensarmos em cidade organizada, capaz de discutir e analisar suas situações atuais e programar suas ações posteriores para um melhor aproveitamento de seus recursos naturais e da melhor forma de gerenciamento deles. O Bem-Estar dos Cidadãos e o Equilíbrio com o Meio Ambiente Os cidadãos, dentro do meio ambiente, são protagonistas do uso e do abuso dos recursos. São eles os detentores da capacidade de retirar da natureza aquilo que lhe é necessário e do mesmo modo devolver a ela aquilo que não mais lhe faz necessário. A forma como isso ocorre é que hoje vem sendo discutido e debatido pelo mundo inteiro. Escutamos nas grandes mídias, questões como a destruição da camada de ozônio; a emissão de gazes tóxicos; a destruição de lixo em camadas de solo fértil, causando dano permanente e contaminação; a poluição de mares, lagos e lagoas; a falta de água; a falta de energia; a dizimação de espécies; a falta de comida em continentes; o Sol como grande vilão para o extermínio da população mundial, por conta de doenças de pele como câncer, dentre tantos outros temas de total relevância. Todos esses debates acontecem há décadas e a cada nova geração ele vem sendo ampliado. Hoje, de fato, vivemos várias crises que, como dito antes, há muito já tinham sido previstas, mas o homem, dentro da sua arrogância e prepotência, não deu ouvido e hoje vive as crises e tenta superá-las com medidas paliativas. No Brasil, por exemplo, a crise hídrica há anos já era previsível, mas bastou a natureza ter seus revés para que ficasse claro o quanto nós precisamos dela e quanto nós a maltratamos. Do mesmo modo ocorre na crise de energia. Cidades inteiras, na África, passam pela fome, com um solo infértil, com a falta de recursos naturais de primeira necessidade como a água, devido as próprias características daquele ecossistema. É muito contraditório ver continentes com tão pouco recurso natural de primeira necessidade e ver outros com tantos recursos e os destruírem conscientemente, de forma irracional e sem nenhum controle. A sustentabilidade discutida mundialmente consiste hoje em um princípio moral, educacional, ético de que o uso dos recursos naturais não pode e não deve comprometer as gerações futuras. Não pode o homem de hoje usar recursos naturais sem planejamento, sem organização, sem moderação, esquecendo que a sua espécie tem a característica da continuidade, da perpetuação. Assim muitos estudos, debates e ideias foram levantados para melhorar a forma como o homem tem se utilizado desses recursos. E, por meio disso, chegou-se à concepção de desenvolvimento sustentável. Exemplos importantes hoje é o reflorestamento, isto é, o replantio de toda área verde desmatada. A Amazônia infelizmente é explorada por grandes empresas internacionais, mas cabem ao nosso Governo o controle e a fiscalização através dos nossos órgãos internos. Existe hoje um Ministério do Meio Ambiente e gerenciado por ele há órgãos setoriais de controle como o IBAMA, responsável por cuidar e zelar pelo nosso meio ambiente. Ainda fortalecendo essa fiscalização existe uma lei de crimes ambientais nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que foi criada para dar mais punibilidade a quem maltrata, denigre, destrói o meio ambiente. É ainda uma lei muito polêmica porque responsabiliza penalmente a pessoa jurídica. No Brasil, já existiram outras legislações que visavam a defender o meio ambiente, embora fossem um tanto quanto retrógradas por serem pouco severas, foram elas: o Código Florestal, instituído pela Lei nº 4771/65; o Código de Caça (Lei nº 5197/67); a Lei nº 6938/81 (dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente); a Lei nº 7679/88 (dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em período de reprodução), todas repletas de lacunas por onde o criminoso poderia esvair-se, e, atualmente, com dispositivos revogados pela nova Lei de Crimes Ambiental citada anteriormente. Vários programas, já conhecidos por todos nós, foramcriados para melhorar a relação homem x natureza e diminuir os impactos que gradativamente estamos causando contra a natureza e contra nós mesmos e nossas gerações futuras. Vislumbramos programas como o de coleta seletiva que visa a separar o lixo por categoria de produtos e contribuir para a reciclagem. Algumas cidades pequenas, no Brasil, atuam com projetos nesse ramo de forma muito eficaz. Aqui, na cidade do Rio de Janeiro, verificamos que a Comlurb — Companhia Municipal de Lixo Urbano — tem essa preocupação muito evidente e distribui pela cidade caçambas de lixo visando a incentivar e a mobilizar as pessoas para a conscientização da coleta seletiva, entretanto, vale destacar que a população pouco se mobiliza e ainda é sem educação porque ainda no século XXI joga lixo no chão. Percebemos ainda o interesse de grandes empresas em discutir esse tema e incentivar seus consumidores a terem essa consciência. Claro que também existe o interesse empresarial como pano de fundo da responsabilidade social das empresas, mas entendemos ser muito válido o objetivo, ainda que com outros interesses por trás, como isenções fiscais. Exemplo, no Rio de Janeiro, é a rede de mercados como Extra, antiga Sendas, Pão de Açúcar, Mundial que sistematicamente fazem a coleta seletiva de lixo e incentivam seus clientes a fazê-lo diretamente nas lojas com a coleta de garrafas pet. Organizações internacionais como WWF, Greenpeace, PETA lutam intensamente contra os desmandos do homem sobre a natureza. Não podemos pensar na continuidade da espécie humana se não pararmos para planejar os próximos meses, anos, décadas. Não é justo e sensato com as próximas gerações essa característica do imediatismo, de usarmos todos os recursos naturais de uma única vez. Nas cidades, o avanço populacional leva naturalmente a um avanço estrutural e com isso mais recursos naturais também são demandados como água, energia elétrica que também depende de água. O meio ambiente deve ser visto e analisado como um bem que deve ser muito cuidado e preservado para que as próximas gerações e as próprias cidades não sejam dizimadas pela sua própria torpeza. O Homem e sua Interação com o Mundo O Direito Internacional Público O Direito Internacional se divide entre Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado. Veremos de forma breve suas diferenças. O Direito Internacional Público é pactual, igualitário, todos os países estão no mesmo pé de igualdade. Os poderes são iguais. O tratado não tem eficácia menor em determinado Estado. Na sociedade internacional não existe um Poder Legislativo. Existe entre os países membros um compromisso, significando que todos aqueles que assinam aquele tratado, ratificam o texto contido nele. O Estado membro é o país e tem sua soberania. O tratado tem por objetivo criar uma norma jurídica internacional, do mesmo modo as convenções também têm esse objetivo. Quando falamos do tratado estamos falando do gênero. No Direito Internacional Público também há sanção e uma espécie de punição são os embargos. Para que possamos melhor entender o DIP (Direito Internacional Público) podemos dizer que a sociedade interna, estatal, está vinculada a uma soberania, se subordina a uma ordem interna estatal. Compõe esta sociedade as pessoas físicas e jurídicas. Vige o Princípio da Autoridade de forma verticalizada. O poder, neste caso, existe e cria leis e esta lei é imposta a todos indistintamente que fazem parte dessa sociedade. A sociedade internacional se coloca de forma distinta, suas características são: é aberta, porque não existe nenhum impediemento para que qualquer pessoa internacional seja parte dela, paritária e universalista; como dito anteriormente não existe hieraquia entre os países membros. Os Estados se unem em assembleias internacionais através de seus representantes e ali discutem sobre algum projeto, sobre determinado tratado. Vale destacar que embora seja aberta, não significa dizer que qualquer país possa participar daquele determinado tratado. Exemplo disto é que o Brasil não pode participar ratificar da União Européia por se tratar de um Tratado específico para países situados na Europa. Do mesmo modo o Japão não está na América Latina e não pode ratificar o MERCOSUL. Quando há essa reunião dos Estados chamamos de Assembléia Internacional dos Estados. As pessoas internacionais são os Estados, as organizações internacionais e a pessoa humana. Do encontro das pessoas internacionais, por meio das assembleias surge uma Norma Jurídica Internacional chamada de Tratado. O Direito Internacional como dito antes é horizontalizado, não existe, portanto um poder que crie as normas jurídicas no Direito Internacional. As pessoas internacionais, através de seus representantes, é que criam essas normas internacionais, válidas para todos os Estados que a ratificaram. Toda discussão e decisão é com igualdade de condições entre os Estados. O ato da expressão da vontade da pessoa internacional é individual, é através de compromisso assumido, não há nenhuma espécie de coação, de poder superior que determine se um Estado deve ou não participar de um Tratado. Para mais aprofundamento do tema podemos avançar e citar o Decreto 4388/02, O Pacto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. No Brasil, o Pacto de Roma foi transformado em norma através desse decreto e, no artigo 5º, prevê os crimes de guerra e de genocídio. Quando falamos em pessoa humana entendemos o homem, o indivíduo, no sentido de que há leis que garantem direitos e deveres. Logo nos tratados isto também é observado e respeitado. E quando um tratado violar um direito de uma pessoa humana? Como agir? A princípio há a necessidade de esgotamento das instâncias internas daquele Estado que violou determinado Direito Humano. Depois de esgotadas, parte para acionar a Corte Internacional. Dessa forma, vai até a Corte Internacional de Direitos Humanos e promove uma ação contra aquele Estado que rompeu e que violou o Tratado. O objetivo principal para criar a Corte Internacional é dirimir conflitos internacionais. Outro tratado muito difundido e conhecido é o Pacto de São José da Costa Rica (Decreto nº 678/92) que criou a Corte Internacional Americana de Direitos Humanos. Dizemos que quando um Estado ratifica um tratado ele fica subordinado àquele tratado. Interessante para esta aula é dizer ainda que o MERCOSUL, no qual o Brasil faz parte, criou uma corte para dirimir os conflitos. Na ausência da corte do MERCOSUL, atua a Organização Mundial do Comércio. Na ausência de uma corte para resolver conflitos internacionais, atua a Corte Internacional. Aprofundando um pouco mais sobre DIP podemos dizer que existem as pessoas internacionais já pontuadas anteriormente, os Estados, as Organizações Internacionais e os indivíduos (pessoa humana). Dentro dos países existem os conflitos internos, e classificamos algumas pessoas internas como: • Beligerantes e Insurgentes – É uma coletividade, um grupo de pessoas que por questões políticas se colocam insatisfeitos com o encaminhamento político de seu país e se insurgem contra. Exemplos: • Beligerantes: Colômbia (As Farc) • Insurgentes: Haiti (Presidente que foi deposto por forças populares) A diferença entre beligerantes e insurgentes é a organização, a estrutura enquanto grupo. Um dos princípios básicos do DIP é a não intervenção. Porém, há uma preocupação nos casos de guerra, porque há uma inquietação com o mínimo de humanismo. Por isso há um ramo do DireitoInternacional chamado Direito de Guerra e Paz, que se constitui de normas para tempos de guerra e de paz de modo que o mínimo de humanismo seja garantido, e os inocentes civis não sofram além do necessário, e haja menos sacrifícios possíveis. O tratado mais importante da humanidade é datado do século XI e estabeleceu o direito de finais de semana em tempos de guerra. A guerra parava às 15 horas do sábado e retornava na segunda-feira às 6 horas. Isto se deu para que pudessem enterrar seus mortos, cultuar seus povos. Outros acordos, ao longo dos anos, sobre as guerras dispuseram a respeito da proibição de armas que impussessem dor exagerada. A Convenção de Viena A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre os Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais de 1986 trata dos pincípios do livre consentimento, da boa-fé e da norma universalmente resconhecida. Algo relevante é que a Convenção de Viena, de 1969, foi criada em um momento em que as Organizações Internacionais não eram consideradas pessoas do Direito Internacional. A Convenção de Viena é muito explicativa, no seu artigo 2º, conceitua o que é um tratado. As Nações Unidas regulam o Estatuto da Corte Internacional. Na adesão, a pessoa internacional assume o compromisso de cumprir e fazer cumprir os termos do Tratado Internacional. O chefe do governo, o chefe de Estado é quem tem o poder com legitimidade de participar do tratado, é ele que impõe obrigações e assume os compromissos em nome do Estado que ele representa. Importante ressaltar que as pessoas internacionais não estão obrigadas a estarem em um tratado internacional sempre. Elas podem se desobrigar, e esse ato chama-se denúncia do tratado. Essa denúncia tem que ser aprovada pelos demais Estados membros com o objetivo de que não haja prejuízo aos demais Estados e também para que o denunciado não deixe de exercer compromissos vencidos. O compromisso internacional se materializa na troca de instrumentos ou no depósito. A troca de instrumentos é algo formal. Um Estado fica responsável em receber os instrumentos (ratificações). Um chefe de Estado vai ao outro Estado entregar. Existe uma formalidade. Através da comunicação diplomática o Estado responsável comunica aos demais. Os tratados têm o propósito da eternização, exceto aqueles criados para um fim, um objetivo específico. O tratado também pode se extinguir pela perda do objeto e se assim estiver estabelecido. Existe uma hieraquia entre os tratados, o artigo 103, da Carta das Nações Unidas, estabelece que, no caso de conflitos, prevalece esse tratado sobre os demais. Há autores que dizem que a Carta das Nações Unidas é chamada de Constituição do Mundo. A Convenção de Viena trata de nulidades dos tratados por erro e dolo, conforme artigo 46. Os tratados, conforme explicita o artigo 80, da Convenção de Viena, têm que ser registrados ao Secretariado da ONU (Organização das Nações Unidas). A Corte Internacional de Justiça, conforme vimos, faz parte da própria ONU só que algumas jurisprudências reconheceram que ela pode ser aplicada em outros conflitos. É assim conhecida como a corte da Sociedade Internacional, julgando ações de Estados contra Estados. O Direito Internacional Público no Brasil No caso específico do Brasil, que tem representatividade presidencialista, o presidente acumula a função de chefe de Estado e de chefe de governo. No Brasil, os auxiliares do presidente são os ministros de Estado. O Ministro chefe das Relações Exteriores é um chanceler de carreira. O Presidente do Brasil dá poderes ao Ministro das Relações Exteriores e ele então se chama plenipotenciário, ou seja, aquele que tem plenos poderes. No momento em que o Ministro assume a função ele passa a ter plenos poderes, ele não necessita de outorga presidencial, carta de plenos poderes específicos. Os diplomatas têm plenos poderes no caso dos tratados internacionais nos países em que ele se encontra. Plenipotenciários ad hoc são os militares, oficiais de alta patente em missão no exterior. O termo ad hoc vem do fato deles serem nomeados para a missão, têm um caráter de confiabilidade maior, envolve a noção de patriotismo, por isso a necessidade de serem militares. O Brasil recepcionou alguns tratados seguem alguns abaixo: • Decreto 19.841/45 Carta das Nações Unidas • Decreto 4388/02 Pacto de Roma — Tribunal Penal Internacional • Decreto 678/92 Pacto São José da Costa Rica No Brasil, a recepção do tratado é por meio de uma lei. Para o presidente fazer cumprir um tratado tem que criar uma lei. Então desta forma, ele ratifica e dá eficácia interna transformando o tratado em lei. Dá, portanto eficácia de lei. O presidente então promulga o Tratado Internacional (a Lei) e publica no Diário Oficial da União. Os atos do Poder Executivo se materializam em forma de decretos por isso todos os tratados recepcionados são decretos. Em caso de haver alguma incoerência jurídica, alguma incostitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal, que é o protetor da Constituição Federal, irá atacar a lei que o recepcionou, o decreto que deu eficácia interna ao Tratado. Somente o Presidente da República pode obrigar e desobrigar o Brasil no Tratado. Importante dizer que se um tratado for internalizado como Emenda Constitucional ele terá eficácia de Norma Constitucional, que como estudamos na aula 2, as normas Constitucionais não estão restritas ao corpo do texto Constitucional. No Brasil, os Tratados de Direitos Humanos têm eficácia jurídica de normas supra legais, acima das leis abaixo apenas da Constituição. A Organização das Nações Unidas (ONU) A mais conhecida e universalmente famosa organização internacional conhecida é a ONU e a que possui também maior generalidade de objetivos. Ela foi criada por um acordo Internacional que pôs fim à 2ª Guerra Mundial. O acordo que pôs fim à 1ª Guerra Mundial foi da Liga das Nações, que não foi muito objetivo porque não conseguiu evitar a 2ª Guerra Mundial, não teve sanções eficazes. A ONU quando nasceu, veio fortalecida de forma mais eficaz, mais objetiva. Atualmente, podemos afirmar categoricamente que o objetivo principal da ONU é a paz mundial. A ONU é constituída de órgãos internos, Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, Conselho Econômico. Estes são órgãos permanentes. A Assembleia Geral é o órgão mais importante da ONU, as decisões que ali são definidas têm caráter vinculante. A Carta Constitutiva da ONU data de 1945, chamada Carta de São Francisco. Direito Internacional Privado no Brasil É o ramo do Direito que estuda a solução de casos privados com presença de elemento estrangeiro. Os objetivos do Direito Internacional privado estão relacionados às pessoas internacionais, são interesses privados que tenham conexão internacional. Há um elo de interesse com mais de um Estado. Alguns exemplos explorados nesse ramo do Direito: • Conflitos que envolvam Direito de família e personalidade. Ex.: crianças que vão morar com pai ou mãe fora do Brasil sem autorização do outro responsável; • Conflitos envolvendo patrimônios constituídos fora do Brasil; • Contratos celebrados fora do Brasil; • Direitos de Sucessão que envolva personagens dentro e fora do Brasil e bens móveis e imóveis fora do país; • Questões envolvendo casamento no exterior; • Casos de nacionalidade de pessoas físicas e jurídicas; • Casos de deportação, expulsão e extradição. A Participação do Brasil nosOrganismos Internacionais A Missão no Haiti O Brasil participa ativamente e tem contribuído muito para diversos organismos internacionais, tanto no planejamento, na execução e no monitoramento de ações. Um exemplo muito atual é a participação do Brasil nas Missões de Paz da ONU, hoje, o Brasil participa ativamente de Missões no Haiti e no Líbano. E, no passado, o Brasil já participou de missão de paz no Timor Leste. Em números, o maior efetivo hoje no Haiti é do Brasil com a atuação das Forças Armadas. No Haiti, a participação do Brasil, na Missão das Nações Unidas, para a estabilização do Haiti (MINUSTAH) completou 11 anos, e nosso país não atua somente em ações visando à segurança mais também em ações humanitárias. A decisão de ajudar o Haiti partiu do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil durante esses anos aperfeiçoou seus métodos de treinamento e suas instruções e criou um centro de treinamento específico para essas missões de paz. Na cidade do Rio de Janeiro, o Ministério da Defesa criou o CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil) neste centro, hoje situado na Vila Militar, no bairro de Deodoro, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica atuam em total sintonia oferecendo treinamento, capacitação e acompanhamento para todos os homens e mulheres que são encaminhados para as missões de paz e seus familiares, tanto militares quanto civis, recrutados especificamente pela própria ONU para atuarem como conselheiros nos países designados. O CCOPAB fica aberto ao público e oferece ainda cursos para cidadãos interessados e atua em parceria com a ONU recrutando civis interessados em participar dessas missões de paz. O Brasil desde o Governo de Getúlio Vargas tem a perspectiva de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. No campo da geopolítica e do lobby internacional o Brasil viu essa interação e essa participação como uma oportunidade de alcançar essa meta, entretanto isso não foi o suficiente. Vale destacar que o Brasil já conseguiu ocupar uma cadeira rotativa no Conselho de Segurança. Fazem parte do Conselho de Segurança, de forma permanente, os Estados Unidos, a França, a Grã-Bretanha, a China e a Rússia, e existem dez vagas temporárias sem qualquer poder de veto. O Brasil busca a ampliação do Conselho e há anos uma cadeira permanente. A composição do Conselho de Segurança está prevista na Carta das Nações Unidas, no artigo 23, § 1º. Na primeira parte do parágrafo estão os membros permanentes e na segunda estão dispostas as eleições dos membros permanentes. A terceira parte do parágrafo trata das eleições dos membros não permanentes. Importante dizer ainda que, em 2011, o Brasil recebeu 186 votos para, em 2012, assumir uma cadeira como membro do Conselho Econômico e Social da ONU. Essa votação deu direito ao Brasil de exercer um mandato de 3 anos. Esse Conselho tem por objeto o desenvolvimento mundial. A Missão no Líbano A Força Interina das Nações Unidas no Líbano — UNIFIL — não tem o mesmo quantitativo de militares como no Haiti. Nessa missão, no Oriente Médio, está a Marinha do Brasil com uma de suas fragatas e quem comanda todas as embarcações e a missão desde 2011 são Comandantes da Marinha Brasileira. O Brasil também tem vinculação com outros organismos internacionais como o Banco Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional), a UNESCO, a UNICEF, dentre outros. Com o Banco Mundial e com o FMI o Brasil tem convênios financeiros. Com a UNESCO e com a UNICEF o Brasil mantém convênios de cooperação técnica, visando ao melhoramento de políticas públicas nas áreas de Educação, Cultura e Desportos, bem como de avanços políticos nas áreas da criança e do adolescente, em programas que visem ao desenvolvimento da infância e da juventude no Brasil. A Repartição dos Poderes Exatamente pelo fato de vivermos em uma sociedade democrática, que se baseia nos direitos e deveres dos cidadãos, o Brasil estabeleceu sua forma de governar através dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário). Vivemos, portanto em uma sociedade que entende a participação popular além de algo importante, uma questão necessária que atribui valor nas decisões e que, de forma construtiva, quer buscar sua evolução social. Nesse sentido, como dito anteriormente, uma sociedade baseada na repartição dos poderes, também conhecida por teoria política, que tem suas origens na Grécia, sejam eles o executivo, o legislativo e judiciário que atuam de forma conjunta sem que nenhum deles esteja hierarquicamente sobre o outro. Todos os três poderes possuem autonomia. Essa forma de governar contribui para a democracia porque distribuindo o poder e não o concentrando evita qualquer poder absolutista, qualquer desmando de poder que se sobreponha aos interesses coletivos. Assim, podemos dizer que o poder executivo é competente para planejar, orientar, programar e executar as políticas públicas, e é o responsável por criar os planos de governo. O poder legislativo possui competência legislativa, administrativa e fiscalizadora. As funções legislativas se baseiam na criação das leis, em aprovar ou rejeitar projetos de lei, as funções fiscalizadoras se destinam a fiscalizar atos praticados pelo poder executivo e atos praticados por toda a administração pública. E, por fim, as funções administrativas visam à organização dos seus serviços internos, à regulação dos seus funcionários permanentes e transitórios. O poder Judiciário possui como principal função a jurisdicional, entretanto também possui uma função administrativa quando organiza todos os equipamentos e pessoal que o compõe. Dentro da União, o poder Executivo é exercido pelo Presidente da República nos estados pelo governador e nos municípios pelos prefeitos. O poder legislativo, na União, é exercido pelo Congresso Nacional composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, nos estados pelos deputados estaduais e nos municípios pelos vereadores. Considerações Importantes Ressaltamos que o Supremo Tribunal Federal é o tribunal de instância máxima dentro do território nacional, entretanto, como vimos na aula anterior, existe o Tribunal Internacional de Justiça também conhecido como Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Internacional Penal que tratam de assuntos específicos. O Tribunal Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas. Tem sede em Haia, sendo criado em 1992 pela Carta das Nações Unidas. Sua principal função é de resolver conflitos jurídicos a ele submetidos pelos estados e emitir pareceres sobre questões jurídicas apresentadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ou por órgãos e agências especializadas acreditadas pela Assembleia da ONU, de acordo com a Carta das Nações Unidas. O Tribunal Internacional de Justiça não deve ser confundido com a Corte Penal Internacional, que tem competência para julgar indivíduos e não Estados. Relevante também informar que o juiz militar atua nas auditorias militares, que são os órgãos de 1ª Instância da Justiça Militar e que os tribunais de justiça militares não são regra geral. O Tribunal de Justiça Militar é o órgão de 2ª instância da Justiça Militar, previsto no artigo 125, da Constituição Federal de 1988, contudo será criado somente nos estados em que o contingente de militares estaduais ultrapasse 20 mil integrantes. A Democratização e a Gestão Participativa Dentro da organização de cada um dos poderes vistos anteriormente há o desenvolvimento de canais em que são estabelecidos
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