Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E CONTABILIDADE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS SANDRA PUHL DOS SANTOS APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO: Estudo de Caso em Escola da Rede Pública no Município de Ajuricaba-RS. IJUÍ 2010 2 2 SANDRA PUHL DOS SANTOS APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO: Estudo de Caso em Escola da Rede Pública no Município de Ajuricaba-RS. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis, da UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientadora: Profª Ms. Eusélia Paveglio Vieira Ijuí-RS, agosto/2010 3 3 “ De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidas antes de terminar... Portanto, devemos: Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro...” Fernando Pessoa DEDICATÓDEDICATÓDEDICATÓDEDICATÓRIARIARIARIA À Deus ...pela permissão de realizar um sonho e pela presença constante em todos os momentos da minha vida, porque nada nos é possível se não for de Sua vontade. Ao meu inesquecível avô Salvador ( in memorium), figura de grande importância em minha formação e de quem sinto muitas saudades... Ao meu Pai Luiz (in memorium) Pai ...gostaria que estivesses aqui para poder compartilhar contigo esta conquista...saudades... À minha mãe Edi, pela vida, dedicação, confiança e superação diante das adversidades...minha eterna gratidão. 2 2 AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS À DEUS, pela Força Divina e iluminação em todos os momentos e por tudo aquilo de bom que tem proporcionado em minha vida. Aos meus avós... meu pai Luiz, pelo amor, educação, exemplos de caráter e valores que moldaram meu caminho....eterna saudades... À minha mãe...mesmo distante, pelo carinho e confiança que sempre depositou em minhas decisões. Às minhas irmãs e irmão...pelas palavras de apoio e incentivo, apesar da distância. Às minhas sobrinhas...sobrinhos...afilhados...pela alegria e descontração proporcionada... Ao Elso, pelo amor, cumplicidade, pela compreensão nos momentos de ausência, por fazer parte da minha vida...Muito Obrigado. À minha sobrinha Anelise, companheira inseparável nesta jornada... Aos meus cunhados, em especial, Enio e Janice ... pelo carinho, incentivo, pelo apoio incondicional... Aos meus colegas, amigos, conhecidos ... presentes nos momentos da minha vida ...pela compreensão, pelo abraço, amizade, palavras de apoio e incentivo...valeu pela torcida! 3 3 À professora Eusélia, pela confiança, aceitando o convite para a orientação deste trabalho, pela atenção, pelo incentivo e carinho... A todos os professores do Curso de Ciências Contábeis, dedicados à arte de ensinar, pela contribuição para a minha formação acadêmica. Aos que forneceram informações necessárias para a elaboração deste trabalho, em especial aos alunos, professores e funcionários do Colégio Estadual Comendador Soares de Barros. À todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram na conclusão desse trabalho. Muito Obrigada! 4 4 SUMÁRIO GLOSSÁRIO................................................................................................................................09 LISTA DE FIGURAS: .................................................................................................................11 LISTA DE TABELAS: ................................................................................................................13 LISTA DE ANEXOS: ..................................................................................................................15 INTRODUÇÃO............................................................................................................................16 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO...............................................................................18 1.1 Área de conhecimento contemplada.............................................................................20 1.2 Caracterização da Entidade...........................................................................................20 1.3 Problematização do Tema............................................................................................21 1.4 Objetivos.......................................................................................................................23 1.4.1 Objetivo geral.................................................................................................24 1.4.2 Objetivos específicos.....................................................................................24 1.5 Justificativa...................................................................................................................24 1.6 Metodologia do Trabalho..............................................................................................26 1.6.1 Classificação da Pesquisa...............................................................................26 1.6.1.1 Quanto à natureza............................................................................27 1.6.1.2 Quanto à forma de abordagem do problema...................................27 1.6.1.3 Quanto aos objetivos da pesquisa....................................................27 5 5 1.6.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos................................................28 1.6.2 Plano de Coleta de Dados..............................................................................29 1.6.3 Plano de Análise e Interpretação dos Dados..................................................29 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................30 2.1 Desenvolvimento Sustentável.......................................................................................30 2.2 Responsabilidade Social..............................................................................................33 2.3. A Água Doce no Mundo......................................................................................... ....36 2.3.1 A Água e o Desenvolvimento Sustentável.....................................................37 2.3.2 A Ameaça da Escassez Hídrica......................................................................38 2.3.3. O Uso Racional e a Conservação da Água...................................................392.3.4 Reuso das Águas............................................................................................40 2.3.5 Aproveitamento de Águas Pluviais...............................................................42 2.3.6 A Legislação Brasileira e os Recursos Hídricos............................................45 2.4 Elementos Necessários para a Implantação de um sistema de Captação de Água da Chuva..................................................................................................................................47 2.4.1 Área de Captação...........................................................................................49 2.4.2 Calhas e Tubulações.......................................................................................49 2.4.3 Dispositivos para Descartes da Primeira Chuva............................................50 2.4.4 Filtros ou Grades............................................................................................51 2.4.5 Tanques ou Reservatórios de Armazenamento..............................................51 2.4.6 Bombas...........................................................................................................52 2.5 Tipos de sistemas de coleta de água da chuva.............................................................52 2.5.1 Sistema simples de coleta de água do telhado...............................................53 2.5.2 Sistemas de captação da água da chuva para usos internos e externos..........53 2.6 Gestão Ambiental..........................................................................................................54 2.6.1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA).............................................................57 2.6.2 Avaliação do Impacto Ambiental (AIA)........................................................57 2.6.3 Auditoria Ambiental......................................................................................57 2.6.4 Capital Natural .............................................................................................58 2.7 Contabilidade Ambiental......................................................................................................59 6 6 2.7.1 Evidenciação de Fatos Contábeis Ambientais...............................................60 2.7.1.1 Balanço Social....................................................................................61 2.7.2 O Plano de Contas Ambientais......................................................................63 2.7.3 Ativos Ambientais..........................................................................................63 2.7.4 Passivo Ambiental..........................................................................................65 2.7.4.1 Levantamento de Passivos Ambientais..............................................67 2.7.5 Contingências Ambientais.............................................................................68 2.7.6 Despesas Ambientais.....................................................................................69 2.7.7 Receitas Ambientais.......................................................................................70 2.7.8 Gastos Ambientais.........................................................................................71 2.8 Estudo de Projetos.................................................................................................................72 2.8.1 Avaliação Financeira e Econômica de Projetos.............................................72 2.8.1.1 A Rentabilidade Financeira ( rentabilidade privada).....................73 2.8.1.2 A Rentabilidade Econômica............................................................73 2.8.1.3 A Rentabilidade Social....................................................................74 2.8.2 A Determinação da Rentabilidade do Projeto................................................74 2.8.2.1 Critérios em Termos Corrente.........................................................75 2.8.2.1.1 A Rentabilidade Simples........................................................75 2.8.2.1.2 O Período de Retorno de Capital............................................75 2.8.2.1.3 Total dos Lucros Líquidos comparado com o total de investimentos..................................................................................................................................76 2.8.2.2 Critérios em Termos Atuais............................................................76 2.8.2.2.1 Valor Atual Líquido (VAL)..................................................76 2.8.2.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)..............................................77 2.8.2.2.3 Taxa Interna Financeira de Retorno (TIRF)..........................77 2.8.2.2.3 Taxa Interna Econômica de Retorno (TIRE)........................78 3. ESTUDO DE CASO APLICADO: A INSTITUIÇÃO OBJETO DE ESTUDO........................................................................................................................................79 3.1 Levantamento de Dados................................................................................................79 3.1.1 Área de Cobertura..........................................................................................79 7 7 3.1.2 Dados Pluviométricos..................................................................................80 3.1.3 Dados de Consumo de Água........................................................................80 3.1.4 Leituras no Hidrômetro................................................................................80 3.2 Usos Finais de Água....................................................................................................81 3.2.1 Aparelhos Sanitários Existentes....................................................................81 3.2.2 Vazões............................................................................................................81 3.2.3 Entrevistas com os Usuários..........................................................................82 3.2.4 Estimativa do Consumo de Água...................................................................83 3.2.4.1 Estimativa do Consumo de Água em Aparelhos de Uso Individual........................................................................................................................................83 3.2.4.2 Estimativa do Consumo de Água em atividades de Uso Coletivo..........................................................................................................................................85 3.2.4.3 Estimativa do Consumo Total Diário e Mensal de Água...............86 3.2.5 Usos Finais Corrigidos...................................................................................87 3.3 Avaliação do Potencial de Economia de Água Potável................................................87 3.3.1 Percentual de Água Potável que poderia ser Substituído por Água Pluvial.............................................................................................................................................88 3.3.2 Reservatório de Água Pluvial........................................................................88 3.4 Análise Econômica.......................................................................................................89 3.5 Resultados.....................................................................................................................92 3.5.1 Levantamento de Dados.................................................................................93 3.5.1.1 Consumo de Água Potável..............................................................933.5.1.2 Consumo de Água Medido pela CORSAN.....................................93 3.5.1.3 Leituras no Hidrômetro...................................................................94 3.5.2 Usos Finais de Água......................................................................................95 3.5.2.1 Aparelhos Sanitários Existentes......................................................95 3.5.2.2 Vazões.............................................................................................97 3.5.2.3 Entrevistas com Usuários...............................................................98 3.5.2.3.1 Amostras de Entrevistados..............................................99 3.5.3 Estimativa do Consumo de Água.................................................................100 3.5.3.1 Médias de Consumo de Água por Categorias...............................100 8 8 3.5.3.2 Estimativa do Consumo de Água em Aparelhos de Uso Individual......................................................................................................................................102 3.5.3.3 Estimativa do Consumo de Água em Atividades de Uso Coletivo........................................................................................................................................103 3.5.3.4 Estimativa do Consumo Total Diário...........................................105 3.5.4 Avaliação do potencial de Economia de Água Potável...............................107 3.5.4.1 Área de Cobertura.........................................................................107 3.5.4.2 Dados Pluviométricos...................................................................108 3.5.4.3 Dimensionamento de Reservatório de Água Pluvial.....................110 3.5.5 Análise Econômica......................................................................................112 CONCLUSÕES GERAIS..........................................................................................................117 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................120 ANEXOS......................................................................................................................................126 9 9 GLOSSÁRIO Águas cinzas: é o esgoto gerado pelo uso de banheiras, chuveiros, lavatórios, máquinas de lavar roupas e pias de cozinha em residências, escritórios comerciais, escolas etc. Água de reúso: água residuária que se encontra dentro dos padrões exigidos para sua utilização. Água pluvial na edificação: água que provém diretamente da chuva, captada após o escoamento por áreas de cobertura, telhados ou grandes superfícies impermeáveis. Água potável: água que atende ao padrão de potabilidade determinado pela Portaria do Ministério da Saúde MS 518/04. Água recuperada: esgoto ou água de qualidade inferior que após tratamento é adequada para usos benéficos. Altura de sucção: é distância do nível mais baixo do líquido no reservatório até a linha de centro da bomba. Altura de recalque: é a distância entre a linha de centro da bomba e o nível mais alto no reservatório de recalque. Altura Pluviométrica: volume de água precipitada (em mm) por unidade de área. Anasazi: antigo povo indígena norte americano que viveu onde hoje fica o Four Corners, nos Estados Unidos, cerca de 1.200 a.C. Aproveitamento de água pluvial: uso da água de chuva para finalidades específicas, como lavagem de áreas externas, alimentação de bacias sanitárias, lavagem de veículos, etc. Área de Contribuição: comprimento X largura das área de superfícies que interceptando chuva, conduzem para determinado ponto de instalação. Astecas: Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e XVI. 10 10 Calha: canal que recolhe a água de coberturas, terraços e similares e a conduz a um ponto de destino. Condutor Horizontal: canal ou tubulação horizontal destinada a recolher e conduzir águas pluviais até determinado ponto. Condutor Vertical: tubulação vertical destinada a recolher águas de calhas, coberturas, terraços e similares e conduzí-las até a parte inferior de determinado lugar. Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para preparação de alimentos, operações de lavagem e para satisfação de necessidades higiênicas e fisiológicas. Esgoto ou efluente industrial: despejo líquido resultante da atividade industrial. Esgoto sanitário: despejo líquido constituído de esgoto doméstico e industrial, água de infiltração e parcela de contribuição pluvial. Intensidade Pluviométrica: é a altura pluviométrica por unidade de tempo (mm/h). Maia: O povo Maia habitou a região das florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (região sul do atual México). Rei Mescha: Rei de Moab (atual Jordânia), no século 9 a. C. Reúso: uso de água residuária ou água de qualidade inferior tratada ou não. Reúso direto de água: uso planejado de água de reúso, conduzido ao local de utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos. Reúso doméstico: aproveitamento das águas residuárias residenciais provenientes dos usos domésticos que apresentem pouca matéria orgânica, como banho e higiene pessoal, para atividades de lavanderia, descargas em bacias sanitárias, rega de jardim e outras atividades menos nobres. Reúso indireto de água: uso de água residuária ou água de qualidade inferior, em sua forma diluída, após lançamento. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki http://www.abcmac.org.br FIESP & SINCUSCON-SP (2009) GHISI &GUGEL (2005) 11 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fortaleza de Masada/Israel............................................................................................18 Figura 2: As cinco dimensões da sustentabilidade.......................................................................32 Figura 3: Classificação das águas doces – Resolução CONAMA n.º 357 de 17/03/2005............47 Figura 4 - Esquema de funcionamento de sistema aproveitamento de água de chuva..................48 Figura 5: Modelo de Calha horizontal cilíndrica...........................................................................49 Figura 6: Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de desvio horizontal.............50 Figura 7: Reservatório cilíndrico usado para armazenamento de águas pluviais..........................51 Figura 8: Bombas de sucção usada para bombear água dos reservatórios....................................52 Figura 9: Esquema de Coleta de água da chuva com reservatório de auto-limpeza.....................53 Figura 10: Sistema de coleta da água de chuva para uso externo.................................................54 Figura 11: Modelo de Decisão e Gestão Ambiental.....................................................................56 Figura 12: Lavatórios dos banheiros..............................................................................................96 Figura 13: Gramados/Jardim..........................................................................................................96 Figura 14: Vaso sanitário com caixa d’água alta............................................................................96 Figura 15: Vista Parcial do pomar..................................................................................................96 Figura 16: Refeitório......................................................................................................................97Figura 17: Pátio Interno/Campo.....................................................................................................97 Figura 18: Vista Parcial dos Prédios/pátio interno.........................................................................97 Figura 19: Vista Parcial dos prédios/gramado................................................................................97 Figura 20: Frente parcial do Ginásio de Esportes.........................................................................108 Figura 21: Vista Parcial Frente do Ginásio da Escola..................................................................108 12 12 Figura 22: Vista Parcial Lateral do Ginásio.................................................................................108 Figura 23: Gráfico da Precipitação Pluviométrica Média Mensal no Município de Ajuricaba......................................................................................................................................109 13 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Consumos e custos médios de água para os meses do ano de 2008 à 2010...................93 Tabela 2: Valores lidos no hidrômetro e consumos médios diários calculados.............................94 Tabela 3: Vazão dos aparelhos sanitários existentes......................................................................98 Tabela 4: Número total dos usuários por categorias, por sexo e amostras de entrevistas obtidas.............................................................................................................................................99 Tabela 5: Médias diárias de freqüência, de tempo de uso e de consumo de água per capita por aparelhos por alunos (as)..............................................................................................................100 Tabela 6: Médias diárias de freqüência, de tempo de uso e de consumo de água per capita por aparelhos por funcionários (as) ....................................................................................................101 Tabela 7: Médias diárias de freqüência, de tempo de uso e de consumo de água per capita por aparelhos por professores (as) .....................................................................................................101 Tabela 8: Freqüência de tempo e consumo médio de água per capita por aparelhos de uso individual......................................................................................................................................102 Tabela 9: Valores estimados de consumo diário total de água por aparelho de uso individual...102 Tabela 10: Consumo médio diário de água para limpeza, irrigação e lavação.............................104 Tabela 11: Consumo diário total de água nas atividades da cozinha do refeitório (torneiras das pias)..............................................................................................................................................104 Tabela 12: Consumo total diário de água por aparelhos e atividades..........................................105 Tabela 13: Consumo per capita específico por natureza.............................................................106 Tabela 14: Dados de entrada utilizados nos cálculos dos reservatórios de água pluvial..............111 Tabela 15: Volumes totais adotados para os reservatórios (inferior e superior) e potencial de economia de água potável.............................................................................................................112 Tabela 16: Resumo dos custos de implantação e operação do sistema........................................114 14 14 Tabela 17: Dados utilizados, resultados obtidos e período de retorno do investimento..............115 15 15 LISTA DE ANEXOS ANEXO A: Planta Baixa e de Localização do Ginásio de Esportes do Colégio.........................128 ANEXO B: Índices Pluviométricos do Município de Ajuricaba – Defesa Civil/RS...................129 ANEXO C: Relatório Resumo das Faturas e Medições do Colégio – CORSAN........................131 ANEXO D: Questionários utilizados nas entrevistas...................................................................134 ANEXO E: Dados de freqüência, de tempo de uso e de consumo de água por aparelhos para cada categoria de usuário......................................................................................................................137 16 16 INTRODUÇÃO A água é um recurso natural fundamental à sobrevivência de todas as espécies que habitam a terra. Apesar da sua reconhecida importância, a água doce está cada vez mais ameaçada, tanto em sua quantidade quanto em sua qualidade e o problema da escassez já é uma realidade. Em algumas regiões do mundo, suprir a demanda de água já está se tornando um problema em função do acelerado crescimento populacional, principalmente urbano. De acordo com relatórios da Organização das Nações Unidas, a atual população mundial é estimada em aproximadamente 6,5 bilhões de pessoas, tendendo a alcançar a marca de 9 bilhões em 2050 (ONU, 2006), sobrecarregando ainda mais os sistemas de abastecimento de água. Devido a este acentuado aumento da população mundial e, consequentemente, ao aumento do consumo de água potável; da má distribuição populacional em função das reservas hídricas; do desperdício de água potável resultante do mau uso, bem como, dos vazamentos nas instalações e da precariedade das redes de distribuição e abastecimento de água, tem contribuído para o maior consumo deste recurso. Diante deste contexto é preciso conscientizar as pessoas que o uso sustentável da água e a preservação dos recursos hídricos, é de suma importância hoje e também para as futuras gerações. A utilização dos recursos naturais, atualmente, atingiram um nível que impõe novas maneiras de pensar o futuro. Alegretti (2001, p.73) assinala: Em todo o mundo, os ecossistemas reguladores das águas e dos recursos hídricos estão sendo contaminados, drenados, canalizados, represados, desviados esgotados pelo mau 17 17 uso desses recurso essenciais à vida, gerando graves conseqüências sociais e ambientais. A exclusão hídrica atinge hoje metade da população mundial, afetando principalmente os países mais pobres. No Brasil, a situação se repete. Embora sejamos o país mais rico do mundo em reservas hídricas, com 17% da água doce disponível no planeta, cerca de 9 milhões de famílias brasileiras não tem acesso à água potável em suas casas, nem mesmo saneamento adequado. Desta forma, percebe-se a necessidade da utilização de novas técnicas de aproveitamento da água. Uma alternativa que visa suprir a demanda da população em relação ao uso de água para fins não potáveis é o aproveitamento de água da chuva, um recurso natural amplamente disponível na maioria das regiões do Brasil. Através de sistemas de captação da água pluvial é possível reduzir o consumo de água potável, minimizar alagamentos, enchentes, racionamentos de água e preservar o meio ambiente reduzindo a escassez dos recursos hídricos. (MARINOSKI, 2007). Portanto, para a implantação desses sistemas, são necessários estudos de viabilidade e estimativas, verificando o potencial de economia de água potável e determinando a relação entre o custo e o benefício. Deste modo, pretendeu-se neste trabalho, aliar educação ambiental com consciência ambiental no uso dos recursos hídricos, envolvendoalunos, professores, funcionários e comunidade, visto que a escola possui grande parcela de responsabilidade na educação ambiental de seus alunos, aliado ao fato de que, poucos estudos relacionados exclusivamente à implantação de sistemas de aproveitamento de água de chuvas em instituições de ensino, estão disponíveis na literatura nacional. O estudo apresenta, primeiramente, a contextualização, onde são apresentados a área de conhecimento contemplada, a caracterização da entidade, a problematização do Tema, o objetivo geral e específicos e a justificativa. Posteriormente a metodologia utilizada na realização do trabalho, seguida pela fundamentação teórica relativa a revisão bibliográfica dos temas relacionados ao estudo: Desenvolvimento Sustentável; Responsabilidade Social; Recursos Hídricos: conservação e reuso, aproveitamento de águas pluviais, Legislação Brasileira e os recursos hídricos; Gestão Ambiental; Contabilidade Ambiental; Avaliação Econômica de Projetos e Estudo de Caso. Na seqüência, o terceiro capítulo apresenta o estudo de caso, onde foi verificado o potencial de economia de água potável obtido através de um sistema de aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis. No capítulo quatro, estão apresentados os resultados obtidos. Posteriormente, o trabalho apresenta a conclusão, a bibliografia utilizada e os anexos. 18 18 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO Atualmente há uma grande preocupação da sociedade em relação à conservação dos recursos naturais. Dentre estes, a água é um dos mais preciosos, uma vez que é um bem essencial à vida de todos os seres vivos. A captação e aproveitamento da água não é um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo há anos. No entanto, a crescente demanda por água tem feito do reuso planejado um tema atual e importante. De acordo com Tomaz (2003) registros históricos indicam que a água da chuva já é utilizada pela humanidade há milhares de anos. Existem inúmeras cisternas escavadas em rochas, utilizadas para aproveitamento de água pluvial, que são anteriores a 3.000 a.C. em Israel, encontra-se um dos exemplos mais conhecidos, a famosa Fortaleza de Massada, com dez reservatórios escavados na rocha, tendo como capacidade total 40 milhões de litros. Durante a era Romana, foram construídos sistemas sofisticados para coleta e armazenagem de água de chuva. Acredita-se que os reservatórios de água de chuva encontrados na região do Parque Nacional Mesa Verde, nos Estados Unidos, foram construídos pelos Anasazis entre 750 a 1100 a.C. A Fortaleza de Massada está representada na figura à seguir: Figura 1: Fortaleza de Masada, Israel. Fonte: Bibleplaces (2009). 19 19 Em uma das inscrições mais antigas do mundo, a Pedra Moabita, encontrada no Oriente Médio, datada de 850 a.C., nela o Rei Mesha sugeria a construção de uma cisterna em cada casa para aproveitamento da água de chuva. No México, as inscrições mais antigas e tradicionais de coleta de água de chuva são datadas na época dos Astecas e dos Mayas. Onde existem cisternas ainda em uso, que datam de antes da chegada de Cristóvão Colombo à América. No Brasil, a instalação mais antiga que se tem notícia, foi construída pelos norte-americanos em 1943, na Ilha de Fernando de Noronha. Países industrializados, como o Japão e a Alemanha, estão seriamente empenhados no uso do sistema de aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis. Outros países como Estados Unidos, Austrália e Singapura também estão desenvolvendo pesquisas sobre esse sistema. Em 1992, iniciou-se um sistema de uso de água de chuva no aeroporto de Chagi, em Singapura. A chuva captada nas pistas de decolagem e aterrissagem é coletada e utilizada para descarga dos banheiros, evitando transtornos com enchentes nas pistas. Essa iniciativa abriu caminhos para novas áreas de pesquisa de aproveitamento de águas pluviais nesses países. (GROUP RAINDROPS, 2002). No Brasil, até bem pouco tempo atrás, existiam poucas experiências de aproveitamento de água pluvial. O Nordeste brasileiro foi o pioneiro na arte de captação de águas pluviais. Fatores como a falta de água nos açudes, lagoas e rios, que são temporários naquela região, levam parte da população nordestina a utilizar a água da chuva para suprir as necessidades de uso doméstico e das atividades na agricultura. Atualmente, já existe no País a Associação Brasileira de Manejo e Captação de Água de Chuva, que é responsável por divulgar estudos e pesquisas, reunir equipamentos, instrumentos e serviços sobre o assunto (ABCMAC, 2008). O presente trabalho tem por objetivo comprovar a importância do aproveitamento da água proveniente da chuva para fins não potáveis. Neste primeiro capítulo, são apresentados o tema indicado, a caracterização da organização, a problemática do tema em estudo, os objetivos, a justificativa e a metodologia da pesquisa. 20 20 1.1 Área de conhecimento contemplada A Contabilidade, desde seu surgimento, teve como função primordial o acompanhamento das atividades econômicas, no papel de mensuradora e relatora da situação patrimonial das empresas aos principais usuários das informações contábeis, administrativas, econômicas, sociais e ambientais, acompanhando sua evolução no decorrer do tempo. Com a evolução e diferenciação das necessidades dos usuários, surge uma nova área de atuação da Contabilidade: a Contabilidade Ambiental. A Contabilidade Ambiental pode ser entendida como a atividade de identificação de dados e registro de eventos ambientais, processamento e geração de informações que subsidiem o usuário servindo como parâmetro em suas tomadas de decisão (PAIVA, 2003). Neste contexto, o presente Trabalho de Conclusão de Curso, buscou mostrar a preocupação com assuntos como proteção dos recursos naturais, desenvolvimento sustentável, responsabilidade e educação ambiental, entre outros, que possam estar associado à Contabilidade e ao meio ambiente. 1.2 Caracterização da Entidade A Instituição de Ensino objeto de estudo do presente trabalho é o Colégio Estadual Comendador Soares de Barros, localizado na Linha 18 Norte, Zona Rural, na cidade de Ajuricaba/RS. A instituição foi criada em 1935 e funcionava em prédio cedido pela Prefeitura Municipal, no centro do município. Atualmente, atua em edificações próprias e oferece diversas modalidades de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional. Atende atualmente 504 alunos e conta com 61 professores e 14 funcionários, distribuídos nas áreas administrativas, de infra-estrutura e zeladoria. 21 21 A edificação, localizada em um terreno de 14.400 m², possui sete pavimentos, onde estão distribuídas 14 salas de aula, 12 sanitários, laboratórios de Informática e Biologia, biblioteca, auditório, cozinha com refeitório, setor administrativo (Direção, Coordenação, Secretaria, Sala dos Professores e sala de Recursos de Multimídia e Reprografia), Cantina, além de um Ginásio de Esportes, Campo de Futebol, Horta, Pomar, Bosque e floreiras espalhadas pelo pátio da Escola. O acesso aos prédios se dá através de passarelas cobertas e pavimentadas. A cobertura dos prédios são de telhas de amianto. Convém salientar, que a escola é a única no Município que oferece Ensino Médio e Educação Profissional, abrangendo, portanto, alunos das demais escolas urbanas e também do interior. A Filosofia da instituição baseia-se na afirmação que todo sujeito constrói o conhecimento a partir de sua interação com o meio, da sua atividade, dos estímulos que recebe, do levantamento e comprovação de hipóteses e na Educação como processo participativo de construção e apropriaçãodo conhecimento e de tecnologias para a transformação da sociedade; justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável, solidária e igualitária. 1.3 Problematização do Tema A superfície do Planeta Terra é coberta quase toda de água, mais precisamente, dois terços da superfície. Apesar dessa aparente abundância líquida, o mundo vive tempos de escassez de água. À despeito de alguns países terem nascido em meio à vastos suprimentos de água, e outros, sobre superfícies áridas, o total hídrico é suficiente para todos, considerando que a água é um recurso natural renovável: rios, lagos e lençóis subterrâneos são capazes de repor seus suprimentos. No entanto, é importante salientar que 97,5% da água do mundo é salina, e dos 2,5% de água doce, 1,75% está retido nas geleiras e calotas polares. A umidade do solo, o vapor e lençóis freáticos profundos retêm mais uma pequena fração, e sobra menos de 1% para a humanidade suprir suas necessidades. Parece pouco, mas esse total seria suficiente, se não houvesse desperdício e poluição, que acabam por alterar o ciclo hidrológico (TOMAZ, 2003). 22 22 O desmatamento de encostas de morros causa deslizamentos, erosão do solo, dificulta a absorção de umidade pelos lençóis subterrâneos e reduz o volume de água dos rios. Os esgotos poluem mananciais que poderiam ser aproveitados, e boa parte da população contrai doenças por beber água contaminada. O percurso da água na natureza não dá conta do consumo humano desenfreado, conseqüência da explosão populacional, o que resulta também, na necessidade de produzir mais alimentos e em maior quantidade. No Brasil, a agricultura é o setor que utiliza cerca da metade da água doce nacional disponível, as plantações são irrigadas e usam em sua maioria, métodos ultrapassados para regar as terras cultivadas e produzir comida. Apesar de as áreas rurais serem as que mais retiram água doce do ambiente, boa parte das cidades brasileiras, são responsáveis pelo desperdício, não apenas os usuários domésticos, mas as indústrias também tem sua parcela de responsabilidade, e setores como os de alimentos ou papel e celulose, que usam grandes quantidades de água, tudo isso, somados ainda, às precárias redes de distribuição e ao mau gerenciamento pelas Companhias de Saneamento Básico. Sendo que, nas grandes cidades, a poluição impede, muitas vezes, o uso da água dos rios locais para abastecimento. Ao longo das últimas décadas, diversas alternativas vem sendo propostas para solucionar o problema da falta de água, como os sistemas de aproveitamento de água da chuva, que após coletada, pode ser utilizada em descarga de vasos sanitários, torneiras de jardins, irrigação de hortas, lavagem de roupas e calçadas e de automóveis. O uso eficiente da água em todos os tipos de edificações está relacionado diretamente com o comportamento dos usuários quanto à utilização deste recurso finito. Em edificações públicas, como a escola em estudo, onde o usuário não é responsável diretamente pelo pagamento da conta de abastecimento de água, ocorre uma tendência de maior desperdício deste recurso. No entanto, as escolas atendem um grande número de pessoas, constituindo –se, assim, em excelente meio de divulgação dos benefícios de técnicas sustentáveis, como o aproveitamento de água pluvial. O Colégio Estadual Comendador Soares de Barros possui uma área total de 14.400m². Com áreas verdes, representadas por um pequeno bosque, horta, campo de futebol gramado, jardins, além do Ginásio de Esporte. 23 23 Para atender tais necessidades, o Colégio Comendador, consome em média 69,00m³ de água por mês, o que representa um gasto mensal médio de R$ 368,00 (CORSAN – janeiro /2008 à junho/2010). Conforme dados da Defesa Civil/RS (2009), o Município de Ajuricaba, possui uma pluviosidade média mensal de 169,00mm (janeiro/06 à junho/10). A região onde se situa a Escola é bem servida de chuvas, sendo que no verão o município tem uma maior concentração pluvial. Meses estes, que coincidem com o período de férias, quando então, a água coletada poderia estar sendo armazenada para a limpeza pesada (lavagens externas e internas de paredes, calçadas, etc) que ocorrem nesta época, em preparação para o início do ano letivo. O sistema proposto para a Escola, consiste praticamente, em aproveitar a área de telhados para a captação de água, que seria conduzida por meio de calhas e armazenada em cisterna, tendo em vista, que a escola possui uma privilegiada área de telhados que podem ser usadas para captação. A instalação de um Sistema de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva, tem como objetivos, trabalhar conceitos de sustentabilidade e consequentemente, de economizar gastos com água tratada para fins não potáveis. Desta forma, o presente estudo contribui na conscientização dos usuários da importância da água, do seu uso racional e conseqüentes benefícios econômicos, sociais e ambientais. Considerando este contexto, questiona-se: qual a viabilidade econômica da utilização de um sistema de coleta e aproveitamento da água de chuva em uma escola da rede pública de ensino? 1.4 Objetivos A água tem se tornado um recurso cada vez mais escasso, principalmente em regiões onde a disponibilidade é pequena. O aproveitamento da água da chuva surge como uma alternativa para minimizar esse problema e, portanto, deve ser avaliada. 24 24 1.4.1 Objetivo geral Este trabalho teve por objetivo analisar a viabilidade econômica/ambiental da implantação de um sistema de captação e aproveitamento da água da chuva para fins não potáveis no Colégio Comendador Soares de Barros – Ajuricaba/RS. 1.4.2 Objetivos específicos - Revisar a bibliografia; - Analisar a relação custo versus benefício da implantação de um sistema de coleta e aproveitamento de águas pluviais para fins não potáveis; - Estimar o volume de água de chuva que pode ser captada; - Estimar a média de consumo de água da Escola; - Analisar o retorno do investimento; - Contribuir com a conscientização da população da necessidade do reaproveitamento da água; 1.5 Justificativa A água é considerada o principal recurso natural, sendo indispensável para o desenvolvimento dos seres vivos e de inúmeras atividades humanas como: comerciais, industriais, agrícolas e culturais. Entretanto, com os recorrentes problemas de escassez devido às crescentes demandas e problemas de poluição dos mananciais, o desenvolvimento de ações e práticas alternativas destinadas a promover o adequado uso da água, se fazem urgentes. Entre elas, a mudança nos padrões de consumo e a conscientização da população para adoção de novas atitudes e comportamentos que evitam o desperdício e a contaminação da água, o desenvolvimento de tecnologias de produção mais limpas, a prática do reúso ou o reaproveitamento de águas residuárias e a captação da chuva para usos menos nobres. 25 25 Dentre estas práticas, o manejo e o aproveitamento da água de chuva para uso doméstico, industrial e agrícola está ganhando ênfase em várias partes do mundo, sendo considerado um meio simples e eficaz para se atenuar o grave problema ambiental da crescente escassez de água para consumo. A captação e o armazenamento da água da chuva, além de gerar economia hídrica e financeira, apresentam a vantagem de reduzir a probabilidade de enchentes, principalmente nos grandes centros urbanos, que possuem praticamente a totalidade de seus solos impermeabilizados por ruas, calçadas e edificações. A água da chuva também pode ser utilizada de várias formas: durante a lavagem de calçadas, automóveis, irrigação de hortas e jardins, descargas de aparelhos sanitários, etc. Com isso, ela é capaz de compensar deficiências,substituindo com vantagens a água oriunda dos sistemas públicos de abastecimentos (água tratada destinada à fins potáveis). Diante do exposto, surgiu o interesse pelo tema “ Aproveitamento de Água Pluvial”, por entender que um estudo nesta dimensão pode contribuir com a adoção de medidas capazes de levar a conservação dos recursos hídricos, e sobretudo, incentivar ações educativas de conscientização ambiental junto à comunidade escolar, enfatizando a importância do aproveitamento da água da chuva nas edificações escolares; pois além de não causar nenhum impacto ambiental, ainda gera considerável redução do consumo de água potável. As edificações escolares em geral, têm um grande potencial para a implantação de sistemas de aproveitamento de água pluvial, por apresentarem grandes áreas de telhados e outras coberturas (áreas de captação), contribuindo para coleta de maior volume de água da chuva. Além disso, as escolas atendem um grande número de pessoas, constituindo-se desta forma, excelente meio de divulgação dos benefícios de técnicas sustentáveis, proporcionando também que potenciais futuros usuários se familiarizem com tais sistemas. Considerando as afirmações já citadas, a realização do estudo a que se propõe este trabalho, na instituição Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), no curso de Ciências Contábeis, na área de Contabilidade Ambiental, trará contribuições para a Universidade, tendo em vista, o relevante papel desta no processo de transformação social, como formadora de conhecimento, além de reafirmar em seus programas, a responsabilidade ambiental, a sustentabilidade e a educação para o desenvolvimento sustentável. 26 26 Para os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis e demais usuários, o trabalho servirá de subsídio para fomentar outros trabalhos relacionados à área em questão ou suscitar novos projetos relacionados ao tema proposto, além de levar à reflexão quanto à necessidade da conservação da água e de que é preciso buscar medidas e soluções sustentáveis que venham contribuir com o uso racional da água. 1.6 Metodologia do Trabalho Este tópico aborda a forma como foi o desenvolvimento do trabalho, quanto à classificação da pesquisa, o plano de coleta de dados e o plano de análise e interpretação dos dados. Para este estudo, foi desenvolvida uma metodologia que compreende as seguintes etapas: levantamento de dados referentes ao consumo de água e valor, dados pluviométricos da região, determinação das áreas de cobertura para captação, dimensionamento do reservatório para aproveitamento da água pluvial e a análise econômica da viabilidade de implantação do sistema na instituição de ensino. 1.6.1 Classificação da Pesquisa Dentre as abordagens sugeridas no artigo 8º do Regulamento do Trabalho de Conclusão de Curso, o presente trabalho trata do Estudo de Caso e o Aprofundamento de Temas Específicos. Essa pesquisa consiste num trabalho prático elaborado em uma instituição de ensino e na análise da viabilidade econômica de um projeto. De acordo com Gil (1999) o estudo pode ser classificado quanto a natureza da pesquisa, a abordagem, os objetivos e os procedimentos técnicos. 27 27 1.6.1.1 Quanto à natureza Do ponto de vista de sua natureza, segundo Silva e Menezes (2000), a pesquisa pode ser classificada como Básica ou Aplicada. A pesquisa básica é aquela que objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista e envolve verdades e interesses universais. Já a pesquisa aplicada é aquela que objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos e envolve verdades e interesses locais. Esta pesquisa, caracteriza-se como aplicada, pois está relacionada a assunto específico de um estudo de caso, elaboração de um sistema de captação e aproveitamento de água pluvial, além da análise da viabilidade econômica do projeto. 1.6.1.2 Quanto à forma de abordagem do problema Conforme Silva e Menezes (2000), a pesquisa pode ser classificada como Pesquisa Quantitativa, que considera que tudo pode ser quantificável. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas. E a Pesquisa Qualitativa, que considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e sujeito, que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais da abordagem. 1.6.1.3 Quanto aos objetivos da pesquisa Do ponto de vista de seus objetivos, conforme Gil (2002), esta pesquisa é classificada como Exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema, torná-lo explícito, além do aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições (hipóteses). Abrange 28 28 levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas envolvidas com o problema pesquisado, análise de exemplos para compreensão e clareamento de conceitos. Vergara (2004) afirma que a pesquisa exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Já Lakatos e Markoni (1996), definem pesquisa exploratória como sendo aquelas investigações que tem por objetivo a formulação de questões ou de um problema com a finalidade de desenvolver hipóteses; aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa; modificar e clarear conceitos. 1.6.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, documental, levantamento e estudo de caso. Conforme Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos científicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. A pesquisa documental baseia-se em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Já a pesquisa do tipo levantamento caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Por outro lado, a pesquisa do tipo estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Este trabalho, quanto aos procedimentos técnicos, enfoca a existência de três grupos de delineamento da pesquisa em relação aos procedimentos adotados para a coleta de dados: a pesquisa bibliográfica , a pesquisa documental e o estudo de caso. O Estudo de Caso é um dos tipos de pesquisa que vem ganhando crescente aceitação na área da educação porque pode confrontar a situação específica de uma instituição ou sistema com outras já conhecidas ou com teorias existentes, além de ajudar a gerar novas questões para futura investigação ou na resolução de problemas propostos. 29 29 1.6.2 Plano de coleta de dados Nesta pesquisa, como plano de coleta para obter os dados necessários em cada etapa ou fase do projeto, foram utilizados como fontes: documentos internos, legislação, documentos e materiais publicados, pesquisas na Internet, levantamento de dados através de aplicação de questionários e entrevistas com funcionários, alunos e professores, coleta de contas de consumo, verificação de áreas de captação, estimativas da quantidade à ser captada, dados pluviométricos, entre outros, que se tornaram adequados aos propósitos deste estudo. A finalizaçãodo estudo aconteceu com a interpretação dos dados e a análise da viabilidade econômica da implantação de um sistema de captação e aproveitamento de água pluvial para uma instituição de ensino. Segundo Lakatos e Markoni (1996) o planejamento detalhado, testado e o rigoroso controle de aplicação dos instrumentos de pesquisa, evitará o desperdício de tempo, erros, defeitos que poderão comprometer a pesquisa. Em linhas gerais as técnicas de coleta de dados são: coleta documental; observação; entrevista; questionário; formulário; medidas de opinião e atitude; técnicas mercadológicas; testes; sociometria; análise de conteúdo e história de vida. 1.6.3 Plano de Análise e Interpretação de Dados A análise e a apresentação dos resultados da pesquisa visam analisar através da teoria e da prática, a viabilidade e o esclarecimento ao estudo proposto. O método de descrição e apresentação dos dados foi realizado através de análise das informações coletadas, cálculos, simulações, apresentação de gráficos e planilhas. Somente então, foi realizada uma análise conclusiva do presente trabalho e da viabilidade econômica do sistema de captação e aproveitamento da água da chuva para a instituição de ensino Colégio Comendador, principal objetivo desta pesquisa. 30 30 2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A elaboração da pesquisa bibliográfica serve para fundamentar a compreensão da área em estudo, evidenciar a forma como o assunto foi abordado e analisado em estudos anteriores e que embasaram a busca das variáveis e da solução do problema proposto. Foram analisados e conceituados temas como: Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social, A Água Doce no Mundo, Água e Desenvolvimento Sustentável, Ameaça da Escassez Hídrica, o Uso Racional e a Conservação da Água, o Reuso das Águas, Aproveitamento de Águas Pluviais, a Legislação Brasileira e os Recursos Hídricos, Gestão Ambiental, Contabilidade Ambiental e Analise da Viabilidade Econômico de Projeto, além de propor um sistema de captação e aproveitamento de águas pluvias em instituição de ensino. 2.1 Desenvolvimento Sustentável Houve um tempo em que se acreditava que os recursos naturais como a água e o ar eram infinitos e que a natureza seria capaz de absorver e limpar todo o lixo produzido. A possibilidade de esgotamento dos recursos naturais não preocupava a humanidade, e o crescimento econômico estava totalmente vinculado à setores produtivos altamente poluentes e destrutivos. Nas últimas décadas acumularam-se evidências de que o desenvolvimento econômico alcançado por alguns e perseguido por muitos países está causando efeitos devastadores sobre o meio ambiente e a grandes parcelas da população humana. De acordo com Torres (2003), o modelo de desenvolvimento da nossa sociedade industrial está se esgotando por não conhecer limites, porque ocorreu de forma desordenada, sem planejamento e às custas de níveis crescentes de poluição e degradação ambiental. Estes problemas começaram a causar impactos negativos significantes, num primeiro momento de forma localizada, mas que atualmente adquirem importância global, e cujos sintomas são percebidos na degradação dos recursos naturais, nas disparidades sociais e na onda crescente dos conflitos pelo planeta. 31 31 A humanidade deve reconhecer que agredir o meio ambiente põe em perigo a sobrevivência de sua própria espécie; a existência da humanidade toda. Segundo Tinoco (2004) “podemos conceber um ecossistema sem o homem, não podemos encontrar o homem sem algum ecossistema.” Esse processo de interligação foi descrito no século passado numa carta atribuída a um chefe índio e enviada ao Presidente dos Estados Unidos que, de acordo com Dias (1993) apud Tinoco (2004, p.35), em sua obra. A Carta do Chefe Indígena Seatle, dizia: ... ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos...a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra...todas as coisa estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. O homem não tece a teia da vida; ele é apenas um fio. Tudo o que faz à teia, ele faz a si mesmo. A gravidade como se apresentam a depredação e a poluição, tem obrigado o desenvolvimento de tecnologias, políticas e regras de conduta específicas para a contenção do processo de degradação ambiental. Nesse contexto, surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável, introduzido pelo Relatório “ Nosso Futuro Comum”, preparado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, publicado em 1987. O Desenvolvimento Sustentável é “ quando provê as necessidades da geração atual sem comprometer a habilidade de que as futuras gerações possam prover as suas ” (SALATI e LEMOS, 2006, p. 37). Em resumo, o Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento economicamente viável, ambientalmente adequado e socialmente justo para toda a humanidade. No entanto, isto não significa interromper o crescimento econômico, mas de eleger um caminho que garanta o desenvolvimento integrado e participativo e que considere a valorização e o uso racional dos recursos naturais. O Desenvolvimento Sustentável sugere a necessidade de mudanças de paradigmas, desafio da mudança dos padrões de consumo atuais e produção, melhoria da qualidade de vida das pessoas, da redução do uso de matéria primas e produtos e do aumento da reutilização e da reciclagem. 32 32 Figura 2: As cinco dimensões da Sustentabilidade Fonte: Sachs apud Tinoco e Kraemer ( 2004, p.136) Conforme Tinoco e Kraemer (2004, p. 137), a sustentabilidade apresenta as seguintes dimensões: - A Sustentabilidade Social – que se entende como a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior eqüidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres. - A Sustentabilidade Econômica – que deve ser alcançada através do gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. - A Sustentabilidade Ecológica – que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem. - A Sustentabilidade Espacial – que deve ser dirigida para a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. - A Sustentabilidade Cultural – incluindo a procura por raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e área. De acordo com Cavalcanti (1995), o Desenvolvimento Sustentável tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidas como metas: 33 33 a) A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer, etc); b) A solidariedade para com as gerações futuras ( preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); c) A participação da população envolvida ( todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); d) A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc); e) A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicaçãoda miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como por exemplo os índios); f) A efetivação dos programas educativos. A partir do momento em que o centro das atenções torna-se a pessoa e não, o lucro, acredita-se que os primeiros passos estão sendo dados rumo à sustentabilidade ( CARVALHO, 2008). Portanto, para que uma transformação efetiva aconteça, é urgente a mudança do comportamento individual e a reformulação de nossa concepção de valores ambientais, neste contexto, a educação ganha destaque e se torna o meio modelador do comportamento sustentável perante a sociedade, além de ser a maneira mais direta e funcional de se atingir a participação da população. 2.2 Responsabilidade Social O grande desafio do Desenvolvimento Sustentado e da Responsabilidade Social é equilibrar as variáveis econômicas, sociais, éticas e ambientais em torno de um grande objetivo: a permanência da humanidade no planeta. 34 34 Uma representação desse conceito é a definição apresentada por Barbosa e Rabaça (2001, p. 25): A Responsabilidade Social nasce de um compromisso da organização com a sociedade, em que sua participação vai mais além do que apenas gerar empregos, impostos e lucros. O equilíbrio da empresa dentro do ecossistema social depende basicamente de uma atuação responsável ética em todas as frentes, em harmonia com o equilíbrio ecológico, com o crescimento econômico e com o desenvolvimento social. Em um aspecto mais amplo, pode-se dizer que o conceito de Responsabilidade Social veio sendo aprimorado através do tempo, como conseqüência das mudanças nas estruturas organizacionais. À medida que a empresa foi se vendo obrigada a repensar alguns de seus valores, no sentido de constituir mais que uma realidade econômica, foi sendo incorporada a sua filosofia um contexto social, dentro do qual se estabeleceram responsabilidades. Para Howard Bowen (apud VIEIRA, 2007, p. 28), considerado um dos pioneiros no debate acerca deste conceito, entende Responsabilidade Social, como: “ a obrigação da empresa adotar práticas, tomar decisões e acompanhar linhas de ações desejáveis segundo os objetivos e valores da sociedade.” Portanto, a empresa, ao passar por modificações no contexto social, e sendo ela cada vez mais chamada para participar como cidadã, da vida da comunidade em que está inserida, se vê obrigada a rever sua posição diante apenas da obtenção do lucro. Com relação aos públicos junto aos qual a empresa tem responsabilidade social, são considerados prioritários: os empregados, os acionistas, os fornecedores e distribuidores, os consumidores e a comunidade. Conforme Vieira (2007), a importância desse público para a empresa reside no fato de que a comunidade, ao congregar indivíduos que são também consumidores, fornecedores e empregados, detêm um grande poder de influência sobre a atividade empresarial. Se a organização for bem vista pela comunidade, poderá garantir, entre outras coisas, uma maior aceitação de seus produtos, bem como a obtenção de apoio para a implantação de suas políticas. Nesse contexto, o Instituto Ethos (2008), conceitua a Responsabilidade Social Empresarial como: 35 35 Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. O comportamento da sociedade e a forma de as entidades lidarem com a natureza tem sofrido alterações ao longo das últimas décadas, principalmente em decorrência da mudança de valores e de conhecimentos sobre o assunto. A busca da responsabilidade social tem as seguintes características: • É plural: Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia, ao governo, ao setor não governamental e ambiental e, por fim, às comunidades com que opera. Empresas só tem a ganhar na inclusão de novos parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo não apenas representa uma mudança de comportamento da empresa, mas também significa maior legitimidade social. • É distributiva. A responsabilidades social nos negócios é um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como consumidores, empresas também, são responsáveis por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos. • É Sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao meio ambiente e à sociedade, não só garantem a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais. • É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparências. Não mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas tomadas para a prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde sua performance é mais aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos prevêem que relatórios sócio-ambientais serão compulsórios num futuro próximo, (PORTAL RESPONSABILIDADE SOCIAL, 2008). A sociedade atual está reconhecendo a responsabilidade ambiental e social como importância permanente, consideradas fatores de avaliação e indicadores de preferência para 36 36 investidores e consumidores. No entanto, as enormes carências e desigualdades sociais existentes em nosso país dão á responsabilidades social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social e sejam construtores de uma sociedade melhor. Segundo Lopes de Sá (1999), pouco adianta, para fins humanos, que estejamos a apenas demonstrar que se investiu tanto ou quanto na solução de problemas ecológicos ou em interesses sociais, se não conhecemos, pela reflexão, as bases lógicas de uma interação entre célula social e os seus entornos, entre a empresa e o meio em que vive, entre a instituição e a sociedade. 2.3 A Água Doce no Mundo A água é um recurso finito e praticamente constante durante os últimos 500 milhões de anos. Do volume total de 1.386 milhões de Km³ de água na Terra, 97,5% é de água salgada e os 2,5% restantes são de água doce. (TOMAZ, 2001). Existe uma distribuição mundial em todos os países do potencial do volume de água doce anual disponível relativo ao número de habitantes fornecido em m³/hab./ano. A disponibilidade de água por país compreende todos os recursos de água doce, tanto superficiais como de água subterrânea e são chamadas também de disponibilidadesocial de água. De acordo com Tomaz (2001), convencionou-se que os países “muito pobres” com “escassez de água” seriam aqueles que teriam índices menores que 500m³/hab./ano. Estão classificados a Líbia, Arábia Saudita, Israel, Jordânia, Singapura entre outros. Os “pobres em águas” são aqueles que possuem índice de 500m³/hab/ano até 1.000m³/hab./ano, tais como o Egito, Quênia e Cabo Verde. As Nações Unidas definiram que os países com índices menores de 1.000m³/hab./ano estão com “estresse de água”. Os países com “abastecimento regular” possuem índice de 1.000m³/hab./ano à 2.000m³/hab./ano, entre eles estão o Paquistão, Ucrânia, Bélgica e Polônia. Os países seriam considerados “suficientes” quando o índice é de 2.000m³/hab./ano a 10.000m³/hab./ano e são Alemanha, França, México, Reino Unido, Japão, Itália e outros. Os países “rico em água” são aqueles que tem índice de 10.000m³/hab./ano a 37 37 100.000m³/hab./ano e são o Brasil, Austrália, Colômbia, Venezuela, Suécia, Argentina, Canadá e Albânia, entre outros. Os países “muito ricos em água” são a Guiana Francesa, a Islândia, o Gabão, o Suriname e a Sibéria (Rússia). Ainda de acordo com Tomaz (2001), o Brasil é considerado um país “rico em água” possuindo uma disponibilidade hídrica de 35.732m³/hab./ano. A maior disponibilidade hídrica do Brasil está em Roraima com 1.506.488m³/hab./ano e o estado de Pernambuco possui a menor disponibilidade hídrica: 1.270m³/hab./ano. No mundo, atualmente a disponibilidade hídrica está entre 6.000 à 7.000m³/hab./ano. A utilização dos recursos hídricos deve ser sustentável e administrada globalmente, com o objetivo de atender a sociedade agora e no futuro, mantendo a integridade ecológica, ambiental e hidrológica. Portanto, o desenvolvimento sustentável da água necessita de um compromisso no presente, para atender as nossas necessidades sem comprometer as futuras gerações. 2.3.1 A Água e o Desenvolvimento Sustentável O conceito do desenvolvimento sustentável, já discutido, prevê que os recursos naturais renováveis sejam utilizados de forma a não limitarem sua disponibilidade para as futuras gerações. Portanto, um dos maiores desafios a enfrentar no futuro, para alcançar o desenvolvimento sustentável será minimizar os efeitos da escassez de água e da poluição, bem como, controlar os excessos, evitando inundações. Entre os fatores que limitam o desenvolvimento sustentável, está a substância fundamental para os processos vitais: a água. A evidência está no próprio desenvolvimento da história, sendo que as principais civilizações que tiveram maior desenvolvimento prosperaram nos vales onde a disponibilidade de água era abundante e com características especiais. Assim, segundo Salati e Lemos (2006), o desenvolvimento da agricultura e da urbanização com conseqüências na estrutura social ao longo da história da humanidade está estreitamente ligado à oferta de recursos hídricos. Na Mesopotâmia, a disponibilidade de água dos Rios Tigre e Eufrates possibilitou o desenvolvimento de uma das mais antigas civilizações no ano de 4100 a. C. Ao longo do Rio 38 38 Nilo, a civilização egípcia também prosperou pela oferta de água, assim, no período de 4.100 a.C. para 100 d. C, a população aumentou de 350 mil para 5.200 mil habitantes. Na Bacia do México, a uma altitude de 2.240m acima do nível do mar, a população aumentou de 1.150 a. C. a 100 d. C. de 5 mil para 145 mil habitantes. Nas áreas mais baixas da atual Península de Yucatán, a civilização Maia prosperou, sendo que a população cresceu no período entre 1.000 a. C. a 300 d. C. de 161 mil a 1.020 mil habitantes. ( SALATI e LEMOS, 2006). No Brasil, também houve o estabelecimento das povoações que vieram a se transformar em grande cidades, em locais onde a oferta de água era abundante em qualidade e quantidade, inclusive como meio de transporte, como, a colonização pelas Bandeiras e colonização Amazônica. Hoje, a disponibilidade de água é ainda mais um recurso limitante, não apenas pela sua quantidade, mas especialmente pela sua qualidade. Onde, pela poluição hídrica, diminuiu-se a oferta de água para fins de uso urbano e industrial. 2.3.2 A Ameaça da Escassez Hídrica O viver em sociedade é que explica a nossa crise ambiental e, por decorrência, a das águas, um dos temas mais evidentes e dramáticos da atualidade. Vivemos hoje sob a perspectiva de uma crise mundial de abastecimento de água. O risco da redução da disponibilidade e da qualidade das águas para o consumo humano e para as atividades econômicas, já é uma realidade em muitos países. Segundo Martinez (2006), a elevação do uso doméstico, industrial e agrícola, a poluição e o aumento da população do planeta ( até a metade do século estima-se entre 2 bilhões e 3 bilhões a mais de pessoas no mundo) representam maior pressão sobre os recursos hídricos existentes. A Conferência Mundial sobre desenvolvimento sustentável, ocorrida em 2002, na cidade de Johannesburgo, na África do Sul, destacou a urgência de reverter o quadro de degradação dos recurso hídricos em todo o mundo. Várias campanhas elucidativas do problema hídrico foram estimuladas e iniciadas em todo o mundo. 39 39 O Brasil é considerado um país privilegiado, não apenas em recursos hídricos, mas também em diversidade biológica, regional e cultural, paisagens e ecossistemas, além de extenso litoral. Essa vantagem comparativa, em relação a outros países, está ameaçada pela degradação e pela má gestão nas políticas para o meio ambiente. Isso poderá resultar, entre outros prejuízos irreversíveis, em futura escassez no abastecimento de água, além de graves prejuízos na agricultura e a redução na produção de alimentos, migrações de populações afetadas pela falta de água, proliferações de doenças devido ao consumo de água imprópria, disputas pelo controle de mananciais, que poderão no futuro provocar conflitos, isto são, algumas das conseqüências apontadas pela maioria das previsões feitas acerca da escassez da água e a diminuição da sua disponibilidade, (MARTINEZ,2006). 2.3.3 O Uso Racional e a Conservação da Água Atualmente o uso racional da água está cada vez mais presente nos meios de comunicação buscando incentivar e conscientizar as pessoas da importância de não desperdiçar, mas, preservar este recurso vital á humanidade. Tomaz (2001), define o uso racional da água como um conjunto de atividades, medidas e incentivos que têm como principais objetivos: • Reduzir a demanda de água; • Melhorar os uso de água e reduzir as perdas e desperdícios da mesma; • Implantar práticas e tecnologias para economizar água; • Informar e conscientizar os usuários. Diversas ações são necessárias para a redução de água, como detecção e reparos de vazamentos, campanhas educativas, troca de equipamentos convencionais por equipamentos economizadores de água e estudos para aproveitamento de água pluvial e reúso de águas cinzas. As medidas para conservação da água para uso urbano (categorias: residenciais, comercias e industriais), de acordo com Tomaz (2001), podem ser convencionais ou não convencionais. As medidas convencionais para conservação da água incluem: correção de 40 40 vazamentos nos sistemas de distribuição de água e em residências mudanças nas tarifas, redução de pressão nas redes, reciclagem e reúso de água, leis sobre aparelhos sanitários e educação pública. Já as medidas não convencionais para conservação da água são: o uso de águas cinzas, uso da água de chuvas, vasos sanitários com câmara para compostagem (mais conhecidos nos EUA), dessalinização e aproveitamento de água de drenagem do subsolo em prédios de apartamentos, (TOMAZ, 2001). A conscientização e sensibilização dos usuários
Compartilhar