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LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE Professor Péricles Mendonça Considerações iniciais Fazendo um levantamento dos últimos 6 anos nas provas de carreiras policiais e levando em consideração que sua banca será o CESPE (baseado no último edital), tivemos um total de 7.000 questões, sendo que um pouco mais de 400 versam sobre direito penal. Dentre as questões de direito penal, as legislações extravagantes mais cobradas são Lei 11.343/06, Lei 10.826/03, Lei 9.455/97, Lei 4.898/65, Lei 8.072/90, ECA, Estatuto do Idoso, Lei 7.716/89, respectivamente. Lei n.º 5.553/1968 • O artigo 1° traz como conduta criminosa a retenção do documento de identificação pessoal. • A proibição inclui cópia autenticada do documento. EXCEÇÃO • Para a realização de determinado ato, for exigido a apresentação de documento de identificação, a pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5 (cinco) dias, os dados que interessarem devolvendo em seguida o documento ao seu exibidor. • Além desse prazo, somente por ordem judicial. • Deve observar o princípio da razoabilidade e proporcionalidade. ENTRADA EM ÓRGÃO PÚBLICO • Quando o documento de identidade for indispensável para a entrada de pessoa em órgãos públicos ou particulares, serão seus dados anotados no ato e devolvido o documento imediatamente ao interessado. CLASSIFICAÇÃO • Contravenção penal • Pena: prisão simples ou multa • Infração de menor potencial ofensivo • Competência dos Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95). Lei n.º 8.069/1990 Classificação Faixa etária Criança 0 a 12 anos incompletos Adolescente 12 a 18 anos incompletos Jovem adulto 18 a 21 anos Crianças e adolescentes não cometem crimes, mas sim atos infracionais. Temos uma presunção absoluta de que o menor de dezoito anos possui desenvolvimento mental incompleto, e por esse motivo será submetido à disciplina do ECA. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato. Súmula 711 do STF A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Medidas Protetivas • Serão aplicadas sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: • Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; • Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; • Em razão de sua conduta Essas medidas são também aplicáveis aquelas crianças que cometem atos infracionais Medidas Socioeducativas • Aplicadas quando verificada a prática de ato infracional. • Advertência; • Obrigação de reparar o dano; • Prestação de serviços à comunidade; • Liberdade assistida; • Inserção em regime de semiliberdade; • Internação em estabelecimento educacional; • Qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. Súmula 108 do STJ A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do Juiz. Medidas Protetivas Medidas Socioeducativas Podem ser aplicadas tanto à criança quando ao adolescente. Só podem ser aplicadas aos adolescentes, excepcionalmente aos jovens adultos. São aplicadas quando da prática de um ato infracional ou quando a criança e o adolescente estão em risco. Só serão aplicadas no cometimento de ato infracional. Rol exemplificativo de medidas Rol taxativo de medidas Natureza jurídica protetiva e pedagógica Natureza jurídica sancionatória e pedagógica Podem ser aplicadas pelo Juiz e pelo Conselho Tutelar (exceto as que exigem o contraditório e ampla defesa) Somente o juiz poderá aplicar essas medidas (Súmula 108 do STJ) Não priva o adolescente de sua liberdade Podem privar o adolescente de sua liberdade (Internação e Semiliberdade) Ao cometer um ato infracional, somente o adolescente poderá ser submetido a uma medida socioeducativa que prive a sua liberdade A criança não está sujeita a nenhuma medida que possa lhe privar de sua liberdade quando no cometimento de ato infracional Privar a liberdade do adolescente é a exceção! Para que ele seja submetido a essas medidas, ele deverá: • O adolescente poderá ser internado caso o ato infracional seja praticado mediante violência ou grave ameaça; • No caso da reiteração no cometimento de outras infrações graves; • Descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (internação sanção) Como o ECA não estipulou um número mínimo de atos infracionais para justificar a internação, o STJ entende que caberá ao magistrado analisar o caso concreto Internação provisória (antes da sentença): máximo de 45 dias Internação sanção: até 3 meses Internação: máximo de 3 anos Semiliberdade: máximo de 3 anos A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade Crimes previstos no ECA São crimes que tem as crianças e adolescentes como vítimas. Todos são de ação penal pública incondicionada. • Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; Crimes previstos no ECA • Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei; • Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente; Crimes previstos no ECA Privação da liberdade sem as formalidades legais Vítima é criança ou adolescente? O agente público responderá pelo delito previsto no art. 230 do ECA O agente público responderá pelo delito previsto no art. 3, “a”, da Lei 4.898/65. não sim Crimes previstos no ECA • Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada; • Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento; • Art. 233, foi revogado pela lei de tortura; Crimes previstos no ECA • Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão; • Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade; • Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei Crimes previstos no ECA • Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto • Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa • Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro; A competência para o julgamento deste crime é da Justiça Federal, por força do que está previsto no art. 109, V, da CF/88. Crimes previstos no ECA • Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícitoou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente; “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (válido para os artigos 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C, 241-D) Crimes previstos no ECA • Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente; • Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente; A competência para julgamento deste delito é da Justiça Federal. Crimes previstos no ECA • Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente • Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual • Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso Foi adotado o princípio da legalidade, e portanto, esse tipo penal só tem como sujeito passivo a criança. Crimes previstos no ECA • Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo; O artigo 16, inciso V da lei 10.826/03, derrogou a previsão trazida pelo artigo 242 do ECA. Porém, o Estatuto da Criança e do Adolescente como não afirma “arma de fogo, continua sendo aplicável quando se tratar de armas de outra natureza, que não seja de fogo. Crimes previstos no ECA • Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica; Se a substância estiver presente na portaria 344/98 da ANVISA, o agente responderá pela lei 11.343/06. Crimes previstos no ECA • Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida • Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual; A doutrina entende que foi revogado tacitamente pelo artigo 218-B do Código Penal Crimes previstos no ECA • Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la Caso o agente pratique além da corrupção, o delito propriamente dito (o roubo, por exemplo), responderá pelos dois crimes em concurso material. Súmula 500 do STJ A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. Lei n.º 10.741/2003 IDOSO Pessoa com sessenta anos ou mais de idade. Três estágios da idade • Sessenta anos, conforme o Estatuto, para a pessoa ser considerada idosa; • Sessenta e cinco anos, conforme a Constituição, para que tenha o benefício do transporte coletivo público gratuito; • Setenta anos, conforme o Código Penal, para o fim de cálculo da prescrição. Prioridades garantidas aos idosos Art. 3°, I atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população Art. 3°, II preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas Art. 3°, III destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso Prioridades garantidas aos idosos Art. 3°, IV viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações Art. 3°, V priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência Art. 3°, VI capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos Prioridades garantidas aos idosos Art. 3°, VII estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento Art. 3°, VIII garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais Art. 3°, IX prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda Prioridade especial Art. 3°, §2° Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos Art. 94 Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. Art. 94 • Crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 (dois) anos: infração de menor potencial ofensivo, aplica-se o rito e os benefícios da Lei n° 9.099/95; • Crimes cuja pena máxima ultrapasse os dois anos e não ultrapasse os 4 (quatro) anos, aplica-se somente o rito sumaríssimo da lei n° 9.099/95, conforme disposto no artigo 94 do Estatuto e firmado no entendimento do Supremo na ADI 3096/DF. • Crimes cuja pena máxima ultrapasse os quatro anos, não será aplicada a lei 9.099/95 muito menos seus benefícios. Todos os crimes previstos neste Estatuto são de Ação Penal Pública Incondicionada, e não serão aplicadas as imunidades absolutas (art. 181 do CP) e relativas (art. 182 do CP). Lei n.º 8.078/1990 Qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial. Qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, salvo as decorrentes de relações de caráter trabalhista. Pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza um produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se também a consumidor, a coletividade de pessoas que haja intervindo nas relações de consumo. PRODUTO SERVIÇO CONSUMIDOR Pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. É a estabelecida entre o consumidor e o fornecedor, tendo como objeto produtos ou serviços FORNECEDOR RELAÇÃO DE CONSUMO Previsão Legal Crime Características Art. 63 Omissão de dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos ou serviços Conduta omissiva do agente em não inserir dizeres ou sinais ostensivos a respeito na nocividade ou da periculosidade do produto. Crime próprio, de mera conduta, não admite tentativa por ser omissivo próprio. Art. 64 Omissão na comunicação da nocividade ou periculosidade de produtos O agente toma conhecimento da nocividade ou periculosidade do produto após o seu lançamento e se omite da obrigação de informar aos consumidores e as autoridades. Crime próprio, de mera conduta, não admite tentativa por ser omissivopróprio. Art. 65 Execução de serviço de alto grau de periculosidade Trata-se de um crime de perigo abstrato, crime próprio e admite tentativa. Previsão Legal Crime Características Art. 66 Propaganda enganosa O fornecedor deve trabalhar com transparência, de forma que o consumidor saiba o necessário a respeito do produto antes de adquiri- lo. É crime próprio e formal. Art. 67 Publicidade enganosa É necessário que o agente saiba que a publicidade é falsa ou abusiva, ou que deva saber disso. É crime próprio e formal Art. 68 Publicidade capaz de provocar comportamento perigoso Não é necessário que tenha efetivamente induzido algum consumidor a um comportamento perigoso, pois o próprio tipo penal diz que basta que a publicidade seja capaz de induzir. Crime próprio e formal. Previsão Legal Crime Características Art. 69 Omissão na organização de dados que embasam publicidade Esse tipo penal visa impor uma lisura no procedimento da propaganda, que deve utilizar dados confiáveis sobre aquilo que anuncia. Art. 70 Emprego de peças ou componentes de reposição usados sem o consentimento do consumidor Não configura o crime se o consumidor estiver ciente e tiver autorizado a utilização de peças usadas. Art. 71 Cobrança abusiva ou vexatória A premissa do delito é que o agente cobre a dívida de forma abusiva. É claro que a cobrança feita em juízo não se enquadra no tipo penal. Previsão Legal Crime Características Art. 72 Criação de óbice ao consumidor acerca de suas informações cadastrais O objetivo desse tipo penal, além de garantir a aplicação do art. 43, é punir o acúmulo de dados sobre o consumidor, principalmente os negativos, sem que ele tenha ciência do que está armazenado e poderá ser usado contra ele. Art. 73 Omissão na correção de dados cadastrais do consumidor Caso o consumidor encontre uma informação inexata em seu cadastro, ele poderá exigir a sua imediata correção, e a pessoa detentora do cadastro terá cinco dias úteis para comunicar a alteração aos eventuais interessados. Art. 74 Omissão na entrega do termo de garantia do consumidor A garantia contratual deve ser escrita e entregue no ato da compra, este seria o termo de garantia. Agravantes Genéricas Período I – Serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade Resultado II – Ocasionarem grave dano individual ou coletivo Modus Operandi III – Dissimular-se a natureza ilícita do procedimento Agente ativo IV – a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima. Agente passivo IV – b) em detrimento de operários, rurícolas, menor de dezoito anos, maior de sessenta ou pessoas portadoras de deficiência mental Objeto V – serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais. • Todos de Menor Potencial Ofensivo, portanto, regidos pela Lei 9.099; • Passíveis de suspensão condicional do processo; • De ação penal pública incondicionada; • Somente os artigos 63 e 66 admitem a modalidade culposa, os demais, somente na forma dolosa. Lei n.º 9.099/1995 Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Súmula 38 - STJ Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades. Podemos ter alguma infração de menor potencial ofensivo que não seja julgada pelo juizado especial? Sim! Nos casos em que ocorra conexão e continência com outro crime que arraste a competência para outro juízo. O que não pode ocorrer é privar o acusado dos institutos despenalizadores Critérios • Oralidade: Os procedimentos do juizado especial deverão ser preferencialmente praticados, oralmente, sendo os essenciais reduzidos a termo ou transcritos por algum outro meio. • Simplicidade: A ideia é a diminuição dos materiais juntados ao processo. Temos a substituição do Inquérito Policial pelo Termo Circunstanciado como exemplo desse critério. • Informalidade: Não existe a necessidade de se observar um processo formal e rigoroso, o importante é atingir a finalidade do ato processual. • Economia processual: Devemos buscar o maior número possível de atos processuais em um menor espaço de tempo e de maneira menos onerosa para o Estado e para as partes. • Celeridade: A ideia é atingir a prestação jurisdicional no menor tempo possível. Competência DOUTRINA COBRADO EM PROVAS A doutrina entende que foi adotada a teoria mista ou da ubiquidade, mas as provas costumam cobrar a letra da lei. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. Súmula 708 do STF É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro. Em regra, não teremos a instauração de um Inquérito Policial para a apuração dos fatos e sim um Termo Circunstanciado de Ocorrência, que é um procedimento bem mais simples do que o IP Transação Penal • Essa transação seria um acordo entre o MP ou querelante, e o autor do fato delituoso. Busca-se evitar a instauração do processo, fazendo com que o autor cumpra imediatamente uma pena restritiva de direitos ou multa. Este instituto não poderá ser aplicado para os casos de violência doméstica, conforme a súmula 536 do STJ. O artigo 76 em seu §2° trouxe alguns requisitos para a proposição da Transação Penal. Súmula Vinculante 35 A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. Suspensão condicional do processo Este benefício poderá ser concedido ao autor de um fato delituoso mesmo que ele não tenha praticado uma infração de menor potencial ofensivo. O legislador analisa, nesse caso, não a pena máxima não superior a dois anos, mas sim a pena mínima não superior a um ano. Súmula 243 do STJ O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. Súmula 723 do STF Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. Lei n.º 4.898/1965 Finalidade da lei Definição dos crimes de abuso de autoridade Regular o direito de representação Tríplice responsabilidade Autor do Fato Responsabilidade Civil Responsabilidade Administrativa Responsabilidade PenalConsidera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. A u to ri d ad e (a rt . 5 ° d a le i 4 .8 9 8 /6 5 ) Ocupam Cargo Emprego Função Pública De natureza Civil Militar Ainda que Transitoriamente Sem remuneração O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil Tríplice Responsabilização Autor do fato Responsabilidade Civil Responsabilidade Administrativa Responsabilidade Penal RéuInvestigado num PAD Requerido numa ação civil Tríplice Responsabilização Sanção Administrativa Advertência Repreensão Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens Destituição da função Demissão Demissão a bem do serviço público Tríplice Responsabilização Sanção Civil O valor do dano causado Caso não seja possível fixar esse valor, uma multa de quinhentos a dez mil cruzeiros Tríplice Responsabilização Sanção Penal Multa de cem a cinco mil cruzeiros Detenção por dez dias a seis meses Perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos Essa representação não é condição de procedibilidade, tem natureza de notitia criminis. A ação penal nos casos de abuso de autoridade é Ação Penal Pública Incondicionada. Os crimes de abuso de autoridade são infrações de menor potencial ofensivo, ou seja, são regulados pela lei 9.099/95. Súmula 172 do STJ Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. E se o fato deixar vestígios? Se o fato tiver deixado vestígios, a vítima poderá realizar a comprovação através de 2 testemunhas ou poderá requerer a perícia. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu. Se o MP não apresentar a denúncia no prazo previsto, será admitida a ação privada. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso. Lei n.º 11.343/2006 O conceito de droga e o rol das substâncias enquadradas pela lei 11.343/06 é retirado da portaria 344 da ANVISA. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso. A regra é que as drogas sejam proibidas em todo o território nacional Porte para uso Uso de drogas Penas do artigo 28 Advertência (o magistrado faz um esclarecimento sobre os malefícios do uso da droga) Prestação de serviços a comunidade (tem a preferência que esse serviço seja prestado em uma instituição que trabalhe com a prevenção do consumo de entorpecentes e se dará num prazo máximo de 5 meses ou 10 meses, em caso de reincidência) Medida socioeducativa (consiste no comparecimento a cursos ou programas educativos, não necessariamente voltados a temática das drogas; tem o mesmo prazo da medida anterior) A reincidência que trata o parágrafo 4°, conforme a doutrina, é específica, ou seja, deverá o autor ser reincidente na prática da conduta descrita no artigo 28 da lei. Reincidência Para ser considerado o “Tráfico privilegiado” o STJ entende que é necessário que todos os requisitos estejam presentes (de forma cumulativa) • Primariedade (a reincidência não precisa ser específica); • Bons antecedentes; • Não se dedicar às atividades criminosas; • Não integrar organização criminosa. Para a configuração da associação para o tráfico é necessário a estabilidade e permanência no vínculo associativo. A associação para o tráfico não é equiparado a hediondo. Hediondos • A maioria da doutrina entende que o tráfico de maquinário se equipara aos crimes hediondos • O financiamento para o tráfico é uma conduta equiparada a hediondo. O STJ entende que para configurar a transnacionalidade não é necessária a transposição da fronteira, inclusive firmando esse entendimento na Súmula 607 PRAZOS DO IP 30 dias se o indiciado estiver preso; 90 dias se o indiciado estiver solto; Os prazos podem ser duplicados. • Lei 13.840/2019 • Mudanças no SISNAD • Prevenção, tratamento, acolhimento e reinserção de usuários ou dependentes • Procedimento de destruição de drogas • Medidas assecuratórias • MP 885/2019 Lei n.º 9.455/1997 O que é tortura? O termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimento são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Convenção Internacional contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis O que não é tortura A mesma Convenção define que não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. Fundamentação Constitucional Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Tortura prova Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa (art. 1°, I, a). Tortura crime Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (art. 1°, I, b); O agente responde pela tortura e pelo crime praticado pela vítima (concurso material); Tortura discriminação Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, em razão de discriminação racial ou religiosa (art. 1°, I, c). Tortura castigo O agente submete alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (art. 1°, II). Crime próprio. Tortura do preso ou pessoa sujeita a medida de segurança O agente que submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultando de medida legal. Crime comum Tortura omissão Aqui a lei tratou de punir aquele que tinha o dever de evita-las ou apura-las; Não é crime hediondo. Qualificadoras Lesão corporal grave ou gravíssima e morte; Ações preterdolosas (dolo na tortura e culpa do resultado). Aumento de pena A pena aumenta de um sexto a um terço: Se cometido por agente público; Se cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; Se cometido mediante sequestro. Tentativa Não é possível na tortura omissão. Vedações O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Regime Inicial A lei prevê cumprimento inicial no regimento fechado, porém conforme o STF devem ser observadas as regras comuns do CP. A progressão se dá por 2/5 se primário e 3/5 se reincidente. Ação Penal Pública Incondicionada Lei n.º 10.826/2003 Arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa;ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; Artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais Acessório é o artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma Tipo de matéria que, quando iniciada, sofre decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão Os crimes previstos neste estatuto tutelam a incolumidade pública, e são crimes de perigo abstrato. Abolitio criminis temporária Armas de fogo de uso restrito e uso permitido Armas de fogo de uso permitido 2003 23/10/2005 31/12/2009 A Abolitio Criminis temporária se aplica somente aos casos de POSSE e não para porte. Em regra, as condutas previstas neste Estatuto são punidas a título de dolo, com exceção ao artigo 13 (omissão de cautela); Posse x Porte Posse consiste em manter a arma intra muros, ou seja, seria a situação de manter a arma de fogo no interior da residência ou do trabalho O porte é uma situação extra muros, fora da residência Os coquetéis molotovs são classificados como artefatos incendiários, portanto também se enquadram no artigo 16. O porte de granada configura o tipo penal do artigo 16, porém a granada de gás lacrimogênio e de pimenta não configura tal conduta, conforme o STJ; A lei 13.497/2017 trouxe para o rol dos crimes hediondos a conduta tipificada no artigo 16 da lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). Apreensão de diversas armas O STJ entende que se as armas forem do mesmo “tipo”, ou seja, se forem várias armas de uso permitido, ou várias de uso restrito, o agente responderá somente por um crime, sendo que a quantidade influenciará na aplicação da pena. Agora, o mesmo Tribunal entende que se forem armas de diferentes “categorias”, ou seja, algumas de uso permitido e outras de uso restrito, responderá o agente, em concurso formal pelos crimes referentes a sua conduta. Posse de munição O STF no julgamento do RHC 143.449/MS aplicou o princípio da insignificância para a posse munição. O relator, Ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que a posse de uma única munição desacompanhada da arma de fogo é incapaz de provocar qualquer lesão ao bem jurídico tutelado (incolumidade pública). Na mesma linha de entendimento, o STJ aplicou o princípio da insignificância na apreensão de munição sem arma de fogo. O relator, Ministro Nefi Cordeiro, afirmou que “no caso em tela, ainda que formalmente típica, a apreensão de oito munições na gaveta do quarto da recorrente não é capaz de lesionar ou mesmo ameaçar o bem jurídico tutelado, mormente porque ausente qualquer tipo de armamento capaz de deflagrar os projéteis encontrados em seu poder”. Lei n.º 9.605/1998 Meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas Áreas de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre É possível a aplicação do princípio da insignificância em matéria de direito ambiental. O atual entendimento do STJ e do STF é de que é possível a responsabilização penal de pessoa jurídica, por crime contra o meio ambiente, ainda que não haja responsabilização de pessoas físicas. As penas aplicáveis as pessoas jurídicas: • multa; • restritivas de direitos; • prestação de serviços à comunidade. As penas restritivas de direitos cominadas a pessoa jurídica não têm caráter substitutivo – e sim natureza originária. Nenhuma das penas aplicáveis às pessoas jurídicas (tais como sua suspensão, interdição ou proibição de contratar com o Poder Público) pode ser cominada de modo indefinido ou perpétuo Lei n.º 11.340/2006 A violência doméstica é contextualizada conforme o artigo 5° da lei. • No âmbito da unidade doméstica, com ou sem vínculo familiar; • No âmbito da família, compreendendo as pessoas por afinidade ou por vontade expressa; • Em qualquer relação íntima de afeto; • As relações pessoais, independem de orientação sexual. Súmula 600 do STJ “Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima”. Formas de Violência Física Qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da vítima. Psicológica Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da auto-estima, o agressor se utiliza da humilhação, isolamento, manipulação, perseguição e vigilância, etc. Sexual Qualquer conduta que constranja a vítima a presenciar, manter ou participar de uma relação sexual não desejada, utilizando de ameaças e intimidações. Patrimonial Qualquer conduta que configure a retenção, subtração, destruição total ou parcial de seus objetos, bens, valores. Moral Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Em seu atendimento em sede policial, é direito da ofendida um atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores previamente capacitados e preferencialmente do sexo feminino. • A inquirição da mulher em situação de violência deverá garantir a integridade física, psíquica e emocional da vítima; • Em nenhuma hipótese a mulher, seus familiares e testemunhas poderão ter contato com o suspeito ou pessoas relacionadas a ele; • Deve ser garantida a não revitimização da vítima, ou seja, devem ser evitadas sucessivas perguntas sobre o mesmo fato, bem como questionamentos da vida privada da depoente; • A inquirição deverá ser realizada num recinto especialmente projetado para esse finalidade; • Quando for o caso, a inquirição será intermediada por um profissional especializado; • O depoimento deve ser registrado em meio eletrônico ou magnético. A autoridade policial deverá tomar algumas medidas legais, ao tomar conhecimento da situação envolvendo violência doméstica. • Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; • Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; • Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; • Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; • Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nestaLei e os serviços disponíveis. • Remeter no prazo e quarenta e oito horas o expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão das medidas protetivas de urgência. No caso dos crimes que exijam a representação da vítima, esta não poderá ser retratada na delegacia, só será admitida a sua renúncia, em uma audiência especialmente designada para tal finalidade, perante o juiz, antes do recebimento da denúncia. Súmula 588 do STJ A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Medidas protetivas de urgência Primeiro aquelas que obrigam ao agressor • Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente; • Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; • Proibição de se aproximar da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando um limite mínimo de distância entre estes e o agressor; • Proibição de contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; • Proibição de frequentar determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; • Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; Prestação de alimentos provisionais ou provisórios Agora, as direcionadas a vítima • O juiz poderá encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa de proteção; • Após o afastamento do agressor, o juiz poderá determinar a recondução da vítima para o seu respectivo domicílio; • Determinar que ela se afaste do lar garantindo os seus direitos, como a guarda dos filhos, por exemplo; • Determinar a separação de corpos; • A restituição dos bens subtraídos pelo agressor; • Proibição temporária para a celebração de atos e contratos e compra e venda; • Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; • Prestação de uma caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos referentes à violência doméstica. Artigo 24-A Recentemente foi incluído na lei o artigo 24-A que define o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência, fique atento (a) ao fato de somente a autoridade judicial poder conceder finança! Lei 13.827/19 Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) Lei n.º 9.503/1997 Código de Trânsito Brasileiro (CTB) VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico). Homicídio culposo na direção de veículo • A conduta deverá ser culposa, portanto devemos observar os mesmos requisitos do Código Penal, quais sejam, a imprudência, negligencia ou imperícia; • Caso tenhamos a culpa exclusiva da vítima, não podemos imputar nenhum tipo de crime ao agente. Para que configure o tipo penal é necessário que o agente viole um dever objetivo de cuidado, se tivermos a culpa exclusiva da vítima é um sinal de que o condutor do veículo tomou todos os cuidados necessários; • O direito penal não admite a compensação de culpas, portanto se houver culpa recíproca o motorista responderá pelo crime. Lesão culposa na direção de veículo • Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor; • Aplicamos também o mesmo entendimento quanto a culpa exclusiva da vítima e da concorrência de culpa; • Se tivermos um crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor nas condições do artigo 291,§1°, deverá ser instaurado um inquérito policial para a investigação da infração penal. Omissão de socorro • Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública; • O sujeito ativo desse crime é o condutor do veículo envolvido no acidente; • Se o condutor do veículo não presta socorro, responde pelo art. 304 do CTB, se esse mesmo condutor não presta socorro num caso de lesão corporal ou homicídio culposo, responde pelo respectivo delito (art. 303 e 302) com o aumento da pena, e se um terceiro não presta socorro, responderá pelo artigo 135 do Código Penal Fuga do local do acidente • Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída; • O tipo penal exige um fim especial de agir, ou seja, a fuga deverá se dar para se furtar da responsabilidade civil ou penal que poderá ser atribuída ao agente. Embriaguez ao volante • Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência; • §2° do artigo 306 dispõe que a verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos. Violação da suspensão ou proibição imposta • Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código; Omissão na Entrega da Permissão ou Habilitação • Condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação; • Essa é mais uma norma para garantir efetividade dos atos da Administração Pública. Participação em competição não autorizada • Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada; • Para caracterizar o crime é necessário que: o A competição ocorra em via pública; o A competição não deve ter autorização das autoridades competentes; o A disputa deve provocar dano potencial a incolumidade pública ou privada Direção de Veículo Sem Permissão ou Habilitação • Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano; • Para a sua configuração é necessário que se tenha gerado perigo de dano Entrega de Veículo à Pessoa Não Habilitada • Permitir, confiar ou entregar adireção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança; • Esse tipo penal se configura com a conduta do agente de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não possa dirigir ou não tenha condições de dirigir por um dos motivos descritos no caput. Excesso de Velocidade • Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano; • Será considerado crime, trafegar em alta velocidade em determinados locais: o Proximidades de escolas; o Proximidades de hospitais; o Estações de embarque e desembarque de passageiros; o Logradouros estreitos; o Grande movimentação ou concentração de pessoas Fraude no Procedimento Apuratório • Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz; • O agente deve inovar artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com a finalidade de induzir a erro o agente policial, perito ou juiz. Suspensão ou proibição da habilitação ou permissão de dirigir • Essas penalidades podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa. • A duração dessas penalidades é de dois meses a cinco anos. • Conforme prevê o artigo 296, se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis Em qualquer fase da investigação ou da ação penal poderá ser suspensa a habilitação ou permissão para dirigir ou a proibição de sua emissão. Agradecimentos Muito obrigado! Bons estudos, Força e Honra! Professor Péricles Mendonça profpericlesrezende@gmail.com @vemserpolicial
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