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Documento não controlado - AN03FREV001 38 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE CURSO LICENCIAMENTO AMBIENTAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação Documento não controlado - AN03FREV001 39 CURSO DE CURSO LICENCIAMENTO AMBIENTAL MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. Documento não controlado - AN03FREV001 40 MÓDULO II 4 ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOS SUJEITOS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL As licenças ambientais não são exigidas para todos e quaisquer empreendimentos. A Resolução Conama 237/97 traz, em seu Anexo I, uma lista de atividades para as quais o licenciamento é essencial. Veja a lista a seguir: Extração e Tratamento de Minerais Pesquisa mineral com guia de utilização; Lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento; Lavra subterrânea com ou sem beneficiamento; Lavra garimpeira; Perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural. Indústria de Produtos Minerais não Metálicos Beneficiamento de minerais, não metálicos, não associados à extração; Fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos, tais como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros. Indústria Metalúrgica Fabricação de aço e de produtos siderúrgicos; Produção de fundidos de ferro e aço/forjados/arames/relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; Metalurgia dos metais não ferrosos, em formas primárias e secundárias, inclusive ouro; Produção de laminados/ligas/artefatos de metais não ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; Relaminação de metais não ferrosos, inclusive ligas; Produção de soldas e anodos; Documento não controlado - AN03FREV001 41 Metalurgia de metais preciosos; Metalurgia do pó, inclusive peças moldadas; Fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive; Galvanoplastia; Fabricação de artefatos de ferro/aço e de metais não ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; Têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfície; Indústria Mecânica; Fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com ou sem tratamento térmico e/ou de superfície. Indústria de Material Elétrico, Eletrônico e Comunicações Fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores; Fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para telecomunicação e informática; Fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos. Indústria de Material de Transporte Fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios; Fabricação e montagem de aeronaves; Fabricação e reparo de embarcação e estruturas flutuantes. Indústria de Madeira Serraria e desdobramento de madeira; Preservação de madeira; Fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada; Fabricação de estruturas de madeira e de móveis. Indústria de Papel e Celulose Fabricação de celulose e pasta mecânica; Fabricação de papel e papelão; Fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada. Documento não controlado - AN03FREV001 42 Indústria de Borracha Beneficiamento de borracha natural; Fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos; Fabricação de laminados e fios de borracha; Fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha, inclusive látex. Indústria de Couros e Peles Secagem a salga de couros e peles; Curtimento e outras preparações de couros e peles; Fabricação de artefatos diversos de couros e peles; Fabricação de cola animal. Indústria Química Produção de substâncias e fabricação de produtos químicos; Fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira; Fabricação de combustíveis não derivados de petróleo; Produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira; Fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos; Fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto, fósforo; De segurança e artigos pirotécnicos; Recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais; Fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos; Fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas; Fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, impermeabilizantes, solventes e secantes; Fabricação de fertilizantes e agroquímicos; Fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários; Fabricação de sabões, detergentes e velas; Documento não controlado - AN03FREV001 43 Fabricação de perfumarias e cosméticos; Produção de álcool etílico, metanol e similares. Indústria de Produtos de Matéria Plástica Fabricação de laminados plásticos; Fabricação de artefatos de material plástico; Indústria Têxtil, de Vestuários, Calçados e Artefatos de Tecidos; Beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos; Fabricação e acabamento de fios e tecidos; Tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigo diversos de tecidos; Fabricação de calçados e componentes para calçados. Indústria de Produtos Alimentares e Bebidas Beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares; Matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueados e derivados de origem animal; Fabricação de conservas; Preparação de pescados e fabricação de conservas de pescado; Preparação, beneficiamento e industrialização de leite e derivados; Fabricação e refinação do açúcar; Refino/preparação de óleo e gorduras vegetais; Produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação; Fabricação de fermentos e leveduras; Fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais; Fabricação de vinhos e vinagre; Fabricação de cervejas, chopes e maltes; Fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e gaseificação de águas minerais; Fabricação de bebidas alcoólicas. Indústria de Fumo Fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo. Documento não controlado - AN03FREV001 44 Indústrias Diversas Usinas de produção de concreto; Usinas de asfalto; Serviços de galvanoplastia. Obras Civis Rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos; Barragens e diques; Canais para drenagem; Retificação de curso de água; Abertura de barras, embocaduras e canais; Transposição de bacias hidrográficas; Outras obras de arte. Serviços de Utilidades Produção de energia termoelétrica; Transmissão de energia elétrica; Estações de tratamento de água; Interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário; Tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos); Tratamento/disposiçãode resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros; Tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas; Dragagem e derrocamentos em corpos d’água; Recuperação de áreas contaminadas ou degradadas. Transporte, Terminais e Depósitos Transporte de cargas perigosas; Transporte por dutos; Marinas, portos e aeroportos; Terminais de minérios, petróleo e derivados e produtos químicos; Depósitos de produtos químicos e produtos perigosos. Documento não controlado - AN03FREV001 45 Turismo Complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos. Atividades Diversas Parcelamento do solo; Distrito e polo industrial. Atividades Agropecuárias Projeto agrícola; Criação de animais; Projetos de assentamentos e de colonização. Uso de Recursos Naturais Silvicultura; Exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais; Atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre; Utilização do patrimônio genético natural; Manejo de recursos aquáticos vivos; Introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas; Uso da diversidade biológica pela biotecnologia. FONTE: Conama, 1997. 5 PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL O processo de licenciamento envolve várias etapas que vão desde o pedido até a aquisição das licenças ambientais, sendo que todo o processo de licenciamento ambiental é de responsabilidade do empreendedor, que deverá providenciar todos os documentos, relatórios e estudos exigidos pelo órgão licenciador competente. A primeira etapa deste processo é quando o empreendedor identifica a categoria em que as atividades do seu empreendimento se enquadram, qual o tipo de licença deve ser solicitado e para qual órgão licenciador (Figura 3). Documento não controlado - AN03FREV001 46 FIGURA 3 - PRIMEIRA ETAPA DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL FONTE: Firjan, 2004. A partir daí o empreendedor se dirige ao órgão ambiental licenciador, que definirá os documentos, relatórios e estudos ambientais necessários para a abertura do processo de licenciamento. Dentre os documentos exigidos está o cadastro técnico de atividades, que se trata de um formulário com os dados do projeto, que deverá ser preenchido pelo empreendedor. Juntamente com este cadastro serão exigidos outros documentos, como as plantas do projeto e o programa das atividades do empreendimento. Veja a seguir os documentos e estudos exigidos ao empreendedor, durante o procedimento do licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução 237/97: a) certidão da Prefeitura Municipal, declarando a viabilidade logística e a conformidade da atividade com a legislação de uso do solo e, quando necessário, a autorização de supressão de vegetação; b) outorga para o uso da água; c) os estudos ambientes exigidos pelo órgão licenciador deverão ser organizados pelo empreendedor, que deverá contratar uma equipe técnica habilitada nas diferentes áreas de abrangência dos impactos da atividade. Cada profissional da equipe deverá realizar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Para finalizar esta etapa o empreendedor deverá publicar o requerimento da licença ambiental em jornais de divulgação pública, de acordo com a Resolução Documento não controlado - AN03FREV001 47 CONAMA 006/86. Segundo esta resolução a publicação de pedido de licença deverá ser realizada nas três etapas: pedido, renovação e concessão (Figura 4). FIGURA 4 - ENQUADRAMENTO DO EMPREENDIMENTO NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL FONTE: Firjan, 2004. Na próxima etapa, o órgão ambiental fará a análise dos documentos, relatórios e estudos, realizando as vistorias técnicas, quando necessárias. Antes de concluir o parecer técnico, é realizada a audiência pública, conforme previsto na Resolução CONAMA 009/87. Durante a audiência pública representantes do Ministério Público e cidadãos poderão participar da avaliação do projeto pelo órgão ambiental e discutir suas opiniões a respeito. No entanto, o resultado final será decidido apenas pelo órgão ambiental. Em caso de resultados não satisfatórios na realização do EIA/RIMA, o artigo 10, § 2º, da Resolução 237/97, permite um novo pedido de complementação pelo órgão ambiental. Após esse processo, o órgão ambiental deverá emitir o parecer técnico sobre as decisões referentes ao projeto e sua viabilidade ambiental: “De acordo com o disposto na Lei 9605/98 (artigos 66 e 67), a omissão, afirmação falsa ou enganosa de informações referentes ao projeto de empreendimento utilizadas para o processo de concessão de licença, caberá a penalidades ao funcionário público, que estará sujeito à pena de reclusão ou detenção de um a três anos, e multa”. (SÁNCHEZ, 2006). Documento não controlado - AN03FREV001 48 Na última etapa a licença ambiental será concedida ou não, de acordo com o parecer do órgão ambiental, e os resultados deverão ser publicados pelo empreendedor em jornal de divulgação pública (Figura 5). FIGURA 5 - PROCEDIMENTO PARA AQUISIÇÃO DE LICENÇA AMBIENTAL PERANTE ÓRGÃO LICENCIADOR FONTE: modificado de Firjan, 2004. 5.1 DOCUMENTOS TÉCNICOS O processo de licenciamento ambiental de empreendimentos que utilizam recursos naturais, muitas vezes, é complexo e envolve a apresentação de uma série de documentos, relatórios e estudos. Lembre que tais documentos variam de acordo com o tipo de empreendimento e licença a ser concedida. Veja a seguir alguns dos documentos e relatórios exigidos: Documento não controlado - AN03FREV001 49 a) Memorial descritivo do projeto – exigido juntamente com a apresentação do projeto do empreendimento, para a emissão do parecer técnico pelo órgão licenciador; b) Avaliação ambiental inicial ou estudo preliminar – trata de uma análise preliminar sobre a viabilidade do projeto, exigido quando há dúvidas quanto aos impactos que o projeto potencialmente causará; c) Plano de fechamento – deve ser apresentado ao órgão licenciador para solicitar a desativação do empreendimento; d) Cadastros Técnicos: O IBAMA é o órgão responsável pelo gerenciamento do Cadastro Técnico Federal. O registro de Cadastro Técnico Federal é obrigatório a todas as pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à defesa ambiental, a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos. As empresas de reparação de veículos que prestam serviços de ar condicionado automotivo devem se cadastrar. O cadastramento é gratuito e só pode ser feito pela Internet, no site http://www.ibama.gov.br/. • Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental – “para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” (Lei 7.804/89, artigo 17, §1°). • Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais – “para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora” (Lei 7.804/89, artigo 17, §2°). Documento não controlado- AN03FREV001 50 e) Anotação de Responsabilidade Técnica – ART: A Anotação de Responsabilidade Técnica – ART foi criada pela Lei Federal 6.496, de 7 de dezembro de 1977, como resultado da mobilização da comunidade profissional da época. A ART identifica e estabelece os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de quaisquer serviços de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. A execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia está sujeita à Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), no Conselho Regional em cuja jurisdição for exercida a respectiva atividade. Todo o Conselho Regional disponibiliza um formulário de ART, bem como um manual para o seu preenchimento, que deverá ser realizado por cada profissional envolvido na execução do projeto. Veja em anexo a este módulo um formulário de ART do Conselho Regional de Biologia Região 3 (CRBio3). No entanto, para que o profissional possa atuar como responsável técnico em estudos de impacto ambiental é necessário que este esteja matriculado no respectivo Conselho Regional de sua área de atuação. f) Plano de Controle Ambiental (PCA) – Resolução CONAMA 009/90 e 010/90 – Trata-se da exigência de apresentação do Plano de Controle Ambiental (PCA) para a obtenção da Licença de Instalação (LI) de atividades de extração mineral das classes I a IX (Decreto-Lei 227/67), o qual conterá os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na fase da Licença Prévia (LP); g) Relatório de Controle Ambiental (RCA) – Resolução CONAMA 010/90 – Exige a apresentação do Relatório de Controle Ambiental (RCA) para a obtenção da Licença Prévia (LP), no caso de dispensa de EIA-RIMA (art. 3º, parágrafo único), para atividade de extração mineral da classe II (Decreto-Lei 227/67); h) Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRA) – NBR 1303, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – Fixa diretrizes para a elaboração Documento não controlado - AN03FREV001 51 e apresentação de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRA) pelas atividades de mineração (Figura 6). FIGURA 6 - PLANTAS PARA ÁREAS DEGRADADAS FONTE: Disponível em: <www.sintropia.org>. Acesso em: 16 mar. 2010. i) Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – é o estudo mais completo que pode ser exigido durante o licenciamento ambiental. Trata de uma análise completa sobre todos os aspectos (biológico, físico, químico e socioeconômico) que podem ser afetados pelos impactos do projeto. Este estudo é realizado por uma equipe multidisciplinar, formada por diversos profissionais, que serão contratados pelo empreendedor. De acordo com o art. 6º da Resolução Conama 237/97, o EIA deve ser composto obrigatoriamente por quatro seções: 1. Diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento: deve descrever e analisar as potencialidades dos meios físico, biológico e Documento não controlado - AN03FREV001 52 socioeconômico da área de influência do empreendimento, inferindo sobre a situação desses elementos antes e depois da implantação do projeto; 2. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas: contempla a previsão da magnitude e a interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes do empreendimento, discriminando os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e permanentes; o grau de reversibilidade desses impactos; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais; 3. Medidas mitigadoras dos impactos negativos: devem ter sua eficiência avaliada a partir da implementação dos programas ambientais previstos para serem implementados durante a vigência da LI; e 4. Programa de acompanhamento e monitoramento: deve abranger os impactos positivos e negativos, indicando os padrões de qualidade a serem adotados como parâmetros. j) Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – é o relatório que apresenta as conclusões do EIA. Este relatório servirá de base para a avaliação e parecer técnico do órgão ambiental e também para a discussão sobre o projeto durante a Audiência pública. Sendo assim, o RIMA deve ser redigido em linguagem acessível para ser compreendido por todo o público. O Rima deve conter, de acordo com os incisos I a VIII do art. 9º da Resolução Conama 01/86: I. Os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e sua compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II. A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias primas e mão de obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia e os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III. A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência do projeto; Documento não controlado - AN03FREV001 53 IV. A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e da operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V. A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas e a hipótese de sua não realização; VI. A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII. O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII. A recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). 5.2 GASTOS DO EMPREENDEDOR Todos os gastos relativos à concessão de licença serão custeados pelo empreendedor. Veja abaixo alguns gastos relativos ao licenciamento: 1. Contratação da elaboração dos estudos ambientais (EIA, Rima, etc.): Contratação, se necessário, de empresa de consultoria para interagir com o órgão ambiental (acompanhando a tramitação do processo de licenciamento), podendo ou não ser a mesma empresa que elaborou o EIA/Rima; Despesas relativas à realização de reuniões e/ou audiências públicas, caso necessárias; Despesas com publicações na imprensa de atos relacionados com o processo de licenciamento; Pagamento da compensação ambiental (de acordo a Resolução Conama 371/2006, em projetos que impliquem em impactos irreversíveis, o empreendedor deverá investir um valor igual ou Documento não controlado - AN03FREV001 54 superior a 0,5% do custo total previsto para a implantação do empreendimento na criação de uma unidade de conservação); Pagamento das taxas (emissão das licenças e da análise dos estudos e projetos) cobradas pelo órgão licenciador; Despesas relativas à implementação dos programas ambientais (medidas mitigadoras). Os valores despendidos para a elaboração dos estudos ambientais e a contratação de empresa especializada para interagir com o órgão ambiental variam de acordo com os fatores envolvidos, com o tamanho e a localização do empreendimento e com a magnitude dos seus impactos. 2. Taxas de emissão de licença ambiental: Valor da licença (relativo à emissão da licença) Custo da análise(valor que o órgão ambiental cobra pela análise dos estudos ambientais) Publicação das licenças Os custos relacionados com a análise do projeto envolvem: Registros, Autorizações, Licenças inclusive para supressão de vegetação em Áreas de Preservação Permanente e respectivas renovações. Veja abaixo a base de cálculo usada pelo IBAMA para estimar o valor das análises: Valor = { K + [ ( A x B x C) + ( D x A x E) ] } A - Nº de Técnicos envolvidos na análise. B - Nº de horas/homem necessárias para análise. C - Valor em Reais da hora/homem dos técnicos envolvidos na análise + total de obrigações sociais (OS) = 84,71% sobre o valor da hora/homem. D - Despesas com viagem. Documento não controlado - AN03FREV001 55 E - Nº de viagens necessárias. K - Despesas administrativas = 5% do somatório de (A x B x C) + (D x A x E). O valor de cada licença é fixo e relativo ao tipo de licença ambiental (LP, LI, LO), em função da categoria em que o empreendimento se enquadra (pequeno, médio e grande porte) e o potencial do impacto ambiental (pequeno, médio e alto) das atividades do empreendimento. Veja abaixo a tabela de valores do IBAMA. TABELA 1 - VALORES DO IBAMA RELATIVOS À EMISSÃO DE LICENÇA AMBIENTAL, DE ACORDO COM O TIPO DE EMPREENDIMENTO, IMPACTO AMBIENTAL E LICENÇA SOLICITADA EMPRESA DE PEQUENO PORTE (em Reais) Impacto Ambiental Pequeno Médio Alto Licença Prévia 2.000,00 4.000,00 8.000,00 Licença de Instalação 5.600,00 11.200,00 22.400,00 Licença de Operação 2.800,00 5.600,00 11.200,00 EMPRESA DE PORTE MÉDIO Impacto Ambiental Pequeno Médio Alto Licença Prévia 2.800,00 5.600,00 11.200,00 Licença de Instalação 7.800,00 15.600,00 31.200,00 Licença de Operação 3.600,00 7.800,00 15.600,00 EMPRESA DE GRANDE PORTE Impacto Ambiental Pequeno Médio Alto Licença Prévia 4.000,00 8.000,00 16.000,00 Licença de Instalação 11.200,00 22.400,00 44.800,00 Licença de Operação 5.600,00 11.200,00 22.400,00 FONTE: Disponível em: <www.ibama.gov.br>. Acesso em: 16 mar. 2010. Documento não controlado - AN03FREV001 56 Segundo Sánchez (2008), para a grande maioria dos processos de licenciamento os custos não ultrapassam 1% do valor total do empreendimento. 5.3 SOBRE OS PRAZOS DE ANÁLISE DAS LICENÇAS De acordo com a Resolução CONAMA 237/97, a análise das licenças ambientais pelo órgão licenciador não devem ultrapassar o prazo máximo de seis meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento. Em caso de o processo envolver a análise de EIA/RIMA e/ou audiência pública este prazo será de até 12 meses. Quando o órgão ambiental carecer de esclarecimentos ou mesmo de estudos complementares, a contagem do prazo de seis meses (ou 12 meses havendo EIA/RIMA e/ou audiência pública) será suspensa até que o empreendedor solucione as pendências, dentro do prazo máximo de quatro meses, a contar do recebimento da respectiva notificação. O não cumprimento deste prazo sujeitará o empreendedor ao arquivamento de seu pedido de licença. Todos esses prazos poderão ser prorrogados, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente. O número de licenças ambientais emitidas pelo IBAMA tem aumentado consideravelmente nos últimos anos (Figura 7). Documento não controlado - AN03FREV001 57 FIGURA 7 - NÚMERO DE LICENÇAS (LP, LO, LI, OUTRAS) EMITIDAS PELO IBAMA ENTRE 1998 E 2007 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 ano nú m er o de li ce nç as LP LO LI Outras Licenças FONTE: Disponível em: <www.ibama.gov.br>. Acesso em: 16 mar. 2010. No entanto, com o intuito de agilizar o processo de licenciamento e aceleração o desenvolvimento econômico do país, a qualidade da avaliação dos relatórios ambientais é ameaçada, como satirizado na charge abaixo. FIGURA 8 – LICENCIMENTO AMBIENTAL FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. Documento não controlado - AN03FREV001 58 5.4 MODIFICAÇÃO, SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DAS LICENÇAS A licença ambiental será vigente enquanto o empreendedor realizar todas as condicionantes impostas pelo órgão ambiental competente. No entanto, havendo qualquer violação ou inadequação destas condicionantes, o órgão competente poderá modificar, suspender ou cancelar a licença. De acordo com o art. 19 da Resolução Conama n. 237/97: “O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III - Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.” (Conama, 237/97). 6 RESPONSABILIDADE E PENALIDADES AO EMPREENDEDOR Projetos que envolvem o uso de recursos naturais devem ser conduzidos de acordo com uma série de recomendações vigentes na legislação ambiental. Dessa forma, o empreendedor terá responsabilidades a serem conduzidas ao longo do andamento do projeto e também responderá com penalidades às irregularidades realizadas. Documento não controlado - AN03FREV001 59 TABELA 2 - RESPONSABILIDADE E PENALIDADES AO EMPREENDEDOR RE Tipo de Responsabilidade Característica Penalidade para o empresário Subjetiva Independe da culpa Em caso de acidente a empresa será obrigada, independentemente da existência de culpa, a reparar os danos causados ao meio ambiente. Aplica-se, preferencialmente à esfera cível. Objetiva Depende de existência de culpa ou dolo. A culpa é caracterizada por imperícia, imprudência ou negligência. E o dolo se caracteriza pela intenção. Em caso de acidente, a apuração de culpa será necessária para a responsabilização na esfera criminal. Solidária Será apurada a responsabilidade de todos os agentes envolvidos. É a responsabilidade na qual o poluidor e seus sucessores, bem como qualquer um que tenha contribuído para o dano, serão considerados responsáveis perante a lei. Nesse caso, os responsáveis responderão, individual ou conjuntamente pelo pagamento do total da indenização devida. FONTE: Modificado de Firjan, 2004. Veja abaixo as diferentes esferas de ação e as sanções aplicáveis às pessoas físicas e jurídicas em caso de danos ambientais, segundo as leis federais 6.938/81 e 9.605/98 (Figura 8). Documento não controlado - AN03FREV001 60 FIGURA 9 - DIFERENTES ESFERAS EM CASOS DE DANOS AO MEIO AMBIENTE FONTE: Modificado de FIRJAN, 2004. Como sabemos, quando houver o início das obras ou operação do empreendimento sem a licença ambiental competente, o empreendedor incorre em crime ambiental, conforme previsto no art. 60 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98). No entanto, para permitir a regularização de empreendimentos nesta Documento não controlado - AN03FREV001 61 situação, foi estabelecido pelo art. 79-A da Lei de Crimes Ambientais (introduzido pela MP 2.163-41, de 23 de agosto de 2001) o instrumento denominado Termo de Compromisso (Brasil, 2007). O Termo de Compromisso não tem a finalidade de aceitar o empreendimento irregular. Estedocumento permite que os empreendedores irregulares promovam as necessárias correções de suas atividades, mediante o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes. No caso de obras já iniciadas, o órgão ambiental, ao considerar o caso particular, levando em conta o cronograma da obra, os impactos ambientais e os necessários programas de controle ambiental, celebrará Termo de Compromisso com o empreendedor. Nesse caso, será emitida a licença de instalação, sem a necessidade de recorrer ao licenciamento prévio. Ao assinar o Termo, o órgão ambiental suspende a multa ao empreendedor, além das sanções administrativas. --------------------------FIM DO MÓDULO II------------------------------ Documento não controlado - AN03FREV001 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABSY, M. L.; ASSUNÇÃO, F. N. A.; FARIA, S. C. de. Avaliação de impacto ambiental: agentes sociais, procedimentos e ferramentas, coordenação e adaptação. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1995. 136 p. Disponível em: <www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/Disciplinas/SistemasAmb/AIA.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2008. BASTOS, A. C. S.; ALMEIDA, J. R. de. Licenciamento ambiental brasileiro no contexto da avaliação de impactos ambientais. In: CUNHA, S. B. da; GUERRA, A. J. T. Avaliação e perícia ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p. 77-113. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. Colaboração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 4ª Secretaria de Controle Externo. 2. ed. Brasília: TCU, 2007. 83 p. FIRJAN. Manual de Licenciamento ambiental: guia de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2004. 23 p. SÁNCHEZ, E. Avaliação de Impacto Ambiental: Conceito e Métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2006. 495 p. ----------------------FIM DO CURSO!----------------------
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