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PETIÇÃO 1 LOAS - ESTÁGIO III

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Aluna: Kenia Oliveira Matrícula: D11312 Turma: D9M 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE BELO HORIZONTE DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS.
 	
JONAS DA SILVA, Brasileiro, Casado, Catador de papel, CPF, Identidade, endereço, e-mail (sem e-mail), vêm respeitosamente perante a Vossa Excelência, por meio de seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa propor AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, contra o INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, autarquia federal, CNPJ, Rua, n°, Bairro, Cidade, UF, CEP, e-mail, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
DOS FATOS 
 O autor, no dia 10/01/2019 foi ao centro de Belo Horizonte e, ao atravessar a Avenida Paraná foi atropelado por um ônibus, evento que culminou na perda da visão de seu olho esquerdo e 95% da visão do olho direito, colocando-o na condição de deficiente visual, conforme atesta o laudo médico em anexo. 
 O autor é catador de papel e tem sua família composta por sete indivíduos, esposa e cinco filhos, cuja única renda é de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais), auferida pela esposa, que trabalha de doméstica. 
 No dia 09/04/2019 o autor requereu o benefício de prestação continuada LOAS, junto á agência do INSS, tendo o INSS indeferido sua pretensão sob o argumento de que o autor não se enquadra no conceito de deficiente regulado pelo art. 20, §2° da lei 8.742/93.
 Assim, não restou alternativa ao autor senão buscar a tutela jurisdicional para garantir o seu direito ao recebimento do benefício assistencial de prestação continuada, garantido na Constituição e Legislação Extravagante.
DO DIREITO
 A constituição federal, na parte que disciplina a Assistência Social, prevê o direito ao recebimento mensal de um salário mínimo ao idoso e ou deficiente de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que não tenha meios de prover sua própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Lei: 8.742/93
Art. 20.  O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
 Neste mesmo sentido, a Lei 8.742/93, Lei Orgânica de assistência Social, regulamentou o benefício de prestação continuada, disponibilizando ao idoso e o deficiente que não consiga se sustentar ou que sua família não consiga fazê-lo, fixando em 65 anos a idade do idoso, conceituando na lei a condição de deficiente, bem como a renda per capta em um quarto de salário mínimo, conforme Artigo 20, §§ 2º e 3º. 
 No caso em comento, o autor perdeu a visão do olho esquerdo e 95% da visão do olho direito, enquadrando-se no conceito de deficiente ditado pelo Art. 20,§2º, pois o seu impedimento de natureza física e sensorial retira a sua participação plena em condição de igualdade com os demais membros da sociedade, conforme evidenciado no laudo médico anexo. 
 Quanto ao fator econômico, renda per capta, o autor tem sua unidade familiar composta por sete indivíduos, cuja renda mensal é de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais), redunda numa renda per capita de R$ 142,57 (cento e quarenta e dois e cinquenta e sete centavos), estando, portanto, preenchidos os requisitos que autorizam a concessão do benefício assistencial de prestação continuada ao autor. 
Jurisprudência do TRF:
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS NECESSÁRIOS PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 
- O benefício assistencial está previsto no art. 203 da Constituição Federal, c.c. o art. 20 da Lei nº 8.742/93 e é devido à pessoa que preencher os requisitos legais necessários, quais sejam: 1) ser pessoa portadora de deficiência que a incapacite para o trabalho, ou idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, conforme o artigo 34, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.471/2003) e 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de seus familiares, cuja renda mensal per capita deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. - Proposta a ação em 22.02.2013, o autor, nascido em 06.05.1986, instrui a inicial com documentos. - Veio o estudo social, realizado em maio/2013, informando que o autor, analfabeto, reside com a mãe de 57 anos, a irmã de 30 anos e as sobrinhas de 10 e 03 anos de idade. O imóvel é alugado, composto por 05 cômodos, sendo dois quartos, sala, cozinha e um banheiro. O imóvel é de alvenaria, teto forrado com uma parte de PVC, outra de telha, paredes parcialmente pintadas, piso cimentado, possui água encanada e luz elétrica, condições de moradia bem precárias. Os móveis que guarnecem a residência são básicos e não estão em boas condições de conservação e uso. As despesas giram em torno de R$ 25,00 com água, R$ 45,00 com gás, R$ 400,00 com aluguel, R$ 350,00 com supermercado, R$ 110,00 com energia elétrica e R$ 200,00 com medicamentos. A renda familiar é composta por R$ 655,00 e R$ 675,00 recebidos pela genitora, por salário de empregada doméstica e a título de pensão por morte. Foram juntadas cópias da CTPS da genitora e recibo de aluguel. - Foram ouvidas testemunhas, confirmando que o autor é portador de deficiência visual e a família necessita de ajuda de terceiros para sua manutenção. - Foi realizada perícia médica atestando que o autor é portador de amaurose congênita de Leber, com baixa acuidade visual bilateral, desde a infância. Conclui pela incapacidade total e permanente, não só para as atividades laborais, como também para diversas atividades da vida diária. O periciando relata que aprendeu a ler e escrever em Braile, e que por diversas vezes tentou se inserir no mercado de trabalho, sem sucesso, tendo trabalhado apenas dois meses em telemarketing. Afirma que apresenta acuidade visual muito baixa, porém, consegue deambular sozinho, sem precisar de apoios, desde que em ambientes com baixa luminosidade. - O INSS juntou documento do CNIS, demonstrando a existência de vínculos empregatícios em nome do autor de 02.02.2011 a 15.03.2011 e de 01.02.2016 a 16.12.2016. Consta ainda que a mãe do autor recebe aposentadoria por idade, desde 25.08.2016 e pensão por morte desde 16.02.2006, no valor de um salário mínimo. A irmã do autor possui registro de vínculo empregatício de 04.06.1998 a 09.1999 e de 01.04.2017, sem indicativo de data de saída, sendo a remuneração referente ao mês de maio/2017, no valor de R$1.113,05. - Além da incapacidade, a hipossuficiência está comprovada, eis que o requerente não possui renda e os valores auferidos pela família são insuficientes para suprir as necessidades do requerente, que sobrevive com dificuldades, considerando, sobretudo, o gasto com aluguel e medicamentos. - A documentação apresentada pela Autarquia, revela que o autor teve poucos vínculos empregatícios, de curta duração, indicando a impossibilidade de auferir renda estável como produto do trabalho, que lhe garanta a sobrevivência, amoldando-se ao conceito de pessoa deficiente, nos termos do artigo 20, § 2º, da Lei n.º 8.742/93, com redação dada pela Lei n.º 12.435/2011. - A sentença deve ser mantida, para que seja concedido o benefício ao requerente, tendo comprovado se tratar de pessoa comdeficiência/incapacidade laborativa e a situação de miserabilidade, à luz das decisões referidas, em conjunto com os demais dispositivos da Constituição Federal de 1988, uma vez que não tem condições de manter seu próprio sustento nem de tê-lo provido por sua família. - Deve haver a revisão do benefício a cada dois anos, a fim de avaliar as condições que permitem a continuidade do benefício, em face da expressa previsão legal (art. 21, da Lei nº 8.742/93). - O termo inicial deve ser mantido na data da citação (05.07.2013), momento em que a Autarquia tomou conhecimento do pleito, podendo-se concluir, pelos elementos constantes dos autos, que naquele momento já estavam presentes os requisitos necessários à concessão do benefício. - Com relação aos índices de correção monetária e taxa de juros de mora, deve ser observado o julgamento proferido pelo C. Supremo Tribunal Federal na Repercussão Geral no Recurso Extraordinário nº 870.947, bem como o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal em vigor por ocasião da execução do julgado. - A Autarquia deverá proceder à compensação dos valores recebidos administrativamente ou em função da tutela antecipada, em razão do impedimento de cumulação. - Cuidando-se de prestação de natureza alimentar, presentes os pressupostos do art. 300 c.c. 497, do CPC, é possível a concessão da tutela de urgência. - Reexame não conhecido. - Apelo do INSS improvido. Mantida a tutela de urgência.
(TRF-3 - ApReeNec: 00136123420154039999 SP, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL TANIA MARANGONI, Data de Julgamento: 23/04/2018, OITAVA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:09/05/2018)
DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA. 
 O Art. 300 da Lei Processual Civil disciplina a possibilidade do magistrado deferir tutelas provisórias de urgência, antecipada ou cautelar, exigindo para tanto a demonstração no caso Sub judice da probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do direito. 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
 O autor é deficiente e se enquadra no conceito legal ditado pelo Art. 20 §2º da Lei 8742/93, pois perdeu a vista esquerda e 95% da direita conforme laudo médico anexo. Também a sua renda per capta é R$ 142,57 57 (cento e quarenta e dois e cinquenta e sete centavos), cumprindo a renda per capta de até um quarto do salário mínimo, cumprindo o requisito legal do §3º do Art. 20 da mesma legislação, demonstrada a probabilidade do direito. 
 Quanto ao perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, este está evidenciado do fato do autor ter uma renda mensal única de R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais), insuficiente para o custeio e manutenção básica e sua unidade familiar, composta por sete indivíduos, pagando aluguel, remédio, luz, água e se não deferido de pronto o benefício comprometera sua subsistência. 
 Portanto, presentes os requisitos que autorizam a concessão da tutela antecipada.
DOS PEDIDOS
 Diante do exposto requer a V. Exa.: 
Seja deferida a tutela antecipada initio litis, para determinar que o réu conceda o benefício assistencial de prestação continuada ao autor, sob pena de multa diária a ser fixada por V. Exa. Para o caso de descumprimento da ordem;
Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação, sob pena de revelia e confissão; 
Seja deferida a assistencial judiciária ao autor nos termos do Art. 98 do CPC;
Seja intimado o Ministério Público Federal para dar seu parecer ministerial;
Seja designada a audiência de conciliação;
Seja julgado procedente o pedido para condenar o réu a conceder ao autor o benefício assistencial de prestação continuada, desde o requerimento administrativo, 09/04/2019, acrescido de juros e correção, tornando definitiva a tutela antecipada porventura deferida;
Seja a ré condenada ao pagamento das custas e honorários advocatícios, caso o processo atinja a via recursal.
 Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas no direito. 
 Dá-se a à causa o valor de R$15.968,00 (quinze mil, novecentos e sessenta e oito reais).
 
 Nestes termos pede deferimento. 
Belo Horizonte, dia 12 de agosto de 2019.
Advogado 
OAB__/__
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