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ANÁLISE DAS 
DEMONSTRAÇÕES CONTABEIS. 
AULA 04 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelo Daniel Araujo Ermel
 
 
CONVERSA INICIAL 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Muitas vezes nos encontramos debatendo se uma empresa tem sua 
lucratividade baseado em Margem ou Giro, e assim, nesta aula, vamos introduzir 
os conceitos necessários para entender essa afirmação, ou seja, aprenderemos 
a calcular e interpretar os tipos de margem mais comumente referenciados no 
mercado, além de também conceituar e interpretar o conceito de giro. 
Ademais, para tomar decisões de investimento precisamos entender a 
rentabilidade do negócio, e assim, precisamos conceituar o que é rentabilidade, 
o que é a remuneração de cada grupo interessado na empresa (Credores, 
Acionista e Governo) como também o que é o capital investido por cada um. E 
assim, teremos os três índices de rentabilidade, ROA, ROE e ROIC. 
Por último, utilizaremos o conhecido modelo Du Pont para decompor a 
rentabilidade dos acionistas no grau de alavancagem financeira e na 
rentabilidade dos ativos, assim, podemos comparar e descobrir as fontes de 
aumentos ou diminuições na rentabilidade empresarial. Posteriormente, 
discutiremos a rentabilidade dos ativos decompondo em margem operacional e 
giro dos ativos, atribuindo assim mudanças na rentabilidade ou a obtenção de 
uma maior/menor margem ou a um giro maior/menor de ativos. 
 
TEMA 1 – Índices de Rentabilidade: Margem de Lucro e Giro do Ativo 
 Margens são indicadores de eficiências que tem como base dados da 
demonstração de resultado de exercício, assim, como habitue nas nossas aulas, 
vamos aprender por meio de exemplo. Considere a seguinte DRE da empresa 
ABC. 
DRE 
Receita líquida R$100.000,00 
Custo da Mercadoria Vendida R$60.000,00 
Lucro Bruto R$40.000,00 
Despesas Operacionais R$2.000,00 
Depreciação R$2.000,00 
Lucro Operacional (EBIT) R$36.000,00 
Despesas Financeiras R$4.000,00 
Lucro Antes dos Impostos R$32.000,00 
Impostos (34%) R$12.160,00 
Lucro Líquido R$19.840,00 
 
 
3 
 
 Primeiro, vamos conceituar margem bruta. Margem bruta é uma medida 
de eficiência em relação a custos, o seu cálculo consiste na divisão do lucro bruto 
pela receita líquida, e assim, para a companhia ABC, a sua margem bruta é: 
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
= (
40.000
100.000
) = 0,40 
 Dessa forma, a margem bruta da companhia ABC é de 40%, o que 
significa que a companhia consegue transformar somente 40% de sua receita 
em lucro bruto, e assim, após pagar os custos com mercadoria vendida (ou custo 
do serviço prestado em outras companhias) restam 40 centavos a cada 1 real de 
receita. Por essa razão é que dizemos no início da aula que margem são 
medidas de eficiência, afinal, se uma empresa do mesmo setor que a ABC 
consegue ter uma margem bruta de 50%, quer dizer que ela consegue 
transformar 50 centavos em lucro bruto a cada 1 real de receita, ou seja, tem 
uma menor despesa com os custos. Outra razão possível pode ser a prática de 
preços maiores aos clientes. 
 Outro tipo de margem comum na prática se refere a margem EBIT, vamos 
calcular para a companhia ABC. 
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐵𝐼𝑇 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝐸𝐵𝐼𝑇)
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
= (
36.000
100.000
) = 0,36 
E assim, com um Lucro Operacional, também conhecido como EBIT, de 
36.000 e uma receita líquida de 100.000, calculamos uma margem EBIT de 0,36 
para a companhia ABC. Isso quer dizer que após o pagamento de custos e 
despesas, a empresa ABC consegue reter 36 centavos a cada 1 real de receita 
líquida. Assim, como dito anteriormente, é necessário a comparação com 
empresas do mesmo setor. Além disso, calculamos a margem EBIT pois temos 
o objetivo de também saber como a eficiência de despesas também recai sobre 
o lucro. 
Considere que a concorrente da ABC - a mesma que possui uma margem 
bruta de 50% - possui uma margem EBIT de 0,32. O que podemos inferir? Ora, 
o pensamento mais racional é de que, como a concorrente tinha uma margem 
bruta maior, e agora possui uma margem EBIT menor, e a única diferença entre 
as duas são as despesas, fica claro que a concorrente possui um gerenciamento 
de suas despesas inferior ao gerenciamento da ABC, ou seja, apesar de menos 
eficiente nos custos, a ABC consegue transformar mais receita em lucro 
operacional devido a sua eficiência com as despesas. 
 
 
4 
 Além da margem bruta e EBIT, também podemos calcular o índice 
chamado de Margem Líquida, vamos calcular para a ABC utilizando a seguinte 
formula: 
 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
= (
19.840
100.000
) = 0,20 
 Como o lucro líquido da ABC foi de 19.840 no período, e a receita líquida 
foi de 100.000, nós temos uma margem líquida de 0,1984, entretanto, como a 
menor unidade da moeda são os centavos, fizemos o arredondamento para 0,20. 
 Primeiro, temos que ter em mente a seguinte coisa, a remuneração do 
acionista, caso seja ela paga por meio de dividendos, tem como base o lucro 
líquido, assim, é importante para o acionista saber que a companhia ABC 
consegue transformar cada 1 real de receita em 20 centavos para o acionista. 
Isso significa que após cobrir os custos, despesas, possível pagamento de juros 
e impostos, resta 20 centavos para o acionista para cada 1 real de receita líquida. 
 Tanto na margem bruta quanto na margem EBIT, fizemos um comparativo 
entre eficiências, caso uma empresa tivesse uma margem bruta menor e uma 
margem EBIT maior, isso se daria em razão de uma ineficiência nos custos 
compensada por uma eficiência nas despesas, todavia, diferenças entre a 
margem EBIT e a margem líquida se dão por duas razões, pagamento de juros 
e impostos, ambos impactam na margem líquida, e assim, diferença entre 
concorrentes pode se dar por uma alíquota de impostos menor – seja ela por 
subsídios ou um adequado planejamento tributário – ou também por uma 
alavancagem obtida por meio da contração de dívida, e assim, a razão deve ser 
estudada mais a fundo pelo analista. 
 Por último, é comum no mercado utilizarem uma medida de aproximação 
para os fluxos de caixa operacionais da firma (em casos que a firma não possui 
DFC, pois a DFC não é obrigatória para todas as companhias, não sendo assim 
elaborada por muitas pequenas e médias empresas), assim, somam a 
depreciação, pois esta não é uma saída de caixa - é apenas o reconhecimento 
contábil da passagem do imobilizado pela DRE – ao lucro operacional para obter 
o chamado EBITDA. Vamos calcular para a companhia ABC. 
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 = 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 + 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜 = 36.000 + 2.000 = 38.000 
 E assim, também é utilizado no mercado a margem EBITDA, calculada da 
seguinte forma: 
 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 =
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
= (
38.000
100.000
) = 0,38 
 
 
5 
 Com um EBITDA de 38.000 e a receita líquida de 100.000, obtemos uma 
margem EBITDA para a ABC, isso quer dizer que a cada 1 real de receita, a 
companhia consegue transformar 38 centavos em EBITDA. Caso você considere 
o EBITDA uma aproximação do fluxo de caixa operacional, isso quer dizer que 
a companhia transforma cada 1 real de receita, 38 centavos em fluxo de caixa. 
Entretanto, considerar o EBITDA uma aproximação para o fluxo de caixa 
operacional tem seus prós e contras. 
 Além das comparações entre empresas, a conclusão acerca de aumentos 
ou diminuições de margem dentro de uma mesma empresa em relação a 
períodos diferentes possui a mesma interpretação, por exemplo, se a empresa 
no ano de 2017 teve uma margem brutade 30% e no ano seguinte essa margem 
subiu para 35%, isso se deu em razão de um ganho de eficiência na gestão de 
custos, ou por um aumento no preço cobrado dos clientes. 
 Dessa forma, veja que todos os índices de margem, de eficiência, são 
aplicações da análise vertical a demonstração do resultado do exercício, 
tomando como base a receita líquida. Ressaltamos aqui que indicadores podem 
ser calculados de forma diferente e cabe ao analista, ao se encontrar com um 
indicador calculado por terceiro, buscar saber a fórmula que foi utilizada para 
entende-lo. 
 Outra medida comum de eficiência é o giro do ativo. O giro do ativo 
consiste em quanta receita a firma conseguiu obter no uso de seus ativos totais, 
lembrando que o conceito de ativo é tudo aquilo que é controlado pela empresa, 
resultados de eventos passados e a companhia espera obter benefícios 
econômicos futuros. Assim, o giro do ativo é calculado da seguinte forma: 
 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 =
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
 
 Considerando que a companhia ABC possuía um ativo total de 50.000 ao 
final do período, conseguimos calcular o Giro do Ativo utilizando a formula acima. 
 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 =
100.000
50.000
= 2 
 Dessa forma, é possível inferir que os ativos da companhia ABC “giraram” 
duas vezes no período, o que, falando de forma solta, quer dizer que a empresa 
ABC vendeu todos os seus ativos, comprou novamente, e vendeu novamente. 
Ou Seja, o ciclo de adquirir o ativo e transformar o ativo em lucro aconteceu duas 
vezes. Caso uma concorrente da ABC obtivesse um giro de 1.5, com uma 
mesma quantidade de ativos (50.000) significa que a firma obteve uma receita 
 
 
6 
de apenas 75.000, ou seja, uma vez e meia os ativos totais. Por essa razão, ao 
avaliar empresas no mesmo setor, ou a mesma empresa ao longo do tempo, 
quanto maior o giro, melhor. 
 Assim, com esses dois tipos de indicadores de eficiência somos capazes 
de concluir que o ideal seria a empresa obter lucratividade tanto na margem, 
quanto no giro, entretanto, sabemos que a realidade é diferente, e muitas vezes 
a companhia deve optar por giro ou margem. 
TEMA 2 – Índices de Rentabilidade: Retorno Sobre Investimento e Retorno 
sobre o PL 
 Para muitas coisas na análise empresarial é necessária uma medida de 
comparação, e para a rentabilidade não é diferente. Imagine a seguinte situação, 
um funcionário de um banco de investimento oferece para você um investimento 
que garante um retorno de R$ 2000,00. Você irá aceitar? Provavelmente sua 
resposta será que depende – e depende mesmo de vários fatores – o primeiro é 
qual o valor necessário para investir e garantir esse retorno? Qual o retorno de 
investimentos de risco parecido? Dessa forma, para analisar o retorno de uma 
companhia, primeiro precisamos definir investimento, e depois o que de fato é o 
retorno do investimento, para assim podermos comparar o investimento na 
empresa com investimento em ativos de risco similar. 
 Como fizemos em aulas anteriores, consideramos uma visão de que os 
ativos representam o investimento realizado pela empresa, assim, podemos 
considerar num primeiro momento o Total de Ativos como o investimento 
realizado pela companhia. Dessa forma, precisamos agora definir o retorno 
desse investimento. 
 Considere a seguinte DRE da companhia ABC: 
DRE 
Receita líquida R$100.000,00 
Custo da Mercadoria Vendida R$60.000,00 
Lucro Bruto R$40.000,00 
Despesas Operacionais R$2.000,00 
Depreciação R$2.000,00 
Lucro Operacional (EBIT) R$36.000,00 
Despesas Financeiras R$4.000,00 
Lucro Antes dos Impostos R$32.000,00 
Impostos (34%) R$12.160,00 
Lucro Líquido R$19.840,00 
 
 
 
7 
Primeiro vamos identificar padrões, a Receita líquida, o Custo da 
Mercadoria Vendida, as Despesas Operacionais, e a depreciação são todos 
fatores operacionais para a empresa atingir seu objetivo, certo? A partir do Lucro 
Operacional, EBIT, nós temos que a empresa pagou 4 mil de despesas 
financeiras, ou seja, os credores da empresa receberam 4 mil reais pelo 
empréstimo de dinheiro realizado para a companhia, na parte seguinte, o 
governo recebeu 12.160 por ter investido nas estruturas de uso geral para a 
empresa poder funcionar, certo? E por último, os acionistas que investiram o 
patrimônio líquido receberam 19.840. 
Assim, a primeira parte da DRE, até o Lucro Operacional, pode ser vista 
como a operação da companhia e a parte de baixo da DRE pode ser vista como 
de que forma foi distribuído o capital entre o grupo de interessados nos seus 
fluxos de caixa (Credores, Acionistas e Governo). 
Dessa forma, já que estamos considerando o Total de Ativos como valor 
investido na companhia, temos que pensar em qual desses valores é adequado 
para representar o retorno do investimento. Ora, sabemos que o Total do Ativo 
é igual ao patrimônio líquido somado ao passivo total, assim, temos que 
considerar os valores que remuneraram ambos o passivo total, quanto o 
patrimônio líquido. Sabemos que a remuneração do patrimônio líquido é o lucro 
líquido, assim, o acionista espera dividendos somente do que for residual após 
pagar todos os interessados e todos os custos. E também sabemos que o credor 
(seja ele banco, debenturista) quando investe na empresa, tem seu retorno 
assegurado em contrato por meio da aplicação da taxa cobrada prevista no 
contrato de dívida, e isso é reconhecido contabilmente como despesa financeira. 
Dessa forma, temos o nosso primeiro modo de medir retorno, somando o 
lucro líquido as despesas financeiras, pois o Ativo Total é financiado por ambos. 
Assim, Retorno sobre o Investimento é: 
 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
(𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝐸𝐵𝐼𝑇))
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
 
Ademais, caso a companhia ABC possuísse um ativo total de 50.000, ela 
proporcionou um retorno de: 
 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
(36.000)
50.0000
= 0,72 
 Ou seja, companhia ABC proporcionou um retorno naquele período de 
72% sobre o investimento. O retorno sobre Investimento também é comumente 
 
 
8 
chamado de ROA, do inglês, Return on Assets, ou adaptando para o português, 
Retorno sobre os Ativos. 
 Ainda sobre retornos, muitas vezes estamos interessados em computar 
somente o retorno para o acionista, e não para os investidores como um todo. 
Isto posto, sabemos que o valor investido pelo acionista é igual ao patrimônio 
líquido, e que a remuneração desse capital é o lucro líquido, caso a ABC tenha 
um patrimônio líquido de 45.000, o Retorno Sobre o PL é computado da seguinte 
forma: 
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑃𝐿 =
(19.840)
40.000
= 0,496 
 Isso significa que os acionistas obtiveram um retorno de 50% sobre o seu 
investimento na companhia. O retorno Sobre o PL também é chamado de ROE 
do inglês Return on Equity. 
 Alguns autores consideram o ativo total como denominador no cálculo do 
retorno para o acionista, entretanto, isso é incorreto pois já vimos que o Ativo 
Total é financiado tanto por meio do PL quanto por meio do passivo, e assim, ao 
considerar ativo total, o analista está subestimando o retorno para o acionista. 
 
TEMA 3 – Índices de Rentabilidade: Retorno Sobre o Capital Empregado 
 Um outro índice calculado para mensurar a rentabilidade leva em 
consideração algo importante, alguns passivos não são referentes a contratos 
de dívida, e sim são decorrentes naturais da operação empresarial, como os 
fornecedores, por exemplo. Dessa forma, como os fornecedores e tantos outros 
não são remunerados pelo seu investimento na empresa, iremos considerar 
como capital investido somente os passivos onerosos,ou seja, aqueles que 
geram juros. 
 Dessa forma, o capital investido é a soma entre passivo oneroso e 
patrimônio líquido. Como a empresa ABC possui 40.000 de Patrimônio Líquido, 
e considerando que ela tenha 3 mil em passivos operacionais (contas a pagar, 
fornecedores, salários, entre tantos outros), necessariamente o passivo oneroso 
é de 50.000-40.000-3.000 = 7.000. E assim, o Retorno Sobre o Capital 
Empregado é de: 
 
 
 
9 
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜
=
(𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 + 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠)
(Patrimônio Líquido + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑂𝑛𝑒𝑟𝑜𝑠𝑜)
=
(19.840 + 4.000)
(40.000 + 7.000)
= 0,507 
 Assim, o Retorno Sobre o Capital Empregado é de aproximadamente 
50%. O Retorno Sobre o Capital Empregado também é chamado de ROIC. 
 Uma reflexão necessária sobre os indicadores de liquidez se põe no fato 
de que ao utilizarmos para o cálculo o Lucro Operacional de 2018 e o Ativo Total 
de 2018, estamos subestimando o indicador, em vista que boa parte do Lucro 
Operacional do ano de 2018 já foi incorporado no Ativo Total de 2018 por meio 
do Caixa, Clientes, e etc. E assim, a base de ativos é maior do que a que foi no 
momento em que o lucro foi auferido. Assim, tenham em mente os períodos das 
contas que foram utilizadas para o cálculo, entretanto, esse ajuste geralmente 
retorna benefícios muito marginais a quem o pratica. 
TEMA 4 – Análise pelo método Du Pont e Termômetro de Insolvência 
O método Du Pont – que tem esse nome devido a sua criação pela 
companhia Du Pont – consiste em analisar analiticamente os indicadores de 
rentabilidade para identificar os motivos pelos quais a rentabilidade ficou maior 
ou menor. 
Por exemplo, vamos começar com o ROE (Retorno sobre o Patrimônio 
Líquido). Considerando a DRE e o Balanço Patrimonial da companhia ABC 
abaixo. 
DRE 
Receita líquida R$100.000,00 
Custo da Mercadoria Vendida R$60.000,00 
Lucro Bruto R$40.000,00 
Despesas Operacionais R$2.000,00 
Depreciação R$2.000,00 
Lucro Operacional (EBIT) R$36.000,00 
Despesas Financeiras R$4.000,00 
Lucro Antes dos Impostos R$32.000,00 
Impostos (34%) R$12.160,00 
Lucro Líquido R$19.840,00 
 
Balanço Patrimonial 
AC 10000 PC 3300 
Caixa 10000 Fornecedores 3000 
 Passivo Oneroso CP 300 
 
 
 
10 
ANC 40000 PNC 6700 
Imobilizado 40000 Passivo Oneroso 6700 
 PL 40000 
 
Total do Ativo 50000 P + PL 50000 
 
Assim, sabemos de tópicos anteriores que o ROE da ABC é de: 
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑃𝐿 =
(19.840)
40.000
= 0,496 
Contudo, o ROE é composto pela multiplicação entre o GAF (Grau de 
Alavancagem Financeira) e o ROA (Return on Assets) ou ROIC (Return over 
invested Capital). Por exemplo, utilizando a DRE acima, o GAF é calculado pela 
divisão entre o Lucro Líquido e o EBIT multiplicado pela divisão entre o Ativo 
Total e o Patrimônio líquido. Ou seja: 
𝐺𝐴𝐹 = (
𝐿𝐿
𝐸𝐵𝐼𝑇
) 𝑥(
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
) = 0,55 𝑥 1,25 = 0,688 
O GAF representa qual alavancada a empresa está, pois, a única coisa 
que influencia a diferença entre o EBIT e o Lucro antes do Imposto são as 
despesas financeiras. Dessa forma, GAF > 1 representa que a empresa está 
alavancada, GAF = 0 representa que a empresa não utilizou dívida ou ao menos 
não pagou juros no período e GAF < 1 representa que a empresa tem sucesso 
ao cobrar juros de seus clientes ou receber juros de suas aplicações financeiras. 
Assim, o ROE pode ser dividido entre 
𝑅𝑂𝐸 = 𝑅𝑂𝐴(𝑅𝑂𝐼𝐶)𝑥 𝐺𝐴𝐹 
Do tópico anterior sabemos que o ROA da ABC é de 0,72 ou 72%, com 
um GAF de 0,688, Assim, obtemos um ROE utilizando essa formula de: 
𝑅𝑂𝐸 = 0,72 ∗ 0,688 = 0,496% 
Que é exatamente o ROE encontrado pela divisão entre o Lucro Líquido 
e o Patrimônio Líquido. 
Assim, o gestor ou analista pode identificar quedas na rentabilidade do 
acionista devido a reduções no grau de alavancagem financeira ou reduções na 
rentabilidade dos ativos. Interessante dizer que a rentabilidade dos ativos 
também pode ser dividida entre o Giro do Ativo e a Margem Operacional. 
Assim, com um ROA de 0,72, uma margem operacional de 0,36 e um giro 
do ativo de 2. Temos um ROA de: 
 
𝑅𝑂𝐴 = 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 ∗ 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 = 0,36 ∗ 2 = 0,72 
 
 
11 
Que também é exatamente o encontrado no utilizando a divisão entre 
lucro operacional e ativo total. 
TEMA 5 – Mapa de Indicadores Du Pont 
. O mapa abaixo resume o que foi dito na seção anterior. 
 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
Alguns setores são conhecidos por trabalharem com menores margens e 
um maior giro, você consegue identificar alguns? 
 
NA PRÁTICA 
 Como dito no trocando ideias, alguns setores são conhecidos por uma 
maior margem enquanto outros são conhecidos por um maior giro, isto posto, 
 
 
12 
utilize as demonstrações contábeis da Lojas Renner S/A e do Magazine Luiza 
para verificar a fonte da rentabilidade dos acionistas e dos ativos de ambas a 
firmas. 
Solução: 
Utilizando os dados das demonstrações contábeis de ambas as companhias, 
vamos primeiro decompor o ROE em ROA e GAF. 
Começando com a Lojas Renner, para calcular o ROA precisamos de 
𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑅𝑂𝐴) =
(𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (𝐸𝐵𝐼𝑇))
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
 assim, o lucro 
operacional da Renner é de 1.087.238 para o ano de 2017. 
 
Com um ativo total de 7.547.658. Assim, o ROA da Renner para o Ano de 2017 
foi de 
1087238
7547658
= 0,14 ou 14%. 
 
 
13 
 
Já o GAF foi de 
𝐺𝐴𝐹 = (
𝐿𝐿
𝐸𝐵𝐼𝑇
) 𝑥 (
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
) =
732679
1087238
 𝑥
7.547.658
3.223.446
 = 1,57 
 
Assim, o ROE calculado pelo modelo DUPONT é de: 
𝑅𝑂𝐸 = 𝑅𝑂𝐴(𝑅𝑂𝐼𝐶)𝑥 𝐺𝐴𝐹 = 0,14 ∗ 1,57 = 0,22 
Que é exatamente igual ao ROE calculado pela divisão do Lucro líquido e do Patrimônio 
Líquido. 
𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑃𝐿 =
732679
3223446
= 0,22 
E assim, vamos agora decompor o ROA da Renner em Giro do Ativo e Margem Operacional. 
Utilizando a DRE, a Margem Operacional da Renner é de 
1087238
7444305
= 0,14605 e o Giro do 
Ativo é de 
7444305
7547658
= 0,9863, assim, o ROA pelo modelo Dupont é: 
𝑅𝑂𝐴 = 0,14605 ∗ 0,9863 = 0,14 
 
Já para a Magazine Luiza S.A, para calcular o ROA precisamos do lucro 
operacional. A demonstração do resultado do exercício abaixo mostra um lucro 
operacional de R$ 887.694, enquanto possui um ativo total de 7.419.513. 
 
Assim, o ROA é igual a: 
 𝑅𝑂𝐴 =
887694
7419513
= 0,1196 
Enquanto possui um GAF de: 
𝐺𝐴𝐹 = (
𝐿𝐿
𝐸𝐵𝐼𝑇
) 𝑥 (
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
) =
389022
887.694
 𝑥
7419513
2073977
 = 1,56 
 
Assim, o ROE calculado por meio do modelo Dupont é de: 
𝑅𝑂𝐸 = 𝐺𝐴𝐹 𝑥 𝑅𝑂𝐴 = 0,1196 ∗ 1,56 = 0,18 
Que é exatamente igual ao ROE calculado pela fórmula. 
 
 
14 
𝑅𝑂𝐸 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
=
389.022
2073977
= 0,1875 
Assim, ao decompor o ROA, temos: 
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =
887694
11984250
= 0,074 
E o Giro do Ativo de: 
 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 =
11984250
7419513
= 1,61 
E assim, um ROA de: 
𝑅𝑂𝐴 = 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑥 𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 = 0,074 ∗ 1,61 = 0,11 
 
 
 
 
15 
 
 
Assim, podemos inferir que o Retorno dos Ativos da Magazine Luiza advém 
principalmente do Giro dos Ativos, já que possui um giro de 1,61 contra um girodos ativos da Renner de 0,98. Enquanto a Margem da Renner é 
significativamente maior, de 0,14 contra 0,07 da Magazine Luiza. Quanto a 
alavancagem, ambas as firmas possuem GAF’s muito similares. 
 
FINALIZANDO 
 Prezados, nesta aula aprendemos medidas de eficiência no uso dos 
ativos como as margens, tanto a margem bruta, quanto a operacional e a líquida, 
para assim identificar onde empresas similares estão sendo eficientes ou 
ineficientes. Ademais, conseguimos decompor o Retorno sobre o PL (ROE) – 
que é basicamente o retorno dos acionistas – em sua alavancagem e o Retorno 
do Ativo, para assim, conseguir identificar de onde vem a lucratividade da 
companhia. Ainda assim, decompomos o Retorno do Ativo em Margem 
Operacional e Giro do Ativo, com o objetivo de entender o quase ditado de “ou 
se ganha na margem ou no giro” e exemplificamos isso analisando a Lojas 
Renner e a Magazine Luiza. 
 
REFERÊNCIAS

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