Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ISSN 2526-771X REVISTA ONLINE UNIVERSIDADE NILTON LINS ISSN 2526-771X ISSN 2526-771X ISSN 2526-771X Revista Biolins A Revista da Biolins é gratuita e exclusivamente on-line. Sua reprodução é permitida para fins não comercial. Periodicidade: Semestral Editor chefe Elizangela F. da Silva Co-editor Alinne C. C. Rezende ISSN: 2526-771X Contato biolins@outlook.com Universidade Nilton Lins, Av. Professor Nilton Lins, 3259. Parque das Laranjeiras - CEP: 69058-030, Manaus-AM Ilustração da capa: Gabriel Salles Masseli Comitê Editorial Andreia S. R. Machado Ellen C. M. Souza Projeto gráfico e Website Helton M. Rezende Volume (3)-1 3° edição 2018 APRESENTAÇÃO Caros leitores, a terceira edição da revista Biolins traz como objetivo difundir a produção científica da área de Ciências Biológicas. A publicação é composta por 13 artigos desenvolvidos e apresentados na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso da graduação de Ciências Biológicas da Universidade Nilton Lins do ano de 2017. Esperamos que os trabalhos publicados instiguem mais alunos da graduação a se dedicarem a pesquisa, formando profissionais multidisciplinares. Boa leitura! Equipe Editorial REVISTA ONLINE BIOLINS SUMÁRIO 1. ANÁLISE DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA PRÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS EM ESCOLAS DA REDE ESTADUAL EM MANAUS/AM. (Silva & Dutra, 2018)------------------------------------------------------------------------------------------------01 2. IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DE FUNGOS ANEMOFILOS PRESENTE NOS AMBIENTES INTERNOS DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL – MANAUS, AM. (Benevides & Maia, 2018)------------------------------------------------------------------------------------------------------------16 3. COMPOSTAGEM ORGÂNICA COMO GESTÃO DE RESÍDUOS DE PEIXES NA FEIRA DO MANOA, MANAUS-AM. (Lopes, Pedrosa & Nascimento, 2018)------------------------------------------27 4. ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DOS PRESERVATIVOS MASCULINOS DE LÁTEX NATURAL DE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. (Silva, Machado & Henrique, 2018)----------------------------------36 5. APLICAÇÕES E METODOLOGIAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL. (Silva, Silva & Machado, 2018)------------------------------------------------------------------------------------45 6. DINÂMICA NICTEMERAL DA QUALIDADE DE ÁGUA EM VIVEIRO DE CRIAÇÃO SEMIINTESIVA DE TAMBAQUI Colossoma macropomum (Cuvier, 1818). (Souza, Cruz & Nascimento, 2018)----------------------------------------------------------------------------------------------------54 7. O USO DA HORTA COMO ÁREA EXPERIMENTAL NO ENSINO DE BIOLOGIA. (Mendonça, Melo & Souza, 2018)-------------------------------------------------------------------------------------- -----------62 8. FERMENTADO ALCOÓLICO DE FARINHA DE TAPIOCA UTILIZANDO Aspergillus oryzae PARA SACARIFICAÇÃO DO AMIDO. (Macambira & Franco de Sá, 2018)----------------------------69 9. INFLUÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO NA RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE ARANHAS (ARACHNIDA) DE SOLO EM FRAGMENTOS FLORESTAIS EM MANAUS, AM. (Batalha, Barros & Almeida, 2018)----------------------------------------------------------------------------------------------------76 10. DESAFIOS E MÉTODOS PARA A EDUCAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS ENTRE PROFESSORES NA DIVISÃO DISTRITAL IV EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL. (Silva & Barros, 2018)-------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---84 11. OCORRÊNCIA DE MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE EIRUNEPÉ/AM. (Aquino, Machado & Fabiano, 2018)---------------------------------------------------------------------------------------------------------95 12. SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO DA HORTA ESCOLAR ADAPTADO PARA APLICAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE. (Ferraz, Bendaham & Andrade Junior, 2018)---------------105 13. ÁREAS RIPÁRIAS E NÃO-RIPÁRIAS COMO PREDITORAS NA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SERPENTES EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME NA REGIÃO DE MANAUS, AMAZONAS. (Masseli, Santos & Bruce ,2018)----------------------------------------------------------------------------------115 Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 1 ANÁLISE DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA PRÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS EM ESCOLAS DA REDE ESTADUAL EM MANAUS/AM Jemuel Araújo da Silva1; José Ricardo de Oliveira Dutra2 RESUMO: Esta pesquisa teve como objetivo, analisar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na prática do ensino dos professores de Ciências da rede estadual na cidade de Manaus, assim como averiguar as dificuldades que levam os professores a não fazerem uso das TICs em sala de aula. A metodologia foi de natureza quantitativa descritiva, no qual foram entrevistados 22 professores de 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental, aplicando-o um questionário contendo 23 questões fechadas, abordando aspectos como formação, diagnóstico dos espaços onde se empregam TICs (Laboratório de informática e sala multimídia) e a importância das TICs na prática docente. No que concerne a primeira abordagem, 95,5% dos entrevistados afirmaram ter realizado curso de informática básica. No entanto, a maioria dos professores durante sua formação acadêmica, não tiveram contato com disciplinas voltadas para o uso das TICs. Quanto ao uso de ferramentas, observamos que o computador e o projetor aparecem como as tecnologias mais utilizadas em sala de aula. Quanto aos recursos da internet, a maioria dos professores ainda se dedicam a utilizar caixas de e-mail e blogs. Em todos os itens analisados sobre importância das TICs, tanto na prática docente, como contribuição para a aprendizagem, como no dinamismo e facilitação, todos os docentes concordaram com os efeitos positivos dessas tecnologias na esfera educacional. Pudemos comprovar que a problemática em questão está muito claramente associada à falta de formação dos docentes, começando desde o período da graduação até a formação continuada. Palavras-Chave: acesso a informação; didática; docência; educação; ferramentas tecnológicas INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea vive uma era de intensa utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), e, sendo assim, não temos como desvincular nossa realidade dos seus intensos avanços. À medida que nos apropriamos dos diferentes recursos proporcionados por elas, transformamos de maneira radical nossos comportamentos e ações, nos aspectos, social, econômico e também cultural (CRUZ e BIZELLI, 2014). Os vários estudos arqueológicos, juntamente com os avanços teóricos em Ciências Biológicas e Humanas, sugerem que o encontro do homo sapiens com a tecnologia 1 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Nilton Lins. sdjemuel@hotmail.com 2 Professor, Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública, Universidade Federal de Juiz de Fora. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 2 aconteceram com o surgimento da capacidade de cooperação entre indivíduos não aparentados, associada às habilidades cognitivas herdadas dos ancestrais. Essa combinação proporcionou um processo de constantes evoluções tecnológicas e que, de certa forma, sempre surgiram como componente inovador e revolucionário (MAREAN, 2015). Segundo Bastos (1997), a tecnologia pode ser definida como uma forma deprodução da sociedade, que emprega todos os instrumentos dispostos, bem como teorias e invenções, sendo também um modo de organização e perpetuação das relações coletivas. A tecnologia, ao contrário do que se pensa, não é apenas concebida nos âmbito industrial; ela pode ser reinventada por diversos meios de aplicação. Paralelamente ao desenvolvimento da tecnologia, a evolução do pensamento humano gerou outro importante ramo do conhecimento, a ciência, que tem como característica a capacidade de lidar com fatos reais, partindo de um pressuposto no qual as hipóteses podem ser falseadas ou comprovadas mediante a experiência, e não pela razão. É uma forma de saber logicamente ordenada, formando um sistema de ideias conexas (LAKATOS e MARCONI, 2010). Conforme Miranda (2002), a tecnologia moderna é a fusão de ciência e técnica que ocorreu do século XVIII, a qual passou a produzir razão instrumental para servir ao poder político e econômico, sob o modo de produção do sistema capitalista. Esse desenvolvimento técnico-científico possibilitou novas invenções, provocando significativas mudanças na vida e na forma de produzir. A sociedade moderna vive perante a revolução tecnológica, em que se sobressai aquele que domina os conhecimentos e habilidades dessa realidade plural e complexa que estabelece novas compreensões de educação, influenciando a escola e as maneiras de promover o ensino (PINTO, 2004). Segundo Couto e Coelho (2013), nesse contexto que se encontra a educação, recebendo toda a influência advinda dessa sociedade tecnológica, está contido o aluno, nominado na literatura sobre o assunto como nativo digital. São crianças e jovens que nasceram cercados por tecnologias (computador, internet, televisor e smartphone) e que estão acostumados a usá-las para obter informações de forma muita rápida, preferindo as fontes digitais aos livros (PRENSKY, 2001). Outro sujeito que se encontra igualmente dentro dessa realidade educacional é o professor, cuja função é promover a intermediação dos novos conhecimentos produzidos na atualidade, articulado aos conhecimentos históricos acumulados, possibilitando ao aluno Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 3 desenvolver competências e habilidades que o conduzam na interpretação de suas experiências e aprendizagens na vida social (BULGRAEN, 2010). As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são a junção de tecnologias da informática com as tecnologias das telecomunicações, que, uma vez inseridas no contexto educacional, apresentam-se como possibilidades de melhoria e contribuição para aprendizagem dos alunos, além de possibilitarem o desenvolvimento de novos ambientes nos quais essa aprendizagem se torna possível (MIRANDA, 2007). Dentre os componentes curriculares que se destacam nesses ambientes de aprendizagem proporcionados pelas tecnologias educacionais, podemos apontar as ciências naturais, que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, têm como objetivo compreender o saber científico: os fenômenos físicos, químicos e biológicos, identificando suas relações com a tecnologia e modos de vida da sociedade. Ou seja, deste modo, o ensino de Ciências é um dos que mais ganham se bem articulado com esses instrumentais tecnológicos (BRASIL, 1998). A introdução das TICs no ensino de ciências naturais poderá trazer melhorias no processo de ensino-aprendizagem, pois, ao se apropriar desse tipo de conhecimento tecnológico, o professor estará apto a adentrar a cultura digital, da qual os alunos fazem parte, interagindo da melhor forma possível com uma linguagem conhecida no contexto dos nativos digitais. Dessa forma, o professor se aproxima do aluno social e culturalmente, dando maior fluidez ao processo educacional (PRENSKY, 2010 apud FEY, 2011). Quanto mais indivíduos o professor puder envolver nesse ciberespaço, mais simplificado será o processo de desenvolvimento das relações sociais de ensino e, consequentemente, a ampliação do número de atores que serão capazes de se apropriar das diversas informações proporcionadas por meio das TICs, permitindo que os mesmos modifiquem essas informações de acordo com sua cultura difundindo-as de uma nova maneira (LEVY, 1999). Apesar de as Tecnologias de Informação e Comunicação estarem presentes no dia a dia do professor, quando adentram ao contexto da sala de aula esbarram na dificuldade de adequação ao processo de ensino-aprendizagem, pois os equipamentos quando usados pelos alunos sem a condução adequada do professor se tornam meros aparelhos eletrônicos alheios ao comprometimento da aprendizagem dos conteúdos escolares (CHIOFI e OLIVEIRA, 2014). Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 4 Partindo do fato de que temos um novo perfil de aluno dentro da escola, um indivíduo totalmente inserido no mundo digital, e sabendo da resistência que há no ajustamento dessa nova realidade ao trabalho docente, este artigo vem ao encontro da necessidade de se detectarem essas dificuldades que levam os professores de ciências naturais do sistema público de ensino estadual a não aproveitarem todos os potenciais dos recursos tecnológicos disponibilizados dentro e fora da escola como possibilidades didáticas. Além disso, pretende-se contribuir com estudos mais aprofundados a respeito das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) no estado uma vez que a literatura sobre a temática encontra-se escassa. Diante do exposto, analisamos o uso das TICs na prática de ensino de Ciências da rede estadual em Manaus/AM. Verificamos a formação dos docentes para a utilização das TICs e o interesse dos mesmos no uso das ferramentas tecnológicas. MATERIAL E MÉTODO O presente estudo foi desenvolvido em escolas da rede estadual do Estado do Amazonas. A metodologia utilizada foi de natureza quantitativa descritiva, que, de acordo com o método proposto por Lakatos e Marconi (2010), é um tipo de pesquisa a qual permite, através de variadas técnicas (entrevistas, questionários e programas), descrever com rigor e precisão estatísticas determinadas características de uma população. Baseado nisso, foram visitadas nove escolas para aplicação de um questionário fechado para 22 professores de Ciências do 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental, nos meses de março e abril de 2017. A primeira parte do referido instrumento de coleta contemplou a formação do docente, sendo elaboradas perguntas voltadas aos cursos e treinamentos relacionados às TICs. A segunda parte consistiu em um diagnóstico da escola, por meio do qual foram analisados os aspectos estruturais e a existência ou não de equipamentos. A terceira e última parte abordou as questões voltadas para o conhecimento e uso das TICs no cotidiano dos professores de Ciências do Ensino Fundamental, visando a avaliar o nível de interesse e resistência na utilização desses recursos. Para a análise das variáveis que compõe o modelo analítico em questão, utilizou-se o programa Microsoft Excel 2010, e, posteriormente, os dados foram organizados em porcentagens, sendo representados na forma de tabelas e gráficos. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com intuito de esclarecer a hipótese levantada a respeito das dificuldades dos professores de Ciências da rede pública estadual em não aproveitar as ferramentas das Tecnologias de Informação e Comunicação na prática do ensino, percorremos alguns caminhos de investigação que nos conduzirão na compreensão desse fenômeno. Figura 1. Formação dos docentes de ciências,de escolas da rede estadual de Manaus (AM), em Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) O primeiro ponto analisado foi a formação do docente em TICs e o uso das mesmas no seu cotidiano. Segundo os dados fornecidos pelo questionário, 95,5% dos entrevistados afirmaram ter realizado algum curso de informática básica (pacote Windows, Word, Excel e PowerPoint). Além do curso básico, seis professores disseram ter realizado cursos de Word e Excel avançados, conforme o figura acima (figura 1). O fato de a grande maioria dos docentes demonstrar ter apenas um conhecimento básico de informática permite-nos fazer uma crítica contundente, logo de início, baseada nas palavras Miranda (2007). Observando a grande deficiência formativa nos cursos mais avançados, comprova-se o que a maior parte dos estudos afirma que a falta de proficiência dos recursos tecnológicos pelos professores está intimamente relacionada com a falta de formação dos mesmos. Estar restrito a uma formação básica inicial é nociva para o domínio das TICs na educação, pois o alcance dos seus saberes é limitado, tem uma duração de tempo curta, tornando-se, portanto, obsoleto à medida que esse tempo passa, sendo necessário que o professor busque atualização permanente, uma formação contínua que complemente esses saberes adquiridos durante toda a sua vida (OLIVEIRA et al., 2011). Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 6 Do universo pesquisado, com exceção de apenas um professor, todos os demais possuem computador, que inclui um notebook ou microcomputador. Verificamos, ainda, que 100% dos professores têm acesso à internet, havendo uma preponderância do acesso nas suas próprias residências e nas escolas onde estes atuam como docentes. Descrição Sempre Frequentemente Raramente Nunca Bater papo 0,00% 45,45% 31,82% 22,73% Buscar Informações 59,09% 27,27% 4,55% 9,09% Realizar Pesquisas 59,09% 31,82% 4,55% 4,55% Jogar 0,00% 0,00% 31,82% 68,18% Acessar sites de relacionamentos 4,55% 4,55% 22,73% 68,18% Acessar e-mail 54,55% 22,73% 22,73% 0,00% Tabela 1. Aplicação do uso da internet pelos professores de ciência da rede estadual de Manaus, AM Quanto à internet, observamos que a maioria a utiliza como ferramenta, sempre ou com certa frequência para buscar informações (de conteúdos jornalísticos, artísticos e culturais), realizar pesquisas acadêmicas e acessar suas caixas de e-mail (tabela 1). Percebe-se que, mesmo não havendo preocupação ou interesse com a atualização da formação em TICs, estes professores convivem e usam naturalmente os recursos da informática. As Tecnologias de Informação e Comunicação na atual sociedade não são mais percebidas como instrumentos de especialistas, como eram no passado, mas são aceitos como bens fundamentais dentro dos lares, sendo sua operação uma condição necessária para o domínio da cultura (PINTO, 2004). Logo, a resistência encontrada pelos professores não está associada ao uso das TICs, pois os mesmos sabem operá-las muito bem no dia a dia para resolver sues problemas; porém, está associada ao fato da exigência que a própria tecnologia traz ao professor, que é fazê-lo refletir profundamente sobre suas concepções e práticas de ensino. Esse caráter inovador intrínseco à tecnologia desafia os docentes, e poucos estão dispostos a alterar suas formas de ensinar, uma vez que tal atitude desprende esforço, perseverança e interesse (MIRANDA, 2007). Nesse quesito da formação em TICs no processo de formação acadêmica dos professores, a maioria (59,1%) responderam que não houve uma disciplina específica que abordasse tal assunto, fato esse que se justifica, já que as Diretrizes Curriculares para o Curso de Ciências Biológicas, homologada em 2001, não exigiu a obrigatoriedade pelas faculdades desse assunto no currículo dos Cursos de Ciências Biológicas. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas (BRASIL/MEC, 2001), os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas deverão Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 7 contemplar, além dos conteúdos próprios da Biologia, as áreas de Química, Física e Saúde, além da formação pedagógica, que considerará um panorama geral da educação e métodos formativos do estudante do Ensino Fundamental e Médio. Contudo, de 2001 até 2015 poucos cursos de Licenciatura na área de Ciências Biológicas incluíram nas suas matrizes tal itinerário. Através da Resolução 02/2015, o Ministério da Educação definiu novas diretrizes para os cursos de Licenciatura, passando então a exigir que as IES (Instituições de Ensino Superior) tenham disciplinas voltadas ao uso adequado das Tecnologias de Informação e Comunicação, no intuito de aperfeiçoar a prática docente e, ao mesmo tempo, proporcionar a ampliação da formação cultural tanto dos professores quanto de estudantes (BRASIL/MEC, 2015). A homologação dessa resolução, apesar de tardia, foi um grande avanço para a inserção das TICs nos conteúdos da graduação, uma vez que esse contato prematuro permitirá ao docente em formação ter domínio das ferramentas tecnológicas. Assim, no futuro, estará apto a oportunizar a aprendizagem que facilitará uso das TICs para que seus alunos aprendam a se comunicar (UNESCO, 2009). O segundo ponto desse artigo avaliou os espaços educacionais voltados para as Tecnologias de Informação e Comunicação TICs, tais como Laboratório de Informática e Sala Multimídia, sob o ponto de vista do professor, permitiu analisar tanto a questão da estrutura física das salas (Laboratório e Multimídia), quanto às condições dos equipamentos (computadores). As escolas, em sua maioria, apresentam condições adequadas em sua estrutura física. Poucos professores relataram algum tipo de inadequação, porém o fato mais intrigante é que, dentre as escolas investigadas, uma não possui laboratório de informática e sala de multimídia, um caso curioso por a mesma ser uma escola de tempo integral (tabela 2). Descrição Laboratório de Informática Sala Multimídia Adequado – atende as condições mínimas de uso 80,95% 80,00% Inadequado – defeito na instalação elétrica 0,00% 5,00% Inadequado – ambiente com umidade 0,00% 0,00% Inadequado – sem refrigeração (ar-condicionado) 9,52% 0,00% Inadequado – Móveis inapropriados e/ou com defeitos 9,52% 15,00% Tabela 2. Analise da estrutura física dos Laboratórios e salas Multimídia sob ponto de vista dos professores de ciência da rede estadual de Manaus, AM Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 8 Esse é um fator preocupante, pois com tanto investimento público, ainda existem escolas no estado que não possuem um espaço para acesso as TICs. Nesse sentido, nas palavras de Pretto (1999), em uma sociedade com altos índices de desigualdade social como o Brasil, a escola tem como obrigação criar uma nova função, que é a de promover o acesso da criança da classe trabalhadora, principalmente aquelas mais carentes, às novas tecnologias. Outro ponto negativo no cenário educacional brasileiro é que grande parte dos educadores que possuem acesso aos recursos digitais trabalha com alunos das classes de maior poder aquisitivo. Por outro lado, as escolas mantidas pelo estado, onde se encontram os alunos de baixa renda, os professores não possuem familiaridade com as novas tecnologias educativas e são muitas vezes hostis a elas (CRUZ e BIZELLI, 2014). Quanto ao quesito computadores, grande parte dos professores relatou que os equipamentos se encontram em condições mínimas para uso. Além disso, quanto às inadequações, houve reclamação de alguns professores em relação à pequenaquantidade de máquinas e a softwares desatualizados (figura 2). Figura 2. Analise das condições de uso dos equipamentos usados na TICs sob ponto de vista dos professores de ciência da rede estadual de Manaus, AM Há uma urgente necessidade de que a escola pública busque adequação, preocupando-se em equipar os ambientes com as novas tecnologias e, além disso, promover capacitação de seus professores, de maneira que os mesmos possam ter condições de usar essas ferramentas no cotidiano escolar. É inaceitável que o sistema educacional atual, detentor de tantos recursos, seja ineficiente no atendimento dessas condições (SUDÉRIO et al., 2014). Sabendo da importância das TIC´s na prática do ensino, o terceiro ponto desse artigo visou o comportamento do diante das TICs em sua prática de ensino. Os resultados a seguir nos ajudarão a detectar quais os possíveis impedimentos, inclusive os legais, que podem está Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 9 interferindo na recusa dos docentes, quando os mesmos se veem diante da possibilidade de utilizar as TICs no ambiente escolar (Tabela 3). Descrição Sempre Frequentemente Raramente Nunca Uso do computador para ministrar as aulas 18,2% 40,9% 27,3% 13,6% Uso do projetor 4,5% 50,0% 40,9% 4,5% Emprego se softwares educacionais 0% 36,4% 45,5% 18,2% Utilização de smartphones e tablets dos alunos para as atividades em sala 4,5% 27,3% 18,2% 50% Utilização de Televisor e DVD 0% 4,5% 63,6% 31,8% Tabela 3. Uso das TICs na prática do ensino de Ciências pelos professores de ciências da rede estadual de Manaus, AM. Nesse quesito, percebe-se que o computador e o projetor aparecem como as tecnologias mais utilizadas pelos professores em sala de aula; mesmo que não devam ser as únicas TICs a ser empregadas na prática docente, esses dois recursos são os mais acessíveis, sendo que todos os professores relataram a existência de projetores em boas condições. A utilização de recursos da tecnologia, seja qual for, leva à estimulação da aprendizagem, mostrando aos alunos formas diferenciadas de aprender, já que essas ferramentas estão presentes na realidade dos mesmos. Com o uso frequente das TICs em sala de aula, a interatividade entre professor e aluno aumenta significativamente (SUDÉRIO et al., 2014). Porém, o professor não pode se prender ao uso restrito de um ou dois recursos tecnológicos; ele precisa buscar a escolarização permanente (aqui retornamos o assunto da necessidade de aperfeiçoamentos contínuos), pois a sociedade produtiva na qual o educador está inserido exige entre outras coisas de seus profissionais elevada qualificação por meio de especializações técnicas e experiências tecnológicas. Essa busca por saberes mais avançados desperta a capacidade criadora e interesse do educador pelo o uso de novos recursos (OLIVEIRA, et al., 2011). Outra análise que merece atenção é sobre a baixa de utilização de smartphones e tablets dos alunos nas atividades em sala de aula. Hoje, no estado do Amazonas, de acordo com a Lei Estadual no 3.198 de 04 de dezembro de 2007, nos estabelecimentos de ensino público e particular é vetada a utilização de telefones celulares nos ambiente de sala de aula (AMAZONAS, 2007). Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 10 Contudo, nos últimos 10 anos, a tecnologia de telefonia celular se desenvolveu muito rapidamente, de modo que, hoje, os smartphones e tablets são dispositivos considerados microcomputadores, que, além de manterem seus aspectos básicos de comunicação por meio de ligações e mensagens de texto, possuem uma gama de aplicativos que podem ser empregados no âmbito de sala de aula, tendo alto valor pedagógico (SILVA, 2015). A revisão dessa legislação precisa passar por um minucioso estudo pelos legisladores, em face da importância que essa TIC carrega, sabendo que a manutenção dessa proibição interferir na metodologia do professor, o que é totalmente antidemocrático, pois os professores, vendo a necessidade utilizá-los, não o fazem por constrangimento da própria lei, cujo texto antigo não acompanha o desenvolvimento tecnológico. Visto que os aparelhos móveis são muitos mais comuns e acessíveis do que o próprio material didático, como os livros, devido ao seu barateamento, muitas pessoas, inclusive carentes, têm tido contato com essas tecnologias e aprendem a utilizá-los com maestria. As Nações Unidas têm recomendado esses dispositivos, pois são um grande meio que poderá oportunizar diversos alunos de escolas pobres a ter uma educação de qualidade, tanto quanto um aluno rico (UNESCO, 2013). É importante salientar que apenas reformulação da lei, bem como o emprego das tecnologias na prática pedagógica ou mesmo a reestruturação dos espaços escolares não são fins em si mesmo, ou seja, tais atitudes não necessariamente irão salvar a educação brasileira, mas as TICs são meios para que o conhecimento progrida, pois é o avanço dos saberes por meio dessas ferramentas que irá alcançar as massas e influenciar mudanças significativas na sociedade (CRUZ e BIZELLI, 2014). Utilizar videoconferência, Facebook, chats e canal de youtube, por exemplo são desafios os quais os professores precisam estar dispostos a enfrentar, pois, agindo assim, o professor desloca a centralidade de informações de si mesmo, passando a coordenar, por meio da interavidade das TICs, a sensibilização e a motivação dos seus alunos para que os mesmos deem a devida importância ao conhecimento e aplique-o em sua realidade social (SUDÉRIO et al., 2014). Quanto aos recursos da rede mundial (internet), percebe-se que a maioria dos professores ainda se dedica a utilizá-la apenas como meio de correspondência com seus alunos através das caixas de e-mail e blogs para postagens de textos e atividades complementares, explorando pouco os recursos mais modernos da internet e de maior proporção, meios estes que irão trazer maior interação professor-aluno (Figura 3). Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 11 A internet, através da criação de grupos de discussão via Facebook e WhatsApp, mediadas pelo professor, facilita a extensão do processo de aprendizagem, que muitas vezes é interrompido pela limitação do tempo no espaço escolar, que é pouco, fazendo com que o aluno carregue consigo muitos questionamentos, situação que pode levá-lo a não absorver o assunto tratado. Assim, por meio da web, a continuidade do debate poderá se estender até que as dúvidas seja sanadas (SILVA, 2015). Figura 3 - Recursos da internet, utilizados como ferramenta de ensino-aprendizagem pelos professores de ciências da rede estadual de Manaus, AM. Além da investigação sobre o uso das TICs pelo professor na sua prática docente, este terceiro objetivo procurar também saber a opinião próprio professor sobre se os recursos tecnológicos são capazes de melhorar a aprendizagem, as relações e a interatividade dos educandos. Em todos os itens analisados sobre importância das TICs, tanto na prática docente, como contribuição para a aprendizagem, quanto no dinamismo e facilitação, os docentes foram unânimes em concordar com os efeitos positivos que essas tecnologias proporcionam quando empregadas corretamente na esfera educacional. Descrição Concordo totalmente Concordo mais que discordo Discordo mais que concordo Discordo totalmente A utilização das TICs é importante na prática docente? 81,8% 13,6% 4,5% 0,0% As TICs contribuem para a aprendizagem dos alunos? 77,3% 13,6% 4,5% 4,5% As aulas de ciências ficam mais dinâmicas quando se utilizamas TICs? 72,7% 22,7% 4,5% 0,0% As TICs facilitam a interação aluno- professor as atividades em sala? 68,2% 22,7% 4,5% 4,5% Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 12 Tabela 4. Importância das TICs na prática do ensino de Ciências sob ponto de vista dos professores de ciências da rede estadual de Manaus, AM Os resultados da tabela anterior (tabela 4) demonstram que os professores estão plenamente conscientes das implicações benéficas que os recursos tecnológicos podem produzir na prática do ensino de Ciências, uma vez que essas novas ferramentas irão transformando aos poucos a forma como os educadores se acostumaram a ensinar, interferindo consequentemente na forma como seus alunos irão aprender (MIRANDA, 2007). No entanto, como temos discutido desde o começo da análise dos resultados, a questão não é somente possuir consciência de que a introdução das TICs em sala de aula pode mudar o paradigma da prática docente; essa mudança depende essencialmente de que todos os participantes do processo educacional estejam hábeis profissionalmente a trabalhar com destreza com as inovações tecnológicas, ou seja, os professores precisam desenvolver hábitos de formação continuada (CRUZ e BIZELLI, 2014). CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse trabalho, foi possível traçar uma trajetória que nos permitiu analisar o motivo das dificuldades que professores possuem em aplicar as TICs no ensino de Ciências, sabendo que essa disciplina possui um alto potencial de atividades práticas que podem muito bem ser aproveitadas com o uso das TICs em qualquer que seja a realidade educacional, já que seu acesso na atualidade é notório. Pudemos comprovar que a problemática em questão está muito claramente associada à falta de formação dos docentes, começando desde o período da graduação até a formação continuada. No que tange à formação inicial, a política do sistema educacional brasileiro enxergou a relação entre TICs e a escola sempre com muita hostilidade, o que é comprovado pela pouca importância que o próprio Ministério da Educação deu à inclusão de tecnologias na formação dos futuros docentes, voltando-se para essa realidade apenas em 2015. Quanto à formação continuada, os professores pouco têm se atentado para essa realidade, conformando-se com o uso de recursos básicos da TICs, ferramentas estas que são pouco interativas. A falta de atualização sobre as inúmeras possibilidades didáticas oferecidas pelas TICs vem, dessa forma, a se constituir na principal causa da negação de uso das tecnologias em sala de aula na rede estadual, deixando o processo de ensino-aprendizagem sem inovação. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 13 No entanto, voltando às questões políticas, as leis que proíbem o uso do celular nos sistemas estaduais e municipais de ensino não acompanharam o desenvolvimento da tecnologia desses novos dispositivos, sendo que os textos dessas legislações encontram-se desatualizados e são nada específicos se o professor pode ou não utilizar smartphones. Isso faz com que se aumente ainda mais o distanciamento das TICs na realidade da prática do professor de Ciências. Portanto, longe de culpar apenas o professor, não podemos negar que a solução para esse problema deve começar pela conscientização do próprio docente em buscar algo que inove sua prática docente, uma vez que seus alunos já nasceram em um mundo totalmente conectado pelas tecnologias e não há mais como negar esse fato. Porém, para além disso, o sistema educacional estadual, através de suas escolas, precisa investir na atualização dos seus profissionais e proporcionar melhores condições para que os mesmos estejam motivados a fazer aquilo para o qual foram preparados: formar cidadãos conhecedores de sua história e conscientes do seu papel na cibercultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMAZONAS. Lei Ordinária no 3.198 de 04 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nos estabelecimentos de ensino da rede pública e particular do Estado do Amazonas e dá outras providências. Manaus, 2007. BASTOS, J. A. S. L. Educação e tecnologia. Revista Educação & Tecnologia, n. 1, p. 4-29, 1997. Disponível em: <http://revistas.utfpr.edu.br/pb/index.php/revedutec-ct/issue/view/51/showToc>. Acesso em: 05 out. 2016. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC /SEF, 1998. 138 p. ______. MEC. Parecer CNE/CES no 1.301 de 06 de novembro de 2011. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Ciências Biológicas. Diário Oficial da União, Brasília, 2001. ______. MEC. Resolução n o 02 de 01 de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Disponível em: <http://pronacampo.mec.gov.br/images/pdf/res_cne_cp_02_03072015.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2017. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 14 BULGRAEN, V. C. O papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento. Revista Conteúdo, Capivari, v. 1, n. 4, p. 30-38, 2010. CHIOFI, L. C.; OLIVEIRA, M. R. F. O uso das tecnologias educacionais como ferramenta didática no processo de ensino e aprendizagem. Trabalho apresentado no 2o Seminário de Pesquisa do CEMAD, Londrina, 2014. COUTO, M. E. S.; COELHO, L. Políticas Públicas para inserção das TIC nas escolas: Algumas reflexões sobre as práticas. Revista Digital da CVA - Ricesu, v. 8, n. 30, p. 1-11, 2013. CRUZ, J. A. S.; BIZELLI, J. L. Sociedade, tecnologias e educação: as tecnologias da informação e comunicação e o pensar da sociedade concreta. Cadernos de Educação, Tecnologia e Sociedade, v. 5, n. 1, p. 258 266, 2014. FEY, A. F. A linguagem na interação professor-aluno na era digital: considerações teóricas. Revista Tecnologias na Educação, v. 3, n.1, 2011. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica: Técnicas de pesquisa. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. MAREAN, C. W. A espécie mais invasiva de todas. Scientific American Brasil, São Paulo, n. 160, p. 27-34, set./out. 2015. MIRANDA, A. L. Da natureza da tecnologia: uma análise filosófica sobre as dimensões ontológica, epistemológica e axiológica da tecnologia moderna. 2002. 161f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) - Programa de Pós-graduação em Tecnologia, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2002. MIRANDA, G. L. Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo - Revista de Ciências da Educação, n. 3, p. 41–50, 2007. OLIVEIRA, S. G. et alii. Professores em rede : demandas de formação continuada docente para a inserção das tecnologias de informação e comunicação na prática pedagógica. Revista de Educación a Distancia, n. 29, p. 32, 2011. PINTO, A. M. As novas tecnologias e a educação. In: 5o Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul APEND SUL, Curitiba, 2004. PRENSKY, M.: Digital Natives, Digital Immigrants. In: ______. On the Horizon. NCB University Press, v. 9, n. 5, out. 2001. Disponível Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 1-15 Silva & Dutra (2018) 15 em:http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf . Acesso em: 15 out. 2016. PRETTO, N. L. (Org.). Globalização & Organização: mercado de trabalho, tecnologias de comunicação, educação à distância e sociedade planetária. Ijuí: Ed. Unijuí, 1999. SILVA, C.O. O uso do smartphone para pesquisas em sala de aula e sua potencialização das aprendizagens em Biologia: um estudo de caso no primeiro ano do Ensino Médio. 2015. 52f. Monografia apresentada como pré-requisito para a conclusão do Curso de Especialização em Mídias Digitais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2015. SUDÉRIO, F. B. et alii. Tecnologias na educação: análise do uso e concepções no ensino de biologia e na formação docente. Revista da SBEnBIO, v. 7, p. 2.004-2.013, 2014. UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Policy Guidelines for Mobile Learning, 7, place de Fontenoy, 75.352. Paris: UNESCO, 2013. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002277/227770por.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2017. ______. ICT competency standards for teachers: implementation guidelines, version 1.0. Paris: UNESCO, 2008. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001562/156209por.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2017. Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 16 IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DE FUNGOS ANEMOFILOS PRESENTE NOS AMBIENTES INTERNOS DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL – MANAUS, AM Alexandro Viana Benevides1; Cynthia Rafaela Monteiro da Silva Maia2 RESUMO: Os fungos são seres eucariontes que desempenham inúmeras funções no meio ambiente, sendo eles os responsáveis por um importante papel nos ecossistemas que são as decomposições de matérias orgânicas e inorgânicas. Contudo alguns desses microrganismos podem acarretar patologias, diagnosticado como infecções relacionadas à baixa imunidade do indivíduo e a sua exposição em ambientes com pouca circulação de ar. Os levantamentos dos fungos que podem estar presentes nos locais fechados e de clima transitório entre quente e úmido, onde se encaixam os ambientes escolares são de extrema necessidade. Com isso, o presente trabalho teve como objetivo identificação macroscópica os tipos de fungos presentes nos ambientes internos de uma escola da rede pública estadual na cidade de Manaus- AM. A metodologia utilizada baseou-se nas técnicas do isolamento de fungos do ar, com a distribuição de 28 placas de Petri contendo Ágar Potato Dextrose acrescido do antibiótico Diclofenaco, as quais foram incubadas à temperatura de 37ºC, por um período de sete dias. Após a incubação, foi feita a identificação macroscópica dos fungos dos ambientes estudados. Foram isoladas 69 colônias de fungos sendo todas filamentosas, incluindo três gêneros fúngicos. Dentre os identificados, destacaram-se os fungos Fusarium sp (FR=46.4%), Aspergillus flavus (FR=32.2%) e Penicilium marneffei (FR= 21.4%). Mediante o exposto, é possível concluir que a grande freqüência de fungos anemófilas encontradas nos setores descritos, indicam poluição ambiental. A incidência fúngica reflete na falta de higienização correta do ambiente onde há uma alta rotatividade de alunos, professores e funcionários. Palavras-chave: Doenças Respiratórias; Infecções Oportunistas; Microbiota Fúngica; saúde publica. INTRODUÇÃO No mundo existe uma grande diversidade de fungos que vivem de forma harmônica com os seres humanos, apenas alguns deles possuem a capacidade de causar danos à saúde humana. Esses fungos se desenvolvem em ambientes obscuros e com pouca ventilação, onde 1 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Nilton Lins – 2 Bióloga, Especialista em Genética Humana pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e Mestre em Biologia Urbana pela Universidade Nilton Lins Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 17 são capazes de se reproduzir e se proliferar com mais abundância (Lacaz et al. 2002; Marden et al. 2007; Souza et al. 2008). Alguns desses fungos se locomovem através do ar atmosférico, podendo parasitar homens, plantas e animais sendo levado para os ambientes internos (MENESES et al. 2004; SOUZA et al. 2008). Com o aparecimento da microbiota fúngica em ambiente artificialmente climatizado, além de apresentar um perigo para a saúde de indivíduos com sensibilidades alérgicas, também pode ser uma porta aberta para o surgimento de outros micro-organismos oportunistas (Franchi et al. 2004). Gontijo (2000) enfatiza que, nos ambientes que se encontram fechados por muito tempo, estarão presentes às partículas microbianas que abrangem os fungos, vírus e bactérias que são levados pelo ar externo para o interior desses ambientes. De acordo com Menezes (2006), a maioria dos casos encontrados de rinite e asma na patologia clínica, é causada por fungos anemófilos dos gêneros: Rhizopus sp, Aspergillus sp., Fusarium sp., Penicillium sp, Cladosporium sp e Alternaria sp, que são seres oportunistas que podem apresentar riscos para a saúde humana, pois eles são os responsáveis pelo aumento de casos de doenças alérgicas. Sidrim e Rocha (2004) relatam sobre a importância das pesquisas feitas sobre os fungos anemófilos, pois seus esporos e suas toxinas são os grandes causadores de doenças do trato respiratório humano. Cartaxo (2007) menciona sobre a importância de conhecer a Resolução RE Nº 9 ANVISA, de 16 de janeiro de 2003, que tem como objetivo definir orientações técnicas sobre a qualidade do ar interno em ambientes com pouca circulação ar como, escritórios, consultórios e escolas. Os ambientes com problemas de proliferação fúngicas vem despertando interesse em muitos estudos, visto que há um aumento de doenças alérgicas em profissionais que atuam em ambientes como estes. Os ambientes escolares possuem as mesmas características, tanto de instituições públicas quanto particulares devido à frequente rotatividade de alunos, professores e funcionários diretos e indiretos, assim podendo haver aparecimento de alguns tipos de fungos. Com isso se faz importante à identificação dos fungos que possam existir dentro desses ambientes para que possam minimizar ou eliminar os riscos de contaminações e adequar melhorias, podendo assim facilitar á contaminação e o aumento desses micro-organismos nesses ambientes. O presente trabalho teve como objetivo, identificação macroscópica dos Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 18 fungos anemófilos encontrados nos ambientes internos de uma escola da rede pública estadual localizada na cidade de Manaus, AM. MATERIAL E MÉTODOS Para a construção desse artigo o tipo de pesquisa utilizado foi descritivo do tipo quantitativo e inteiramente experimental, com o intuito de identificar as espécies fúngicas isolada do ar, coletada em diferentes setores como salas de aula (total de 10 salas), secretaria, sala de informática, sala dos professores e a sala jovem cidadão da Escola Estadual Professora Alda Barata, localizada no conjunto de flores S/N, bairro flores Manaus - AM. Todo o experimento foi executado em parceria com o Laboratório de Genética e Biologia Molecular comparada da Universidade Nilton Lins. Baseadas nas técnicas de isolamento de fungos do ar (Embrapa, 2011). Onde foram distribuídas duas placas de petri para cada ambiente, sendo 10 salas de aula, secretaria, sala dos professores, sala jovem cidadão e sala de informática contendo Ágar Potato dextrose acrescido do antibiótico Diclofenaco, envolvendo os ambientes acima citado por um período de 1 hora, totalizando 28 placas de petri distribuídas. Foram transportadas para o laboratório de genética e biologia molecular da Uniniltonlins. Utilizando as boas praticas de laboratórios e biossegurança, as placas foram incubadas à temperatura de 37ºC em estufa B.O.D por um períodode sete dias. Durante esse período as placas foram observadas diariamente duas vezes ao dia no horário das 10 da manhã e às 16 horas da tarde. À medida que as colônias foram surgindo, foi possível realizar a identificação e quantificação dos tipos de fungos baseado nos estudos das características macro morfológicas das colônias, seguindo os critérios adotados por Lacaz et al. (2002) e Sidrim e Rocha (2004) atreves de contadores de colônias (disponibilizado pelo laboratório central). Foi utilizado o programa o Word para a elaboração das tabelas, onde foi possível quantificar a frequência relativa da incidência de fungos no ambiente estudado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após os sete dias na incubadora de B.O.D, foi realizada a identificação e quantificação macroscópica de 55 colônias de fungos anemófilos nas 28 placas de petri que Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 19 foram distribuídas por ambientes. Foi possível identificar três tipos de fungos: um gênero sendo ele Fusarium sp., e duas espécies Aspergillus flavus e Penicilium marneffei (Tabela 1). FUNGOS S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 SEC SP SI SJC Fusarium sp Aspergillus flavus Penicilium marneffei Tabela 1 - Identificação e quantificação de fungos por ambientes; S- sala; Sec- Secretaria; SP – Sala professores; SI – Sala de informática; SJC – Sala jovem cidadão. As elevadas taxas de fungos presentes nesses ambientes já se eram esperado pelo fato de haver um grande fluxo e rotatividade de pessoas, também se observou que as salas de aula 2, 3, 5 e 9 apresentavam problemas em um de seus ar condicionados das respectivas salas citadas acima, seus filtros encontravam-se obstruídos com excesso de impurezas já as salas 1 e 10 apresentaram problemas em algumas lâmpadas deixando o ambiente obscuros e ideal para o desenvolvimento fúngicos. Na sala jovem cidadão e sala de informática eram usados como depósitos de caixas de livros espalhadas pelo chão, instrumentos como tambores, caixas de som e condicionadores de ar sem o devido uso, as portas eram fechadas durante o dia inteiro e os ambientes escuros constantemente. Na sala dos professores e secretaria escolar foi encontrado bastante resto de alimentos como frutas, pães, restos de carne feijão, arroz e outros em lixeiras abertas, tornando-se um ambiente ideal para os fungos decompositores. Em pesquisa semelhante realizada por Coutinho (2007) com telefones públicos, onde o mesmo constatou que a falta de manutenção e higienização desses aparelhos geravam um acúmulo de micro-organismos, durante a sua pesquisa foi possível coletar e identificar em suas amostras uma alta taxa de vestígio do fungo que contaminavam as possíveis pessoas sadias que usufruíam desses aparelhos. Para Souza (2008) as altas taxas de fungos encontrados em ambientes como esses é um fator alarmante, considerando que estes locais possuem uma considerável demanda de pessoas expostas constantemente à contaminação. Para que haja um controle da proliferação fungica é necessário que esses ambientes sejam mantidos em constante ventilação e desinfecção com higienização e limpeza diária (WARRIS; VERWEIJ, 2005). Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 20 Durante as análises macroscópicas dos fungos, foi possível obter a frequência Relativa (%) indicando o índice de concentração fúngica no ambiente estudado. Fusarium sp foi o fungo encontrado com maior incidência com uma frequência de 46.4% de fungos em quase todas as salas, Aspergillus flavus com uma frequência de 32.2% e Penicillium marneffei com uma frequência de 21.4% de fungos (Tabela 2). FUNGOS FREQUENCIA ABSOLUTA FREQUENCIA RELATIVA (%) Fusarium sp 13 46.4 Aspergillus flavus 09 32.2 Penicilium marneffei 06 21.4 Tabela 2 - Incidência de frequência (%) de fungos presente no ambiente de uma escola pública da rede estadual. As espécies e o gênero encontrado no presente estudado foram os fungos anemófilos conhecido como, Fusarium sp, Aspergillus flavus e Penicilium marneffei, que são considerados como fungos produtores de micotoxinas que são capazes de causar danos ao homem. Gambele (1993) realizou em semelhante trabalho, pesquisando fungo isolado do ar na universidade de São Paulo, realizado em 28 bibliotecas, onde foram encontrados resultados similares que comprovaram que a microbiota fúngica mais presentes nesses ambientes pertenciam ao gênero Fusarium sp, Penicilium, Aspergillus, e outros tipos de fungos. O gênero Fusarium sp., pertence a família Nectriaceae que representa uma grande diversidade em relação a morfologia, fisiologia e ecológicas e não surpreendente que esse gênero tenha sido encontrado na maioria dos nichos ecológicos, e nas inúmeras regiões do mundo (BURGESS, 1997). Esse fungo esta presente, especialmente, em locais de clima quente e úmido e possui capacidade de sobreviver por muito tempo no solo e pode colonizar folhas, ramos e frutos através dos seus conídios que são levados pela água ou pelo ar atmosférico (MILANESI, 2009). O gênero Fusarium sp, é classificado de acordo com as suas características morfológicas de colônias, taxa de crescimento e pigmentação (Oliveira; Costa, 2002). Para Menezes (2004) um dos gêneros que correspondem melhor a proliferação microbiológica de ambientes fechados são os fungos Fusarium sp, é caracterizado como um agente etiológico causador de doenças alérgicas em seres humanos (Figura 1). Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 21 Figura 1. Fungo Fusarium sp. (Fonte: Fonte: Benevides, A. V). Os fungo Aspergillus e Penicillium pertencem a família Trichocomaceae e abrange um dos maiores grupos de fungos, é conhecida por causar efeitos positivos e negativos aos seres humanos. (Houbraken; Samson, 2011). Vecchia e Castilhos-Fortes, (2007) realizaram uma pesquisa em alimentos, onde foram capazes de isolar e identificar dois tipos fungos produtores de micotoxinas, sendo um deles do gênero Aspergillus sp, onde observou que as suas toxinas estão ligadas diretamente aos casos relacionados as doenças hepáticas, já os fungos Penicillium sp, também encontrado nos alimentos estudado descobriu-se que esse fungo produz uma toxina responsável por causar efeitos neurotóxicos em seres humanos desequilibrando o funcionamento do sistema nervoso causando danos ao tecido neural. O gênero Aspergillus, foi relatado por Micheli, pela primeira vez em 1729, em seguida outros pesquisadores como Tom e Chuch em 1926, lançaram a primeira edição de sua monografia, os tipos de espécies associadas a esse gênero ficaram conhecidos e passaram a ser um dos principais fungos estudados. Um levantamento completo sobre a descrição do gênero foi feita por Rapper e Fennel em 1965, onde foi estudada e catalogada cerca de 132 espécies e 18 variedades de fungos (BENNETT,2010; GEISER, 2007). De acordo com Samson e Varga (2009) o Aspergillus sp, abrange 260 espécies, apesar de que esse gênero tenha sido de bastante estudado desde 1729, as espécies podem ser identificadas através da coloração dos conídios, pelo seu rápido crescimento e adaptação em variáveis temperaturas e através do seu desenvolvimento em meio de cultura quesitos estes que também foram utilizados neste estudo. Esse gênero é visto como cosmopolita, ou seja, tem a capacidade de se adaptar a inúmeros ambientes e se proliferar rapidamente na natureza, o gênero apresenta uma maior abundancia nas regiões de climas quente e úmido (KLICH, 2002; PITT; HOCKING, 1997). A B RevistaOnline Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 22 As colônias dispõem de uma vasta variação de coloração, sendo encontradas colônias com colorações em tons de amarelo, verde, preto, marrons e branco. (Klich, 2002; Varga, 2004), ou seja, são patógenos oportunistas entre os mais comuns, encontram-se os Aspergillus flavus, essa espécie é responsável por produzir uma toxina chamada aflatoxina, capaz de apresentar efeitos hepatóxicos é mutagênicos em seres humanos (Figura 2) (VARGAS, 2004). Figura 2. Fungos Aspergillus flavus (Fonte: Fonte: Benevides, A. V). O gênero Penicilium sp, é considerado importante na decomposição de alimentos, estão amplamente espalhados no solo, vegetações e ar atmosférico. As espécies que pertencem a esse gênero têm sido usadas como referencias em estudos básicos, no entanto muitas pesquisas realizadas têm mostrado o seu enorme potencial dentro do campo da biotecnologia. Diversas espécies são utilizadas no biocontrole, e é fonte de enzimas de grande importância para as indústrias farmacêuticas (PALLU, 2010). Figura 3. Fungos Penicillium marneffei. (Fonte: Benevides, A. V.) O Penicilium marneffei (Figura 3) é relatado como agente patogênico e oportunista que pode causar impactos negativos em seres humanos. E muitas espécies são prejudiciais ao homem, podendo causar doenças como sinusites, ceratites, infecções urinarias e pulmonares Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 23 (SIDRIM E MOREIRA, 1999). E quando é encontrado em ambiente fechados aumenta a probabilidade da ocorrência de patologias em seres humanos e principalmente em crianças que fazem uso das salas nas escolas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a avaliação dos resultados obtidos pode-se observar que os ambientes estudados são propícios ao desenvolvimento de fungos micro-organismos potencialmente etiológicos prejudiciais a saúde do homem, tais como: Fusarium sp, Aspergillus flavus e Penicillium marneffei. Contudo devem-se levar em consideração as estações climáticas da cidade de Manaus e a localização da escola, onde a mesma é rodeada de arvores, aumentado assim o nível de umidade e o aumento do calor próximo à escola, facilitando o crescimento dessas espécies de fungos. Com o resultado adquirido através das analises, se pode afirmar que dentro das escolas devera haver uma limpeza maior nos aparelhos de ar condicionados, bem como de todas as salas aqui estudadas, e realizar a rotina de abrir as janelas para que entre ar puro, com isso ajudar a minimizar a umidade de ar artificial que há dentro deste ambiente. Pois isso diminuirá a proliferação desses agentes alguns bem patógenos evitando com isso o acometimento de crianças que frequentam as escolas publicas da cidade de Manaus com alguns tipos de patologias tais como: rinites alérgicas, bronquite alérgica, pneumonias etc. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENNET, J. W. Na overview of the genus Aspergillus, (2010). Disponível em: http:/open-access biology.com/aspergillus/aspergillusch1.pdf. BURGESS, L. W; SUMMERELL, B. A; BACKHOUSE, D. et al. Biodiverrsity and population studies on Fusarium. In: LOGRIECO, A; SEIFERT, K. A; LESLIE, J. F. A. et al. Biodiversity of toxigenic Fusarium species. Sydowia, Horn, v. 30, p.1-11. 1997. CARMO, E. S. et al. Microbiota fúngica presente em diversos setores de um hospital público em Campina Grande – PB. RBAC. v. 39, n. 3, p. 213-216, 2007. Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 24 CARTAXO, E.F. et al. Aspectos de contaminação biológica em filtros de condicionadores de ar instalados em domicílios da cidade de Manaus – AM. Eng. sanit. Ambient. v.12, n. 2, p. 202-211, 2007. CORRÊA, B. Micotoxinas humanas e micetismos. In: ZAITZ, C; CAMPBELL, I; MARQUES, S. A; RUIZ, L. R. B; SOUZA, V. M, eds. 1998. Compêndio de micologia médica. Rio de Janeiro: Medsi, cap. 27, p.339-346. COUTINHO, F. P. et al. Isolation of filamentous fungi from public telephones of the Metropolitan region of the city of Recife, PE, Brazil. J. Microbiol. v.38, n.2, p. 324-329, 2007. DALFRÉ, J.T; RODRIGUES, J. P. B; DONATO, B.G; NETO, A. G; CARVALHO, J. L. DE; OLIVEIRA, D. I.DE A; PEREIRA, M. A; JOÃO FIORINI, E. Microbiota fúngica da conjuntiva, da cana-de-açúcar e de anemófilos da região canavieira de Monte Belo - Minas Gerais. Arq. Bras. Oftalmologia. v.70, n.3, p. 445-449, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abo/v70n3/11.pdf FRANCHI, M. CARRER, P; KOTZIAS, D; RAMECKERS, E. M; SEPPÄNEN, S; VAN- BRONSWIJK, J. E; VIEGI, L; GILDER, J. A; VALOVIRTA, E. Towards healthy air in dwellings in Europe. The THADE Report. 2004. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16792586 GAMBALE, W. GAMBALE, W; CROCE, J; COSTA-MANSO, E; CROCE, H; VENDAS M. Library fungi at the University of São Paulo and their relationship with respiratory allergy. Journal of Investigational Allergology and Clinical Immunology, v.3, n.1, p.45-50, 1993. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8281330 GEISER, D. M.; KLICH, M., FRISVAD, J. C., PETERSON, S. W., VARGA, J. and SAMSON, Ra.; The current status of species recoginition and identification in Aspergillus studies in Mycology 59, 1 10. available online at www.studiesinmycology.org. 2007. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2275194/ GONTIJO, P. P; SILVA, C. R. M; KRITSKI, A. L. Ambientes climatizados, portaria 3.523 de 28/8/98 do Ministério da Saúde e padrões de qualidade do ar de interiores do Brasil. J Pneumol. v. 26, n.5, p. 254 258, 2000. HOUBRAKEN, J; SAMSON, R. A. Phylogeny of Penicilium and the segregation of Trichomaceae into three families (2011). Studio Mycol 1: 1-51.Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3233907/pdf/simycol_70_1_001.pdf Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 25 KLICH, M. A. Biogeography of Apergillus species in soil and litter. Mycologia, Neww York, v. 94, n.1, p. 21-27, jan. 2002. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21156474 LACAZ, C.S. et al. Tratado de micologia Médica. São Paulo: Editora Sarvier, 2002. 1120p. LACAZ, C. S; PORTO, E; MARTINS. J. E. C; VASCCARI-HEINS, E. M; MELO, N. T. Tratado de Micologia Médica. 2002. 9ª ed. São Paulo: SARVIER. 1104p. MARSDEN, A. Importância do laboratório de micologia médica na saúde da população. Ano v, n. 15, julho/agosto de 2007. MENEZES, E. A; CARVALHO, P. G; TRINDADE, E. C. P. M.; SOBRINHO, G. M; CUNHA, F. A; CASTRO, F. F. M. Airborne fungi causing respiratory allergy in patients from Fortaleza, Ceará, Brazil. J Bras Patol Med Lab. v. 40, n. 2, p 79- 84, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v40n2/a06v40n2.pdf MENEZES, E.A; ALCANFOR, A.C; CUNHA, F.A. Fungos anemófilos na sala de periódicos da biblioteca de ciências da saúde da Universidade do Ceará. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v.38, n.3, p.155-158, 2006. Disponível em: https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/viewFile/208/248 MILANESI, P. M. Caracterização, stoxicidade e patogenicidade de Fusarium spp. Em genótipos de soja em sistema de plantio direto. 2009. 91 p. (Dissertação Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria 2009. OLIVEIRA, C. V; COSTA, S. J. Analise de restrição de DNA Ribossomal amplificado (ANDRA) pode diferenciar Fusarium solani f. sp. Phaseoli de F. solani f. sp. Glycines. Fitopatologia Brasileira, Brasilia, v. 27, p. 631-634, 2002. PALLU, A. P. S. Potencial biotecnológico de fungos do gênero e interação com a cana-de- açúcar. 2010. 129 p. Tese (Doutoradoem Ciências). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Genética e Melhoramento de Plantas. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11137/tde 17092010-152316/pt-br.php PITT, J. I; HOCKING, A. D. Fungi and food spoilage. 2nd ed. London Blacckie Academic and Proffessional, 1997. 540 p: SAMSON, R. A; VARGAS, J. What is a species in Apergillus? Medical Mycology, Oxford, v. 47, p. 13-20, 2009.Suppl. Revista Online Biolins, 2018, 3 (1): 16-26 Benevides & Maia (2018) 26 SIDRIM, J. J. B; MOREIRA, J. L. B. Fundamentos clínicos e laboratoriais da Micologia Médica. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 1999. SIDRIM, J. J. C; ROCHA, M. F. G. Micologia Médica: À luz de autores contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 388p. SIQUEIRA, L. F. G; SILVEIRA, M. J; FERREIRA, L. A. P. Gestão Ambiental das Edificações. Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade do Ar de Interiores - BRASINDOOR. Artigo do mês de fevereiro de 2003. Disponível em: <http://www.brasindoor.com.br/prog_artigo. php>. Acesso em: 11 de Julho de 2016. SOUZA, A. E. F; VIEIRA, K. V. M; GOMES, L. F. A. V. Isolamento e identificação da microbiota fúngica anemófila em diversos setores do centro de ciências biológicas e da saúde da universidade estadual da Paraíba. Revista de Biologia e Farmácia. n 2, v. 2, p. 31-49, 2008. VARGAS, J. et al. Molecular diversity of agriculturally important, Aspergillus species. European Journal of Plant Pathology, Dordrecht, v. 110, p. 627-640, 2004. VECCHIA, A. D.; CASTILHO-FORTES, R. 2007.Contaminação fúngica em granola comercial. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 27(2): 324-327. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cta/v27n2/19.pdf WARRIS, A; VERWEIJ, P. E. Clinical implications of environmental sources for Aspergillus. Micologia Médica, Volume 43, Suplemento de Emissão1, 1 de janeiro de 2005. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 27-35 Lopes, Pedrosa & Nascimento (2018) 27 COMPOSTAGEM ORGÂNICA COMO GESTÃO DE RESÍDUOS DE PEIXES NA FEIRA DO MANOA, MANAUS-AM Alex Darlan Silva Lopes1; Tatiana da Silva Pedrosa2; Marcelo dos Santos Nascimento3 RESUMO: Os resíduos de peixes oriundos de feiras livres, em sua grande parte são descartados sem nenhum tratamento prévio, causando grandes problemas ao meio ambiente e a sociedade. Nesse contexto, a compostagem apresenta-se como alternativa adequada para transformar esses resíduos em adubo orgânico. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo propor uma alternativa sustentável para o descarte de resíduos de peixes gerados a partir de quiosques e barracas de feirantes na Feira do Manoa, Manaus - AM, produzindo assim, um composto orgânico do material descartado e reduzindo os impactos ambientais gerados pelo seu descarte inadequado em lixões na cidade de Manaus. Primeiramente, foi aplicado um questionário objetivo sobre a avaliação dos resíduos de peixes gerados na Feira e posteriormente foi realizada a coleta dos resíduos de peixes. Na segunda etapa, foram montadas três composteiras de madeira, onde as composteiras foram preenchidas com maravalha e resíduos de peixes. O processo de compostagem durou 50 dias e os dados resultantes foram discutidos com base na estatística descritiva. Conclui-se na presente pesquisa que a compostagem orgânica elaborada a partir de resíduos de peixes, pode agregar valor aos resíduos, contribuir para quebra de dependência de fertilizantes químicos pelos agricultores e reduzir os impactos ambientais gerados pelo seu descarte inadequado desses resíduos em feiras e lixões na cidade de Manaus. Palavras-chave: Pescado, aproveitamento, composto orgânico, gestão ambiental. INTRODUÇÃO O crescimento populacional tem acarretado diversos problemas ambientais, principalmente quando se trata da crescente geração de resíduos. O Brasil produziu no ano de 2016, um total de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos, no qual a região Norte gerou 15.444 toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos, sendo que 64,6%, o equivalente a 8.071 toneladas diárias, ainda são destinados de maneira inadequada para lixões e aterros controlados (ABRELPE, 2016). Dentre os estados produtores de lixo urbano do Brasil, o Amazonas está entre os cinco maiores produtores de lixo no país e o primeiro na região norte (ABRELPE, 2015). 1 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Nilton Lins. 2 Engenheiro de pesca e Mestre em Zootecnia pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul 3 Contato: marc.elopesca@hotmail.com Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 27-35 Lopes, Pedrosa & Nascimento (2018) 28 O descarte desses resíduos de forma incorreta pode causar transtornos ambientais, sanitários e econômicos (OLIVEIRA et al. 2006). Entretanto, a reciclagem e aproveitamento de resíduos, seja de origem agrícola ou industrial, oriundos das mais diversas cadeias produtivas, cujos descartes indevidos podem causar impactos negativos ao ambiente, como é o caso dos resíduos provenientes da indústria pesqueira (ARAÚJO, 2010). As cabeças, escamas, peles, vísceras e carcaças (esqueleto com carne aderida) são descartadas durante o processamento de beneficiamento do pescado e, dependendo da espécie de peixe processada e do produto final obtido pelo frigorífico e feiras, estes descartes podem representar algo entre 8 a 16%, (no caso do pescado eviscerado), e 60 a 72% na produção de filés sem pele (KUBITZA e CAMPOS, 2006). De acordo com informações da Secretária de Estado de Produção Rural (SEPROR, 2015), o estado do Amazonas produz cerca de 200 mil toneladas anuais de pescado, sendo que uma grande fração desta produção é desperdiçada na forma de excesso de pescado que não foi comercializado e subprodutos das feiras e indústrias de processamento de pescado da região. No ano de 2014 essa quantidade de resíduos de pescado no estado do Amazonas alcançou cerca de 27 mil toneladas. Essa quantidade alcança em média, 74 toneladas por dia e gerando um problema ambiental, pois esses resíduos são depositados nos lixões do estado ou devolvidos ao ambiente aquático. Neste contexto, é de grande importância o aproveitamento dos resíduos de pescado como fonte de matéria prima para produção de adubos orgânicos (MACHADO, 1998), transformando esses resíduos em um produto de valor agregado, que permita um melhor gerenciamento destes resíduos, podendo assim proporcionar uma quebra de dependência de fertilizantes químicos por agricultores, redução dos impactos ambientais e, sobretudo na geração de empregos e no desenvolvimento sustentável (SALES, 1995). Desta forma, uma alternativa sustentável para o aproveitamento dos resíduos de peixes é a compostagem, uma vez que pode transformá-los em fertilizante orgânico, servindo como adubo para jardins e hortas (GEWEHR et al. 2013). A compostagem orgânica trata-se de um processo de baixo custo, apropriado para grandes e pequenos volumes de material residual (PEREIRA NETO,1989). Na presença de carboidratos, acelera-se a degradação. As pilhas devem ser viradas frequentemente para permitir a oxigenação do material e reduzir odores (JAHNEL et al. 1999). Desse modo, este trabalho tem por objetivo propor uma alternativa sustentável para o descarte de resíduos de pescados (vísceras, cabeça, espinha e escamas) gerados a partir de quiosques e barracas de feirantes da feira do Manoa, localizada no bairro Colônia Santo Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 27-35 Lopes, Pedrosa & Nascimento (2018) 29 Antônio, Manaus - AM, produzindo assim, um compostoorgânico elaborado a partir do material descartado, agregando, valor a este resíduo, contribuindo para quebra de dependência de fertilizantes químicos pelos agricultores e reduzindo os impactos ambientais gerados pelo seu descarte inadequado em lixões na cidade de Manaus. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado em duas etapas, na primeira, foi aplicado um questionário objetivo sobre a avaliação dos resíduos de peixes gerados na Feira do Manoa, localizada na colônia Santo Antônio – Manaus, AM e em seguida realizada a coleta dos resíduos de peixes para a posterior elaboração do composto orgânico. O questionário foi estruturado por cinco perguntas (abertas e fechadas), o mesmo foi aplicado em um universo representativo de 66,7% dos feirantes que comercializam peixes no local. Foram coletados cerca de 18 kg de resíduos de peixes que posteriormente foram congelados em freezer a -20°C até o preenchimento das composteiras com os resíduos. A segunda etapa foi realizada no setor de Horto da Universidade Nilton Lins, localizada na cidade de Manaus/AM. Foram montadas três composteiras de madeira medindo 1,00 m de comprimento, 0,70 cm de largura e 0,40 de altura, onde na parte superior as mesmas ficaram abertas e protegidas por lonas plásticas e telhas. As composteiras foram preenchidas com uma fonte de carbono, maravalha e resíduos de peixes na altura de 0,30 cm respectivamente. A maravalha foi proveniente de madeireiras da região de Manaus e os resíduos de peixes (cabeça, carcaça e vísceras não triturados) foram obtidos na Feira do Manoa, localizada na colônia Santo Antônio - Manaus, AM. A altura utilizada para as camadas do agente de estruturação foi de 0,10 cm, baseado na metodologia de Paiva (2004), determinadas por pesagens e definida por medições com auxílio de uma fita métrica. Totalizando 6kg de resíduo de peixe para cada composteira. O processo de compostagem durou 50 dias, as biomassas foram reviradas a partir do decimo dia, seguindo novamente a cada dois dias até o período de estabilização da temperatura das biomassas. A água foi adicionada com o auxílio de um recipiente graduado, na proporção de 30% da biomassa de cada composteira (COSTA et al. 2005), o que correspondeu 2,4 L por composteira. As temperaturas ambientes (máxima e mínima) para a cidade de Manaus-AM foram coletadas no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e a temperatura das Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 27-35 Lopes, Pedrosa & Nascimento (2018) 30 biomassas internas e da camada superficial das composteiras foram realizadas diariamente com o auxílio de um termômetro de mercúrio. A umidade dos resíduos de peixes, maravalha e compostagens foi realizada em estufa à uma temperatura de 105°C, por 24 horas, utilizando a equação U = 100 − % de matéria seca. O pH dos resíduos de peixes, maravalha e das compostagens foram determinados, com o auxílio de um pHmetro digital, pela dissolução de 10g de amostras, referentes a cada material analisado, em 90 mL de água destilada a temperatura ambiente. O Nitrogênio total dos resíduos de peixes, maravalha e compostagens foi determinado através da digestão da amostra (com ácido sulfúrico), destilação e titulação com o auxílio do aparelho Micro Kjedahl. (AOAC 2000). A tabulação dos dados resultantes foi realizada no Microsoft Excel® 2013, no qual tabelas e gráficos dos dados da pesquisa foram avaliados. Os dados foram discutidos com base na estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados das entrevistas realizadas com os feirantes, foi possível observar que as espécies de peixes mais vendidas na feira são o tambaqui e jaraqui, onde juntas, representaram 80 % no total da preferência dos consumidores, em seguida vem o pirarucu com 10% e pacu 10%, conforme figura 1, gráfico - A. Segundo Menezes et al. (2008) o tambaqui é uma das espécies de peixes mais apreciadas na região amazônica, desta forma, sendo bastante explorado pela pesca na Amazônia, desde o século XIX, justificando a preferência dos consumidores por esta espécie. Quando questionados sobre os principais métodos operacionais geradores de resíduos no processamento do pescado, 50% dos feirantes apontaram a descamação, 40% evisceração e 10% outros métodos, tais como filetagem e armazenamento. De acordo Kubitza e Campos, (2006) dependendo da espécie de peixe processada e do produto final do beneficiamento, os resíduos de peixes podem representar cerca de 8 a 16% para o pescado eviscerado, e 60 a 72% na produção de filés. Estes resíduos são principalmente vísceras, cauda, coluna vertebral, barbatana, escamas e restos de carne (FELTES et al.2010), como demostra figura 1, gráfico - B. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 27-35 Lopes, Pedrosa & Nascimento (2018) 31 Figura 1. Gráfico - A, percentual das espécies de peixes vendidas na feira: Gráfico -B, percentual das principais operações geradoras de resíduos durante o processamento de pescado. No presente estudo 70% dos feirantes afirmaram que o resíduo de peixe não causa nenhum dano ao meio ambiente, enquanto 30% afirmam que se esses resíduos não tiverem destino correto, ou seja, se forem mal gerenciados podem acarretar algum dano ao ambiente, já 50% desses feirantes por falta de conhecimento não tem interesse em aproveitar esses resíduos e os outros 50% tem interesse, mais por não ter local para armazenar adequadamente e falta de capacitação para o tratamento do resíduo, descartam em lixeira públicas. Segundo Valente et al. (2014), cerca de 68% dos resíduos gerados nas indústrias de processamento são destinados para fabricação de farinha de peixe, enquanto 23% vão para o aterro sanitário e 9% descartado de forma irregular em rios, tendo assim um grande impacto ao meio ambiental. Os valores médios com seus respectivos desvios padrões referentes á temperatura ambiente, temperatura superficial e temperatura interna do composto orgânico, estão descritos na figura 2. Onde pode-se verificar que no trigéssimo primeiro dia houve uma estabilização da biomassa, isso em decorrência a temperatura da biomassa atingir temperaturas próximas a ambiente, conforme ilustra a Figura 2. Figura 2 - Médias das temperaturas ambiente (TA), temperatura superficial da compostagem (TSC) e temperatura interna da compsotagem (TIC) durante o processo de compostagem de 50 dias. Revista Online BioLins, 2018, 3(1): 27-35 Lopes, Pedrosa & Nascimento (2018) 32 Nos primeiros dias do processo de compostagem observou-se que as temperaturas internas do composto atigiu temperaturas acima de 40°C, desta forma ocorrendo a apresença de bactérias mesófilas e termófilas, onde a biomassa da compostagem teve sua temperatura mais alta (46,25°C) no décimo quinto e décimo sexto dia. Em um estudo realizado por Valente et al (2009), os autores observaram que a biomassa interna do composto de resíduo de peixe e maravalha não atingiram temperaturas acima dos 40°C durante seus 90 dias de acompanhamento, indicando uma intensa atividade microbiana mesofílica, possivelmente em decorrência do maior conteúdo de N inicial (9,6% ± 0,40) prontamente disponível nas carcaças de pescado para a síntese de proteínas microbianas e, também, pelo C facilmente degradável. De acordo Kiehl (1998), as bactérias mesófilas tendem a ter um ótimo desenvelvimento em temperaturas de 25° a 40°C e as termófilas em temperaturas de 45° a 55°C, e logo após o inico do processo de compostagem a temperatura pode ser menor que a do ambiente, caracteristica observada neste estudo que apresentou temperaturas internas de
Compartilhar