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TERCEIRA EDICAO

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ISSN 2526-771X
REVISTA
ONLINE
UNIVERSIDADE
NILTON LINS
 ISSN 2526-771X ISSN 2526-771X ISSN 2526-771X
Revista Biolins 
 
A Revista da Biolins é gratuita e exclusivamente 
on-line. Sua reprodução é permitida para fins 
não comercial. 
 
Periodicidade: Semestral 
Editor chefe 
 
Elizangela F. da Silva 
 
Co-editor 
 
Alinne C. C. Rezende 
ISSN: 2526-771X 
 
 
 
Contato 
 
biolins@outlook.com 
Universidade Nilton Lins, Av. Professor Nilton 
Lins, 3259. Parque das Laranjeiras - CEP: 
69058-030, Manaus-AM 
 
 
Ilustração da capa: Gabriel Salles Masseli 
 
Comitê Editorial 
 
 Andreia S. R. 
Machado 
Ellen C. M. Souza 
 
 
 Projeto gráfico e Website 
 
Helton M. Rezende 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volume (3)-1 
3° edição 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Caros leitores, a terceira edição da revista Biolins traz como objetivo difundir a 
produção científica da área de Ciências Biológicas. A publicação é composta por 13 
artigos desenvolvidos e apresentados na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 
da graduação de Ciências Biológicas da Universidade Nilton Lins do ano de 2017. 
Esperamos que os trabalhos publicados instiguem mais alunos da graduação a se 
dedicarem a pesquisa, formando profissionais multidisciplinares. 
 
Boa leitura! 
Equipe Editorial 
 
REVISTA ONLINE BIOLINS 
 
SUMÁRIO 
 
1. ANÁLISE DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA 
PRÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS EM ESCOLAS DA REDE ESTADUAL EM MANAUS/AM. 
(Silva & Dutra, 2018)------------------------------------------------------------------------------------------------01 
2. IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DE FUNGOS ANEMOFILOS PRESENTE NOS AMBIENTES 
INTERNOS DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL – MANAUS, AM. (Benevides & 
Maia, 2018)------------------------------------------------------------------------------------------------------------16 
3. COMPOSTAGEM ORGÂNICA COMO GESTÃO DE RESÍDUOS DE PEIXES NA FEIRA DO 
MANOA, MANAUS-AM. (Lopes, Pedrosa & Nascimento, 2018)------------------------------------------27 
4. ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DOS PRESERVATIVOS MASCULINOS DE LÁTEX NATURAL 
DE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. (Silva, Machado & Henrique, 2018)----------------------------------36 
5. APLICAÇÕES E METODOLOGIAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL. 
(Silva, Silva & Machado, 2018)------------------------------------------------------------------------------------45 
6. DINÂMICA NICTEMERAL DA QUALIDADE DE ÁGUA EM VIVEIRO DE CRIAÇÃO 
SEMIINTESIVA DE TAMBAQUI Colossoma macropomum (Cuvier, 1818). (Souza, Cruz & 
Nascimento, 2018)----------------------------------------------------------------------------------------------------54 
7. O USO DA HORTA COMO ÁREA EXPERIMENTAL NO ENSINO DE BIOLOGIA. (Mendonça, 
Melo & Souza, 2018)-------------------------------------------------------------------------------------- -----------62 
8. FERMENTADO ALCOÓLICO DE FARINHA DE TAPIOCA UTILIZANDO Aspergillus oryzae 
PARA SACARIFICAÇÃO DO AMIDO. (Macambira & Franco de Sá, 2018)----------------------------69 
9. INFLUÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO NA RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE ARANHAS 
(ARACHNIDA) DE SOLO EM FRAGMENTOS FLORESTAIS EM MANAUS, AM. (Batalha, Barros 
& Almeida, 2018)----------------------------------------------------------------------------------------------------76 
10. DESAFIOS E MÉTODOS PARA A EDUCAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS ENTRE 
PROFESSORES NA DIVISÃO DISTRITAL IV EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL. (Silva & 
Barros, 2018)-------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---84 
11. OCORRÊNCIA DE MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE EIRUNEPÉ/AM. (Aquino, Machado & 
Fabiano, 2018)---------------------------------------------------------------------------------------------------------95 
12. SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO DA HORTA ESCOLAR ADAPTADO PARA 
APLICAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE. (Ferraz, Bendaham & Andrade Junior, 2018)---------------105 
13. ÁREAS RIPÁRIAS E NÃO-RIPÁRIAS COMO PREDITORAS NA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE 
SERPENTES EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME NA REGIÃO DE MANAUS, AMAZONAS. 
(Masseli, Santos & Bruce ,2018)----------------------------------------------------------------------------------115 
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ANÁLISE DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
(TICs) NA PRÁTICA DO ENSINO DE CIÊNCIAS EM ESCOLAS DA REDE 
ESTADUAL EM MANAUS/AM 
Jemuel Araújo da Silva1; José Ricardo de Oliveira Dutra2 
 
 
RESUMO: Esta pesquisa teve como objetivo, analisar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação 
(TICs) na prática do ensino dos professores de Ciências da rede estadual na cidade de Manaus, assim como 
averiguar as dificuldades que levam os professores a não fazerem uso das TICs em sala de aula. A metodologia 
foi de natureza quantitativa descritiva, no qual foram entrevistados 22 professores de 6o ao 9o ano do Ensino 
Fundamental, aplicando-o um questionário contendo 23 questões fechadas, abordando aspectos como formação, 
diagnóstico dos espaços onde se empregam TICs (Laboratório de informática e sala multimídia) e a importância 
das TICs na prática docente. No que concerne a primeira abordagem, 95,5% dos entrevistados afirmaram ter 
realizado curso de informática básica. No entanto, a maioria dos professores durante sua formação acadêmica, 
não tiveram contato com disciplinas voltadas para o uso das TICs. Quanto ao uso de ferramentas, observamos 
que o computador e o projetor aparecem como as tecnologias mais utilizadas em sala de aula. Quanto aos 
recursos da internet, a maioria dos professores ainda se dedicam a utilizar caixas de e-mail e blogs. Em todos os 
itens analisados sobre importância das TICs, tanto na prática docente, como contribuição para a aprendizagem, 
como no dinamismo e facilitação, todos os docentes concordaram com os efeitos positivos dessas tecnologias na 
esfera educacional. Pudemos comprovar que a problemática em questão está muito claramente associada à falta 
de formação dos docentes, começando desde o período da graduação até a formação continuada. 
 
Palavras-Chave: acesso a informação; didática; docência; educação; ferramentas tecnológicas 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A sociedade contemporânea vive uma era de intensa utilização de Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TICs), e, sendo assim, não temos como desvincular nossa 
realidade dos seus intensos avanços. À medida que nos apropriamos dos diferentes recursos 
proporcionados por elas, transformamos de maneira radical nossos comportamentos e ações, 
nos aspectos, social, econômico e também cultural (CRUZ e BIZELLI, 2014). 
Os vários estudos arqueológicos, juntamente com os avanços teóricos em Ciências 
Biológicas e Humanas, sugerem que o encontro do homo sapiens com a tecnologia 
 
1 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Nilton Lins. sdjemuel@hotmail.com 
2 Professor, Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública, Universidade Federal de Juiz de Fora. 
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aconteceram com o surgimento da capacidade de cooperação entre indivíduos não 
aparentados, associada às habilidades cognitivas herdadas dos ancestrais. Essa combinação 
proporcionou um processo de constantes evoluções tecnológicas e que, de certa forma, 
sempre surgiram como componente inovador e revolucionário (MAREAN, 2015). 
Segundo Bastos (1997), a tecnologia pode ser definida como uma forma deprodução 
da sociedade, que emprega todos os instrumentos dispostos, bem como teorias e invenções, 
sendo também um modo de organização e perpetuação das relações coletivas. A tecnologia, 
ao contrário do que se pensa, não é apenas concebida nos âmbito industrial; ela pode ser 
reinventada por diversos meios de aplicação. 
Paralelamente ao desenvolvimento da tecnologia, a evolução do pensamento humano 
gerou outro importante ramo do conhecimento, a ciência, que tem como característica a 
capacidade de lidar com fatos reais, partindo de um pressuposto no qual as hipóteses podem 
ser falseadas ou comprovadas mediante a experiência, e não pela razão. É uma forma de saber 
logicamente ordenada, formando um sistema de ideias conexas (LAKATOS e MARCONI, 
2010). 
Conforme Miranda (2002), a tecnologia moderna é a fusão de ciência e técnica que 
ocorreu do século XVIII, a qual passou a produzir razão instrumental para servir ao poder 
político e econômico, sob o modo de produção do sistema capitalista. Esse desenvolvimento 
técnico-científico possibilitou novas invenções, provocando significativas mudanças na vida e 
na forma de produzir. A sociedade moderna vive perante a revolução tecnológica, em que se 
sobressai aquele que domina os conhecimentos e habilidades dessa realidade plural e 
complexa que estabelece novas compreensões de educação, influenciando a escola e as 
maneiras de promover o ensino (PINTO, 2004). 
Segundo Couto e Coelho (2013), nesse contexto que se encontra a educação, 
recebendo toda a influência advinda dessa sociedade tecnológica, está contido o aluno, 
nominado na literatura sobre o assunto como nativo digital. São crianças e jovens que 
nasceram cercados por tecnologias (computador, internet, televisor e smartphone) e que estão 
acostumados a usá-las para obter informações de forma muita rápida, preferindo as fontes 
digitais aos livros (PRENSKY, 2001). 
Outro sujeito que se encontra igualmente dentro dessa realidade educacional é o 
professor, cuja função é promover a intermediação dos novos conhecimentos produzidos na 
atualidade, articulado aos conhecimentos históricos acumulados, possibilitando ao aluno 
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desenvolver competências e habilidades que o conduzam na interpretação de suas 
experiências e aprendizagens na vida social (BULGRAEN, 2010). 
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são a junção de tecnologias da 
informática com as tecnologias das telecomunicações, que, uma vez inseridas no contexto 
educacional, apresentam-se como possibilidades de melhoria e contribuição para 
aprendizagem dos alunos, além de possibilitarem o desenvolvimento de novos ambientes nos 
quais essa aprendizagem se torna possível (MIRANDA, 2007). 
Dentre os componentes curriculares que se destacam nesses ambientes de 
aprendizagem proporcionados pelas tecnologias educacionais, podemos apontar as ciências 
naturais, que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, têm como objetivo compreender 
o saber científico: os fenômenos físicos, químicos e biológicos, identificando suas relações 
com a tecnologia e modos de vida da sociedade. Ou seja, deste modo, o ensino de Ciências é 
um dos que mais ganham se bem articulado com esses instrumentais tecnológicos (BRASIL, 
1998). 
A introdução das TICs no ensino de ciências naturais poderá trazer melhorias no 
processo de ensino-aprendizagem, pois, ao se apropriar desse tipo de conhecimento 
tecnológico, o professor estará apto a adentrar a cultura digital, da qual os alunos fazem parte, 
interagindo da melhor forma possível com uma linguagem conhecida no contexto dos nativos 
digitais. Dessa forma, o professor se aproxima do aluno social e culturalmente, dando maior 
fluidez ao processo educacional (PRENSKY, 2010 apud FEY, 2011). 
Quanto mais indivíduos o professor puder envolver nesse ciberespaço, mais 
simplificado será o processo de desenvolvimento das relações sociais de ensino e, 
consequentemente, a ampliação do número de atores que serão capazes de se apropriar das 
diversas informações proporcionadas por meio das TICs, permitindo que os mesmos 
modifiquem essas informações de acordo com sua cultura difundindo-as de uma nova maneira 
(LEVY, 1999). 
Apesar de as Tecnologias de Informação e Comunicação estarem presentes no dia a 
dia do professor, quando adentram ao contexto da sala de aula esbarram na dificuldade de 
adequação ao processo de ensino-aprendizagem, pois os equipamentos quando usados pelos 
alunos sem a condução adequada do professor se tornam meros aparelhos eletrônicos alheios 
ao comprometimento da aprendizagem dos conteúdos escolares (CHIOFI e OLIVEIRA, 
2014). 
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Partindo do fato de que temos um novo perfil de aluno dentro da escola, um 
indivíduo totalmente inserido no mundo digital, e sabendo da resistência que há no 
ajustamento dessa nova realidade ao trabalho docente, este artigo vem ao encontro da 
necessidade de se detectarem essas dificuldades que levam os professores de ciências naturais 
do sistema público de ensino estadual a não aproveitarem todos os potenciais dos recursos 
tecnológicos disponibilizados dentro e fora da escola como possibilidades didáticas. Além 
disso, pretende-se contribuir com estudos mais aprofundados a respeito das Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TIC´s) no estado uma vez que a literatura sobre a temática 
encontra-se escassa. 
Diante do exposto, analisamos o uso das TICs na prática de ensino de Ciências da 
rede estadual em Manaus/AM. Verificamos a formação dos docentes para a utilização das 
TICs e o interesse dos mesmos no uso das ferramentas tecnológicas. 
 
MATERIAL E MÉTODO 
 
O presente estudo foi desenvolvido em escolas da rede estadual do Estado do 
Amazonas. A metodologia utilizada foi de natureza quantitativa descritiva, que, de acordo 
com o método proposto por Lakatos e Marconi (2010), é um tipo de pesquisa a qual permite, 
através de variadas técnicas (entrevistas, questionários e programas), descrever com rigor e 
precisão estatísticas determinadas características de uma população. Baseado nisso, foram 
visitadas nove escolas para aplicação de um questionário fechado para 22 professores de 
Ciências do 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental, nos meses de março e abril de 2017. 
A primeira parte do referido instrumento de coleta contemplou a formação do 
docente, sendo elaboradas perguntas voltadas aos cursos e treinamentos relacionados às TICs. 
A segunda parte consistiu em um diagnóstico da escola, por meio do qual foram analisados os 
aspectos estruturais e a existência ou não de equipamentos. A terceira e última parte abordou 
as questões voltadas para o conhecimento e uso das TICs no cotidiano dos professores de 
Ciências do Ensino Fundamental, visando a avaliar o nível de interesse e resistência na 
utilização desses recursos. 
Para a análise das variáveis que compõe o modelo analítico em questão, utilizou-se o 
programa Microsoft Excel 2010, e, posteriormente, os dados foram organizados em 
porcentagens, sendo representados na forma de tabelas e gráficos. 
 
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RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Com intuito de esclarecer a hipótese levantada a respeito das dificuldades dos 
professores de Ciências da rede pública estadual em não aproveitar as ferramentas das 
Tecnologias de Informação e Comunicação na prática do ensino, percorremos alguns 
caminhos de investigação que nos conduzirão na compreensão desse fenômeno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Formação dos docentes de ciências,de escolas da rede estadual de Manaus (AM), em Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TICs) 
 
O primeiro ponto analisado foi a formação do docente em TICs e o uso das mesmas 
no seu cotidiano. Segundo os dados fornecidos pelo questionário, 95,5% dos entrevistados 
afirmaram ter realizado algum curso de informática básica (pacote Windows, Word, Excel e 
PowerPoint). Além do curso básico, seis professores disseram ter realizado cursos de Word e 
Excel avançados, conforme o figura acima (figura 1). 
O fato de a grande maioria dos docentes demonstrar ter apenas um conhecimento 
básico de informática permite-nos fazer uma crítica contundente, logo de início, baseada nas 
palavras Miranda (2007). Observando a grande deficiência formativa nos cursos mais 
avançados, comprova-se o que a maior parte dos estudos afirma que a falta de proficiência 
dos recursos tecnológicos pelos professores está intimamente relacionada com a falta de 
formação dos mesmos. 
Estar restrito a uma formação básica inicial é nociva para o domínio das TICs na 
educação, pois o alcance dos seus saberes é limitado, tem uma duração de tempo curta, 
tornando-se, portanto, obsoleto à medida que esse tempo passa, sendo necessário que o 
professor busque atualização permanente, uma formação contínua que complemente esses 
saberes adquiridos durante toda a sua vida (OLIVEIRA et al., 2011). 
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Do universo pesquisado, com exceção de apenas um professor, todos os demais 
possuem computador, que inclui um notebook ou microcomputador. Verificamos, ainda, que 
100% dos professores têm acesso à internet, havendo uma preponderância do acesso nas suas 
próprias residências e nas escolas onde estes atuam como docentes. 
Descrição Sempre Frequentemente Raramente Nunca 
Bater papo 0,00% 45,45% 31,82% 22,73% 
Buscar Informações 59,09% 27,27% 4,55% 9,09% 
Realizar Pesquisas 59,09% 31,82% 4,55% 4,55% 
Jogar 0,00% 0,00% 31,82% 68,18% 
Acessar sites de relacionamentos 4,55% 4,55% 22,73% 68,18% 
Acessar e-mail 54,55% 22,73% 22,73% 0,00% 
Tabela 1. Aplicação do uso da internet pelos professores de ciência da rede estadual de Manaus, AM 
 
Quanto à internet, observamos que a maioria a utiliza como ferramenta, sempre ou 
com certa frequência para buscar informações (de conteúdos jornalísticos, artísticos e 
culturais), realizar pesquisas acadêmicas e acessar suas caixas de e-mail (tabela 1). Percebe-se 
que, mesmo não havendo preocupação ou interesse com a atualização da formação em TICs, 
estes professores convivem e usam naturalmente os recursos da informática. As Tecnologias 
de Informação e Comunicação na atual sociedade não são mais percebidas como instrumentos 
de especialistas, como eram no passado, mas são aceitos como bens fundamentais dentro dos 
lares, sendo sua operação uma condição necessária para o domínio da cultura (PINTO, 2004). 
Logo, a resistência encontrada pelos professores não está associada ao uso das TICs, 
pois os mesmos sabem operá-las muito bem no dia a dia para resolver sues problemas; porém, 
está associada ao fato da exigência que a própria tecnologia traz ao professor, que é fazê-lo 
refletir profundamente sobre suas concepções e práticas de ensino. Esse caráter inovador 
intrínseco à tecnologia desafia os docentes, e poucos estão dispostos a alterar suas formas de 
ensinar, uma vez que tal atitude desprende esforço, perseverança e interesse (MIRANDA, 
2007). 
Nesse quesito da formação em TICs no processo de formação acadêmica dos 
professores, a maioria (59,1%) responderam que não houve uma disciplina específica que 
abordasse tal assunto, fato esse que se justifica, já que as Diretrizes Curriculares para o Curso 
de Ciências Biológicas, homologada em 2001, não exigiu a obrigatoriedade pelas faculdades 
desse assunto no currículo dos Cursos de Ciências Biológicas. 
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas 
(BRASIL/MEC, 2001), os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas deverão 
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contemplar, além dos conteúdos próprios da Biologia, as áreas de Química, Física e Saúde, 
além da formação pedagógica, que considerará um panorama geral da educação e métodos 
formativos do estudante do Ensino Fundamental e Médio. Contudo, de 2001 até 2015 poucos 
cursos de Licenciatura na área de Ciências Biológicas incluíram nas suas matrizes tal 
itinerário. 
Através da Resolução 02/2015, o Ministério da Educação definiu novas diretrizes 
para os cursos de Licenciatura, passando então a exigir que as IES (Instituições de Ensino 
Superior) tenham disciplinas voltadas ao uso adequado das Tecnologias de Informação e 
Comunicação, no intuito de aperfeiçoar a prática docente e, ao mesmo tempo, proporcionar a 
ampliação da formação cultural tanto dos professores quanto de estudantes (BRASIL/MEC, 
2015). 
A homologação dessa resolução, apesar de tardia, foi um grande avanço para a 
inserção das TICs nos conteúdos da graduação, uma vez que esse contato prematuro permitirá 
ao docente em formação ter domínio das ferramentas tecnológicas. Assim, no futuro, estará 
apto a oportunizar a aprendizagem que facilitará uso das TICs para que seus alunos aprendam 
a se comunicar (UNESCO, 2009). 
O segundo ponto desse artigo avaliou os espaços educacionais voltados para as 
Tecnologias de Informação e Comunicação TICs, tais como Laboratório de Informática e Sala 
Multimídia, sob o ponto de vista do professor, permitiu analisar tanto a questão da estrutura 
física das salas (Laboratório e Multimídia), quanto às condições dos equipamentos 
(computadores). As escolas, em sua maioria, apresentam condições adequadas em sua 
estrutura física. Poucos professores relataram algum tipo de inadequação, porém o fato mais 
intrigante é que, dentre as escolas investigadas, uma não possui laboratório de informática e 
sala de multimídia, um caso curioso por a mesma ser uma escola de tempo integral (tabela 2). 
 
Descrição Laboratório de Informática Sala Multimídia 
Adequado – atende as condições mínimas de uso 80,95% 80,00% 
Inadequado – defeito na instalação elétrica 0,00% 5,00% 
Inadequado – ambiente com umidade 0,00% 0,00% 
Inadequado – sem refrigeração (ar-condicionado) 9,52% 0,00% 
Inadequado – Móveis inapropriados e/ou com defeitos 9,52% 15,00% 
Tabela 2. Analise da estrutura física dos Laboratórios e salas Multimídia sob ponto de vista dos professores de 
ciência da rede estadual de Manaus, AM 
 
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Esse é um fator preocupante, pois com tanto investimento público, ainda existem 
escolas no estado que não possuem um espaço para acesso as TICs. Nesse sentido, nas 
palavras de Pretto (1999), em uma sociedade com altos índices de desigualdade social como o 
Brasil, a escola tem como obrigação criar uma nova função, que é a de promover o acesso da 
criança da classe trabalhadora, principalmente aquelas mais carentes, às novas tecnologias. 
Outro ponto negativo no cenário educacional brasileiro é que grande parte dos 
educadores que possuem acesso aos recursos digitais trabalha com alunos das classes de 
maior poder aquisitivo. Por outro lado, as escolas mantidas pelo estado, onde se encontram os 
alunos de baixa renda, os professores não possuem familiaridade com as novas tecnologias 
educativas e são muitas vezes hostis a elas (CRUZ e BIZELLI, 2014). 
Quanto ao quesito computadores, grande parte dos professores relatou que os 
equipamentos se encontram em condições mínimas para uso. Além disso, quanto às 
inadequações, houve reclamação de alguns professores em relação à pequenaquantidade de 
máquinas e a softwares desatualizados (figura 2). 
 
 
Figura 2. Analise das condições de uso dos equipamentos usados na TICs sob ponto de vista dos professores de 
ciência da rede estadual de Manaus, AM 
 
Há uma urgente necessidade de que a escola pública busque adequação, 
preocupando-se em equipar os ambientes com as novas tecnologias e, além disso, promover 
capacitação de seus professores, de maneira que os mesmos possam ter condições de usar 
essas ferramentas no cotidiano escolar. É inaceitável que o sistema educacional atual, detentor 
de tantos recursos, seja ineficiente no atendimento dessas condições (SUDÉRIO et al., 2014). 
Sabendo da importância das TIC´s na prática do ensino, o terceiro ponto desse artigo 
visou o comportamento do diante das TICs em sua prática de ensino. Os resultados a seguir 
nos ajudarão a detectar quais os possíveis impedimentos, inclusive os legais, que podem está 
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interferindo na recusa dos docentes, quando os mesmos se veem diante da possibilidade de 
utilizar as TICs no ambiente escolar (Tabela 3). 
 
Descrição Sempre Frequentemente Raramente Nunca 
Uso do computador para ministrar as aulas 18,2% 40,9% 27,3% 13,6% 
Uso do projetor 4,5% 50,0% 40,9% 4,5% 
Emprego se softwares educacionais 0% 36,4% 45,5% 18,2% 
Utilização de smartphones e tablets dos alunos para as 
atividades em sala 
4,5% 27,3% 18,2% 50% 
Utilização de Televisor e DVD 0% 4,5% 63,6% 31,8% 
Tabela 3. Uso das TICs na prática do ensino de Ciências pelos professores de ciências da rede estadual de 
Manaus, AM. 
 
Nesse quesito, percebe-se que o computador e o projetor aparecem como as 
tecnologias mais utilizadas pelos professores em sala de aula; mesmo que não devam ser as 
únicas TICs a ser empregadas na prática docente, esses dois recursos são os mais acessíveis, 
sendo que todos os professores relataram a existência de projetores em boas condições. 
A utilização de recursos da tecnologia, seja qual for, leva à estimulação da 
aprendizagem, mostrando aos alunos formas diferenciadas de aprender, já que essas 
ferramentas estão presentes na realidade dos mesmos. Com o uso frequente das TICs em sala 
de aula, a interatividade entre professor e aluno aumenta significativamente (SUDÉRIO et al., 
2014). 
Porém, o professor não pode se prender ao uso restrito de um ou dois recursos 
tecnológicos; ele precisa buscar a escolarização permanente (aqui retornamos o assunto da 
necessidade de aperfeiçoamentos contínuos), pois a sociedade produtiva na qual o educador 
está inserido exige entre outras coisas de seus profissionais elevada qualificação por meio de 
especializações técnicas e experiências tecnológicas. Essa busca por saberes mais avançados 
desperta a capacidade criadora e interesse do educador pelo o uso de novos recursos 
(OLIVEIRA, et al., 2011). 
Outra análise que merece atenção é sobre a baixa de utilização de smartphones e 
tablets dos alunos nas atividades em sala de aula. Hoje, no estado do Amazonas, de acordo 
com a Lei Estadual no 3.198 de 04 de dezembro de 2007, nos estabelecimentos de ensino 
público e particular é vetada a utilização de telefones celulares nos ambiente de sala de aula 
(AMAZONAS, 2007). 
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Contudo, nos últimos 10 anos, a tecnologia de telefonia celular se desenvolveu muito 
rapidamente, de modo que, hoje, os smartphones e tablets são dispositivos considerados 
microcomputadores, que, além de manterem seus aspectos básicos de comunicação por meio 
de ligações e mensagens de texto, possuem uma gama de aplicativos que podem ser 
empregados no âmbito de sala de aula, tendo alto valor pedagógico (SILVA, 2015). 
A revisão dessa legislação precisa passar por um minucioso estudo pelos 
legisladores, em face da importância que essa TIC carrega, sabendo que a manutenção dessa 
proibição interferir na metodologia do professor, o que é totalmente antidemocrático, pois os 
professores, vendo a necessidade utilizá-los, não o fazem por constrangimento da própria lei, 
cujo texto antigo não acompanha o desenvolvimento tecnológico. 
Visto que os aparelhos móveis são muitos mais comuns e acessíveis do que o próprio 
material didático, como os livros, devido ao seu barateamento, muitas pessoas, inclusive 
carentes, têm tido contato com essas tecnologias e aprendem a utilizá-los com maestria. As 
Nações Unidas têm recomendado esses dispositivos, pois são um grande meio que poderá 
oportunizar diversos alunos de escolas pobres a ter uma educação de qualidade, tanto quanto 
um aluno rico (UNESCO, 2013). 
É importante salientar que apenas reformulação da lei, bem como o emprego das 
tecnologias na prática pedagógica ou mesmo a reestruturação dos espaços escolares não são 
fins em si mesmo, ou seja, tais atitudes não necessariamente irão salvar a educação brasileira, 
mas as TICs são meios para que o conhecimento progrida, pois é o avanço dos saberes por 
meio dessas ferramentas que irá alcançar as massas e influenciar mudanças significativas na 
sociedade (CRUZ e BIZELLI, 2014). 
Utilizar videoconferência, Facebook, chats e canal de youtube, por exemplo são 
desafios os quais os professores precisam estar dispostos a enfrentar, pois, agindo assim, o 
professor desloca a centralidade de informações de si mesmo, passando a coordenar, por meio 
da interavidade das TICs, a sensibilização e a motivação dos seus alunos para que os mesmos 
deem a devida importância ao conhecimento e aplique-o em sua realidade social (SUDÉRIO 
et al., 2014). 
Quanto aos recursos da rede mundial (internet), percebe-se que a maioria dos 
professores ainda se dedica a utilizá-la apenas como meio de correspondência com seus 
alunos através das caixas de e-mail e blogs para postagens de textos e atividades 
complementares, explorando pouco os recursos mais modernos da internet e de maior 
proporção, meios estes que irão trazer maior interação professor-aluno (Figura 3). 
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11 
 
A internet, através da criação de grupos de discussão via Facebook e WhatsApp, 
mediadas pelo professor, facilita a extensão do processo de aprendizagem, que muitas vezes é 
interrompido pela limitação do tempo no espaço escolar, que é pouco, fazendo com que o 
aluno carregue consigo muitos questionamentos, situação que pode levá-lo a não absorver o 
assunto tratado. Assim, por meio da web, a continuidade do debate poderá se estender até que 
as dúvidas seja sanadas (SILVA, 2015). 
 
Figura 3 - Recursos da internet, utilizados como ferramenta de ensino-aprendizagem pelos professores de 
ciências da rede estadual de Manaus, AM. 
 
Além da investigação sobre o uso das TICs pelo professor na sua prática docente, 
este terceiro objetivo procurar também saber a opinião próprio professor sobre se os recursos 
tecnológicos são capazes de melhorar a aprendizagem, as relações e a interatividade dos 
educandos. 
Em todos os itens analisados sobre importância das TICs, tanto na prática docente, 
como contribuição para a aprendizagem, quanto no dinamismo e facilitação, os docentes 
foram unânimes em concordar com os efeitos positivos que essas tecnologias proporcionam 
quando empregadas corretamente na esfera educacional. 
Descrição 
Concordo 
totalmente 
Concordo mais 
que discordo 
Discordo mais 
que concordo 
Discordo 
totalmente 
A utilização das TICs é importante na 
prática docente? 
81,8% 13,6% 4,5% 0,0% 
As TICs contribuem para a aprendizagem 
dos alunos? 
77,3% 13,6% 4,5% 4,5% 
As aulas de ciências ficam mais dinâmicas 
quando se utilizamas TICs? 
72,7% 22,7% 4,5% 0,0% 
As TICs facilitam a interação aluno-
professor as atividades em sala? 
68,2% 22,7% 4,5% 4,5% 
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12 
 
Tabela 4. Importância das TICs na prática do ensino de Ciências sob ponto de vista dos professores de ciências 
da rede estadual de Manaus, AM 
 
Os resultados da tabela anterior (tabela 4) demonstram que os professores estão 
plenamente conscientes das implicações benéficas que os recursos tecnológicos podem 
produzir na prática do ensino de Ciências, uma vez que essas novas ferramentas irão 
transformando aos poucos a forma como os educadores se acostumaram a ensinar, 
interferindo consequentemente na forma como seus alunos irão aprender (MIRANDA, 2007). 
No entanto, como temos discutido desde o começo da análise dos resultados, a 
questão não é somente possuir consciência de que a introdução das TICs em sala de aula pode 
mudar o paradigma da prática docente; essa mudança depende essencialmente de que todos os 
participantes do processo educacional estejam hábeis profissionalmente a trabalhar com 
destreza com as inovações tecnológicas, ou seja, os professores precisam desenvolver hábitos 
de formação continuada (CRUZ e BIZELLI, 2014). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesse trabalho, foi possível traçar uma trajetória que nos permitiu analisar o motivo 
das dificuldades que professores possuem em aplicar as TICs no ensino de Ciências, sabendo 
que essa disciplina possui um alto potencial de atividades práticas que podem muito bem ser 
aproveitadas com o uso das TICs em qualquer que seja a realidade educacional, já que seu 
acesso na atualidade é notório. 
Pudemos comprovar que a problemática em questão está muito claramente associada 
à falta de formação dos docentes, começando desde o período da graduação até a formação 
continuada. No que tange à formação inicial, a política do sistema educacional brasileiro 
enxergou a relação entre TICs e a escola sempre com muita hostilidade, o que é comprovado 
pela pouca importância que o próprio Ministério da Educação deu à inclusão de tecnologias 
na formação dos futuros docentes, voltando-se para essa realidade apenas em 2015. 
Quanto à formação continuada, os professores pouco têm se atentado para essa 
realidade, conformando-se com o uso de recursos básicos da TICs, ferramentas estas que são 
pouco interativas. A falta de atualização sobre as inúmeras possibilidades didáticas oferecidas 
pelas TICs vem, dessa forma, a se constituir na principal causa da negação de uso das 
tecnologias em sala de aula na rede estadual, deixando o processo de ensino-aprendizagem 
sem inovação. 
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No entanto, voltando às questões políticas, as leis que proíbem o uso do celular nos 
sistemas estaduais e municipais de ensino não acompanharam o desenvolvimento da 
tecnologia desses novos dispositivos, sendo que os textos dessas legislações encontram-se 
desatualizados e são nada específicos se o professor pode ou não utilizar smartphones. Isso 
faz com que se aumente ainda mais o distanciamento das TICs na realidade da prática do 
professor de Ciências. 
Portanto, longe de culpar apenas o professor, não podemos negar que a solução para 
esse problema deve começar pela conscientização do próprio docente em buscar algo que 
inove sua prática docente, uma vez que seus alunos já nasceram em um mundo totalmente 
conectado pelas tecnologias e não há mais como negar esse fato. Porém, para além disso, o 
sistema educacional estadual, através de suas escolas, precisa investir na atualização dos seus 
profissionais e proporcionar melhores condições para que os mesmos estejam motivados a 
fazer aquilo para o qual foram preparados: formar cidadãos conhecedores de sua história e 
conscientes do seu papel na cibercultura. 
 
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IDENTIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DE FUNGOS ANEMOFILOS PRESENTE 
NOS AMBIENTES INTERNOS DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL 
– MANAUS, AM 
Alexandro Viana Benevides1; Cynthia Rafaela Monteiro da Silva Maia2 
 
 
RESUMO: Os fungos são seres eucariontes que desempenham inúmeras funções no meio ambiente, sendo eles 
os responsáveis por um importante papel nos ecossistemas que são as decomposições de matérias orgânicas e 
inorgânicas. Contudo alguns desses microrganismos podem acarretar patologias, diagnosticado como infecções 
relacionadas à baixa imunidade do indivíduo e a sua exposição em ambientes com pouca circulação de ar. Os 
levantamentos dos fungos que podem estar presentes nos locais fechados e de clima transitório entre quente e 
úmido, onde se encaixam os ambientes escolares são de extrema necessidade. Com isso, o presente trabalho teve 
como objetivo identificação macroscópica os tipos de fungos presentes nos ambientes internos de uma escola da 
rede pública estadual na cidade de Manaus- AM. A metodologia utilizada baseou-se nas técnicas do isolamento 
de fungos do ar, com a distribuição de 28 placas de Petri contendo Ágar Potato Dextrose acrescido do antibiótico 
Diclofenaco, as quais foram incubadas à temperatura de 37ºC, por um período de sete dias. Após a incubação, foi 
feita a identificação macroscópica dos fungos dos ambientes estudados. Foram isoladas 69 colônias de fungos 
sendo todas filamentosas, incluindo três gêneros fúngicos. Dentre os identificados, destacaram-se os fungos 
Fusarium sp (FR=46.4%), Aspergillus flavus (FR=32.2%) e Penicilium marneffei (FR= 21.4%). Mediante o 
exposto, é possível concluir que a grande freqüência de fungos anemófilas encontradas nos setores descritos, 
indicam poluição ambiental. A incidência fúngica reflete na falta de higienização correta do ambiente onde há 
uma alta rotatividade de alunos, professores e funcionários. 
 
Palavras-chave: Doenças Respiratórias; Infecções Oportunistas; Microbiota Fúngica; saúde publica. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No mundo existe uma grande diversidade de fungos que vivem de forma harmônica 
com os seres humanos, apenas alguns deles possuem a capacidade de causar danos à saúde 
humana. Esses fungos se desenvolvem em ambientes obscuros e com pouca ventilação, onde 
 
1 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Nilton Lins – 
2 Bióloga, Especialista em Genética Humana pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e Mestre em 
Biologia Urbana pela Universidade Nilton Lins 
 
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são capazes de se reproduzir e se proliferar com mais abundância (Lacaz et al. 2002; Marden 
et al. 2007; Souza et al. 2008). Alguns desses fungos se locomovem através do ar atmosférico, 
podendo parasitar homens, plantas e animais sendo levado para os ambientes internos 
(MENESES et al. 2004; SOUZA et al. 2008). 
Com o aparecimento da microbiota fúngica em ambiente artificialmente climatizado, 
além de apresentar um perigo para a saúde de indivíduos com sensibilidades alérgicas, 
também pode ser uma porta aberta para o surgimento de outros micro-organismos 
oportunistas (Franchi et al. 2004). Gontijo (2000) enfatiza que, nos ambientes que se 
encontram fechados por muito tempo, estarão presentes às partículas microbianas que 
abrangem os fungos, vírus e bactérias que são levados pelo ar externo para o interior desses 
ambientes. 
De acordo com Menezes (2006), a maioria dos casos encontrados de rinite e asma na 
patologia clínica, é causada por fungos anemófilos dos gêneros: Rhizopus sp, Aspergillus sp., 
Fusarium sp., Penicillium sp, Cladosporium sp e Alternaria sp, que são seres oportunistas que 
podem apresentar riscos para a saúde humana, pois eles são os responsáveis pelo aumento de 
casos de doenças alérgicas. Sidrim e Rocha (2004) relatam sobre a importância das pesquisas 
feitas sobre os fungos anemófilos, pois seus esporos e suas toxinas são os grandes causadores 
de doenças do trato respiratório humano. 
Cartaxo (2007) menciona sobre a importância de conhecer a Resolução RE Nº 9 
ANVISA, de 16 de janeiro de 2003, que tem como objetivo definir orientações técnicas sobre 
a qualidade do ar interno em ambientes com pouca circulação ar como, escritórios, 
consultórios e escolas. Os ambientes com problemas de proliferação fúngicas vem 
despertando interesse em muitos estudos, visto que há um aumento de doenças alérgicas em 
profissionais que atuam em ambientes como estes. 
Os ambientes escolares possuem as mesmas características, tanto de instituições 
públicas quanto particulares devido à frequente rotatividade de alunos, professores e 
funcionários diretos e indiretos, assim podendo haver aparecimento de alguns tipos de fungos. 
Com isso se faz importante à identificação dos fungos que possam existir dentro desses 
ambientes para que possam minimizar ou eliminar os riscos de contaminações e adequar 
melhorias, podendo assim facilitar á contaminação e o aumento desses micro-organismos 
nesses ambientes. O presente trabalho teve como objetivo, identificação macroscópica dos 
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fungos anemófilos encontrados nos ambientes internos de uma escola da rede pública estadual 
localizada na cidade de Manaus, AM. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
Para a construção desse artigo o tipo de pesquisa utilizado foi descritivo do tipo 
quantitativo e inteiramente experimental, com o intuito de identificar as espécies fúngicas 
isolada do ar, coletada em diferentes setores como salas de aula (total de 10 salas), secretaria, 
sala de informática, sala dos professores e a sala jovem cidadão da Escola Estadual Professora 
Alda Barata, localizada no conjunto de flores S/N, bairro flores Manaus - AM. Todo o 
experimento foi executado em parceria com o Laboratório de Genética e Biologia Molecular 
comparada da Universidade Nilton Lins. 
Baseadas nas técnicas de isolamento de fungos do ar (Embrapa, 2011). Onde foram 
distribuídas duas placas de petri para cada ambiente, sendo 10 salas de aula, secretaria, sala 
dos professores, sala jovem cidadão e sala de informática contendo Ágar Potato dextrose 
acrescido do antibiótico Diclofenaco, envolvendo os ambientes acima citado por um período 
de 1 hora, totalizando 28 placas de petri distribuídas. Foram transportadas para o laboratório 
de genética e biologia molecular da Uniniltonlins. Utilizando as boas praticas de laboratórios 
e biossegurança, as placas foram incubadas à temperatura de 37ºC em estufa B.O.D por um 
períodode sete dias. 
Durante esse período as placas foram observadas diariamente duas vezes ao dia no 
horário das 10 da manhã e às 16 horas da tarde. À medida que as colônias foram surgindo, foi 
possível realizar a identificação e quantificação dos tipos de fungos baseado nos estudos das 
características macro morfológicas das colônias, seguindo os critérios adotados por Lacaz et 
al. (2002) e Sidrim e Rocha (2004) atreves de contadores de colônias (disponibilizado pelo 
laboratório central). Foi utilizado o programa o Word para a elaboração das tabelas, onde foi 
possível quantificar a frequência relativa da incidência de fungos no ambiente estudado. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Após os sete dias na incubadora de B.O.D, foi realizada a identificação e 
quantificação macroscópica de 55 colônias de fungos anemófilos nas 28 placas de petri que 
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foram distribuídas por ambientes. Foi possível identificar três tipos de fungos: um gênero 
sendo ele Fusarium sp., e duas espécies Aspergillus flavus e Penicilium marneffei (Tabela 1). 
 
FUNGOS S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 SEC SP SI SJC 
Fusarium sp 
Aspergillus flavus 
Penicilium marneffei 
Tabela 1 - Identificação e quantificação de fungos por ambientes; S- sala; Sec- Secretaria; SP – Sala professores; 
SI – Sala de informática; SJC – Sala jovem cidadão. 
 
As elevadas taxas de fungos presentes nesses ambientes já se eram esperado pelo fato 
de haver um grande fluxo e rotatividade de pessoas, também se observou que as salas de aula 
2, 3, 5 e 9 apresentavam problemas em um de seus ar condicionados das respectivas salas 
citadas acima, seus filtros encontravam-se obstruídos com excesso de impurezas já as salas 1 
e 10 apresentaram problemas em algumas lâmpadas deixando o ambiente obscuros e ideal 
para o desenvolvimento fúngicos. 
Na sala jovem cidadão e sala de informática eram usados como depósitos de caixas 
de livros espalhadas pelo chão, instrumentos como tambores, caixas de som e 
condicionadores de ar sem o devido uso, as portas eram fechadas durante o dia inteiro e os 
ambientes escuros constantemente. Na sala dos professores e secretaria escolar foi encontrado 
bastante resto de alimentos como frutas, pães, restos de carne feijão, arroz e outros em lixeiras 
abertas, tornando-se um ambiente ideal para os fungos decompositores. 
Em pesquisa semelhante realizada por Coutinho (2007) com telefones públicos, onde 
o mesmo constatou que a falta de manutenção e higienização desses aparelhos geravam um 
acúmulo de micro-organismos, durante a sua pesquisa foi possível coletar e identificar em 
suas amostras uma alta taxa de vestígio do fungo que contaminavam as possíveis pessoas 
sadias que usufruíam desses aparelhos. 
Para Souza (2008) as altas taxas de fungos encontrados em ambientes como esses é 
um fator alarmante, considerando que estes locais possuem uma considerável demanda de 
pessoas expostas constantemente à contaminação. Para que haja um controle da proliferação 
fungica é necessário que esses ambientes sejam mantidos em constante ventilação e 
desinfecção com higienização e limpeza diária (WARRIS; VERWEIJ, 2005). 
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Durante as análises macroscópicas dos fungos, foi possível obter a frequência 
Relativa (%) indicando o índice de concentração fúngica no ambiente estudado. Fusarium sp 
foi o fungo encontrado com maior incidência com uma frequência de 46.4% de fungos em 
quase todas as salas, Aspergillus flavus com uma frequência de 32.2% e Penicillium marneffei 
com uma frequência de 21.4% de fungos (Tabela 2). 
 
FUNGOS FREQUENCIA ABSOLUTA FREQUENCIA RELATIVA (%) 
 Fusarium sp 13 46.4 
 Aspergillus flavus 09 32.2 
 Penicilium marneffei 06 21.4 
Tabela 2 - Incidência de frequência (%) de fungos presente no ambiente de uma escola pública da rede estadual. 
 
As espécies e o gênero encontrado no presente estudado foram os fungos anemófilos 
conhecido como, Fusarium sp, Aspergillus flavus e Penicilium marneffei, que são 
considerados como fungos produtores de micotoxinas que são capazes de causar danos ao 
homem. 
Gambele (1993) realizou em semelhante trabalho, pesquisando fungo isolado do ar 
na universidade de São Paulo, realizado em 28 bibliotecas, onde foram encontrados resultados 
similares que comprovaram que a microbiota fúngica mais presentes nesses ambientes 
pertenciam ao gênero Fusarium sp, Penicilium, Aspergillus, e outros tipos de fungos. 
O gênero Fusarium sp., pertence a família Nectriaceae que representa uma grande 
diversidade em relação a morfologia, fisiologia e ecológicas e não surpreendente que esse 
gênero tenha sido encontrado na maioria dos nichos ecológicos, e nas inúmeras regiões do 
mundo (BURGESS, 1997). 
Esse fungo esta presente, especialmente, em locais de clima quente e úmido e possui 
capacidade de sobreviver por muito tempo no solo e pode colonizar folhas, ramos e frutos 
através dos seus conídios que são levados pela água ou pelo ar atmosférico (MILANESI, 
2009). 
O gênero Fusarium sp, é classificado de acordo com as suas características 
morfológicas de colônias, taxa de crescimento e pigmentação (Oliveira; Costa, 2002). Para 
Menezes (2004) um dos gêneros que correspondem melhor a proliferação microbiológica de 
ambientes fechados são os fungos Fusarium sp, é caracterizado como um agente etiológico 
causador de doenças alérgicas em seres humanos (Figura 1). 
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Figura 1. Fungo Fusarium sp. (Fonte: Fonte: Benevides, A. V). 
 
Os fungo Aspergillus e Penicillium pertencem a família Trichocomaceae e abrange 
um dos maiores grupos de fungos, é conhecida por causar efeitos positivos e negativos aos 
seres humanos. (Houbraken; Samson, 2011). Vecchia e Castilhos-Fortes, (2007) realizaram 
uma pesquisa em alimentos, onde foram capazes de isolar e identificar dois tipos fungos 
produtores de micotoxinas, sendo um deles do gênero Aspergillus sp, onde observou que as 
suas toxinas estão ligadas diretamente aos casos relacionados as doenças hepáticas, já os 
fungos Penicillium sp, também encontrado nos alimentos estudado descobriu-se que esse 
fungo produz uma toxina responsável por causar efeitos neurotóxicos em seres humanos 
desequilibrando o funcionamento do sistema nervoso causando danos ao tecido neural. 
O gênero Aspergillus, foi relatado por Micheli, pela primeira vez em 1729, em 
seguida outros pesquisadores como Tom e Chuch em 1926, lançaram a primeira edição de sua 
monografia, os tipos de espécies associadas a esse gênero ficaram conhecidos e passaram a 
ser um dos principais fungos estudados. Um levantamento completo sobre a descrição do 
gênero foi feita por Rapper e Fennel em 1965, onde foi estudada e catalogada cerca de 132 
espécies e 18 variedades de fungos (BENNETT,2010; GEISER, 2007). 
De acordo com Samson e Varga (2009) o Aspergillus sp, abrange 260 espécies, 
apesar de que esse gênero tenha sido de bastante estudado desde 1729, as espécies podem ser 
identificadas através da coloração dos conídios, pelo seu rápido crescimento e adaptação em 
variáveis temperaturas e através do seu desenvolvimento em meio de cultura quesitos estes 
que também foram utilizados neste estudo. Esse gênero é visto como cosmopolita, ou seja, 
tem a capacidade de se adaptar a inúmeros ambientes e se proliferar rapidamente na natureza, 
o gênero apresenta uma maior abundancia nas regiões de climas quente e úmido (KLICH, 
2002; PITT; HOCKING, 1997). 
 
A 
 
B 
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22 
 
As colônias dispõem de uma vasta variação de coloração, sendo encontradas colônias 
com colorações em tons de amarelo, verde, preto, marrons e branco. (Klich, 2002; Varga, 
2004), ou seja, são patógenos oportunistas entre os mais comuns, encontram-se os Aspergillus 
flavus, essa espécie é responsável por produzir uma toxina chamada aflatoxina, capaz de 
apresentar efeitos hepatóxicos é mutagênicos em seres humanos (Figura 2) (VARGAS, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Fungos Aspergillus flavus (Fonte: Fonte: Benevides, A. V). 
 
O gênero Penicilium sp, é considerado importante na decomposição de alimentos, 
estão amplamente espalhados no solo, vegetações e ar atmosférico. As espécies que 
pertencem a esse gênero têm sido usadas como referencias em estudos básicos, no entanto 
muitas pesquisas realizadas têm mostrado o seu enorme potencial dentro do campo da 
biotecnologia. Diversas espécies são utilizadas no biocontrole, e é fonte de enzimas de grande 
importância para as indústrias farmacêuticas (PALLU, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Fungos Penicillium marneffei. (Fonte: Benevides, A. V.) 
 
O Penicilium marneffei (Figura 3) é relatado como agente patogênico e oportunista 
que pode causar impactos negativos em seres humanos. E muitas espécies são prejudiciais ao 
homem, podendo causar doenças como sinusites, ceratites, infecções urinarias e pulmonares 
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(SIDRIM E MOREIRA, 1999). E quando é encontrado em ambiente fechados aumenta a 
probabilidade da ocorrência de patologias em seres humanos e principalmente em crianças 
que fazem uso das salas nas escolas. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Após a avaliação dos resultados obtidos pode-se observar que os ambientes 
estudados são propícios ao desenvolvimento de fungos micro-organismos potencialmente 
etiológicos prejudiciais a saúde do homem, tais como: Fusarium sp, Aspergillus flavus e 
Penicillium marneffei. Contudo devem-se levar em consideração as estações climáticas da 
cidade de Manaus e a localização da escola, onde a mesma é rodeada de arvores, aumentado 
assim o nível de umidade e o aumento do calor próximo à escola, facilitando o crescimento 
dessas espécies de fungos. 
Com o resultado adquirido através das analises, se pode afirmar que dentro das 
escolas devera haver uma limpeza maior nos aparelhos de ar condicionados, bem como de 
todas as salas aqui estudadas, e realizar a rotina de abrir as janelas para que entre ar puro, com 
isso ajudar a minimizar a umidade de ar artificial que há dentro deste ambiente. Pois isso 
diminuirá a proliferação desses agentes alguns bem patógenos evitando com isso o 
acometimento de crianças que frequentam as escolas publicas da cidade de Manaus com 
alguns tipos de patologias tais como: rinites alérgicas, bronquite alérgica, pneumonias etc. 
 
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COMPOSTAGEM ORGÂNICA COMO GESTÃO DE RESÍDUOS DE PEIXES NA 
FEIRA DO MANOA, MANAUS-AM 
Alex Darlan Silva Lopes1; Tatiana da Silva Pedrosa2; Marcelo dos Santos Nascimento3 
 
 
RESUMO: Os resíduos de peixes oriundos de feiras livres, em sua grande parte são descartados sem nenhum 
tratamento prévio, causando grandes problemas ao meio ambiente e a sociedade. Nesse contexto, a 
compostagem apresenta-se como alternativa adequada para transformar esses resíduos em adubo orgânico. Desta 
forma, o presente estudo teve como objetivo propor uma alternativa sustentável para o descarte de resíduos de 
peixes gerados a partir de quiosques e barracas de feirantes na Feira do Manoa, Manaus - AM, produzindo 
assim, um composto orgânico do material descartado e reduzindo os impactos ambientais gerados pelo seu 
descarte inadequado em lixões na cidade de Manaus. Primeiramente, foi aplicado um questionário objetivo sobre 
a avaliação dos resíduos de peixes gerados na Feira e posteriormente foi realizada a coleta dos resíduos de 
peixes. Na segunda etapa, foram montadas três composteiras de madeira, onde as composteiras foram 
preenchidas com maravalha e resíduos de peixes. O processo de compostagem durou 50 dias e os dados 
resultantes foram discutidos com base na estatística descritiva. Conclui-se na presente pesquisa que a 
compostagem orgânica elaborada a partir de resíduos de peixes, pode agregar valor aos resíduos, contribuir para 
quebra de dependência de fertilizantes químicos pelos agricultores e reduzir os impactos ambientais gerados pelo 
seu descarte inadequado desses resíduos em feiras e lixões na cidade de Manaus. 
 
Palavras-chave: Pescado, aproveitamento, composto orgânico, gestão ambiental. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O crescimento populacional tem acarretado diversos problemas ambientais, 
principalmente quando se trata da crescente geração de resíduos. O Brasil produziu no ano de 
2016, um total de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos, no qual a região Norte gerou 
15.444 toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos, sendo que 64,6%, o equivalente a 8.071 
toneladas diárias, ainda são destinados de maneira inadequada para lixões e aterros 
controlados (ABRELPE, 2016). Dentre os estados produtores de lixo urbano do Brasil, o 
Amazonas está entre os cinco maiores produtores de lixo no país e o primeiro na região norte 
(ABRELPE, 2015). 
 
1 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Nilton Lins. 
2 Engenheiro de pesca e Mestre em Zootecnia pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul 
3 Contato: marc.elopesca@hotmail.com 
 
 
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O descarte desses resíduos de forma incorreta pode causar transtornos ambientais, 
sanitários e econômicos (OLIVEIRA et al. 2006). Entretanto, a reciclagem e aproveitamento 
de resíduos, seja de origem agrícola ou industrial, oriundos das mais diversas cadeias 
produtivas, cujos descartes indevidos podem causar impactos negativos ao ambiente, como é 
o caso dos resíduos provenientes da indústria pesqueira (ARAÚJO, 2010). As cabeças, 
escamas, peles, vísceras e carcaças (esqueleto com carne aderida) são descartadas durante o 
processamento de beneficiamento do pescado e, dependendo da espécie de peixe processada e 
do produto final obtido pelo frigorífico e feiras, estes descartes podem representar algo entre 8 
a 16%, (no caso do pescado eviscerado), e 60 a 72% na produção de filés sem pele 
(KUBITZA e CAMPOS, 2006). 
De acordo com informações da Secretária de Estado de Produção Rural (SEPROR, 
2015), o estado do Amazonas produz cerca de 200 mil toneladas anuais de pescado, sendo 
que uma grande fração desta produção é desperdiçada na forma de excesso de pescado que 
não foi comercializado e subprodutos das feiras e indústrias de processamento de pescado 
da região. No ano de 2014 essa quantidade de resíduos de pescado no estado do Amazonas 
alcançou cerca de 27 mil toneladas. Essa quantidade alcança em média, 74 toneladas por dia e 
gerando um problema ambiental, pois esses resíduos são depositados nos lixões do estado ou 
devolvidos ao ambiente aquático. 
Neste contexto, é de grande importância o aproveitamento dos resíduos de pescado 
como fonte de matéria prima para produção de adubos orgânicos (MACHADO, 1998), 
transformando esses resíduos em um produto de valor agregado, que permita um melhor 
gerenciamento destes resíduos, podendo assim proporcionar uma quebra de dependência de 
fertilizantes químicos por agricultores, redução dos impactos ambientais e, sobretudo na 
geração de empregos e no desenvolvimento sustentável (SALES, 1995). 
Desta forma, uma alternativa sustentável para o aproveitamento dos resíduos de 
peixes é a compostagem, uma vez que pode transformá-los em fertilizante orgânico, servindo 
como adubo para jardins e hortas (GEWEHR et al. 2013). A compostagem orgânica trata-se 
de um processo de baixo custo, apropriado para grandes e pequenos volumes de material 
residual (PEREIRA NETO,1989). Na presença de carboidratos, acelera-se a degradação. As 
pilhas devem ser viradas frequentemente para permitir a oxigenação do material e reduzir 
odores (JAHNEL et al. 1999). 
Desse modo, este trabalho tem por objetivo propor uma alternativa sustentável para o 
descarte de resíduos de pescados (vísceras, cabeça, espinha e escamas) gerados a partir de 
quiosques e barracas de feirantes da feira do Manoa, localizada no bairro Colônia Santo 
 
 
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Antônio, Manaus - AM, produzindo assim, um compostoorgânico elaborado a partir do 
material descartado, agregando, valor a este resíduo, contribuindo para quebra de dependência 
de fertilizantes químicos pelos agricultores e reduzindo os impactos ambientais gerados pelo 
seu descarte inadequado em lixões na cidade de Manaus. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
O presente estudo foi realizado em duas etapas, na primeira, foi aplicado um 
questionário objetivo sobre a avaliação dos resíduos de peixes gerados na Feira do Manoa, 
localizada na colônia Santo Antônio – Manaus, AM e em seguida realizada a coleta dos 
resíduos de peixes para a posterior elaboração do composto orgânico. O questionário foi 
estruturado por cinco perguntas (abertas e fechadas), o mesmo foi aplicado em um universo 
representativo de 66,7% dos feirantes que comercializam peixes no local. Foram coletados 
cerca de 18 kg de resíduos de peixes que posteriormente foram congelados em freezer a -20°C 
até o preenchimento das composteiras com os resíduos. 
A segunda etapa foi realizada no setor de Horto da Universidade Nilton Lins, 
localizada na cidade de Manaus/AM. Foram montadas três composteiras de madeira medindo 
1,00 m de comprimento, 0,70 cm de largura e 0,40 de altura, onde na parte superior as 
mesmas ficaram abertas e protegidas por lonas plásticas e telhas. As composteiras foram 
preenchidas com uma fonte de carbono, maravalha e resíduos de peixes na altura de 0,30 cm 
respectivamente. 
A maravalha foi proveniente de madeireiras da região de Manaus e os resíduos de 
peixes (cabeça, carcaça e vísceras não triturados) foram obtidos na Feira do Manoa, 
localizada na colônia Santo Antônio - Manaus, AM. A altura utilizada para as camadas do 
agente de estruturação foi de 0,10 cm, baseado na metodologia de Paiva (2004), determinadas 
por pesagens e definida por medições com auxílio de uma fita métrica. Totalizando 6kg de 
resíduo de peixe para cada composteira. 
O processo de compostagem durou 50 dias, as biomassas foram reviradas a partir do 
decimo dia, seguindo novamente a cada dois dias até o período de estabilização da 
temperatura das biomassas. A água foi adicionada com o auxílio de um recipiente graduado, 
na proporção de 30% da biomassa de cada composteira (COSTA et al. 2005), o que 
correspondeu 2,4 L por composteira. 
As temperaturas ambientes (máxima e mínima) para a cidade de Manaus-AM foram 
coletadas no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e a temperatura das 
 
 
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biomassas internas e da camada superficial das composteiras foram realizadas diariamente 
com o auxílio de um termômetro de mercúrio. A umidade dos resíduos de peixes, maravalha e 
compostagens foi realizada em estufa à uma temperatura de 105°C, por 24 horas, utilizando a 
equação U = 100 − % de matéria seca. O pH dos resíduos de peixes, maravalha e das 
compostagens foram determinados, com o auxílio de um pHmetro digital, pela dissolução de 
10g de amostras, referentes a cada material analisado, em 90 mL de água destilada a 
temperatura ambiente. O Nitrogênio total dos resíduos de peixes, maravalha e compostagens 
foi determinado através da digestão da amostra (com ácido sulfúrico), destilação e titulação 
com o auxílio do aparelho Micro Kjedahl. (AOAC 2000). 
A tabulação dos dados resultantes foi realizada no Microsoft Excel® 2013, no qual 
tabelas e gráficos dos dados da pesquisa foram avaliados. Os dados foram discutidos com 
base na estatística descritiva. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
De acordo com os resultados das entrevistas realizadas com os feirantes, foi possível 
observar que as espécies de peixes mais vendidas na feira são o tambaqui e jaraqui, onde 
juntas, representaram 80 % no total da preferência dos consumidores, em seguida vem o 
pirarucu com 10% e pacu 10%, conforme figura 1, gráfico - A. Segundo Menezes et al. 
(2008) o tambaqui é uma das espécies de peixes mais apreciadas na região amazônica, desta 
forma, sendo bastante explorado pela pesca na Amazônia, desde o século XIX, justificando a 
preferência dos consumidores por esta espécie. 
Quando questionados sobre os principais métodos operacionais geradores de 
resíduos no processamento do pescado, 50% dos feirantes apontaram a descamação, 40% 
evisceração e 10% outros métodos, tais como filetagem e armazenamento. De acordo Kubitza 
e Campos, (2006) dependendo da espécie de peixe processada e do produto final do 
beneficiamento, os resíduos de peixes podem representar cerca de 8 a 16% para o pescado 
eviscerado, e 60 a 72% na produção de filés. Estes resíduos são principalmente vísceras, 
cauda, coluna vertebral, barbatana, escamas e restos de carne (FELTES et al.2010), como 
demostra figura 1, gráfico - B. 
 
 
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Figura 1. Gráfico - A, percentual das espécies de peixes vendidas na feira: Gráfico -B, percentual das principais 
operações geradoras de resíduos durante o processamento de pescado. 
 
No presente estudo 70% dos feirantes afirmaram que o resíduo de peixe não causa 
nenhum dano ao meio ambiente, enquanto 30% afirmam que se esses resíduos não tiverem 
destino correto, ou seja, se forem mal gerenciados podem acarretar algum dano ao ambiente, 
já 50% desses feirantes por falta de conhecimento não tem interesse em aproveitar esses 
resíduos e os outros 50% tem interesse, mais por não ter local para armazenar adequadamente 
e falta de capacitação para o tratamento do resíduo, descartam em lixeira públicas. Segundo 
Valente et al. (2014), cerca de 68% dos resíduos gerados nas indústrias de processamento são 
destinados para fabricação de farinha de peixe, enquanto 23% vão para o aterro sanitário e 9% 
descartado de forma irregular em rios, tendo assim um grande impacto ao meio ambiental. 
Os valores médios com seus respectivos desvios padrões referentes á temperatura 
ambiente, temperatura superficial e temperatura interna do composto orgânico, estão descritos 
na figura 2. Onde pode-se verificar que no trigéssimo primeiro dia houve uma estabilização 
da biomassa, isso em decorrência a temperatura da biomassa atingir temperaturas próximas a 
ambiente, conforme ilustra a Figura 2. 
 
Figura 2 - Médias das temperaturas ambiente (TA), temperatura superficial da compostagem (TSC) e 
temperatura interna da compsotagem (TIC) durante o processo de compostagem de 50 dias. 
 
 
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Nos primeiros dias do processo de compostagem observou-se que as temperaturas 
internas do composto atigiu temperaturas acima de 40°C, desta forma ocorrendo a apresença 
de bactérias mesófilas e termófilas, onde a biomassa da compostagem teve sua temperatura 
mais alta (46,25°C) no décimo quinto e décimo sexto dia. 
Em um estudo realizado por Valente et al (2009), os autores observaram que a 
biomassa interna do composto de resíduo de peixe e maravalha não atingiram temperaturas 
acima dos 40°C durante seus 90 dias de acompanhamento, indicando uma intensa atividade 
microbiana mesofílica, possivelmente em decorrência do maior conteúdo de N inicial (9,6% ± 
0,40) prontamente disponível nas carcaças de pescado para a síntese de proteínas microbianas 
e, também, pelo C facilmente degradável. 
De acordo Kiehl (1998), as bactérias mesófilas tendem a ter um ótimo 
desenvelvimento em temperaturas de 25° a 40°C e as termófilas em temperaturas de 45° a 
55°C, e logo após o inico do processo de compostagem a temperatura pode ser menor que a 
do ambiente, caracteristica observada neste estudo que apresentou temperaturas internas de

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