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PROCESSO CIVIL I 
CCJ 0035 – 2019.1 
 
 
 
SUMÁRIO 
SUMÁRIO ................................................................................................................................................................. 1 
1. PROCESSO E PROCEDIMENTO ..................................................................................................................... 1 
2. COMPETÊNCIA: CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA. ........................................................................... 6 
3. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL EXCLUSIVA E CONCORRENTE. ......................................................... 7 
4. LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL ......................................................................................................... 7 
5. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL. DISPOSIÇÕES GERAIS. AUXÍLIO DIRETO. CARTA 
ROGATÓRIA ........................................................................................................................................................... 8 
 
1. PROCESSO E PROCEDIMENTO 
COMO ESTÁ DIVIDIDO O CPC/15? 
O Código de Processo Civil está divido em duas partes: Parte Geral e Parte Especial. 
A Parte Geral contém cinco livros e a Especial, três: 
PARTE GERAL PARTE ESPECIAL 
Livro I – Das Normas Processuais Livro I – Do Processo de Conhecimento e 
do Cumprimento de Sentença 
Livro II – Da Função Jurisdicional Livro II – Do Processo de Execução 
Livro III – Dos Sujeitos do Processo Livro III – Dos Processos nos Tribunais e 
dos Meios de Impugnação das Decisões 
Judiciais 
Livro IV – Dos Atos Processuais 
Livro V – Da Tutela Provisória 
 
No Livro I da Parte Especial, que dispõe sobre o Processo de Conhecimento e do 
Cumprimento de Sentença, temos o Título I dedicado ao Procedimento Comum e o Título 
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Aula 
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III regulando os procedimentos especiais. Observa-se, assim, que processo e 
procedimento são conceitos distintos. 
O QUE É PROCESSO? 
 Na primavera de 1949, em curso realizado na Faculdade de Direito de Paris, o catedrático 
da Faculdade de Direito de Montevidéu e presidente do Colégio de Advogados do 
Uruguai, Eduardo J. Couture, na terceira conferência, cujo tema foi “o processo”, faz-nos 
a seguinte pergunta: “que é o processo?” E ele próprio responde: 
“O processo é, em si mesmo, um método de debate. Nele participam 
elementos humanos: juízes, auxiliares, partes, testemunhas, peritos, etc. os 
quais agem segundo certas formalidades preestabelecidas na lei. Essas 
formalidades regulam a produção de atos jurídicos processuais, isto é, 
atos humanos dirigidos pela vontade jurídica. 
Por sua vez, esses atos se registram em documentos emanados das 
partes, dos juízes e de seus auxiliares. Daqui deriva a circunstância de que 
o processo é, indistintamente, o conjunto de atos e os autos (dossier, 
expediente) no qual esses atos ficam registrados. O s documentos do 
processo representam – ou seja, apresentam de novo, a vontade jurídica 
processual. 
As formalidades processuais variam no tempo e no es paço, quer sob o 
ponto de vista do método escrito ou oral adotado: quer sob o ponto de 
vista do princípio inquisitório ou dispositivo: que r sob o ponto de vista 
da natureza pública ou privada do processo; etc. Mas, nessas 
formalidades, variáveis no tempo e no espaço, o que constitui a estrutura 
do processo é a ordem dialética. O processo judicial e o processo dialético 
aparecem, portanto, ante nós, unidos por um vínculo profundo. Chega-
se à verdade por oposições e refutações; por teses, por antítese s e por 
sínteses. 
A justiça se serve da dialética porque o princípio da contradição é o que 
permite, por confrontação dos opostos, chegar à verdade.” 1 
É o processo, portanto, um método ou sistema utilizado pelos órgãos da jurisdição para 
a declaração e aplicação do direito. 
 
1 OUTURE. Eduardo J. Introdução ao estudo do processo civil. 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 43. 
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PARA QUE SERVE O PROCESSO DE CONHECIMENTO E PARA QUE SERVE O PROCESSO 
DE EXECUÇÃO? 
 Se a pretensão da parte é que o juiz declare o seu direito, o processo a ser utilizado 
será o de conhecimento, cujo procedimento pode ser especial ou comum. Caso, porém, 
a pretensão consista na satisfação de um direito já declarado, valer-se-á do processo 
de execução, que adotará procedimentos diversos caso a execução seja para entrega 
de coisa ou de obrigação de fazer. 
PROCESSO DE 
CONHECIMENTO 
Visa declarar de quem é o direito 
PROCESSO DE 
EXECUÇÃO 
Visa a satisfação do direito já declarado no título executivo 
(judicial ou extrajudicial) 
 
Por isso, Humberto Theodoro Júnior ensina que o “processo é o método , isto é, o sistema 
de compor a lide em juízo através de uma relação jurídica vinculativa de direito público, 
enquanto procedimento é a forma material com que o processo se realiza em cada caso 
concreto.”2 
O processualista capixaba, internacionalmente conhecido, Sérgio Bermudes, citando o 
processualista paulista do início do século XX, João Mendes de Almeida Júnior, afirma: 
“O sufixo nominal mentum é derivado do grego menos , que significa princípio de 
movimento, vida, força vital, e to , que é uma partícula expletiva. Como sufixo nominal, 
exprime o ato em seu modo de fazer e na forma em que é feito, isto é exprime o ato 
regularmente formalizado”.(...) 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO? 
A diferença entre processo e procedimento está em que o processo é o conjunto de todos 
os atos constitutivos da relação jurídica destinada ao exercício da jurisdição (noção 
estática) ao passo que o procedimento é a ordem ou a maneira de se sucederem os atos 
processuais (ideia dinâmica).3 
 
2 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 43. 
3 BERMUDES, Sérgio. Introdução ao processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 130. 
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Diante das lições supra, resta-nos apenas concluir dizendo que o procedimento é o 
modo de ser do processo. 
COMO IDENTIFICAR A AÇÃO A SER PROPOSTA? 
Um dos mais tormentosos problemas que o estudante ou o profissional do direito 
enfrenta ao ser convocado a por em prática os preceitos teóricos é descobrir, diante de 
uma questão fática, qual a ação a ser proposta em patrocínio à pretensão da parte. 
Essa questão, contudo, não se constitui em óbice intransponível. Basta ao estudante ou 
profissional observar um critério seguro e, no nosso entender único, que obterá bom 
êxito. É o critério da eliminação. 
Segundo preceitua o artigo 2° do Código de Processo Civil, “o processo começa por 
iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial ”. Deste modo, para que a parte 
obtenha a prestação jurisdicional deverá valer-se da ação. Contudo, não basta ao 
interessado requerer a tutela jurisdicional, ele deverá requerê-la nos casos e forma legais. 
 A única forma de provocar a atividade jurisdicional, no processo civil, é a petição inicial, 
cujos requisitos estão enumerados no artigo 319 do CPC. Realizada a leitura daquele 
dispositivo verifica-se que a lei processual não exige da parte que indique o nome da 
ação a ser ajuizada. 
Como visto, o ajuizamento da ação correta se prende ao procedimento a ser adotado, 
que não pode variar segundo a discricionariedade do interessado, que está obrigado a 
adequar a sua pretensão ao
procedimento que lhe propicie o resultado pretendido. 
Em razão dos tipos de processo são classificadas as ações. Assim temos ações de 
conhecimento e ações de execução. 
Temos uma ação de conhecimento quando a pretensão da parte consiste na verificação 
da existência ou da inexistência de uma relação jurídica. A sentença que é decorrente 
deste tipo de processo, segundo a lição de Chiovenda, classifica-se em meramente 
declaratória, constitutiva ou condenatória. 
Quando, porém, já se tem certeza da existência da relação jurídica, que por sua vez, 
impõe a uma das partes o dever de cumprir uma prestação do tipo dar, fazer ou não 
fazer, mas o devedor se recusa a realizá-la, temos que nos valer de uma ação executiva. 
O primeiro passo, portanto, para se chegar à correta ação a se ajuizada é verificar que 
tipo de provimento (de processo) atenderá à pretensão da parte, se o de conhecimento 
ou o de execução. 
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Realizada esta operação inicial, verificará o estudante ou profissional que cada tipo de 
processo comporta vários tipos de procedimentos, a saber: 
Procedimentos pertinentes ao Processo de Conhecimento 
O processo de conhecimento comporta dois tipos de procedimentos: o procedimento 
comum e os procedimentos especiais. 
Os procedimentos especiais são assim denominados devido ao tratamento 
diferenciado que lhes dá o Código de Processo Civil. Buscam atender situações 
específicas. Estes procedimentos estão enumerados no Título III do Livro I da Parte 
Especial do CPC. Tudo que não se refere a procedimentos especiais pertencerá ao 
procedimento comum. 
Uma vez que o método aqui proposto para se chegar à correta ação a ser ajuizada é o 
da eliminação, tendo sido descoberto que o processo a ser adotado é o de conhecimento 
cumpre observar se o procedimento será especial. Não o sendo será comum. 
Para melhor entendimento, tomemos por base o seguinte exemplo: “A” adquiriu de “B” 
cem (100) alqueires de terra ao preço de R$ 2.000,00 (dois mil) o alqueire. Após efetuada 
a transcrição no registro imobiliário “A” determinou que se fizesse uma nova medição da 
área, vindo a constatar que esta contém noventa (90) alqueires. 
Para estes casos, o Código Civil Brasileiro, no artigo 1.136, dispõe que o comprador poderá 
exigir o complemento da área, e não sendo isso possível, reclamar a rescisão do contrato 
ou o abatimento proporcional do preço. Mas a dúvida persiste: qual a ação a ser ajuizada? 
Adotando-se o critério supra se verifica que a hipótese é de processo de conhecimento. 
Assim sendo, primeiro observa-se se há nos procedimentos especiais algum que se 
adeque à espécie. Constatando que não se trata de nenhum dos procedimentos especiais 
o procedimento é o comum. 
Mas a dúvida ainda persiste: qual a ação a ser ajuizada? Neste caso o Código de Processo 
Civil não declina o nome da ação, como o faz nos procedimentos. Coube então à doutrina 
dizer o nome da ação. 
Se a pretensão da parte for o complemento da área a ação a ser proposta será a “ação 
ex empto ”, isto é, “a que compete ao comprador para obrigar o vendedor a entregar-
lhe a coisa vendida, tal como a vendeu, na medida, na quantidade ou no conteúdo 
determinado no contrato, ou a parte da mesma que deixou de ser entregue”. 
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Se, todavia, o que deseja o comprador é o abatimento proporcional do preço da coisa 
vendida ou a rescisão do contrato, deverá propor ação estimatória ou “quanti minoris ”, 
que é a “ação que compete ao comprador contra o vendedor, para pedir abatimento 
proporcional do preço da coisa vendida, quando se verifique haver vícios ou defeitos 
ocultos que lhe diminuam o valor ou não corresponder à quantidade ou dimensão ao 
estipulado no contrato”.4 
 A esta altura o leitor deve estar fazendo a seguinte afirmação: esse critério não soluciona 
o problema, pois inúmeras são as ações nominadas apenas pela doutrina. Isto, porém, 
não constitui óbice à solução do problema porque, conforme já afirmamos, a lei 
processual não exige da parte que indique o nome da ação. Deste modo bastaria ao autor 
“A” intentar “ação de procedimento comum” em face de “B” ter-lhe vendido o imóvel com 
área menor que a declarada. 
2. COMPETÊNCIA: CONCEITO E NATUREZA 
JURÍDICA. 
 
O QUE É COMPETÊNCIA? 
A jurisdição é a função pública em virtude da qual se determina o direito das partes com 
o objetivo de dirimir seus conflitos e controvérsias, ou seja, é a atividade de compor a lide. 
Uma vez que não é possível a um juiz ou a um órgão judiciário resolver todos os conflitos, 
o exercício da jurisdição exige o concurso de vários órgãos. 
A competência é justamente o critério para distribuir entre os vários órgãos judiciários as 
atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. No dizer de Liebman, competência 
é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo 
de órgãos. 
COMO É FEITA A DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA? 
 
4 Ibidem, p. 58. Consta ainda no verbete: “Se a venda de um imóvel se estipular o preço por medida de extensão 
ou se determinar a respectiva área e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o 
comprador terá direito de exigir o complemento da área e não sendo isso possível, o de reclamar a rescisão do 
contrato ou abatimento proporcional no preço. Não lhe cabe, porém esse direito se o imóvel foi vendido como coisa 
certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões. (Cód. Civil, art. 1.136).” 
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A distribuição da competência se faz por meio de normas constitucionais, de leis 
processuais e de organização judiciária. 
3. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL EXCLUSIVA E 
CONCORRENTE. 
 
Em razão da soberania de cada país, há um princípio denominado de princípio da 
efetividade que preceitua que só deve haver jurisdição até onde o Estado efetivamente 
consiga executar soberanamente suas sentenças. 
Por meio deste critério, há um conjunto de causas que podem ser propostas tanto no 
Brasil quanto em Estado estrangeiro e outras cuja competência é exclusiva do Brasil. 
Temos assim competência exclusiva ou concorrente. 
4. LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
Inicialmente o legislador seleciona algumas espécies de lides que são atribuídas à 
legislação brasileira (arts. 21 a 25, CPC). Daí resulta o que se chama “competência 
internacional”. 
A competência da Justiça brasileira, em face dos tribunais estrangeiros, pode ser 
concorrente (ou cumulativa) ou exclusiva. 
Nos artigos 21 e 22 do CPC estão enumerados os casos em que a ação pode ser ajuizada 
no Brasil ou no exterior (competência concorrente ou cumulativa). 
No artigo 23 estão listados os casos de competência exclusiva da Justiça Brasileira. 
O artigo 24 resolve o problema da existência simultânea de uma ação no Brasil e outra 
no estrangeiro envolvendo as mesmas partes, causa de pedir e pedido. 
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a 
pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
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Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária
brasileira processar e julgar as ações: 
I - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, 
recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou 
residência no Brasil; 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular 
e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja 
de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de 
bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional. 
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não 
obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são 
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos 
bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a 
homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no 
Brasil. 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento 
da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato 
internacional, arguida pelo réu na contestação. 
§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional 
exclusiva previstas neste Capítulo. 
§ 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º. 
 
5. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL. DISPOSIÇÕES 
GERAIS. AUXÍLIO DIRETO. CARTA ROGATÓRIA 
 
O art. 26 do CPC preconiza que a cooperação jurídica internacional será regida por 
tratado do qual o Brasil seja parte, observados os critérios do respeito às garantias do 
devido processo legal, da igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, da 
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publicidade processual, da existência de autoridade central para recepção e transmissão 
dos pedidos de cooperação e da espontaneidade na transmissão de informações. 
O art. 27 do CPC enumera quais atos podem ser solicitados por meio da cooperação 
jurídica internacional. 
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz 
parte e observará: 
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; 
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, 
em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência 
judiciária aos necessitados; 
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação 
brasileira ou na do Estado requerente; 
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de 
cooperação; 
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. 
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com 
base em reciprocidade, manifestada por via diplomática. 
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença 
estrangeira. 
§ 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que 
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que 
regem o Estado brasileiro. 
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de 
designação específica. 
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: 
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; 
II - colheita de provas e obtenção de informações; 
III - homologação e cumprimento de decisão; 
IV - concessão de medida judicial de urgência; 
V - assistência jurídica internacional; 
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. 
QUAIS SÃO AS MODALIDADES DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL? 
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A cooperação jurídica internacional pode ser ativa (se o Brasil requer a prática de 
determinado ato a algum Estado estrangeiro) ou passiva (quando a autoridade 
estrangeira solicita a realização de ato em território nacional). 
DE QUAIS MODOS PODE SER REALIZADA A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL? 
A cooperação jurídica internacional pode ser realizada por meio de auxílio direto ou por 
meio de carta rogatória. 
QUANDO É CABÍVEL AUXÍLIO DIRETO? 
O auxílio direto é cabível quando a medida pretendida decorrer de ato decisório de 
autoridade estrangeira não submetido a juízo de delibação no Brasil (art. 28 do CPC), 
isto é, decisão que, segundo a lei interna nacional, não dependa de homologação pela 
justiça brasileira. Se houver necessidade de juízo de delibação a cooperação só ocorrerá 
pelas vias judiciais previstas para a homologação de sentença estrangeira previstas nos 
arts. 960 a 965. 
A carta rogatória é o instrumento de cooperação utilizado para a prática de ato como 
a citação, a intimação, a notificação judicial, a colheita de provas, a obtenção de 
informações e de cumprimento de decisão interlocutória, sempre que o ato estrangeiro 
constituir decisão a ser executada no Brasil. Os requisitos formais da carta rogatória são 
os mesmos da carta precatória (art. 260, CPC). 
Seção II 
Do Auxílio Direto 
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de 
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. 
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro 
interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a 
autenticidade e a clareza do pedido. 
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto 
terá os seguintes objetos: 
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos 
administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso; 
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no 
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; 
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. 
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres 
e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela 
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execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, 
respeitadas disposições específicas constantes de tratado. 
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não 
necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências 
necessárias para seu cumprimento. 
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará 
à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. 
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for 
autoridade central. 
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar
pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional. 
Seção III 
Da Carta Rogatória 
Art. 35. (VETADO). 
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de 
jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. 
§ 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que 
o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil. 
§ 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial 
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira. 
Seção IV 
Disposições Comuns às Seções Anteriores 
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade brasileira 
competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao Estado 
requerido para lhe dar andamento. 
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os 
documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central, 
acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido. 
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se 
configurar manifesta ofensa à ordem pública. 
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-
se-á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, 
de acordo com o art. 960. 
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica 
internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado ao 
Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se 
ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de legalização. 
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação pelo 
Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento. 
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Questão objetiva: 
1) Segundo o NCPC, compete a autoridade judiciária brasileira: 
a) ações em que o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no 
Brasil. 
b) em divórcio, separação judicial ou dissolução da união estável, proceder à partilha de 
bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional. 
c) conhecer de ações relativas a imóveis situados no exterior; 
d) em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de inventário e à partilha 
de bens situados no Brasil e no exterior, ainda que o autor da herança seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
2) A cooperação jurídica internacional terá por objeto: 
a) colheita de provas e obtenção de informações; 
b) qualquer medida judicial; 
c) qualquer medida extrajudicial; 
d) citação, intimação e apenas notificação judicial. 
Questão discursiva: 
1) Maria, brasileira, casou com Glen, americano. Desde a constância do matrimônio o casal 
passou a residir no Brasil. Na constância do matrimônio nasceu Peter que se encontra 
hoje com 5 anos de idade. Ano passado o casal resolveu se divorciar. Glen, então, resolveu 
voltar para cidade onde nasceu, Santa Bárbara Califórnia. Maria procura você, advogado, 
desejando que Glen pague alimentos ao filho Peter. Diante do caso em tela questiona-se: 
a) a ação de alimentos propostas por Peter, representado por sua mãe, Maria, em face 
de Glen, deve ser promovida na Justiça do Brasil? Justifique e fundamente a resposta. 
 
 
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QUESTIONÁRIO 
1. Como está dividido o CPC/15? 
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________ 
2. O que é processo? 
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________ 
3. Para que serve o processo de conhecimento e para que serve o processo de 
execução? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
4. Qual a diferença entre Processo e Procedimento? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
5. Como identificar a ação a ser proposta? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
6. O que é competência? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
7. Em quais dispositivos do CPC estão enumerados os casos em que a ação pode 
ser ajuizada no Brasil ou no exterior (competência concorrente ou cumulativa? 
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______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
8. Em qual dispositivo do CPC estão listados os casos de competência exclusiva 
da Justiça Brasileira? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
9. A cooperação jurídica internacional terá por objeto a prática de quais atos 
processuais? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
10. De quais modos pode ser realizada a cooperação jurídica internacional? 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
11. Quando é cabível ou auxílio direto na cooperação jurídica internacional? 
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