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Brasil Seikyo - Edição 1840 - 22/04/2006 - pág. B3 - Caderno da Comunidade O que é a felicidade para você? Brasil Seikyo - Caderno da Comunidade Stéfani Beatriz Marangoni (806702-3) / pág. 1. Quando iniciamos um diálogo com essa pergunta, as respostas são as mais diversas. Para as pessoas que são solitárias, encontrar um companheiro é a felicidade. Para as que são infelizes no casamento, é serem livres novamente. Para as que desejam ser mãe, é a maternidade. Outras sonham com a felicidade de ver os filhos formados, crescidos, independentes. Para as que não têm um teto onde morar, conseguir um cantinho para se proteger do vento e da chuva já é felicidade. Por outro lado, as que vivem de aluguel determinam que adquirir a casa própria será sua felicidade. Para as que sofrem com a doença, a saúde é uma felicidade. Para as que têm saúde e acham sempre que estão acima do peso, podem imaginam que a felicidade virá à medida que perderem alguns quilos. Para as que possuem dívidas, felicidade é conseguir quitá-las o quanto antes, enquanto para as possuidoras de uma bela conta bancária, é ter tudo o que seu dinheiro possa comprar. Felicidade, no conceito mais popular, indica o momento da conquista do objeto do seu desejo, aquilo que falta em sua vida, que acredita ser justamente o que a preencherá com grande alegria. É quando consegue se livrar daquilo ou daquela situação que incomoda ou faz sofrer. E, de fato, naquele instante em que realiza o que mais sonhou, todas se consideram plenas, felizes, o coração palpita, os olhos brilham e o sorriso surge naturalmente. Mas essa felicidade não dura para sempre, como é o sonho e o desejo de todas as pessoas. Ela só dura um momento, um instante, ela por si só não se mantém. Por que aquelas que encontraram seu companheiro sofrem com as diferenças de valores e opiniões? E as que ficaram livres desejam novamente encontrar sua alma gêmea? As que se tornaram mães preocupam-se em educar seus filhos? E as que viram seus filhos se emancipar sofrem de saudade? As que têm um cantinho para se abrigar sofrem por não ter o que comer, e as que compraram sua casa, agora sofrem para pagá-la? Tendo saúde, preocupam-se em mantê-la? E as que perderam peso esforçam-se para manter seu bom humor? As que quitaram as dívidas, sofrem por não ter tudo o que gostariam? E as que compram tudo são infelizes porque nunca é o bastante? Enfim, esse tipo de felicidade é passageira, uma edificação frágil, que a qualquer momento pode desmoronar ou se transformar no próprio motivo que gera a infelicidade. Ela está condicionada a fatores externos e todos sabemos que, na vida, tudo é transitório e está em mutação. No budismo, esse tipo de felicidade recebe o nome de relativa. Brasil Seikyo - Edição 1840 - 22/04/2006 - pág. B3 - Caderno da Comunidade Stéfani Beatriz Marangoni (806702-3) / pág. 2. O ser humano, por sua natureza, é voltado ao desenvolvimento e também não vive isolado dos outros. Ele constantemente está em busca de um aprimoramento, seja ele em sua condição intelectual, física ou social, por menor que seja, usando como comparativo o outro. Ele dificilmente se sente realizado permanecendo numa mesma condição por muito tempo. E comparando com os outros a sua volta, vai renovando suas escalas de valores e necessidades constantemente, sempre partindo em busca de uma nova satisfação. Analisando pelo lado positivo, isso é o que leva o ser humano a empreender avanços, mas pelo lado negativo, cria pessoas constantemente insatisfeitas. “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta” — esta é uma frase do famoso psiquiatra suíço, Carl Jung. Embora essa afirmação denote aspectos muito profundos ligados à mente humana, ele nos faz pensar um pouco na felicidade relativa. Enquanto relacionamos a razão da nossa felicidade a fatores externos, estaremos sempre sonhando, nunca vivendo plenamente. Mas podemos dizer que, nessa mesma frase encontramos uma outra afirmativa muito importante: “Quem olha para dentro, desperta”, ou seja, no interior de cada pessoa existe algo extraordinário para ser descoberto. E, de fato, é o único fator que pode ser manipulado apenas por nós mesmas, que não fica à mercê das inconstâncias da vida e está sob o nosso inteiro controle. É algo que existe em todas as pessoas e que não pode ser usurpado ou extirpado, apenas forjado ou aperfeiçoado, desde que percebamos a sua existência e valor. É quando despertamos para essa grande força interior que abrimos caminho para a nossa felicidade absoluta, ou seja, uma felicidade verdadeira e duradoura. O Budismo de Nitiren Daishonin elucida que todas as pessoas, independentemente de quaisquer diferenças como etnia, cor, grau de instrução, origem e situação econômica, podem igualmente conquistar essa felicidade, pois o único fator que a condiciona se encontra em si mesmas. Não depende de nada externo. A felicidade está em seu coração e mente, fortes o bastante para não sucumbir diante de nenhuma situação adversa. Está no coração benevolente que é capaz de absorver apenas o positivo dentro do negativo, que transforma o desfavorável em favorável, que encontra esperança dentro de todas as desesperanças, que constrói em meio à destruição. Nada ou ninguém atinge esse coração forte, que não permite ser dominado por uma situação. Em relação a isso, o presidente Ikeda afirma: “O importante é construir dentro do coração um palácio de alegria que nada possa abalar, um estado de vida tão límpido como o céu azul acima das tormentas, como um oásis no deserto, como uma fortaleza que observa do alto as ondas embravecidas”. (“A felicidade neste mundo”, livreto com explanações da Daisaku Ikeda, Editora Brasil Seikyo, pág. 19.) Quando edificamos esse coração inabalável dentro de nós mesmas, temos domínio sobre todas as circunstâncias mutáveis do nosso ambiente e sabemos conduzir nossa vida sempre para um Brasil Seikyo - Edição 1840 - 22/04/2006 - pág. B3 - Caderno da Comunidade Stéfani Beatriz Marangoni (806702-3) / pág. 3. caminho de auto-desenvolvimento e de modo construtivo, utilizando nossa existência para o bem das pessoas e da sociedade. Como fazer para despertar essa força que existe dentro do coração e da vida de cada uma? Como fortalecê-la e torná-la inatingível frente a todas as oscilações da vida? A resposta para essas perguntas está em uma frase de Nitiren Daishonin: “Não há felicidade mais verdadeira para os seres humanos que recitar o Nam-myoho-rengue-kyo”. E nas palavras do presidente Ikeda, que afirma que a felicidade não é a ausência de sofrimentos, a verdadeira felicidade encontra-se no ato de jamais ser derrotada por qualquer circunstância. A pessoa verdadeiramente feliz é aquela que atua não somente pela sua felicidade, mas pela felicidade de outras pessoas.
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