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Jogo Coreografico uma proposta pedagogica e artistica sobre o fenomeno da composicao coreografica e dramaturgica na danca contemporanea - Ligia Tourinho

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IVReuniãoCientíficadePesquisaePós-GraduaçãoemArtesCênicas
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JogoCoreográfico:umapropostapedagógicaeartísticasobreofenômenoda
composiçãocoreográficaedramatúrgicanadançacontemporânea
LígiaTourinho(UFRJ)
GT:PesquisaemdançanoBrasil:Processoseinvestigações
Palavras-chave:jogo,dança,composição,dramaturgia.
O Jogo Coreográfico é um exercício sobre o ato de coreografar e ser coreografado, uma
propostapedagógicaqueenvolvepressupostosefundamentosestruturadosapartirdodiálogo,da
concretização dos acasos, da tentativa de vivenciar o tempo presente – o aqui e agora. Segundo
HUIZINGA(1995)ojogosecaracterizaporserumaatividadelivre,conscientementetomadacomo
“não-séria”eexterioravidahabitual,masaomesmotempocapazdeabsorverojogadordemaneira
intensaetotal.Ojogoémaisantigoqueacultura.Osanimaisjájogavamejogam,possuimaisque
umafunçãobiológicaoufisiológica.OJogoCoreográficoéumapropostadeimprovisaçãoapartir
destavisão sobreo jogocomo intuitodeexercitaroatodecoreografar,de torná-loumaprática
íntimaaosjogadores,comoumatoíntimo,assimcomoodefinemBlom&Chaplin(s/d).
O embrião desta pesquisa surgiu dentro da disciplina “Laboratório dos parâmetros A:
Movimento” oferecida ao curso de Bacharelado em Dança da UFRJ. Na época o objetivo era
construirumaestruturapedagógicaqueviabilizasseaexperimentaçãocoreográficadoselementos
abordadosaolongodadisciplina:exploraçãodaspossibilidadesdemovimentodaspartesdocorpo
esuaspossibilidadescombinatórias.Foramelaboradasfrasescoreográficasapartirdoslaboratórios
desteconteúdo.
Numsegundomomentodadisciplinaestudamosaimitaçãodosmovimentosdooutro.Este
estudonãoconsistiuemumapuraimitaçãododesenhodemovimento,mastrabalhamosoconceito
defraseenquantopartituracorporal:sériedeiscasquepermitemaointérpreteexecutarumpercurso
vivo no espaço a partir da relação impulso-intenção-movimento. A imitação consistia em tentar
captarasmesmasiscasdooutro,osmesmoimpulsoseapartirdeleexecutaromesmodesenhono
espaço. Este tipo de estudo é essencial ao jogo coreográfico e foi introduzido pedagogicamente
atravésdeexercíciosdeespelho,queconsistiaemumtrabalhoemdupla:umpropõeeooutroimita
(imitardentrodestaidéiaapresentada,claro).Esteexercíciopossuíaumaprogressãoespecífica:1.
Propõeummovimentocominíciomeioefim.Pausa.Ooutrorepeteomesmomovimentobuscando
amesmaiscadooutro.2.Tentavamrealizarestamesmaidéiadeformasimultânea.3.Opropositor
executavasua frasecoreográfica,suapartitura,eoespelho imitavasimultaneamente.ParaSpolin
“Imitaréreagir!...Espelhosãoexercíciosdereflexoespontâneoenãodeimitação1”(2001:p.43).
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Aautoraserefereaumaimitaçãosimplesdodesenhodemovimento,semsepreocuparcomosimpulsos.
IVReuniãoCientíficadePesquisaePós-GraduaçãoemArtesCênicas
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Estamosfalandodeumjogodeaçãoenãodereação,deestudossobreestesreflexosespontâneos,
sobre os ímpetos do movimento, sobre os impulsos primários e não sobre formas. Espelho é o
estado de atuar diretamente sobre aquilo que é visto (percebido). Refletir é orgânico. A pessoa
comoumtodosetornavivaealertanomomentopresente,aqui/agora.
Outra questão fundamental trabalhada foi o conceito de corpo cênico, no sentido de
construir um estado de atenção corporal específico para a cena, diferente dos estados corporais
cotidianos.Trabalhamostambémotrânsitoentreesteestadodecenaeoestadocotidiano.Acenaé
umfenômenoefêmero–lidadiretamentecomaquiloquesepassanomomentopresenteenãocom
o que passou ou com o que deverá se passar. Tem como finalidade a comunicação através do
diálogoentreointérprete(geralmenteemissor)eoespectador(geralmentereceptor),nãosetratade
umfenômenodemãoúnica.Umacenapodeserepetir,maselanuncaseráamesmadeantesnem
dedepois,apesardemanteramesmaestrutura,cadarepetiçãoéúnica.Éapartirdestasquestões
que trabalhamos este conceito de corpo cênico, um corpo atento, presente e consciente destas
relações.
Esseselementossãoosprincípiosfundamentaisparaarealizaçãodojogo,oqueprecisaser
compreendido antes das regras, como uma capacitação do intérprete para o jogo. As regras são
simples.Exige-seomínimodetrêsjogadores,podendoserrealizadoporpequenosgruposoupor
umgrandegrupo.Nãoexisteum limitemáximodeparticipantes, apenasum limitemínimo.Este
limitemínimosintetizaastrêsfunçõesdojogo,sãoelas:
Jogador coreógrafo: A função do jogador coreógrafo é de orquestrar e determinar as funções e
objetivosdo(s)jogador(es)intérprete(s).
Jogador intérprete: A partir das indicações do jogador coreógrafo o intérprete cria sua dança
dialogandocomosdemaiscolegas.
Jogadorpúblico:Temafunçãodereceptordeinformação.
Nãopodemosesquecerque apesar de lúdicoe, por isso, geralmenteestaexperiênciagera
divertimentoaosparticipantes,esteéumjogosérioquetemcomofinalidadeoexercíciodaarteda
coreografia, ou seja, o exercício da dança, o exercício cênico de comunicar algo a alguém. É
importante ressaltar que este jogo possui regras e princípios estruturais e que as funções dos
jogadoressãopartedessasregraseprincípios.
 Os jogadores possuem limites de articulação, que são dados atravésdaspossibilidades de
ações do jogo que são: Caminhar pelo espaço, Observar o outro, Imitar o outro percebendo os
pontosdeiniciaçãoeconduçãodomovimento,realizarsuapartituracoreográfica..
 Por um tempo esta idéia foi trabalhada como exercício para o desenvolvimento do
intérprete, como aprofundamento desta pesquisa ela foi se configurando em performance
IVReuniãoCientíficadePesquisaePós-GraduaçãoemArtesCênicas
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coreográfica.Duranteoanode2006ministreiadisciplina“EstágiodeRoteirizaçãoeMontagem
Coreográfica”,paraamesmaturmaqueministreiadisciplinadelaboratório.Estanovadisciplina
destina-seàmontagemcoreográficaeodesejodos alunos, assimcomoomeu,erademergulhar
mais profundamente sobre a espetacularização do jogo coreográfico. Criamos então uma
performancecomestetítuloqueestreouemnovembrode2006noCentroCoreográficodaCidade
doRiodeJaneiro.
 A performance manteve uma estrutura semelhante ao exercício, desenvolvemos
possibilidadesdeinteraçãocomopúblico.Elaaconteciaemtrêspartes,todasantecedidascomuma
vinheta explicativa. O programa, assim como a vinheta, era um manual de instruções. As regras
eramapresentadasduranteavinheta,eramasmesmasregrasqueforamapresentadasanteriormente
neste paper. Durante a primeira parte do jogo só jogava a ficha técnica, com o intuito de
exemplificaravinheta.Nasegundaparteopúblicoeraconvidadoaserojogadorcoreógrafo.Na
terceiraparteosintérpretesrealizavamumagrandeimprovisaçãosemconduçãoexternaapartirda
combinaçãodoselementosdojogo.
Oespaçocênicoeradelimitadopelolinóleo.Nãotinhanenhumtipodeefeitodeiluminação,
a sala era iluminada da mesma forma, não havia divisão entre público e platéia. Os intérpretes
quando estavam forade cena ficavampara o lado de fora do linóleo em prontidão para entrar a
partir do comando do jogador coreógrafo. Cada intérprete possuía uma cor, para facilitar a
identificaçãoporpartedopúblico.Entreoespaçodo linóleoeascadeirasdopúblicohaviauma
mesarepletadeCDs,umaparelhodesomedoismicrofones.Ojogadorcoreógrafoconduziaojogo
dasuaforma,comatrilhadesuaescolha.
 Aperformancefoimuitobemrecebida.Formava-seumafilaparaser jogadorcoreógrafo.
Umaquestão relevantepercebida após a apresentaçãodaperformance foi no que diz respeito ao
tipo de interação estabelecida com o público. Era uma interação agradável, que não obrigava
ninguémaparticiparequegeravaumadiversãogenuínanopúblico.Omaisinteressanteéqueas
pessoassedivertiamapartirdoconteúdodadançaedoprazeremcoreografar.Naturalmenteelas
entravam em um tipo de raciocínio próprio da dança e não se preocupavam em tentar entender
nenhum tipodemensagem,narrativa,historinha, estavampreocupadascomomomentopresente,
comodesenrolaro jogo,emverificar seos intérpretesdariamcontadas idéiaspropostas.Oque
ficavademaisforteeraadiversãoatravésdoselementospuroseessenciaisàdança.
 Odesejoemapresentarestapesquisaemumcongressodepesquisasdepós-graduaçãoem
artevemdanecessidadedeaprofundarquestõessobreessaidéiaedafédequeelaéumimportante
materialsistematizadodepráxis(práticaereflexão)dadança.AcreditamosnasuaimportânciatantoIVReuniãoCientíficadePesquisaePós-GraduaçãoemArtesCênicas
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no ensino da dança e formação de intérprete quanto no seu potencial enquanto espetáculo e
performanceesuacontribuiçãonaformaçãodeumpúblicodedança.
Bibliografia
BLOM, Lynne ; CHAPLIN Anne & TARIN, L. The Intimate Act of Choreography. Unites
States:UniversityofPittsburghPress,(s/d).
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. O Jogo como Elemento da Cultura. São Paulo: Editora
Perspectiva,1995.
SPOLIN,Viola.JogosTeatrais.OficháriodeViolaSpolin.SãoPaulo:Perspectiva,2001.

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