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e colaboradores Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB-10/Prov-009/10 R848 Rotinas em obstetrícia [recurso eletrônico] / Fernando Freitas ... [et al.] – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2011. Editado também como livro impresso em 2011. ISBN 978-85-363-2472-2 1. Medicina – Obstetrícia. I. Freitas, Fernando. CDU 618.2 O b st e tr íc ia R o ti n a s e m Fernando Freitas Sérgio H. Martins-Costa José Geraldo Lopes Ramos José Antônio Magalhães e colaboradores 6a edição 2011 Versão impressa desta obra: 2011 Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center Vila Anastácio 05095-035 São Paulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Capa e projeto gráfico: Paola Manica Ilustrações: Vagner Coelho dos Santos Preparação de originais: Márcio Christian Friedl Leitura final: Sandra da Câmara Godoy Editora sênior – Biociências: Letícia Bispo de Lima Editora responsável por esta obra: Laura Ávila de Souza Editoração eletrônica: Techbooks Adriana Prato Schmidt. Médica Ginecolo- gista e Obstetra. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Adriani Oliveira Galão. Professora Adjunta do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Mestre em Clínica Médica: Nefrologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PU- CRS). Doutora em Medicina e Ciências da Saúde pela PUCRS. Alberto Mantovani Abeche. Professor Ad- junto do Departamento de Ginecologia e Obste- trícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Gestação na Adolescência do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Alessandra Fritsch. Médica Ginecologista e Obstetra Contratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Ana Lúcia Letti Müller. Médica Plantonis- ta do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Coordenadora do Programa da Gestante – Centro de Saúde Navegantes, Porto Alegre/RS. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Ana Maria Carvalho Vidal. Médica do Ser- viço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Autores Fernando Freitas. Professor Titular de Obstetrícia do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Presidente do Instituto de Reprodução Humana do Rio Grande Sul. Doutor em Medicina: Ginecologia pela Univer- sidade de Estadual Paulista (UNESP). Sérgio H. Martins-Costa. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Coordenador do Programa de Gestação de Alto Risco do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Gestor do Instituto da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. José Geraldo Lopes Ramos. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Vice-Diretor da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Uroginecologia do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Gestor do Instituto da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. José Antônio Magalhães. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Medicina Fetal do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). vi Autores Membro da Equipe de Ginecologia Infanto-Pu- beral do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Coordenadora do Programa de Melhoria da Qualidade Assistencial e Segurança da Pa- ciente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Ana Selma Bertelli Picoloto. Médica Gine- cologista e Obstetra Contratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Patologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Angela Jacob Reichelt. Médica Contratada do Serviço de Endocrinologia do HCPA. Doutora em Clínica Médica pela UFRGS. Beatriz Valiati. Médica do Serviço de Gineco- logia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Clínica Médica pela UFRGS. Carla Regina Schmitz. Médica Ginecologista e Obstetra. Mestranda em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Carlos Augusto Bastos de Souza. Mé- dico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Médico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Pós-Doutor em Gine- cologia Minimamente Invasiva: Endometriose pela Universidade de Paris – Grupo Hospitalar Cochin. Carlos Fernando Francesconi. Professor As- sociado do Departamento de Medicina Interna da UFRGS. Professor Adjunto do Departamento de Medicina Interna da PUCRS. Célia Nickel. Médica Residente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Claiton Viegas Brenol. Médico do Serviço de Reumatologia do HCPA. Doutorando em Medi- cina: Ciências Médicas pela UFRGS. Cristiano Caetano Salazar. Médico do Servi- ço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mé- dico do Centro da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Especialista em Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Daniela Vanessa Vettori. Médica do Servi- ço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mé- dica Contratada do Hospital Nossa Senhora da Conceição. Especialista em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). Mestre em Medicina pela UFRGS. Denise Schlatter. Médica Ginecologista e Obstetra. Mestre em Medicina: Ciências Médi- cas pela UFRGS. Edimárlei Gonsales Valério. Médica do Hos- pital de Clínicas de Porto Alegre. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Edison Capp. Professor Associado do Depar- tamento de Ginecologia e Obstetrícia da Facul- dade de Medicina da UFRGS. Doutor em Me- dicina pela Universidade Ludwig-Maximilians, Munique, Alemanha. Eduardo Pandolfi Passos. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Setor de Reprodução Assistida do Serviço de Ginecolo- gia e Obstetrícia do HCPA. Gestor do Instituto da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Professor Livre- Docente em Ginecologia pela UNIFESP. Elsa Regina Justo Giugliani. Médica Pedia- tra. Coordenadora da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. Doutora em Medicina pela USP. Elvino Barros. Professor Associado do De- partamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Médico do Serviço de Nefrologia do HCPA. Doutor em Nefrologia pela UNIFESP/EPM. Ernani Miura. Professor de Neonatologia do Departamento de Pediatria da UFFCSPA. Doutor em Pediatria pela UFRGS. Eunice Beatriz Martin Chaves. Médica Gi- necologista e Obstetra do HCPA. Mestre em Clí- nica Médica pela UFRGS. Fernanda Peixoto Córdova. Consultora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Ministério da Saúde. Aluna do Curso de Es- pecialização em Enfermagem Obstétrica da Uni- versidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Mestre em Enfermagem pela UFRGS. Fernanda Sales Vianna. Bióloga. Mestre e Doutoranda em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Colaboradora do Sistema Nacional de Informação sobre Teratógenos (SIAT). Autores vii Fernando Rocha de Oliveira. Médico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Francieli Maria Vigo. Médica Ginecologista e Obstetra. Médica Residente do Serviço de Re- produção Humana da Escola Paulista de Medici- na (UNIFESP/EPM). Geane Garlet. Médica Residente do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Heitor Hentschel. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Heleusa Ione Mônego. Médica do Setor Oncologia Genital Feminina do HCPA. Pre- ceptora da Residência Medica do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas. Médica do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. Janete Vettorazzi. Médica Ginecologista e Obstetra Contratada do Serviço de Ginecolo- gia e Obstetrícia do HCPA e Membro da Equi- pe de Gestação de Alto Risco. Médica Gine- cologista e Obstetra do Centro da Mulher do Hospital Mãe de Deus. Membro do Comitê de Mortalidade Materna de Porto Alegre. Mestre e Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Jaqueline Neves Lubianca. Professora Ad- junta de Ginecologia e Obstetrícia da Faculda- de de Medicina da UFRGS. Doutora em Me- dicina pela UFRGS. Fellowship em Ginecologia Infanto-Puberal do Children’s Hospital, Boston, EUA. Jean Carlos de Matos. Médico Contratado do HCPA. Ginecologista e Obstetra Especialista em Patologia Cervical pela Sociedade Brasileira de Genitoscopia. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Joana Araújo. Médica Ginecologista e Obs- tetra. João Carlos Tavares Brenol. Professor As- sociado de Reumatologia da Faculdade de Me- dicina da UFRGS. Chefe do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. João Sabino L. da Cunha Filho. Professor Associado do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Pesquisador do CNPq. Pós-Doutor em Reprodução Humana pela Universidade de Paris, França. Jorge Alberto Buchabqui. Professor Adjunto do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. José Roberto Goldim. Biólogo. Professor da Faculdade de Medicina da PUCRS. Colaborador do Serviço de Bioética do HCPA. Doutor em Me- dicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Judith Hofmeister Martins-Costa. Professo- ra Adjunta da Faculdade de Direito da UFRGS. Professora Livre Docente pela Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Direito pela USP. Juliana Zanrosso Caran. Médica Residen- te do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Lavínia Schüler-Faccini. Médica. Professo- ra Associada do Departamento de Genética da UFRGS.Coordenadora do Sistema Nacional de Informação sobre Teratógenos (SIAT/HCPA). Doutora em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Pós-Doutora pela Universidade de Toronto, Canadá. Letícia Schwerz Weinert. Médica Endocri- nologista. Doutoranda em Endocrinologia pela UFRGS. Lilia Farret Refosco. Nutricionista do Serviço de Nutrição do HCPA. Mestre em Bioquímica pela UFRGS. Lilian Córdova do Espírito-Santo. Professo- ra Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de Enfermagem da UFRGS. Coordenadora Adjunta da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno/ DAPES/SAS. Especialista em Enfermagem Obsté- trica e Obstetrícia Social pela EPM. Doutora em Ciências Médicas pela UFRGS. Lucia Mariano da Rocha Silla. Médica He- matologista. Professora Associada do Depar- tamento de Medicina Interna da Faculdade de viii Autores Medicina da UFRGS. Doutora em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Luciano Serpa Hammes. Coordenador da Unidade de Pesquisa em Saúde do Instituto de Educação e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Doutor em Medicina: Ciências Mé- dicas pela UFRGS e Universidade do Texas, EUA. Pós-Doutor pela Universidade do Texas, EUA. Lúcio Bakos. Professor Titular de Dermato- logia da UFRGS. Membro Titular da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Doutor em Me- dicina: Dermatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Maira Graeff Burin. Coordenadora do Labo- ratório de Erros Inatos do Metabolismo do Ser- viço de Genética Médica do HCPA. Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica pela UFRGS. Marcello Casaccia Bertoluci. Professor As- sociado do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Professor do Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas da UFRGS. Márcia Appel. Ginecologista. Médica Con- tratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA, com área de atuação em Oncologia Genital. Mestre em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Márcia M. Raymundo. Bióloga do Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação do HCPA. Doutora em Gastroenterologia pela UFRGS. Maria Celeste Osório Wender. Professora Associada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFR- GS. Coordenadora do Ambulatório de Clima- tério do HCPA. Doutora em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Maria Lúcia Rocha Oppermann. Professo- ra Adjunta do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFR- GS. Conselheira e Membro da Câmara Técni- ca de Ginecologia e Obstetrícia do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS). Doutora em Epidemiologia pela UFRGS. Maria Lucrécia Scherer Zavaschi. Médica Psiquiatra. Psicanalista pela Sociedade Psicanali- tica de Porto Alegre. Professora do Departamen- to de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS e do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adoles- cência do HCPA. Coordenadora da Equipe do Ambulatório de Psiquiatria Pais-Bebês do HCPA. Chefe do Departamento de Psiquiatria e Medici- na Legal da UFRGS. Maria Teresa Pedrazzi Chaves. Médica Con- tratada do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Média Ultrassonografista da Equipe de Medicina Fetal do HCPA. Maria Teresa Vieira Sanseverino. Geneti- cista Clínica. Médica do Serviço de Genética do HCPA. Especialista em Genética Clínica pela So- ciedade Brasileira de Genética Médica (SBGM). Doutora em Pediatria pela UFRGS. Mirela Foresti Jiménez. Professora Adjunta da UFCSPA. Preceptora Chefe da Residência Médica do Hospital Fêmina do Grupo Hospi- talar Conceição. Doutora em Medicina pela UFRGS. Moacir Assein Arus. Professor Adjunto do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFRGS. Médico do Serviço da Dor do HCPA. Nadine Clausel. Médica Cardiologista. Pro- fessora Associada do Departamento de Medici- na Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Pós-Gra- duação do HCPA. Neiva Iolanda de Oliveira Berni. Professora da Graduação e Pós-Graduação da Unisinos. Es- pecialista e Mestre em Enfermagem Obstétrica pela UNIFESP. Odirlei André Monticielo. Médico Reuma- tologista. Professor Assistente de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre em Medicina pela UFRGS. Doutorando em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Oly Campos Corleta. Médico Cirurgião Con- tratado do HCPA. Mestre e Doutor em Clínica Cirúrgica pela USP. Autores ix Patrícia Martins Moura Barrios. Médica Cardiologista-fetal do HCPA. Doutora em Car- diologia pela UFRGS. Paulo Naud. Professor Adjunto do Depar- tamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFR- GS. Coordenador do Projeto de Prevenção e Controle do Câncer da Cérvix – Projeto Vacina HPV no HCPA. Membro da International Fede- ration of Cervical Pathology and Colposcopy e Educational Committee (IFCPC IT). Rejane Gus Kessler. Bióloga. Responsável pelo Laboratório de Diagnóstico Citogenético Pré-Natal do Serviço de Genética Médica do HCPA. Mestre em Genética Humana pela Uni- versidade de Tel Aviv, Israel. Doutora em Bioquí- mica pela UFRGS. Renata Helena José Silva. Médica Residen- te do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mestranda em Medicina: Ciências Médi- cas pela UFRGS. Renato Marchiori Bakos. Médico Dermato- logista. Médico do Serviço de Dermatologia do HCPA. Doutor em Clínica Médica pela UFRGS. Renato S. Procianoy. Professor Titular do De- partamento de Pediatria da Faculdade de Medi- cina da UFRGS. Chefe do Serviço de Neonatolo- gia do HCPA. Ricardo dos Reis. Professor Adjunto do De- partamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Professor da Equipe de Oncologia Genital Feminina do HCPA. Professor do Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas da UFRGS. Ricardo Machado Xavier. Professor Asso- ciado do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Ser- viço de Reumatologia do HCPA. Doutor em Imu- nologia pela Universidade de Shimane, Japão. Ricardo Palma Dias. Médico Ginecologista e Obstetra Diploma em Medicina Fetal pela Fetal Medicine Foundation, Londres. Chefe da Unida- de de Medicina Fetal do Royal Women’s Hospi- tal, Universidade de Melbourne, Austrália. Ricardo Francalacci Savaris. Professor Adjunto do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFRGS. Chefe da Unidade de Emergência Ginecológica do HCPA. Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Pós- Doutor pela Universidade da Califórnia, São Francisco, Califórnia. Ronaldo Seligman. Professor Adjunto de Anestesiologia do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Chefe do Ser- viço de Anestesia e Medicina Perioperatória do HCPA. Especialista TSA pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Rosi Pereira Balbinotto. Médica do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Professo- ra do Curso de Extensão em Cirurgia Videolapa- roscópica do Hospital Parque Belém. Professora do Curso de Cirurgia Minimamente Invasiva do Hospital Moinhos de Vento. Especialista em Ci- rurgia Videolaparoscópica e Ginecológica pela Sociedade Brasileira de Videocirurgia (SOBRA- CIL). Membro da Comissão de Qualificação de Cirurgia Ginecológica por Videolaparoscopia da SOBRACIL/RS. Mestre em Ciências Cirúrgicas pela UFRGS. Rosielle Mallmann Trombetta. Médica Gi- necologista e Obstetra. Rui Lara de Carvalho. Professor Adjunto do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFRGS. Professor Assistente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da PUCRS. Mestre em Medicina: Pediatria pela PUCRS. Sérgio Saldanha Menna Barreto. Professor Titular do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Pós-Doutor pela Universidade de Toronto, Canadá. Solange Garcia Accetta. Professora Assisten- te do Departamento de Ginecologia e Obstetrí- cia da Faculdade de Medicina da UFRGS. Che- fe do Setor de Ginecologia Infanto-Puberal do HCPA. Mestre em Clínica Médica pela UFRGS. Teresinha Zanella. Médica Ginecologista e Obstetra do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Tor Gunnar Hugo Onsten. Médico Hemato- logista e Hemoterapeuta. Professor Assistente do Departamento de Medicina Interna da UFR- GS. Professor Adjunto do Curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Chefe do Serviço de Hemoterapia do HCPA. x Autores Ursula Matte. Bióloga. Chefe da Unidade de Análises Moleculares e de Proteínas do Centro de Pesquisa Experimental do HCPA. Doutora em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Valentino Magno. Médico Ginecologista e Obstetra do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Mestre em Medicina: Ciências Médi- cas pela UFRGS. Viviane Renata Philipsen. Médica Residen- te do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCPA. Waldemar Augusto Rivoire. Professor Asso- ciado do Departamento de Ginecologia e Obs- tetrícia da UFRGS. Chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Me- dicina da UFRGS. Chefe do Setor de Oncologia Genital Feminina do HCPA. Doutor em Medici- na: Ciências Médicas pela UFRGS. Waleska Schneider Vieira. Médica Aneste- sista. Médica Contratada do Serviço de Anes- tesia e Medicina Perioperatória do HCPA. Co- ordenadora da Anestesia Obstétrica do HCPA. Mestre em Ciências Médicas pela UFRGS. Apresentamos à comunidade médica mais uma edição das obras Rotinas em Ginecologia e Ro- tinas em Obstetrícia, publicações que se consti- tuem nas mais importantes fontes de atualiza- ção nessas áreas, estando presentes em diversos cenários de assistência, ensino e pesquisa em saúde do Brasil e da América Latina. Nossa Escola tem uma longa e consolidada trajetória de pioneirismo tanto em ginecologia quanto em obstetrícia. Já em 1897 – portanto no século XIX, quando no Brasil só existiam duas Faculdades de Medicina, em Salvador e no Rio de Janeiro –, um grupo de médicos liderado por Protásio Alves criou o Curso de Partos da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, com gran- de demanda e sucesso. A partir da fusão des- se curso com a Escola de Farmácia, criada em 1885, surgiu, em 25 de julho de 1898, a Facul- dade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. Esta é, assim, a primeira escola médica do regi- me republicano, a primeira criada a partir de um movimento da comunidade e a primeira a exigir um reconhecimento pelo governo federal. Além destes, outros pioneirismos nos relacionam com a ginecologia e a obstetrícia. Já na primeira turma, em 1904, colou grau o doutor e futuro professor Mário Totta, que se tornou um pioneiro na discussão e na qualificação da assistência às gestantes e na formulação de melhores estraté- gias de atendimento a essas pacientes, especial- mente agregando os novos conhecimentos cientí- ficos que surgiam. Na primeira turma, colou grau também a senhora Alice Maeffer, demonstrando precoce e pioneiramente a inserção da mulher no contexto do processo ensino-apredizagem. Assim, nossa instituição surgiu voltada para cui- dar, assistir e qualificar a saúde da mulher em todos os seus ciclos de vida, incluindo a fantás- tica experiência da gestação. Nos dias atuais, a saúde feminina inclui um amplo espectro de conhecimentos convergentes, a partir dos mais recentes avanços científicos, seja da epidemiolo- gia embasando as evidências, seja dos avanços moleculares antecipando diagnósticos e criando novos desafios éticos, seja da busca de evidên- cias para prevenção efetiva, viável, acessível e socialmente justa. Estas novas edições incluem uma série de avanços, tanto em sua forma de apresenta- ção como em seus diversos conteúdos, pro- curando oferecer ao leitor uma visão abran- gente da saúde da mulher e, principalmente, estimulando o que temos de mais importante em medicina, que é a possibilidade do apren- dizado continuado, ensinando o aprender a aprender. Nossos antepassados certamente sonharam com um futuro auspicioso para as sementes que produziram, e tenho a certeza de que hoje, se pudessem usufruir destes livros, muito se orgu- lhariam com a tradição e a vanguarda de conhe- cimento que eles expressam. A Faculdade de Medicina da UFRGS tem muito orgulho em ter contribuído para mais uma edi- ção destas obras e cumprimenta seus organiza- dores e colaboradores pelo antecipado sucesso das mesmas. Prof. Dr. Mauro A. Czepielewski Diretor da Faculdade de Medicina da UFRGS Apresentação à 6a Edição Levar um livro à 6a edição é um desafio que não imaginávamos 25 anos atrás. Esta edição de Rotinas em Obstetrícia traz a experiência de um hospital que virou modelo de atendimento ao Sistema Único de Saúde dentro de uma Escola Médica de mais de um século de vida. A Faculdade de Medicina da Universidade Fe- deral do Rio Grande do Sul foi criada a partir da Escola de Partos da Santa Casa de Porto Ale- gre em 1898, em um período no qual o pen- samento positivista influenciava profundamente história desta cidade. Tendo permanecido até a década de 1980 dentro das enfermarias da Santa Casa, o Departamento de Ginecologia e Obstetrícia se transferiu para o Hospital de Clí- nicas de Porto Alegre de corpo e alma e criou um grupo de professores que já formaram mais de 300 médicos residentes, hoje espalhados nos quatro cantos do planeta. A possibilidade de ensinar alunos de medicina e médicos residentes permitiu ao corpo de pro- fessores da Faculdade de Medicina e de médicos do Hospital de Clínicas o crescimento por um mecanismo de retroalimentação do conheci- mento, evidenciando que o estímulo propiciado pelos alunos para que se produza mais conhe- cimento é inquestionável. Os pós-graduandos tornaram mais sólidas as pesquisas científicas, aumentando significativamente o número de publicações no âmbito internacional. Manter o conhecimento atualizado é uma tarefa das mais difíceis em uma época em que as ver- dades médicas podem ter vida mais efêmera do que o tempo entre a descoberta científica e a publicação. O que hoje se acredita como verda- de absoluta pode ser mudado na próxima sema- na com a publicação de estudos de um autor de qualquer ponto deste planeta. Na tentativa de manter este livro atualizado e driblar a velocida- de do desenvolvimento científico, mesmo antes da próxima edição, a Artmed Editora nos pos- sibilitou ter um hotsite para disponibilizar con- teúdo complementar à edição impressa. Mais uma ação pioneira desta editora que há 25 anos acreditou em um projeto singelo e possibilitou que este livro recebesse o reconhecimento e a aceitação inquestionável dos obstetras. A 6a edição de Rotinas em Obstetrícia nasce des- se espírito, um misto de experiência secular e modernidade. Os organizadores Prefácio à 6a Edição Parte I Princípios Antenatais 1 Assistência Pré-natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Jorge Alberto Buchabqui, Alberto Mantovani Abeche e Célia Nickel 2 Aconselhamento Pré-concepcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 José Antônio Magalhães e Maria Teresa Vieira Sanseverino 3 Medicina Fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 José Antônio Magalhães 4 Investigação Genética Pré-natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Maria Teresa Vieira Sanseverino, Rejane Gus Kessler, Maira Graeff Burin e José Antônio Magalhães 5 Morte Fetal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Alberto Mantovani Abeche, Maria Lucrécia Scherer Zavaschi, Juliana Zanrosso Caran e Geane Garlet 6 Abortamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 Ricardo Francalacci Savaris 7 Nascimento Pré-termo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 José Geraldo Lopes Ramos, Sérgio H. Martins-Costa, Edimárlei Gonsales Valério e Ana Lúcia Letti Müller 8 Gestação Pós-termo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Solange Garcia Accetta, Mirela Foresti Jiménez e Maria Celeste Osório Wender 9 Ruptura Prematura de Membranas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Solange Garcia Accetta e Mirela Foresti Jiménez 10 Doença Hemolítica Perinatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 José Antônio Magalhães e Ricardo Palma Dias Sumário 16 Sumário 11 Crescimento Intrauterino Restrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 José Antônio Magalhães e Alessandra Fritsch 12 Gemelaridade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 Sérgio H. Martins-Costa, Carlos Augusto Bastos de Souza e José Geraldo Lopes Ramos 13 Avaliação da Saúde Fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 José Antônio Magalhães, Mirela Foresti Jiménez, Ana Lúcia Letti Müller, Ricardo Palma Dias e Adriani Oliveira Galão 14 Infecções Pré-natais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 Sérgio H. Martins-Costa, Beatriz Valiati, Carla Regina Schmitz e José Geraldo Lopes Ramos 15 Infecção Intra-amniótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 José Geraldo Lopes Ramos, Sérgio H. Martins-Costa, Edimárlei Gonsales Valério e Ana Lúcia Letti Müller 16 Nutrição na Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246 Maria Lúcia Rocha Oppermann, Carla Regina Schmitz, Lilia Farret Refosco e Sérgio H. Martins-Costa 17 Enfermagem em Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262 Lilian Córdova do Espírito-Santo, Neiva Iolanda de Oliveira Berni e Fernanda Peixoto Córdova 18 Ecocardiografia Fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274 Patrícia Martins Moura Barrios 19 Ultrassonografia Obstétrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283 José Antônio Magalhães, Denise Schlatter, Maria Teresa Pedrazzi Chaves, Adriani Oliveira Galão e Daniela Vanessa Vettori Parte II Princípios Obstétricos 20 Mecanismo do Parto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301 Adriani Oliveira Galão, Cristiano Caetano Salazar e Fernando Freitas 21 Assistência ao Trabalho de Parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 310 Sérgio H. Martins-Costa, Ana Maria Carvalho Vidal, Maria Teresa Pedrazzi Chaves e José Geraldo Lopes Ramos 22 Parto Disfuncional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329 Rui Lara de Carvalho, Maria Teresa Pedrazzi Chaves e Cristiano Caetano Salazar Sumário 17 23 Indução do Parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 343 Eduardo Pandolfi Passos, Jaqueline Neves Lubianca, Viviane Renata Philipsen, Rosielle Mallmann Trombetta, Francieli Maria Vigo e Valentino Magno 24 Parto Vaginal Instrumentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355 Fernando Freitas, Ana Maria Carvalho Vidal, Teresinha Zanella, Sérgio H. Martins-Costa e José Geraldo Lopes Ramos 25 Apresentações Anômalas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373 Fernando Freitas, Joana Araújo, João Sabino L. da Cunha Filho, Sérgio H. Martins-Costa e José Geraldo Lopes Ramos 26 Cesariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390 Sérgio H. Martins-Costa, José Geraldo Lopes Ramos e Cristiano Caetano Salazar 27 Puerpério Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411 Adriani Oliveira Galão e Heitor Hentschel 28 Alojamento Conjunto e Amamentação. . . . . . . . . . . . . . . 419 Elsa Regina Justo Giugliani 29 Infecção Puerperal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 434 Jaqueline Neves Lubianca, Renata Helena José Silva, José Geraldo Lopes Ramos e Sérgio H. Martins-Costa 30 Assistência ao Recém-nascido na Sala de Parto . . . . . . . . . 445 Renato S. Procianoy 31 Infecções Neonatais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 455 Ernani Miura 32 Analgesia e Anestesia em Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . 479 Ronaldo Seligman e Waleska Schneider Vieira Parte III Alterações Clínicas 33 Doença Renal e Gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 507 José Geraldo Lopes Ramos, Sérgio H. Martins-Costa, Janete Vettorazzi e Elvino Barros 34 Doença Hipertensiva na Gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 523 Sérgio H. Martins-Costa, José Geraldo Lopes Ramos, Janete Vettorazzi e Elvino Barros 35 Doença Trofoblástica Gestacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 553 Ricardo dos Reis e Rosi Pereira Balbinotto 18 Sumário 36 Diabete e Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 567 Maria Lúcia Rocha Oppermann, Letícia Schwerz Weinert e Angela Jacob Reichelt 37 Gestação e Doenças Sexualmente Transmissíveis . . . . . . . . 590 Paulo Naud, Janete Vettorazzi, Jean Carlos de Matos, Eunice Beatriz Martin Chaves, Luciano Serpa Hammes, Valentino Magno e Adriani Oliveira Galão 38 HIV e Gestação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 614 Paulo Naud, Eunice Beatriz Martin Chaves, Jean Carlos de Matos e Luciano Serpa Hammes 39 Drogas Teratogênicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 628 Fernanda Sales Vianna, Maria Teresa Vieira Sanseverino e Lavínia Schüler-Faccini 40 Abdome Agudo na Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 637 Ricardo dos Reis, Rosi Pereira Balbinotto e Oly Campos Corleta 41 Trauma e Gestação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 652 Sérgio H. Martins-Costa, Ana Selma Bertelli Picoloto e José Geraldo Lopes Ramos 42 Doenças Pulmonares na Gestação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 663 Sérgio Saldanha Menna Barreto 43 Tireoide e Gravidez. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 679 Marcello Casaccia Bertoluci 44 Lúpus e Gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 693 João Carlos Tavares Brenol, Ricardo Machado Xavier, Claiton Viegas Brenol e Odirlei André Monticielo 45 Câncer Ginecológico na Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 707 Heleusa Ione Mônego, Ricardo dos Reis, Márcia Appel, Valentino Magno, Edison Capp e Waldemar Augusto Rivoire 46 Cardiopatias na Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 714 Daniela Vanessa Vettori, Edimárlei Gonsales Valério e Nadine Clausel 47 Dermatoses na Gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 736 Lúcio Bakos e Renato Marchiori Bakos Parte IV Morbidez Materna Extremamente Grave 48 Hemorragia Anteparto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 747 José Geraldo Lopes Ramos, Sérgio H. Martins-Costa, Edimárlei Gonsales Valério e Ana Lúcia Letti Müller Sumário 19 49 Hemorragia Pós-parto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 758 Sérgio H. Martins-Costa, José Geraldo Lopes Ramos, Edimárlei Gonsales Valério e Ana Lúcia Letti Müller 50 Gestação Ectópica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 767 Eduardo Pandolfi Passos, Francieli Maria Vigo, Rosielle Mallmann Trombetta, Viviane Renata Philipsen e Valentino Magno 51 Coagulopatias na Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 777 Lucia Mariano da Rocha Silla, Sérgio H. Martins-Costa e José Geraldo Lopes Ramos 52 Hemoterapia em Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 786 Tor Gunnar Hugo Onsten 53 Eventos Tromboembólicos na Gestação . . . . . . . . . . . . . . 793 Sérgio H. Martins-Costa, Fernando Rocha de Oliveira, Adriana Prato Schmidt e José Geraldo Lopes Ramos 54 Síndrome de HELLP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 805 José Geraldo Lopes Ramos, Sérgio H. Martins-Costa, Edimárlei Gonsales Valério e Joana Araújo 55 Eclâmpsia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 815 Sérgio H. Martins-Costa, José Geraldo Lopes Ramos e Edimárlei Gonsales Valério 56 Síndrome Anafilactoide da Gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . 826 Sérgio H. Martins-Costa, Cristiano Caetano Salazar, Ana Selma Bertelli Picoloto e José Geraldo Lopes Ramos Parte V Princípios Legais 57 Bioética em Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 837 José Roberto Goldim, Ursula Matte, Carlos Fernando Francesconi, Márcia M. Raymundo e Moacir Assein Arus 58 Introdução à Responsabilidade Civil em Gineco-Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 851 Judith Hofmeister Martins-Costa 59 Epidemiologia em Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 888 Maria Lúcia Rocha Oppermann Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 895 Princípios Antenatais Capítulo 1 Assistência Pré-natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Capítulo 2 Aconselhamento Pré-concepcional . . . . . . . . . . . . . .45 Capítulo 3 Medicina Fetal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53 Capítulo 4 Investigação Genética Pré-natal . . . . . . . . . . . . . . . . .70 Capítulo 5 Morte Fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83 Capítulo 6 Abortamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97 Capítulo 7 Nascimento Pré-termo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110 Capítulo 8 Gestação Pós-termo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .123 Capítulo 9 Ruptura Prematura de Membranas . . . . . . . . . . . . .131 Capítulo 10 Doença Hemolítica Perinatal . . . . . . . . . . . . . . . . .142 Capítulo 11 Crescimento Intrauterino Restrito . . . . . . . . . . . . .156 Capítulo 12 Gemelaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175 Capítulo 13 Avaliação da Saúde Fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .188 Capítulo 14 Infecções Pré-natais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .223 Capítulo 15 Infecção Intra-amniótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .237 Capítulo 16 Nutrição na Gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .246 Capítulo 17 Enfermagem em Obstetrícia . . . . . . . . . . . . . . . . .262 Capítulo 18 Ecocardiografia Fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .274 Capítulo 19 Ultrassonografia Obstétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . .283 Parte I Este capítulo aborda tópicos essenciais da as- sistência pré-natal, tendo como objetivo auxiliar o pré-natalista na realização de um pré-natal de qualidade e baseado nas evidências mais recentes disponíveis. Será apresentada ainda uma retrospectiva da história do pré-natal e uma análise de sua importância para a saúde materno-fetal. Uma rotina de pré-natal tem algum valor? Ela deve ser igual para todas as gestantes? A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, sua evolução acontece, na maior parte dos casos, sem intercorrências. As obser- vações clínicas e as esta tísticas demonstram que a maioria das gestações começa, evolui e termi- na sem complicações: são as gestações de baixo risco. Outras, contudo, já iniciam com proble- mas – ou eles surgem durante o seu trans curso – e apresentam maior probabilidade de desfe- chos desfavoráveis, tanto para o feto como para a mãe. Essa parcela é a que constitui o grupo denominado ges tantes de alto risco. O objetivo da assistência pré-natal é monitorar o bom an- damento das gestações de baixo risco, preparar a gestante e seu companheiro para o crítico mo- mento do nascimento e identificar adequada e precocemente quais pacientes têm maior chan- ce de apresentar uma evolução desfavorável. Até o início do século XX, não havia uma rotina da assistência pré-natal. Com Ballantyne (1923), inicia-se uma ordenação no atendimento das gestantes antes do parto, dando relevância aos aspectos preventivos. Já em 1907, começava-se a apregoar que esse atendimento fosse iniciado antes do sétimo mês de gravidez e abrangesse até mesmo as gestantes mais jovens. Recomen- davam-se consultas mais frequentes, cuja preo- cupação inicial era a eclâmpsia, o que se expan- diu pela necessidade de reduzir a prematuridade e o baixo peso ao nascer. Para Strong (2000), a queda registrada na mortalidade infantil não está vinculada às melhorias do pré-natal, mas ao saneamento, ao espaçamento de nascimentos, aos antibióticos, às terapêuticas de transfusão e de cuidados intensivos neonatais. A identificação de gestantes de alto e baixo ris- co permite que a equipe de saúde gere, reco- mende e for neça cuidados à saúde de maneira diferenciada e especificada para as gestantes de maior risco (Brasil, 2000; Starfield, 1994, 2002). A triagem das gestantes com risco pré-natal deve ser realizada continuamente durante toda a assistência pré-natal. Uma análise da frequên- cia de problemas que passam despercebidos ou são superdiagnosticados em uma população de gestantes mostrou que a detecção de muitos desses problemas é deficiente e que, no entan- to, são comuns os achados falso-positivos no screening de risco (Buchabqui, 2004). Um estu- do realizado em Porto Alegre, analisando a ade- Assistência Pré-natal Jorge Alberto Buchabqui Alberto Mantovani Abeche Célia Nickel 1 24 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães quação dos encaminha mentos de gestantes da rede de saúde primária aos cen tros de referência para o atendimento de pré-natal de alto risco, mostrou que 24,5% desses encaminhamentos fo ram considerados inadequados. Somente em cerca de 50% dos casos houve reconhecimen- to prévio de situações relativamente co muns, como crescimento intrauterino restrito, feto em apresentação pélvica e pré-eclâmpsia (Buchab- qui, 2004). Na Tabela 1.1 estão discriminados os principais fatores de risco pré-natais. Gestantes adolescentes devem merecer atenção especial durante a assistência pré-natal, pois apresentam maior frequência de pré-natal ina- dequado (menor número de consultas pré-na- tais e maiores índices de não comparecimento) e de recém-nascidos de bai xo peso, quando com- paradas às gestantes não adolescentes. Além disso, pré-eclâmp sia, anemia e prematuridade também têm sido mais associadas à gestação na adolescência (Abeche et al, 2006). São também fatores determinantes para a taxa de complicações na gravidez a percepção dos riscos pela paciente e a acessibilidade geográ- fica aos recursos hospitalares. Por isso, fatores de risco podem ser tanto indicadores de risco como causas de dano à saúde. Na primeira consulta de pré-natal, deverá ser determinado se a gestação em questão está exposta a fatores de risco que possam influenciar os desfechos pré-natais. É perfeitamente reconhecido que a assistência pré-natal é dispendiosa para o sistema de saúde, pois exige espaço físico e equipamentos ade- quados, médico e auxi liares preparados para a realização de exames comple mentares. Também para a gestante, as consultas implicam despesas e sacrifí cios: ela precisa afastar-se de sua resi- dência, de seu local de trabalho e, até mesmo, contar com alguém que fique cuidando de seus outros filhos. Um importante indicador para avaliar a qualida- de da assistência pré e perinatal é a razão de mortalidade materna (RMM) (número de mortes maternas para cada 100.000 nascidos vivos). Aplicando-se o fator de correção para subnoti- ficação, estimou-se uma RMM de 75,0 para o Brasil em 2007, de 50,97 para o Rio Grande do Sul em 2007 e de 36,6 para a cidade de Porto Tabela 1.1 Indicadores de risco gestacional Biológicos Idade materna inferior a 16 ou superior a 35 anos, peso inicial inferior a 50 kg, estatura inferior a 150 cm, história familiar de doenças hereditárias Clínicos Hipertensão, nefropatia, diabete, DST, cardiopatia, etc. Ambientais Abastecimento deficiente de água, falta de esgotos, condições precárias de habitação, estilo e qualidade de vida Comportamentais Fumo, etilismo, uso de drogas, atividade em trabalho braçal, sedentarismo Relacionados à assistência médica Má qualidade da assistência, cobertura insuficiente ao pré-natal, falta de integração interinstitucional Socioculturais Nível educacional baixo, mães solteiras, adolescentes e não aceitação da gravidez Econômicos Baixa renda Obstétricos História de infertilidade, gravidez ectópica ou aborto espontâneo, anormalidades uterinas, feto macrossômico, história de natimorto, recém-nascido de baixo peso, grande multiparidade, mola hidatidiforme, coriocarcinoma, cicatriz uterina prévia Condições atuais Pré-natal ausente ou tardio, hemorragia anteparto, gestação múltipla, hipertensão induzida pela gestação, ruptura prematura de membranas, aloimunização, gestação prolongada, CIUR, polidrâmnio, anemia, apresentação anômala CIUR, crescimento intrauterino restrito. Rotinas em Obstetrícia 25 Alegre em 2009. Nos países desenvolvidos, essa razão oscila de 6 a 20 óbitos por 100.000 nas- cidos vivos. Uma enorme quantidade de recursos públicos e humanos são gastos em uma tradição de cuida- do que nem sempre alcança seus objetivos de reduzir desfechos perinatais desfavoráveis. Nes- te capítulo, no qual o atendimento pré-natal é revisto e sua eficiência é submetida à avaliação, são enfatizados os esforços na reestruturação do conteúdo e nos processos de cuidados. Con- forme Merry-K. Moos (2006), “as oportunida- des do pré-natal são limitadas apenas por suas tradições.” Diagnóstico de gestação O diagnóstico precoce de uma gestação é fun- damental para uma assistência pré-natal de qualidade, pois possibilita o início precoce do acompanhamento pré-natal e dos cuidados que visam à promoção da saúde materno-fe- tal. Além disso, o diagnóstico precoce permite a identificação correta da idade da gestação, dado que é decisivo em diversas situações clíni- cas e obstétricas ao longo da gestação. O diagnóstico de gestação é baseado em da- dos clínicos (história e exame físico) e testes laboratoriais. Apesar de ser menos sensível e específica do que os testes laboratoriais, a avaliação clínica de sinais e sintomas fornece subsídios iniciais a respeito do grau de proba- bilidade de tratar-se realmente de gestação ou sobre a necessidade de buscar diagnósticos alternativos. O diagnóstico precoce e a datação correta da gestação são fundamentais para uma as- sistência pré-natal adequada. A história típica é a de uma mulher na menac- me, com vida sexual ativa e queixa de amenor- reia ou atraso menstrual. A suspeita de gestação aumenta nos casos em que as relações sexuais são desprotegidas, tanto pelo uso irregular como pelo não uso de método de contracep- ção. Os sinais e sintomas de gestação podem ser classificados como sintomas de presunção, sinais de probabilidade e sinais de certeza de gestação. > Sintomas de presunção — Náuseas e vômitos (no 1o trimestre e tipi- camente durante a manhã com alívio ao longo do dia). — Alterações mamárias (aumento do volume e aumento da sensibilidade nas mamas). — Alterações urinárias (polaciúria e nictúria). — Percepção de movimentos fetais pela pa- ciente. — Mudanças no apetite (desejos alimenta- res, pica). — Fadiga, tontura, sialorreia, distensão ab- dominal e constipação, dispneia, conges- tão nasal, cãibras, lombalgia. > Sinais de presunção — Amenorreia (atraso menstrual de 10-14 dias). — Alterações mamárias (congestão e mastal- gia, pigmentação das aréolas e surgimen- to dos tubérculos de Montgomery, apare- cimento de colostro, rede venosa visível). — Alterações na vulva e na vagina (sinal de Chadwick – coloração violácea vaginal, cervical e vulvar). — Alterações no muco cervical (maior quan- tidade de muco e ausência de cristalização com padrão arboriforme). — Alterações cutâneas (estrias, hiperpigmen- tação da face – cloasma e linha nigra). > Sinais de probabilidade — Alterações em forma e consistência do útero – sinal de Hegar (flexão do corpo sobre o colo uterino no toque bimanual) e sinal de Nobile-Budin (preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero percebi- do ao toque vaginal). — Consistência cervical amolecida. — Aumento do volume abdominal. > Sinais de certeza — Ausculta de BCF (pela US transvaginal a partir da 6a/7a semana; pelo sonar Doppler a partir da 10a semana de gestação; e pelo 26 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães estetoscópio de Pinard a partir da 18a/20a semana). — Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino). — Percepção de movimentos e partes fe- tais pelo examinador (a partir de 18/20 semanas). Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial de gestação é ba- seado na detecção de �-HCG urinário ou séri- co. Ambos têm alta sensibilidade, porém testes urinários são menos sensíveis do que os séri- cos. O HCG (gonadotrofina coriônica) é uma glicoproteína composta por duas subunidades, � (muito semelhante às subunidades: � do LH, TSH e FSH) e � (detectada nos testes de ges- tação). O HCG é produzido pelo trofoblasto e aparece na circulação materna pouco após a implantação trofoblástica, tornando-se detec- tável no plasma ou na urina em 8 a 9 dias após a ovulação. Níveis plasmáticos menores do que 5 mUI/mL são considerados negativos, e maio- res do que 25 mUI/mL são considerados positi- vos. Níveis intermediários indicam repetição do teste. Os níveis de �-HCG crescem exponen- cialmente nas primeiras semanas, atingindo um pico de até 150.000 mUI/mL em torno de 8 a 10 semanas. Entre a 10a e 20a semana, os níveis tendem a decair e mantêm-se estáveis a partir da 20a semana. Muitas vezes, as pacientes procuram o médico após terem realizado um teste de gravidez em casa, vendido em farmácias. Esses testes têm qualidade duvidosa e sensibilidade limitada, devendo sempre ser confirmados por testes laboratoriais. Apesar de informações de fabri- cantes divulgarem uma precisão desse exame de até 99%, alguns estudos têm demonstrado sensibilidade de apenas 75% ou menos quan- do utilizados em situações reais, pelas próprias pacientes. A causa mais comum de testes fal- so-negativos é a sua realização muito precoce, quando os níveis de �-HCG ainda estão muito baixos. A confirmação laboratorial da gestação é feita com a detecção de �-HCG urinário ou sérico. Em nosso meio, utiliza-se mais comumente a dosagem sérica por radioimunoensaio, que é ex- tremamente sensível e capaz de detectar níveis muito baixos de �-HCG. Testes seriados podem ser necessários para o diagnóstico diferencial entre gestação normal e situações patológicas, como gestação ectópica ou gestação intraute- rina não viável. Diagnóstico ecográfico O diagnóstico de gestação pode ainda ser confirmado por meio de ecografia. O saco gestacional é visível precocemente (4-5 se- manas de atraso menstrual). A partir de 6 se- manas, deve ser possível detectar batimentos cardiofetais (BCFs). Determinação da idade gestacional e data provável do parto A determinação da idade gestacional (IG) com a maior precisão possível é extremamente im- portante para o manejo de diversas situações durante a gestação, como trabalho de parto pré-termo, pós-datismo, necessidade de inter- rupção da gestação devido a doença materna, e para o acompanhamento do crescimento fetal ao longo da gestação. Foi comprovado que são incorretas entre 11 e 42% as idades gestacio- nais estimadas pela data da última menstruação (Federação Brasileira das Associações de Gine- cologia e Obstetrícia, 2007). A IG corresponde ao número de semanas des- de o primeiro dia da última mens truação (DUM) até a data da consulta. Pode ser calculada de diversas maneiras, dentre as quais destaca-se a utilização dos calendários/discos obstétricos, chamados gestogramas. Quando a DUM não é conhecida ou não é confiável (ciclos irregulares ou uso periconcepcional de anticoncepcionais orais), deve-se lançar mão de outras formas de estimar a IG. Qualquer cálculo de IG deve ser avaliado com a consciência de que é apenas uma aproximação. A data provável do parto (DPP) é calculada pela re gra de Nägele, somando-se 7 dias ao primeiro dia da última menstruação e subtraindo-se 3 ao mês em que ocorreu a DUM. Outra ferramenta útil para estimar a IG é a me- dição da altura uterina. O uso de uma curva-pa- Rotinas em Obstetrícia 27 drão de crescimento uterino permite correlacio- nar a IG calculada e a medida da altura uterina a cada consulta. Uma das formas mais confiáveis para a datação da gestação é a avaliação por ecografia obstétri- ca no primeiro trimestre. Essa avaliação torna-se essencial em caso de DUM incerta ou discordan- te em relação à altura uterina e para diagnóstico diferencial entre datação incorreta e outro fator (gestação múltipla, polidrâmnia, oligoidrâmnia, restrição de crescimento intrauterino, macrosso- mia fetal). A ecografia de primeiro trimestre deve ser rea- lizada por via transvaginal. O comprimento cabeça-nádegas (CCN) é a medida de biometria fetal considerada padrão no primeiro trimestre (ainda que em gestações muito precoces possa se utilizar o diâmetro do saco gestacional). Entre 7 e 10 semanas de gestação, a medida do CCN associa-se a um erro no cálculo da IG de � 3 dias; entre 10 e 14 semanas, o erro é de � 5 dias, aumentando progressivamente com a evo- lução da gestação. A partir da IG de 14 semanas, o parâmetro da biometria fetal mais estudado é o diâmetro bi- parietal (DBP). Entre 14 e 20 semanas, a eco- grafia é capaz de determinar a IG com um erro de � 7 dias, chegando a um erro de � 3 a 4 se- manas a partir da metade do terceiro trimestre. Alguns estudos apontam para a superioridade da medida da circunferência cefálica no segun- do trimestre. Em gestações já avançadas com DUM desco- nhecido, é possível ainda tentar estimar a IG uti- lizando a avaliação de sinais ecográficos de ma- turidade fetal. A ossificação da epífise femoral distal sugere IG de pelo menos 32 semanas, e a ossificação da tíbia proximal e epífises umerais sugerem IG de pelo menos 35 semanas. A ecografia obstétrica para datação da gestação é mais confiável no primeiro trimestre. > Entre 7-10 semanas: erro de � 3 dias > Entre 14-20 semanas: erro de � 7 dias > Terceiro trimestre: erro de � 3-4 semanas A consulta pré-natal Objetivos básicos e planejamento Os objetivos principais de cada consulta pré- -natal devem ser: > Defi nir o estado de saúde da mãe e do feto. > Determinar a IG. > Realizar um plano de cuidado obstétrico con- tinuado. O ca lendário de atendimento de pré-natal deve ser programado em função da IG na primeira consulta, dos períodos mais adequa- dos para a coleta de exames e dados clínicos, das fases nas quais se necessita intensificar a vigilância pela possibili dade maior de compli- cações e, ainda, em função dos re cursos dos serviços de saúde e da possibilidade de acesso da paciente a eles. Na primeira consulta pré-natal, devem ser fei- tos anamnese e exame físico completos, aten- tando-se para aspectos epidemiológicos, ante- cedentes familiares e pessoais e com atenção especial para antecedentes ginecológicos e obs- tétricos. É muito importante também realizar na primeira consulta de pré-natal uma avaliação de aspectos socioculturais, incluindo triagem para uso de drogas, risco de violência doméstica, ní- vel de segurança no local onde mora, pobreza extrema/fome, aceitação da gestação, etc. Nas consultas subsequentes, a avaliação deve ser mais dirigida aos aspectos específicos da gestação, conforme será abordado a seguir, sendo necessário questionar sempre sobre mo- vimentação fetal, contrações uterinas e perdas vaginais. Deve-se sempre estar atento aos aspectos emo- cionais associados à gravidez, pois esse é um momento importante para a mulher e para o bom desen volvimento das relações familiares, da satisfação dos ca sais e de seus filhos. Deve-se estimular a participação do marido nas consul- tas de pré-natal. Além disso, é necessário estar atento em todas as consultas para responder às dúvidas e ansiedades da mulher e de seu parcei- ro e orientá-los a respeito de sintomas e sinais normais em cada período da gestação. 28 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães A frequência das consultas deve diferir entre gestações de alto e baixo risco. No caso de ges- tantes sem fatores de risco detectados, o Minis- tério da Saúde recomenda um mínimo de seis consultas, uma no primeiro, duas no segundo e três no terceiro trimestre. O intervalo entre elas não deve ultrapas sar oito semanas. No final do terceiro trimestre, as consultas necessitam ser mais frequentes, e a gestante deve ser orientada sobre sinais de trabalho de parto e a procurar atendimento se o parto não ocorrer sete dias após a data provável (ou seja, se a gestação atingir 41 semanas). No final da gestação, cabe ao médico explicar e tranqui lizar a paciente quanto aos sinais pre- vistos de início do trabalho de parto (ritmo, fre- quência e intensidade das contrações) e ressaltar a possibilidade de ruptura da bolsa de lí quido amniótico, os sinais de alerta para indicar uma consulta em emergência obstétrica e os procedi- mentos que poderão ser realizados durante sua internação (tonsura, sondagem vesical, amnio- tomia, episiotomia, cesariana). O Ministério da Saúde recomenda no míni- mo seis consultas de pré-natal, uma no pri- meiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre. Consultas com enfermagem obstétrica são muito benéficas e podem ser intercaladas en- tre as consultas médicas. Nessas consultas, as pacientes recebem orientações adicionais e são abordados diversos assuntos, como higie- ne, nutrição, cuidados com o recém-nascido, amamen tação, aplicação de vacinação antite- tânica. Além disso, as gestantes devem ser es- timuladas a participar de cursos de preparação para o parto. Desde a primeira consulta, a ges- tante deve receber uma carteira de pré-natal, na qual devem ser anotados de maneira clara e objetiva todos os dados, e a paciente deve ser orientada a tê-la sempre consigo em caso de procurar atendimento médico em outra instituição de saúde. Deve constar na cartei- ra de pré-natal também o nome do hospital de referência para parto ou intercorrências/ urgências. O pré-natal constitui-se em uma ótima oportunida de para estimular a amamentação; apesar disso, na maioria das vezes, as gestantes não recebem orientação específica no pré-natal. Um estudo realizado com pacientes atendidas na maternidade do Hospital de Clínicas de Por- to Alegre evidenciou que apenas 34,9% das puérperas avaliadas haviam recebido orientação sobre aleitamento materno durante a gestação (Espírito Santo; Oliveira; Giugliani, 2007). A orientação deve incluir conteúdos sobre a fisio- logia da lactação, a técnica correta da amamen- tação e, principalmente, a importância da ama- mentação para a saúde da criança. Com isso, a mulher torna-se mais preparada para prevenir e superar eventuais obstáculos à amamentação. Alterações fisiológicas da gestação Há alterações fisiológicas que ocorrem em todas as gestações, acometem a maioria dos sistemas do organismo e podem gerar sintomas descon- fortáveis para a gestante, tornando-se queixas muito frequentes nas consultas de pré-natal. Essas alterações precisam ser conhecidas pelo pré-natalista a fim de que ele possa diferenciar as alterações patológicas das fisiológicas. As principais alterações fisiológicas estão descritas na Tabela 1.2. O que avaliar no exame da gestante Estado nutricional e ganho de peso durante a gestação O ganho de peso na gestação deve ser con- trolado, verificando-se se evolui dentro da faixa de normalidade. A ausência de ganho ou a perda de peso podem estar asso ciadas a um crescimento fetal insuficiente; o ganho de peso repentino (700 g ou mais em uma sema- na) deve levantar suspeita de retenção líqui- da/edema relacionados com a pré-eclâmpsia. Uma revisão sistemática recente mostra cla- ramente que mulheres com ganho ponderal abaixo do recomendado tendem a apresentar restrição de crescimento fetal e recém-nasci- dos (RNs) com baixo peso ao nascimento. Ges- tantes com ganho excessivo de peso tendem a ter fetos macrossômicos, grandes para a idade Rotinas em Obstetrícia 29 Tabela 1.2 Alterações fisiológicas da gestação Fisiopatologia Manejo Pele e anexos Estrias Ruptura de fibras elásticas da pele. Não há tratamento específico. Linha nigra Hiperpigmentação cutânea na linha média no abdome. Não há tratamento específico. Costuma desaparecer após o parto. Sistema musculesquelético Dores lombares Mudança no eixo gravitacional do corpo, relaxamento ligamentar e fadiga muscular. Melhora sintomática com medidas gerais (repouso relativo, alongamento, calor local, analgésicos, postura adequada). Evitar o uso de salto alto. Dores hipogástricas Pressão do útero sobre a musculatura abdominal, pelve e bexiga, associada ao relaxamento ligamentar. Melhora sintomática com repouso. É importante diferenciar de contrações uterinas. Cãibras Causa desconhecida. Ocorre em 30% das gestações, mais à noite. Associada à presença de varizes. Repouso, aumento da ingesta hídrica e de cálcio. Sistema digestivo Náuseas e vômitos Matinais, não persistem além do 2o trimestre. Relacionados a fatores hormonais (HCG) e psicogênicos. Tranquilização, eventualmente medicação antiemética. Afastar hiperêmese gravídica e causas secundárias nos casos refratários. Sialorreia Pode acompanhar náuseas no 1o trimestre. Não há tratamento específico. Pirose Compressão gástrica pelo útero, com aumento do refluxo gastresofágico. Fracionamento das refeições, uso de cabeceira elevada. Evitar a posição supina após as refeições e a ingestão de alimentos agravantes. Uso de substâncias antiácidas nos casos refratários. Constipação Redução da motilidade intestinal, pela ação hormonal e pela compressão exercida pelo útero sobre as porções terminais do intestino. Aumento da ingesta hídrica e de fibras alimentares. Sistema circulatório Síncope e tonturas Hipotensão ou hipoglicemia. Repouso, alimentação adequada. Varizes e edema em membros inferiores Compressão venosa pelo útero gravídico, dificultando o retorno venoso. Elevação de membros inferiores e uso de meias elásticas. Continua 30 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães gestacional ao nascimento, e maior dificulda- de para perder peso no puerpério (Siega-Riz et al., 2009). Para acompanharmos o crescimento ponderal da gestante, podemos usar o peso estimado antes de engravidar e considerar como aumen- to normal um ganho semanal de 400 g no se- gundo trimestre e de 300 g no terceiro. Uma exposição mais detalhada do acompanhamento nutricional da gestante encontra-se no Capítulo 16, Nutrição na gestação. A suplementação rotineira de vitaminas não é recomendada, pois, em geral, uma alimentação saudável é suficiente para suprir as necessidades diárias de forma adequada. A exceção é feita nos casos em que haja risco nutricional, como em pacientes com gestação múltipla, abuso de drogas, vegetarianas estritas, epilépticas ou com diagnóstico de hemoglobinopatias. Há a neces- sidade de suplementação universal apenas de ferro (Tab. 1.4), a partir de 20 semanas de IG, e de ácido fó lico por pelo menos 30 dias antes da concepção e até a 12a semana de gestação. A dose aconselhada atualmente é de 0,4 mg/dia, com exceção das pacientes de alto risco (diabe- te, antecedente de defeito de fechamento do tubo neural), que devem receber 4 mg/dia (ver o Cap. 2, Aconselhamento pré-concepcional). Constipação intestinal é uma queixa comum en- tre as gestantes. A suplementação dietética com fibras vegetais é efetiva na redução da constipa- ção na gravidez. A suplementação dietética rotineira de vi- taminas não é recomendada. A exceção é a suplementação de ácido fólico (pelo menos 30 dias antes da concepção até a 12a sema- na) e de sulfato ferroso (da 20a semana até 30 dias após o parto. Vigilância da pressão arterial A medida de pressão arterial (PA) deve ser rea- lizada a cada consulta de pré-natal, permitindo o diagnóstico precoce de pré-eclâmpsia ou de outros distúrbios hipertensivos na gestação. A medida da PA sempre deverá ser realizada com a pacien te sentada. Em caso de pacien- tes obesas, deve-se utilizar esfigmomanômetro adequado ou realizar o cálculo de ajuste de acordo com o perímetro braquial. Considera-se hipertensão quando os níveis pressóricos forem iguais ou superiores a 140/90 mmHg. É importante diferenciar a hipertensão induzida pela gestação da hipertensão crônica. Em am- bas as situações, deve haver um acompanha- mento subsequente em serviço de pré-natal de alto risco. Ao final do segundo trimestre e no início do terceiro, é fisiológica uma queda dos valores pressóricos, podendo confundir ou mas- carar a identificação de um distúrbio hiperten- sivo gestacional, particularmente nas gestantes que iniciam o pré-natal tardiamente. Para maiores detalhes sobre esse assunto, ver o Capítulo 34, Doen ça hipertensiva na gravidez. Tabela 1.2 Alterações fisiológicas da gestação (continuação) Fisiopatologia Manejo Hemorroidas Compressão do útero sobre o plexo hemorroidário, mais sintomáticas na presença de constipação. Normalização do hábito intestinal com fibras e hidratação adequada. Uso de banhos de assento e anestésicos locais. Regridem após o parto. Sistema geniturinário Polaciúria Compressão do útero sobre a bexiga, com redução da capacidade vesical. Afastar infecção urinária. Leucorreia Aumento das secreções vaginais por ação hormonal. Secreção esbranquiçada, sem irritação da mucosa vulvar e vaginal. Afastar vaginite. Rotinas em Obstetrícia 31 Medida da altura uterina – crescimento fetal A medida da altura uterina (AU) a cada con- sulta, de preferência pelo mesmo examinador, é uma maneira fácil e universalmente acessível de acompanhar o desen volvimento fetal. O re- gistro gráfico da AU permite monitorar o de- senvolvimento normal do feto conforme a IG e detectar desvios de crescimento. A medida da AU é feita colocando-se um ex- tremo da fita métrica sobre a borda superior da sínfise púbica e o outro no fundo ute rino. A pa- ciente deve ser colocada em posição de litoto- mia e com a bexiga vazia, para reduzir a interfe- rência de fatores extrínsecos na medida da AU. Adotamos como padrão de referência a curva de altura uterina de acordo com a idade gesta- cional apresentada por Opperman e colabora- dores (2006), que se fundamentou na avalia- ção de mais de 3.500 gestantes em um estudo multicêntrico, em seis capitais brasileiras, para rastreamento do diabete gestacional (EBDG). Nessa curva, observam-se valores superiores aos encontrados na curva anteriormente ado- tada (desenvolvida pelo CLAP – Centro Lati- no-Americano de Perinatologia) e, portanto, reflete mais fielmente o padrão de crescimento uterino das gestantes brasileiras. Temos como limites de normalidade o percentil 10 para o in- ferior e o percentil 90 para o superior (Fig. 1.1 e Tab. 1.3). A cada consulta, deve-se marcar no gráfico o ponto de inter secção da AU com a IG e atentar se está situado entre os percentis 10 e 90. Caso a AU siga aumentando em um mesmo percentil saudável, deve-se seguir o calendário mínimo de pré-natal (como qualquer gestação de baixo ris- co). Caso ocorra queda ou elevação abrupta em uma curva que vinha evoluindo normalmente, deve-se atentar para um possível erro na medida e prosseguir investigação diagnóstica se a medi- da estiver correta. Uma medida que gera um ponto acima da curva superior (percentil 90) deve chamar atenção para alterações. Se o crescimento es- tiver evoluindo acima da curva superior, porém com a mesma inclinação da curva, é possível que a IG seja maior do que a estimada. Uma inclina ção maior do que a curva superior, isto é, um crescimento uterino acima do esperado e ascendente, acontece na ges tação múltipla, na hidrocefalia, no polidrâmnio, na doen ça 45 40 35 30 A ltu ra u te rin a (c m ) 25 20 15 20Semana N 445 495 454 478 490 594 602 621 579 600 662 606 715 666 695 734 784 791 687 481 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 p90 p75 p25 p10 Figura 1.1 Distribuição da altura uterina de acordo com a idade gestacional. Estudo Brasileiro do Diabete Gestacional (EBDG). 32 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães trofoblástica gestacional, na macrossomia, ou na miomatose uterina. O inverso, o crescimento uterino abaixo do espera do, pode também ocorrer por erro de cálculo de IG (principal suspeita quando per- sistir evoluindo com a mesma inclinação da curva). Se a inclinação da curva for menor ou se afastar da curva inferior, pensar no cresci- mento intrauterino restrito, nos fetos constitu- cionalmente pequenos, no oligoidrâmnio ou na situação transversa. Ausculta dos batimentos cardiofetais A determinação da frequência cardíaca fetal foi o primeiro recurso propedêutico utilizado para avaliar as condições fetais na gravidez e no par- to. Deve fazer parte do exame físico da gestante em toda consulta pré-natal. A identificação dos batimentos cardiofetais (BCFs) pode ser feita com a ultrassonografia a partir da quinta ou sexta semana de gesta- ção; com o sonar Doppler a partir da 10a ou 11a semana e com o estetoscópio de Pinard a partir da 20a semana. A possibilidade de ouvir os batimentos cardíacos do bebê traz à mãe uma sensação de tranquilidade, e a não identi- ficação dos BCFs pode gerar ansiedade inten- sa; portanto deve-se tentar a ausculta consi- derando-se as capacidades de cada método a cada IG. Obesidade materna, dificuldade de identi ficar o dorso fetal e polidrâmnio podem dificultar a ausculta. Em caso de gemelarida- de, o correto é utilizar dois sonares e avaliar concomitantemente a frequência e o ritmo cardíaco dos fetos. Observa-se a frequência dos batimentos du- rante 1 minuto, que deve situar-se entre 110 e 160 bpm. Variações para menos ou para mais correspondem, respectivamen te, à bra dicardia e à taquicardia fetal e representam motivos para avaliação de bem-estar fetal mais deta- lhada (American College of Obstetricians and Gynecologists, 2009). A existência de acelera- ções transitórias (elevações da frequência de pelo menos 15 batimentos por, no mínimo, 15 segundos) é sinal de boa vitalidade e es tá fre- quentemente associada às movimentações fe- tais, aos estímulos mecânicos sobre o útero ou à contração uterina. No terceiro trimestre da gestação, o decúbito dorsal mais prolongado pode levar à compres- são da aorta e da veia cava inferior (hipotensão supina postural), causando uma síndrome de compressão aortocava. A diminuição do fluxo sanguíneo uterino e da perfusão placentária pode acarretar uma queda da fre quência car- díaca fetal (efeito Poseiro). A lateralização da paciente para a esquerda deve normalizar essa situação. A determinação do local de melhor ausculta dos BCFs depen de da IG. Nas gestações de até 16 semanas, o ponto de ausculta deve situar- -se próximo ao púbis. Com o avanço do cresci- mento uterino, privilegiando o eixo longitudinal, o feto em geral se situará nesse eixo, o que pode ser comprovado por meio das ma nobras Tabela 1.3 Correlação entre o tamanho uterino e a IG Semanas Tamanho uterino Até a 6a semana de gestação Não ocorre alteração do tamanho uterino. Na 8a semana O útero corresponde ao dobro do tamanho normal. Na 10a semana Corresponde a três vezes o tamanho habitual. Na 12a semana Ocupa toda a pelve, sendo palpável na sínfise púbica. Na 16a semana Encontra-se entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical. Na 20a semana Situa-se na cicatriz umbilical. A partir da 20a semana Existe uma relação aproximada entre as semanas de gestação e a medida da altura uterina, e quanto mais próximo ao término da gestação, menos fiel é a correspondência. Rotinas em Obstetrícia 33 de Leopold-Zweifel (Fig. 1.2). Dividindo-se o abdome materno em quatro quadrantes, procu- ra-se auscultar os BCFs no quadrante em que devem estar o dorso e a cabeça fetal. Exames laboratoriais básicos Os exames laboratoriais listados a seguir devem ser solicitados rotineiramente para todas as ges- tantes durante o pré-natal. Tipagem sanguínea e Coombs indireto A tipagem sanguínea de toda gestante precisa ser conhecida a fim de possibilitar a prevenção da doença hemolítica perinatal; deve, portanto, ser solicitada na primeira consulta de pré-natal. Se a gestante for Rh-negativo, deve-se solicitar, além da tipagem sanguínea, o teste de Coombs indireto. Se este for negativo, deve-se repeti-lo mensalmente a partir da 24a semana. Se for po- sitivo, referir a paciente para pré-natal de alto risco (ver Cap. 10, Doença hemolíti ca perinatal). Figura 1.2 Manobras de palpação. 34 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães As evidências atuais permitem recomendar profilaxia para doença hemolítica do recém-nascido por meio da aplicação da imunoglobulina anti-D em mulheres com fator Rh-negativo nas situações listadas a seguir: > Rotineiramente no período pós-parto imediato se o fator Rh do recém-nascido for positivo. > Após procedimentos invasivos (amniocentese e biópsia de vilos coriônicos). > Sangramentos de 1o, 2o e 3o trimestres. > Abortamentos e morte fetal intrauterina. > Após trauma abdominal. > Gestação ectópica. > Mola hidatidiforme. >Versão externa. O uso universal da imunoglobulina profilática para gestantes Rh-negativo no final do segun- do trimestre, utilizado em alguns países, ainda é bastante controverso em nosso meio, principal- mente devido à relação custo-benefício. A justi- ficativa para o uso universal seria a prevenção da aloimunização decorrente de pequenos sangra- mentos ocultos que podem ser suficientes para gerar resposta imunológica materna. Como há evidências de que esse uso da imunoglobulina não tenha relação custo-benefício aceitável, não podemos estabelecer como norma o seu uso profilático rotineiro. Sorologia para sífilis A ocorrência de sífilis durante a gestação está associada a abortamento espontâneo, parto pré-termo, morte fetal in trauterina, hidropsia fetal, restrição de crescimento, morte perinatal e sífilis congênita. O tratamento da sífilis é bas- tante simples e barato e tem a capacidade de minimizar as consequências da doença para a mãe e o feto, tornando obrigatória a triagem da doença de forma rotineira no pré-natal. Deve ser solicitado VDRL (Veneral disease resear- ch laboratories) para triagem na primeira consul- ta do pré-natal. Se o VDRL for negativo, a reco- mendação do Ministério da Saúde é repeti-lo em torno da 32a semana e novamente na internação para o parto. Se o VDRL for positivo, o ideal seria a realização de um teste treponêmico (FTA-Abs) para excluir falso-positivo (que pode estar rela- cionado com a própria gestação ou com doenças concomitantes, como o lúpus). Se o FTA-Abs for positivo, deve ser prescrito tratamento para sí- filis. Em caso de paciente de difícil seguimento ou impossibilidade de realizar o FTA-Abs pron- tamente, justifica-se prescrever tratamento ime- diatamente após o resultado de VDRL positivo, mesmo sem exame confirmatório (ver Cap. 37, Gestação e doenças sexualmente transmissíveis). A sífilis congênita e a sífilis em gestante são doenças de notificação compulsória, respectiva- mente desde 1986 e 2005. Anti-HIV O teste anti-HIV deve ser realizado de ro tina no pré-natal, o que se justifica plenamente pelo grande impacto do uso de antirretrovirais na re- dução dos índices de transmissão vertical (redu- ção de 25,5% para níveis inferiores a 2%) do HIV. A maioria das pacientes HIV-po sitivo não apresen- ta fatores de risco identificáveis pela história. O teste deve ser realizado na primeira consulta de pré-natal e repetido a cada trimestre. Antes da solicitação do teste, deve-se obter consentimento por parte da paciente e informá-la sobre as con- sequências em caso de teste positivo ou indeter- minado. Testes de triagem (ELISA) positivos de- vem ser confirmados por testes mais específicos. A estratégia recomendada como padrão-ouro para o diagnóstico de HIV é a combinação de dois imunoensaios enzimáticos diferentes mais um ensaio confirmatório com Western Blot ou imunofluorescência. Essa estratégia tem alta sensibilidade, porém apresenta algumas res- trições operacionais, e o resultado demora até duas semanas, podendo dificultar o acompa- nhamento de pacientes e retardar o início do tratamento. Atualmente há uma proposta, sugerida pelo Ministério da Saúde, de realizar o diagnóstico de HIV utilizando apenas testes rápidos. Os testes rápidos disponíveis hoje em dia são alta- mente sensíveis e específicos, alguns deles com desempenho comparável ao do imunoensaio, e podem fornecer resultado em menos de 20 minutos por observador sem treinamento es- pecífico. A OMS recomenda um algoritmo para uso do teste rápido (TR) para diagnóstico de Rotinas em Obstetrícia 35 HIV, com utilização sequencial de dois ou três testes rápidos, para uso em situações em que o diagnóstico rápido é fundamental, como na parturiente ou puérpera. O pré-natal da paciente HIV-positivo deve ser diferenciado, incluindo uma avaliação clínica complementada com a laboratorial. Devem ser solicitados VDRL, HBsAg, rastreamento para ou- tras DSTs, teste de Mantoux, anti-HCV, sorologia para toxo plasmose, citomegalovírus e herpes (principalmen te nas paciente já imunodeprimi- das), dosagem de plaque tas, CD4, carga viral e provas de função hepática e renal. A paciente deve receber acompanhamento concomitante por um médico infectologista. Deve-se atentar para o maior risco de lesões pré-malignas e câncer de colo em gestantes HIV-positivo. É fundamental também aprovei- tar a oportunidade no pré-natal para orientar a respeito de práticas de sexo seguro, métodos de contra cepção no pós-parto e contraindicação à amamentação. Nessas pacientes, devem-se evitar procedimentos invasivos, como amniocentese, biópsia de vilosidades coriônicas e cordocentese. Urocultura A infecção urinária é a in fecção bacteriana mais frequente durante a gestação; além disso, a pre- valência de bacteriúria assintomática é de 2 a 10% de todas as gestantes. Até 40% dos casos de bacteriúria assintomática não tratados po- dem evoluir para pielone frite, situação que cur- sa com risco de trabalho de parto pré-termo de até 20% e sepse neonatal precoce. Esses dados justificam, portanto, o tratamento rigoroso da bacteriúria assintomática (além do tratamento da infecção sintomática) na gesta- ção. Após 7 a 10 dias do término do tratamen- to, deve-se realizar nova urocultura para contro- le de cura. Mesmo com urocultura de controle negativa, devem ser solicitadas novas urocultu- ras a cada dois meses até o parto. Nos casos de suspeita clínica, o trata mento deve ser iniciado logo após a coleta de amostra de urina, enquanto se aguarda o resultado da urocultura. Recomenda-se antibioticoprofilaxia con- tínua após dois episódios de infecção do trato urinário (ITU) ou após um episódio de pielonefrite aguda na gestação atual. A recorrência de nova infecção durante a gesta- ção é bastante comum; portanto, após um epi- sódio de pielonefrite aguda ou dois episódios de ITU na gestação atual, recomenda-se profilaxia com doses baixas de antibiótico até o parto com nitro furantoína ou ampicilina. Existe um risco teórico de anemia hemolítica com uso de nitrofurantoína próximo ao nascimen- to (nos raros casos de fetos com deficiência de G6PD), o que levou alguns autores a recomendar a suspensão da antibioticoterapia profilática após 36/37 semanas (Duarte et al., 2008). Esse risco, no entanto, é muito baixo (em torno de 0,0004%) quando comparado aos riscos associados à recor- rência de ITU ou pielonefrite, permitindo que o obstetra possa recomendar a manutenção do uso de antibiótico até o momento do parto de acordo com seu julgamento de cada caso. Hemoglobina e hematócrito Durante a gestação, observa-se um aumento da pro dução eritrocitária; porém, devido a um aumento ainda maior no volume plasmático, o resultado é a hemodilui ção. Ocorre diminuição significativa nos valores da hemoglobina e do hematócrito, que se manifestam precocemente, em torno da 10a se mana, alcançando valores mínimos em torno da 20a se mana, com discre- to aumento a partir de então. O diagnóstico de anemia na gestação é realizado com a medida da hemoglobina, que deve ser solicitada junta- mente com o hematócrito na primeira consulta de pré-natal e a cada trimestre. A anemia é uma intercorrência frequente na gestação, sobretudo entre as pacientes multípa- ras ou com intervalo pequeno entre gestações. O diagnóstico e o manejo dessa condição estão especificados na Tabela 1.4. Exames de secreção vaginal e citopatológico cervical As vulvovaginites devem ser identificadas e tra- tadas na gestante. Existem estudos que asso- ciam a vaginose bacteriana a trabalho de par to pré-termo, ruptura prematura de membranas, endometrite puerperal e até morte fetal in- trauterina. Há evidências de que, fazendo-se o 36 Freitas, Martins-Costa, Ramos & Magalhães rastreamento e tratamento das gestantes com vaginose, seja possível reduzir pelo menos a fre- quência de um dos desfechos associados (traba- lho de parto prematuro). Como para muitas pacientes a gestação é uma rara oportunida de de ser avaliada por um médi- co ginecologista, deve-se aproveitar a primeira consulta para a realização do exame citopato- lógico cervical com o cuidado de não se fazer coleta de material endocervical com cytobrush. Rastreamento do diabete gestacional Para o rastreamento e o diagnóstico do diabe- te melito gestacional (DMG), a recomendação atual do Ministério da Saúde é a de que se uti- lize a glicemia de jejum
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