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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CAMPUS RECIFE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA PROFESSORES: JOÃO ADAUTO DE SOUZA NETO, PAULA ANDREA SUCERQUIA RENDON E GORKI MARIANO DISCIPLINA: GEOLOGIA GERAL FERNANDO THEO PIRON GABRIEL DA CUNHA CAVALCANTI MARTINS GUILHERME MEIRELLES TERRA IGOR ALMEIDA DA SILVA RELATÓRIO DA PRÁTICA DE CAMPO DE GEOLOGIA GERAL RECIFE - PE 2019 1 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Mapa da Província Borborema Figura 2 - Domínios da Província Borborema Figura 3 - Mapa Geológico de Pernambuco Figura 4 - Mapa Geológico Simplificado da Paraíba Figura 5 - Mapa geológico do Rio Grande do Norte Figura 6 – Croqui do afloramento de milonito Figura 7 - Plano de foliação medido no afloramento Figura 8 - Dobras sinforme no miolito Figura 9 - Afloramento de sienogranito porfirítico do batólito Caruaru-Arcoverde Figura 10 - Fazenda Nova no Mapa geológico de Pernambuco Figura 11- Croqui do batólito Fazenda Nova Figura 12 - Cristais de feldspato alcalino em forma sigmoidal, augen gnaisse Figura 13 - Sienogranito com enclaves máficos Figura 14 - Cristal zonado de k-feldspato Figura 15 - Dique de pegmatito Figura 16 - Falhas na fratura preenchida (veio de quartzo – feldspato) Figura 17 – Arenito intemperisado Figura 18 - Croqui do bloco de arenito fraturado Figura 19 - Sobreposição das camadas de arenito, argilito e siltito na caverna Figura 20 - Rocha magmática no pé da escadaria para a Pedra Furada Figura 21 - Pedra furada vista de baixo Figura 22 - Grande enclave de diorito Figura 23 - Formações “Enxames de enclaves" (Gorki Mariano, 2013) Figura 24 - Milonito foliado com ressalto no plano de foliação Figura 25 – Afloramento de milonito cataclasito estudado Figura 26 – Brecha de falha (ou tectônica) Figura 27 – Rocha ígnea melanocrática de movimento sinistral e plasticidade dúctil. Figura 28 – Sigmoide Sinistral Figura 29 - Afloramento de paragnaisse (rocha clara) e xisto (rocha escura). Figura 30 - Ocorrência de boudins Figura 31 – Movimento Sinistral Figura 32 - Vista para a planície de Patos e inselbergs Figura 33 - Dique de granodiorito 2 Figura 34 – Fluxo Magmático Figura 35 - Afloramento de biotita xisto Figura 36 – Xenólito de xisto turmalinizado Figura 37 –Diferentes tipos de fosfatos em contato Figura 38 - Paredão de metaconglomerado Figura 39 - Bloco de granito verde Gauguin Figura 40 - Material sendo largado após ser transportado para fora da mina Figura 41 - Presença de pirita, malaquita e calcita laranja em rocha calciossilicática LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS m - Metros; CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais; Km - quilômetros; M.a - Milhões de anos; QAP - Diagrama de identificação de rochas; Az - Azimute. 3 SUMÁRIO 1 - Introdução.............................................................................................................. 5 1.1 - Objetivo................................................................................................................ 5 1.2 - Materiais e Métodos............................................................................................. 5 2 - Referencial Teórico............................................................................................... 7 2.1 - Província Borborema........................................................................................... 7 2.1.1 - Domínio Central............................................................................................... 8 2.1.1.1 - Suítes Magmáticas........................................................................................ 8 2.1.1.2 - Complexo Irajaí............................................................................................. 9 2.1.1.3 - Complexo Sertânia....................................................................................... 9 2.1.1.4 - Bacia do Jatobá............................................................................................ 9 2.1.2 - Domínio Setentrional....................................................................................... 10 2.1.2.1 - Domínio Rio Grande do Norte...................................................................... 10 2.1.2.2 - Formação Jucurutu....................................................................................... 11 2.1.2.3 - Formação Equador....................................................................................... 11 2.1.2.4 - Formação Seridó.......................................................................................... 11 3 - Paradas da Aula de Campo................................................................................. 12 3.1 - 1º dia - 03/06/2019.............................................................................................. 12 3.1.1 - 1º Parada - Serra das Russas.......................................................................... 12 3.1.2 - 2º Parada - Afloramento do Batólito Caruaru-Arcoverde................................. 14 3.1.3 - 3º Parada - Fazenda Nova............................................................................... 16 3.2 - 2º dia - 04/06/2019.............................................................................................. 17 3.2.1 - 1º Parada - Na PE 270 a 6 km de Arcoverde, sentido Arcoverde-Buíque....... 17 3.2.1.1 - 1º Afloramento (sienogranito)........................................................................ 18 3.2.1.2 - 2º Afloramento (bloco sedimentar da bacia de Jatobá) ................................ 18 3.2.2 - 2º Parada - Parque Nacional do Vale do Catimbau......................................... 19 3.2.2.1 - 1º Afloramento - Bloco de arenito fraturado.................................................. 19 3.2.2.2 - 2º Afloramento - Cachoeira Temporária........................................................ 20 3.2.2.3 - 3° Afloramento - Caverna do Velho de Israel................................................ 20 3.2.3 - 3º Parada - Parque Nacional da Pedra Furada............................................... 21 3.3 - 3º dia - 05/06/2019.............................................................................................. 23 3.3.1 - 1º Parada - Na Zona de cisalhamento do Cruzeiro do Nordeste-Congo......... 23 3.3.2 - 2º Parada - Lajedo Sertânia............................................................................. 25 3.3.3 - 3º Parada - Ao lado do povoado de Igaraci.................................................... 26 4 3.3.4 - 4º Parada - Afloramento na entrada de Itapetim............................................. 27 3.3.5 - 5º Parada - Pedra do Tendó............................................................................ 28 3.4 - 4º dia - 06/06/2019............................................................................................. 29 3.4.1 - 1º Parada - Na entrada sul de Patos............................................................... 29 3.4.2 - 2º Parada - 5km ao Norte de Equador na RN-086.......................................... 30 3.4.3 - 3º Parada - Riacho da Vaca............................................................................ 30 3.4.4 - 4º Parada - Grupo Serindó.............................................................................. 32 3.4.5 - 5º Parada - Pedreira de blocos ornamentais...................................................33 3.5 - 5º dia - 07/06/2019.............................................................................................. 34 3.5.1 - 1° Parada - Mina Brejuí.................................................................................... 34 4 - Geologia Econômica da Mina de Brejuí............................................................ 36 4.1 - Minérios.............................................................................................................. 36 4.1.1 - Caulim............................................................................................................. 36 4.1.2 - Quartzo Rosa.................................................................................................. 36 4.1.3 - Albita............................................................................................................... 36 4.1.4 - Berilo............................................................................................................... 36 4.2 - Mina Brejuí......................................................................................................... 36 4.2.1 - Scheelita.......................................................................................................... 37 4.2.2 - Calcário........................................................................................................... 38 4.2.3 - Molibdênio....................................................................................................... 38 5 - Mapa de Campo................................................................................................... 38 Anexo 1 – Descrição das Amostras Coletadas no Campo.................................. 39 6 - Considerações Finais......................................................................................... 41 Referências............................................................................................................... 42 5 1 - INTRODUÇÃO Este relatório trata da atividade de campo realizada por alunos do curso de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco entre os dias 03/06/2019 e 07/06/2019 nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, como peça indispensável da unidade curricular Prática de Campo de Geologia Geral. Nele é apresentado o resultado dos estudos de campo, distribuídos e organizados em capítulos. 1.1 - Objetivo. O objetivo desse trabalho consiste, essencialmente, em praticar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula ao longo da disciplina Geologia Geral. A partir dessa visão, descrever, de forma detalhada, todos os pontos ou afloramentos de rochas visitados durante a prática de campo, fotografar, identificar minerais, compreender seus aspectos geológicos e eventos que ocorreram no passado, coletar amostras de rochas para uma análise mais criteriosa, além disso, registrar o trajeto realizado e utilizar os conhecimentos sobre leitura de mapas geológicos. Com isso foi possível a oportunidade de ampliar os conhecimentos sobre Geologia Geral, o que ajudará a entender melhor e com mais facilidade as próximas disciplinas do curso. 1.2 – Materiais e Métodos. No campo foram realizadas diversas atividades, como descrever afloramentos naturais e artificiais, classificar os tipos de rochas, entender a geocronologia das falhas, fraturas, dobras, veios e estudar sua composição mineralógica, além da coleta de amostras para estudo posterior. Os materiais utilizados para a prática dessas atividades foram: GPS, bússola, martelo petrográfico, marreta, lupa de mão, canivete, imã e a caderneta de campo. GPS: Através da utilização do aparelho GPS (Sistema de Posicionamento Global) foi possível fazer a localização geográfica dos afloramentos; Bússola: A bússola serviu para orientação quanto ao norte, medição da direção, sentido e caimentos dos planos, e direção do mergulho e ângulo do mergulho; 6 Lupa de Mão: Utilizada para determinar o hábito e auxiliar na identificação dos minerais; Canivete: Usado para determinar a dureza dos minerais; Imã: Usado para identificar minerais que apresentam magnetismo, como a exemplo da magnetita; Martelo de Geólogo e Marreta: Foram usados para retirar amostras de rochas mais resistentes a fim de estudá-las de forma mais detalhada posteriormente Caderneta de Campo: Teve como fim registrar o trajeto percorrido, esboçar e descrever detalhadamente todos os afloramentos, além de anotações pertinentes. 7 2 - REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 - Província Borborema. A Província Borborema cobre uma área de cerca de 380.000 km², coincidindo com a faixa de dobra do Nordeste, desenvolvido durante o Ciclo Brasiliano. É limitada pelas províncias São Francisco e Parnaíba, além das bacias costeiras e da margem continental. O relevo residual raramente excede os 1000 metros de altitude, e é composta por sete compartimentos tectônicos distintos por Brito Neves (1975), que são: - Coberturas sedimentares Fanerozóicas; - Coberturas sedimentares do Ciclo Brasiliano; - Bacias molássicas do Ciclo Brasiliano; - Sistemas de dobramentos; - Maciços medianos; - Zonas geoanticlinais; - Áreas remobilizadas do embasamento. Figura 1 - Mapa da Província Borborema. Fonte: DANTAS, 1980 8 Na província Borborema são individualizados três segmentos tectônicos fundamentais, limitados por importantes zonas de cisalhamento brasilianas aqui denominados de: Subprovíncia Setentrional, Subprovíncia da Zona Transversal ou Central e Subprovíncia Externa ou Meridional, as quais foram subdivididas em domínios, terrenos ou faixas, com base no patrimônio lito estratigráfico, feições estruturais, dados geocronológicos e assinaturas geofísicas. Figura 2 - Domínios da Província Borborema. Fonte: UFAM 2.1.1 - Domínio Central. Trata-se de um segmento crustal de direção E-W, limitado a norte e a oeste pelo Lineamento Patos, a sul pelo Lineamento Pernambuco e a leste pelas bacias costeiras. Compõe-se, de NW para SE, pela Faixa Cachoeirinha e pelos terrenos Alto Pajeú, Alto Moxotó e Rio Capibaribe, os quais foram amalgamados durante os eventos orogênicos Cariris–Velhos (1,0 a 0,95 Ga) e Brasiliano (750 a 520 Ma). 2.1.1.1 - Suítes Magmáticas. Nas suítes magmáticas é evidente a intensa atividade magmática que está relacionada com a orogênese brasiliana na Província Borborema, representada por vários corpos com dimensões e inúmeras formas, e os extensos batólitos. É importante mencionar que o plutonismo foi classificado de acordo com o seu posicionamento tectônico em relação ao evento brasiliano (sin a tardi, tardi após e pós 9 tectônico). Assim, podendo levar em conta as relações de campo, os dados geocronológicos disponíveis e as características patrológicas dos plútons. 2.1.1.2 - Complexo Irajaí. Essa unidade é caracterizada pela restrição de Wanderley (1990) e Veiga Jr. & Ferreira (1990), sendo limitada por uma faixa situada no limite entre os terrenos Altos Pajeú e Alto Moxotó. De modo geral, é uma sequência metavulcano-sedimentar, constituída por paragnaisses, metagrauvacas, metacherts, ortoanfibolitos, metatufos basálticos, metavulcanoclásticas, calcários e rochas calcissilicáticas, interacamadadas, registram-se ainda pequenas intrusões gabro-dioríticas. 2.1.1.3 - Complexo Sertânia. O Complexo Sertânia ocorre no Terreno Alto Moxotó. Constituiuma sequência composta essencialmente por metapelitos com níveis carbonáticos, calcissilicáticos, quartzíticos e raros metabasitos. Os litotipos dominantes são biotita gnaisses por vezes xistosos, as vezes exibindo um bandamento bem definido, com alternância de minerais máficos e bandas quartzofeldspáticas. 2.1.1.4 - Bacia do Jatobá. A Bacia do Jatobá, situada em quase sua totalidade no Estado de Pernambuco, ocupa uma área de aproximadamente 6.000 km². Esta bacia marca a inflexão da direção geral do rifte intracontinental, abortado do citado sistema, de N-S para N70ºE. Esta inflexão foi nitidamente controlada pelo Lineamento Pernambuco e pelas zonas de cisalhamento associadas, de idades neoproterozóicas e reativadas no Mesozoico, como a Falha de Ibimirim, que constitui o limite N-NW da bacia e que controla o seu depocentro (Magnavita & Cupertino, 1987). Figura 3 - Mapa Geológico de Pernambuco. Fonte: CPRM. 10 Figura 4 - Mapa Geológico Simplificado da Paraíba. Fonte: MONTEFALCO, Lauro. 2.1.2 - Domínio Setentrional. Compreende a porção da Província Borborema situada a norte do Lineamento Patos, aqui subdividida, de oeste para leste, nos domínios Médio Coreaú, Ceará Central e Rio Grande do Norte. 2.1.2.1 - Domínio Rio Grande do Norte. Este domínio compõe-se das faixas Orós–Jaguaribe e Seridó, e dos terrenos Rio Piranhas, São José do Campestre e Granjeiro. Limita-se a oeste pela zona de cisalhamento Orós Oeste/Aiuaba e ao sul pela Zona de Cisalhamento (lineamento) Patos. A leste e a norte, o domínio está encoberto pelas rochas sedimentares da Província Costeira e da Bacia do Apodi, respectivamente. A principal área de ocorrência da faixa tem direção preferencial NE-NW, com arrasto para E-W, na porção sul, produzido pelo Lineamento Patos. Remanescentes alóctones da Faixa Seridó ocorrem a oeste no Terreno Rio Piranhas até próximo da Zona de Cisalhamento Portalegre, a leste no Terreno São José do Campestre e a sul no Terreno Granjeiro. Compõe-se do Grupo Seridó, o qual é subdividido nas formações Jucurutu (base), Equador e Seridó (topo), e inclui remanescentes indiferenciados denominados de Grupo Seridó Indiscriminado. 11 2.1.2.2 - Formação Jucurutu. É representada por rochas metassedimentares, com um baixo percentual de rochas vulcânicas máficas. Destas, o paragnaisse com níveis e nódulos de rocha calcissilicática tem características de metagrauvaca pela expressiva quantidade de feldspatos e por ter um aspecto maciço. Esta associação litológica tem abundância de sedimentos clásticos, grauváquicos e quartzosos e com uma grande ocorrência de calcários. Encontram-se abundantes gnaisses cinzento-azulados com lentes de epidoto, regularmente distribuídas e que podem formar tactitos, muitas vezes scheelitíferos. Ocorrem no interior de dobras como estreitas camadas nas bordas de plútons graníticos como nos batólitos de Acari ou localmente na Formação Equador, às vezes surge em estruturas dômicas como na estrutura a leste de Currais Novos, e na zona de charneira da serra das Queimadas em janela erosiva. 2.1.2.3 - Formação Equador. É caracterizada por quartzitos muscovíticos. Possuem uma sedimentação clástica de plataforma (cordões arenosos litorâneos), aparecendo de forma quase contínua acima do embasamento paleoproterozóico, embora em certos locais com uma recorrência acima da sedimentação grauváquico-carbonática. 2.1.2.4 - Formação Seridó. Tem como principal unidade a Faixa Seridó, caracterizada por um espesso pacote de metapelitos de fácies dominantemente anfibolitos, possuindo raras intercalações de metacalcários, rochas calcissilicáticas e anfibolitos. É importante ressaltar que a Formação Seridó, provavelmente, representa a fácies marinha distal da bacia, a qual sedimentação está relacionada à depósitos de talude alimentados por correntes de turbidez. Foi realizada uma análise do mapa geológico de Pernambuco, observando-se que o afloramento pertence ao domínio da zona de cisalhamento indiscriminada, também pertencendo a unidade geológica suítes magmáticas de idade do Neoproterozóico (585 Ma). 12 Figura 5 - Mapa geológico do Rio Grande do Norte. Fonte: CPRM. 3 - PARADAS DA AULA DE CAMPO 3.1 - 1º Dia - Segunda-feira 03/06/2019 3.1.1 - 1º Parada - Serra das Russas. Localização: entre Pombos e Gravatá à 10 km de Gravatá, na BR 232, no km 67, sentido Recife-Gravatá. Coordenadas: 25L0227622 / 9096378. Figura 6 – Croqui do afloramento de milonito, com destaque para as dobras e fraturas. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 13 O afloramento encontra-se na zona de cisalhamento lineamento Pernambuco, do paleoproterozóico, com uma datação de 580 M.a e que tem sua terminação no continente africano, indicando um dos maiores eventos geológicos, a separação do continente Gondwana. Composto por rochas metamórficas com minerais deformados, apresenta estrutura plana de foliação e estrutura fraturada no plano de quebra. As fraturas indicam uma estrutura dúctil e rúptil, e que seu metamorfismo foi do tipo cataclástico ou dinâmico. Figura 7 - Plano de foliação medido no afloramento. 1º Medição: 254Az/344°NW - Sentido de mergulho para a estrada; 75° Intensidade de mergulho; Rocha ultramilonítica de granulação fina, com ocorrência de movimento transcorrente destral, composição: K-Feldspato 30%, Quartzo 10%, Hornblenda 30%, Biotita 30%; 65Az - Sentido da linha, 15° - Caimento; 2º Medição: 255Az/345°NW, 85° Intensidade de mergulho; 3º Medição: 245Az/335°NW, 87° Intensidade de mergulho. Fonte: ALMEIDA, Igor, 2019. Figura 8 - Dobras sinforme no miolito. 1º Medição: 250Az/160°SE, 78° Mergulho; 1. 2º Medição: 225Az/305°NW, 55° Mergulho; Plano Axial: 330Az/205°SW, 76° Mergulho, 06° Caimento. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 14 3.1.2 - 2º Parada - Afloramento do Batólito Caruaru-Arcoverde. Localização: na margem da PE-145, 9 km a leste de Fazenda Nova, Coordenadas: 24 L 0816909 / 9097580. Foi realizada uma análise do mapa geológico de Pernambuco, observando- se que o afloramento pertence ao domínio da zona de cisalhamento indiscriminada, também pertencendo a unidade geológica suítes magmáticas de idade do Neoproterozóico (585 Ma). Figura 9 - Afloramento de sienogranito porfirítico do batólito Caruaru-Arcoverde. Fonte: ALMEIDA, Igor, 2019. Figura 10 - Fazenda Nova no Mapa geológico de Pernambuco. Fonte: CPRM. 15 No bloco principal foi observado que a rocha possuía granulação grossa e muitos cristais de plagioclásios euhedrais. Figura 11- Croqui do batólito Fazenda Nova com destaque para o plagioclásio euhedral. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019 Na parte superior do bloco foi visto que a segregação magmática é anterior a rocha, pois os cristais ainda não estão totalmente deformados, podendo-se afirmar que a cristalização ocorreu antes. Também foram identificados fenocristais de feldspato alcalino em estágio inicial de deformação pela zona de cisalhamento lineamento Pernambuco, em formato de sigmoide com deformação de sentido sinistral. Figura 12 - Cristais de feldspato alcalino em forma sigmoidal, augen gnaisse.Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 16 No afloramento também há presença de epidoto junto ao veio de quartzo. Epidoto é um mineral acessório e de alteração a baixa temperatura (aproximadamente 330°C). 3.1.3 - 3º Parada - Fazenda Nova. Localização: ao lado da PE-144, em frente ao teatro de Nova Jerusalém. Coordenadas: 24 L 0809266 / 9094746. Nesta que foi a última parada do primeiro dia, foi observado um afloramento que possuía sienogranito porfirítico com enclaves máficos, devido a um fluxo magmático da idade do Neoproterozóico. Mineralogia: Feldspato alcalino 30%, Quartzo 10%, Plagioclásio 20%, Biotita 20%, Hornblenda 20%. Figura 13 - Sienogranito com enclaves máficos. Fonte: ALMEIDA, Igor, 2019. No outro lado do afloramento a rocha possuía uma textura diferente, e cristais zonados de feldspato alcalino. 17 Figura 14 - Cristal zonado de k-feldspato. Fonte: PIRON, Theo, 2019. A cerca de 50m do primeiro afloramento foram vistos granitos porfiríticos cortados por um dique de pegmatito. Figura 15 - Dique de pegmatito. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. 3.2 - 2º dia - Terça-feira 04/06/2019. 3.2.1 - 1º Parada - Na PE 270 a 6 km de Arcoverde, sentido Arcoverde-Buíque. Coordenadas: 24L 0708542 / 9062116. 18 3.2.1.1 - 1º Afloramento (sienogranito). No primeiro afloramento foi visto uma rocha com características ígneas, granulação grossa e com um grau de intemperismo que resultava num formato esferoidal para a rocha (esfoliação). Nesse mesmo ponto foi encontrado uma área que mostrava uma fratura preenchida por quartzo e feldspato que foi cortada por falhas de cinemática sinistral. Também há cristais com movimento de falha dúctil que resulta no movimento anti-horário (sinistral). O afloramento é localizado no fim da zona de cisalhamento Pernambuco que perde força, ocorre em bandas e “termina” em Arcoverde. Mineralogia: 30% Máficos - Hornblenda e biotita; 70% Félsicos - K Feldspato 65%, Plagioclásio 10%, Quartzo 25%. Figura 16 - Falhas na fratura preenchida (veio de quartzo – feldspato). Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 3.2.1.2 - 2º Afloramento (bloco sedimentar da bacia de Jatobá) Localizado a cerca de 200 metros do primeiro afloramento, tem-se uma rocha sedimentar que apresenta duas camadas diferentes, na porção mais baixa estava um arenito de granulação mais fina e grãos bem selecionados, e na parte mais alta um conglomerado de granulação mais grossa e grãos mal selecionados. Essa divisão mostra a diferença da energia no momento da deposição dos sedimentos, na parte mais baixa a deposição foi feita em um momento de menor energia e na parte 19 mais alta um momento de maior energia carregando grãos maiores e sofrendo maior intemperismo. Figura 17 – Arenito intemperisado. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 3.2.2 - 2º Parada - Parque Nacional do Vale do Catimbau. Localização: Na PE 270 com sentido Arcoverde-Vila do Catimbau, à 6km de Buíque. O Parque Nacional do Vale do Catimbau pertence à bacia sedimentar do Jatobá, tem 62300 hectares e é originalmente uma terra de origem indígena, “Catimbau” significa cachimbo velho pequeno. Comporta o maior sistema aquífero do estado de Pernambuco e seu bioma característico é a caatinga arbustiva. 3.2.2.1 - 1º Afloramento - Bloco de arenito fraturado. Arenito de granulação média de cor vermelho-barro devido a presença de óxido de ferro e esbranquiçado onde ocorre intemperismo por lixiviação. Apresenta porosidade e permeabilidade. O plano analisado apresenta estratificação cruzada, direção de 270 Az e mergulho de 87°. 20 Figura 18 - Croqui do bloco de arenito fraturado. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 3.2.2.2 - 2º Afloramento - Cachoeira Temporária. Bloco de arenito de granulação fina a média e com plano de estratificação. Neste ponto foi possível realizar a análise da direção e mergulho do plano de vários pontos através da bússola. 1º Medição: 210 Az/18°/NW 2º Medição: 175 Az/20°/SW 3° Medição: 215 Az/23°/NW 3.2.2.3 - 3° Afloramento - Caverna do Velho de Israel. Figura 19 - Sobreposição das camadas de arenito, argilito e siltito na caverna. A caverna foi aberta naturalmente e parte pelo velho Israel. A deposição da argila se dá através da decantação com grãos muito finos. No afloramento fica evidente a sobreposição de camadas e o intemperismo local. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 21 3.2.3 - 3º Parada - Parque Nacional da Pedra Furada. Localização: a 6km de Venturosa (PE). Coordenadas: 24L 0739252 / 9051694. Nesta parada primeiramente foi analisado um pequeno afloramento de rocha granítica no pé da escadaria que leva à Pedra Furada. Foram observados que cristais alinhados, nos quais os minerais estão em sua maioria dispostos na mesma direção, isto ocorre por conta do ponto de fusão de cada mineral, segundo a série de reação de Bowen. Esse fluxo magmático tem direção SE – NE e a rocha em questão é um sienogranito. Figura 20 - Rocha magmática no pé da escadaria para a Pedra Furada. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. Figura 21 - Pedra furada vista de baixo Fonte: ALMEIDA, Igor, 2019. 22 A ação erosiva que veio a formar o Arco da Pedra Furada, ocorreu devido a erosão diferencial, ou seja o desgaste desigual dos corpos rochosos devido a composição mineralógica diferente, assim o arco de granito (com minerais mais estáveis) foi ocupado anteriormente pelo corpo intrusivo de diorito (com minerais mais instáveis) anteriormente existente que, mais tarde, após ataques erosivos foi desagregado por ação gravitacional dando lugar a abertura. Figura 22 - Grande enclave de diorito, que sofre erosão mais rapidamente. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. Este processo de erosão esteve associado ao desenvolvimento de um sistema de fraturas sub-horizontais controladas principalmente por alívio de carga, e possivelmente associadas às estruturas primárias de fluxo magmático, o que deu início à formação do arco. As fraturas controladas por alívio de carga são desenvolvidas quando o pacote de rochas que estava sobre o granito foi removido por erosão. A remoção da carga sobre o granito promove um alívio das tensões e o desenvolvimento de um sistema de fraturas sub-horizontais aproveitando as superfícies de fluxo magmático. Este sistema de fraturas favoreceu a queda de blocos por gravidade. É possível identificar blocos fraturados e passíveis de queda por gravidade. No local onde se encontra o Arco da Pedra Furada foi observado processo erosivo eólico, e ação de agentes de intemperismos de tipo físico, químico, e biológico atuando em materiais de durezas diferenciadas considerando ainda a escala de tempo e mudanças climáticas no espaço. 23 Figura 23 - Formações “Enxames de enclaves" (Gorki Mariano, 2013), erosão eólica vem ampliando as cavidades. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. 3.3 - 3ºdia - Quarta-Feira 05/06/2019. 3.3.1 - 1º Parada - Na Zona de cisalhamento do Cruzeiro do Nordeste-Congo. Localização: Oeste de Arcoverde e Sul de Sertânia na BR-110. Coordenadas: 24L 0690273 / 9077502 No afloramento estudado, foi observada uma rocha metamórfica com a presença, predominante, de k-feldspato 70%, plagioclásio 10%, quartzo 10%, biotita 10% e epidoto 5%. Com uma foliação milonítica, apresentando minerais foliados, estriados e deformados. O plano de foliação medido correspondeu a 225Az/72°/135°SE. Figura 24 - Milonito foliado com ressalto no plano de foliação. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 24 O afloramento está configurado parcialmente em uma estrutura do tipo dúctil por apresentar uma deformação moderada. Sendo assim, por ter sido gerado de um metamorfismo dinâmico/cataclástico, denomina-se como um cataclasito. Nele se encontra uma brecha de falha (ou tectônica) que ocorre em áreas rasas e tectonizadas, gerada das tensões que, quando as forçam, se rompem por serem rúpteis, o que fez com que a exploração do afloramento fosse interrompida. Também foi observado um espelho de falhas, que por suas estrias indica que o bloco oeste desceu e o leste subiu, sendo caracteriza uma falha normal. Então por ocasião, formam-se fragmentos angulosos e que estão mantidos por um material mais fino. Figura 25 – Afloramento de milonito Figura 26 – Brecha de falha cataclasito estudado. (ou tectônica) Fonte: ALMEIDA, Igor, 2019. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. Com o auxílio da bússola foi medido o plano de dois pontos diferentes: Plano de Falha 1: 305Az/47°/220SW Plano de Falha 2: 145Az/85°/230°SW; 135Az/87°/230°SW; 135Az/18°/225°SW; 305Az/86°/215°SW. 25 3.3.2 - 2º Parada - Lajedo Sertânia. Localização: A 14 km da primeira parada e a 10 km de Sertânia. Coordenadas: 24L 060908/ 9094620. Nesse afloramento do tipo lajedo foi visto que se tratava de um migmatito, isso indica que parte da rocha chegou a sofrer fusão parcial por conta da alta temperatura do metamorfismo. Apresenta textura granolepidoblástica e estrutura gnáissica derivada de uma rocha sedimentar (indicada pela presença de granada) na parte máfica. Já na parte félsica foi visto que era de origem ígnea e estrutura maciça. A rocha apresentava sigmoides de cinemática sinistral, isso mostra a influência da zona de cisalhamento Cruzeiro do Nordeste-Congo. Figura 27 – Rocha ígnea melanocrática de movimento sinistral e plasticidade dúctil. 1 – 258Az E-W 2 – 35Az NE-SW Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. Figura 28 – Sigmoide Sinistral Fonte: ALMEIDA, Igor, 2019. 26 3.3.3 – 3º Parada – Ao lado do povoado de Igaraci. Localização: na margem da PE-275, 5km ao norte de Jabitacá (PE) e a 38km ao norte de Sertânia. Coordenadas: 24 M 0680798 / 9140086. Neste ponto foi vista uma sequência de formação de diversos tipos de rocha. No começo do afloramento percebe-se uma associação entre camadas de xisto e paragnaisse, rochas metaplutônicas, pertencentes ao complexo Irajaí e de idade do Mesoproterozóico. Figura 29 - Afloramento de paragnaisse (rocha clara) e xisto (rocha escura). Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. Os principais minerais encontrados no paragnaisse foram: plagioclásio, biotita, quartzo e hornblenda. A granulometria do xisto é de fina a média. Além disso foram encontrados boudins, que são a resposta das camadas de caráter rúptil de se fragmentar ao sofrer a movimentos distensivos. 27 Figura 30 - Ocorrência de boudins. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. 3.3.4 – 4º Parada - Afloramento na entrada de Itapetim. Localização: Próximo a PE-263. Com idade aproximada entre 1 bilhão e 600 milhões de anos do período Mesoproterozóico, o afloramento apresenta grãos de feldspato no ortognaisse, com formas de augens, indicando movimento sinistral. E plano de foliação de 95Az/68°/185°SW. Figura 31 – Movimento Sinistral. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 28 3.3.5 – 5º Parada – Pedra do Tendó. Localização: a aproximadamente 800 m de altitude e 3 km do centro da cidade de Teixeira, às margens da BR-110. Coordenadas: 24 N 0692226 / 9203506. Do topo da Pedra do Tendó se tem uma visão espetacular da planície de patos e do lineamento Leste-Oeste das rochas localizadas na Depressão Sertaneja ao norte, também é possível observar o contato rochas metamórficas ao norte e rochas magmáticas plutônicas ao sul. Na visão do alto da Pedra do Tendó destaca-se o relevo residual muitas vezes alongado em cristas conhecidos como inselbergs. Figura 32 - Vista para a planície de Patos e inselbergs. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. Foi ainda observado o afloramento da Pedra do Tendó, que em sua maioria é composto por sienogranito de cor alaranjada devido à alta quantidade de feldspato potássico presente em sua composição mineralógica, também foram observados diques de granodiorito e um material mais máfico, de origem diorítica ou basáltica. 29 Figura 33 - Dique de granodiorito. Fonte: ATAÍDE, Emily, 2019. 3.4 - 4º Dia - Quinta-Feira 06/06/2019. 3.4.1 - 1º Parada - Na entrada sul de Patos. Neste afloramento foi observado um ortognaisse em um ambiente dúctil, de movimento sinistral, e que foi intrudido por um sienogranito. Foi analisado um fluxo magmático de rochas félsicas que intrudia uma rocha mais antiga de magma máfico. Esse fluxo se dá por metamorfismo regional, de direção 85Az e cisalhamento sinistral de 35Az. Dois tipos de rochas se fizeram presentes no afloramento, um sienogranito, responsável pela parte félsica intrudido, com uma textura porfirítica e estrutura maciça do fluxo magmático félsico, e um paraderivado, responsável pela rocha mais máfica, com textura granolepidoblástica e estrutura bandada. Também foi medido dois planos de foliação que tiveram como resultado: 230Az/80°/150°SE, 235Az/63°/146°SE. No afloramento foi possível identificar os pofiroblastos de hornblenda, além dos minerais Schorlita, Epidoto, Titanita, Granada, Magnetita e alanita. 30 Figura 34 – Fluxo Magmático. Rocha com idade do Arqueano-Paleoproterozóico, apresentava diversas dobras e os dois sentidos de deformação tanto sinistral como destral. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 3.4.2 - 2º Parada - 5km ao Norte de Equador na RN-086. Coordenadas: 24M 0750721/ 9235048. Nesse afloramento foi visto um pegmatito encaixado em um quartzito da formação equador. Rochas com idade no neoproterozóico, pertencentes ao grupo Serindó e conhecidas como pegmatito dosMamões. Graças ao metamorfismo metassomático onde ocorre a percolação de elementos químicos no plano de foliação causando a alteração dos minerais. Mineralogia do quartzito: Quartzo 75%, 24,5% Mica, 0,5% Sericita. Planos medidos: 11Az/37°/280°NW, 15Az/30°/283°NW. 3.4.3 - 3º Parada - Riacho da Vaca. Localização: a 11 km de Equador, ainda na RN-086. Coordenadas: 24M 0761835 / 9260820. No primeiro afloramento foi observado uma rocha metamórfica de coloração cinza-esverdeado e estrutura foliar xistosa com a presença de biotita, 31 granada, quartzo, feldspatos e mica, também foi encontrado um xenólito de xisto turmalinizado. Observando seu plano de foliação, foi possível, com a bússola, medir o sentido de caimento da foliação, cujo cai para 195Az/53°/290°NW. Figura 35 - Afloramento de biotita xisto – Exuado. Fonte: PIRON, Theo, 2019. Figura 36 – Xenólito de xisto turmalinizado. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 32 Ainda nesta parada, descendo para observar um paredão, nele foi observado um pegmatito em contato com o micaxisto, com mesma direção da camada, mas sentido de mergulho da foliação contrário, com o pegmatito mergulhando para leste o micaxisto caindo para noroeste. Neste paredão se viu a presença de bolsões do quartzo rosa, mineral explorado no local com bolsões de fosfato no quartzo, assim como os minerais tantalita, columbita e berilo (água marinha) são o foco dos garimpeiros. Fosfatos presentes no afloramento com contato aparente no núcleo de quartzo rosa. Em sua parte escura, é composta do mineral trifilita, na parte róseo se encontra arrojadita, na avermelhada a siderofilita, e na verde o mineral brasilianista. Figura 37 –Diferentes tipos de fosfatos em contato. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 3.4.4 – 4º Parada – Grupo Serindó. Localização: a 5 km de Parelhas. Coordenadas: 24M 0761695 / 9260640 No caminho, foi encontrado uma rocha ígnea plutônica pegmatítica que possui cristais de K-feldspatos. Passando pelo grande corredor de um metaconglomerado da formação Jucurutu, de coloração verde-acinzentado, estrutura foliar e textura lepidogranoblática. 33 Figura 38 - Paredão de metaconglomerado. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 3.4.5 – 5º Parada – Pedreira de blocos ornamentais. Localização: a cerca de 400 metros da 4º parada. Na última parada do quarto dia foram vistos blocos de rocha usados para ornamentação com foco no granito verde Gauguin, para extrair estes blocos do local de origem são feitos furos, os quais são preenchidos com argila expansiva na qual se adiciona água, e ao expandir fratura a rocha e separa o bloco desejado. Nesta localidade a rocha foi datada com cerca de 630 M.a, portanto, tendo sido formada durante o Neoproterozóico. Figura 39 - Bloco de granito verde Gauguin. Fonte: MARTINS, Gabriel, 2019. 34 3.5 - 5º Dia - Sexta-Feira 07/06/2019. 3.5.1 - 1° Parada - Mina Brejuí. Localização: a cerca de 5 km de Currais Novos (RN). Coordenadas: 24 M 0771299 / 9300538. Na entrada da mina foi explicada a história da extração do tactito para exploração de scheelita, mineral de onde é extraído o Tungstênio. Ao seguir para a mina foi vista parte da operação, onde eram trazidos pequenos vagões puxados por cabos carregados de material para a parte externa da mina, onde largavam o material numa pilha, e então o processo era repetido. Figura 40 - Material sendo largado após ser transportado para fora da mina. Fonte: PIRON, Theo, 2019. Na área externa da mina foi possível observar alguns tipos de rocha, sendo eles: pegmatito, basalto, paragnaisse, skarn e mármore. Posteriormente, foi visitada uma galeria desativada, onde foi possível observar a scheelita através de uma lanterna ultravioleta, a qual faz a scheelita brilhar por meio de fluorescência, esta scheelita ainda remanescente na galeria desativada não é explorada por questões estruturais do túnel. Também foi observada a presença de muitos sulfetos como a pirita, malaquita e calcita laranja em nível de rocha calciossilicática, além de contatos entre o paragnaisse e a rocha calciossilicática e da ocorrência de boudins. 35 Figura 41 - Presença de pirita, malaquita e calcita laranja em rocha calciossilicática. Fonte: PIRON, Theo, 2019. Na parte interior da mina foram observados principalmente três tipos de rocha sendo elas o paragnaisse, mármore e skarn. O paragnaisse sendo proveniente de metamorfismo metassomático, com protólito sedimentar como o argilito. O skarn é em geral formado por metassomatismo químico durante o metamorfismo de contato de zonas de intrusões magmáticas, como granitos, ou com rochas carbonadas, como calcários e dolomitos. O mármore é originado de calcário exposto a altas temperaturas e pressão de baixa a moderada. Após a visita à galeria foi seguido às pilhas de rejeitos da mina com intuito de identificar minerais presentes naquelas rochas. Os minerais encontrados foram: calcita, quartzo, grossulária, malaquita, bornita, pirita, biotita, schorlita (turmalina preta), vesuvianita, epidoto, aragonita, feldspato potássico, flogopita e moscovita. 36 4 – GEOLOGIA ECONÔMICA DA MINA DE BREJUÍ 4.1 – Minérios. Durante a atividade de campo foram vistos recursos minerais que são aproveitados economicamente, os principais estão citados nos tópicos a seguir. 4.1.1 – Caulim. Minério que pode ser utilizado como aditivo na fabricação de cerâmica, tintas, esmaltes e borracha e como componente nas indústrias têxtil, de fertilizantes, de cosméticos e de filtros. No Rio Grande do Norte há diversas localidades de onde se extrai caulim, as principais estão nos municípios de Equador, Cerro Corá, Macaíba e Martins. 4.1.2 – Quartzo Rosa. Variação de quartzo que geralmente apresenta titânio como impureza, o que gera coloração rosa. É utilizado na indústria de joias. Foi vista extração de quartzo rosa de pegmatito no garimpo visitado no 4º dia da atividade de campo. 4.1.3 – Albita. Mineral pertencente à família dos feldspatos plagioclásios. É utilizado na fabricação de porcelana, foi vista também a extração de albita de pegmatito no garimpo visitado no 4º dia da atividade de campo. 4.1.4 – Berilo. Mineral o qual pode ser utilizado na indústria de joias, possui variações consideradas semipreciosas e preciosas, entre elas estão a água marinha e a esmeralda. Foi visto no garimpo visitado no 4º dia da atividade de campo que lá se extrai e vende água marinha, variação de berilo, porém não como principal produto do garimpo. 4.2 – Mina Brejuí. Localizada nas redondezas do município de Currais Novos, a Mineração Tomaz Salustino (Mina Brejuí) é considerada a maior mina de Scheelita da América do Sul. O potencial econômico mineral da Mineração Tomaz Salustino não está 37 representado apenas pela scheelita, mas também, pela volumosa jazida de calcário a que o minério está associado: 88 milhões de toneladas com teor médio de CaO 50,75%. Ocorre também, associado à scheelita, molibdênio, óxido de cálcio (52,04%), silício(2,16%), alumínio (1,04%), ferro (0,37%) e potássio (0,21%). Segundo o laboratório de caracterização tecnológica da USP – Universidade de São Paulo, não foi encontrado nenhum elemento químico em desacordo com as condições ambientais e constatada a total ausência de elementos radioativos, estando de conformidade com as recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde. A mineração em Currais Novos teve o seu apogeu em plena Segunda Guerra Mundial, fornecendo toneladas de minérios às indústrias do aço. 4.2.1 – Scheelita. É um tungstato de cálcio (CaWO4) constituindo uma importante fonte de Tungstênio (W). É um mineral metálico não ferroso que apresenta alta densidade e o mais alto ponto de fusão, superior a 4.500ºC e boa condutividade elétrica. É usada nas Indústrias: ● Metalúrgica: ligas metálicas, aços rápidos, metal duro. ● Elétrica: filamentos de lâmpadas, contatos elétricos para fornos de altas temperaturas, equipamentos de raio-x. ● Indústria mecânica: brocas, ferramentas de cortes e perfurações, material abrasivo. ● Indústria de Canetas: é muito usado para fabricação das pontas de canetas esferográficas. ● Indústria Aeroespacial: motores de foguetes, turbinas de aviões, revestimentos de mísseis. ● Indústria Bélica: projéteis, canhões, metralhadoras. ● Indústria Petrolífera: Ferramenta de perfuração de rocha. 38 4.2.2 – Calcário. Pode ser utilizado em indústrias variáveis, tais como: cimento, cal, indústria de tintas, adubos, corretivo do solo, cerâmica branca, indústria de açúcar, fabricação de vidros etc. 4.2.3 – Molibdênio. É utilizado principalmente na indústria metalúrgica, com usos semelhantes ao do tungstênio, podendo por vezes ser usado para substituí-lo, suas principais aplicações nesta área incluem fabricação de blindagens, partes de aeronaves, contatos elétricos, motores industriais e filamentos. O pó do molibdênio também pode ser usado como fertilizante. 5 – MAPA DE CAMPO 39 ANEXO 1 – DESCRIÇÃO DAS AMOSTRAS COLETADAS NO CAMPO SEDIMENTAR Amostra Mineralogia Esferecidade Arredondamento Tamanho do Grão Grau de Seleção Nome da Rocha D2A2 Quartzo (75%), Feldspatos (25%) Média Subarrendodado a Arredondado Muito Fino Bem Selecionado Arenito ÍGNEA Amostra Mineralogia Cor Gênese Presença de Quartzo Índice de Cor Cristalinidade Tamanho dos Minerais Estrutura Nome da Rocha D2A1 Biotita (30%), Feldspato Alcalino (30%), Quartzo (25%), Hornblenda (10%), Plagioclásio (5%) Róseo / Preto Intrusiva Intermediária Não Ultramáfica Máficos < 90% Holocristalina Média / Grossa Maciça Granito Alcalino METAMÓRFICAS Amostra Mineralogia Textura Estrutura Gênese Granulação Nome da Rocha D1A1 Feldspato Alcalino (50%), Biotita (20%), Plagioclásio (15%), Quartzo (15%) Milonítica Cataclástica (de fragmentação) Ortoderivada Muito Fina Milonito D1A2 Biotita (85%), Quartzo (10%), Hornblenda (5%) Lepidoblástica Xistosa Ortoderivada / Basalto Diorito Média Biotita Xisto (Enclave) D3A1 Feldspato Alcalino (80%), Quartzo (2%), Biotita (10%), Plagioclásio (8%) Milonítica Gnáissica Ortoderivada Fina Milonito D3A2.1 Quartzo (30%), Plagioclásio (5%), Biotita (50%), Hornblenda (15%) Granoblástica Migmatítica Ortoderivada Muito Fina Migmatito (Enclave) 40 D3A2.2 Quartzo, Plagioclásio, Biotita, Hornblenda Granoblástica Gnáissica Ortoderivada Fina Ortognaisse D3A3.1 Quartzo (50%), Plagioclásio (25%), Biotita (25%). Lepidoblástica Gnáissica Paraderivada Muito Fina Paragnaisse D3A3.2 Feldspato Alcalino (40%), Biotita (30%), Plagioclásio (20%), Quartzo (10%) Lepidoblástica Gnáissica Meta / Gnaisse Média Metagnaisse D3A3.3 Quartzo (45%), Plagioclásio (30%), Biotita (25%) Lepidoblástica Gnáissica Paraderivada Muito Fina Paragnaisse D3A3.4 Moscovita (90%), Quartzo (5%), Biotita (5%) Lepidoblástica Xistosa Ortoderivada Muito Fina Moscovita Xisto D4A2 Quartzo (60- 90%), Moscovita (5-10%), Biotita (5-10%) e Sericita (<5%) Granoblástica Xistosa Paraderivada / Arenito Fina Quartzito D4A3 Biotita (80%), Quartzo (15%), Granada (5%) Lepidoblástica Xistosa Ortoderivada Muito Fina Biotita Granada Xisto D5.1 Vesuvianita, Grossulária, Plagioclásio, Malaquita Granoblástica Gnáissica Ortoderivada Fina Skarn D5.2 Calcita (100%) Granoblástica Gnáissica Paraderivada Grossa Mármore 41 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se perceber que o estudo da Província Borborema é crucial para o entendimento estrutural geológico do Brasil, da formação do Planeta Terra e para a exploração econômica de suas riquezas minerais, encontrando-se nela vários minérios e minerais importantes para a indústria contemporânea e possivelmente futura. O percurso realizado no trabalho abordou de forma didática e clara diferentes litologias e estruturas que permitem a identificar e compreender diferentes eventos que ocorreram nas dependências Província Borborema. No Estado de Pernambuco foram vistos diversos afloramentos, os quais em sua maioria eram de rochas metamórficas as quais possuem evidências dos esforços gerados pela Zona de Cisalhamento Pernambuco tais como dobras e metamorfismos de contato. Também foram vistos efeitos do intemperismo em rochas ígneas, o que facilita a atividade erosiva, além de observado o soerguimento de rochas sedimentares como as da Bacia do Jatobá. No Estado da Paraíba foi observada a planície de Patos, repleta de inselbergs, que são resíduos do antigo relevo, os quais sofrem uma erosão mais lenta devido a sua composição mais estável. Também foram identificados ortognaisses repletos de dobras, gerados pelo Lineamento Patos. No Rio Grande do Norte foram observados pegmatitos em diversas localidades, tais como o pegmatito Alto dos Mamões o qual está intrudido no quartzito Equador, sua rocha encaixante. Também foram vistas localidades onde os pegmatitos são explorados economicamente, contendo minerais de interesse econômico como berilo, quartzo rosa, além de diversas outras minerações como a de Turmalina Paraíba, a qual não foi visitada, porém ocorre em pegmatito. Ainda no Rio Grande do Norte, foi visitada a Mina Brejuí, fonte de scheelita, a qual já gerou grande fonte de renda para o município de Currais Novos. Assim, percebe-se que a prática de campo foi essencial para a compreensão e identificação dos tipos de rochas e dos eventos que nelas estão registrados, ressaltando-se a indispensável experiência técnica adquirida, facilitando muito a aplicação da teoria, tendo como exemplo a identificação de minerais e utilização das ferramentas básicas da geologia. 42 REFERÊNCIAS ANGELIN, Luiz Alberto de Aquino (Org.). Geologia e recursos minerais do estado do Rio Grande do Norte: texto explicativo dos mapas geológico e de recursos minerais do estado do Rio Grande do Norte. Recife. 2006. Disponível em: <http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/handle/doc/10234?show=full>. Acesso em: 16 jun. 2019. BRASIL. Umberto Raimundo Costa. Ministério de Minas e Energia – Mme (Org.). GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS DO ESTADO DE PERNAMBUCO. 2001. Disponível em: <rigeo.cprm.gov.br/jspui/bitstream/doc/2422/1/Geologia_Rec_Min_PE.pdf>. Acesso em: 15 jun.2019. JOSÉ ROBINSON ALCOFORADO DANTAS (Pernambuco). 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